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AVALIAÇÃO DO PERFIL EMPREENDEDOR NOS ALUNOS DO CURSO


DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ.

Talyson Franca Oliveira de Castro1


Roberta Carvalho de Alencar2

RESUMO

O empreendedorismo está presente em possivelmente todas as sociedades, como


fenômeno criador de renda e desenvolvimento econômico. O objetivo do presente
trabalho é identificar qual identidade do perfil empreendedor nos alunos de Ciências
contábeis, na Universidade Federal do Ceará. Foi aplicado o questionário utilizado
por Schmidt e Bohnenberger (2009), contendo 22 afirmações representativas dos
oito perfis descritos pelos autores. O questionário foi respondido por 109 alunos, em
sua maioria com faixa etária entre 18 e 25 anos, que trabalham e recebem até dois
salários mínimos. Todas as características foram identificadas, sobressaindo-se as
características relacionadas aos perfis Planejador, Assume Riscos e Persistente.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo, Perfil, Contabilidade.

ABSTRACT

Entrepreneurship is present in possibly all societies, as a phenomenon that creates


income and economic development. The objective of this work is to identify the
identity of the entrepreneurial profile in Accounting Science students at Universidade
Federal do Ceará. The questionnaire used by Schmidt and Bohnenberger (2009)
was applied, containing 22 statements representing the eight profiles described by
the authors. The questionnaire was answered by 109 students, mostly aged between
18 and 25, who work and earn up to two minimum wages. All characteristics were
identified, highlighting the characteristics related to the Planner, Takes Risks and
Persistent profiles.

KEYWORDS: Entrepreneurship, Profile, Accounting.

1 INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é um comportamento social cada vez mais


estudado, pois conforme aumenta a necessidade de movimentar a economia
mundial e o aumento do capitalismo, a geração de novos empreendedores é algo
razoável para essa tendência mundial, embora as situações que levam aos
indivíduos a empreender variam consideravelmente de acordo com a situação
econômica de cada lugar, existem ocasiões em que o desenvolvimento
empreendedor é mais notado. (VEGA & SILVA, 2014)
De acordo com indicadores nacionais sobre o empreendedorismo
aproximadamente 88% dos empreendedores iniciais concordam (total ou
1
Bacharelando em Ciências Contábeis pela UFC, E-mail: talyson16@gmail.com
2
Doutora em Controladoria e Contabilidade pela USP. Email: robertaalencar@ufc.br
2

parcialmente) que a escassez de emprego constitui uma das razões para


desenvolver a iniciativa empreendedora com a qual está envolvido, tendo 70,8%
indicado mais do que uma motivação. Entre os empreendedores com nível superior,
“ganhar a vida” cai de importância embora ainda seja a principal motivação (77,2%),
e crescem importância a afirmação “para fazer diferença no mundo”. (GEM, 2019).
Dentre as diversas possibilidades de atuação do bacharel em ciências
contábeis, está a atuação como empreendedor, seja no mercado contábil
propriamente dito, seja em outros tipos de empreendimento. A atividade do
empreendedorismo está presente na formação de profissionais dentro do ambiente
acadêmico, possivelmente por fatores internos da instituição assim como o incentivo
externo do mercado.
Diante do exposto, apresenta-se como questão de pesquisa: qual a
identidade do perfil empreendedor nos alunos de Ciências contábeis, na
Universidade Federal do Ceará?
O objetivo do presente trabalho é identificar qual identidade do perfil
empreendedor nos alunos de Ciências contábeis, na Universidade Federal do
Ceará, com o auxílio da metodologia exposta por Schmidt e Bohnenberger (2009),
por meio de oito atributos proposto pelos autores, que são: auto eficaz; assume
riscos; planejador; detecta oportunidades; persistente; sociável; inovador; e líder.
Assim Evidenciar as identidades dos tipos de perfis empreendedores entre os alunos
pesquisados.
Tais perfis moldam as características de um empreendedor, e pode interferir
no sucesso ou fracasso do negócio montado pelo mesmo, pois as áreas de atuação
podem ser desenvolvidas conforme o perfil mostrado na manutenção do
empreendimento.,.
A palavra empreender, imprehendere, tem origem no latim medieval, antes do
século XV e significa tentar “empresa laboriosa e difícil”, ou ainda, “pôr em
execução” (CUNHA, 2004, p. 293), portanto, a verificação pode mostrar possíveis
dificuldades no desenvolvimento do potencial empreendedor.
A geração de novos empregos é proporcional à quantidade de empresas que
surgem, sendo os atuais alunos, futuros empreendedores e empregadores. Os
dados obtidos pela pesquisa podem auxiliar na tomada de decisões, que auxiliem o
desenvolvimento de novas habilidades e refinamento nas atitudes empreendedoras
presentes nos alunos do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do
Ceará por meio dos indicativos mostrados na análise dos resultados.
Este trabalho é composto de cinco partes, a saber: introdução, referencial
teórico, que trata do conceito de empreendedorismo, o perfil do empreendedor e
empreendedorismo no ambiente acadêmico, metodologia, discussão de resultados e
conclusão.

