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RESUMO
O trabalho em questão tem por objetivo geral analisar o perfil empreendedor feminino na cidade de
Pratápolis MG, pretendendo responder ao questionamento: qual é a percepção sobre as partes mais
positivas e negativas do empreendedorismo? Qual a motivação para o empreendedorismo feminino? A
revisão da literatura traz a abordagem sobre empreendedorismo geral e feminino desde conceitos mais
anteriores como os desenvolvimentos recentes da teoria, a descrição dos procedimentos metodológicos
quanto aos métodos e meios utilizados para a pesquisa bibliográfica e de campo, que caracteriza o
estudo, o campo, o universo e a coleta dos dados, tratamento dos dados e limitações do método. Após,
faz-se a apresentação dos resultados obtidos em cada questionário respondido pelas 22 empreendedoras
que fizeram parte da pesquisa. Pelos resultados obtidos foi possível analisar a problemática de analisar
os fatores contribuintes no incentivo para a participação feminina do empreendedorismo local, que em
sua maioria, as empreendedoras são por necessidade e herdeiras, com idade entre 40 e 60 anos; elas
percebem que o ponto positivo mais relevante é a independência e autonomia, e o ponto negativo mais
relevante é a falta de descanso. Portanto, a realização desta pesquisa trouxe contribuições importantes
no conhecimento para a área da Administração de Empresas, visto que o administrador através das
dimensões social, educativa e administrativa de sua profissão pode também desenvolver trabalhos de
conscientização sobre a importância de sua atuação em empresas, com análises relacionadas ao perfil
empreendedor de determinado município.
INTRODUÇÃO
Atualmente a quantidade de mulheres que optam por abrir seu negócio tem crescido
consideravelmente, em especial nas cidades pequenas. Alguns destes negócios já nascem
equipados, com uma estrutura mais elaborada, outros nas próprias residências das
empreendedoras com menos sofisticação. Mas o que faz com que essas mulheres decidam
1
Graduada pelo curso de Administração da Universidade do Estado de Minas Gerais MG,
(amandalara.perera@hotmail.com);
2
Graduada pelo curso de Administração da Universidade do Estado de Minas Gerais MG,
(elizamaia34@gmail.com);
3
Prof. Esp. do Instituto Máris Célis (davilemosreis1@gmail.com)
4
Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Administrador de empresas, Especialista em Gestão
de Pessoas e Professor na Universidade do Estado de Minas Gerais (edson.martins@uemg.br).
5
Prof. Me. e coordenadora do curso de Administração da UEMG (marise.fornari@uemg.br).
investir e ter sua própria empresa? Como elas se planejam para enfrentar as diversas situações
que podem afetar de forma positiva ou negativa o seu empreendimento?
A presente pesquisa servirá como uma base para busca de informações e compreensão
de situações frequentes e também singulares. Tem como objetivo geral analisar o perfil
empreendedor das empresárias do município de Pratápolis MG. Os objetivos específicos se
baseiam em: avaliar quais são os fatores que contribuem como incentivo para a participação
das mulheres nos empreendimentos e contrastar as propensões e dificuldades encontradas por
elas durante o momento de abertura do negócio até os dias atuais.
O presente trabalho ainda se justifica pela emergência do tema sobre
empreendedorismo, principalmente considerando que este já é visto como fator de crescimento
econômico. Ainda contribui para justificar esta pesquisa pela escassez do assunto aplicado a
pequenas localidades e que investigam cenários de empreendedorismo feminino de maneira
geral.
METODOLOGIA
Baseado em Gil (2010), afirma-se que neste trabalho utilizou-se uma pesquisa de
natureza básica, método exploratório cujos meios foram a pesquisa bibliográfica e pesquisa de
campo através da coleta de dados na cidade de Pratápolis/MG, que de acordo com dados IBGE
(2016, on line) tem população estimada de 8.910 habitantes. Sua economia esta baseada
principalmente na pecuária de leite e corte e também na plantação de milho, algodão e cana-de-
açúcar.
Para a coleta de dados com fonte primária, buscou-se a coleta não probabilística
estruturada em questionário do tipo survey cuja abordagem é quantitativa, que segundo Marconi
e Lakatos (2004), está fundamentada na análise de dados que podem ser representados por
tabelas, gráficos e outros do mesmo gênero.
A pesquisa foi executada com empresárias do município de Pratápolis, onde foi aplicado
um questionário aberto em empresas administradas por mulheres, com uma população de 22
empresárias, todas estas à frente de empresas de pequeno porte.
