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ALEXANDRE DE ALMEIDA FARIA · MARCUS WILCOX HEMAIS · ANA LUCIA MALHEIROS GUEDES

EMPREENDEDORISMO

FACES R. Adm. · Belo Horizonte · v. 7 · n. 3 · p. 105-122 · jul./set. 2008 123


EMPREENDEDORISMO FEMININO: MULHERES GERENTES DE EMPRESAS

EMPREENDEDORISMO

EMPREENDEDORISMO FEMININO:
MULHERES GERENTES DE EMPRESAS
FEMALE ENTREPRENEURSHIP: WOMEN MANAGERS FROM COMPANIES

Amélia Silveira
ECA/USP

Anna Beatriz Cautela Tvrzska de Gouvêa


Universidade Regional de Blumenau – FURB

RESUMO

A realidade da mulher gestora da micro e pequena empresa desperta interesse pelo estudo
do gênero feminino no ambiente destas organizações. Analisar as características, considera-
ções e entendimentos de um grupo de mulheres, que participam de uma associação em-
presarial de comercio e indústria de Santa Catarina, Brasil, constituiu-se no objetivo deste
estudo. A pesquisa exploratória, com método qualitativo, foi realizada por meio de entrevis-
ta estruturada, com análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que as gestoras apre-
sentam idade entre 33 e 54 anos, na maioria casadas e com filhos, e com formação
acadêmica de nível superior. A maioria trabalha mais de nove horas por dia. Participam, em
média, com 50% do valor no orçamento familiar. Consideram-se, em sua maioria, mulhe-
res de sucesso. Entendem como estratégia a necessidade de conhecimento acerca do
negócio e a dedicação à empresa. Os resultados do estudo são semelhantes aos encontra-
dos na literatura de empreendedorismo feminino.

PALAVRAS-CHAVE
Empreendedorismo feminino. Mulheres empreendedoras. Micro e Pequena Empresa. San-
ta Catarina. Brasil.

ABSTRACT
The reality of women managers of micro and small enterprises arouses interest in the study
of females in the environment of these organizations. Analyzing the characteristics,

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considerations and understandings of a group of women who participate in a business


association of commerce and industry of Santa Catarina, Brazil, was the objective of this
study. The research was exploratory with qualitative method, was done through structured
interview, with content analysis. The results show that managers have age between 33 and
54 years, mostly married and with children, and with top-level academic training. Most work
more than nine hours a day. They participate, on average, with 50% of the value in the
family budget. They are, mostly, women of success. The strategy was to know about the
business and dedication to the company. The study results were similar to those found in
the literature of female entrepreneurship.

KEYWORDS
Female entrepreneurship. Women entrepreneur. Micro and small enterprises. Santa Catarina.
Brazil.

INTRODUÇÃO preneurship Monitor (GEM), em 2006, confirmam


o crescimento da atividade empreendedora das
O entendimento acerca do empreendedoris-
mulheres na criação de negócios. O Brasil é o sex-
mo e de sua importância para o desenvolvimento
to colocado quanto ao empreendedorismo femi-
das nações está praticamente consolidado na lite-
nino, e o 13º no empreendedorismo masculino,
ratura da área. A visão mais atual que passa a per-
demonstrando que as mulheres detêm posição
mear o interesse refere-se ao papel da mulher
de destaque do Brasil (GEM, 2006). Mais especi-
enquanto empreendedora e gestora de negócios. ficamente no estado de Santa Catarina, há evi-
Este gênero tem desempenhado papel ativo na dências quanto ao papel desempenhado pelas
sociedade como um todo, participando, ativamen- mulheres neste tipo de organização.
te, na geração de emprego e renda em vários pa-
Buscando ampliar os conhecimentos sobre
íses.
esta temática, considerou-se uma associação de
No Brasil, igualmente, a participação da mu- comércio e indústria, que se tornou ponto de par-
lher empreendedora ganhou nova conotação, es- tida. O núcleo da mulher empresária, criado nos
pecialmente à frente de pequenos e médios em- últimos dez anos, reúne mulheres proprietárias e
preendimentos. Esse tipo de negócio também cres- gerentes que atuam em diversos ramos de ativi-
ceu em importância no país, sendo responsável dade. Cada núcleo permite a participação de cer-
por 60% dos empregos da população economi- to número de empresários, podendo abranger até
camente ativa. Constituem-se, atualmente, estas 50 instituições. Incentivar o associativismo e a
pequenas empresas, por 3,5 milhões de empre- participação da mulher empresária, proporcionar
endimentos, que representam 98,3% das empre- a atualização empresarial e a troca de experiênci-
sas registradas no país, segundo o SEBRAE (2006). as, além de formar novas lideranças são alguns
Dados fornecidos pelo relatório do Global Entre- dos objetivos da associação. Esta associação tem