2 Referencial Teórico

2.1. EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo desperta o interesse desde tempos imemoriáveis, que


pelo conhecimento popular serve como base para a negociação de mercadorias e
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serviços, sendo à base da economia do mundo. Portanto desde as primeiras


negociações dos homens da pré-história, a forma como empreender é abordada,
gera questionamentos e desenvolve novas habilidades sociais.
O movimento empreendedor toma forma conforme a revolução industrial na
Europa toma forma, conforme Braudel (1982, p. 328), “foi no século dezoito que a
situação de fato começou a mudar”. Mesmo na França, que então se situava atrás
da Inglaterra, começaram a surgir novas manufaturas e fábricas. Junto com as
unidades de produção artesanal dando início à engrenagem do capitalismo.
O cenário capitalista está estritamente relacionado com o pensamento
empreendedor, a geração de capital é a essência do pensamento do indivíduo que
empreende, além da formação de ações intuitivas que levem ao desenvolvimento de
determinado negócio e sua perpetuação.
Desde a idade média, de acordo com o contexto da época, na França a partir
do verbo entreprendre que denotava a ideia de realizar algo. Já em meados do
século XVI o empreendimento passou a ser visto como algo relacionado ao bélico, e
a estratégia militar, já que havia a necessidade de grande aporte de tomada de
decisões, controle de insumos e alimentos durante empreitadas militares na Europa.
Nos séculos posteriores, o empreendedorismo tornou-se relacionado a tomar
riscos e o envolvimento em empreitadas e desenvolvimento de uma finalidade que
moda mercados e o desenvolvimento social em determinada época e local. Os
empreendimentos podem partir da finalidade da construção de obras públicas,
interferir na política, justiça e na dinâmica monetária, todos envolvidos com o
controle.
Após as manifestações espontâneas dos fenômenos relacionados aos
empreendimentos, a partir do século XX estudos envolvendo o empreendedorismo
que auxiliam no conhecimento desse comportamento social são realizados, na
segunda metade do século passado, surgem teorias que efetivamente estudam o
empreendedorismo como seu objeto.
Conforme o indivíduo sente-se motivado a inovar, surge o primeiro
pensamento que leva ao empreendedorismo, e é a partir de McClelland (1984) que é
determinada uma teoria do empreendedor, já que o mesmo verifica as
características psicológicas que vão de encontro a uma predisposição ao
empreender, durante esse período de concepção dessa teoria, já havia determinada
maturidade nas ciências comportamentais, onde já se conseguia mensurar algumas
dimensões do comportamento humano, seja por meio de indicadores ou observação
de características de determinado meio social. Conforme observado pelo autor
(McClelland, 1984, p. 53), embora o conhecimento sobre a motivação humana seja
observado desde a antiguidade, o enfoque da “psicologia permitiu definir tal tema de
maneira muito mais precisa e, também, encontrou maneiras de medi-lo”.

