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A ABORDAGEM DO EMPREENDEDORISMO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DAS REGIÕES PLANALTO E NORTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

A ABORDAGEM DO EMPREENDEDORISMO
NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DAS REGIÕES
PLANALTO E NORTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
The entrepreneurship approach in graduation courses of the norht and
plateau regions in the state of Rio Grande do Sul

Silvan Carlos Puerari1; Milena Carla Spazzini1; Gabriel Henrique dos Santos Jorosczniski1;
Fernando Sergio Mazon2

1
Acadêmicos do Curso de Administração da URI Erechim. E-mail: silvanpuerari@hotmail.com
2
Professor do Curso de Administração da URI Erechim. E-mail: fernando.mazon@yahoo.com.br

Data do recebimento: 10/02/2017 - Data do aceite: 05/05/2017

RESUMO: O empreendedorismo é defendido como uma possível solução


para os problemas sociais e, segundo diversos autores, pode ser ensinado em
escolas e universidades. Por isso, este artigo tem o objetivo de investigar a
abordagem do empreendedorismo nos cursos de graduação das universidades
localizadas nas regiões Planalto e Norte do estado do Rio Grande do Sul. O
referencial teórico apresenta alguns conceitos básicos acerca do empreende-
dorismo. O estudo se constitui de uma pesquisa descritiva, com a utilização
de dados secundários coletados nas páginas das universidades na internet.
Constatou-se que há uma concentração dos cursos em três áreas do conheci-
mento e que mais de metade dos cursos não oferece nenhuma disciplina de
empreendedorismo aos acadêmicos.
Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedor. Cursos de graduação.

ABSTRACT: Entrepreneurship is said to be a possible solution to social


problems and, according to several authors, it can be taught in schools and
universities. Therefore, the aim of this article is to investigate the entrepre-
neurship approach in graduation courses at universities located at Plateau and
North regions of the state of Rio Grande do Sul. The theoretical background
presents some basic concepts about entrepreneurship. The study consists of a
descriptive research, with the use of secondary data collected from the uni-
versities’ web pages. It was found that there is a concentration of courses in

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three areas of knowledge and that more than half of the courses do not offer
any discipline of entrepreneurship to the academics.
Keywords: Entrepreneurship. Entrepreneur. Graduation Courses.

Introdução Com base nisto, este trabalho apresenta


conceitos acerca do empreendedorismo,
O empreendedorismo é defendido por relacionando com o ensino na escola, no-
pesquisadores, autoridades públicas e civis, tadamente nos cursos de graduação. Além
como uma oportunidade para desenvolver disso, tem por objetivo comparar os dados
pessoas, negócios, cidades, regiões e países, coletados nos cursos de graduação das regi-
o que poderia auxiliar na solução de alguns ões Planalto e Norte do Rio Grande do Sul
dos problemas sociais que a humanidade com os resultados apontados pela pesquisa
enfrenta na atualidade. Endeavor/SEBRAE no que se refere à ênfase
No Brasil, o empreendedorismo passou no empreendedorismo conferido pelos cursos
a ser a “palavra do momento” e há várias de graduação.
instituições que realizam atividades com o
intuito de estimulá-lo e disseminá-lo. Me- Empreendedorismo
recem destaque, neste sentido, as atuações
do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio à Várias são as definições para os termos
Micro e Pequena Empresa) e da Endeavor/ “empreendedor” ou “empreendedorismo”.
Brasil. O empreendedorismo é um neologismo de-
Em virtude do destaque conferido ao rivado da livre tradução da palavra entrepre­
empreendedorismo e do pressuposto que ele neuship e utilizado para designar os estudos
pode ser aprendido e, portanto, ensinado, a relativos ao empreendedor, às suas caracterís-
Endeavor e o SEBRAE realizaram em 2016 a ticas e à sua atuação. (DOLABELA, 1999).
quarta edição da pesquisa “Empreendedoris- Hisrich e Peters (2004) entendem que o
mo nas Universidades Brasileiras”. A referida termo empreendedorismo seria derivado do
pesquisa permitiu traçar um perfil de como o francês entrepreneur. Originalmente, teria
empreendedorismo vem sendo trabalhado nas como significado “o que está no meio” ou
universidades e, também, como é percebido “entre compradores”. Siqueira e Guima-
por parte de alunos e professores. rães (2002) complementam que a palavra
As universidades são agentes importan- entrepreneur, utilizada já no século XVIII
tes na disseminação do conhecimento e na e derivada do verbo francês entreprendre,
promoção do desenvolvimento das regiões significava assumir empreitadas que exigiam
em que estão inseridas. Estudar instituições muito esforço, referindo-se a pessoas que or-
de ensino de uma região específica pode ganizavam e lideravam expedições militares.
proporcionar constatações acerca da aborda- Entretanto, desde a Idade Média, o conceito
gem desenvolvida pelos cursos de graduação esteve relacionado ao ato de assumir riscos,
sobre o tema empreendedorismo e contribuir principalmente em atividades comerciais.
para a formação de empreendedores. (BECKER E LACOMBE, 2003).

