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Empreendedorismo

Empreendedorismo
Sandro Afonso Morales

Empreendedorismo

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-3097-2

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Apresentação
Caro aluno,

M
ilhões de pessoas no Brasil têm o desejo de abrir seu próprio negócio. Contudo, dessa par-
cela da população apenas um número bem menor de pessoas realmente empreende e, dos
novos negócios que nascem a cada ano, apenas 20% chegarão ao quinto ano de vida.
Você pode interpretar o que acabo de dizer de duas maneiras: não vale a pena empreender no
Brasil, pois suas chances de fracasso são de 80%; ou seguir em frente e antes de iniciar seu próprio
negócio tratar de aprender com os empresários bem-sucedidos que formam o contingente de 20%
de casos de sucesso. Nas páginas a seguir, tratei de reunir informações valiosas, obtidas a partir das
experiências de empreendedores bem-sucedidos e de estudiosos do assunto.
Na qualidade de empresário e pesquisador, tenho trabalhado com a capacitação de empre-
endedores há 21 anos. A experiência adquirida durante esse tempo me permite afirmar algumas
coisas importantes.
Em primeiro lugar, ninguém nasce empreendedor, não existe uma espécie de tribo escolhida
predestinada ao sucesso. O empreendedorismo é aprendido de diferentes maneiras e em princípio
qualquer um pode se tornar um empreendedor.
Em segundo lugar, empreendedores são pessoas que produzem resultados, seja como executi-
vos, seja como proprietários de negócios. Eles fazem a diferença para a comunidade em que estão,
gerando empregos, riqueza e principalmente progresso.
Em terceiro lugar, aprendi que empreendedores perfeitos só existem na teoria. Empreendedo-
res são, acima de tudo, humanos, e nessa condição existem pessoas boas e más. Está nas mãos de
cada um ser lembrado pelas gerações futuras como um exemplo a ser seguido ou não no campo do
empreendedorismo.
O estudo dos empreendedores é um campo muito amplo, o que me levou a ter que optar por
uma abordagem entre as existentes para não tornar o tema maçante. Escolhi a linha comportamental
por entender que ela complementa o conhecimento técnico normalmente recebido em cursos sobre
administração de empresas e empreendedorismo e porque constatei em diversas ocasiões na minha
prática como consultor que a personalidade em um empreendedor exerce uma influência decisiva no
sucesso de seu empreendimento.
Finalmente, gostaria de dizer que empreender é uma longa jornada e que não existe uma receita
de sucesso definitiva. Cabe a cada um de nós aprender com os que nos antecederam nesse tipo de jor-
nada e criar o nosso mapa de percurso. Como disse o poeta espanhol Antonio Machado “caminhante
não há um caminho, se faz caminho ao andar”.
Sucesso na sua caminhada!

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Empreendedorismo
Sandro Afonso Morales*
O progresso da humanidade, das cavernas às torres de concreto, tem sido explicado de
diversas maneiras. Mas tem sido central, em praticamente todas essas teorias, o
papel do “agente de mudança”, a força que inicia e implementa o progresso
material. Hoje nós reconhecemos que o agente de mudança na história
tem sido, e continuará sendo cada vez mais, o empreendedor.

Prefácio da Encyclopedia of Entrepreneurship

T
ornar-se um empreendedor é o sonho de muitas pessoas, pois a o termo cos-
tuma vir associado a expressões como independência financeira, desafios
e status social. No caso específico do Brasil, poderíamos até afirmar que
estamos vivendo a Era dos Empreendedores: um exemplo disso temos no fato de
que há cerca de 30 anos o sonho de estabilidade financeira estava associado a um
emprego em uma grande empresa estatal ou em uma multinacional. As próprias
universidades tinham clara a sua missão que era preparar mão de obra qualificada
para suprir as necessidades dessas empresas. Tirar boas notas na escola, formar-se
na faculdade e arrumar um bom emprego fazia parte do projeto de vida típico da
classe média brasileira.
Os tempos mudaram, o modelo apresentou claros sinais de desgaste (acha-
tamento dos salários, redução dos quadros de pessoal) e a mentalidade de muitos
brasileiros acompanhou essa mudança. Uma pesquisa realizada em 1997 junto à
comunidade brasileira que vive no exterior verificou que seu primeiro objetivo
era o de economizar dinheiro para realizar o sonho da casa própria. Em segundo
lugar, apareceu o desejo de iniciar um negócio.
Por outro lado, têm se multiplicado nas universidades os cursos de empreen-
dedorismo e os núcleos de incubação de empresas. Em 2001, o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizou uma parceria pioneira
com o Ministério de Educação e Cultura (MEC) para a implantação de programas
de ensino de empreendedorismo e incubação de empresas em escolas técnicas fe-
derais. A razão dessas ações é simples: se por um lado é necessário capacitar mão
de obra, por outro é necessário formar geradores de emprego. * Doutor em Engenharia
de Produç ã o (Emp re e n -
Essa proposição é reforçada por numerosas publicações e pesquisas no mun- dedorism o ) p e la U n iv e r-
sidade F e d e r a l d e S a n t a
do. Na sua primeira edição em 1999, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM)1 C atarina (U FSC ). M e s -
fortaleceu o argumento de que o empreendedorismo faz a grande diferença para tre em A d m i n i s t r a ç ã o d e
Empresa s (G e s tã o Es tra -
a prosperidade econômica, aspecto reforçado nos relatórios posteriores. Países sem tégica) p e la U n iv e rs id a -
altas taxas de criação de novas empresas correm o risco de entrar em um processo de de Autôn o m a d e M a d r i .
Formado e m A d min is -
estagnação econômica – e empreendedores são responsáveis por novas empresas. tração de E m p r e s a s p e l a
U FSC .
Os empreendedores são os responsáveis pela criação dessas novas empresas,
a maioria de micro e pequeno porte, sendo que nas economias mais avançadas elas
representam 99% das empresas existentes e, segundo o GEM (1999, p. 8), estudos
1 Documento disponível
no site <www.gemcon-
sortium.org>.

