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DESCRIÇÃO

A elaboração de editais, com enfoque no regime previsto na nova Lei de Licitações e Contratos
– Lei nº 14.133/2021, adentrando aspectos relacionados aos tipos e às modalidades de
licitação.

PROPÓSITO
Conhecer o conteúdo obrigatório e facultativo do edital de licitação, por meio dos dispositivos
pertinentes (Lei 14.133/2021, arts. 25 e ss.), além de analisar os editais de chamamento
público de instrumentos auxiliares à licitação (Capítulo X da Lei 14.133/2021).

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo, tenha em mãos a Lei nº 14.133/2021, para que haja a devida
compreensão do texto.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os conceitos e elementos próprios aos editais de licitações dos contratos


administrativos

MÓDULO 2

Identificar o papel do registro de preços e a essência da elaboração do edital de chamamento


público

INTRODUÇÃO
Falaremos sobre a elaboração dos editais de licitação e de procedimentos auxiliares, sob as
luzes da nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021). A nova lei estabelece normas
gerais sobre licitação e contratos administrativos aplicáveis aos Três Poderes, a toda
Administração Pública direta, autárquica e fundacional de todos os entes da Federação,
incluindo os Fundos Especiais e as Entidades Controladas. Porém, as empresas públicas e
sociedades de economia mista continuarão organizando suas licitações pela Lei nº
13.303/2016, uma vez que adotam o regime híbrido. Serão aplicáveis às estatais apenas as
disposições penais trazidas pelo novo marco legal. Podemos inferir, ainda, que os novos
princípios também serão aplicáveis às estatais, uma vez que estes não interferem no regime
híbrido. Na mesma linha, a nova Lei de Licitações não se aplica ao terceiro setor, inclusive aos
Serviços Sociais Autônomos, podendo, contudo, estender-lhes princípios gerais, no tocante à
impessoalidade e moralidade quando do repasse de recursos públicos.

Abordaremos o tema da elaboração de editais, com alusão pontual à Lei nº 8.666/93, dando
enfoque ao regime licitatório previsto na Lei 14.133/2021. De início, nosso estudo versará
sobre o conteúdo de um edital licitatório, a ser replicado na minuta do contrato firmado, tais
como o critério de julgamento e a modalidade de licitação, pelo que remontamos aos
dispositivos pertinentes ao tema (Lei 14.133/2021, arts. 25 e ss.). Em seguida, abordaremos
assuntos ligados à função regulatória da licitação, demonstrando a existência de elementos
facultativos, a serem objeto do edital. Por fim, faremos uma análise acerca dos editais de
chamamento público, estudando instrumentos auxiliares à licitação (Capítulo X da Lei
14.133/2021). São eles: o credenciamento, a pré-qualificação, o registro cadastral, o
procedimento de manifestação de interesse (PMI) e, ainda, o sistema de registro de preços ―
o chamado SRP, ao qual daremos especial relevância.

MÓDULO 1

Descrever os conceitos e elementos próprios aos editais de licitações dos contratos
administrativos

O CONTEÚDO INTEGRANTE DO EDITAL


LICITATÓRIO - LEI Nº 14.133/2021
O edital será elaborado na fase preparatória da licitação e deverá especificar o objeto da
licitação, além de trazer as regras relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos
recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à entrega do
objeto e às condições de pagamento (art. 25), sendo certo que todo contrato deverá prever “a
vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que tiver
autorizado a contratação direta e à respectiva proposta” (art. 92, II).
FASE PREPARATÓRIA DA LICITAÇÃO

A lei dedicou um capítulo próprio para a fase preparatória da licitação (arts. 18 a 27), antiga
fase interna. Ela é caracterizada pelo planejamento. Nela, compreende-se a elaboração do
edital de licitação, além da estimativa da composição dos preços utilizados para a formação do
orçamento, que deve ser feita pela Administração Pública (art. 18, inciso IV). A primeira fase do
planejamento consistirá no estudo técnico preliminar. Tal estudo motiva a necessidade da
licitação, e também baseará o anteprojeto, o termo de referência e/ou projeto básico.
Também deixa claro que problema a Administração visa sanar, bem como a melhor solução
para tal, permitindo a avaliação da viabilidade técnica e econômica da contratação (art. 6º, XX).

Entenda os três pontos em que o estudo técnico preliminar de uma licitação será baseado:

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ANTEPROJETO

Elaborado pela Administração pública quando o regime de execução indireta de obras e


serviços de engenharia for o de contratação integrada. Trata-se de uma peça técnica, onde
estão fixados os parâmetros e as informações necessárias para a confecção dos projetos
básico e executivo, que ficarão a cargo do vencedor da disputa, tais como demanda do público-
alvo, condições de solidez, de segurança e de durabilidade, prazo de entrega, estética do
projeto arquitetônico entre outras (art. 6º, XXIV).

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TERMO DE REFERÊNCIA

É o documento necessário para a contratação de bens e serviços, que deve conter parâmetros
e elementos descritivos tais como definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos,
o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua prorrogação, fundamentação da
contratação, descrição da solução como um todo, forma e critérios de seleção do fornecedor
etc. (art. 6º, XXIII).

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PROJETO BÁSICO

Conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para definir
e dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo de obras ou de serviços objeto da licitação,
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução,
devendo conter elementos tais como levantamentos topográficos e cadastrais, soluções
técnicas globais e localizadas, identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais e
equipamentos a incorporar à obra, bem como das suas especificações, orçamento detalhado
do custo global da obra (art. 6º, XXV, c/c art. 46, §§ 2º, 3º e 5º).

Todos os elementos do edital, incluídos minuta de contrato, termos de referência, anteprojeto,


projetos e outros anexos, serão divulgados em meio eletrônico na mesma data de divulgação
do edital, sem necessidade de registro ou de identificação para acesso. A regra continua sendo
da publicidade, mas há uma exceção, quando o sigilo for imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.

A nova lei traz também as situações em que a publicidade é diferida, ou seja, a publicidade
só ocorrerá após um certo marco. As situações são as seguintes:

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QUANTO AO CONTEÚDO DAS PROPOSTAS, ATÉ A


RESPECTIVA ABERTURA

O conteúdo das propostas só é divulgado após a abertura da sessão, para manter o caráter
competitivo da licitação. A Lei 8.666/93 chama essa situação de sigilo das propostas.

