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Caso concreto 1

O Presidente da República edita medida provisória estabelecendo novo projeto de ensino para a educação federal no
País, que, dentre outros pontos, transfere o centenário Colégio Pedro II do Rio de Janeiro para Brasília, pois só fazia
sentido que estivesse situado na cidade do Rio de Janeiro enquanto ela era a capital federal. Muitas críticas foram
veiculadas na imprensa, sendo alegado que a medida provisória contraria o comando contido no Art. 242, § 2º, da
CRFB/88. Em resposta, a Advocacia -Geral da União sustentou que não era correta a afirm ação, já que o mencionado
dispositivo da Constituição só é constitucional do ponto de vista formal, podendo, por isso, ser alterado por medida
provisória. Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir.

a) Segundo a Teoria Constitucional, qual é a diferença entre as denominadas normas materialmente


constitucionais e as normas formalmente constitucionais?
As normas materiais possuem status constitucional em razão do seu conteúdo, pois
estabelecem normas referentes a estrutura organizacional do estado, a separação dos poderes e aos
direitos e garantias fundamentais, enquanto as normas em sentido formal só possuem o caráter de
constitucionais porque foram elaboradas com o uso do processo legislativo próprio das normas
constitucionais.
b) O entendimento externado pela Advocacia-Geral da União à imprensa está correto, sendo possível a alteração
de norma constitucional formal por medida provisória?
Não, pois independentemente da essência da norma, todo dispositivo que estiver presente no
texto constitucional, em razão da rigidez constitucional, só poderá ser alterado pelo processo
legislativo solene das emendas constitucionais (art. 60, CF).

Caso concreto 2

O Deputado Federal Alfredo Rodrigues apresentou projeto de lei prevendo o estabelecimento de penas de prisão
perpétua e de trabalhos forçados para os condenados pela prática de crimes considerados hediondos pela legislação
brasileira. Outro deputado, Silmar Correa, decide consultá-lo(a) acerca da possibilidade de questionar perante o Poder
Judiciário uma suposta inconstitucionalidade do referido projeto de lei antes mesmo que ele venha a ser submetido a
votação pelo Congresso Nacional. Como deverá ser respondida a consulta?

Excepcionalmente, o poder judiciário pode realizar um controle prévio de constitucionalidade e neste


caso, o fará por meio de mandado de segurança (MS 23047 DF).

Caso concreto 3

O Ministério Público Federal ajuizou Ação Civil Pública em face do INSS, visando obrigar a autarquia a emitir aos
segurados certidão parcial de tempo de serviço, com base nos direitos constitucionalmente assegurados de petição e
de obtenção de certidão em repartições públicas (CF, art. 5º, XXXIV, b). O INSS alega, por sua vez, que o Decreto
3048/99, em seu art. 130, justifica a recusa. Sustenta, ainda, que a Ação Civil Pública não seria a via adequada para a
defesa de um direito individual homogêneo, além de sua utilização consubstanciar usurpação da competência do STF
para conhecer, em abstrato, da constitucionalidade dos atos normativos brasileiros. Como deverá ser decidida a ação?

No caso concreto, a questão envolve a existência de relevante interesse social por corresponder a
questões que envolvem direito de petição e o direito de obtenção de certidão em repartições públicas que são
prerrogativas jurídicas de índole eminentemente constitucional, ressalve-se que o MP é legitimado para a
propositura da ACP por conta do artigo 5º da lei 7347/85.

Caso concreto 4

O servidor público aposentado “A” ingressou com uma ação requerendo a extensão de um benefício sob a alegação
que o seu preterimento (a não extensão) implica em inconstitucionalidade. O juízo julgou procedente o pedido de “A”.
O servidor “B” ingressa com a mesma ação se utilizando dos mesmos fundamentos da ação de “A”, no entanto o juízo
competente julgou o seu pedido improcedente. Insatisfeito, “B” apela da decisão requerendo que a sentença de “A”
seja utilizada de forma vinculante para ele. Poderia o tribunal competente acolher o pedido de “B”? Justifique sua
resposta.

Não, considerando tratar-se de controle na modalidade incidental, concreta e difusa, as decisões


proferidas não possuem efeitos vinculantes.