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recentes apontaram que essas empresas são responsáveis por 83% do crescimento
no Produto Interno Bruto (PIB) anual da União Europeia.
Nesse contexto, o empreendedor foi quase transformado numa espécie de
herói moderno. Existem várias outras referências à importância dos empreende-
dores no desenvolvimento econômico e social na literatura, pelo que a questão
parece não ser se o empreendedor é importante ou não no desenvolvimento eco-
nômico (isso assume o papel de axioma2 na atualidade), mas como apoiar o em-
preendedor e a atividade empreendedora.

Empreendedorismo
Apesar de serem tão antigos como a humanidade, pode-se afirmar que é
muito recente o interesse pelos empreendedores.
Empreendedorismo é um neologismo derivado da palavra empreendedor,
sendo utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil,
suas origens, seu sistema de atividades e seu universo de atuação3. Atualmente,
o empreendedorismo é visto como um ramo da administração de empresas e, no
Primeiro Mundo, as escolas de administração costumam ter um setor, grupo ou
área de pesquisa em empreendedorismo.
Segundo Harold Livesay (1982), pode-se afirmar que as origens dessa dis-
ciplina remontariam às primeiras descrições biográficas de magnatas no século
XIX, as quais serviriam como registros históricos de modelos a serem seguidos
pelas futuras gerações (principalmente nos Estados Unidos da América).
Segundo esse mesmo autor, como disciplina formal o empreendedorismo
surgiu no final da década de 1920, por meio das pesquisas iniciadas por Norman
Gras sobre a história dos negócios na Universidade de Harvard. Em 1947, a Harvard
Business School criou um curso sobre gerenciamento de pequenas empresas e, em
1953, Peter Drucker montou um curso sobre empreendedorismo e inovação na
Universidade de Nova York.
Segundo Dolabella (1999), outros eventos marcantes na história do empre-
endedorismo foram:
a criação do International Council for Small Business (1956);
a realização do primeiro congresso internacional sobre o tema (Toronto,
1973);
a criação, no Babson College, de um dos mais importantes congressos
acadêmicos em empreendedorismo, o Frontiers of Entrepreneurship
Research (1981).
Timmons (apud DOLABELA, 1999) chegou a afirmar que o empreende-
dorismo é “uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a
Revolução Industrial foi para o século XX”.
2 Verdade incontestável.

Um dado que mostra o crescimento do interesse pelo empreendedorismo é


3 Definição proposta por
Dolabela (1999). que nos Estados Unidos o número de cursos passou de dez, em 1967, para 1 064,
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em 1998. No Brasil, o primeiro curso na área surgiu em 1981, na Escola de Admi-


nistração de Empresas da Fundação Getulio Vargas, sendo que em 1984 o ensino
de empreendedorismo foi introduzido na Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Em 1992, a Universi-
dade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou a Escola de Novos Empreendedores
(ENE), que com o tempo veio a se tornar uma das referências em âmbito nacional,
apoiando a formação de centros congêneres em outras universidades do Brasil.
A pesquisa em empreendedorismo cresce no Brasil e no mundo, sendo que
os principais temas sempre são:
características comportamentais dos empreendedores;
empreendedorismo e pequenos negócios em países em desenvolvimento;
empreendedorismo em corporações e intraempreendedorismo;
políticas governamentais para a área;
mulheres, minorias, grupos étnicos e empreendedorismo;
educação empreendedora;
empreendedorismo e sociologia;
financiamento de pequenos negócios;
empresas de alta tecnologia;
biografia de empreendedores.