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QUANTO AO ORÇAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO,


DESDE QUE JUSTIFICADO

O sigilo do orçamento é exceção, só pode ocorrer quando houver uma justificativa. O sigilo do
orçamento não é permanente, ele deve ser divulgado na abertura da sessão.

A publicidade do edital de licitação, obrigatoriamente, será realizada mediante divulgação e


manutenção do inteiro teor do ato convocatório e de seus anexos no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP). Será facultativa, por sua vez, a divulgação no sítio eletrônico
oficial do ente federativo do órgão responsável pela licitação ou, no caso de consórcio público,
do ente de maior nível entre eles.

PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES


PÚBLICAS
A regra para todos os procedimentos de contratação passa a ser a contratação eletrônica,
possível em todas as modalidades de licitação. Nos termos do § 2º do art. 17, “as licitações
serão realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica”. O uso da forma presencial será
possível quando o Poder Público apresentar essa opção de forma motivada e desde que
registre a sessão pública em ata e grave o referido ato com a utilização de recursos
tecnológicos de áudio e vídeo (art. 17, § 2º e § 5º). A criação do Portal Nacional de
Contratações Públicas assegurou a transparência nas contratações em toda a Administração,
de todos os entes da Federação. Ele concentrará todas as licitações dos órgãos e das
entidades da Administração direta, autárquica e fundacional da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios. O PL pretende que o Portal seja uma plataforma para os
procedimentos licitatórios e a realização das licitações, cuja adesão será facultativa (art. 174).

 ATENÇÃO

A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição indispensável


para a eficácia do contrato e de seus aditamentos, nos termos do §2º do art. 94.

Os contratos e seus aditamentos devem ser divulgados no PNCP, a contar da data da


assinatura, nos seguintes prazos:

A) No caso de licitação: Em 20 dias úteis.

B) No caso de contratação direta: Em 10 dias úteis.

VEJAMOS A REDAÇÃO DO REFERIDO DISPOSITIVO


LEGAL
Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição
indispensável para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos
seguintes prazos, contados da data de sua assinatura:

I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;

II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.

§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia a partir de sua assinatura e


deverão ser publicados nos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo, sob pena
de nulidade.
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando referente à contratação de
profissional do setor artístico por inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê
do artista, dos músicos ou da banda, quando houver, do transporte, da hospedagem, da
infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas específicas.

§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio eletrônico oficial, em até 25 (vinte e


cinco) dias úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços unitários e totais
que contratar e, em até 45 (quarenta e cinco) dias úteis após a conclusão do contrato, os
quantitativos executados e os preços praticados.

PROJETO EXECUTIVO

O projeto executivo para obra deve ser completo, trazendo os elementos necessários e
suficientes à execução completa da obra, com o detalhamento das soluções previstas no
projeto básico, a identificação de serviços, de materiais e de equipamentos a serem
incorporados à obra, bem como suas especificações técnicas, de acordo com as normas
técnicas pertinentes, para a definição de preços, entre outros.

REGRA

Não é possível a realização de obras e serviços de engenharia sem projeto executivo.

EXCEÇÃO

É permitida a realização de obras e serviços de engenharia sem o projeto executivo na


hipótese do §3º do art. 18, “Em se tratando de estudo técnico preliminar para contratação de
obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a inexistência de prejuízo para a
aferição dos padrões de desempenho e qualidade almejados, a especificação do objeto poderá
ser realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico, dispensada a elaboração
de projetos”.

 EDITAL E OUTROS INSTRUMENTOS DA


LICITAÇÃO
No vídeo a seguir, a professora Fernanda Morgan trata do conteúdo do edital e explica os
demais instrumentos correlatos (termo de referência, anteprojeto, projeto básico e projeto
executivo).

MODALIDADES DE LICITAÇÃO
A nova lei extingue as modalidades convite e tomada de preço. Permanecem a concorrência,
pregão, concurso e leilão. Em contrapartida, surge uma nova modalidade: o diálogo
competitivo, que, de certa forma, substitui o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), que
também deixa de existir.

 ATENÇÃO

Uma mudança significativa: se hoje o que define a modalidade da licitação é o valor do contrato
ou a natureza do objeto, usaremos apenas a natureza do objeto (art. 28). É proibida a criação
de outras modalidades além daquelas previstas na Lei, assim como a combinação das
modalidades existentes (art. 28, § 2º).

PREGÃO (ART. 6º, XLI, C/C ART. 29)

Torna-se obrigatório para bens e serviços comuns (com padrões de desempenho e qualidade
objetivamente definidos por especificações usuais do mercado). Não poderá ser utilizado para
licitar obras e serviços de engenharia. Usa os critérios de menor preço e maior desconto.

CONCORRÊNCIA (ART. 6º, XXXVIII, C/C ART. 29)

Contratação de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e


obras e serviços de engenharia e arquitetura; de bens e demais serviços considerados
especiais. Pode utilizar todos os critérios de julgamento, exceto maior lance.

CONCURSO (ART. 6º, XXXIX, C/C ART. 30)

Tal como na Lei nº 8.666/93, será utilizado para a escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico. Usa o critério de melhor técnica ou conteúdo artístico (art. 5º, XXXIX).

LEILÃO (ART. 5º, XL, C/C ART. 31)

Também sem grandes diferenças. Pode ser utilizado para a alienação de qualquer bem móvel
e imóvel, independentemente do valor. Não há mais o limite máximo de valor para a realização
do leilão, nem restrição sobre quais bens móveis e imóveis são sujeitos ao leilão. Agora,
qualquer bem da Administração, móvel ou imóvel, poderá ser leiloado. Usa o critério de maior
lance.

DIÁLOGO COMPETITIVO (ART. 6º, XLII, C/C ART.