2.2. O PERFIL EMPREENDEDOR

O empreendedor é moldado de acordo com sua cumplicidade com o


desenvolvimento da economia e com a formação de habilidades que são essenciais
para a manutenção dos negócios e de sua sustentabilidade financeira. Conforme
Schmidt e Bohnenberger (2009), o empreendedor pode ter perfis diferenciados
conforme oito definições que foram desenvolvidas de acordo com a literatura
disponível sobre o assunto, de diversos teóricos renomados no ramo.
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Lopes e Souza (2005) desenvolveram uma ferramenta para medir o perfil


empreendedor. Foram determinados os quatro pilares de acordo com a literatura:
realização, planejamento e poder, além do fator inovação. Além desses, foram
identificados mais dois fatores compostos: Prospecção e Inovação, e Gestão e
Persistência; experimentalmente os autores também verificaram um único fator
genérico, chamado de Atitude Empreendedora.
A atitude empreendedora pode ser verificada de acordo com uma escala
elaborada por Schmidt e Bohnenberguer (2009), já que os autores verificaram
fatores que são pertinentes às atitudes dos indivíduos que ser relacionam com o
empreendedorismo.
A divisão foi definida conforme a disposição de alguns autores que são
referência nos assuntos discutidos, e a partir dessa distribuição, foi preconizado um
constructo de personalidades que são essenciais para o desenvolvimento do
empreendedorismo.
De acordo com a divisão do perfil empreendedor proposta por Schmidt e
Bohnenberger (2009), embasadas na literatura e por especialistas da área, foram
mapeadas atitudes separadas por oito perfis de empreendedores que serão
utilizados na pesquisa para definir a distribuição dos atributos de acordo com as
características psicológicas e atitudinais respondentes, que estão dispostas em
conjunto com a literatura pertinente, conforme quadro1, a seguir:

QUADRO 1 – Perfil Empreendedor

Perfil Descrição
É a estimativa cognitiva que uma pessoa tem das suas
capacidades de mobilizar motivação, recursos cognitivos e
cursos de ação necessários para exercitar controle sobre
Auto Eficaz (AE)
eventos na sua vida (CARLAND ET AL., 1988; CHEN ET AL.,
1998; KAUFMAN, 1991; LONGENECKER ET AL., 1997;
MARKMAN & BARON, 2003).
Pessoa que, diante de um projeto pessoal, relaciona e analisa
Assume riscos as variáveis que podem influenciar o seu resultado, decidindo,
calculados (AR) a partir disso, a continuidade do projeto (CARLAND ET AL.,
1988; DRUCKER, 1986; HISRICH & PETERS, 2004).
Pessoa que se prepara para o futuro (FILION, 2000;
Planejador (PL)
KAUFMAN, 1991; SOUZA et al., 2004).
Habilidade de capturar, reconhecer e fazer uso efetivo de
Detecta informações abstratas, implícitas e em constante mudança
oportunidades (DO) (BIRLEY & MUZYKA, 2001; DEGEN, 1989; MARKMAN &
BARON, 2003).
Capacidade de trabalhar de forma intensiva, sujeitando-se até
Persistente (PE) mesmo a privações sociais, em projetos de retorno incerto
(Drucker, 1986; Markman & Baron, 2003; Souza et al., 2004).
Grau de utilização da rede social para suporte à atividade
Sociável (SO) profissional (HISRICH & PETERS, 2004; LONGENECKER ET
AL., 1997; MARKMAN & BARON, 2003).
Pessoa que relaciona ideias, fatos, necessidades e
Inovador (IN)
demandas de mercado de forma criativa (BIRLEY &
5

MUZYKA, 2001; CARLAND ET AL., 1988; DEGEN, 1989;


FILION, 2000).
Pessoa que, a partir de um objetivo próprio, influencia outras
pessoas a adotarem voluntariamente esse objetivo (FILION,
Líder (LD)
2000; HISRICH & PETERS, 2004; LONGENECKER ET AL.,
1997).
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Schmidt e Bohnenberger, 2009