O que é um empreendedor?
Um exame da literatura disponível mostra que definir um empreendedor
ainda é um dos grandes problemas a ser resolvido pelo empreendedorismo como
disciplina acadêmica, pois ainda não se chegou a um consenso sobre isso. Calvin
Kent (1990) cita a comparação feita por Peter Kilby em 1971: a busca do empreen-
dedor seria igual à caça do Heffalump, um personagem do Ursinho Pooh.
Trata-se de um animal um tanto grande e importante. Ele tem sido caçado por muitos indiví-
duos utilizando-se de vários tipos de engenhocas e armadilhas, mas até agora ninguém teve
sucesso em capturá-lo. Todos que clamam tê-lo visto relatam que ele é enorme, mas todos
discordam das peculiaridades. [...] Assim é o empreendedor. Ninguém definiu exatamente
como um empreendedor é, contudo, as contribuições dos empreendedores para o bem-estar
da humanidade são ao mesmo tempo grandes e importantes. (KENT, 1990, p. 1)

Como exemplo dessa caçada ao Heffalump, Garcia (2001) reuniu 43 defini-


ções de empreendedor e empreendedorismo e Filion (2000) menciona ter reunido
mais de cem.
Apesar de não nos propormos a resolver aqui essa divergência conceitual,
faz-se necessário adotar uma definição de empreendedor para balizar as discus-
sões sobre o tema.
Nesse sentido, podemos começar pela origem da palavra empreendedor. Cun-
ningham e Lischeron (1991) apontam que ela seria derivada do francês entrependre:
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No início do século XVI, os empreendedores eram definidos como franceses que se


encarregavam de liderar expedições militares. O termo foi estendido por volta de 1700,
incluindo contratistas que se encarregavam de construções para os militares: estradas,
pontes, portos, fortificações e coisas pelo estilo. Na mesma época, economistas franceses
também usaram a palavra para descrever pessoas que corriam riscos e suportavam
incertezas a fim de realizar inovações. (CUNNINGHAM; LISCHERON, 1991, p. 50)

Em 1755, Richard Cantillon identificou o empreendedor como sendo quem


assume riscos no processo de comprar serviços ou componentes por um certo
preço com a intenção de revendê-los mais tarde por um preço incerto. Para ele,
havia uma relação entre capacidade inovadora e lucro: “Se o empreendedor lucrará
além do esperado, isso ocorrerá porque ele havia inovado: fizera algo de novo e
diferente” (CANTILLON apud FILION, 2000, p. 17).
No início do século XIX, Jean-Baptiste Say caracterizou o empreendedor
pelas funções4 de reunir diferentes fatores de produção e fazer a sua gestão, além
da capacidade para assumir riscos (SAY, 1986).
Livesay (1982) afirma que durante muito tempo o termo empreendedor foi
associado ao homem de negócios bem-sucedido, seu sucesso sendo prova sufi-
ciente de suas habilidades e ele sendo motivado pela prosperidade material, o
reconhecimento público e a estima. Segundo esse autor, as primeiras definições
traziam também, no seu bojo, uma estreita relação entre a propriedade do negócio
e o empreendedorismo.
Bruce (1976) propôs uma maior extensão para a palavra empreendedor, de
modo a incluir indivíduos envolvidos em organizações já existentes, ao descrever
um empreendedor como sendo qualquer pessoa cujas decisões determinam dire-
tamente o destino da empresa. Essa definição desvincularia o empreendedor da
propriedade do negócio.
Garcia (2004) associou o termo empreendedor a resultados. Para ele, as
“pessoas que se destacam em qualquer campo, por gerarem resultados e se des-
tacarem das demais merecem ser chamadas de empreendedoras”. Segundo esse
mesmo pesquisador, a área de negócios permite que as pessoas empreendedo-
ras encontrem um campo propício para testar suas habilidades, vencer desafios e
aprender com suas experiências, motivos pelos quais os empreendedores costu-
mam ser encontrados dirigindo empresas.
Como não pretendemos resolver o problema conceitual do que ou quem
seria um empreendedor, optamos por adotar o conceito de Garcia pelas seguin-
tes razões:
permite relacionar empreendedorismo a resultados;
não restringe o conceito apenas à propriedade de uma empresa, mas am-
4 Usa-se aqui o termo fun-
ção como “atribuição de plia à sua gestão ou à gestão de projetos de forma bem-sucedida, o que
uma pessoa dentro de sua
atividade profissional especí-
permite que o termo seja empregado tanto no modo de produção capita-
fica” (AURÉLIO). lista como no socialista.

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Tipos de empreendedores
Outra questão relacionada ao empreendedorismo é: mesmo se houvesse um
acordo geral sobre o que é um empreendedor, seriam todos eles iguais? Se for con-
siderado que os empreendedores são, acima de tudo, humanos, a resposta é não.
Palich e Bagby (1992) argumentaram que os empreendedores são tão diferentes
entre si como o são do resto da população. Apesar dessa diversidade, algumas
tentativas foram feitas para classificá-los a partir de certas características.
Vesper (1980), por exemplo, propôs uma classificação dos empreendedores
baseada nos diversos modos de operação, chegando a 11 tipos possíveis, listados
a seguir:
Autônomos – caracterizam-se por executar seus serviços pessoalmente,
baseando-se em alguma habilidade técnica ou comercial.
Formadores de equipes – contratam outras pessoas e delegam tarefas,
formando equipes, podendo também perceber vantagens por operarem,
expandindo seus negócios.
Inovadores independentes – são os criadores de novos produtos e criam
empresas para desenvolvê-los e fabricá-los.
Multiplicadores de padrão – criam ou reconhecem um padrão de ne-
gócio passível de ser multiplicado, seja por sistema de franquia, seja por
montagem de uma rede, visando obter lucro dessa multiplicação.
Exploradores de economia de escala – baseiam seus negócios em preços
menores obtidos em decorrência da economia de escala. Giro rápido,
diminuição do nível de serviços e localização em áreas mais baratas e/ou
com impostos menores.
Agregadores de capital – captam recursos de diversas fontes para ban-
car a operação de bancos, seguradoras ou fundos mútuos.
Aquisidores – empreendedores que preferem adquirir empresas já em
operação.
Especialistas de compra e venda – especialistas em comprar empresas
em dificuldades, saneá-las e depois revendê-las por melhor preço.
Formadores de conglomerados – são os que se dedicam a obter controle
acionário de uma empresa para, a partir dela, adquirir o controle de outras
empresas, mesmo em negócios distintos, gerando um conglomerado.
Especuladores – são aqueles que se dedicam, por exemplo, à área imo-
biliária ou à compra e revenda de commodities.
Manipuladores de valor aparente – nessa categoria, o empreendedor
se volta para a aquisição barata de alguns tipos de bens ou até mesmo
empresas, melhorando de alguma forma sua aparência ou índices finan-
ceiros para revendê-los com elevação no preço.