32)

Esta é a nova modalidade trazida pela Lei, para a contratação de obras, serviços e compras,
com escopo complexo. Os diálogos visam exatamente permitir que o mercado colabore com o
Poder Público para que juntos elaborem alternativas capazes de atender à necessidade
pública, bem como definam as regras do contrato. A Administração Pública realizará diálogos
com licitantes, previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de
desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os
licitantes apresentar suas propostas finais após o encerramento dos diálogos. Assim, só
deverão ser utilizados objetos com alta para complexidade técnica, jurídica ou financeira. Por
exemplo, a necessidade de desenvolvimento de um software ou de um aplicativo. Flávio
Amaral Garcia e Egon Bockmann Moreira (2019, p. 26) esclarecem que “o diálogo competitivo
foi concebido para conferir maior flexibilidade nas licitações públicas, nomeadamente naqueles
contratos complexos que não comportam, a priori, soluções herméticas. A essência do
diálogo competitivo é viabilizar, no curso do próprio procedimento licitatório, a
construção da solução mais satisfatória para objetos demasiadamente complexos, seja
pelas características técnicas, financeiras ou mesmo jurídicas. Como notório, existem
determinados objetos que se notabilizam pelo elevado desnível informacional entre a
Administração Pública e os operadores econômicos”.

AS TRÊS FASES DO DIÁLOGO


COMPETITIVO
O diálogo competitivo se desdobra em três fases. Na primeira, haverá a qualificação técnica e
econômico-financeira (similar à habilitação técnica e econômico-financeira da Lei nº
8.666/93) dos potenciais licitantes que pretendem apresentar suas sugestões de solução. A Lei
14.133/2021 adotou o conceito de formalismo moderado, inclusive dispondo que o
desatendimento de exigências meramente formais que não comprometam a aferição da
qualificação do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua proposta não importará seu
afastamento da licitação ou a invalidação do processo (art. 12, III). Assim, apenas poderão ser
desclassificadas as propostas com vícios insanáveis (art. 59, inc. I e V). Posteriormente,
ocorrerá o diálogo propriamente dito (fase dinâmica), em que a Administração debaterá com
os licitantes as melhores propostas para seu projeto, bem como as adaptações indispensáveis
― em que cada um deles apresentará, individualmente, possíveis soluções e alternativas para
o projeto da Administração.

Na terceira e última fase (fase competitiva), será divulgado edital contendo a especificação da
solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para
seleção da proposta mais vantajosa.
Abre-se o prazo de no mínimo 60 (sessenta) dias úteis para que todos os licitantes pré-
selecionados apresentem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários para
a realização do projeto ― ou seja, mesmo que apenas uma solução tenha agradado ao Poder
Público na segunda etapa, o particular que a apresentou ainda não está contratado; ele deverá
competir com os demais licitantes, tal como ocorre nas demais modalidades de licitação. Na
última fase, a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas
apresentadas, desde que não impliquem discriminação nem distorçam a concorrência entre as
propostas, e definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase
competitiva, assegurada a contratação mais vantajosa como resultado. Em razão de suas
peculiaridades, o diálogo competitivo não será utilizado para qualquer situação. Apenas
quando o objeto a ser contratado envolva inovação tecnológica ou técnica, impossibilidade de o
órgão ou a entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis
no mercado e impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão
suficiente pela Administração.

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Na fase competitiva, a Administração fará o julgamento das propostas apresentadas pelos


licitantes, usando um dos critérios previstos na Lei de Licitações (menor preço; maior desconto;
melhor técnica ou conteúdo artístico; técnica e preço; maior retorno econômico).
CRITÉRIOS DE JULGAMENTO
A Lei de Licitações chama o critério de julgamento de “tipo de licitação”. A nova lei utiliza o
termo critério de julgamento.

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Os critérios de julgamento que já existiam e permanecerão existindo, de acordo com nova lei,
são os seguintes:

Menor preço;

Técnica e preço;

Maior lance, no caso de leilão (não é mais possível para a concorrência);

As novidades, por sua vez, são:


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MAIOR DESCONTO

Este critério não está previsto na Lei 8.666/93, mas já era previsto na Lei do Pregão.

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MELHOR TÉCNICA OU CONTEÚDO ARTÍSTICO

Este critério é utilizado, via de regra, para o concurso, que na lei atual não possui critério de
julgamento. Esse critério também poderá ser utilizado na concorrência, em casos específicos.

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MAIOR RETORNO ECONÔMICO

São os chamados contratos de eficiência, nos quais se contrata o serviço que vai gerar a maior
economia para a Administração e o pagamento ocorre de acordo com um percentual
economizado. A remuneração é variável de acordo com a eficiência do contrato.

Em se tratando do critério de maior retorno econômico, o edital de licitação deverá prever


parâmetros objetivos de mensuração da economia gerada com a execução do contrato, que
servirá de base de cálculo para a remuneração devida ao contratado (art. 39, § 2º). O
julgamento por maior retorno econômico deve ser utilizado exclusivamente para a celebração
de contrato de eficiência, na modalidade concorrência, considerada a maior economia para a
Administração, hipótese em que os licitantes apresentarão, necessariamente, proposta de
trabalho e proposta de preço (§1º do art. 39). Já no julgamento por menor preço, maior
desconto ou por técnica e preço será considerado o menor dispêndio para a Administração,
atendidos os parâmetros mínimos de qualidade definidos no edital de licitação (art. 34).
O julgamento por menor preço ou maior desconto considerará o menor dispêndio para a
Administração, sendo que os custos indiretos, relacionados com as despesas de manutenção,
utilização, reposição, depreciação e impacto ambiental do objeto licitado, podem ser
considerados para fins de definição do menor dispêndio. O julgamento por maior desconto terá
como referência o preço global fixado no edital de licitação, e o desconto será estendido aos
eventuais termos aditivos (art. 34, § 2º).
SEQUÊNCIA DE FASES NO
PROCEDIMENTO LICITATÓRIO
A lei fixa como regra a apresentação de propostas e lances antecedendo a fase de habilitação,
em todas as modalidades licitatórias. Para todas as modalidades de licitação, a ordem das
fases passa a ser a seguinte: preparatória; divulgação do edital de licitação; apresentação de
propostas e lances, nos casos em que há lances; julgamento; habilitação; recursal;
homologação (art. 17), somente se admitindo inversão de fases mediante justificativa e
previsão no edital.