DESENVOLVIMENTO
Empreendedorismo
O tema empreendedorismo circula com força em diversas dimensões sociais, cada vez
mais discutido em instituições de ensino, palestras e reuniões, tanto no Brasil quanto em outros
países. O empreendedorismo é um fator cada vez mais reconhecido de crescimento econômico,
seja de uma região ou até mesmo um país, é importante tanto para pequenos e médios negócios
quanto para os grandes e ajuda a provocar uma competição no ambiente interno decorrente
propriamente dito dos efeitos da globalização (SORIANO; HUARNG, 2013 apud OKANO et
al. 2016).
Para um empreendedor alcançar este sucesso é preciso que ele tenha características que
vão além dos atributos de um administrador. É preciso ser visionário, enxergar o futuro tanto
no negócio quanto em sua vida pessoal, colocar em prática seus sonhos e desejos; tomar
decisões corretas através de planejamento seguro e superar as dificuldades; tem que fazer a
diferença e explorar as oportunidades; ser determinado e dinâmico, saber colocar em prática as
ações e com dedicação passar por cima das dificuldades sempre com inovação e a dedicação
tem que ser intensa e interrupta; o prazer pelo que faz tem que existir para que haja determinação
e realização; a visão de independência gera mais força de vontade e como consequência do
esforço envolvido a recompensa financeira gera ainda mais animação; quando há trabalho em
equipe a liderança é destacada, pois há a valorização da equipe e busca por indivíduos com
melhores conhecimentos e que contribuirão para o negócio; seus contatos contribuem para a
melhoria, desenvolvimento e planejamento; o conhecimento é importante para o êxito, é
importante sempre buscar aperfeiçoar; apesar dos riscos que um negócio apresenta, os
empreendedores de sucesso assumem tais riscos de forma calculada e avaliam suas chances
reais e, por fim, geram empregos, inovam e contribuem para o mercado local e desenvolvimento
da economia (DORNELAS, 2014).
Ainda segundo Dornelas (2014), a decisão de investir em um projeto pode surgir por
acaso, como respondido por várias pessoas quando se deparam com a pergunta sobre sua
motivação para criar a empresa, porém existem vários fatores que contribuem para esta decisão,
seja por situações socioambientais, preferências pessoais, experiência na área e
consequentemente a vontade de se ter um seu próprio negócio.
Segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2009) sabe-se que o termo empreendedorismo tem
origem francesa, da palavra entrepreuneur, o qual o significado é aquele que está entre,
intermediário.
Durante os séculos houve modificações no conceito citado acima: na idade média o
termo intermediário foi concebido para ser atribuído aos participantes e administradores de
grandes projetos de produção; no século XVII tornou-se aquele que corre riscos; no século
XVIII a industrialização trouxe a diferenciação de empreendedor e fornecedor, onde o
empreendedor era o usuário de capital e o fornecedor era o investidor de risco. No século XX
surgiu a noção de que um empreendedor era inovador, pois o mesmo tomou a frente do
desenvolvimento de algo único.
[...] a inovação, o ato de lançar algo novo, é uma das mais difíceis tarefas para
o empreendedor. Exige não só a capacidade de criar e conceber, como também
a capacidade de entender todas as forças em funcionamento no ambiente. A
novidade pode ser desde um novo produto e um novo sistema de distribuição
até um método para desenvolver uma nova estrutura organizacional.
(HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2009, p. 29).
et al. 2003 apud FRANCO, 2014, p.5). Isto acontece porque a mulher tem uma propensão maior
para conseguir se ocupar com uma variação de papéis exercidos no trabalho e no lar, além disso,
possuem maior idoneidade para solucionar situações repentinas com maior engenhosidade,
mesmo sobrecarregada com os fatores familiares (STOLCKER, 1980 apud FRANCO, 2014).
Segundo Machado et al. (2003 apud FRANCO, 2014) o empreendedorismo feminino
tem iniciado mais por necessidade do que por oportunidade; vários fatores podem explicar esta
afirmação, como: uma possível frustração no emprego atual, realização pessoal, morte ou
separação do cônjuge, necessidade de ajudar a suprir as o sustento da família ou ate mesmo
para a autossustentação.
As mulheres empreendedoras podem ser dívidas em três grupos:
Empreendedoras por acaso: São aquelas que começam seu próprio negócio mesmo
sem ter um planejamento estratégico definido, geralmente não possuem objetivos claros e na
maioria das vezes não possui experiência.