2.3. EMPREENDEDORISMO NO AMBIENTE ACADÊMICO

Segundo o GEM (2019), no Brasil, 46,2% dos empreendedores iniciais, tem o


ensino médio completo, partindo da ideia que há o aprimoramento de habilidades no
âmbito acadêmico, é de grande importância que haja o embasamento necessário
para a lapidação de habilidades que dão impulso à motivação empreendedora.
As experiências com o empreendedorismo no meio acadêmico mostram que
alguns aspectos podem ser ensinados, o desenvolvimento de atividades no meio
acadêmico que dão embasamento e conhecimento técnico para atitudes
empresariais, sendo a educação um instrumento utilizado para promover atitudes,
intenções e competências empreendedoras (MARTIN; MCNALLY; KAY, 2013).
Este pensamento corrobora com os estudos propostos por Matlay (2011) e
Bridgstok (2012) que versam sobre o papel das instituições de ensino superior (IES)
no compartilhamento do conhecimento e no ensino do empreendedorismo para que
os graduados tenham sucesso profissional como empreendedores. Portanto,
verifica-se que basicamente o empreendedorismo é reconhecido como um campo
multidisciplinar, sendo que nenhuma disciplina contempla todo o conhecimento
necessário para o empreendedorismo, já que é por meio de um embasamento
heterogêneo que se conhece todo o campo do empreendedorismo (PARKER, 2005;
MATLAY, 2011).
O empreendedorismo é reconhecido como um tema emergente, para tal, as
pesquisas relacionadas ao tema, devem englobar a pluralidade que o tema exige,
pois os assuntos são inter-relacionados e servem para ampliar as perspectivas e as
possíveis abordagens decorrentes desse assunto (MATLAY, 2008).
O estudo do empreendedorismo deve ser amplo, por meio de diversas
vivências e estudos que corroborem com um aprofundamento técnico, visando o
aumento da criatividade, do incentivo à inovação e identificação de oportunidades,
desenvolvendo assim a mentalidade empreendedora (HOLIENKA; HOLIENKOVÁ;
GÁL, 2015).
Além da necessidade de compor o conhecimento do aluno sobre o
empreendedorismo com temas técnicos, também existe a necessidade de abranger
os temas éticos inerentes à atividade empreendedora, o desenvolvimento de
valores, consciência cidadã e comprometimento ambiental são necessários, uma
vez que empreendedores são formadores de opinião em sociedade.

3 METODOLOGIA

Silva e Silveira (2007), afirmam que a metodologia pode ser caracterizada


como um conjunto de critérios e métodos utilizados para se construir um
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entendimento seguro e válido. Os procedimentos metodológicos, a ser seguidos


numa pesquisa, são os passos científicos necessários à estruturação da mesma, em
que o pesquisador se utiliza de todas as ferramentas investigatórias para atingir os
objetivos que a pesquisa propõe.
A pesquisa no tocante aos objetivos classifica-se como pesquisa
descritiva, que conforme Gil (2009) tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno estabelecendo, ou não
relação entre as variáveis predeterminadas. Segundo o mesmo autor diversos
estudos nesse segmento possuem como característica mais significativa à técnica
padronizada de coleta de dados.
Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa é caracterizada
qualitativa e quantitativa, pois, segundo Richardson (1999) o estudo qualitativo
permite a análise das variáveis de acordo com certo problema de um grupo, desta
forma possuindo um maior entendimento do comportamento do grupo e quantitativa,
pois utilizou recursos estatísticos para análise dos dados analisados e subsidiar as
considerações finais (GIL, 2002).
A amostra utilizada foi a amostra de meio, geográfico ou institucional,
conforme descrito por Pires (2008), este tipo de amostra caracteriza um universo
que deve ser tratado como uma totalidade, ainda que os dados sejam coletados em
diferentes locais, desde que se refiram a um mesmo meio. O universo analisável
forma o próprio corpus empírico da pesquisa.
A pesquisa foi realizada com os alunos do curso de ciências contábeis da
Universidade Federal do Ceará, por meio de compartilhamento de survey online,
como forma de captação primária de dados, onde será realizado o levantamento
prévio na coordenação do curso de quantos alunos estão com matrícula ativa no
momento da pesquisa, os turnos manhã e noite serão os utilizados no levantamento.
A coleta dos dados de pesquisa foi realizada por método Survey, por meio
de questionário desenvolvido por Schmidt e Bohnenberguer (2009), onde os dados
foram tratados para verificar a distribuição dos perfis empreendedores na conforme
exposto pelos autores onde a escala Likert foi adotada, com as possíveis escolhas
variando de: Discordo totalmente, Discordo parcialmente, indiferente, concordo
parcialmente e concordo totalmente.
O questionário foi realizado com perguntas relacionadas com os oito
atributos estabelecidos por Schmidt e Bohnenberguer (2009), sendo cada temática
abreviada da seguinte maneira: Auto Eficaz (AE), Assume riscos calculados (AR),
Planejador (PL), Detecta oportunidades (DO), Persistente (PE), Sociável (SO),
Inovador (IN), Líder (LD). Conforme ordem do quadro abaixo:

Quadro 2 – Questionário

DO1 Freqüentemente detecto oportunidades promissoras de negócio no mercado.