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O economista e cientista político Joseph isso, tinham a motivação para empreender.


Alois Schumpeter não foi o criador do termo (McCLELLAND, 1965).
empreendedorismo, mas foi quem impulsio- Em uma abordagem menos economicista
nou o tema. Para ele, o empreendedor está e mais comportamental, Dolabela (2010)
associado à inovação e ao desenvolvimento descreve que o empreendedor é alguém
econômico. Na concepção de Schumpeter que sonha e busca transformar seu sonho
(1982), a inovação é o fenômeno principal do em realidade e em riqueza. Desta forma, o
desenvolvimento econômico e o empreende- empreendedor não necessariamente seria um
dor tem a função de realizar essa inovação. “criador” de empresas, mas alguém capaz de
O autor entende que o empreendedoris- colocar em prática os objetivos ou motiva-
mo é um processo de ‘‘destruição criativa’’, ções pessoais ou coletivas.
fazendo com que os produtos ou métodos Muitos defendem o empreendedorismo
de produção exis­tentes sejam destruídos e como um mecanismo para o crescimento
substituídos por novos. Seriam papéis do econômico e como uma possível solução
empreendedor: a inovação, a assunção de para os problemas sociais. Neste sentido, sua
riscos e o permanente rompimento dos pa- compreensão e seu estímulo são importantes
radigmas estabelecidos. Por meio de suas para as instituições. North (1990) enfatiza
ações inovadoras, da assunção dos riscos e que as institui­ções podem ser compreendidas
do rompimento dos paradigmas existentes, o como “regras do jogo” em uma sociedade e,
empreendedor pode introduzir descontinuida- formalmente, são as limitações idealizadas
des cíclicas na economia e, assim, impulsio- pelo homem, as quais dão forma e regem a
nar o desenvolvimento econômico em âmbito interação humana. Estas “regras do jogo”
micro ou macrorregional. (SCHUMPETER, seriam os direitos de propriedade, o direito
1982). co­mercial, os trâmites burocráticos para a
Barreto (1998) segue a mesma linha de abertura de empresas, ideias, crenças, valo-
raciocínio de Schumpeter (1982) e entende res, o que afetaria a criação e o desenvolvi-
que o empreendedorismo é habilidade de mento de novos empreendimentos.
criar e constituir algo a partir de muito pouco North (1990) ainda descreve que as
ou de quase nada. É o desenvolvimento de instituições têm o propósito de reduzir as
uma organização em oposição a observá-la, in­certezas próprias da interação humana.
analisá-la ou simplesmente descrevê-la. Para o autor, essas incertezas existem em
Alguns autores complementaram as ideias consequência da complexidade dos proble-
de Schumpeter (1992), que tinha seus estudos mas a serem resolvidos. Já Toyoshima (1999)
pautados essencialmente sob o prisma econô- entende que as instituições têm como papel
mico, ao focarem suas pesquisas nos aspectos principal reduzir as incertezas existentes no
comportamentais, ou seja, como o perfil e as ambiente, criando estruturas estáveis que
características pessoais fazem com que uma regulem a intera­ção entre os indivíduos.
pessoa se torne um empreendedor. Dolabe- O processo de empreender inicia quando
la (1999) descreve que o pesquisador que uma ou mais pessoas reconhecem uma opor-
verdadeiramente iniciou a contribuição das tunidade como potencial para criar algo novo
ciências do comportamento para o estudo do (produtos, serviços, processos de produção,
empreendedorismo foi David C. McClelland, gestão, etc). As oportunidades surgem por
ao afirmar que os empreendedores possuíam meio de condições de mudança - cenário
uma grande necessidade de realização e, com social, político, econômico e demográfico - e