O licitante vencedor será convocado para assinar o termo de contrato, para aceitar ou retirar o
documento equivalente, dentro do prazo e nas condições previstas no edital de licitação.

Caso não compareça, a Administração poderá convocar os licitantes remanescentes, na ordem


de classificação, para a celebração do contrato nas condições propostas pelo licitante
vencedor.

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Consoante previsão do §2º do art. 90, duas observações são importantíssimas acerca do
tema:

1. A Administração tem a faculdade de convocar os licitantes remanescentes ou não.


2. Os licitantes remanescentes, para celebração do contrato, deverão submeter-se às
condições que foram propostas pelo licitante vencedor que não compareceu.

Se no transcurso do prazo de convocação, o licitante requerer (devidamente justificado) e a


Administração aceitar a justificativa, o prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma)
vez, por igual período. De acordo com o §1º do art. 90, o licitante vencedor poderá solicitar a
prorrogação do prazo apenas durante o transcurso do prazo originalmente concedido pela
Administração, logo, findo o prazo originário, decairá o seu direito, sem prejuízo das demais
sanções previstas na Lei. Já o licitante vencedor que não for convocado para a celebração do
contrato durante o prazo de validade da proposta indicada no edital ficará liberado dos
compromissos assumidos.

PRAZO MÍNIMO PARA APRESENTAÇÃO DE


PROPOSTAS E LANCES

Regime / Modalidade Critérios de julgamento Prazos

Prazo mínimo para


apresentação de
Menor preço ou de maior propostas e lances,
Aquisição de bens desconto (alínea “a”, do contados a partir da data
inciso I, do art. 55). de divulgação do edital
de licitação, é de 8 (oito)
dias úteis

Caso o critério não seja o


Aquisição de bens de menor preço ou de 15 (quinze) dias úteis
maior desconto

Serviços comuns e de Menor preço ou maior 10 (dez) dias úteis


obras e serviços comuns desconto
de engenharia
Serviços especiais e de
Menor preço ou de maior
obras e serviços 25 dias úteis
desconto
especiais de engenharia

Regime de execução de
X 60 dias úteis
contratação integrada

Regime de execução de
contratação semi- X 35 dias úteis
integrada

X Maior lance (leilão) 15 dias úteis

Técnica, preço, ou
X 35 dias úteis
conteúdo artístico

Para manifestação de
interesse, 25 dias úteis
X
(previsto no art. 32, §1º,
inciso I).
Modalidade do diálogo
competitivo
Para apresentação das
propostas, 60 dias úteis
X
(previsto no art. 32, §1º,
inciso VIII).


Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

MODOS DE DISPUTA DAS LICITAÇÕES


De acordo com a Lei nº 14.133/2021, os modos de disputa das licitações são dois: o aberto
e o fechado, os quais podem ser adotados isolada ou conjuntamente (art. 56).

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ABERTO

Os licitantes apresentam suas propostas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes
ou decrescentes.

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FECHADO

As propostas permanecem em sigilo até a data e hora designadas para divulgação.


É vedado o modo de disputa aberto quando for adotado o critério de julgamento técnica
e preço, nos termos do §2º do art. 56.

Cuidado para não confundir: As modalidades de licitação estão listadas no art. 28. Em
contrapartida, os modos de disputa estão no art. 56. Entenda a diferença:

Modalidades de licitação

Pregão, concorrência, concurso, leilão e diálogo competitivo.


Modos de disputa das licitações

Aberto e fechado.

OUTROS ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS DO


EDITAL

Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, o edital deverá


prever a obrigatoriedade de implantação de programa de integridade pelo licitante vencedor, no
prazo de 6 (seis) meses, contado da celebração do contrato (§ 4º do art. 25).

Na licitação de serviços de manutenção e assistência técnica, o edital deve definir o local


de realização dos serviços, podendo fazer exigência de deslocamento de técnico ao local da
repartição, e pode exigir que o contratado tenha unidade de prestação de serviços em distância
compatível com as necessidades da Administração (§2º do art. 47).

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ELEMENTOS FACULTATIVOS DO EDITAL


O edital poderá prever a responsabilidade do contratado pela obtenção do licenciamento
ambiental e realização da desapropriação autorizada pelo poder público (art. 25, § 5º).
Similarmente, o edital poderá exigir que o percentual mínimo da mão de obra responsável pela
execução do objeto da contratação seja constituído por mulheres vítimas de violência
doméstica e pessoas egressas do sistema prisional (art. 25, § 9º).

O USO DO BIM

O art. 19, §3º, da nova lei, estabelece o uso preferencial do BIM (Building Information Modelling
ou, em português, Modelagem da Informação da Construção) nos editais de licitações de
obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da
licitação. O Decreto Federal nº 10.306/2020 já estabelecia o uso do BIM na execução direta
ou indireta de obras e serviços de engenharia realizados pelos órgãos e pelas entidades da
administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building
Information Modelling – Estratégia BIM BR.

 ATENÇÃO

Também pode-se falar no princípio da cooperação, especificamente sobre a preferência de


tramitação do licenciamento ambiental, em órgãos do SISNAMA, de obras e serviços de
engenharia licitados e contratados.

O BIM visa desenvolver um modelo virtual do empreendimento que será construído, que pode
ser alimentado não só com parâmetros geométricos, técnicos e de escala, mas também com
os valores dos materiais, maquinário e mão de obra necessários, gerando um
protótipo/maquete virtual da obra, inclusive com o uso de tecnologia 3D. Assim, as construtoras
podem apresentar uma estimativa de orçamento mais precisa, bem como uma previsão dos
possíveis riscos. A tecnologia pode ser utilizada em todas as etapas de uma obra, inclusive
após a ocupação do prédio, prevendo, inclusive, como a obra reagirá aos efeitos do tempo,
quais reformas serão necessárias e como deverão ser feitas. O modelo computacional também
permite a partilha de informações entre engenheiros, arquitetos, economistas e
administradores, permitindo a redução de custos, melhor atendimento às expectativas da
sociedade e, consequentemente, redução da edição de aditivos contratuais.

