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A elaboração de editais, com enfoque no regime previsto na nova Lei de Licitações e Contratos
– Lei nº 14.133/2021, adentrando aspectos relacionados aos tipos e às modalidades de
licitação.
PROPÓSITO
Conhecer o conteúdo obrigatório e facultativo do edital de licitação, por meio dos dispositivos
pertinentes (Lei 14.133/2021, arts. 25 e ss.), além de analisar os editais de chamamento
público de instrumentos auxiliares à licitação (Capítulo X da Lei 14.133/2021).
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo, tenha em mãos a Lei nº 14.133/2021, para que haja a devida
compreensão do texto.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Falaremos sobre a elaboração dos editais de licitação e de procedimentos auxiliares, sob as
luzes da nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021). A nova lei estabelece normas
gerais sobre licitação e contratos administrativos aplicáveis aos Três Poderes, a toda
Administração Pública direta, autárquica e fundacional de todos os entes da Federação,
incluindo os Fundos Especiais e as Entidades Controladas. Porém, as empresas públicas e
sociedades de economia mista continuarão organizando suas licitações pela Lei nº
13.303/2016, uma vez que adotam o regime híbrido. Serão aplicáveis às estatais apenas as
disposições penais trazidas pelo novo marco legal. Podemos inferir, ainda, que os novos
princípios também serão aplicáveis às estatais, uma vez que estes não interferem no regime
híbrido. Na mesma linha, a nova Lei de Licitações não se aplica ao terceiro setor, inclusive aos
Serviços Sociais Autônomos, podendo, contudo, estender-lhes princípios gerais, no tocante à
impessoalidade e moralidade quando do repasse de recursos públicos.
Abordaremos o tema da elaboração de editais, com alusão pontual à Lei nº 8.666/93, dando
enfoque ao regime licitatório previsto na Lei 14.133/2021. De início, nosso estudo versará
sobre o conteúdo de um edital licitatório, a ser replicado na minuta do contrato firmado, tais
como o critério de julgamento e a modalidade de licitação, pelo que remontamos aos
dispositivos pertinentes ao tema (Lei 14.133/2021, arts. 25 e ss.). Em seguida, abordaremos
assuntos ligados à função regulatória da licitação, demonstrando a existência de elementos
facultativos, a serem objeto do edital. Por fim, faremos uma análise acerca dos editais de
chamamento público, estudando instrumentos auxiliares à licitação (Capítulo X da Lei
14.133/2021). São eles: o credenciamento, a pré-qualificação, o registro cadastral, o
procedimento de manifestação de interesse (PMI) e, ainda, o sistema de registro de preços ―
o chamado SRP, ao qual daremos especial relevância.
MÓDULO 1
Descrever os conceitos e elementos próprios aos editais de licitações dos contratos
administrativos
A lei dedicou um capítulo próprio para a fase preparatória da licitação (arts. 18 a 27), antiga
fase interna. Ela é caracterizada pelo planejamento. Nela, compreende-se a elaboração do
edital de licitação, além da estimativa da composição dos preços utilizados para a formação do
orçamento, que deve ser feita pela Administração Pública (art. 18, inciso IV). A primeira fase do
planejamento consistirá no estudo técnico preliminar. Tal estudo motiva a necessidade da
licitação, e também baseará o anteprojeto, o termo de referência e/ou projeto básico.
Também deixa claro que problema a Administração visa sanar, bem como a melhor solução
para tal, permitindo a avaliação da viabilidade técnica e econômica da contratação (art. 6º, XX).
Entenda os três pontos em que o estudo técnico preliminar de uma licitação será baseado:
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ANTEPROJETO
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TERMO DE REFERÊNCIA
É o documento necessário para a contratação de bens e serviços, que deve conter parâmetros
e elementos descritivos tais como definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos,
o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua prorrogação, fundamentação da
contratação, descrição da solução como um todo, forma e critérios de seleção do fornecedor
etc. (art. 6º, XXIII).
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PROJETO BÁSICO
Conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para definir
e dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo de obras ou de serviços objeto da licitação,
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
devendo conter elementos tais como levantamentos topográficos e cadastrais, soluções
técnicas globais e localizadas, identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais e
equipamentos a incorporar à obra, bem como das suas especificações, orçamento detalhado
do custo global da obra (art. 6º, XXV, c/c art. 46, §§ 2º, 3º e 5º).