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Uma outra classificação que gostaríamos de citar é a proposta por Miner


(1996), o qual, baseado em um estudo em que foram aplicados 17 testes psicológicos
a um grupo de cem empreendedores, descreve quatro tipos de personalidade de
empreendedores bem-sucedidos.
Realizadores pessoais: possuem como características mais marcantes a
necessidade de realização, desejo de obter feedback, desejo de planejar e
estabelecer metas, forte iniciativa pessoal, forte comprometimento pes-
soal com a sua organização, crença de que uma pessoa faz diferença, e
crença de que o trabalho deve ser guiado por metas pessoais e não pelas
metas dos outros.
Verdadeiros gerentes: apresentam seis características:
desejo de ser um líder corporativo;
capacidade de decisão;
atitudes positivas para com as figuras de autoridade;
desejo de competir;
desejo de poder;
desejo de se destacar da multidão.
Empáticos supervendedores: têm como características mais marcantes:
a capacidade de entender e sentir como o outro (empatia);
o desejo de ajudar os outros;
a crença de que os processos sociais são muito importantes;
a necessidade de ter forte relacionamento positivo com outros;
a crença de que a força de vendas é crucial para executar a estratégia
da empresa.
Especialistas geradores de ideias: caracterizam-se por ter:
o desejo de inovar;
o amor às ideias;
a crença de que o desenvolvimento de um novo produto é crucial para
atingir a estratégia da empresa;
um bom nível de inteligência;
o desejo de evitar riscos.

Escolas do empreendedorismo
Dada a sua estreita relação com o desenvolvimento econômico, as teorias
que explicam o surgimento dos empreendedores muitas vezes se confundem com
as teorias do desenvolvimento econômico. De forma sintética, podemos agrupar
as teorias ou escolas do empreendedorismo em quatro grandes correntes.
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Escola biológica
Esta escola propõe uma relação entre fatores ambientais ou uma predispo-
sição genética por parte de certos indivíduos para os negócios como fatores que
explicariam o desenvolvimento econômico. Podemos destacar dois pensadores
nesta escola: Amintore Fanfani e Ellsworth Hutington.
Fanfani (1935), professor de economia e político italiano, refutou as teses so-
ciológicas de que o protestantismo teria alguma relação com o surgimento do capi-
talismo. Ele argumentou que o catolicismo inventou o capitalismo moderno muito
antes do surgimento do protestantismo. Contudo, confrontado com a realidade de
que os países protestantes em sua época (como Alemanha, Inglaterra e Estados
Unidos da América, por exemplo) eram muito mais desenvolvidos, afirmou que o
formato da cabeça de seus habitantes deveria ser o fator diferencial: pessoas com
o crânio mais alongado seriam melhores empresários que os demais.
Apesar de a teoria ser considerada absurda, dado que nenhum estudo com-
provou uma relação entre raça e vocação para os negócios, deve-se compreender
que Fanfani fez isso em uma época em que pipocavam estudos sobre a possibili-
dade de se aplicar conhecimentos de seleção genética e aprimoramento de plantas
e animais aos seres humanos, o que ficou conhecido como eugenia5.
Hutington (1915), por sua vez, estudou a relação entre o clima e o surgimento
das grandes civilizações. Ele assinalou que nenhuma das grandes civilizações, pelo
menos como a expressão é entendida hoje, floresceu nos trópicos ou no extremo
norte. Ele argumentou que o clima mais “estimulante” para o homem estaria em
regiões onde a variação da temperatura média no inverno e no verão estaria entre
5º e 15º C, com chuvas moderadas. Mudanças no clima explicariam o apogeu e o
declínio das civilizações no passado.
Apesar de o clima impor certos limites ao desenvolvimento de uma grande
civilização, a teoria de Huntington não explicou por que o crescimento econômico
ocorre mais rapidamente em algumas regiões do que em outras dentro do “cinturão
climático” proposto por ele. Assim, sua teoria trouxe algumas considerações inte-
ressantes, mas deixou lacunas importantes que não permitiram relacionar de forma
convincente o clima como o principal fator no desenvolvimento econômico.

Escola sociológica
Esta linha de pesquisa do empreendedorismo trata de encontrar uma cone-
xão entre o desenvolvimento econômico, o surgimento de empreendedores e a so-
ciedade. Podemos destacar como precursores desta corrente dois pesquisadores:
Max Weber e Arnold Joseph Toynbee.
Weber, estudando o surgimento do capitalismo, afirmou que para conhecer
corretamente a causa ou as causas do seu início era necessário fazer um estudo
comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que 5 Ciência que tem por ob-
jeto o estudo dos fatores
que, sob o controle social,
o capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as outras civilizações, princi- possam melhorar ou prejudi-
car, física e mentalmente, as
palmente as do Oriente, onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha qualidades raciais das gera-
ções futuras. (AURÉLIO)
aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido, Weber foi conduzido à
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tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na íntima vinculação
do capitalismo com o protestantismo, tendo afirmado que:
Qualquer observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista
traz à luz, com notável frequência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões
na imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os lí-
deres do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais altos de
mão de obra qualificada, principalmente o pessoal técnica e comercialmente especializado
das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes. (WEBER, 2004, p. 320)

A partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses referentes a


fatores que poderiam explicar o fato. Analisando detidamente esses fatores, Weber
elimina-os, um a um, mediante exemplos históricos, e chega à conclusão final
de que os protestantes, tanto como classe dirigente quanto como classe dirigida,
seja como maioria, seja como minoria, sempre teriam demonstrado tendência
específica para o racionalismo econômico. A razão desse fato deveria, portanto,
ser buscada no caráter intrínseco e permanente de suas crenças religiosas e não
apenas em suas temporárias situações externas na história e na política.
No contexto do empreendedorismo, a teoria de Weber peca pelo fato de
que se restringe a um modo de produção (capitalista), não trazendo uma explica-
ção que permitisse compreender a expansão econômica de civilizações em outras
épocas e outros modos de produção. Como destacou Shapero, a tese da ética pro-
testante de Weber pode explicar o desenvolvimento econômico da comunidade
do Atlântico Norte, “mas contribui muito pouco para explicar eventos em outras
culturas” (SHAPERO, 1982, p. 75).
Toynbee (1947) propôs que “mudanças no ambiente” seriam as responsá-
veis pelo surgimento das grandes civilizações. Da forma como ele usou o termo
ambiente não se referia apenas a questões geográficas ou climáticas, mas também
a condições sociais que produziriam certos “estímulos”. A descoberta de novas
terras a serem ocupadas, ameaças de invasão por parte de outros grupos humanos,
deslocamentos forçados (de refugiados) e discriminação de grupos minoritários
seriam alguns exemplos de “estímulo”.
Estudos posteriores – Hagen (1962), Yamamura (1978) e Fleming (1979) – re-
forçaram o fato de que há uma relação entre valores sociais, família, grupos étnicos
(no sentido cultural, não genético) e fatores situacionais (como emigração forçada,
por exemplo) na formação dos empreendedores, pelo que a escola sociológica con-
tinua sendo uma linha de pesquisa dentro do empreendedorismo na atualidade.

Escola econômica
Desde a perspectiva da economia, os empreendedores são um elemento-
-chave para o investimento, a inovação e a expansão da capacidade produtiva.
Apesar de os empreendedores terem sido citados pelos primeiros economistas no
século XVIII, sua verdadeira importância só foi reconhecida no século XX, por
Joseph Schumpeter.
Schumpeter (1982) não usa especificamente o termo empreendedor, mas em-
presário, o qual aparece como um dos três fatores do desenvolvimento econômico,

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junto com a “nova combinação dos meios de produção” e o crédito. Esse autor
diferencia os empresários dos capitalistas, afirmando que os primeiros são res-
ponsáveis pelas novas combinações produtivas, enquanto os segundos são “pro-
prietários de dinheiro, de direitos ao dinheiro, ou de bens materiais”.
Baumol (1968) afirmou que “uma parcela substancial daqueles que dese-
nham planos para estimular o desenvolvimento tem sido devotada à provisão de
meios através dos quais os empreendedores possam ser encorajados e treinados”.
No campo da economia, diversos estudos relacionam a falta de empreendedores
ao declínio da economia ou às barreiras que impedem o desenvolvimento.
Apesar dessa importância, os modelos econômicos clássicos deram pouca
importância aos empreendedores. Kent (1982) apontou a dificuldade da teoria
econômica para explicar adequadamente o processo pelo qual os empreendedores
participam do desenvolvimento econômico, enquanto Baumol (1968) vai mais
além ao afirmar que “o comportamento errático dos empreendedores não cabe
nos modelos econômicos clássicos. A empresa teoria é sem empreendedor”.

Escola psicológica
Os estudos no campo da psicologia sobre os empreendedores vêm, na rea-
lidade, complementar o conhecimento produzido pelas escolas citadas anterior-
mente. Na tentativa de entender as razões que levam uma pessoa a empreender,
vários pesquisadores procuraram respostas na personalidade6 do empreendedor.
Segundo Brockhaus (1982), Arthur Cole teria sido o precursor dessa aborda-
gem ao propor, em 1942, a necessidade de serem estudadas as forças motivacio-
nais e as demais características da personalidade dos empreendedores. Em 1948,
foi estabelecido o Centro de História do Empreendedorismo na Universidade de
Harvard, cujos estudos foram conduzidos inicialmente por David McClelland,
reconhecido atualmente como um dos grandes pensadores da escola psicológica
do empreendedorismo.
McClelland partiu da teoria de Murray sobre as necessidades humanas e
encontrou na história a razão para a existência de grandes civilizações. Concluiu
que um povo estimulado por uma série de fatores (entre eles os valores culturais)
desenvolveria uma alta necessidade de realização pessoal e que o desenvolvimento
econômico teria uma relação direta com a quantidade de indivíduos com alta
motivação por realização em um determinado grupo humano e/ou momento na
história (MCCLELLAND, 1970).
Os estudos de McClelland levaram uma série de pesquisadores a tentar des-
cobrir qual seria a “personalidade empreendedora”, suas características (perfil) e
como desenvolver instrumentos para selecionar indivíduos com alto potencial de 6 Personalidade: caráter
essencial e exclusivo de
sucesso nos negócios. Vários estudos foram feitos sobre as características psicoló- uma pessoa, aquilo que a dis-
tingue de outra. Conjunto de
gicas dos empreendedores, tratando de diferenciá-los do resto da população. carac­terísticas psico­lógicas
relativamente estáveis que
Lachman (1980), por exemplo, afirma que os empreendedores podem ser influenciam a maneira pe­la
qual o indivíduo inte­ra­­ge com
diferenciados dos não empreendedores por características de personalidade, mas o meio ambiente. (Enciclopé-
dia KOO­GAN-HOUAISS,
assume por outro lado que: 2005)

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[...] as pessoas que possuem as mesmas características que os empreendedores, terão uma
alta tendência (ou potencial) de desenvolver ações empreendedoras, mais que as pessoas
que não possuem tais características.

Assim, a questão no campo da psicologia não é identificar uma “personalidade


empreendedora”, mas relacionar determinados aspectos da personalidade humana
ao estilo de condução dos negócios. Sobre isso, parece-nos muito oportuno o
comentário de Fernando Dolabela (1999, p. 49):
Mesmo sem produzir um corpo de pensamento coeso as pesquisas [no campo da psicolo-
gia] têm sido de grande auxílio no ensino de empreendedorismo. Se ainda não podemos
predizer o sucesso de uma pessoa, é possível no entanto apresentar-lhe as características
mais comumente encontradas nos empreendedores de sucesso, para que possa desenvol-
vê-las e incorporá-las ao seu próprio repertório vivencial.

Considerando que a proposta dessa disciplina é discutir o perfil dos em-


preendedores e principalmente levar os alunos a uma reflexão sobre como de-
sempenham (ou poderão desempenhar) o papel de empreendedores, vamos nos
concentrar na escola psicológica, focando os aspectos da personalidade humana
que interferem na condução dos negócios e nos comportamentos relacionados ao
sucesso empresarial.

Conceitos de empreendedor
(GARCIA, 2001)

A. Definições
1. Dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio
Empreendedor: (ô) Adj. 1. Que empreende; ativo, arrojado, cometedor.l S.m. 2. Aquele que
empreende; cometedor.
2. Grande Dicionário Enciclopédico Larousse
Chefe de uma empresa.
Chefe de uma empresa especializada na construção, nos trabalhos públicos, nos trabalhos de
habitação.
Pessoa que, perante contrato de uma empresa, recebe remuneração para executar determinado
trabalho ou aufere lucros de uma outra pessoa, chamada de mestre de obras.
A ideia de um empreendedor é associada inicialmente à ideia de criação de um negócio por
meio de capitais pessoais. Empreendedor é a pessoa que levanta o capital. A gestão de um negócio
criado requer também qualidades de empreendedor.
3. Nova Larousse Clássica
Aquela pessoa que efetua uma obra, para um cliente, sem se subordinar a ele. Chefe de uma
empresa artesanal ou industrial.
4. Reuters
Alguém que provê fundos para uma empresa e, assim, assume os riscos.
5. Dicionário Webster
Pessoa que organiza e gere um negócio, assumindo o risco em favor do lucro.

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Empreendedorismo

6. Dicionário de Ciências Sociais


“O termo empreendedor denota a pessoa que exercita total ou parcialmente as funções de:
a) iniciar, coordenar, controlar e instituir maiores mudanças no negócio da empresa, e/ou
b) assumir os riscos, nessa operação, que decorrem da natureza dinâmica da sociedade e
do conhecimento imperfeito do futuro e que não pode ser convertido em certos custos
através de transferência, cálculo ou eliminação.”

B. Pensadores
7. Aitken
“As características convencionalmente associadas com empreendedorismo – liderança, ino-
vação, risco etc. – estão associadas ao conceito, precisamente porque, em uma cultura altamente
comercializada como a nossa, elas são características essenciais da efetiva organização dos ne-
gócios. Pela mesma lógica, em uma cultura diferentemente orientada, as características típicas de
um empreendimento diferem.”
“[…] contudo, por definição, empreendedorismo sempre envolve, explícita ou implicitamente
a ideia de inovação”.
8. Baumol
O empreendedor (queira ou não de fato, também exerce a função de gerente) tem uma função
diferente. É seu trabalho localizar novas ideias e colocá-las em prática. Ele deve liderar, talvez
ainda inspirar; ele não pode deixar que as coisas se tornem rotineiras e, para ele, a prática de hoje
jamais será suficientemente boa para amanhã. Em resumo, ele é inovador e algo mais. Ele é o indi-
víduo que exercita o que na literatura de administração é chamado de liderança. E é ele quem está
virtualmente ausente. Ou seja: mesmo não estando, ele é percebido como se estivesse.
9. Carland
“Empreendedor: um empreendedor é um indivíduo que estabelece e gera um negócio com a
principal intenção de lucro e crescimento. O empreendedor é caracterizado, principalmente, pelo
comportamento inovativo e empregará práticas estratégicas de gerenciamento do negócio.”
10. Drucker
“O trabalho específico do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios
de hoje, capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente.”
“Empreendedorismo não é ciência, nem arte. É uma prática.”
“A gerência do empreendedor (empresarial) dentro da nova abordagem possui quatro requisitos.
Requer, primeiro, uma visão para o mercado.
Requer, segundo, provisão financeira, e, particularmente, um planejamento, fluxo de caixa e
necessidade de capital para o futuro.
Requer, terceiro, construir um alto time de gerência bem antes que o novo empreendimento
necessite dele e bem antes que realmente possa ter condições de pagá-lo.
E, finalmente, requer do empreendedor fundador uma decisão com relação ao seu próprio
papel, área de atuação, e relações.”
11. Filion
“Um empreendedor é uma pessoa imaginativa, caracterizada por uma capacidade de fixar
alvos e objetivos.
Esta pessoa manifesta-se pela perspicácia, ou seja, pela sua capacidade de perceber e detectar
oportunidades. Também, por longo período, ele continua a atingir oportunidades, potenciais, e

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Empreendedorismo

continua a tomar decisões relativamente moderadas, tendo em vista modificá-las; esta pessoa
continua a desempenhar um papel empresarial.”
12. Jasse
“Pode-se definir mais simplesmente empreendedorismo como a apropriação e a gestão dos
recursos humanos e materiais dentro de uma visão de criar, de desenvolver e de implantar resolu-
ções permanentes, de atender às necessidades dos indivíduos.”
“O espírito empresarial se traduz por uma vontade constante de tomar as iniciativas e de or-
ganizar os recursos disponíveis para alcançar resultados concretos.”
13. Hornaday e Bunker
“Comparados aos homens em geral os empreendedores estão significativamente, em maior
escala, refletindo necessidades de realização, independência e eficiência de sua liderança, e estão,
em menor escala, refletindo ênfases nas necessidades de manutenção.”
14. Julien
O empreendedor é aquele que não perde a capacidade de imaginar, tem uma grande con-
fiança em si mesmo, é entusiasta, tenaz, ama resolver problemas, ama dirigir, combate a
rotina, evita constrangimento.
É aquele que cria uma informação interessante ou não do ponto de vista econômico
(inovando com relação ao produto, território, ao processo de produção, ao mercado…)
ou aquele que antecipa sobre essa informação (antes dos outros ou diferentemente dos
outros).
É aquele que reúne e sabe coordenar os recursos econômicos para aplicar, de modo prá-
tico e eficaz sobre um mercado, a informação que ele conhece a fundo.
Ele o faz, primeiro, em função das vantagens pessoais, tais como prestígio, ambição,
independência, o jogo, o poder sobre si e sobre a situação econômica e, em seguida, o
lucro etc.”
15. Lance
“Empreendedorismo […] Uma pessoa que congrega risco, inovação, liderança, vocação artís-
tica, habilidade e perícia profissional em uma fundação sobre a qual se constrói um time motivado.
Esse grupo de seres humanos, às vezes sem se conhecerem previamente, desenvolvem uma nova
empresa.”
16. Lynn
“O empreendedor é também alguém criativo no sentido de que tenha de criar um novo pro-
duto ou serviço na imaginação e, então, deve ter energia e autodisciplina de transformar a nova
ideia em realidade.”
17. Palmer
“[…] tomar decisões sob diversos graus de incerteza vem a ser uma característica fundamental
do empreendedorismo.”
18. Say
“Um empreendedor […] Para ter sucesso, ele deve ter capacidade para julgar, perseverança e
um conhecimento do mundo tanto quanto do negócio. Ele deve possuir a arte de superintendência
e administração.”

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Empreendedorismo

19. Shapiro
“Em quase todas as definições de empreendedorismo há um consenso de que nós estamos
falando de um tipo de comportamento que inclui:
1. tomada de iniciativa;
2. a organização ou a reorganização de mecanismos socioeconômicos para transformar re-
cursos e situações em contas práticas;
3. a aceitação do risco e fracasso. O principal recurso utilizado pelo empreendedor é ele mesmo.”