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FUNÇÃO REGULATÓRIA DA LICITAÇÃO
A função regulatória ou extraeconômica já era defendida por Marcos Juruena Villela Souto
(2005) e, certamente, influenciou o conceito de licitações sustentáveis, já adotado pela antiga
Lei nº 8.666/93 e mantido pela nova como princípio. Também foi reconhecida pelo STF na ADI
1923. Sendo o Poder Público detentor de parcela significativa do PIB e um dos maiores
compradores, suas decisões de aquisição de bens e serviços (sempre em considerável
volume) podem influenciar as atitudes do empresariado e da sociedade. As compras
públicas se transformam em instrumento para a indução de comportamentos desejáveis, um
sistema de fomento que equilibra, de forma pouco invasiva, a liberdade do particular com o
atendimento de anseios da Administração e da sociedade, visando à promoção de políticas
públicas. Assim a Administração poderá considerar como proposta mais vantajosa não só a
que possui menor preço, mas a que também atende a valores constitucionais e à dignidade da
pessoa humana. E o particular que não seguir o marco regulatório imposto pela licitação será
excluído como potencial fornecedor.

Como denotativo da função regulatória da licitação, a lei permite que o edital exija que o
percentual mínimo da mão de obra responsável pela execução do objeto da contratação seja
constituído por egressos do sistema prisional e por mulheres vítimas de violência doméstica
(art. 25, § 9º). Há também uma preocupação com o combate da corrupção, por meio da adoção
de medidas de compliance: o art. 25, § 4º, impõe que nas contratações de obras, serviços e
fornecimentos de grande vulto, o edital deverá prever a obrigatoriedade de implantação de
programa de integridade pelo licitante vencedor, no prazo de 6 (seis) meses, contado da
celebração do contrato, conforme regulamento que disporá sobre as medidas a serem
adotadas, a forma de comprovação e as penalidades pelo seu descumprimento.

Foto: Shutterstock.com

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. RELATIVAMENTE AO CONTEÚDO DO EDITAL DAS LICITAÇÕES


PÚBLICAS E DA FUNÇÃO REGULATÓRIA DA LICITAÇÃO, MARQUE A
ALTERNATIVA CORRETA A SEGUIR:

A) A função regulatória da licitação não pode ser explicitada em cláusulas de editais, por falta
de autorizativo legal, segundo entendimento esposado pelo STF.

B) O edital de uma licitação poderá exigir que o percentual mínimo da mão de obra
responsável pela execução do objeto da contratação seja constituído por mulheres vítimas de
violência doméstica.

C) Fica a Administração impedida de considerar, como proposta mais vantajosa, aquela que
atende a valores constitucionais e à dignidade da pessoa humana.

D) O particular que não seguir o marco regulatório imposto pelas cláusulas do edital de uma
licitação, ainda assim, será admitido como potencial fornecedor.
E) O edital licitatório nunca deverá prever a obrigatoriedade de implantação de programa de
integridade pelo licitante vencedor.

2. A MODALIDADE DE LICITAÇÃO É CONTEÚDO OBRIGATÓRIO DO


EDITAL. ACERCA DESSA TEMÁTICA, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA A SEGUIR:

A) A modalidade de licitação do pregão deixa de existir com a nova lei.

B) As modalidades de licitação da concorrência e do leilão foram substituídas pelo diálogo


competitivo.

C) São duas as modalidades de licitação: aberta ou fechada.

D) A única modalidade de licitação permitida para o leilão é a modalidade fechada, segundo a


qual as propostas permanecem em sigilo até a data e hora designadas para divulgação.

E) A modalidade do diálogo competitivo tem três fases.

GABARITO

1. Relativamente ao conteúdo do edital das licitações públicas e da função regulatória da


licitação, marque a alternativa correta a seguir:

A alternativa "B " está correta.

A função regulatória ou extraeconômica influenciou o conceito de licitações sustentáveis,


adotado pela lei como princípio. A lei permite que o edital exija que o percentual mínimo da
mão de obra responsável pela execução do objeto da contratação seja constituído por
egressos do sistema prisional e por mulheres vítimas de violência doméstica (art. 25, § 9º).
Ademais, pela função regulatória, a Administração poderá considerar como proposta mais
vantajosa não só a que possui menor preço, mas a que também atende a valores
constitucionais e à dignidade da pessoa humana. E o particular que não seguir o marco
regulatório imposto pela licitação será excluído como potencial fornecedor.

2. A modalidade de licitação é conteúdo obrigatório do edital. Acerca dessa temática,


assinale a alternativa correta a seguir:
A alternativa "E " está correta.

As modalidades de licitação estão listadas no art. 28, quais sejam: pregão, concorrência,
concurso, leilão e diálogo competitivo (este último tem três fases; portanto, está correta a
alternativa E). Em contrapartida, note-se que os modos de disputa estão dispostos no art. 56
da nova lei, e são dois: A) aberto: licitantes apresentam suas propostas por meio de lances
públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes. B) fechado: as propostas permanecem em
sigilo até a data e hora designadas para divulgação.

MÓDULO 2

Identificar o papel do registro de preços e a essência da elaboração do edital de
chamamento público

REGISTRO DE PREÇOS
O sistema de registro de preços, ao que pressupõe edital de chamamento público, é
procedimento AUXILIAR À LICITAÇÃO. Tais procedimentos, de modo geral, são ferramentas
que ajudam a conferir racionalidade e eficiência às licitações, trazendo para os processos
licitatórios maior racionalidade, celeridade e eficiência. Isso é muito interessante, já que
vivemos um momento de direito administrativo moderno, de uma administração pública que
busca concretizar resultados; não apenas uma administração pública burocrática; então, as
licitações seguem tendência de diminuir a burocratização, que, infelizmente, é uma marca dos
processos licitatórios. Inclusive, era uma crítica muito forte feita pela doutrina, em relação ao
regime anterior, e à Lei nº 8.666/93, em especial, por ser uma lei extremamente formalista e
que se baseou num paradigma maximalista, pretendendo tratar de uma forma quase que
exauriente de todos os pormenores de uma licitação. A doutrina já vinha pugnando por uma lei
que trouxesse diretrizes para o administrador público, que aumentasse a liberdade do
administrador público para que ele na prática pudesse resolver problemas do cotidiano com
uma autonomia técnico-decisional maior. Mas não foi isso que aconteceu.
A nova lei é até mais extensa do que a anterior. Ela não só reproduz a estrutura anterior, mas
também faz compilação da Lei do Pregão e do RDC. Então, ela não só manteve, como também
reforçou o paradigma maximalista.