A nova lei traz também as situações em que a publicidade é diferida, ou seja, a publicidade
só ocorrerá após um certo marco. As situações são as seguintes:
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O conteúdo das propostas só é divulgado após a abertura da sessão, para manter o caráter
competitivo da licitação. A Lei 8.666/93 chama essa situação de sigilo das propostas.
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O sigilo do orçamento é exceção, só pode ocorrer quando houver uma justificativa. O sigilo do
orçamento não é permanente, ele deve ser divulgado na abertura da sessão.
ATENÇÃO
PROJETO EXECUTIVO
O projeto executivo para obra deve ser completo, trazendo os elementos necessários e
suficientes à execução completa da obra, com o detalhamento das soluções previstas no
projeto básico, a identificação de serviços, de materiais e de equipamentos a serem
incorporados à obra, bem como suas especificações técnicas, de acordo com as normas
técnicas pertinentes, para a definição de preços, entre outros.
REGRA
EXCEÇÃO
MODALIDADES DE LICITAÇÃO
A nova lei extingue as modalidades convite e tomada de preço. Permanecem a concorrência,
pregão, concurso e leilão. Em contrapartida, surge uma nova modalidade: o diálogo
competitivo, que, de certa forma, substitui o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), que
também deixa de existir.
ATENÇÃO
Uma mudança significativa: se hoje o que define a modalidade da licitação é o valor do contrato
ou a natureza do objeto, usaremos apenas a natureza do objeto (art. 28). É proibida a criação
de outras modalidades além daquelas previstas na Lei, assim como a combinação das
modalidades existentes (art. 28, § 2º).
Torna-se obrigatório para bens e serviços comuns (com padrões de desempenho e qualidade
objetivamente definidos por especificações usuais do mercado). Não poderá ser utilizado para
licitar obras e serviços de engenharia. Usa os critérios de menor preço e maior desconto.
Tal como na Lei nº 8.666/93, será utilizado para a escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico. Usa o critério de melhor técnica ou conteúdo artístico (art. 5º, XXXIX).
Também sem grandes diferenças. Pode ser utilizado para a alienação de qualquer bem móvel
e imóvel, independentemente do valor. Não há mais o limite máximo de valor para a realização
do leilão, nem restrição sobre quais bens móveis e imóveis são sujeitos ao leilão. Agora,
qualquer bem da Administração, móvel ou imóvel, poderá ser leiloado. Usa o critério de maior
lance.
Esta é a nova modalidade trazida pela Lei, para a contratação de obras, serviços e compras,
com escopo complexo. Os diálogos visam exatamente permitir que o mercado colabore com o
Poder Público para que juntos elaborem alternativas capazes de atender à necessidade
pública, bem como definam as regras do contrato. A Administração Pública realizará diálogos
com licitantes, previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de
desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os
licitantes apresentar suas propostas finais após o encerramento dos diálogos. Assim, só
deverão ser utilizados objetos com alta para complexidade técnica, jurídica ou financeira. Por
exemplo, a necessidade de desenvolvimento de um software ou de um aplicativo. Flávio
Amaral Garcia e Egon Bockmann Moreira (2019, p. 26) esclarecem que “o diálogo competitivo
foi concebido para conferir maior flexibilidade nas licitações públicas, nomeadamente naqueles
contratos complexos que não comportam, a priori, soluções herméticas. A essência do
diálogo competitivo é viabilizar, no curso do próprio procedimento licitatório, a
construção da solução mais satisfatória para objetos demasiadamente complexos, seja
pelas características técnicas, financeiras ou mesmo jurídicas. Como notório, existem
determinados objetos que se notabilizam pelo elevado desnível informacional entre a
Administração Pública e os operadores econômicos”.
Na terceira e última fase (fase competitiva), será divulgado edital contendo a especificação da
solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para
seleção da proposta mais vantajosa.