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devem ter potencial para gerar valor econô- (DORNELAS, 2001). No entendimento do
mico, pois é muito valorizado na sociedade autor, estes seriam temas (ou disciplinas)
atual. (BARON; SHANE, 2011). que deveriam ser abordados para a formação
Dolabela (1999) defende que o empreen- empreendedora em escolas e universidades.
dedorismo deve ser estimulado em virtude do O contexto atual é propício ao surgimento
decréscimo contínuo de postos de trabalhos cada vez maior de empreendedores e por isso
no mundo inteiro. Para que isso seja possível, a capacitação para tal é prioridade em vários
Dornelas (2001) cita que uma das soluções países. No Brasil, por exemplo, é crescente o
pode ser encontrada no sistema educacional, número de disciplinas de empreendedorismo
por meio da oferta de cursos e matérias de nos ensinos técnico e universitário. (DOR-
empreendedorismo. Esta seria uma alterna- NELAS, 2008).
tiva principalmente aos jovens, que estão Dolabela (1999) descreve, para o caso
iniciando sua carreira profissional. brasileiro, alguns motivos para o ensino do
Com isso, as escolas e universidades empreendedorismo. Os principais seriam: as
assumem um papel central na difusão do grandes mudanças nas relações de trabalho;
empreendedorismo, sendo responsáveis pela a não adequação do ensino tradicional para
criação e preparação de empreendedores, a formação de empreendedores; as relações
dando a eles o conhecimento e o suporte universidade-empresa ainda incipientes
adequados. Os objetivos, neste caso, seriam no Brasil; a insuficiente percepção da im-
de mostrar ferramentas que auxiliem no portância das PME’s (pequenas e médias
alcance do sucesso, contribuindo para o empresas) para o desenvolvimento econô-
crescimento do país, além de incentivar as mico; e, a necessidade das organizações por
pessoas (especialmente os jovens) a criarem profissionais empreendedores e a cultura da
seu próprio negócio ou empreenderem nas “grande empresa” que predomina no ensino
organizações em que atuam, o que Dolabela profissionalizante e universitário.
(2003) denomina de intraempreendedorismo. Para Jones e English (2004), o ensino de
Jones e English (2004) entendem que é empreendedorismo é uma inovação educa-
necessário que as pessoas detenham habili- cional importante que estimula um processo
dades empresariais e capacidade para lidar de aprender a empreender. Dolabela (1999)
com os desafios atuais da vida e um futuro destaca, ainda, que é necessário criar uma
incerto. Seja na escolha da carreira ou outras cultura empreendedora na sociedade, e, para
situações pessoais, os indivíduos podem se isso, o tema empreendedorismo precisa ser
beneficiar do aprendizado do empreendedo- apresentado e discutido desde os primeiros
rismo, habilitando-se a resolver problemas, níveis da educação. Os alunos devem ser
adaptando-se mais facilmente às mudanças. educados com base em valores de autono-
Para formar novos empreendedores, é mia, de independência, capacitando-os para
importante focar na identificação e no en- inovar, assumir riscos e atuar em ambientes
tendimento das suas habilidades. Em uma de instabilidade, como os que a sociedade
concepção mais empresarial, a mesma ênfase vivencia na atualidade.
deve ser dada à inovação e sua importância Este artigo foi elaborado com a utiliza-
no processo empreendedor, à utilização de ção de pesquisas descritiva, bibliográfica e
um plano de negócio, identificação de fontes exploratória. A primeira pesquisa descreve
para obter financiamentos, na gestão pro- as características de determinada população
mover o crescimento orgânico da empresa ou fenômeno ou então, estabelece relações