Os procedimentos auxiliares, contudo, são um ponto alto da nova lei. Eles estão previstos no
art. 78, e são eles: o credenciamento, a pré-qualificação, o sistema cadastral, o PMI e o
sistema de registro de preços, no qual enfocaremos a seguir.

CREDENCIAMENTO

Processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca


interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos
necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para executar o objeto quando
convocados, visando otimizar as contratações diretas por inexigibilidade (art. 78). Caberá ao
Poder Público fixar o preço e realizar a publicidade por instrumento de chamamento público
para inclusão de novos interessados. Consoante o inciso I, parágrafo único, do art. 79, a
Administração deverá divulgar e manter à disposição do público (e não somente dos
previamente cadastrados), em sítio eletrônico oficial, o edital de chamamento de interessados,
de modo a permitir o cadastramento permanente (e não temporário) de novos interessados.

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PRÉ-QUALIFICAÇÃO

Visa antecipar a apreciação dos documentos necessários à qualificação do licitante e/ou do


seu produto. É realizada antes da licitação e poderá ser utilizada para qualquer uma das
modalidades (art. 79).

Nos termos do §3º do art. 80 da Lei, “quanto ao procedimento de pré-qualificação, constarão


do edital: I - as informações mínimas necessárias para definição do objeto; II - a modalidade, a
forma da futura licitação e os critérios de julgamento”.

Veja-se que a licitação posterior ao procedimento da pré-qualificação poderá ser restrita a


licitantes ou bens pré-qualificados (§10 do art. 80), sendo o prazo de validade da pré-
qualificação de, no máximo, um ano, sujeito à atualização a qualquer tempo; contanto que não
seja superior ao prazo de validade dos documentos apresentados pelos interessados.

 EXEMPLO

Se os documentos apresentados tiverem validade de seis meses, o prazo da pré-qualificação


não poderá ser de um ano, mas, sim, de seis meses.

REGISTRO CADASTRAL

O Poder Público mantém um registro do histórico de performance e de reputação dos


particulares que já contratou, possibilitando, inclusive, conferir incentivos aos com bom
desempenho (art. 86). O chamamento público, realizado pela internet, no mínimo
anualmente, tem como objetivo a atualização dos registros existentes e o ingresso de novos
interessados.

 ATENÇÃO
Como se vê, nos termos do caput do art. 87, o cadastro unificado de licitantes é realizado por
intermédio do “sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP)”. Poderá ser alterado, suspenso e até mesmo cancelado, a
qualquer tempo, caso deixe de satisfazer exigências determinadas pela lei ou por regulamento
(§5º do art. 88).

Observe-se que, de acordo com o §3º do art. 87, a Administração pode realizar licitação
restrita a fornecedores cadastrados, desde que atendidos os critérios, as condições e os limites
estabelecidos em regulamento, bem como seja conferida ampla publicidade aos procedimentos
para o cadastramento.

PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE
INTERESSE (PMI)

O PMI se inicia com o edital de chamamento público, que inicia o PMI. É útil especialmente
para a avaliação de projetos que envolvam novas tecnologias e que serão desenvolvidos em
entes federativos que não possuem corpo técnico especializado para a sua avaliação. A
Administração poderá solicitar que empresas privadas interessadas realizem os estudos
necessários e façam os projetos para obras ou concorrências. Estas serão remuneradas pelos
vencedores da licitação, que pagarão pelo projeto após o término da disputa. A própria
empresa que elaborou o PMI poderá participar da licitação para a obra/concorrência (art. 80).

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O Procedimento de Manifestação de Interesse – PMI – poderá ser restrito a startups, assim


considerados os microempreendedores individuais, as microempresas e as empresas de
pequeno porte, de natureza emergente e com grande potencial, que se dediquem à pesquisa,
ao desenvolvimento e à implementação de novos produtos ou serviços baseados em soluções
tecnológicas inovadoras que possam causar alto impacto, exigida, na seleção definitiva da
inovação, validação prévia fundamentada em métricas objetivas, de modo a demonstrar o
atendimento das necessidades da Administração (art. 81, § 4º).

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A realização de PMI:

A. Não atribui ao realizador o direito de preferência na licitação futura;

B. Não obriga o poder público a realizar a licitação;


C. Por si só, não implica direito a ressarcimento de valores envolvidos em sua elaboração;

D. Será remunerado pelo vencedor da licitação, vedada, em qualquer hipótese, a cobrança de


valores do poder público.

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP)

É um procedimento que visa registrar preços em ata, mediante edital de chamamento público.
Ele efetiva princípios da eficiência e da economicidade, aproximando a Administração Pública
do paradigma da busca por resultados, em detrimento da burocratização. No SRP, faz-se
planejamento prévio, como forma de ganho de tempo e de economia de escala, evitando que a
Administração Pública tenha de abrir diversas licitações para contratar a mesma obra ou
serviço, o que provoca economia de escala.

 EXEMPLO

Se em vez de 100 canetas, o Poder Público estimar a contratação de 100.000 canetas, haverá
economia de escala, porque com aumento da produção, o custo médio de cada item é reduzido
proporcionalmente à diluição dos seus custos fixos.

REGRAS DO SISTEMA DE REGISTRO DE


PREÇO (SRP)
Nos termos do art. 82, o edital de registro de preços observará as regras gerais e deverá conter
cláusulas versando sobre a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou, no caso
de serviços, de unidades de medida. Excepcionalmente, é permitido registro de preços
com indicação limitada a unidades de contratação, sendo prescindível a indicação do
total a ser adquirido.

REGRA

O edital para registro de preço deve indicar o total a ser adquirido.



EXCEÇÃO

Em três situações é possível a indicação limitada a unidades de contratação, sem indicar o


total a ser adquirido.

Quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão não tiver registro de demandas
anteriores;

No caso de alimento perecível;

No caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento de bens.

Obs.: nesses casos, é imprescindível a indicação do valor máximo da despesa, bem como é
vedada a participação de outro órgão ou entidade na ata.