Abre-se o prazo de no mínimo 60 (sessenta) dias úteis para que todos os licitantes pré-
selecionados apresentem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários para
a realização do projeto ― ou seja, mesmo que apenas uma solução tenha agradado ao Poder
Público na segunda etapa, o particular que a apresentou ainda não está contratado; ele deverá
competir com os demais licitantes, tal como ocorre nas demais modalidades de licitação. Na
última fase, a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas
apresentadas, desde que não impliquem discriminação nem distorçam a concorrência entre as
propostas, e definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase
competitiva, assegurada a contratação mais vantajosa como resultado. Em razão de suas
peculiaridades, o diálogo competitivo não será utilizado para qualquer situação. Apenas
quando o objeto a ser contratado envolva inovação tecnológica ou técnica, impossibilidade de o
órgão ou a entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis
no mercado e impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão
suficiente pela Administração.
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Os critérios de julgamento que já existiam e permanecerão existindo, de acordo com nova lei,
são os seguintes:
Menor preço;
Técnica e preço;
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MAIOR DESCONTO
Este critério não está previsto na Lei 8.666/93, mas já era previsto na Lei do Pregão.
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Este critério é utilizado, via de regra, para o concurso, que na lei atual não possui critério de
julgamento. Esse critério também poderá ser utilizado na concorrência, em casos específicos.
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São os chamados contratos de eficiência, nos quais se contrata o serviço que vai gerar a maior
economia para a Administração e o pagamento ocorre de acordo com um percentual
economizado. A remuneração é variável de acordo com a eficiência do contrato.
O licitante vencedor será convocado para assinar o termo de contrato, para aceitar ou retirar o
documento equivalente, dentro do prazo e nas condições previstas no edital de licitação.
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Consoante previsão do §2º do art. 90, duas observações são importantíssimas acerca do
tema:
Regime de execução de
X 60 dias úteis
contratação integrada
Regime de execução de
contratação semi- X 35 dias úteis
integrada
Técnica, preço, ou
X 35 dias úteis
conteúdo artístico
Para manifestação de
interesse, 25 dias úteis
X
(previsto no art. 32, §1º,
inciso I).
Modalidade do diálogo
competitivo
Para apresentação das
propostas, 60 dias úteis
X
(previsto no art. 32, §1º,
inciso VIII).
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ABERTO
Os licitantes apresentam suas propostas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes
ou decrescentes.
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FECHADO
Cuidado para não confundir: As modalidades de licitação estão listadas no art. 28. Em
contrapartida, os modos de disputa estão no art. 56. Entenda a diferença:
Modalidades de licitação
Modos de disputa das licitações
Aberto e fechado.
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O USO DO BIM
O art. 19, §3º, da nova lei, estabelece o uso preferencial do BIM (Building Information Modelling
ou, em português, Modelagem da Informação da Construção) nos editais de licitações de
obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da
licitação. O Decreto Federal nº 10.306/2020 já estabelecia o uso do BIM na execução direta
ou indireta de obras e serviços de engenharia realizados pelos órgãos e pelas entidades da
administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building
Information Modelling – Estratégia BIM BR.
ATENÇÃO
O BIM visa desenvolver um modelo virtual do empreendimento que será construído, que pode
ser alimentado não só com parâmetros geométricos, técnicos e de escala, mas também com
os valores dos materiais, maquinário e mão de obra necessários, gerando um
protótipo/maquete virtual da obra, inclusive com o uso de tecnologia 3D. Assim, as construtoras
podem apresentar uma estimativa de orçamento mais precisa, bem como uma previsão dos
possíveis riscos. A tecnologia pode ser utilizada em todas as etapas de uma obra, inclusive
após a ocupação do prédio, prevendo, inclusive, como a obra reagirá aos efeitos do tempo,
quais reformas serão necessárias e como deverão ser feitas. O modelo computacional também
permite a partilha de informações entre engenheiros, arquitetos, economistas e
administradores, permitindo a redução de custos, melhor atendimento às expectativas da
sociedade e, consequentemente, redução da edição de aditivos contratuais.
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FUNÇÃO REGULATÓRIA DA LICITAÇÃO
A função regulatória ou extraeconômica já era defendida por Marcos Juruena Villela Souto
(2005) e, certamente, influenciou o conceito de licitações sustentáveis, já adotado pela antiga
Lei nº 8.666/93 e mantido pela nova como princípio. Também foi reconhecida pelo STF na ADI
1923. Sendo o Poder Público detentor de parcela significativa do PIB e um dos maiores
compradores, suas decisões de aquisição de bens e serviços (sempre em considerável
volume) podem influenciar as atitudes do empresariado e da sociedade. As compras
públicas se transformam em instrumento para a indução de comportamentos desejáveis, um
sistema de fomento que equilibra, de forma pouco invasiva, a liberdade do particular com o
atendimento de anseios da Administração e da sociedade, visando à promoção de políticas
públicas. Assim a Administração poderá considerar como proposta mais vantajosa não só a
que possui menor preço, mas a que também atende a valores constitucionais e à dignidade da
pessoa humana. E o particular que não seguir o marco regulatório imposto pela licitação será
excluído como potencial fornecedor.