Creio que tenho uma boa habilidade em detectar oportunidades de negócio
DO2
no mercado.
Tenho controle sobre os fatores críticos para minha plena realização
AE1
profissional.
Profissionalmente, me considero uma pessoa muito mais persistente que as
PE1
demais.
7

Sempre encontro soluções muito criativas para problemas profissionais com


IN1
os quais me deparo
PL1 Tenho um bom plano da minha vida profissional.
Frequentemente sou escolhido como líder em projetos ou atividades
LI1
profissionais.
Frequentemente as pessoas pedem minha opinião sobre os assuntos de
LI2
trabalho.
LI3 As pessoas respeitam a minha opinião.
PL2 No meu trabalho, sempre planejo muito bem tudo o que faço.
Sempre procuro estudar muito a respeito de cada situação profissional que
AR1
envolva algum tipo de risco.
PL3 Tenho os assuntos referentes ao trabalho sempre muito bem planejados.

IN2 Prefiro um trabalho repleto de novidades a uma atividade rotineira.

IN3 Gosto de mudar minha forma de trabalho sempre que possível.


SO Me relaciono muito facilmente com outras pessoas.
Me incomoda muito ser pego de surpresa por fatos que eu poderia ter
PL4
previsto.
Eu assumiria uma dívida de longo prazo, acreditando nas vantagens que uma
AR2
oportunidade de negócio me traria.
No trabalho, normalmente influencio a opinião de outras pessoas a respeito
LI4
de um determinado assunto.
AR3 Admito correr riscos em troca de possíveis benefícios.
SO1 Meus contatos sociais influenciam muito pouco a minha vida profissional
Os contatos sociais que tenho são muito importantes para minha vida
SO2
profissional.
Conheço várias pessoas que me poderiam auxiliar profissionalmente, caso eu
SO3
precisasse.
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Schmidt e Bohnenberger, 2009

Após o tratamento dos dados colhidos, foram utilizados elementos


gráficos para melhor visualização do comportamento demonstrado pela pesquisa,
além da descrição das informações observadas e correlação das mesmas com a
bibliografia utilizada no trabalho.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A amostra analisada contou com 109 respondentes, que tiveram acesso ao


questionário do entre os dias 01 e 15 de agosto de 2021.O grupo de respondentes
corresponde a aproximadamente 12% de um total de 886 alunos com matrícula ativa
no curso de Ciências Contábeis da FEAAC, conforme informado pelas coordenação
do curso em Julho de 2021.
Dentre os respondentes, 51,9% são do sexo masculino e 48,1% feminino. A
maioria dos respondentes tem entre 18 e 25 anos de idade (75,2%), é residente na
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capital (78%) está trabalhando (70,6%) e recebem até dois salários mínimos
(77,9%).
Em relação ao semestre que está cursando, a maior parte se encontra no
meio do curso, sendo que 30,3% se encontra do 5° ao 6º semestree 22,9% entre o
3º e 4º semestres.
Em relação ao ensino médio e fundamental, 50,4% estudaram totalmente
ou a maior parte em escola pública, enquanto que 49,6% realizaram seus estudos
totalmente ou a maior parte em escola particular.
Após o questionário socioeconômico, foi aplicado o desenvolvido por
Schmidt e Bohnenberguer (2009), verificado por meio de escala Likert. O
questionário possuía cinco níveis de concordância, que para melhor entendimento
foram compactados em três por meio da soma dos índices de discordo totalmente
com discordo parcialmente, foi mantido indiferente, e somou-se concordo
parcialmente com concordo totalmente. Através dessa modificação passou-se a
observar o comportamento da amostra por meio das respostas ao questionário. Os
resultados gerais foram dispostos conforme quadro 3, a seguir:

Quadro 3: Distribuição dos perfis.