Empreendedoras forçadas: São levadas por um motivo ou circunstância a assumir o
próprio negócio.
Empreendedoras criadoras: Neste caso se trata de mulheres que possuem coragem e
motivação para abrir seu próprio negócio (MACHADO, 2009 apud OKANO et al. 2016).
empreendedor tem que perceber o mercado de forma diferenciada, ver o que os demais não
Estudos ainda mostram que, a maioria das mulheres começou seu próprio negócio sem
ao menos possuir uma visão clara, e muitas, começam apenas para exercer um hobby, outras
por não possuírem uma profissão definitiva e também por incentivo da família (MACHADO,
2003 apud FRANCO, 2014).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Faixa etária NR %
30 a 40 anos 3 13,63 %
40 a 50 anos 8 36,36 %
50 a 60 anos 8 36,36 %
22 100 %
Total
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2017. NR = Número de respostas.
Tabela 2 Tipos de ramos das empresas pesquisadas Pratápolis MG, 2017.
Ramo NR %
Panificadora 3 13,64 %
Floricultura 1 4,55 %
Depósito 1 4,55 %
Drogaria 1 4,55 %
22 100 %
Total
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2017. NR = Número de respostas.
Pelos dados, observa-se que há uma preferência para o comércio varejista de artigos de
vestuário e acessório e também no comércio de variedades. Os menos pontuados foram:
empresas no ramo de beleza; confecção; laboratório de análises clínicas; floricultura; depósito;
drogaria; fabricação de presponto e fabricação de marmitas.
Resposta apresentada NR %
Sim 16 72,72 %
Não 6 27,28 %
Total 22 100 %
Isto mostra que a maior parte das mulheres pesquisadas já possuía algum contato com o
empreendedorismo, ou seja, já possuíam um norte a se traçar, suas famílias já proporcionava
um contato direto com o ambiente empreendedor, o que pode ser considerado um grande
influenciador de suas decisões de iniciar ou dar continuidade ao negócio.
Resposta apresentada NR %
Necessidade 9 40,91 %
Herança 2 9,09 %
Total 22 100 %
Segundo Dornelas (2014) empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam o
empreendedorismo devido a falta de opção, dentre os motivos estão a insatisfação no trabalho,
desemprego ou pela demissão. Geralmente iniciam seus negócios de forma informal e sem
muitos retornos financeiros.
Ainda segundo Dornelas (2014), existem fatores que influenciam o evento inicial para
se tornar um empreendedor, entre eles estão os Fatores Pessoais, Ambiente e Fatores
Sociológicos. Neste caso destacaremos os Fatores pessoais que são compostos pela:
Insatisfação no trabalho, ser demitido, assumir riscos, educação, idade, realização pessoal e
experiência. A decisão de se tornar um empreendedor acontece devido a fatores externos,
ambientais, sociais, aptidões ou ainda pela soma de todos esses citados, que segundo o autor
são cruciais para que haja o surgimento e/ou crescimento de uma empresa.
Ramo NR %
Desemprego 1 4,55 %
22 100 %
Total
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2017. NR = Número de respostas.
Resposta apresentada NR %
Total 22 100 %
Porem neste caso pode-se entender que é pelo fato de que a maioria das empresas existe
a mais 10 anos no mercado, tempo em que havia maior dificuldade de se encontrar uma empresa
de consultoria e também menor conhecimento do assunto na cidade já que mesmo nos dias
atuais ainda não existe nenhuma empresa de consultoria na mesma. É necessário também que
seja realizada uma campanha de divulgação do SEBRAE, para que as empresárias passem a
conhecer seus serviços e possam passar a buscar apoio e também para que sirva de incentivo
para que novas pessoas tenham interesse em empreender, de acordo com um planejamento e
auxílio do SEBRAE.
Resposta apresentada NR %
Sozinha 13 59,09 %
Sociedade 5 22,73 %
Total 22 100 %
Outras 22,73% das pesquisadas afirmam terem iniciado seu negócio e em sociedade.
Segundo Caetano (2014) iniciar um negócio em sociedade ou não é uma dúvida frequente entre
os empresários, segundo o autor qualquer tipo de sociedade é possível, entretanto se faz
necessário deixar alguns deveres e direitos definidos antes mesmo de se iniciar o negócio.
Por final, o número de pesquisadas que afirmam ter iniciado seus empreendimentos em
sociedade familiar representam 18,18% da pesquisa, apesar de resultados das perguntas
anteriores mostrarem que a presença do empreendedorismo no ambiente familiar estar
constantemente presente.