Como denotativo da função regulatória da licitação, a lei permite que o edital exija que o
percentual mínimo da mão de obra responsável pela execução do objeto da contratação seja
constituído por egressos do sistema prisional e por mulheres vítimas de violência doméstica
(art. 25, § 9º). Há também uma preocupação com o combate da corrupção, por meio da adoção
de medidas de compliance: o art. 25, § 4º, impõe que nas contratações de obras, serviços e
fornecimentos de grande vulto, o edital deverá prever a obrigatoriedade de implantação de
programa de integridade pelo licitante vencedor, no prazo de 6 (seis) meses, contado da
celebração do contrato, conforme regulamento que disporá sobre as medidas a serem
adotadas, a forma de comprovação e as penalidades pelo seu descumprimento.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A função regulatória da licitação não pode ser explicitada em cláusulas de editais, por falta
de autorizativo legal, segundo entendimento esposado pelo STF.
B) O edital de uma licitação poderá exigir que o percentual mínimo da mão de obra
responsável pela execução do objeto da contratação seja constituído por mulheres vítimas de
violência doméstica.
C) Fica a Administração impedida de considerar, como proposta mais vantajosa, aquela que
atende a valores constitucionais e à dignidade da pessoa humana.
D) O particular que não seguir o marco regulatório imposto pelas cláusulas do edital de uma
licitação, ainda assim, será admitido como potencial fornecedor.
E) O edital licitatório nunca deverá prever a obrigatoriedade de implantação de programa de
integridade pelo licitante vencedor.
GABARITO
As modalidades de licitação estão listadas no art. 28, quais sejam: pregão, concorrência,
concurso, leilão e diálogo competitivo (este último tem três fases; portanto, está correta a
alternativa E). Em contrapartida, note-se que os modos de disputa estão dispostos no art. 56
da nova lei, e são dois: A) aberto: licitantes apresentam suas propostas por meio de lances
públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes. B) fechado: as propostas permanecem em
sigilo até a data e hora designadas para divulgação.
MÓDULO 2
Identificar o papel do registro de preços e a essência da elaboração do edital de
chamamento público
REGISTRO DE PREÇOS
O sistema de registro de preços, ao que pressupõe edital de chamamento público, é
procedimento AUXILIAR À LICITAÇÃO. Tais procedimentos, de modo geral, são ferramentas
que ajudam a conferir racionalidade e eficiência às licitações, trazendo para os processos
licitatórios maior racionalidade, celeridade e eficiência. Isso é muito interessante, já que
vivemos um momento de direito administrativo moderno, de uma administração pública que
busca concretizar resultados; não apenas uma administração pública burocrática; então, as
licitações seguem tendência de diminuir a burocratização, que, infelizmente, é uma marca dos
processos licitatórios. Inclusive, era uma crítica muito forte feita pela doutrina, em relação ao
regime anterior, e à Lei nº 8.666/93, em especial, por ser uma lei extremamente formalista e
que se baseou num paradigma maximalista, pretendendo tratar de uma forma quase que
exauriente de todos os pormenores de uma licitação. A doutrina já vinha pugnando por uma lei
que trouxesse diretrizes para o administrador público, que aumentasse a liberdade do
administrador público para que ele na prática pudesse resolver problemas do cotidiano com
uma autonomia técnico-decisional maior. Mas não foi isso que aconteceu.
A nova lei é até mais extensa do que a anterior. Ela não só reproduz a estrutura anterior, mas
também faz compilação da Lei do Pregão e do RDC. Então, ela não só manteve, como também
reforçou o paradigma maximalista.
Os procedimentos auxiliares, contudo, são um ponto alto da nova lei. Eles estão previstos no
art. 78, e são eles: o credenciamento, a pré-qualificação, o sistema cadastral, o PMI e o
sistema de registro de preços, no qual enfocaremos a seguir.
CREDENCIAMENTO
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PRÉ-QUALIFICAÇÃO
EXEMPLO
REGISTRO CADASTRAL
ATENÇÃO
Como se vê, nos termos do caput do art. 87, o cadastro unificado de licitantes é realizado por
intermédio do “sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP)”. Poderá ser alterado, suspenso e até mesmo cancelado, a
qualquer tempo, caso deixe de satisfazer exigências determinadas pela lei ou por regulamento
(§5º do art. 88).
Observe-se que, de acordo com o §3º do art. 87, a Administração pode realizar licitação
restrita a fornecedores cadastrados, desde que atendidos os critérios, as condições e os limites
estabelecidos em regulamento, bem como seja conferida ampla publicidade aos procedimentos
para o cadastramento.
PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE
INTERESSE (PMI)
O PMI se inicia com o edital de chamamento público, que inicia o PMI. É útil especialmente
para a avaliação de projetos que envolvam novas tecnologias e que serão desenvolvidos em
entes federativos que não possuem corpo técnico especializado para a sua avaliação. A
Administração poderá solicitar que empresas privadas interessadas realizem os estudos
necessários e façam os projetos para obras ou concorrências. Estas serão remuneradas pelos
vencedores da licitação, que pagarão pelo projeto após o término da disputa. A própria
empresa que elaborou o PMI poderá participar da licitação para a obra/concorrência (art. 80).
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A realização de PMI:
É um procedimento que visa registrar preços em ata, mediante edital de chamamento público.
Ele efetiva princípios da eficiência e da economicidade, aproximando a Administração Pública
do paradigma da busca por resultados, em detrimento da burocratização. No SRP, faz-se
planejamento prévio, como forma de ganho de tempo e de economia de escala, evitando que a
Administração Pública tenha de abrir diversas licitações para contratar a mesma obra ou
serviço, o que provoca economia de escala.
EXEMPLO
Se em vez de 100 canetas, o Poder Público estimar a contratação de 100.000 canetas, haverá
economia de escala, porque com aumento da produção, o custo médio de cada item é reduzido
proporcionalmente à diluição dos seus custos fixos.
REGRA
Quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão não tiver registro de demandas
anteriores;
Obs.: nesses casos, é imprescindível a indicação do valor máximo da despesa, bem como é
vedada a participação de outro órgão ou entidade na ata.
O prazo de vigência da ata de registro de preço será de um ano e pode ser prorrogado por
mais um ano, desde que o preço seja vantajoso, sendo certo que o órgão gerenciador da ata
de registro de preços, na fase preparatória do processo licitatório, deverá realizar procedimento
público, pelo prazo mínimo de 8 (oito) dias úteis, para possibilitar a participação de outros
órgãos ou entidades da Administração Pública. O órgão ou a entidade não participante poderá,
posteriormente, aderir à ata de registro de preços, desde que: justifique a vantagem em
aderir à ata; demonstre que os valores registrados estão compatíveis com os valores de
mercado; haja aceitação do órgão ou da entidade gerenciadora e também do fornecedor.
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OBSERVAÇÃO 1
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OBSERVAÇÃO 2
Contudo, é vedado aos órgãos e às entidades da Administração Pública federal a adesão à ata
de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal
(previsão do §8º do art. 86).
COMENTÁRIO
Essa parte não foi reproduzida pela nova lei. O art. 83, supra, dá liberdade para que o gestor
público possa realizar licitação específica para bem, serviço ou obra, mesmo já tendo realizado
o procedimento do SRP.
ATENÇÃO
Quando se afirma que o gestor público pode realizar licitação, deixando de utilizar o SRP, é
preciso lembrar que a noção de discricionariedade não é completamente desvinculada. Na
atualidade, a divisão entre atos vinculados e atos discricionários foi substituída por diferentes
graus de vinculação ao ordenamento jurídico, em cujo epicentro axiológico está a CF/88. Logo,
se existir uma ata de SRP e, evidentemente, a decisão mais eficiente que gerará melhores
resultados, culminando em contratação com melhores preços, não há discricionaridade para o
gestor realizar licitação nova, mais custosa e mais demorada. Nesse sentido, embora a lei
permita uma vinculação mais fraca do gestor público à ata de preços, ele está vinculado à
eficiência, devendo justificar a sua escolha. Se o gestor tem liberdade para licitar ou, por outro
lado, optar pela ata de registro de preço que o órgão que ele integra já realizou, a
discricionariedade de escolha deve ser balizada e a escolha concreta deve ser feita à luz da
vinculação à eficiência, à busca de melhores resultados e à economia de escala.