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entre variáveis (GIL, 2006). De acordo com (Erechim e Getúlio Vargas) e três do Corede
Vergara (2009), tal tipologia não objetiva Produção (Carazinho, Marau e Passo Fundo).
explicar os fenômenos que descreve, embora O passo seguinte foi identificar se as insti-
sirva de base para a explicação. tuições são públicas (mantidas com recursos
O trabalho utiliza-se de parte da Pesquisa do governo federal ou estadual) ou privadas
Endeavor/SEBRAE sobre o “Empreende- (instituições particulares e comunitárias).
dorismo nas Universidades Brasileiras”, Posteriormente, os cursos foram classifica-
edição do ano de 2016 (quarta edição). Tal dos por área do conhecimento sendo que,
pesquisa se constitui no mais completo e para isso, foi utilizada a Tabela de Áreas
atualizado estudo identificado no gênero e do Conhecimento, versão 2016, disponível
tem como principal objetivo conscientizar no sítio do CNPq (Conselho Nacional de
as instituições de ensino superior sobre seu Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
poder de contribuir com o desenvolvimento Para conhecer a estrutura dos cursos, bus-
econômico e social do Brasil, atuando como cou-se identificar a quantidade de semestres
agentes-chave do desenvolvimento do ecos- (duração) dos mesmos, o número de discipli-
sistema empreendedor local. Neste trabalho, nas relacionadas ao empreendedorismo e o(s)
a Pesquisa Edeavor/SERAE é utilizada como estágio(s) do curso em que são oferecidas,
subsídio para a descrição e análise compara- se no início (do 1º ao 3º semestre), no meio
tiva das informações coletadas. (4º ao 6º semestre) ou no final do curso (7º
O estudo da Endeavor/SEBRAE contem- semestre em diante). A figura a seguir apre-
plou instituições públicas e privadas e foram senta a sistematização da pesquisa.
entrevistados acadêmicos e professores de
todo o território nacional. A realização deste Figura 1 - Sistematização da pesquisa
trabalho abordou apenas os itens considera- Pesquisa Endeavor/SEBRAE
dos relevantes para a replicação da pesquisa Etapa 1 Empreendedorismo nas
Universidades Brasileiras 2016
original, além da realização de um recorte
Etapa 2 Delimitação da Região de estudo
regional e da utilização de dados secundários.
A escolha da região do estudo se deu pela Identificação das Universidades
Etapa 3 e Faculdades que ofertam cursos
proximidade geográfica e buscou contemplar presenciais de nível superior
todos os cursos de graduação presenciais Classificação das instituições quanto
existentes na região de abrangência. Etapa 4 sua forma de atuação: pública ou
privada
A pesquisa descritiva foi utilizada para
Classificação dos cursos por área do
a caracterização da região de estudo, que Etapa 5
conhecimento
contemplou dois COREDES (Conselhos Pesquisa das grades dos cursos
Etapa 6 ofertados com relação às disciplinas
Regionais de Desenvolvimento) do Rio de empreendedorismo
Grande do Sul, sendo eles os Coredes Norte e
Produção, compostos respectivamente por 32
e 23 municípios. A partir desta classificação Relacionado às disciplinas de empreende-
regional, foram identificados os municípios dorismo, considerou-se apenas a denomina-
em que há instituições que oferecem cursos ção (nome) da disciplina, sem avaliação das
de graduação presenciais, com no mínimo ementas. Da mesma forma que a pesquisa
três anos de duração. Identificou-se a oferta Endeavor/SEBRAE, considerou-se como
deste tipo de curso em instituições de ensino disciplinas de empreendedorismo as que
superior de dois municípios do Corede Norte contivessem a palavra “empreendedorismo”

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em sua denominação e outras que tivessem nas de empreendedorismo, iniciativas extra-


como título: gestão (e/ou criação) de novos curriculares e a interação com o ecossistema
negócios, (elaboração de) plano de negócios, empreendedor local) e dos professores (papel
gestão de pequenos negócios, inovação e do professor, suas experiências e práticas
tecnologia, negócios familiares e franquias. empreendedoras).
Embora pudessem constar nas ementas, foram De acordo com a pesquisa, quanto maior o
consideradas apenas temas que constassem envolvimento com a temática empreendedora,
como disciplinas nas grades/matrizes curri- maior a proporção de alunos que realizaram
culares, e não como parte das ementas. disciplinas relacionadas ao tema. Cerca de
Todos os dados utilizados são de ori- 46% de alunos empreendedores já cursaram
gem secundária, provenientes de pesquisa essas disciplinas, número superior ao de
bibliográfica, pesquisa Endeavor/SEBRAE potenciais empreendedores (38,8%), que
e dos sites das universidades em estudo. A por sua vez é superior ao de alunos que não
partir das coletas, foram elaborados tabelas pensam em ter um negócio (24%). Esta infor-
e gráficos por meio de planilhas eletrônicas mação reforça a importância da abordagem
(software) que possibilitaram a análise e do empreendedorismo no sistema de ensino.
chegar a conclusões mais concretas sobre as (ENDEAVOR/SEBRAE, 2016).
características dos cursos de graduação e do Ainda, entre os potenciais empreendedo-
ensino do empreendedorismo nas universi- res, a maioria dos alunos (69%) que pretende
dades dos Coredes Norte e Produção do Rio empreender em até 3 anos já cursou discipli-
Grande do Sul. nas de empreendedorismo, comparada aos
alunos que não têm prazo para empreender.
Há, então, uma relação direta entre esses dois
Pesquisa Endeavor/SEBRAE fatores.
Há um efeito positivo em todos os aspectos
Em 2016, a Endeavor Brasil e o SEBRAE de se empreender quando o aluno cursa uma
realizaram a quarta edição da pesquisa “Em- disciplina de empreendedorismo, mesmo que
preendedorismo nas Universidades Brasilei- a diferença não seja tão significativa. Por
ras”, que contou com a participação de 2230 exemplo, 66% dos alunos acreditam que as
alunos e 680 professores pertencentes a mais disciplinas de empreendedorismo são essen-
de 70 instituições de ensino superior de todas ciais para prepará-lo para empreender. Um
as regiões do Brasil. Este estudo objetivou dos motivos para isso é que a inspiração para
direcionar as estratégias das universidades e empreender destaca-se como tema de 54,4%
das lideranças que trabalham com o tema no das disciplinas de empreendedorismo. Ela tem
Brasil, sejam professores ou formuladores uma função importantíssima para a cultura
de políticas públicas. Além disso, buscou empreendedora da universidade ao instigar
entender como o ensino superior estimula os alunos a considerarem o empreendedoris-
os alunos a serem empreendedores, como mo como opção de carreira. (ENDEAVOR/
preparar melhor os professores e agentes SEBRAE, 2016).
universitários para este desafio, e quais os
Não há apoio para o empreendedor que
tipos de ações são tomadas nesse sentido na
está iniciando seu negócio, o que poderia ser
atualidade. (ENDEAVOR/SEBRAE, 2016).
corrigido caso disciplinas abordassem temas
A pesquisa Endeavor/SEBRAE abordou como criação de novos negócios e gestão de
as perspectivas do aluno (perfil, desejos e pequenos negócios, o que ocorre apenas em
desafios), da universidade (oferta de discipli- 7,6% e 6,8% dos casos, respectivamente. O

