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ISSN: 1517-8900
faces@fumec.br
Universidade FUMEC
Brasil
EMPREENDEDORISM
EMPREENDEDORISMO FEMININO: MULHERES GERENTES DE EMPRESAS
EMPREENDEDORISMO
EMPREENDEDORISMO FEMININO:
MULHERES GERENTES DE EMPRESAS
FEMALE ENTREPRENEURSHIP: WOMEN MANAGERS FROM COMPANIES
Amélia Silveira
ECA/USP
RESUMO
A realidade da mulher gestora da micro e pequena empresa desperta interesse pelo estudo
do gênero feminino no ambiente destas organizações. Analisar as características, considera-
ções e entendimentos de um grupo de mulheres, que participam de uma associação em-
presarial de comercio e indústria de Santa Catarina, Brasil, constituiu-se no objetivo deste
estudo. A pesquisa exploratória, com método qualitativo, foi realizada por meio de entrevis-
ta estruturada, com análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que as gestoras apre-
sentam idade entre 33 e 54 anos, na maioria casadas e com filhos, e com formação
acadêmica de nível superior. A maioria trabalha mais de nove horas por dia. Participam, em
média, com 50% do valor no orçamento familiar. Consideram-se, em sua maioria, mulhe-
res de sucesso. Entendem como estratégia a necessidade de conhecimento acerca do
negócio e a dedicação à empresa. Os resultados do estudo são semelhantes aos encontra-
dos na literatura de empreendedorismo feminino.
PALAVRAS-CHAVE
Empreendedorismo feminino. Mulheres empreendedoras. Micro e Pequena Empresa. San-
ta Catarina. Brasil.
ABSTRACT
The reality of women managers of micro and small enterprises arouses interest in the study
of females in the environment of these organizations. Analyzing the characteristics,
AMÉLIA SILVEIRA · ANNA BEATRIZ CAUTELA TVRZSKA DE GOUVÊA
KEYWORDS
Female entrepreneurship. Women entrepreneur. Micro and small enterprises. Santa Catarina.
Brazil.
representatividade na comunidade, chegando a ser cobriu que as pesquisas disponíveis nesta área se
reconhecida como entidade consultiva do poder constituem em fenômeno relativamente recente.
público. O trabalho de Bandeira e Lima (2006), Os resultados das pesquisas encontradas nos últi-
intitulado “Cada caso que elas contam é um caso mos cinco anos da década de 1990 demonstra-
de sucesso”, mostra parte desta realidade. As ram que a área estava em estágio inicial de de-
empresárias que integram o núcleo da mulher senvolvimento de paradigmas. Os estudos apare-
empresária, em 2007, se constituem no objeto ciam de forma fragmentada e descreviam peque-
de estudo. nos segmentos da população empreendedora fe-
O objetivo geral busca analisar as característi- minina, mais freqüentemente do que a aplicação
cas, considerações e entendimentos destas mu- de teorias desenvolvidas em outras áreas. O estu-
lheres empreendedoras sobre as organizações que do examinou o número de pesquisas e variáveis
gerenciam quanto às estratégias que conduzem metodológicas empregadas e apresentou uma
ao sucesso e ao fracasso. Os objetivos específicos análise descritiva da mulher empreendedora. Su-
se voltam para: a) caracterizar as gestoras quanto geriu novos focos de pesquisa na área de estraté-
ao perfil pessoal e profissional; b) identificar as gias organizacionais orientados para o estabeleci-
características que consideram necessárias para mento de tipologias e desenvolvimento de teori-
empreender na organização; c) revelar o que se as e modelos.