Ramo NR %
Total 22 100 %
Ramo NR %
Total 22 100 %
Resposta apresentada NR %
Não. 7 31,82 %
Gratificações. 1 4,55 %
Total 22 100 %
De acordo com os resultados desta questão mais de 50% das pesquisadas não possuem
nenhuma forma de valorização para equipe, onde 22,73% trabalham sozinhas e 4,55%
trabalham em família, 31,82% apenas não possuem. As demais oferecem benefícios como
comissões e sorteios, dias de folga, cumprimento de todas as leis trabalhistas, mantêm
relacionamento amigável e gratificações.
Tabela 11 Pergunta 9: Diferencial competitivo Pratápolis MG, 2017.
Resposta apresentada NR %
Possui um sinal sonoro que avisa os clientes cada hora que tem 1 4,55 %
Total 22 100 %
Além disso, foram citados também fatores como: ambiente de trabalho sempre limpo e
higienizado, o fato do proprietário estar sempre presente na empresa, confecções próprias, no
caso de uma das panificadoras aviso para os clientes de que os produtos acabaram de sair do
forno.
Dentre as respostas 31,82% afirmam não possuir nenhum diferencial competitivo, o que
pode ser visto como preocupante, pois vai à contramão das características empreendedoras
citadas pelo autor Dornelas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos com a coleta e análise dos dados atenderam ao objetivo geral de
analisar o perfil empreendedor feminino, com os dados obtidos identificou-se que a maior parte
das pesquisadas são empreendedoras por necessidade e empreendedoras herdeiras, com idade
entre 40 e 60 anos.
Quanto aos objetivos específicos de avaliar os fatores contribuintes para a participação
das mulheres no empreendimento local, foi identificado que a necessidade é um dos maiores
fatores contribuintes para o empreendedorismo feminino em Pratápolis/MG. Como analisado a
maioria das mulheres afirma não procurarem consultoria para o planejamento.
Entretanto não podemos deixar de citar que a grande maioria já possuía empreendedores
na família e também já possuíam algum tipo de experiência profissional, o que pode ter
colaborado como informações básicas para que elas se sentissem seguras e também com um
norte de para onde tocar o negócio.
O fato de trabalharem por conta própria, a independência financeira que cada uma
consegue conquistar e o aperfeiçoamento no conhecimento a vontade de estar sempre em
crescimento estão ligados aos maiores incentivos de iniciarem e continuarem com seus
empreendimentos. O histórico do empreendedorismo em suas famílias também é fator
contribuinte para a iniciativa empreendedora.
As empreendedoras consideraram a família atuante no mercado e a experiência
profissional anterior, fatores que proporcionaram a identificação da oportunidade da abertura
de seus negócios, porém somente uma empresária buscou auxilio para sua iniciativa e o restante
decidiu por iniciar seu negócio sem ajuda alguma e sem sociedade.
Elas observam como ponto positivo de se ter um negócio próprio, a autonomia que ele
proporciona, porém em contrapartida gerir um empreendimento é arriscado, causa instabilidade
financeira e se torna cansativo e dificulta as oportunidades de férias.
Os resultados mostraram que a maioria admite não valorizar ou estimular sua equipe de
colaboradores de forma alguma ou trabalham sozinhas. Outras respostas obtidas nesta pergunta
mostram que o conceito de valorização e estímulo de várias empresárias se baseia em valorizar
o tempo pessoal de seus funcionários, como folgas e férias, o bom tratamento e relacionamento
também tem destaque.
A grande maioria alegou não possuir um diferencial em relação a seus competidores, o
que acarreta em uma fraqueza e ameaça em relação a um cenário que esteja presente um novo
entrante ou um concorrente de maior destaque, tal pensamento coloca em risco o negócio e
precisa ser revisado.
A presente pesquisa foi importante para o melhor conhecimento dos perfis
empreendedores femininos do município de Pratápolis MG e a análise de como essas
mulheres enxergam seus negócios, observou-se que apesar de a maioria das pesquisadas
possuírem tempo considerável no mercado, ainda assim existem muitas melhorias a serem
feitas, entre elas o principal está na evidente falta de planejamento desde a abertura do negócio
até os dias atuais.
Pode-se dizer que há flancos novos a serem explorados a partir dos resultados, como as
principais dificuldades encontradas e fatores de dificuldade na jornada de empreendedorismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS