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Semana 1
Introdução ao empreendedorismo. Competências
empreendedoras.
Objetivos da Semana
Material Didático
Videoaula(s) da Semana
● Aula 1: https://youtu.be/NJROhk4lUC4
● Aula 2: https://youtu.be/kOGM96KEIbw
Saiba Mais
- Teste perfil empreendedor de Dornelas
Bibliografia da semana
CONTEÚDO:
1. Introdução ao Empreendedorismo
Você já deve ter ouvido falar na palavra “empreendedorismo”, certo? Nesta aula vamos iniciar
falando um pouquinho sobre o que é esse empreendedorismo que a gente ouve falar, que está
tão presente no nosso dia a dia e qual a sua importância. Para começar a falar sobre o que é
empreendedorismo, eu queria propor que você olhasse a imagem abaixo. Se possível, pare um
pouco, perceba os detalhes com calma.
Essa é a nossa ilha deserta e essa ilha se chama Zona de Conforto. E nessa zona de conforto
mora um peixinho dentro de um aquário pequenininho e ele diz pra gente assim: “é meio
limitado, mas eu gosto de segurança”. Esse peixinho, pode dizer muita coisa pra nós no
contexto do empreendedorismo.
Podemos considerar que esse peixinho aí dentro do aquário tem um universo maior de
possibilidades para desbravar e que, por receio e por uma necessidade de segurança, acaba se
privando de acessar as possibilidades. Comparativamente, temos vários exemplos de pessoas
falando assim: “esse não é o emprego dos meus sonhos; não é a área que eu gosto; eu não
estou muito feliz no que eu faço; eu não estou onde eu gostaria... mas acho que eu vou
continuar aqui porque vai que dá tudo errado, vai que eu não consigo alcançar meus sonhos, vai
que eu perco meu investimento...Eu prefiro a segurança.”
Esse peixinho pode representar a pessoa que está com medo de se arriscar, de se lançar, de
entrar no “mar do empreendedorismo”. E sim, é um mar que tem os seus “tubarões” e desafios
também. Mas e esse peixinho dentro de um aquário tão apertadinho, frente a um “marzão" a
desbravar, seria a única escolha possível?
Logo, podemos dizer que risco é inerente ao processo empreendedor. Por outro lado,
quando a gente estuda o empreendedorismo, conhece as ferramentas da administração, a
gente torna este risco calculado. O estudo do empreendedorismo é para nos ajudar a mensurar
o risco e mantê-lo sob o nosso controle. É aí que está a grande diferença em relação ao
empreendedor que se prepara para “entrar no mar” daquele empreendedor que “pula de cabeça”
para “ver no que vai dar”. Então a gente já começa aqui com uma distinção importante entre o
que chamamos de empreendedorismo de necessidade e o empreendedorismo de
oportunidade. Vamos aprender mais sobre isso!
O empreendedor de necessidade, como o próprio nome sugere, é aquele que entra no meio
empreendedor quase que por uma falta de opção. Muitas vezes a pessoa, por exemplo, ao
perder o trabalho, não consegue se recolocar, mas precisa sobreviver e, com isso, começa a
fazer algo que já sabia ou que tinha alguma familiaridade para obter algum dinheiro para seu
sustento. Notem que neste caso, a decisão de empreender não é precedida de planejamento.
Às vezes a pessoa não sonhou ou planejou ser empreendedora, ou mesmo nem queria ter um
negócio. Aconteceu, dado que essa pessoa ainda não tinha encontrado outra oportunidade ou
outro meio de se manter.
Ainda neste contexto, é comum vermos pesquisas que falam que o Brasil é um dos países
mais inovadores do mundo. Mas, quando analisamos os dados a fundo, percebemos uma série
de dificuldades. Por exemplo, nós estamos entre os piores países em alguns indicadores, como
qualidade do capital humano, inovação de produto e processo e internacionalização. Por isso é
muito importante buscarmos mudar essa realidade. Queremos formar pessoas preparadas
para empreender e construir negócios duradouros, que gerem inovações e impacto em nível
local, regional, nacional e até mesmo mundial. Por isso, o ensino do empreendedorismo é tão
importante, para que as pessoas estejam preparadas para aproveitar oportunidades e para
desenvolver cada vez mais os seus negócios.
Ainda tem um caminho longo a percorrer, mas o lado positivo é que o empreendedorismo é
muito recente aqui no nosso país, ganhando relevância somente a partir do final da década de
90. Foi em 1999 que surgiu o Programa Brasil Empreendedor, que buscava justamente fomentar
o empreendedorismo no nosso país, com o viés da capacitação, ou seja, buscando ensinar as
pessoas a empreender. E aí começaram a surgir uma série de movimentos, de propostas, entre
elas entidades de apoio, como o Sebrae, que realiza um trabalho muito importante até hoje,
sendo um dos principais parceiros dos pequenos negócios.