consideram estratégia de sucesso; d) conhecer o Com relação ao empreendedorismo femini-
entendimento destas mulheres sobre sucesso e no, além de Moore (1990), outros autores se pre-
fracasso em relação às empresas que administram. ocuparam em analisar as pesquisas disponíveis
A justificativa para o desenvolvimento deste nesta área, procurando observar vários aspectos
estudo ampara-se no fato de que, até o momen- como, por exemplo, identificar e analisar concei-
to, ao que tudo indica, são ainda esparsas as pes- tos existentes, levantar as principais correntes de
quisas de cunho científico voltado para o cenário pensamento na área, identificar os autores mais
feminino empresarial catarinense. Esta investiga- citados nas pesquisas, entre outros aspectos. Cabe
ção procura agregar novos conhecimentos aos já destacar os trabalhos de: Mirchandani (1999);
existentes, na medida em que aprofundou a aná- Carter, Anderson e Shaw (2001); Davidsson e
lise das dimensões neste universo feminino em- Wiklund (2001); Chandler e Lyon (2001); Buse-
preendedor. nitz et al. (2003); Schildt e Sillanpää (2004); Va-
lência e Lamola (2005); Lituchy e Reavley (2004);
EMPREENDEDORISMO FEMININO Grégoire et al . (2006); e Filion e Rogers (2006).
Outro aspecto referente aos estudos de em-
Ao mesmo tempo em que cresce a atividade preendedorismo feminino volta-se para o enfo-
empreendedora das mulheres, cresce também a que das relações existentes entre a atividade em-
produtividade científica nesta área. Embora o cres- preendedora e gênero, sua trajetória evolutiva, as
cimento das produções seja perceptível, ainda não dificuldades e desafios enfrentados pelas mulhe-
se podem considerar numerosos os estudos so- res no mercado de trabalho, e remuneração per-
bre empreendedorismo feminino. cebida, entre outros. Com trabalhos nestas temá-
O interesse em conhecer a produção científi- ticas, podem ser destacados os seguintes autores:
ca sobre o empreendedorismo feminino motivou Ylinenpää e Chechurina (2000); Machado (2001);
o interesse de pesquisadores como Moore (1990). Petersen (1999), Scorzaface (2001), Johnatan
Este realizou uma investigação intensiva nas pes- (2003); Lages (2005a, 2005b); e Marlow e Pat-
quisas existentes nos anos 90, neste tema. Des- ton (2005).
AMÉLIA SILVEIRA · ANNA BEATRIZ CAUTELA TVRZSKA DE GOUVÊA
Alguns autores têm concentrado seus estudos tégias de administração participativa, com delega-
sobre aspectos relacionados ao perfil e às caracte- ção e disseminação da visão entre os colaborado-
rísticas comportamentais dos empreendedores. res. Buscam, com esta estratégia, contribuir para o
Estes estudos permitem constatar que, de forma crescimento de suas empresas e diminuir as so-
geral, os empreendedores possuem traços e ca- brecargas sobre si mesmas. As mulheres têm cons-
racterísticas de personalidade comuns entre si. ciência da influência de seu papel como empre-
Com relação à mulher empreendedora, especifi- endedoras na vida pessoal, na família e na socie-
camente, estudos de perfil e indicadores compor- dade. Na dimensão Individual, há destaque para
tamentais foram levantados por Zapalska (1997); as características pessoais que afetam a atividade
O’Meally (2000); Machado (2000); Ufuk e Os- empreendedora das mulheres, destacando-se
gen (2001); Colette e Kennedy (2002); Baycan indiscutível habilidade feminina em conciliar famí-
Levent, Masurel e Nijkamp (2002); Machado et lia e trabalho, embora sintam os efeitos estressan-
al. (2002); Porto (2002); Machado e Rouleau tes da constante busca de equilíbrio entre os di-
(2002); Machado, Barros e Palhano (2003); Mota, versos papéis de mãe, dona-de-casa, esposa e
Santos e Silva (2004), entre outros. De maneira empreendedora. Sendo afetadas pela limitação de
geral, a maioria destes estudos se voltou para a tempo para destinar aos filhos, as mulheres acre-
análise do perfil empreendedor ou comportamen- ditam que empreender oferece vantagens como
tal de homens e mulheres empreendedores. Re- maior liberdade, realização, autonomia e indepen-
sultados de alguns destes estudos sobre perfil dência financeira, além dos efeitos positivos da
demonstraram que as mulheres apresentam ca- satisfação com a atividade empreendedora sobre
racterísticas similares entre si. De forma geral, as suas vidas. Na dimensão Individual as mulheres
pesquisas sobre empreendedorismo feminino se que se percebem como possuidoras dos conheci-
dedicam ao estudo de empresas de pequeno e mentos e habilidades necessárias estão mais pro-
médio porte. pensas a iniciar novos negócios.
