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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB

O EMPREENDEDORISMO NA GESTÃO ORGANIZACIONAL

Gláucio Nunes da Silva1


RESUMO

O mundo está passando por transformações cada vez mais intensas e mais rápidas,
modificando as características da sociedade e as relações sociais. Este estudo teve como
objetivo geral analisar a empreendedorismo na gestão organizacional e o papel do indivíduo
dentro das organizações, seu processo criativo e empreendedor, avaliando sua contribuição
para a gestão das organizações. Com essa análise, o presente ensaio tem como ponto
norteador apresentar o empreendedorismo, o intraempreendedorismo e a inovação que surgem
como fundamentais para a sobrevivência e manutenção das mais diversas organizações. Para
tal utilizou-se de metodologia de pesquisa exploratória, tendo como coleta de dados o
levantamento bibliográfico de autores relevantes sobre o tema, como Alonso (2007), Bateman
e Snell (2011), Bittencourt (2006), Dornelas (2008), Drucker (1987), Filion (1999),
Maximiano (2011)), dentre outros. As conclusões mais relevantes perpassam pela necessidade
organizacional de utilizarem o empreendedorismo na gestão para gerenciar as oportunidades
de negócios frente à competitividade do mercado e outras ameaças ao sucesso, sensibilizando
sobre a iminente implementação de efetivas ferramentas de gestão empreendedora nas
organizações.

Palavras-chaves: Empreendedorismo. Intraempreendedorismo. Gestão Organizacional.


Inovação.

1 Introdução

O tema empreendedorismo, principalmente entre os teóricos contábeis e da


administração, tem sido de muita discussão recentemente neste cenário globalizado em que
vivemos.
Esta evidência do tema se deve à sua importância ao alcance de objetivos tanto da
organização, quanto das pessoas, destacando ainda seu papel para o desenvolvimento
econômico dos países pelo mundo. Nesse sentido, torna-se importante para os indivíduos e
organizações conhecer melhor o tema empreendedorismo.
O mundo está passando por transformações cada vez mais intensas e mais rápidas,
modificando as características da sociedade e as relações sociais. Nas organizações não é
diferente, o relacionamento entre as organizações e os indivíduos reflete as transformações
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Pós-graduando em Gestão Contábil e Financeira na Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB.
glaucio.contabilidade@gmail.com
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que ocorrem na sociedade e o perfil dos trabalhadores está se adaptando a estas


transformações.
O trabalhador passivo que cumpre suas atividades com rigor, estritamente obediente às
regras, deixou de ser o esperado e cedeu espaço ao trabalhador proativo, capaz de
compreender de forma abrangente as atividades da organização e contribuir com sugestões e
novas ideias para o seu desenvolvimento.
A capacidade de cultivar bons relacionamentos e a criatividades são características
essenciais para o trabalhador atual. No mesmo sentido, as organizações passaram a dar uma
maior visibilidade à satisfação desse trabalhador, objetivando a formação e retenção talentos.
Diante deste contexto de progresso tem-se como objetivo geral analisar a
empreendedorismo na gestão organizacional e o papel do indivíduo dentro das organizações,
seu processo criativo e empreendedor, avaliando sua contribuição para a gestão das
organizações.
A escolha do tema justifica-se, visto que, as organizações atuais buscam a adoção de
práticas de gestão empreendedora que incentivem a criatividade, o intraempreendedorismo e a
inovação dentro do ambiente organizacional, identificando novos mercados e ampliando seus
negócios; melhorando, assim, sua capacidade de competição no mercado.
Para o alcance do escopo do ensaio buscou-se como metodologia de pesquisa, a
pesquisa exploratória, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico embasado
numa perspectiva teórica dos principais autores e mais relevantes sobre o tema, identificando,
preliminarmente os elementos, objetivando, ao término, admitir uma conclusão abrangente
sobre o empreendedorismo na Gestão Organizacional.

2 Definições e Origens do Empreendedorismo

O empreendedorismo é um tema relativamente novo na academia e vem despertando


muito interesse em âmbito nacional e internacional. Mesmo com todo interesse que o tema
desperta não existe um consenso sobre a definição de empreendedorismo. A teoria em torno
do tema e o próprio termo passa por uma evolução paralela (HISRICH, 2004 apud CRUZ,
2005).
De acordo com Dolabela (1999) o empreendedorismo como ramo de conhecimento
ainda não possui padrões definitivos ou princípios gerais, livres de questionamentos, pois está
em uma fase de amadurecimento das teorias conceitos e definições.
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2.1 Origens do Empreendedorismo

A palavra “empreendedor”, de acordo com Cruz (2005), foi utilizada pela primeira vez
no início do século XVI para identificar homens responsáveis pela coordenação de operações
militares. Ao longo do tempo o termo foi ganhando novos significados.
De acordo com Cruz (2005) a relação entre risco e empreendedorismo surgiu no
século XVII quando os empreendedores firmavam contrato de prestação de serviço ou
fornecimento de produtos com preços pré-fixados, sendo os lucros ou prejuízos provenientes
da operação responsabilidade exclusiva do empreendedor.
De acordo com Cruz (2005) e Dornelas (2008) o termo empreendedor chegou a ser
utilizado para identificar empreiteiros, construtores de pontes, pessoas que se associavam a
donos de terras, entre outras.
O termo francês “entrepreneur” significa algo como “empreiteiro”, sendo traduzido
para o inglês como aventureiro remetendo às aventuras comerciais em que muitas pessoas
embarcavam.
Na Inglaterra diversos autores se dedicaram a compreender o papel do empreendedor
no desenvolvimento econômico. Entre os teóricos que contribuíram para a compreensão do
tema estão Adam Smith e Alfred Marshall (CRUZ, 2005).
Smith descrevia o empreendedor como um proprietário de capital, fornecedor de
capital e administrador que atua na relação entre trabalhador e consumidor. Esta percepção
corrobora com a visão que prevalecia na época do empreendedor como alguém que buscava
multiplicar o capital.
Por outro lado, Marshall associava a figura do empreendedor à capacidade de assumir
riscos reunindo o capital e o trabalho necessário para conduzir o negócio e ainda assume a
supervisão detalhada em busca do sucesso do empreendimento. Este autor ressalta ainda a
capacidade de inovação como característica do empreendedor (CRUZ, 2005).
Dornelas (2001) relata que no final do século XIX e início do século XX o termo
empreendedor foi adotado para designar gerentes ou administradores. Essa relação que coloca
o empreendedor sempre a serviço do capitalismo vigora até os dias atuais.
Como depreende-se a origem do termo empreendedor é antiga, porém seu significado
sofreu grandes transformações ao longo da história sendo compreendido atualmente como
elemento essencial para o desenvolvimento econômico e também social (CRUZ 2005).
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2.2. Definições de Empreendedor e Empreendedorismo

Entende-se como empreendedor o indivíduo que tem a capacidade de observar uma


oportunidade ou necessidade e mobilizar os recursos necessários para aproveitar essa
oportunidade ou satisfazer a necessidade identificada.
O empreendedorismo entendido como um movimento de estímulo ao espírito
empreendedor e a geração de novos negócios, vem crescendo como uma opção profissional
aceita dentro da economia mundial (Palmeira, 2006, p. 25).
Empreendedorismo é um termo usado para descrever um comportamento voltado ao
pensamento estratégico e à exposição ao risco, que resulta na criação de novas oportunidades
para indivíduos e organizações (SCHERMERHORN JR., 2007, p. 123).
Bateman e Snell (2011), afirmam que o empreendedorismo ocorre quando um
indivíduo empreendedor vai atrás de uma oportunidade lucrativa. Ser um empreendedor é
iniciar e construir uma organização, em vez de ser apenas uma parte passiva de uma delas.
Isso envolve a criação de novos sistemas, recursos ou processos para produzir novos
bens ou serviços e/ou satisfazer a novos mercados.
Empreendedor é um indivíduo que corre riscos e procura agarrar oportunidades que
outros deixam passar ou as enxergam como problemas ou ameaças. No contexto empresarial,
um empreendedor inicia novos empreendimentos dando vida a novas ideias de produtos ou
serviços (SCHERMERHORN JR., 2007, p. 123).
O empreendedor é entendido como aquele sujeito inquieto, intolerante com a
burocracia das grandes empresas, com uma grande ideia na cabeça e pouco dinheiro no bolso
(CASTOR e ZUGMAN, 2008, p. 89).
É sempre sensato considerar o empreendedorismo como o resultado de uma ação
individual em conjunto com fatores externos em uma abordagem mais profunda
(BITTENCOURT, 2006, p. 24). Deve-se analisar os aspectos motivacionais e de liderança
que induzem ao comportamento empreendedor.
Cerri (2007, p. 61), chama atenção dos chamados "empreendedores replicadores",
aqueles que se dedicam a criar e gerir negócios similares aos existentes, a fim de oferecer os
bens e serviços de que o mercado precisa. Tanto esse tipo de empreendedor, quanto os
tradicionais inovadores sinalizam que as portas da oportunidade econômica estão abertas para
quem quiser ousar.
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Diante de tantas definições pode-se concluir que o empreendedorismo é o


envolvimento de pessoas e processos, que levam a transformação de ideias em oportunidades
e a sua perfeita integração leva à criação de negócios de sucesso, Dornelas (2008).

3 O Empreendedorismo e suas Teorias

Em função da magnitude e das variáveis que o tema propõe, encontrar consensos em


relação ao empreendedorismo e suas facetas faz parte de um grande desafio; depreende-se, na
bibliografia sobre empreendedores e empreendedorismo, muitas narrativas de casos de
sucesso (CASTOR e ZUGMAN, 2008, p. 89).
A partir desses casos os autores esperam extrair alguns princípios gerais que se
aplicam àqueles que decidam pelo empreendedorismo em alguma área específica. Entretanto
não existem receitas nas quais o sucesso é inevitável, existem muitas falhas passíveis no
processo, porém, é necessário observar algumas experiências que possam contribuir para o
entendimento do comportamento empreendedor do ponto de vista acadêmico.
Pode-se abordar o empreendedorismo sobre a ótica de duas correntes: a economista e a
comportamentalista. Para os economistas, segundo Freitas (2003), empreendedor é aquele que
procura gerar riquezas e movimentar a economia, gerando lucros e investimentos ou, ainda,
empregos que garantam a sustentabilidade e o desenvolvimento.
Enquanto que os comportamentalistas consideram empreendedor aquele que busca
suas realizações pessoais, fortalecendo as relações interpessoais e tendo poder influenciador,
satisfazendo seus próprios objetivos frente aos outros (FILION,1999).

3.1. Características e Perfil empreendedor

Segundo Schermerhorn Jr. (2007), empreendedores acreditam possuir o controle de


seu próprio destino; autodirigidos e autônomos, persistentes, trabalhadores, e dispostos a se
empenhar ao máximo para alcançar o sonhado sucesso; por isso, gostam de correr riscos e
suportam situações com elevado grau de incerteza.
Palmeira (2006) complementa ainda com as seguintes características: desejo por
responsabilidade, preferência por riscos moderados, desejo de contínuo feedback, orientação
para o futuro, capacidade de organização no sentido de escolher as pessoas e os recursos
certos.
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Normalmente, um perfil típico do empreendedor é que possui visão do dinheiro como


símbolo do sucesso e não um fim em si mesmo.
Maximiano (2011), acrescenta as virtudes da criatividade e da capacidade de
implementação, da disposição para assumir riscos, da perseverança e otimismo, além do senso
de independência.
Por fim, têm-se, ainda, Filion (2000), que sintetiza algumas das principais
características comuns atribuídas aos empreendedores, encontradas em auto empregos,
proprietários de pequenos negócios e empreendedores em geral, como: tenacidade,
capacidade de tolerar ambiguidade e incerteza, bom uso de recursos, correr riscos moderados,
usar a imaginação e voltar-se para os resultados.

3.2. Empreender: suas vantagens e desvantagens

Consoante Palmeira (2006) o motivo básico para se empreender, mergulhando no seu


próprio empreendimento, na maioria das vezes, é a necessidade de se tornar seu próprio
patrão, evitando a relação de subordinação típica das empresas (Palmeira, 2006).
Sair da rotina, levar suas ideias adiante, ganhar dinheiro, desenvolver algo que traga
benefícios socialmente, também são motivos que levam as mais diversas pessoas ao
empreendedorismo (DEGEN APUD PALMEIRA, 2006).
Nesse sentido, segundo Maximiano (2011), existem inúmeras e concretas vantagens
em se criar e operacionalizar seu próprio negócio. O empreendedor assume a função de
empresário não tendo chefe e consequentemente dependente de suas próprias decisões. Pode
inovar e experimentar novas ideias por meio da sua criatividade ou em função da
concorrência. Tem perspectivas de ganhos financeiros consideráveis, se tiver êxito, o que lhe
trará o reconhecimento da comunidade.
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Figura 1: Vantagens e Desvantagens de se Empreender

Fonte: Adaptado de Maximiano (2011).

Em termos de vantagens, temos a autonomia relacionada à liberdade e o grau de


independência na tomada de decisões. O desafio corresponde ao entusiasmo de desenvolver
uma ideia, superando obstáculos e esforçando-se no aproveitamento das oportunidades. O
controle financeiro é não ficar refém de rendimentos salariais instáveis (MAXIMIANO,
2011).
Ainda, segundo o autor, a liberdade conquistada ao enfrentar uma situação difícil,
testando as próprias competências, esperando uma recompensa que não depende de outros,
são algumas vantagens desse espírito empreendedor. Por outro, assevera que se empreender
(auto emprego) parece fácil, a auto demissão pode ser ainda mais.
De fato, o empreendedorismo é uma das carreiras mais difíceis que alguém pode
escolher e algumas desvantagens notórias são: o sacrifício pessoal, relacionado com a
sobrecarga de trabalho e tempo escasso para a família, para o lazer e para a reflexão pessoal.
A sobrecarga de responsabilidades, ligado às possibilidades de sobreposição de
funções e tarefas e o isolamento no processo decisório se somam às desvantagens
apresentadas, assim como, a pequena margem de erro, resultante de decisões incorretas e
prejuízos que podem levar à falência do negócio.
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4 Empreendedorismo na Gestão

Alguns estudiosos do empreendedorismo estabelecem diferenças entre o


empreendedorismo e a gestão. O empreendedorismo fundamentalmente diz respeito à
visualização de uma oportunidade de negócios e à ação pragmática de realização de um
sonho, ideia ou insight.
Já a gestão refere-se à preocupação com o processo de tomada de decisão dentro das
organizações, bem como a articulação e o monitoramento das áreas funcionais.
Smilor apud Bateman e Snell (2011), sinaliza que enquanto os gestores operam dentro
de uma hierarquia de gestão mais formal, com os princípios da autoridade e responsabilidade
bem definidos, os empreendedores trabalham mais na lógica da network (redes de contatos
informais).

4.1 Gestão x Empreendedorismo

Os gerentes preferem possuir bens, enquanto os empreendedores costumam alugar ou


usar bens temporariamente. Nota-se que os gerentes costumam agir de maneira mais lenta e
evitando riscos, ao passo que os empreendedores agem de maneira mais ágil e gerenciam o
risco ativamente.
O quadro abaixo ilustra algumas diferenças nos sistemas de atividades de gestores e
empreendedores.

Fonte: Adaptado de Filion (2000).


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Maximiano (2011) interpela que ser um empreendedor objetivamente difere da


atuação de um gestor de uma empresa. Esse gestor empresário representa o lado formal do
negócio, é a pessoa que estabelece um negócio e o conduz no cotidiano diário.
O empreendedor representa o lado criativo e, ao mesmo tempo, prático, essencial para
o nascimento, crescimento e para a sobrevivência de um negócio.
Ainda segundo o autor, o empresário tem orientação administrativa; enquanto o
empreendedor tem uma atuação estratégica. Todo empresário deve ser continuamente
empreendedor.
De modo geral, a gestão se associa ao racional, enquanto o empreendedorismo, à
intuição, embora, em ambos os casos, essas propriedades devam ser considerados
predominantes, em vez de exclusivos (FILION, 2000).
Existem diferenças básicas entre a formação de gestores e empreendedores exigindo
assim métodos educacionais e treinamentos específicos nas diretrizes de capacitação de
ambos os casos conforme se observa retratado no quadro subsequente.