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representatividade na comunidade, chegando a ser cobriu que as pesquisas disponíveis nesta área se
reconhecida como entidade consultiva do poder constituem em fenômeno relativamente recente.
público. O trabalho de Bandeira e Lima (2006), Os resultados das pesquisas encontradas nos últi-
intitulado “Cada caso que elas contam é um caso mos cinco anos da década de 1990 demonstra-
de sucesso”, mostra parte desta realidade. As ram que a área estava em estágio inicial de de-
empresárias que integram o núcleo da mulher senvolvimento de paradigmas. Os estudos apare-
empresária, em 2007, se constituem no objeto ciam de forma fragmentada e descreviam peque-
de estudo. nos segmentos da população empreendedora fe-
O objetivo geral busca analisar as característi- minina, mais freqüentemente do que a aplicação
cas, considerações e entendimentos destas mu- de teorias desenvolvidas em outras áreas. O estu-
lheres empreendedoras sobre as organizações que do examinou o número de pesquisas e variáveis
gerenciam quanto às estratégias que conduzem metodológicas empregadas e apresentou uma
ao sucesso e ao fracasso. Os objetivos específicos análise descritiva da mulher empreendedora. Su-
se voltam para: a) caracterizar as gestoras quanto geriu novos focos de pesquisa na área de estraté-
ao perfil pessoal e profissional; b) identificar as gias organizacionais orientados para o estabeleci-
características que consideram necessárias para mento de tipologias e desenvolvimento de teori-
empreender na organização; c) revelar o que se as e modelos.
consideram estratégia de sucesso; d) conhecer o Com relação ao empreendedorismo femini-
entendimento destas mulheres sobre sucesso e no, além de Moore (1990), outros autores se pre-
fracasso em relação às empresas que administram. ocuparam em analisar as pesquisas disponíveis
A justificativa para o desenvolvimento deste nesta área, procurando observar vários aspectos
estudo ampara-se no fato de que, até o momen- como, por exemplo, identificar e analisar concei-
to, ao que tudo indica, são ainda esparsas as pes- tos existentes, levantar as principais correntes de
quisas de cunho científico voltado para o cenário pensamento na área, identificar os autores mais
feminino empresarial catarinense. Esta investiga- citados nas pesquisas, entre outros aspectos. Cabe
ção procura agregar novos conhecimentos aos já destacar os trabalhos de: Mirchandani (1999);
existentes, na medida em que aprofundou a aná- Carter, Anderson e Shaw (2001); Davidsson e
lise das dimensões neste universo feminino em- Wiklund (2001); Chandler e Lyon (2001); Buse-
preendedor. nitz et al. (2003); Schildt e Sillanpää (2004); Va-
lência e Lamola (2005); Lituchy e Reavley (2004);
EMPREENDEDORISMO FEMININO Grégoire et al . (2006); e Filion e Rogers (2006).
Outro aspecto referente aos estudos de em-
Ao mesmo tempo em que cresce a atividade preendedorismo feminino volta-se para o enfo-
empreendedora das mulheres, cresce também a que das relações existentes entre a atividade em-
produtividade científica nesta área. Embora o cres- preendedora e gênero, sua trajetória evolutiva, as
cimento das produções seja perceptível, ainda não dificuldades e desafios enfrentados pelas mulhe-
se podem considerar numerosos os estudos so- res no mercado de trabalho, e remuneração per-
bre empreendedorismo feminino. cebida, entre outros. Com trabalhos nestas temá-
O interesse em conhecer a produção científi- ticas, podem ser destacados os seguintes autores:
ca sobre o empreendedorismo feminino motivou Ylinenpää e Chechurina (2000); Machado (2001);
o interesse de pesquisadores como Moore (1990). Petersen (1999), Scorzaface (2001), Johnatan
Este realizou uma investigação intensiva nas pes- (2003); Lages (2005a, 2005b); e Marlow e Pat-
quisas existentes nos anos 90, neste tema. Des- ton (2005).