Cassol (2006), Cassol, Silveira e Hoeltgebaum Na dimensão Ambiente, existem evidências de
(2006, 2007), em estudos mais recentes, revisa- que as mulheres enfrentam desvantagens no cam-
ram os artigos científicos sobre o empreendedo- po do empreendedorismo em função do gênero,
rismo feminino, publicados em revistas internaci- enfrentando estereótipos de inferioridade em re-
onais da área de administração e de negócios in- lação aos homens, especialmente no acesso aos
dexadas na base de dados do Institute for Scienti- recursos financeiros, o que limita seu desempe-
fic Information (ISI), de 1997 a 2006. Os resulta- nho como empreendedoras. As mulheres sentem
dos contribuem para aumentar o conhecimento as influências do ambiente de forma particular e
disponível acerca do assunto, na medida em que muito mais intensa do que os homens. Há indica-
os achados foram interpretados como indicado- ção de que os aspectos sociais e culturais têm
res desta temática no mundo. Esta literatura foi maior influência. Alguns estudos apontam que as
classificada em quatro dimensões estratégicas, associações podem adotar práticas no sentido de
com base no estudo de Gartner (1985): Individu- levar as mulheres a usufruir de benefícios para
al, Ambiente, Organização e Processo. superar fatores sociais, culturais e históricos e le-
A dimensão Individual foi predominante nos var a elas os benefícios associativos.
artigos analisados. As evidências apontam que as A dimensão Organização permitiu constatar
mulheres enfrentam uma luta interna nas organi- que as estratégias adotadas pelas mulheres têm
zações, buscando equilibrar as demandas da vida influência direta no desempenho das organizações.
familiar e dos negócios. Para tanto, adotam estra- Para as mulheres, é muito importante o amplo
EMPREENDEDORISMO FEMININO: MULHERES GERENTES DE EMPRESAS
as pessoas pensam, planejam seu tempo, e diri- que fornece, tanto para a vida diária, como para a
gem seu dia. Assim, afirma: “todos tem a opção profissional.
de escolha que pode ser para o bem ou para o Schell (1995) afirma que, se a empresa for
mal. Porque somos o que pensamos, então o fra- bem sucedida, existe uma série de motivos que
casso é uma opção”. Em uma empresa o fracasso devem ser considerados, entre os quais: as con-
“pode acontecer de acordo por uma má adminis- tratações certas, as demissões certas, foco corre-
tração, descaso, falta de controle, comodidade e to, um bom produto, sistema de distribuição cer-
resistência por parte dos funcionários”, conforme to, planejamento e estratégias organizacionais cer-
a respondente C. No que tange ao sucesso, como tas. A causa número um do fracasso de peque-
parte dos estudos de empreendedorismo, trans- nas empresas é a “solidão” empresarial. O que
parecem, igualmente, as características motivacio- acontece é que a mesma independência que, a
nais. princípio, atrai para essa carreira, é um estorvo ao
O empreendedor de sucesso tem sido abor- sucesso. Aprendem-se as lições do dia-a-dia por
dado em trabalhos ao longo do tempo. Ansoff, meio do método de ensaio e erro, repetindo os
Dclerck e Hayes (1981) destacaram como fato- mesmos erros cansativos e desgastantes que os
res determinantes de sucesso: dominância, agres- antecessores vêm cometendo há tantos anos.
sividade, autoconfiança, otimismo, grande ener- Baty (1994) afirma que muitos fracassos em-
gia, independência, persistência, flexibilidade, cri- presariais são descritos como empresas que fali-
atividade e propensão ao risco. ram. Define-se falência como incapacidade crôni-
ca de pagar o que se deve a alguém. Na prática, a
No Brasil, acredita-se que o empreendedor de
empresa falida caracteriza-se pelo capital de giro
sucesso assume riscos calculados, desempenha
negativo, além da incapacidade de cumprir com
com responsabilidade suas ações, aprende com
as obrigações. Na verdade, para muitos empreen-
experiência e fracasso, tem elevado nível de com-
dedores, o que diferencia as condições atuais da
promisso com o trabalho, é orientado para a qua-
falência é o estado de espírito. As causas mais
lidade e eficiência, é criativo, é persistente, dinâ-
comuns da falência são, normalmente, combina-
mico e autoconfiante (SEBRAE, 1995).
ções de descapitalização, mau gerenciamento e
Marcondes e Bernardes (1997), quanto se tra- super exaustão. Entretanto, há fatores ainda mais
ta do sucesso da empresa, ressaltam que este influentes, como o não pagamento de um grande
depende do modo como o empresário influencia pedido, incêndio na fabrica, ação judicial de gran-
seus empregados. Dessa forma, para ser bem-su- des proporções, ou incapacidade de um devedor
cedido, o empreendedor deve desempenhar os renovar uma promissória. É especialmente trágico
papéis de líder e chefe, conduzindo a empresa de quando uma empresa em desenvolvimento, até
acordo com o momento, e função administrativa. certo ponto lucrativa, mas que absorveu todo o
Muitas empresas obtiveram o sucesso quando seu capital, se vê atingida por um desses fatores.
conseguiram estabelecer estratégias específicas Se o gerenciamento de caixa não for adequado,
para diferenciar-se dos concorrentes. A diferencia- se o patrimônio não puder ser liquidado, ou se as
ção possibilita vantagem competitiva da empresa condições de empréstimo estiverem desfavoráveis,
sobre a concorrência, trazendo, com isso, lucros e o resultado só poderá ser a falência.
satisfação dos clientes. Outro aspecto a ser obser- Segundo Kanitz (1978), toda falência é previ-
vado em um empreendedor de sucesso é o grau sível e é apontada por gravíssimos problemas fi-
de instrução, sendo preciso diferenciar instrução nanceiros. Viapiana (2000) reforça esta afirmati-
de conhecimentos. No caso, instrução é a escola va. Para a autora, a falência é utilizada para desig-
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nar o fracasso financeiro das empresas, o que re- deram sucesso empresarial e conhecer o enten-
presenta a insolvência delas, a incapacidade de dimento destas mulheres sobre sucesso e fracas-
saldar suas obrigações com os recursos existen- so em relação às empresas que administram, as
tes. questões foram igualmente abertas. As respostas
Bruin, Brush e Welter (2007), mais recente- abertas foram classificadas por meio de análise
mente, concluem que, embora os estudos relaci- de conteúdo (BARDIN, 1977; RICHARDSON,
onados ao empreendedorismo feminino tenham 1989). Sabendo-se que a análise de conteúdo é
crescido, e ampliado sua área de pesquisa, muito uma técnica que analisa informações registradas,
ainda está para ser pesquisado. Embora a realida- esta se desenvolveu a partir de três fases: a) pré-
de atual seja bem diferente do que havia até pou- análise - onde foi organizada a análise, e operaci-
cos anos, ainda há muito preconceito quando são onalizadas e sistematizadas as idéias iniciais esta-
abordados enfoques específicos como financia- belecendo os procedimentos a serem seguidos.
mento para empresas dirigidas por mulheres, car- Levou em conta exaustividade, representativida-
gos de direção para comandar uma equipe de de, homogeneidade, e pertinência, “buscando as-
maioria máscula, entre outros. O assunto que abor- segurar a adequação dos objetos selecionados para
da, como estratégias empresariais em organiza- a análise” (BARDIN, 1977, p. 42); b) exploração
ções e aspectos que envolvam sucesso e fracasso do material – onde foram consideradas as repre-
de empresas gerenciadas por mulheres, é tema sentações do conteúdo, ou da sua expressão, sen-
que merece, ainda, atenção. do esta uma palavra, frase, tema, ou item. (RI-
CHARDSON, 1989); c) tratamento dos resultados
MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA – envolveu a ausência ou presença de determina-
dos elementos, a freqüência com que aparece-
Sendo tênue o referencial teórico sobre o ram, a intensidade das expressões e a direção das
empreendedorismo feminino, foi realizada uma afirmações, envolveu a identificação da presença
pesquisa exploratória, com a adoção do método ou ausência de determinados elementos (RICHAR-
indutivo e qualitativo, visto que esse método per- DSON, 1989). Nesta fase foram relatados e inter-
mite aprofundar a essência do assunto em foco. pretados os resultados.