O prazo de vigência da ata de registro de preço será de um ano e pode ser prorrogado por
mais um ano, desde que o preço seja vantajoso, sendo certo que o órgão gerenciador da ata
de registro de preços, na fase preparatória do processo licitatório, deverá realizar procedimento
público, pelo prazo mínimo de 8 (oito) dias úteis, para possibilitar a participação de outros
órgãos ou entidades da Administração Pública. O órgão ou a entidade não participante poderá,
posteriormente, aderir à ata de registro de preços, desde que: justifique a vantagem em
aderir à ata; demonstre que os valores registrados estão compatíveis com os valores de
mercado; haja aceitação do órgão ou da entidade gerenciadora e também do fornecedor.

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OBSERVAÇÃO 1

Cumpre mencionar que a possibilidade de adesão na condição de não participante limita-se a


órgãos ou entidades da Administração Pública federal, estadual ou municipal (previsão do §3º
do art. 86).

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OBSERVAÇÃO 2

Contudo, é vedado aos órgãos e às entidades da Administração Pública federal a adesão à ata
de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal
(previsão do §8º do art. 86).

O SRP não é pressuposto nem obriga à formalização do contrato. A Administração Pública


pode realizar o SRP e deixar de adquirir os produtos precificados caso ausente a necessidade
de aquisição. Nesse caso, vale ressaltar que a mera realização do SRP, por si, prescinde de
reserva orçamentária, pelo que se torna dispensável a indicação de fonte de custeio.

 COMENTÁRIO

A Administração precisa garantir apenas reserva orçamentária quando efetivamente abre


processo licitatório, para contratar, demonstrando que tem recursos para a pretendida
aquisição de bem ou execução de obras; esse não é o caso do SRP.
Diferentemente do art. 83 da nova lei, “a existência de preços registrados implicará
compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obrigará a Administração
a contratar, facultada a realização de licitação específica para a aquisição pretendida, desde
que devidamente motivada”, a parte final da Lei nº 8.666/93 previa direito de preferência em
igualdade de condições para aquele concorrente que se sagrou vencedor no registro de preços
(art. 15, § 3º, da Lei nº 8.666/93).

Essa parte não foi reproduzida pela nova lei. O art. 83, supra, dá liberdade para que o gestor
público possa realizar licitação específica para bem, serviço ou obra, mesmo já tendo realizado
o procedimento do SRP.

 ATENÇÃO

Quando se afirma que o gestor público pode realizar licitação, deixando de utilizar o SRP, é
preciso lembrar que a noção de discricionariedade não é completamente desvinculada. Na
atualidade, a divisão entre atos vinculados e atos discricionários foi substituída por diferentes
graus de vinculação ao ordenamento jurídico, em cujo epicentro axiológico está a CF/88. Logo,
se existir uma ata de SRP e, evidentemente, a decisão mais eficiente que gerará melhores
resultados, culminando em contratação com melhores preços, não há discricionaridade para o
gestor realizar licitação nova, mais custosa e mais demorada. Nesse sentido, embora a lei
permita uma vinculação mais fraca do gestor público à ata de preços, ele está vinculado à
eficiência, devendo justificar a sua escolha. Se o gestor tem liberdade para licitar ou, por outro
lado, optar pela ata de registro de preço que o órgão que ele integra já realizou, a
discricionariedade de escolha deve ser balizada e a escolha concreta deve ser feita à luz da
vinculação à eficiência, à busca de melhores resultados e à economia de escala.

OBJETO DO REGISTRO DE PREÇOS

A Lei nº 8666/93, em sua literalidade, só permitia o registro de preços na hipótese relacionada


às compras públicas (aquisição de bens). A doutrina e o TCU, contudo, já admitiam a utilização
do SRP para a contratação de serviços, além da aquisição de bens, pois já se considerava que
o SRP era procedimento racional e eficiente para as licitações, não havendo razão para
impedir a sua realização no caso de serviços frequentes, padronizados ou relacionados a um
projeto específico. O Decreto Federal 7893/13 também permitia o SRP para serviços. Em
relação às obras, havia resistência na aceitação do RPS, porque o objeto licitado não podia ser
descrito de forma tão clara, na medida em que as soluções para obras de engenharia
envolvem soluções técnicas diversas, de acordo com as peculiaridades do caso concreto.

Foto: Shutterstock.com

Por conta disso, o TCU acabou tendo entendimento contrário ao RPS para obras. Acórdão n.
980/2018: “o sistema de registro de preços não é aplicado à contratação de obras, pelo fato de
o objeto não se enquadrar em nenhuma das hipóteses previstas no art. 2º do Decreto n.
7.892/2013 e também porque, na contratação de obras, não há demanda por itens isolados,
pois os serviços não podem ser dissociados uns dos outros”. Contudo, de forma inédita, a
nova lei prevê que o SRP poderá ser usado para obras (art. 81, § 5º), com vigência da ata
por até dois anos (art. 83). Também pode ser usado para contratação direta (art. 81, § 6º).

 SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS


No vídeo a seguir, a professora Fernanda Morgan trata do objeto do registro de preços e de
suas principais características.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. NO QUE TANGE AO SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS, MARQUE A


ALTERNATIVA CORRETA A SEGUIR, CONFORME PREVÊ A LEI Nº
14.133/2021:

A) Em nenhuma hipótese, é permitido registro de preços com indicação limitada a unidades de


contratação, sendo imprescindível a indicação do total a ser adquirido.

B) É vedado aos órgãos ou às entidades da Administração Pública estadual, distrital ou


municipal a adesão à ata de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade estadual,
distrital ou municipal.

C) O órgão gerenciador, na fase preparatória do processo licitatório, deverá realizar


procedimento público de intenção de registro de preços para possibilitar, pelo prazo máximo de
15 dias, a participação de outros órgãos ou entidades na respectiva ata e determinar a
estimativa total de quantidades da contratação.

D) O SRP poderá ser usado para obras, com vigência da ata por até quatro anos.