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Por conta disso, o TCU acabou tendo entendimento contrário ao RPS para obras. Acórdão n.
980/2018: “o sistema de registro de preços não é aplicado à contratação de obras, pelo fato de
o objeto não se enquadrar em nenhuma das hipóteses previstas no art. 2º do Decreto n.
7.892/2013 e também porque, na contratação de obras, não há demanda por itens isolados,
pois os serviços não podem ser dissociados uns dos outros”. Contudo, de forma inédita, a
nova lei prevê que o SRP poderá ser usado para obras (art. 81, § 5º), com vigência da ata
por até dois anos (art. 83). Também pode ser usado para contratação direta (art. 81, § 6º).
D) O SRP poderá ser usado para obras, com vigência da ata por até quatro anos.
E) É possível que a Administração faça uso do sistema de registro de preços para contratar a
execução de obras e serviços de engenharia, contanto que exista projeto padronizado, sem
complexidade técnica e operacional, bem como haja a necessidade permanente ou frequente
de obra ou serviço a ser contratado.
2. A LEI Nº 8666/93, NA SUA LITERALIDADE, SÓ PERMITIA O REGISTRO
DE PREÇOS NA HIPÓTESE RELACIONADA ÀS COMPRAS PÚBLICAS
(AQUISIÇÃO DE BENS). DIANTE DA LITERALIDADE DA LEI Nº 8.666/93, O
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU) JÁ HAVIA ASSENTADO
ENTENDIMENTO A RESPEITO. MAIS RECENTEMENTE, A LEI Nº
14.133/2021 TRAÇOU NOVAS COMPREENSÕES ACERCA DO USO DO
SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP). DITO ISSO, E
CONSIDERANDO TODO O ARCABOUÇO JURÍDICO SUPRACITADO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA DENTRE AS OPÇÕES A SEGUIR:
C) O TCU considerava que o SRP era procedimento ineficiente para as licitações, inadmitindo
a realização do registro de preços no caso de serviços frequentes, padronizados ou
relacionados a um projeto específico.
D) A nova lei prevê que o SRP poderá ser usado para obras e nos casos de contratação direta.
GABARITO
O sistema de registro de preços poderá ser usado para contratação de bens e serviços,
inclusive para obras e serviços de engenharia, devendo tal procedimento ter prazo de vigência
de um ano, permitida a prorrogação por mais um ano, desde que o preço seja vantajoso (art.
84 c/c os incisos do §5º do art. 82). Do mesmo modo, será possível a utilização do sistema de
registro de preços nas hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de licitação. O edital de
licitação para registro de preços DEVERÁ dispor sobre a quantidade mínima a ser cotada de
unidades de bens ou, no caso de serviços, de unidades de medida. Mas, excepcionalmente,
permite-se a indicação limitada a unidades de contratação. Ademais, cabe salientar que o
órgão gerenciador, na fase preparatória da licitação, deverá realizar procedimento público de
intenção de registro de preços para possibilitar, pelo prazo máximo de oito dias úteis, a
participação de outros órgãos ou entidades na respectiva ata. É permitida aos órgãos ou às
entidades da Administração Pública estadual, distrital ou municipal a adesão à ata de registro
de preços gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abordamos o tema da elaboração de editais, com alusão pontual à Lei nº 8.666/93, dando
enfoque ao regime licitatório previsto na nova Lei de Licitações e Contratos – Lei nº
14.133/2021. De início, nosso estudo versou sobre os conteúdos de um edital licitatório, tais
como o critério de julgamento e a modalidade de licitação, pelo que remontamos aos
dispositivos pertinentes ao tema (Lei 14.133/2021, arts. 25 e ss.).
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
GARCIA, F. A.; MOREIRA, E. B. O projeto da nova lei de licitações brasileira e alguns de
seus desafios. Revista de Contratos Públicos, nº 21, set. 2019.
SOUTO, M. J. V. Direito administrativo regulatório. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
EXPLORE+
CONTEUDISTA
Fernanda Morgan Pimentel de Oliveira
CURRÍCULO LATTES