Para tanto, os objetivos específicos da pesquisa e Foram consideradas como sujeitos sociais 15
o que consta na literatura revisada se constituíram empresárias que, em maio de 2007, faziam parte
em pontos de partida. Os dados foram coletados integrante do núcleo da mulher empresária desta
por meio de entrevista, com base em um roteiro associação de comércio e indústria. Esta associa-
ou pauta, com questões abertas e fechadas. Esta ção, sendo uma das mais credenciadas da região,
pauta seguiu a ordem de abordagem de assun- foi selecionada considerando o que defende Gar-
tos. As entrevistadas responderam livremente as tner (1985), quanto à dimensão Ambiente. Ou
questões abertas, externando o que pensavam seja, que estas organizações associativas podem
sobre o assunto. Nas questões fechadas, que se ser vistas como forma de beneficio para que mu-
referiam às características pessoais e profissionais lheres superem fatores sociais, culturais e históri-
das respondentes, constava uma série de possí- cos, e que interferem em seu desempenho como
veis respostas, para preenchimento, com apenas gestoras em organizações. Assim, a amostra foi
uma alternativa de resposta possível. Para identifi- intencional, de conveniência, e por acessibilidade,
car as características que consideravam necessári- uma vez que quatro empresárias, por motivos
as para empreender, foi feita uma pergunta aber- particulares e profissionais, não fizeram parte inte-
ta. Da mesma forma, para revelar o que se consi- grante da pesquisa.
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No estudo de Sala (2006), o resultado foi de dificuldades na gestão da empresa, como a falta
que três empresárias dedicavam de seis a 14 ho- de financiamento e a falta de tempo para dedica-
ras diárias, sendo que o tempo dedicado à em- ção ao empreendimento foram apontadas. Ter
presa é entendido como fator de sucesso. Estas conhecimento, informações, e aprimoramento
mulheres são responsáveis por 50% do orçamento constante, mantendo o foco do negócio são pro-
familiar. cedimentos apontados pelas gestoras para que não
No estudo de Machado et al . (2003), a parti- haja fracasso. Este entendimento, até certo pon-
cipação no orçamento familiar ,de 42,22% das to, condiz com o que apresenta Baty (1994), em
mulheres pesquisadas, correspondia a 100% do seu trabalho.
orçamento familiar, sendo que 32% participavam No estudo de Zapalska (1997), um dos mais
com, pelo menos, 50%. A maioria das respon- citados na literatura revisada, os resultados eviden-
dentes (87,8%) não tinha outra atividade remu- ciam que as mulheres possuem as características
nerada. requeridas para o sucesso. Entre outros, podem
Em relação às características necessárias para ser citados: agressividade, positividade, determi-
ser uma empreendedora de sucesso, elas consi- nação, forte comportamento de liderança, habili-
deram o conhecimento, a dedicação, a determi- dades de comunicação e pensamento analítico,
nação e o constante aperfeiçoamento como ele- habilidades de liderança e controle interno, auto-
mentos fundamentais para ser uma empreende- nomia, ambição, energia, responsabilidade, ino-
dora de sucesso. As características entendidas vação e criatividade, tendência para correr riscos,
como necessárias para o ato de empreender são: prontidão para a mudança, habilidades sociais for-
motivação, sonho, criatividade, ousadia, foco, com- tes como persuasão, baixa necessidade de apoio,
petência, coragem, habilidade, persistência, dina- falta de sentimentalismo, e alto nível de habilida-
mismo, versatilidade, conhecimento, preparo, aper- de para inspirar outros.