E) É possível que a Administração faça uso do sistema de registro de preços para contratar a
execução de obras e serviços de engenharia, contanto que exista projeto padronizado, sem
complexidade técnica e operacional, bem como haja a necessidade permanente ou frequente
de obra ou serviço a ser contratado.
2. A LEI Nº 8666/93, NA SUA LITERALIDADE, SÓ PERMITIA O REGISTRO
DE PREÇOS NA HIPÓTESE RELACIONADA ÀS COMPRAS PÚBLICAS
(AQUISIÇÃO DE BENS). DIANTE DA LITERALIDADE DA LEI Nº 8.666/93, O
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU) JÁ HAVIA ASSENTADO
ENTENDIMENTO A RESPEITO. MAIS RECENTEMENTE, A LEI Nº
14.133/2021 TRAÇOU NOVAS COMPREENSÕES ACERCA DO USO DO
SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP). DITO ISSO, E
CONSIDERANDO TODO O ARCABOUÇO JURÍDICO SUPRACITADO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA DENTRE AS OPÇÕES A SEGUIR:

A) O TCU não admitia a utilização do registro de preços para a contratação de serviços.

B) O TCU admitia a utilização do registro de preços somente para a aquisição de bens.

C) O TCU considerava que o SRP era procedimento ineficiente para as licitações, inadmitindo
a realização do registro de preços no caso de serviços frequentes, padronizados ou
relacionados a um projeto específico.

D) A nova lei prevê que o SRP poderá ser usado para obras e nos casos de contratação direta.

E) Segundo entendimento consignado pelo TCU em momento anterior à vigência da Lei nº


14.133/2021, o sistema de registro de preços deveria ser aplicado à contratação de obras.

GABARITO

1. No que tange ao sistema de registro de preços, marque a alternativa correta a seguir,


conforme prevê a Lei nº 14.133/2021:

A alternativa "E " está correta.

O sistema de registro de preços poderá ser usado para contratação de bens e serviços,
inclusive para obras e serviços de engenharia, devendo tal procedimento ter prazo de vigência
de um ano, permitida a prorrogação por mais um ano, desde que o preço seja vantajoso (art.
84 c/c os incisos do §5º do art. 82). Do mesmo modo, será possível a utilização do sistema de
registro de preços nas hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de licitação. O edital de
licitação para registro de preços DEVERÁ dispor sobre a quantidade mínima a ser cotada de
unidades de bens ou, no caso de serviços, de unidades de medida. Mas, excepcionalmente,
permite-se a indicação limitada a unidades de contratação. Ademais, cabe salientar que o
órgão gerenciador, na fase preparatória da licitação, deverá realizar procedimento público de
intenção de registro de preços para possibilitar, pelo prazo máximo de oito dias úteis, a
participação de outros órgãos ou entidades na respectiva ata. É permitida aos órgãos ou às
entidades da Administração Pública estadual, distrital ou municipal a adesão à ata de registro
de preços gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal.

2. A Lei nº 8666/93, na sua literalidade, só permitia o registro de preços na hipótese


relacionada às compras públicas (aquisição de bens). Diante da literalidade da Lei nº
8.666/93, o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia assentado entendimento a
respeito. Mais recentemente, a Lei nº 14.133/2021 traçou novas compreensões acerca do
uso do sistema de registro de preços (SRP). Dito isso, e considerando todo o arcabouço
jurídico supracitado, assinale a alternativa correta dentre as opções a seguir:

A alternativa "D " está correta.

A Lei nº 8666/93, em sua literalidade, só permitia o registro de preços na hipótese relacionada


às compras públicas (aquisição de bens). A doutrina e o TCU, contudo, já admitiam a utilização
do SRP para a contratação de serviços, além da aquisição de bens, pois o SRP era tido como
procedimento racional e eficiente para as licitações, não havendo razão para impedir a sua
realização no caso de serviços frequentes, padronizados ou relacionados a um projeto
específico. Em relação às obras, havia resistência na aceitação do SRP, porque as soluções
para obras de engenharia envolvem soluções técnicas diversas, de acordo com as
peculiaridades do caso concreto. Por conta disso, o TCU acabou tendo entendimento contrário
ao SRP para obras. Acórdão n. 980/2018: “o sistema de registro de preços não é aplicado à
contratação de obras, pelo fato de o objeto não se enquadrar em nenhuma das hipóteses
previstas no art. 2º do Decreto n. 7.892/2013 e também porque, na contratação de obras, não
há demanda por itens isolados, pois os serviços não podem ser dissociados uns dos outros.”
Contudo, de forma inédita, a nova lei prevê que o SRP poderá ser usado para obras (art. 81, §
5º), com vigência da ata por até dois anos (art. 83). Também pode ser usado para contratação
direta (art. 81, § 6º).

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abordamos o tema da elaboração de editais, com alusão pontual à Lei nº 8.666/93, dando
enfoque ao regime licitatório previsto na nova Lei de Licitações e Contratos – Lei nº
14.133/2021. De início, nosso estudo versou sobre os conteúdos de um edital licitatório, tais
como o critério de julgamento e a modalidade de licitação, pelo que remontamos aos
dispositivos pertinentes ao tema (Lei 14.133/2021, arts. 25 e ss.).

Em seguida, estudamos assuntos ligados à função regulatória da licitação, demonstrando a


existência de elementos facultativos, a serem objeto do edital. Por fim, fizemos uma análise
acerca do sistema de registro de preço, que é um procedimento auxiliar à licitação. Tal
procedimento, como vimos, de modo geral, é uma ferramenta que ajuda a conferir
racionalidade e eficiência às licitações, trazendo para os processos licitatórios maior
racionalidade, celeridade e eficiência.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
GARCIA, F. A.; MOREIRA, E. B. O projeto da nova lei de licitações brasileira e alguns de
seus desafios. Revista de Contratos Públicos, nº 21, set. 2019.

NOHARA, I. P. D. Nova lei de licitações e contratos comparada. Editora RT – Revista dos


Tribunais. 2021.
OLIVEIRA, R. C. Nova lei de licitações e contratos administrativos. Rezende: Forense.
2021.

SOUTO, M. J. V. Direito administrativo regulatório. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

EXPLORE+

TORRES, R. C. L. de. Leis de licitações públicas comentadas. Salvador: Juspodivm,


2021.

CONTEUDISTA
Fernanda Morgan Pimentel de Oliveira

 CURRÍCULO LATTES

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