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PROPÓSITO
Compreender o conceito e a importância dos ingressos e dispêndios públicos no contexto das
Finanças Públicas.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha em mãos a Lei nº 4.320/64 e o Manual de
Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP – 8ª edição – 2019), visando acompanhar os
dispositivos mencionados nas referidas normas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
No estudo das Finanças Públicas, é importante ter conhecimento dos ingressos e dispêndios públicos,
com foco em suas especificidades. Além disso, é importante acompanhar a gestão dos recursos e
observar onde são empregados,
tendo em vista a implantação das políticas públicas.
MÓDULO 1
O ORÇAMENTO É UM IMPORTANTE INSTRUMENTO DE
PLANEJAMENTO DE QUALQUER ENTIDADE, SEJA
PÚBLICA OU PRIVADA, E REPRESENTA O FLUXO
PREVISTO DE INGRESSOS E DE APLICAÇÕES DE
RECURSOS EM DETERMINADO PERÍODO.
(2018 p. 30)
O Estado necessita de recursos para fazer face às despesas com educação, saúde, transporte,
habitação, segurança etc. Esses recursos ingressam nos cofres públicos por meio das receitas
arrecadadas pelo ente.
Importante observação também é feita quanto à natureza dos ingressos de recursos nos cofres
públicos, que podem ser orçamentários ou extraorçamentários:
“Em sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado denominam-se receitas
públicas, registradas como receitas orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos
financeiros para o erário,
ou ingressos extraorçamentários, quando representam apenas entradas
compensatórias. Em sentido estrito, chamam-se públicas apenas as receitas orçamentárias” (MCASP,
2018, p. 31).
O referido manual adota a definição de receita no sentido estrito. Dessa maneira, a citação ao termo
“receita pública” refere-se às “receitas orçamentárias”.
EXEMPLO
Já o parágrafo único, do art. 3°, Lei nº 4.320/64, expressa situações que são consideradas ingressos
ou receitas extraorçamentários, como, por exemplo, as operações de crédito por antecipação da
receita,
as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiro.
Nos casos em que recursos ingressam de forma transitória ou temporária, quando o Estado é mero
depositário e deve devolvê-los posteriormente, tais recursos são classificados como ingressos ou
receitas extraorçamentários. Nessa
situação, não podem ser utilizados nas despesas públicas
orçamentárias, pois não integram o patrimônio público, não se vinculando à execução do orçamento.
Afinal, não se trata de uma renda para o Estado.
Já as receitas orçamentárias são consideradas fonte de recursos para custear as despesas com
programas e ações públicas.
CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA
ORÇAMENTÁRIA POR NATUREZA
A Lei nº 4.320/64, em seu art. 11º, estabeleceu que a receita orçamentária é classificada da
seguinte forma:
Natureza
Imagem: Shutterstock.com
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Receitas correntes
Receitas de capital
Receitas correntes
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A Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2001, com base no esquema previsto na
Lei nº 4.320/64, atualizou e detalhou as receitas correntes e receitas de capital, classificando como
origem o desdobramento
previsto na referida lei.
Outras receitas correntes – recursos recebidos não classificados nas outras origens, tais como
indenizações, alienação de bens apreendidos, restituições, ressarcimentos, multas
administrativas etc.
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
Operações de crédito: receitas resultantes da contratação de empréstimos e financiamentos
(públicos ou privados e internos ou externos), da colocação de títulos públicos, de empréstimos
compulsórios
etc., destinados a atender ao desequilíbrio orçamentário.
ALIENAÇÃO DE BENS
Alienação de bens: receita resultante da venda de bens (móveis, imóveis ou intangíveis) de
propriedade do ente público como as privatizações, a alienação de prédio público etc.
AMORTIZAÇÃO DE DÍVIDA
Amortização de dívida: receita resultante da amortização do valor dos empréstimos ou
financiamentos concedidos a outros entes, representando retorno dos recursos emprestados.