feiçoamento constante e muita perseverança. Entre os achados da pesquisa de Valencia e
Consideram, em sua maioria, que são empre- Lamolla (2005), a experiência anterior, que pode
endedoras de sucesso. Apontam como principal ser entendida como conhecimento, é chave nas
estratégia, para assegurar o sucesso empresarial, habilidades das mulheres para iniciar um negócio
o conhecimento e a dedicação à empresa. Expli- próprio e melhorar seu desempenho. As mulhe-
cam que o sucesso transparece como forma de res são mais empáticas, em competências e adap-
reconhecimento, realização pessoal e profissional, tabilidades sociais, mais preocupadas com os ris-
concretização de sonhos e de felicidade. Da mes- cos que os homens, e percebem o empreende-
ma forma, a maioria quase absoluta vislumbra sua dorismo mais positivamente que homens. Consi-
empresa como de sucesso. Ponderam que sobre- deram a boa relação com empregados, clientes e
viver ao longo dos anos, em cenários de perma- outros profissionais como vitais para o sucesso nos
nente mudança, como acontece no Brasil, gerar negócios. Lerner, Brusch e Hisrich (1997), assim
empregos, renda e sustento para a própria família como Arenius e Kovalainen (2006), chegaram a
e a dos funcionários, é fator positivo. Nestes as- conclusões semelhantes em seus trabalhos.
pectos, suas empresas têm tido sucesso. Fica claro, no trabalho de Cassol, Silveira e
O entendimento de fracasso engloba falência, Hoeltgebaum (2007), que as mulheres, cuja or-
para algumas respondentes, ou seja, fechamento ganização obtém maior crescimento, desfrutam de
da empresa. Para outras, desmotivação, realizar maior satisfação em relação ao ato de empreen-
atividades por obrigação, acomodação. Também der. A mensuração de sucesso não se refere, so-
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mente, aos indicadores de lucro auferido, mas tam- ção e falta de foco. Problemas de gestão e de
bém aos índices de satisfação pessoal. Há evidên- falta de financiamento também transparecem.
cias de que as escolhas e as estratégias adotadas Assim, as gestoras aqui estudadas apresentam,
pelas mulheres na gestão de suas empresas têm em princípio, características semelhantes às en-
reflexo direto no crescimento das organizações. contradas em estudos regionais, nacionais e inter-
Os aspectos apontados neste trabalho, pelas nacionais.
gestoras em estudo, são semelhantes a alguns dos Este estudo aponta as limitações inerentes aos
indicados pelas gestoras universitárias investiga- delineamentos exploratórios, com método quali-
das por Miranda, Cassol e Silveira (2006) e Mi- tativo, também quanto ao contexto de estudo e
randa, Silveira e Hoeltgebaum (2008). Principal- ao número de respondentes. Mesmo assim, com
mente, no que refere ao conhecimento, entendi- esta abordagem inicial, visto ser parte integrante
do como necessário para a área de atuação, e sua de uma pesquisa mais abrangente, em desenvol-
continuidade como educação permanente, para vimento, acredita-se que contribui para o conhe-
obtenção de novas e permanentes atualizações, cimento no tema. A continuidade deste estudo,
aperfeiçoamentos e especializações. A dedicação, assim como a realização de outros que investi-
nos dois estudos, é vista como importante. Co- guem o empreendedorismo feminino em seus
nhecimento, aperfeiçoamento, habilidade, e per- inúmeros aspectos e contextos diferenciados, é
sistência foram ainda destacados como fatores importante para ampliar e consolidar o conheci-
importantes para o ato de empreender. Dessa mento no assunto, tanto do ponto de vista teóri-
maneira, sucesso é também entendido como de- co, como de prática em contexto regional brasilei-
pendente de conhecimento e de dedicação ao ro. >
empreendimento. Fracasso corresponde à falên-
cia, sendo sinônimo de acomodação, desmotiva- Recebido em: out. 2006 · Aprovado em: set. 2007
Amélia Silveira
Anna Beatriz Cautela Tvrzska de Gouvêa
Doutora em Ciências da Comunicação – ECA/USP
Pós-Doutora em Administração – FEA/USP
Professora/Pesquisadora da Universidade Regional de Blumenau - Universidade Regional de Blumenau – FURB
Aluna do Programa de Pós-Graduação em Administração
FURB
Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGAd) (PPGAd)
Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) Rua Antonio da Veiga, 140 - Bloco D – Sala 102
Rua Antonio da Veiga, 140 - Bloco D – Sala 102 CEP: 89012-900 - Blumenau, SC
CEP: 89012-900 - Blumenau, SC Telefone/fac-símile: 47-33210285
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e-mail: amélia@furb.br
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