Distribuição do perfil empreendedor


Perfis Discorda Indiferente Concorda
Auto Eficaz 22% 13% 65%
Assume Riscos 19% 12% 68%
Detecta Oportunidades 33% 17% 49%
Inovador 26% 15% 58%
Líder 20% 15% 65%
Persistente 18% 14% 68%
Planejador 11% 12% 77%
Sociável 27% 12% 61%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

A distribuição da amostra ficou dimensionada principalmente em três


campos, o primeiro na área do planejamento com 77%, seguido por persistência e
assumir riscos, ambos com 68% de concordância obtida no questionário.
A maior taxa de discordância observada estava no perfil que detecta
oportunidades, seguido de sociável com 27% e inovador com 26%, tendo esse
último achado indo de encontro ao que foi proposto por McClelland (1984), que
definiu que a inovação é necessária para o perfil empreendedor.
Analisando a amostra geral, observou-se que a maior parte da
concordância com as perguntas, concentrou-se no perfil planejador conforme gráfico
1:
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Gráfico 1 – Perfil Planejador

Planejador
Discorda
11%
Indiferente
12%

Con-
corda
77%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

A grande concordância observada nos 77% da amostra, revela que a


maioria dos alunos entrevistados se identifica com as perguntas relacionadas à
formas de planejamento de carreira, e a propensão a atividades rotineiras, sentindo-
se incomodadas caso haja alterações no que havia sido previamente acordado.
Um indício dessa afirmação é que 87,2% responderam concordaram com
a afirmação do grupo de questões pertencente ao perfil planejador, definida como
PL4: “Me incomoda muito ser pego de surpresa por fatos que eu poderia ter
previsto”.
Ainda seguindo a ordem de concordância referente aos perfis
empreendedores tomando como base a quantidade de aprovação dada a cada
conjunto de questionamentos separados por tipo de perfis, a segunda maior
quantidade de afirmações positivas está centrada no perfil que assume riscos com
perguntas relacionadas ao controle de ações que possam impactar o futuro, as
divisões dos índices de concordâncias estão distribuídas, conforme indicado no
gráfico 2:

Gráfico 2 – Perfil Assume Riscos


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Assume Riscos

Discorda
19%

Indiferente
13%
Concorda
69%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021


Baseado nas informações colhidas, 68% dos entrevistados concordou
com os questionamentos referentes ao controle de ações para riscos controlados.
Um indicador importante para esse resultado é que apenas 84,4% dos participantes
concordaram com a afirmativa que dizia: “Sempre procuro estudar muito a respeito
de cada situação profissional que envolva algum tipo de risco”, o que pode indicar
uma tendência a ações conservadoras.
No estudo de Alves et all (2016), que também utilizou o questionário de
Schmidt e Bohnenberguer (2009), tendo realizado em seguida uma análise fatorial, a
pergunta “Sempre procuro estudar muito a respeito de cada situação profissional
que envolva algum tipo de risco” foi associada ao perfil planejador, o que reforçaria o
principal perfil identificado aos respondentes da pesquisa.
Outra característica marcante na amostra é a frequência de respostas
afirmativa na pergunta que indica o perfil empreendedor persistente, conforme
descrito em: “Profissionalmente, me considero uma pessoa muito mais persistente
que as demais”.
Observando o gráfico 3, verifica-se que a terceira maior quantidade de
concordâncias com o perfil persistente.

Gráfico 3 – Perfil persistente


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Persistente

Discorda
18%

Indiferente
14%
Concorda
68%

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Verificou-se que 68% concordava que se considerava como uma pessoa


mais persistente que as demais e apenas 18% não concordava com essa afirmação,
conferindo a amostra a tendência de resiliência.
As maiores taxas de discordância dos grupos analisados estavam
concentradas no perfil que detecta oportunidades com 33,5% que discordava de tais
afirmações e do perfil inovador com 26,3% de discordância.
Considerando as respostas em seu sentido geral, fora dos três maiores
grupos listados acima, uma pergunta referente ao perfil Líder, também teve um
elevado número de concordância, a pergunta é descrita por: “As pessoas respeitam
a minha opinião”, onde 79,8% concordaram com tal afirmativa.
A pesquisa foi segmentada em outros dois tipos de grupo para a busca de
possíveis diferenças sensíveis em determinados públicos, um sobre egressos de
escolas públicas versus particular, e outro entre alunos que se definiram como
homens e mulheres.
A primeira análise comparativa, foi realizada com alunos que tiveram a
sua educação básica em escolas públicas e em escolas privadas, onde os
percentuais encontrados são expostos abaixo:

Quadro 3 – Comparativo de Perfil empreendedor entre egressos de


escolas públicas versus particular.
Escola Pública Escola Particular
Discord Concord Discord Concord
Indiferente Indiferente
Perfis a a a a
Auto Eficaz 20% 18% 62% 24% 7% 69%
Assume Riscos 14% 15% 71% 24% 10% 66%
Detecta Oportunidades 33% 19% 48% 34% 15% 51%
Inovador 24% 15% 61% 28% 15% 56%
Líder 20% 14% 66% 20% 16% 56%
12

Persistente 18% 13% 69% 19% 15% 67%


Planejador 9% 13% 78% 14% 11% 76%
Sociável 27% 12% 61% 26% 13% 61%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021
As informações verificadas por meio da avaliação dos modelos de ensino
básico em escola pública não mostraram diferenças significativas em comparação
com a amostra geral, embora os alunos que estudaram em escola particular tiveram
uma alta taxa de respostas afirmativas nas perguntas referentes ao perfil auto eficaz.
Na avaliação entre os perfis empreendedores entre homens e mulheres, foi
verificado os níveis de concordância e discordância na busca por diferenças que
pudessem ser significativas, a variação pode ser vista a seguir:

Quadro 4: Comparativo de Perfil empreendedor entre Homens e


Mulheres.
Homens Mulheres
Perfis Discorda Indiferente Concorda Discorda Indiferente Concorda
Auto Eficaz 21% 18% 61% 23% 8% 69%
Assume Riscos 14% 14% 73% 25% 12% 64%
Detecta Oportunidades 24% 18% 58% 44% 15% 40%
Inovador 22% 21% 57% 31% 9% 60%
Líder 15% 19% 66% 25% 11% 64%
Persistente 14% 19% 67% 23% 8% 69%
Planejador 10% 15% 75% 13% 9% 78%
Sociável 23% 18% 60% 31% 7% 63%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.
O quadro comparativo pode mostrar uma tendência entre ambos por algumas
diferenças, a primeira mostra que as mulheres que responderam á pesquisa tendem
a ser mais auto eficazes do que os homens, contam com 69% de concordância, em
detrimento de 61% dos homens, já os homens tendem a detectar mais
oportunidades do que as mulheres, onde 58% concordam com as afirmativas
relacionadas a tal perfil, contra 40% verificados em mulheres.

5 CONCLUSÃO

Após a pesquisa realizada com 109 respondentes, averiguou-se a


quantidade de informações relevantes para a construção do perfil empreendedor dos
alunos de ciências contábeis da UFC campus fortaleza, com os achados referentes
a formação da amostra, observou-se que a maior parte era composta por homens,
que em sua maioria residem na capital, que recebem entre um e dois salários
mínimos, e além disso a maioria tem de 18 a 25 anos, e cursa do 5 ao 6 semestre
em sua maior parcela.
Quanto á descrição do perfil predominante verificou-se que apesar da
multiplicidade de perfis presentes da amostra, a maioria das concordâncias com
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afirmativas referentes ao grupo de perfil predominante foi sugestivo no que indica o


de planejador, seguido por assume riscos e persistente. Tais achados sugerem que
há a predominância de um comportamento mais conservador no meio acadêmico
pesquisado. Segmentando a amostra por sexo masculino e feminino, o feminino teve
uma leve tendência ao perfil auto eficaz enquanto o masculino ao assume riscos. Já
quando verificado os alunos egressos de escola pública em detrimento ao da escola
particular, o da escola pública identifica-se mais com assume riscos, enquanto da
particular auto eficaz.
Pesquisas posteriores podem aprimorar os resultados obtidos, por meio
de uma amostra com quantitativo maior, realizadas em outras instituições de ensino
superior no estado, traçando assim uma imagem mais detalhada da constituição do
perfil empreendedor baseando-se nas diferenças observadas. Uma das maiores
dificuldades observadas na pesquisa foi referente à coleta de dados, já que a
pandemia de COVID-19 afetou o acesso aos discentes por meio físico e o alcance
virtual não é possível em determinadas situações.

REFERÊNCIAS

ALVES, Allan Carlos et al. O Perfil Empreendedor do Estudante do Curso de


Ciências Contábeis da UEPB. POLÊM!CA, [S.l.], v. 16, n. 2, p. 017-039, maio 2016.
ISSN 1676-0727. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/22843/16380>.
Acesso em: 05 jan. 2021. Doi: https://doi.org/10.12957/polemica.2016.22843.

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