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
Transferências de capital: receitas resultantes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas
de direito público ou privado e destinados para atender despesas e capital (em investimentos ou
inversões financeiras), como recurso de convênio recebido para construção de um hospital ou
construção de uma estrada.
Previsão
Lançamento
Arrecadação
Recolhimento
ATENÇÃO
É importante destacar que algumas bancas de concurso público, às vezes, cobram os estágios como
se fossem etapas, não fazendo distinção entre eles. Logo, podem chamar estágios de etapas. Nesse
caso, é imprescindível
verificar o contexto da questão.
Seu objetivo é verificar o comportamento das receitas durante exercícios anteriores, projetando com o
auxílio de ferramentas estatísticas e matemáticas. O planejamento dependerá do comportamento da
série histórica de arrecadação
e de informações fornecidas pelos órgãos orçamentários ou pelas
unidades arrecadadoras envolvidas no processo. A previsão da receita serve de base para verificar as
necessidades de financiamento do governo.
EXECUÇÃO
Lançamento
O art. 53 da Lei nº 4.320/1964 define lançamento como ato da repartição competente, que verifica a
procedência do crédito fiscal, a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.
ATENÇÃO
Cabe ressaltar que não devemos confundir a expressão “lançamento” aqui apresentada com
lançamento contábil. O lançamento em questão é um controle extracontábil para identificar quanto o
Estado tem a cobrar de terceiros
como por exemplo, impostos, taxas, entre outros.
Arrecadação
A arrecadação consiste na entrega dos recursos devidos por contribuintes ou devedores aos agentes
arrecadadores ou às instituições financeiras autorizadas pelo ente. Nesse estágio, o Estado recebe os
tributos, as multas e os
demais créditos a ele devidos. Tais recebimentos são promovidos pelos
agentes da arrecadação, que recebem os recursos dos contribuintes e recolhem ao Tesouro Público.
Agentes privados (bancos autorizados, loterias etc.)
É válido notar que pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas, de acordo com o
art. 35 da Lei nº 4.320/1964. Essa passagem representa a adoção do regime de caixa para o ingresso
das receitas orçamentárias.
Recolhimento
Nesse estágio, verifica-se o princípio da unidade de caixa ou de tesouraria, segundo o qual todas as
receitas devem ser englobadas em um caixa único. Portanto, é vedada qualquer fragmentação para a
criação de caixas especiais,
conforme o artigo 56 da Lei nº 4.320/64. Na etapa do recolhimento, o
recurso, de fato, entra nos cofres públicos.
DÍVIDA ATIVA
São créditos em favor da Fazenda Pública oriundos do transcurso do prazo para pagamento.
Em outras palavras, o contribuinte tem um prazo para pagar o seu débito, definido em lei ou em
decisão proferida em processo regular, mas, se não o faz dentro desse prazo, é inscrito pelo órgão ou
pela entidade competente,
após apuração de certeza e liquidez. Sendo assim, esses créditos não são
arrecadados no exercício de origem.
A receita da dívida ativa compreende os créditos relativos a tributos, multas, demais créditos,
incluindo os valores da respectiva atualização monetária, juros de mora e encargos. São
considerados uma fonte potencial de fluxos
de caixa, contabilmente reconhecidos no ativo.
Conforme o art. 39 da Lei nº 4.320/64, a dívida ativa é classificada em dois grupos: dívida ativa
tributária e dívida ativa não tributária:
Reúne somente os créditos relativos a tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria) lançados
e não arrecadados. Exemplo: O IPTU de 2020 lançado contra o contribuinte XYZ, mas não pago por
este,
teoricamente, em 31 de dezembro de 2020, passa a ser inscrito como dívida ativa, isto é, um
direito a receber.
Dívida ativa não tributária
Engloba todos os demais créditos, líquidos e certos, da Fazenda Pública. Como exemplos, podemos
destacar: dividendos, aluguéis, contribuições, foros, laudêmios, concessões, permissões etc.