C. Visão de comportamento
20. Industry Week
Um grupo mais específico de características do empreendedor consta em um artigo da
Industry Week, revista americana do segmento da indústria, na edição de maio de 1977. As 11
características listadas são:
boa saúde física;
habilidades conceituais superiores;
pensamento amplo de um generalista;
alta dose de autoconfiança;
forte esforço;
necessidade básica de controlar e dirigir;
moderação em assumir riscos;
muito realista;
habilidades interpessoais moderadas;
suficiente estabilidade emocional;
baixa necessidade de status.
21. Sem autor
“Há espaço ainda para considerável variedade de tipos de empreendedores, incluindo os
seguintes:
indivíduo que trabalha por conta própria (somente);
formador de time;
inovadores independentes;
multiplicadores de modelos;
exploradores de economia de escala;
agregadores de capital;
artistas de compra e venda;
conglomerados;
aparentes manipuladores de valores.”

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Empreendedorismo

1. Usando o texto complementar, liste as principais características de um empreendedor que você


identificou nas definições e elabore a sua definição de empreendedor.

2. Discuta em grupo o papel que os empreendedores têm desempenhado na sua comunidade.

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Empreendedorismo

3. Discuta em grupo de que maneira empreendedores na área da educação podem contribuir para
a melhoria da situação socioeconômica do país.

DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar


conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.
Nesse livro o autor trata do tema do empreendedorismo no Brasil e apresenta uma proposta de
método de ensino do empreendedorismo nas universidades. Livro bastante útil para aqueles que pre-
tendem introduzir ou ministrar disciplinas de empreendedorismo nas suas escolas.
FILION, Louis Jacques. O empreendedorismo como tema de estudos superiores. In: DOLABELA,
Fernando et al. Empreendedorismo, Ciência, Técnica e Arte. Brasília: CNI/IEL Nacional, 2000.
Livro de fácil leitura e que faz uma cobertura objetiva, mas completa, do tema empreendedo-
rismo.
MCCLELLAND, David C.; WINTER, David G. Cómo se Motiva el Éxito Económico. Ciudad de
México: Centro Regional de Ayuda Técnica de la Agencia para el Desarrollo Internacional, 1970.
Infelizmente, só há uma obra de David McClelland publicada em português (Sociedade Compe-
titiva). Por isso, recomendo a leitura desse livro em espanhol (para aqueles que só falam português, é
possível entender o conteúdo), no qual é apresentada a teoria do autor sobre a relação entre motivação
por realização e desenvolvimento econômico.

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Empreendedorismo

BAUMOL, William J. Entrepreneurship in Economic Theory. American Economic Review, Pitts-


burgh, v. LVIII, n. 2, p. 64-71, 1968.
BROCKHAUS, Robert H. The psychology of the entrepreneur. In: KENT, Calvin A. et al. Encyclo-
paedia of Entrepreneurship. Englewood Cliffs: Prentice-Hall Inc., 1982. p. 39-66.
BRUCE, Richard. The Entrepreneurs: strategies, motivation, successes and failures. Bedford: Libe-
ration Books, 1976.
CUNNINGHAM, J. Barton; LISCHERON, Joe. Defining entrepreneurship. Journal of Small Busi-
ness Management, v. 29, n. 1, p. 45-61, jan. 1991.
DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor: A metodologia de ensino que ajuda a transfor-
mar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.
ENCICLOPÉDIA e Dicionário Koogan Houaiss Digital 2002. São Paulo: Delta, 2002.
FANFANI, Amintore. Catholicism, Protestantism and Capitalism. Nova York: Sheed and Ward,
1935.
FILION. Louis Jacques. O empreendedorismo como tema de estudos superiores. In: DOLABELA,
Fernando et al. Empreendedorismo, Ciência, Técnica e Arte. Brasília: CNI/IEL, Nacional 1999.
FLEMING, W. J. The cultural determinants of entrepreneurship and economic development: a case
study of Mendoza Province, 1861-1914. Journal of Economic History, XXXIX, n. 1, mar. 1979.
GARCIA, Luiz Fernando. Saber Empreender: manual do facilitador. Brasília: Sebrae, 2000.
______. Saber Empreender: manual do participante. Brasília: Sebrae Nacional, 2001.
______. Pessoas de Resultado: o perfil de quem se destaca sempre. São Paulo: Gente, 2003.
______. Pessoas de Resultado. Palestra proferida na aula magna do curso de Administração de
Empresas da Unisul Business School, Florianópolis, 2004.
HAGEN, Everett Einar. On the Theory of Social Change: how economic growth begins. Homewood:
Dorsey Press, 1962.
HORNADAY, John A. Research about living entrepreneurs. In: KENT, Calvin A. et al. Encyclopedia
of Entrepreneurship. Englewood Cliffs: Prentice-Hall Inc., 1982. p. 20-36.
HUTINGTON, Ellsworth. Civilization and Climate. New Haven: Yale University Press, 1915.
KILBY, Peter. Entrepreneurship and Eeconomic Development. Nova York: The Free Press, 1971.
KENT, Calvin. A. et al. Encyclopaedia of Entrepreneurship. Englewood Cliffs: Prentice-Hall Inc.,
1982.
______. Entrepreneurship Education: current developments, future directions. Nova York: Quorum
Books, 1990.
LACHMAN, Roy. Toward measurement of entrepreneurial tendencies. Management International
Review, 20 (2), p. 108-116, 1980.

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