3. A importância do Empreendedorismo
Além disso, ele tende a melhorar a nossa qualidade de vida, através de produtos e serviços que
são criados ou melhorados pelas empresas. A cada inovação, a gente começa a ter acesso a
Neste contexto, também vale a pena mencionar a importância das pequenas e médias
empresas para o nosso país. São elas as responsáveis pela maior parte da população e
também por uma parcela significativa do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, elas
tendem a não sufocar as necessidades materiais locais, já que esses negócios atuam em
estruturas mais enxutas, se comparadas com as multi ou transnacionais (que, em alguns
casos, extraem recursos materiais daqui, mas levam a maior parte do lucro ou da riqueza
gerada para o seu país de origem). E, ainda, quando falamos em micro e pequenas empresas,
falamos de pessoas que normalmente nasceram ou residem onde a empresa está instalada,
gerando emprego, renda e contribuindo para o desenvolvimento local e regional.
1. Tipos de Empreendedores
Quando pensamos na figura do(a) empreendedor(a), é muito comum a gente associar com a
imagem daquela pessoa que montou uma empresa, teve sucesso e ficou conhecida na
Nós ainda temos um outro tipo de empreendedor, que é o empreendedor social. Um exemplo
deste tipo de empreendedor é Mohammed Yunus. Ele foi, inclusive, vencedor do Prêmio Nobel
da Paz em 2006, sendo conhecido como o pai do microcrédito dos negócios sociais. O
Mohamed criou uma espécie de “banco popular”, sendo um dos primeiros a criar instituição
financeira com condições que fossem acessíveis para uma parcela mais carente da população,
cujos bancos tradicionais parecem inacessíveis pelas condições e pelas exigências feitas. Por
meio desse trabalho, Yunus popularizou e foi um dos precursores do conceito de banco social.
Neste sentido, o(a) empreendedor(a) social é aquela pessoa que vai reunir recursos e estrutura
para promover uma mudança em benefício da sociedade. O principal objetivo dessa pessoa não
é o lucro, embora a empresa possa ter lucro. O(a) empreendedor(a) social está preocupado em
gerar uma mudança na sociedade, no seu entorno, a exemplo de pessoas que fundam
organizações sem fins lucrativos, entre outras associações, com o objetivo fundamental de
ajudar a sua comunidade ou categoria.
A gente tem ainda o(a) empreendedor(a) interno ou corporativo. Esse é um tipo menos
conhecido de empreendedor, porém de extrema importância para as organizações. O
intraempreendedor é aquele(a) que vai promover mudanças, que vai inovar, dentro de uma
organização já existente, que não é a empresa dele. É isso mesmo! Dá para ser empreendedor
trabalhando na empresa de outra pessoa! E essa é a ideia do intraempreendedorismo, em que
podemos citar como exemplo Frederick Taylor. Ele era um engenheiro que trabalhava em
fábricas na época da Revolução Industrial e que foi responsável, entre outras coisas, por
estudar os tempos e movimentos dos funcionários das fábricas, com o objetivo de reduzir o
tempo e o esforço de trabalho e, com isso, reduzir custos também. Ou seja, embora fosse
colaborador da empresa, Taylor trabalhava para promover melhorias dentro do seu ambiente de
trabalho. O intraempreendedor é essa figura, a pessoa que gosta de ser proativa, de agir dentro
da empresa para criar um ambiente cada vez melhor; que gosta de dar sugestões e, mais do
que isso, “coloca a mão na massa” para fazer a diferença na empresa. Esse é um perfil muito
desejado e que costuma ganhar bastante destaque nas organizações.
Aqui vale dizer que o intraempreendedor não é o “palpiteiro” e nem o “reclamão”, viu?! Aquela
pessoa que só sabe falar “ah, mas isso está ruim, isso não funciona, isso podia melhorar...” não
é intraempreendedora. Lembre-se que o empreendedor analisa a situação, percebe a
oportunidade de fazer algo novo, assume o risco e... faz! Ou seja, o que eu posso fazer para
transformar o meu ambiente de trabalho para promover essas melhorias? Esse é o
intraempreendedor, um agente de mudança no seu espaço de trabalho.
E aí, gostou de conhecer os tipos de empreendedores? Se identificou com algum deles? Agora
vamos falar um pouquinho sobre o perfil e as características dos empreendedores. Vamos lá?!
2. Competências Empreendedoras
Inicialmente, eu quero convidar você para preencher um “teste do seu perfil empreendedor”.
Esse teste está disponível no material complementar e lá você consegue identificar qual seria o
seu perfil, segundo modelo elaborado pelo professor José Dornelas.
Ao longo do tempo, diversos estudiosos se debruçaram para tentar entender quais seriam as
características comuns aos empreendedores de sucesso. Bom, nenhum deles conseguiu achar
uma “receita única”, mas existiram alguns traços comuns, algumas características que se
repetiram e é sobre elas que vamos comentar agora.
Uma outra característica muito importante que diferencia os empreendedores das pessoas que
não são empreendedoras é a iniciativa. É aquela capacidade de tirar o planejamento do papel.
Tem gente que tem a visão, faz o planejamento, mas chega na hora de colocar em prática, trava.
O(a) empreendedor(a) tem essa iniciativa de correr o risco, de se lançar naquela ideia e fazer
ela acontecer.