Caso concreto 5

1) (OAB – XXI Exame Unificado) O prefeito do Município Sigma envia projeto de lei ao Poder Legislativo municipal, que
fixa o valor do subsídio do chefe do Poder Executivo em idêntico valor ao subsídio mensal dos ministros do Supremo
Tribunal Federal. Tal projeto é aprovado pela Câmara de Vereadores e sancionado pelo Chefe do Poder Executivo. No
dia seguinte ao da publicação da referida norma municipal, o vereador José, do município Sigma, ajuizou Ação Direta
de Inconstitucionalidade, perante o Supremo Tribunal Federal, a fim de que fosse tal lei declarada inconstitucional.
Diante do exposto, responda aos itens a seguir.

a) Há vício de inconstitucionalidade na norma municipal? Justifique.

No caso em tela, é possível afirmar que estamos diante de uma norma formalmente inconstitucional,
pois deveria ter sido iniciada pela câmara municipal e não pelo prefeito (art. 29, V, CF). Não há que se falar
em inconstitucionalidade material uma vez que o artigo 37, XI, CF limita o subsídio dos prefeitos ao teto
constitucional.

b) A medida judicial adotada pelo Vereador está correta? Justifique.

Não cabe ADI tendo em vista que a norma municipal não pode ser objeto de controle concentrado junto
ao Supremo, ademais o vereador não possui legitimidade para propor ADIN (art. 102, I, “a” e 103 CF).

2) A Constituição de determinado estado da federação, promulgada em 1989, ao dispor sobre a administração pública
estadual, estabelece que a investi dura em cargo ou emprego público é assegurada aos cidadãos naturais daquele
estado e depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza
e a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração. Em 2009 foi promulgada pela Assembleia Legislativa daquele estado (após a derrubada de
veto do Governador), uma lei que permite o ingresso em determinada carreira por meio de livre nomeação, assegurada
a estabilidade do servidor nomeado após 3 (três) anos de efetivo exercício. Considerando -se que a Constituição
estadual arrola o Governador como um dos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade em
âmbito estadual (art. 125, §2° da CRFB), e considerando-se que o Governador pretende obter a declaração de
inconstitucionalidade da referida lei estadual, responda:

a) O que ocorreria se logo após o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade de âmbito estadual,
ajuizada pelo Governador do Estado junto ao Tribunal de Justiça (nos termos do art. 125, §2° da CRFB) e
antes do julgamento, fosse ajuizada pelo Conselho Federal da OAB uma ação direta de inconstitucionalidade
junto ao STF, tendo por objeto esta mesma lei? Explique.
Havendo propositura simultânea de ação direta de constitucionalidade perante o STF e o
tribunal de justiça, entende-se que deverá ser suspenso o processo da ação municipal, até a decisão
do STF.
b) Poderia o Presidente da República ajuizar ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF contra o dispositivo
da Constituição estadual? Explique.
Sim, pois o presidente é um legitimado universal para o ajuizamento de ADI, assim como os
dispositivos de constituições estaduais, podem ser objetos de impugnação de ação direta de
inconstitucionalidade frente ao STF.

Caso concreto 6

1) OAB ? XIX Exame Unificado) Durante a tramitação de determinado projeto de lei de iniciativa do Poder Executivo,
importantes juristas questionaram a constitucionalidade de diversos dispositivos nele inseridos. Apesar dessa
controvérsia doutrinária, o projeto encaminhado ao Congresso Nacional foi aprovado, seguindo-se a sanção, a
promulgação e a publicação. Sabendo que a lei seria alvo de ataques perante o Poder Judiciário em sede de controle
difuso de constitucionalidade, o Presidente da República resolveu ajuizar, logo no primeiro dia de vigência, uma Ação
Declaratória de Constitucionalidade. Diante da narrativa acima, responda aos itens a seguir.

a) É cabível a propositura da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) nesse caso?


Não caberia ADC, por falta de relevante controvérsia perante nos tribunais e juízes no que tange
a constitucionalidade da norma. A controvérsia presente no caso é no âmbito da doutrina não sendo
possível o ajuizamento da ação.

b) Em sede de Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), é cabível a propositura de medida cautelar


perante o Supremo Tribunal Federal? Quais seriam os efeitos da decisão do STF no âmbito dessa medida
cautelar?
Sim, conforme o art. 21 da lei 9868/99, é possível medida cautelar em ação direta de
constitucionalidade, que em regra será decidido por maioria absoluta dos seus membros, vale ressalvar
que fará efeito, erma omnes, consistindo na determinação de que os juízes e tribunais suspensão o
julgamento dos processos que envolvam aplicação da lei, até o seu julgamento definitivo ou pelo prazo
de 180 dias.
2) O Governador de um Estado-membro da Federação vem externando sua indignação à mídia, em relação ao
conteúdo da Lei Estadual nº 1234/15. Este diploma normativo, que está em vigor e resultou de projeto de lei de iniciativa
de determinado deputado estadual, criou uma Secretaria de Estado especializada no combate à desigualdade racial.
Diante de tal quadro, o Governador resolveu ajuizar, perante o Supremo Tribunal Federal, uma Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) impugnando a Lei Estadual nº 1234/15. Com base no fragmento
acima, responda, justificadamente, aos itens a seguir.

a) A Lei Estadual nº 1234/15 apresenta algum vício de inconstitucionalidade?