Fonte: Adaptado de Filion (2000).


A aquisição de conhecimento é o foco central da educação de uma maneira global,
enquanto na educação de gestão o que conta é o acesso ao know-how, ao passo que no
empreendedorismo é privilegiado a alfabetização pelo autoconhecimento (GASSE apud
FILION, 2000).
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4.2 Organizações Empreendedoras x Clássicas

Assim com individualmente existe uma diferenciação entre gestores e


empreendedores, entre as organizações é possível observar aquelas que adotam um modelo
tradicional de negócio, sendo reativa às tendências de mercado, se adaptando para sobreviver
e aquelas que estão sempre inovando, antecipando tendências e criando soluções.
O quadro a seguir apresenta algumas características típicas das organizações clássicas
em um comparativo com organizações empreendedoras. Nas organizações clássicas a gestão
gerencial é adotada como modelo enquanto as organizações empreendedoras adotam um
perfil de gestão baseado no empreendedorismo.

Fonte: Adaptado de Melo Neto e Froes (2002, p. 11) apud Oliveira (2004, p. 13).

Independente da adequação de um ou outro modelo, vale ressaltar que, em alguns


setores, o perfil de organização clássico encontra maior aceitação que as organizações
empreendedoras, enquanto em outros setores econômicos as características empreendedoras
são indispensáveis para a manutenção e até sobrevivência organizacional, consequentemente,
melhorando a qualidade de vida da sociedade.

5 As estratégias do Empreendedorismo e o Intraempreendedorismo

Castor e Zugman (2008) ressaltam que desenvolver a capacidade empreendedora é


vital na composição da estratégia empresarial. É mister neutralizar os entraves que eliminam a
criatividade e a agilidade nas mudanças. Os autores alegam que, num contexto de rápida
evolução tecnológica e científica, associadas a profundas mudanças socioculturais, as
organizações contemporâneas dependem de sua capacidade de reinvenção contínua.
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5.1 Importância estratégica do Empreendedorismo nas diversas organizações

O crescimento no tamanho da organização, normalmente gera burocracias excessivas


que precisam ser contornadas. Às vezes as necessidades de uniformidade, de controle e de
formalização sufocam a iniciativa individual e inibem ou limitam a criatividade, além de
tolher as manobras alternativas para o desenvolvimento de novos projetos e ideias.
Imperioso estimular os membros da organização para que exercitem a inventividade e
tenham percepções transformadoras. Nesta análise do empreendedorismo como concepção
estratégica, é fundamental verificar a contribuição de Mintzberg, Ahlstrand e Lambel (2010),
para os quais existe a configuração de uma escola empreendedora, na qual a concepção
estratégica se entende como um processo visionário. Isso significa que a estratégia é
concebida com foco na liderança organizacional que procura prospectar o futuro.

5.2 Intraempreendedorismo e Inovação

O incremento industrial cumpriu um papel fundamental no desenvolvimento dos


negócios. Foi proporcionado um crescimento da produção em escalas nunca antes imaginadas,
alavancando-se o desenvolvimento econômico e social, por meio da criação de novos
empregos e de uma cadeia de fornecedores e consumidores.
Ainda em franco desenvolvimento, as organizações estão também em constantes
transformações, adquirindo novas configurações cada vez mais rápido. Estas mudanças
afetam a forma, a dimensão, a administração e principalmente as relações entre capital e
trabalho, tendo como mola propulsora a produção de conhecimento e o acesso cada vez mais
fácil à informação.
Um dos efeitos destas mudanças é o próprio perfil dos trabalhadores, que passaram a
ter mais acesso à informação, vislumbrando novas possibilidades. O desenvolvimento da
cultura empreendedora no interior das organizações é evidente e se fortalece cada vez mais,
alterando a dinâmica das relações entre as organizações e seus trabalhadores, notadamente nas
empresas com fins lucrativos.
É comum os trabalhadores desenvolverem atividades paralelas não apenas para
aumentar sua renda, mas também para alimentar o sonho de, um dia, se tornarem donos do
seu próprio negócio. Esta característica já havia sido observada por Pinchot (1989), ao
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observar que os empreendedores normalmente não são motivados inicialmente pelo dinheiro e
sim por uma necessidade muito forte de realização.
Neste cenário está se desenvolvendo o conceito do intraempreendedorismo, que surge
como oportunidade para as pessoas e também para as organizações. Estas, atualmente vivem
conflitos relacionados à competitividade, devido à abertura de mercado imposta pela
globalização e até mesmo pela ampliação das iniciativas empreendedoras dos concorrentes.
A definição inicial de intraempreendedorismo advém de Pinchot (1989), ao
argumentar que as empresas necessitam cada vez mais de pessoas com liberdade para criar e
estabelecer o próprio ritmo, sendo menos controladas e mais estimuladas, através do
estabelecimento de metas.
Não existe empreendedorismo e consequentemente o intraempreendedorismo sem a
perspectiva e a prática da inovação. A inovação é o instrumento essencial dos
empreendedores. O meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para o
negócio da organização.
Drucker (2003) infere que a inovação não é algo esporádico, eventual e sim um
fenômeno que os intraempreendedores precisam buscar, de forma deliberada. É uma forma de
estabelecer mudanças que permitam o aproveitamento das oportunidades.
A importância da inovação no empreendedorismo e na Gestão organizacional é uma
unanimidade, sendo uma premissa defendida por todos os pesquisadores que se dedicaram a
este assunto e, dentre eles, Drucker (2003).

6 Conclusão

O presente estudo teve como objetivo geral analisar a empreendedorismo na gestão


organizacional e o papel do indivíduo dentro das organizações ao longo do tempo, seu
processo criativo e empreendedor, avaliando sua contribuição para a gestão das organizações.
Organizações essas, que reconhecem que a capacidade de inovar é fundamental no
processo de adaptação às constantes transformações de cenários e a inovação é viabilizada
pelo intraempreendedorismo criado pelos indivíduos.
O segredo do empreendedorismo costuma ser definido em poucas palavras: saber
reconhecer oportunidades. No entanto, a simplicidade da frase esconde a complexidade de
detectar novos negócios em mercados mutáveis, que cruzam fronteiras, aproximam culturas e
estão repletos de "armadilhas mortais" (ALONSO, 2007, p. 69.)
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As conclusões mais relevantes perpassam pela necessidade organizacional de


utilizarem o empreendedorismo na gestão para gerenciar as oportunidades de negócios frente
à competitividade do mercado e outras ameaças ao sucesso, sensibilizando sobre a iminente
implementação de efetivas ferramentas de gestão empreendedora nas organizações.
Os resultados de certa forma convergem com a literatura e autores pesquisados, dentre
eles, Alonso (2007), Bateman e Snell (2011), Bittencourt (2006), Dornelas (2008), Drucker
(1987), Filion (1999), Maximiano (2011). Portanto, pode-se inferir após a conclusão da
pesquisa que deveras, é latente a necessidade do empreendedorismo, intraempreendedorismo
e inovação na gestão das organizações.
As inferências descritas ao longo do texto devem ser analisadas dentro de seu
contexto, adicionando que ao observar algumas limitações de estudo pode-se partir do
pressuposto que seus resultados não são liquidantes, visto que, naturalmente existem muitos
aspectos ligados ao empreendedorismo que não foram abordados, na medida em que o
propósito do presente artigo também é proporcionar novas discussões acerca da Gestão
Organizacional Empreendedora.
Uma proposta factível para estudos futuros pode ser a realização de pesquisa
qualitativa e quantitativa, somadas a entrevistas com profissionais de diversas organizacionais
a fim de perceber como a Gestão Empreendedora pode ser idealizada e nutrida dentro das
organizações instituições.
Tendo em vistas os objetivos propostos nesta produção, foram abordadas as definições
e origens do empreendedorismo, suas teorias, vantagens e desvantagens, assim como o
empreendedorismo na gestão e o retrato de organizações empreendedoras e clássicas e, por
conseguinte, as estratégias do empreendedorismo, intraempreendedorismo e inovação;
conceitos fundamentais para a adaptação às mudanças constantes no contexto globalizado em
que as organizações se encontram.
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