Chegamos então na determinação, importante para que essa ideia que saiu do papel possa
vingar, apesar de todas as dificuldades. Se engana quem pensa que o caminho empreendedor é
linear, que as portas vão se abrindo automaticamente. Via de regra, é um caminho marcado por
obstáculos e aí a determinação é importante para que o empreendedor mantenha sua crença
naquela ideia, na sua empresa e possa seguir em frente, apesar das dificuldades.
Soma-se à determinação o empenho, aquele esforço para “fazer dar certo”. O(a)
empreendedor(a) é, geralmente, o primeiro a chegar na empresa, o último a sair e, quando sai,
às vezes ainda está com várias coisas da empresa na cabeça, tentando resolver ou imaginar
uma solução. É aquele(a) também vai “colher os frutos”, a alegria da realização daquele sonho.
Mas, para isso, é muito importante ter disposição para se dedicar e se doar para a empresa.
Existe uma expressão popular que diz que “é o olho do dono que engorda o gado”. Podemos
relacionar esta expressão com a necessidade da presença, ou da atenção, dedicação e
empenho do(a) empreendedor(a), especialmente no início do negócio (mas não apenas), para
que a empresa possa crescer, amadurecer e se desenvolver. Fazer com que os processos
aprimorem e se consolidem e aí a empresa possa se estabelecer efetivamente no mercado.
Os negócios de sucesso têm, ainda, um ingrediente chamado paixão por aquilo que se faz.
Pode soar clichê, mas faz toda a diferença. O empreendedor vai trabalhar muito, vai ter que se
dedicar, vai ter que superar uma série de obstáculos e fazer isso para algo que você gosta é
muito menos pesado e difícil do que fazer para uma coisa que não te gera atenção, interesse e
carinho. Quando a gente vai montar um negócio, é importante pensar em fazer aquilo que se
gosta, para que se leve para as outras pessoas a paixão que vem, primeiramente, do(a)
empreendedor(a).
Não podemos deixar de falar, ainda, do risco. O empreendedor está disposto a assumir riscos,
pois, conforme já aprendemos, o risco é inerente ao processo empreendedor. Mas, é sempre
importante frisar, os empreendedores devem assumir riscos calculados. Ou seja, planejar e
organizar para que cada passo seja bem ponderado, avaliando as possíveis consequências e
resultados das ações. Em outras palavras, encarar os desafios “com o pé no chão” é uma das
características identificadas nos empreendedores de sucesso.
E aí a gente chega em uma pergunta que deve aguçar a curiosidade de muita gente: os
empreendedores de sucesso são aquelas pessoas que ficam ricas? Para responder a essa
pergunta, eu gosto de usar a metáfora do plantio. Isto porque “ficar rico”, no olhar dos
empreendedores pesquisados, vem como uma consequência do trabalho. Ou seja, entender que
não adianta esperar a “colheita”, se não houver a preparação do solo, a semeadura, germinação,
passando por todo desenvolvimento, floração, crescimento e desenvolvimento. Quando a gente
analisa o perfil dos empreendedores de sucesso, é comum a eles o carinho com o negócio, o
desejo de fazer algo para melhorar ou trazer algo novo para a vida das pessoas. E, a partir
desse carinho e empenho em fazer o melhor, o dinheiro vem por consequência. Não se trata
aqui de dizer que o dinheiro não seja importante, pois ele é, inclusive para a sobrevivência do
negócio. Mas, a atenção que se deve ter é para não pensar única e exclusivamente em “fazer
para ficar rico(a)”. Geralmente, no início os negócios demandam (atenção, esforço,
investimento) mais do que retornam financeiramente; e o(a) empreendedor(a) precisa estar
ciente e preparado(a) para passar por este processo.
Por fim, mas não menos importante, o empreendedor deve saber valorizar as pessoas. Na área
de administração, de forma geral, temos que reconhecer que as empresas são formadas por
pessoas para atender pessoas. Ninguém é autossuficiente, ninguém sabe tudo; precisamos uns
dos outros. E é muito importante para o(a) empreendedor(a) saber reconhecer e valorizar quem
Muito se fala hoje em dia em empatia, que é a capacidade da gente conseguir se colocar no
lugar do outro, “calçar o sapato do outro”. Para os empreendedores essa característica é muito
importante. Tanto no sentido de “pensar com a cabeça do cliente”, “antecipar suas dores e
necessidades”, como também para construir bons relacionamentos com colaboradores,
fornecedores entre outros parceiros.
Para encerrar, vale ressaltar que as características aqui descritas devem ser entendidas como
norteadores, mas não como referenciais únicos ou estanques. Não quer dizer que todos
empreendedores de sucesso, quase que como seres dotados de capacidades especiais, já
nasceram com todos estes atributos desenvolvidos. A ideia aqui é apontar caminhos de
desenvolvimento, formas pelas quais podemos pensar o processo empreendedor, sob a ótica
do desenvolvimento de competências.
Terminamos, então, este capítulo com uma frase de Fernando Dolabela, um importante escritor
da área de empreendedorismo: “O empreendedor é o especialista naquilo que não existe”.