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mesmo acontece para o empreendedor que formações e referências. Empreender é uma


busca expandir com franquias, inovação e prática interdisciplinar e muitos futuros
tecnologia, temas presentes em apenas 2,9% sócios ou parceiros podem se encontrar em
e 7,6% das disciplinas de empreendedorismo, disciplinas de empreendedorismo.
respectivamente. (ENDEAVOR/SEBRAE, De acordo com os resultados da pesquisa
2016). Endeavor/SEBRAE (2016), a maior quan-
Ao mesmo tempo em que são limitadas tidade de disciplinas de empreendedorismo
do ponto de vista do seu conteúdo, também está disponível nos cursos de administração e
o são em relação à sua acessibilidade. So- negócios (74%), seguidos pelas engenharias
mente 28,4% dos universitários já cursaram (56,1%), outros cursos das ciências sociais
uma disciplina diretamente relacionada ao aplicadas (48,9%), ciências exatas e da terra
empreendedorismo. Entre aqueles que não (42,7%), ciências humanas (37,1%), discipli-
cursaram, um terço apontou que o principal nas abertas/sem restrição (35,5%), ciências
motivo está relacionado a acesso à discipli- biológicas (30%), linguística, letras e artes
na: 21,2% não o fez, porque o seu curso não (29,3%), ciências da saúde (28,9%) e ciências
oferece a disciplina e 12,7%, porque sequer agrárias (24,3%).
sabe se há alguma disciplina de empreen-
Cerca de 44% dos professores afirmam
dedorismo disponível em sua instituição de
que elas são distribuídas de maneira uni-
ensino. Por outro lado, 61,5% dos professo-
forme durante o curso, estratégia curricular
res afirmaram que sua universidade oferece
com mais potencial de gerar impacto sobre
alguma disciplina de empreendedorismo.
o alunos, já que terão mais tempo para se
É uma divergência que pode indicar, junto
preparar e absorver conhecimento e prática.
aos dados a seguir, que as disciplinas estão
Apesar disso, mais da metade afirma que as
concentradas em cursos específicos.
disciplinas de empreendedorismo se con-
Em cerca de 50% dos cursos de engenha- centram ou nos últimos semestres do curso
rias e ciências sociais aplicadas (administra- (36,5%) ou no início (14,1%). Ambas as
ção e outras), há disciplinas de empreende- formas acabam por não ser, a priori, o melhor
dorismo. Em contrapartida, outras áreas de para a formação empreendedora dos alunos já
conhecimento têm pouquíssima oferta de
que, quando dadas no início, eles ainda têm
disciplinas, como ciências agrárias, da saúde,
uma longa jornada na universidade, na qual
biológicas e humanas - em torno de 30% de
serão pouco expostos ao tema. Quando ao
oferta das disciplinas para esses cursos.
final, as disciplinas de empreendedorismo,
Uma maneira de ampliar e democratizar em geral focadas em inspiração e introdução
o acesso a elas é permitir que sejam frequen- acabam tendo pouco impacto sobre o aluno,
tadas por alunos de diferentes cursos, o que é pois ele não conseguirá se aprofundar no
o caso de disciplinas abertas/sem restrições, assunto, visto que estará no fim do seu curso
presentes em somente 35,5% das instituições. ou mesmo já terá uma carreira encaminhada.
Disciplinas transversais, em que alunos de (ENDEAVOR/SEBRAE, 2016).
diferentes cursos interagem na mesma sala São diversas as iniciativas que podem pro-
de aula, também são adotadas por somente mover e estimular o empreendedorismo nas
41,1% das universidades. (ENDEAVOR/ universidades, como atividades de pesquisa
SEBRAE, 2016). (bolsas para pesquisadores, infraestrutura e
Essa troca é importante para aumentar o professores envolvidos com empreendedoris-
acesso às disciplinas e também para que o mo, comportamento empreendedor), eventos
aluno conheça outros alunos de diferentes (feiras de empreendedorismo, rodas de con-

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versa com empreendedores, competições de Na pesquisa Endeavor/SEBRAE, os cur-


ideias de negócio, planos de negócio e ou- sos das áreas das ciências sociais aplicadas e
tros) e programas extracurriculares (parques engenharias são os que concentram a maior
tecnológicos, incubadoras e aceleradoras, quantidade de disciplinas de empreendedo-
serviços de apoio ao negócio, mentorias, rismo. Estes resultados também se verificam
laboratórios de empreendedorismo e/ou ino- nos cursos que fazem arte deste estudo.
vação/criatividade, entre outros).
Tabela I - % de cursos que oferecem disciplinas de
empreendedorismo
Ensino do Empreendedorismo % de cursos com
Área do conhecimento disciplina de
na Região Planalto/Norte do Rio empreendedorismo
Grande do Sul Ciências exatas e da terra 100%
Linguística, letras e artes 75%
A partir da coleta de dados, foram identi- Engenharias 65%
ficados 127 cursos presenciais na região do Ciências biológicas 60%
estudo, dos quais foram obtidas informações Ciências sociais aplicadas 44%
Ciências humanas 21%
de 121 cursos, 95,3% do total. Os seis cursos
Ciências da saúde 4%
não inclusos na pesquisa são ofertados por
uma instituição que não dispõe das grades
curriculares em seu sitio na internet, nem Conforme apresentado na Tabela I, desta-
as disponibilizou para fins da pesquisa. Dos ca-se que todos os cursos da área de ciências
121 cursos, 22 são de instituições públi- exatas ou da terra oferecem pelo menos uma
cas (18,2%) e 99 de instituições privadas disciplina de empreendedorismo, assim como
(81,8%). Ainda, 72 cursos são ofertados no 3/4 dos cursos da área de linguística, letras
Corede Produção (59,5%) e 49 no Corede e artes. Também, mais da metade dos cursos
Norte (40,5%). das áreas das engenharias e das ciências bio-
Quanto às áreas do conhecimento, os lógicas oferecem conteúdos empreendedores
cursos estão distribuídos da seguinte forma: aos seus alunos, respectivamente 65% e 60%
ciências exatas e da terra (7,4%), ciências dos cursos.
biológicas (4,1%), engenharias (21,5%), Nem todos os cursos das ciências sociais
ciências da saúde (18,2%), ciências so- aplicadas, uma das principais áreas para a
ciais aplicadas (28,1%), ciências humanas formação de empreendedores, dão ênfase ao
(11,6%), linguística, letras e artes (3,3%), e empreendedorismo. Apenas 44% dos cursos
outros (5,8%). desta área oferecem estas disciplinas aos
Quanto à existência da disciplina de em- seus alunos. Complementando a pesquisa,
preendedorismo, 57% dos cursos não oferece os cursos da área das ciências humanas e
nenhuma disciplina, 38% oferecem uma ciências da saúde são os que menos ofere-
disciplina, 3,3% oferecem duas disciplinas cem conteúdos sobre empreendedorismo.
e 1,7% oferecem três disciplinas. Nenhum Respectivamente, 21% e 4% dos cursos
curso oferece 4 disciplinas ou mais. Nas destas duas áreas do conhecimento contêm
instituições de ensino públicas, 73% dos disciplinas de empreendedorismo em suas
cursos não oferecem nenhuma disciplina de grades curriculares.
empreendedorismo, já nas privadas, não há Quanto à distribuição dos conteúdos nas
disciplina de empreendedorismo em 54% grades curriculares, as disciplinas de empre-
dos cursos. endedorismo são ofertadas 12% no início dos

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cursos (do 1º ao 3º semestres), 6% na metade Das instituições privadas, 46% das grades
(4º ao 6º semestres) e 76% são ministradas curriculares contêm disciplinas de empre-
no fim dos cursos (7º semestre em diante). endedorismo.
Em apenas 6% dos casos as disciplinas estão Importante destacar que todos os cursos
distribuídas mais uniformemente ao longo da área de ciências exatas ou da terra ofere-
dos cursos. Como se pode notar, as discipli- cem pelo menos uma disciplina de empre-
nas estão concentradas no final do ciclo de endedorismo, assim como 3/4 dos cursos da
formação. área de linguística, letras e artes. Também,
Os principais conteúdos sobre empreen- mais da metade dos cursos das áreas das en-
dedorismo que constam nas grades dos cursos genharias e das ciências biológicas oferecem
são: empreendedorismo (35,5%), inovação e conteúdos empreendedores aos seus alunos,
tecnologia (13,2%), inovação (12,4%) e ges- em respectivamente 65% e 60% dos cursos.
tão de novos negócios (10,7%). Disciplinas Em contrapartida, nos cursos da área das
relacionadas com a elaboração de planos de ciências sociais aplicadas, uma das principais
negócio, criação de novos negócios, fran- formadoras de empreendedores, 44% das
quias, negócios familiares, empreendedoris- matrizes curriculares oferecem este tipo de
mo social e gestão de pequenos negócios não conteúdo aos seus alunos. Por exemplo, em
constam nas grades curriculares dos cursos todos os cinco cursos de Direito pesquisa-
analisados. dos, em dois cursos de Ciências Contábeis
e quatro (de nove) cursos de Administração
não são disponibilizadas disciplinas de em-
Conclusão preendedorismo.
Complementando a pesquisa, os cursos
Com a pesquisa, foi possível identifi- das áreas das ciências humanas e ciências da
car que, relacionado aos cursos superiores saúde são os que menos potencializam a for-
presenciais, predominam as instituições de mação de empreendedores. Respectivamente,
ensino particulares na região estudada, uma 21% e 4% dos cursos destas duas áreas do
vez que mais de 80% dos cursos são ofertados conhecimento apresentam disciplinas de em-
por este tipo de instituição. preendedorismo em suas grades curriculares.
Percebeu-se, também, assim como ocor- Como foi possível identificar, a oferta
reu na pesquisa Endeavor/SEBRAE, que os de disciplinas de empreendedorismo no
cursos estão concentrados principalmente sistema de ensino, advogado por Dolabela
em três áreas do conhecimento, nesta ordem: (1999) e Dornelas (2001), não ocorre em
ciências sociais aplicadas, engenharias e ci- mais da metade dos cursos contemplados
ências da saúde. Em conjunto, estas três áreas nesta pesquisa. Uma maneira de ampliar
representam 67,8% dos cursos ofertados nos e democratizar o acesso às disciplinas, de
Coredes Norte e Produção do estado do Rio acordo com a Endeavor/SEBRAE (2016),
Grande do Sul. seria permitir que alunos de diferentes cursos
Nota-se, também, que mais da metade dos frequentem disciplinas abertas/sem restrições
cursos (57%) não oferece nenhuma disciplina ou de disciplinas transversais, em que alunos
de empreendedorismo e que nas instituições de diferentes cursos interagem na mesma
públicas é onde se verifica a menor oferta de sala de aula.
conteúdos empreendedores. Apenas 27% dos As disciplinas abertas/sem restrições
cursos de instituições públicas oferecem pelo dispensariam a necessidade de disponibilizar
menos uma disciplina de empreendedorismo. disciplinas apenas para um curso específico

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e aumentaria a interação entre os acadêmicos No que se refere aos conteúdos sobre


de diferentes áreas do conhecimento. A troca empreendedorismo, os principais temas/
de experiências é importante para aumentar nomenclaturas que constam nas grades dos
o acesso às disciplinas e também para que o cursos são: empreendedorismo (35,5%),
aluno conheça outros alunos de diferentes inovação e tecnologia (13,2%), inova-
formações e referências. Empreender é uma ção (12,4%) e gestão de novos negócios
prática interdisciplinar e muitos futuros sócios (10,7%). Estas disciplinas têm função im-
ou parceiros podem se encontrar cursando as portantíssima para a cultura empreendedora
disciplinas de empreendedorismo. (ENDEA- da universidade, ao instigar os alunos a
VOR/SEBRAE, 2016). considerarem o empreendedorismo como
Há uma concentração das disciplinas no uma opção para a carreira profissional.
final do ciclo de formação dos acadêmicos. (ENDEAVOR/SEBRAE, 2016).
Dos 52 cursos em que há oferta de discipli- De acordo com a Endeavor/SEBRAE
nas, 12% oferecem no início dos cursos (do (2016), depois que os alunos se tornam
1º ao 3º semestres), 6% na metade (4º ao 6º empreendedores em potencial, e futuramen-
semestres) e 76% são ministradas no fim te empreendedores de fato, é possível ver
(7º semestre em diante). Em apenas 6% dos que as instituições brasileiras não possuem
cursos, as disciplinas estão distribuídas de uma estrutura completa que os apoiem em
maneira uniforme na grade curricular. sua jornada. Não há apoio para o empre-
As disciplinas de empreendedorismo endedor que está iniciando seu negócio, o
concentradas no início ou no fim dos cursos que poderia ser corrigido caso disciplinas
acabam por não ser, a priori, o melhor para a abordassem temas como criação de novos
formação empreendedora dos alunos já que, negócios e gestão de pequenos negócios.
no início dos cursos os alunos ainda têm uma Tal falta de estrutura evidenciou-se neste
longa jornada na universidade, na qual serão estudo, uma vez que disciplinas específicas
pouco expostos ao tema. No início, ainda pre- como elaboração de planos de negócios,
cisam acumular informações e experiências criação de novos negócios, franquias, negó-
para que possam despertar para o empreen- cios familiares, empreendedorismo social e
dedorismo. Quando ao final, as disciplinas gestão de pequenos negócios não constam
de empreendedorismo, em geral focadas em nas grades curriculares dos cursos pesqui-
inspiração e introdução, acabam tendo pouco sados. Estes temas podem, eventualmente,
impacto sobre o aluno, pois ele não conse- constar nas ementas das disciplinas, entre-
guirá se aprofundar no assunto, visto que tanto, isto não foi objeto desta pesquisa, uma
estará no fim do seu curso ou mesmo já terá vez que demandaria pesquisar as ementas
uma carreira encaminhada. (ENDEAVOR/ de todas as disciplinas ofertadas nos 121
SEBRAE, 2016). cursos. Além disso, o fato de o tema constar
A melhor combinação seria, de acordo com nas ementas não é garantia que este seja
a Endeavor/SEBRAE (2016), a distribuição explorado em sala de aula ou relacionado
ao longo do curso. A distribuição de maneira com a necessidade do empreendedor, uma
uniforme durante o curso é a estratégia cur- vez que a aplicação dependeria da iniciativa,
ricular com mais potencial de gerar impacto formação e experiência do professor.
sobre os alunos, já que terão mais tempo para A oferta de poucas disciplinas (ou
se preparar, absorver conhecimento e prática disciplinas isoladas) relacionadas ao em-
e buscar os conhecimentos complementares preendedorismo, sem o desenvolvimento
necessários para a jornada empreendedora. de outras atividades que possam servir de

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A ABORDAGEM DO EMPREENDEDORISMO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DAS REGIÕES PLANALTO E NORTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL

complemento, acaba tornando esta iniciativa Outros aspectos importantes a considerar


pouco efetiva. De forma que, aparentemente, são a formação e a experiência empreen-
a formação de empreendedores não parece dedora dos professores, uma vez que estes
ser o foco de grande parte dos cursos pes- podem exercer influência sobre os alunos,
quisados. podendo ser mentores ou inspiradores para
Da mesma forma, proporcionar inicia- os futuros empreendedores. Os docentes
tivas extracurriculares, como incubadoras são os promotores do empreendedorismo
e aceleradoras, mentorias, laboratórios de nas universidades e precisam fazer parte do
empreendedorismo e/ou inovação/criativi- ecossistema empreendedor das cidades, por
dade, parques tecnológicos, entre outros, se isso, a experiência empreendedora (aliada ao
tornam de pouca efetividade caso os alunos conhecimento teórico), é fundamental para
não tenham a possibilidade de receber uma que esta atividade tenha pleno êxito.
formação/qualificação para empreender. A formação de mais e melhores empreen-
Aspecto importante para estimular e dis- dedores pode trazer benefícios à sociedade.
seminar a prática empreendedora é realizar Esta pesquisa pode contribuir para uma refle-
uma reflexão sobre a conexão que existe xão acerca da atuação das instituições de ensi-
entre as universidades e o mercado. Confor- no, públicas e privadas, relacionado ao tema.
me indicam a Endeavor/SEBRAE (2016), As informações apresentadas são inéditas no
um passo fundamental para formar mais e âmbito regional. São também relevantes, pois
melhores empreendedores é aproximar as o estudo envolve mais de uma centena de
universidades do mercado, dos empreende- cursos de graduação e mais de uma dezena
dores e da comunidade em geral. Isso fará de instituições de ensino superior. Ainda, os
com que as instituições desenvolvam ações resultados da pesquisa podem ser acessados e
que estejam mais alinhadas com a demanda utilizados como subsídio por qualquer pessoa
dos universitários e do mercado. ou instituição que se interessar pelo tema.

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