INGRESSOS PÚBLICOS
Neste vídeo, o especialista conceitua receita pública, mostrando suas classificações e etapas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Receitas industriais, com depósitos de terceiros e de operações com crédito por antecipação de
receita, são receitas orçamentárias.
C) Receitas de serviços, com operações de crédito e alienação de bens, são receitas orçamentárias.
D) Receitas relativas a cauções em dinheiro, salários não reclamados e prestações de serviços são
receitas extraorçamentárias.
A) Recolhimento
B) Arrecadação
C) Lançamento
D) Previsão
E) Liquidação
GABARITO
A questão pede a classificação da receita quanto à natureza. Logo, devemos conhecer a classificação
por categoria econômica e suas respectivas origens. Na alternativa C, todas são receitas
orçamentárias. Receita de serviços é uma origem das receitas correntes. Já operação de crédito e
alienação de bens são origens das receitas de capital. As demais alternativas estão incorretas, pois
consignações são receitas extraorçamentárias, depósitos de terceiros e de operações com crédito por
antecipação de receita são receitas extraorçamentárias, e prestações de serviços são receitas
correntes e, portanto, orçamentárias.
2) (CESPE – 2017 – Adaptada) A etapa da receita orçamentária que compreende a transferência
dos valores arrecadados para a conta específica do Tesouro é denominada:
MÓDULO 2
DESPESA ORÇAMENTÁRIA
A despesa orçamentária, para o setor público, é extremamente importante, pois é a LOA que fixa as
despesas autorizadas para um determinado exercício financeiro.
O MCASP define a despesa orçamentária pública como sendo um conjunto de dispêndios realizados
pelos entes públicos para o funcionamento e a manutenção dos serviços públicos prestados à
sociedade. Tal como os ingressos, os dispêndios
são classificados em orçamentários e
extraorçamentários.
Ainda de acordo com o MCASP, despesa orçamentária é toda transação que depende de autorização
legislativa, na forma de consignação de dotação orçamentária, para ser efetivada. Portanto, os
dispêndios orçamentários constam na LOA e dependem de autorização legislativa para serem
realizados.
Mas afinal, o é que um dispêndio extraorçamentário?
O dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta na lei orçamentária anual, e, por isso, não
depende de autorização para ser realizado. Ele decorre do:
A Lei nº 4.320/64, em seu art. 4º, trata das despesas orçamentárias ao mencionar que a LOA
compreende todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou
que, por intermédio deles, devam ser
realizadas. Inclusive, esse dispositivo cumpre com o princípio
orçamentário da universalidade.
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA
ORÇAMENTÁRIA POR NATUREZA
A Lei nº 4.320/64, em seu art. 12, estabelece que a despesa orçamentária é classificada da seguinte
forma:
Imagem: Shutterstock.com
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Grupo de custeio – despesas com pessoal, material de consumo (material expediente; material
para instalação elétrica e eletrônica; material para manutenção; uniformes; materiais de uso não
duradouro
etc.) e serviços de terceiros (tarifas de energia elétrica, gás, água e esgoto; correios;
telefone; locação de imóveis; seguros em geral, entre outros).
Grupo transferências de capital – amortização da dívida pública e diversos auxílios para outras
pessoas, direito público ou privado.
Despesas correntes
São todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem
de capital.
Despesas de capital
São aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de
capital.
A Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2001, com base no esquema previsto na
Lei nº 4.320/64, atualizou e detalhou as despesas correntes e despesas de capital, classificando
como Grupo de Natureza da Despesa
(GND ou “g”) o desdobramento previsto na referida lei. Dessa
maneira, torna-se um agregador de elementos de despesa orçamentária com as mesmas
características quanto ao objeto de gasto.
Pessoal e encargos sociais –despesas com pessoal, ativo e inativo, horas extras, adicionais,
gratificações, vantagens de qualquer natureza, encargos sociais e contribuições previdenciárias
etc.
O MCASP também tratou desses grupos de despesa, válido tanto para as despesas correntes, quanto
para as despesas de capital, utilizando como base a referida portaria.
Fixação
Empenho
Liquidação
Pagamento
Contudo, também são considerados somente o empenho, a liquidação e o pagamento, pois a Lei nº
4.320/64 não menciona o estágio da fixação. Portanto, ambas são corretas, dependendo do contexto
de cada autor ou situação específica.
Assim como nas receitas, algumas bancas de concurso público, às vezes, cobram os estágios como
se fossem etapas, não fazendo distinção entre elas. Logo, podem chamar estágios de etapas. Nesse
caso, é imprescindível verificar
o contexto da questão.
PLANEJAMENTO
Fixação da despesa
Esse processo de fixação da despesa orçamentária é autorizado pelo Poder Legislativo, por meio da
LOA, ressalvadas as eventuais aberturas de créditos adicionais no decorrer da vigência do
orçamento. Portanto, o administrador
público não pode gastar mais do que foi autorizado por lei,
cumprindo, também, o princípio orçamentário da legalidade.
A primeira situação ocorre entre unidades gestoras de órgãos ou entidades de estrutura distintas,
tendo assim a descentralização externa, também denominada de Destaque, como, por exemplo, a
movimentação
de recursos orçamentários do Ministério da Economia para o Ministério da Saúde.
ATENÇÃO
As unidades gestoras realizam suas despesas e precisam honrar com obrigações. Desse modo, a
STN libera os recursos financeiros para essas unidades gestoras. Essa movimentação é chamada de
cota. Por exemplo, a STN libera cota
para o Ministério da Economia.
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O repasse acontece entre unidades gestoras de órgãos ou entidades de estruturas distintas, tendo
assim a movimentação externa. Por exemplo, a descentralização de recursos financeiros do
Ministério
da Economia para o Ministério da Saúde.
O sub-repasse envolve unidades gestoras de um mesmo órgão, tendo assim a movimentação
interna. Por exemplo, a descentralização de recursos financeiros do Ministério da Economia para a
Unidade
Administrativa vinculada ao Ministério.
A LRF trouxe dispositivos que auxiliam nessa programação. O Poder Executivo estabelece a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso até trinta dias após a
publicação do orçamento (LOA). No âmbito
federal, tal ato é realizado por decreto.
No caso de frustração da receita prevista na LOA, deve ser estabelecida limitação de gastos por parte
dos órgãos e poderes, a fim de se reestabelecer o equilíbrio das contas públicas.
EXECUÇÃO
EMPENHO
De acordo com art. 58 da Lei nº 4.320/1964, o empenho de despesa é o ato emanado de autoridade
competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de
condição. Consiste
na reserva de dotação orçamentária para um fim específico, comprometendo o
crédito orçamentário.
Segundo o art. 59 da Lei nº 4.320/1964, o empenho da despesa não pode exceder o limite dos
créditos concedidos. Em outros termos, o limite da despesa não pode ser ultrapassado. Isso significa
que não pode
empenhar mais do que está autorizado, fixado na LOA.
Para cada empenho, é extraído um documento denominado “nota de empenho”, que indica o nome
do credor, a representação e a importância da despesa, bem como sua dedução do saldo da dotação
própria, conforme o art. 61, da Lei
nº 4.320/1964. É o documento que formaliza o empenho e que fará
parte do processo de liquidação, para posterior pagamento.
LIQUIDAÇÃO
Esse “atestar” significa que os servidores responsáveis, ou a comissão designada, pelo recebimento
do material ou pelo serviço prestado assinam o comprovante, que normalmente é a nota fiscal,
afirmando que o material foi recebido
ou que o serviço foi prestado.
PAGAMENTO
O pagamento da despesa só é realizado quando ordenado, após sua regular liquidação, de acordo
com o art. 62 da Lei nº 4.320/1964. Em outras palavras, é conferido, no processo, se a liquidação foi
feita e se está de acordo com
os ditames da lei.
Estando tudo certo, é emitido um documento chamado de “ordem de pagamento”, que é o despacho
exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga, conforme o art. 64 da
Lei nº 4.320/1964.
Isso significa que o empenho em si não cria a obrigação de pagamento, ou seja, não gera um passivo
em termos patrimoniais. Dessa forma, a obrigação de pagamento só surge após a etapa da liquidação
(segunda etapa da execução
orçamentária da despesa). Em regra, a liquidação compreende a
entrega do material ou da prestação do serviço. Portanto, a liquidação da despesa é o implemento de
condição por parte do credor para que exista a obrigação
de pagamento.
RESTOS A PAGAR
É importante conhecer os estágios da execução da despesa. Como vimos, a execução da despesa
orçamentária se dá respectivamente em três estágios, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964:
empenho, liquidação e pagamento
Os Restos a Pagar (RP) estão dispostos no art. 36 da Lei nº 4.320/64, como segue:
“Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de
dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas”.
Já o MCASP define que são Restos a Pagar todas as despesas regularmente empenhadas, do
exercício atual ou anterior, mas não pagas ou canceladas até 31 de dezembro do exercício financeiro
vigente. Distinguem-se dois tipos de
Restos a Pagar: os processados (despesas já liquidadas) e os
não processados (despesas a liquidar ou em liquidação).
Isso significa que a continuidade dos estágios de execução das despesas ocorrerá no exercício
financeiro seguinte. Ao final do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e não pagas serão
inscritas em restos a pagar.
Entende-se que RPNP são inscritos decorrentes de despesas que foram empenhadas, mas não
foram liquidadas e não pagas até 31 de dezembro. Somente foi cumprido o primeiro estágio, o
empenho.
Já os RPP são inscritos decorrentes de despesas que foram empenhadas, foram liquidadas e não
pagas até 31 de dezembro. Nesse caso, foram cumpridos os estágios do empenho e da liquidação.
Observe que, em ambos os casos, tanto no RPNP e RPP, ocorre a falta da execução do estágio de
pagamento até final do exercício financeiro.
De acordo com o MCASP, o valor da despesa empenhada que ainda não foi paga pode ser inscrito
em RP, em 31 de dezembro. Subentende-se na lei que a receita orçamentária a ser usada para o
pagamento dessa despesa já tenha sido
arrecadada no exercício no qual a despesa foi inscrita.
Por exemplo:
Ano 2020
Arrecadação = 100
Empenho = 100
Liquidação = 80
Pagamento = 70
Cálculo RP
Total do RP = Empenho - Pagamento = 100 - 70 = 30 (valor inscrito que será pago no ano de 2021)
RESUMINDO
Logo, nesse caso, o montante restante no caixa, no valor de 30 (arrecadação - pagamento), arcará
com o pagamento no ano de 2021. Esse montante ficará “carimbado” para pagar as despesas
inscritas em RP no ano de 2020,
não comprometendo o orçamento do ano seguinte, de 2021.
DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES
Conforme o MCASP, Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) são despesas cujos fatos geradores
ocorreram em exercícios anteriores àquele em que se deve ocorrer o pagamento.
O art. 37 da Lei nº 4.320/1964 dispõe que as despesas de exercícios encerrados poderão ser pagos à
conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida,
sempre que possível, a ordem cronológica:
As despesas que não se tenham processado na época própria, para as quais o orçamento
respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las.
O Decreto Federal nº 93.872/1986 especifica cada hipótese de DEA, com base na referida lei:
Aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do exercício
correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação.
A despesa cuja inscrição como Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas estando ainda vigente o
direito do credor.
A obrigação de pagamento criada em virtude de lei, mas sendo reconhecido o direito do reclamante
somente após o encerramento do exercício correspondente.
Nesta primeira hipótese, poderia haver um erro do administrador no ano X1, tendo sido cancelado um
empenho. No ano seguinte, X2, o credor demonstra que cumpriu com sua obrigação, tendo direito.
Nesse caso, é utilizada, para
pagamento, a dotação orçamentária destinada às DEA, em X2. Logo,
haverá o empenho, a liquidação e o pagamento na dotação DEA no ano de X2.
Já nesta hipótese, poderia ocorrer outra situação de erro do administrador, no ano X1, cancelando um
RPP. No ano seguinte, X2, o credor demonstra que cumpriu com sua obrigação, tendo direito. Nesse
caso, a prescrição dos RP
é interrompida e é utilizada, para pagamento, a dotação orçamentária
destinada às DEA, em X2. Então, haverá o empenho, a liquidação e o pagamento na dotação DEA no
ano de X2.
Na última hipótese, poderia ocorrer uma situação em que o servidor, tendo direito ao auxílio-
alimentação, não recebeu de julho a dezembro do ano X1. Esse servidor fez uma requisição, em
janeiro de X2, solicitando o pagamento
retroativo, tendo em vista que ele tem esse direito. Logo, ele
está requerendo os auxílios dos meses de julho a dezembro de X1. Como o orçamento anterior já foi
executado, ele poderá receber na dotação orçamentária destinada
às DEA em X2, pois são despesas
cujos fatos geradores ocorreram em exercícios anteriores àquele em que deve ocorrer o pagamento.
Nesse caso, haverá o empenho, a liquidação e o pagamento na dotação DEA no ano de X2.
As Despesas com DEA são reconhecidas no exercício, com dotação consignada no orçamento para
atendê-las, ocorrendo os três estágios da execução da despesa nesse mesmo exercício em que for
reconhecida.
Para efetuar o pagamento usando DEA, deve-se empenhar, liquidar e pagar, pois DEA é uma dotação
orçamentária, prevista na LOA. Portanto, DEA possui dotação própria e saldo financeiro para suportar
a referida despesa no exercício
em que for empenhada. Por fim, utiliza-se a arrecadação do
orçamento vigente para pagar DEA.
SUPRIMENTO DE FUNDOS
O art. 68, da Lei nº 4.320/64 menciona:
De acordo com a Lei nº 4.320/64, as despesas sempre serão precedidas de empenho na dotação
própria. Em outras palavras, haverá dotação específica consignada no orçamento (despesa fixada na
LOA) e, para realizar a despesa, deverá
ocorrer prévio empenho.
Como é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei, é a lei que define quais
despesas podem ser realizadas por meio do suprimento de fundos.
Neste vídeo o especialista conceitua despesa pública, mostrando suas classificações, etapas e seus
desdobramentos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Adjudicação
B) Empenho
C) Lançamento
D) Liquidação
E) Pagamento
GABARITO
2) (FGV – 2017) Após vencer uma licitação para prestação de serviços de manutenção em
equipamentos de informática (computadores e empresas), uma empresa apresentou à entidade
pública uma nota fiscal dos serviços prestados nos primeiros dois meses de contrato. Após
confirmação do fiscal do contrato, o documento foi enviado ao setor de processamento de
despesa para conferência, etapa associada ao estágio do(a):
A situação apresentada, em que uma empresa apresenta a nota fiscal (NF) dos serviços prestados
nos dois primeiros meses do contrato, mostra que o serviço foi prestado e o credor está
encaminhando o respectivo comprovante. Cabe à administração receber a NF e encaminhar para a
pessoa responsável, fiscal do contrato, a fim de proceder à conferência. De acordo com a lei, essa
situação trata do estágio da liquidação.
MÓDULO 3
Regime de competência
ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO
A Lei nº 4.320/1964, em seu art. 35, trata do chamado Regime Orçamentário da Receita e da
Despesa Pública, a saber:
O art. 50, II, da LRF, estabelece que a escrituração das contas públicas observará, além de obedecer
às demais normas de contabilidade pública, que a despesa e a assunção de compromisso serão
registradas segundo o regime de
competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado
dos fluxos financeiros pelo regime de caixa.
Desse modo, de acordo com a doutrina, a Lei nº 4.320/64 estabeleceu o regime orçamentário para as
receitas e despesas, sendo que as receitas são reconhecidas no momento da arrecadação
(contribuinte efetuando o pagamento ao
agente arrecadador) enquanto as despesas são
reconhecidas no momento do empenho (comprometimento do crédito orçamentário). Portanto, regime
de caixa para as receitas e regime de competência para as despesas. Esse regime
é considerado
Regime Misto. A LRF só ratifica o dispositivo da Lei nº 4.320/64.
ATENÇÃO
Em outras palavras, efeitos das transações e outros eventos sobre o patrimônio são reconhecidos
quando ocorrem, independentemente de recebimento ou pagamento.
Para fins de registro dos efeitos no patrimônio público, não importa quando a receita é arrecadada e a
despesa é empenhada. O que importa é o momento em que ocorre o FG que dá origem ao direito, no
caso das receitas, ou à obrigação,
no caso das despesas. Logo, não há exigência de que as
despesas orçamentárias sejam empenhadas ou que as receitas orçamentárias sejam efetivamente
arrecadadas para que haja o devido reconhecimento sob o ponto de vista patrimonial.
Com fins de evidenciar o impacto no patrimônio público, deve ocorrer o registro da VPD (para as
despesas) ou VPA (para as receitas) em razão do momento do fato gerador e de sua consequência
para o patrimônio.
No caso das receitas, essas são reconhecidas no momento em que ocorre o FG, que pode ser antes,
durante ou depois da arrecadação, dependendo da análise de cada fato.
EXEMPLO
De acordo com o MCASP, no dia 1º de janeiro, o ente público reconhecerá seu direito, contabilizando
um aumento no ativo e um aumento no patrimônio (VPA).
Observe que a arrecadação somente será realizada em um momento posterior, quando o contribuinte
efetuar o pagamento, dentro do vencimento.
Em relação às despesas, essas são reconhecidas no momento em que ocorre o FG, que pode ser
antes, durante ou depois da liquidação (a contabilidade pública entende que é nesse estágio que
ocorre o FG).
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EXEMPLO
Caso de reconhecimento da despesa antes da sua liquidação: O 13º salário em janeiro a ser
liquidado e pago em dezembro. De acordo com o MCASP, no mês de janeiro, o ente público
reconhecerá a parcela
(1/12) de sua obrigação, contabilizando um aumento no passivo e uma
diminuição no patrimônio (VPD). Observe que o empenho, a liquidação e o pagamento serão
realizados somente em um momento posterior.
De acordo com o MCASP, a contabilidade aplicada ao setor público deve evidenciar as variações
patrimoniais, sejam independentes sejam resultantes da execução orçamentária, conforme previsto
na Lei nº 4.320/1964.
Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no patrimônio, deve haver o registro da variação
patrimonial diminutiva (VPD) ou aumentativa (VPA) em razão do fato gerador e de sua consequência
para o patrimônio.
Base Base
Evento Critério Evento Critério
Normativa Normativa
Lei nº
Variação NBC TSP
Receita
Arrecadação 4.320/64 Patrimonial Competência – Estrutura
Orçamentária
Aumentativa Conceitual
Art. 35
Lei nº
Variação NBC TSP
Despesa
Empenho 4.320/64 Patrimonial Competência – Estrutura
Orçamentária
Diminutiva Conceitual
Art. 35
Extraído de: Brasil. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 8ª. ed. Ministério da
Economia. Secretaria do Tesouro Nacional. Brasília, 2018, p. 102.
CRÉDITO PÚBLICO
Quando é que se faz o uso do crédito público?
Quando os recursos não são suficientes para o Estado fazer face às despesas, ele se utiliza do
crédito público. São ingressos de recursos no caixa, que geram uma dívida, que é incorporada ao
passivo do ente. Nesse caso, existe
a obrigação de restituir posteriormente, acrescido de juros e
encargos. Tais recursos são decorrentes dos empréstimos públicos.
A maioria da doutrina entende que a natureza jurídica dos empréstimos públicos é contratual. Isso
porque é assinado um contrato entre as partes, com cláusulas e condições específicas.
DÍVIDA PÚBLICA
Senado Federal – dispõe sobre a dívida mobiliária dos estados, do distrito federal e dos municípios,
além de dispor da dívida consolidada de todos os entes federados. As Resoluções nº 40 e 43, de
2001,
tratam sobre esses limites.
De acordo com o art. 92, a dívida de curto prazo é chamada de Dívida Flutuante, compreendendo:
A Dívida Fundada, de longo prazo, foi tratada no art. 98, da referida lei. Compreende os
compromissos com exigibilidade superior a 12 meses, contraídos para atender à insuficiência
orçamentária ou financiar obras públicas.
A Lei de Responsabilidade Fiscal atualizou alguns conceitos, inclusive para as diversas espécies de
endividamento público. Observe as definições do art. 29, da mencionada lei:
DÍVIDA PÚBLICA CONSOLIDADA OU FUNDADA
Montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,
assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de
crédito, para amortização
em prazo superior a doze meses. As operações de crédito de prazo inferior
a doze meses, cujas receitas tenham constado do orçamento, também integram essa dívida.
OPERAÇÃO DE CRÉDITO
Compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de
bens e serviços,
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de
derivativos financeiros. Equipara-se à operação de crédito a assunção o reconhecimento ou a
confissão de dívidas pelo ente da Federação.
CONCESSÃO DE GARANTIA
Compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação
ou entidade a ele vinculada.
ATENÇÃO
O refinanciamento do valor principal da dívida mobiliária não pode exceder, ao término de cada
exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito
autorizadas no orçamento para
este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização
monetária.
ESPECIFICIDADES DO ORÇAMENTO PÚBLICO
Neste vídeo, esclareceremos os critérios da contabilidade no reconhecimento das receitas e
despesas, bem como conceituaremos o processo da dívida pública.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Sob o enfoque orçamentário, quando o tributo for recolhido aos cofres da entidade competente.
B) Sob o enfoque orçamentário, quando o tributo for lançado em favor da fazenda pública.
C) Sob o enfoque patrimonial, quando o tributo for arrecadado pelos agentes competentes.
D) Sob o enfoque patrimonial, quando o tributo for lançado, a partir da identificação do sujeito
tributário e do valor devido.
2) (FCC – 2015) NOS TERMOS DA LRF, O MONTANTE TOTAL, APURADO SEM DUPLICIDADE,
DAS OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS DO ESTADO DO CEARÁ ASSUMIDAS EM VIRTUDE DE
CONTRATOS É DENOMINADA:
C) Operação de crédito
GABARITO
2) (FCC – 2015) Nos termos da LRF, o montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações
financeiras do Estado do Ceará assumidas em virtude de contratos é denominada:
A questão pede o conhecimento da definição da dívida pública consolidada ou fundada, conforme art.
29 da LRF. A lei fala das obrigações financeiras de qualquer ente da federação e o Estado do Ceará é
um deles.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, compreendemos o conceito das receitas e despesas públicas, inclusive suas etapas
e particularidades. Conhecemos, também, suas respectivas origens (receitas) e seus grupos
(despesas), por meio da classificação
prevista em norma.
REFERÊNCIAS
PALUDO, A. V. Orçamento Público, Administração Financeira e Orçamentária e LRF. 10. ed.
Salvador: JusPodivm, 2020.
PASCOAL, V. Direito Financeiro e Controle Externo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2019.
EXPLORE+
Indicamos como leitura complementar o livro Orçamento Público, de James Giacomoni. Nessa obra,
o autor demostra diversas questões de forma mais abrangente e profunda, trazendo informações
históricas bem como a evolução, ao longo do tempo, sobre o contexto da matéria.
CONTEUDISTA
Sergio Albuquerque Barata
CURRÍCULO LATTES