Sim, a referida lei estadual apresenta vicio de inconstitucionalidade formal, visto que trata –se
de iniciativa do chefe do poder executivo, no caso o governador (princípio da simetria. Art 61 parágrafo
1/, II CF.

b) É cabível a medida judicial proposta pelo Governador?


Não cabe ADPF diante da ausência das condições especiais para a propositura da ADPF,
principalmente no que tange o princípio da subsidiariedade, art. 4/ parágrafo 1° da lei 9882/99

Caso concreto 7

O Procurador Geral da República ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade em face da Lei distrital n.
3.669/2005, que cria a carreira de atividades penitenciárias e respectivos cargos no quadro de pessoal do Distrito
Federal. Alega, em síntese, que o DF teria usurpado competência da União (arts. 21, XIV c/c 32, § 4°, CRFB/88), que
atribui a responsabilidade pelas funções exercidas por tal carreira aos agentes penitenciários integrantes da carreira
da polícia civil. Citado na forma do art. 103, § 3°, CRFB/88, o Advogado Geral da União manifestou-se pela procedência
da ação, pedindo, consequentemente, a declaração de inconstitucionalidade da referida lei distrital. Diante de tal
situação, responda, justificadamente: Poderia o AGU ter deixado de proceder à defesa do ato normativo impugnado?

Já há precedente no STF, conforme informativo 562, no sentido de que o direito de manifestação do


AGU por vezes não colidirá com os interesses do impugnante da norma, ou seja, o interesse do autor da ação
pode ser o mesmo da União. Além disso, há outro problema de ordem prática: a Constituição não prevê
qualquer sanção a falta de defesa da norma pelo AGU.

Caso concreto 8

(OAB – XX Exame de Ordem Unificado) Emenda à Constituição insere novo direito na Constituição da República.
Trata-se de uma norma de eficácia limitada, que necessita da devida integração por via de lei. Produzido o diploma
legal regulador (Lei Y), ainda as sim, alguns dos destinatários não se encontram em condições de usufruir do direito a
que fazem jus, por ausência de regulamentação da norma legal pelo órgão competente (o Ministério da Previdência
Social), conforme exigido pela citada Lei Y. Passados dois anos após a edição da Lei Y, Mário, indignado com a demora
e impossibilitado de usufruir do direito constitucionalmente garantido, é aconselhado a impetrar um Mandado de
Injunção. Não sabendo exatamente os efeitos que tal medida poderia acarretar, Mário consulta um(a) advogado(a). A
orientação recebida foi a de que, no seu caso específico, a adoção, pelo órgão judicante, de uma solução concretista
individual iria satisfazer plenamente suas necessidades. Diante dessa situação, responda fundamentadamente aos
itens a seguir.

a) Assiste razão ao(à) advogado(a) de Mário quanto à utilidade do acolhimento do Mandado de Injunção com
fundamento na posição concretista individual?
A teoria concretista individual é uma das posições reconhecidas pelo STF como passível de ser
adotada nas situações em que é dado provimento ao Mandado de Injunção. Segundo esse
entendimento, diante da lacuna, o Poder Judiciário deve criar a regulamentação para o caso específico,
ou seja, a decisão viabiliza o exercício do direito, ainda não regulamentado pelo órgão competente,
somente pelo impetrado, vez que a decisão teria efeitos inter partes. Como se vê, o órgão judicante, ao
dar provimento ao Mandado de Injunção, estabeleceria a regulamentação da lei para que Mário (e
somente ele) pudesse usufruir do direito constitucional garantido.

b) A que órgão do Poder Judiciário competiria decidir a matéria?

No caso, o Ministério da Previdência é um órgão da administração pública federal, sendo,


portanto, o Superior Tribunal de Justiça o órgão judicial competente para processar e julgar a ação de
Mário.

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