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Alguns autores têm concentrado seus estudos tégias de administração participativa, com delega-
sobre aspectos relacionados ao perfil e às caracte- ção e disseminação da visão entre os colaborado-
rísticas comportamentais dos empreendedores. res. Buscam, com esta estratégia, contribuir para o
Estes estudos permitem constatar que, de forma crescimento de suas empresas e diminuir as so-
geral, os empreendedores possuem traços e ca- brecargas sobre si mesmas. As mulheres têm cons-
racterísticas de personalidade comuns entre si. ciência da influência de seu papel como empre-
Com relação à mulher empreendedora, especifi- endedoras na vida pessoal, na família e na socie-
camente, estudos de perfil e indicadores compor- dade. Na dimensão Individual, há destaque para
tamentais foram levantados por Zapalska (1997); as características pessoais que afetam a atividade
O’Meally (2000); Machado (2000); Ufuk e Os- empreendedora das mulheres, destacando-se
gen (2001); Colette e Kennedy (2002); Baycan indiscutível habilidade feminina em conciliar famí-
Levent, Masurel e Nijkamp (2002); Machado et lia e trabalho, embora sintam os efeitos estressan-
al. (2002); Porto (2002); Machado e Rouleau tes da constante busca de equilíbrio entre os di-
(2002); Machado, Barros e Palhano (2003); Mota, versos papéis de mãe, dona-de-casa, esposa e
Santos e Silva (2004), entre outros. De maneira empreendedora. Sendo afetadas pela limitação de
geral, a maioria destes estudos se voltou para a tempo para destinar aos filhos, as mulheres acre-
análise do perfil empreendedor ou comportamen- ditam que empreender oferece vantagens como
tal de homens e mulheres empreendedores. Re- maior liberdade, realização, autonomia e indepen-
sultados de alguns destes estudos sobre perfil dência financeira, além dos efeitos positivos da
demonstraram que as mulheres apresentam ca- satisfação com a atividade empreendedora sobre
racterísticas similares entre si. De forma geral, as suas vidas. Na dimensão Individual as mulheres
pesquisas sobre empreendedorismo feminino se que se percebem como possuidoras dos conheci-
dedicam ao estudo de empresas de pequeno e mentos e habilidades necessárias estão mais pro-
médio porte. pensas a iniciar novos negócios.
Cassol (2006), Cassol, Silveira e Hoeltgebaum Na dimensão Ambiente, existem evidências de
(2006, 2007), em estudos mais recentes, revisa- que as mulheres enfrentam desvantagens no cam-
ram os artigos científicos sobre o empreendedo- po do empreendedorismo em função do gênero,
rismo feminino, publicados em revistas internaci- enfrentando estereótipos de inferioridade em re-
onais da área de administração e de negócios in- lação aos homens, especialmente no acesso aos
dexadas na base de dados do Institute for Scienti- recursos financeiros, o que limita seu desempe-
fic Information (ISI), de 1997 a 2006. Os resulta- nho como empreendedoras. As mulheres sentem
dos contribuem para aumentar o conhecimento as influências do ambiente de forma particular e
disponível acerca do assunto, na medida em que muito mais intensa do que os homens. Há indica-
os achados foram interpretados como indicado- ção de que os aspectos sociais e culturais têm
res desta temática no mundo. Esta literatura foi maior influência. Alguns estudos apontam que as
classificada em quatro dimensões estratégicas, associações podem adotar práticas no sentido de
com base no estudo de Gartner (1985): Individu- levar as mulheres a usufruir de benefícios para
al, Ambiente, Organização e Processo. superar fatores sociais, culturais e históricos e le-
A dimensão Individual foi predominante nos var a elas os benefícios associativos.
artigos analisados. As evidências apontam que as A dimensão Organização permitiu constatar
mulheres enfrentam uma luta interna nas organi- que as estratégias adotadas pelas mulheres têm
zações, buscando equilibrar as demandas da vida influência direta no desempenho das organizações.
familiar e dos negócios. Para tanto, adotam estra- Para as mulheres, é muito importante o amplo

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envolvimento das pessoas na empresa. As mu- e de conhecimento. Entre outros, os resultados


lheres valorizam as relações com os colaborado- indicados por estas gestoras como parte integran-
res da organização, especialmente, se estas pes- te para o bom desempenho de suas funções são:
soas são do círculo familiar. As mulheres possu- auto-realização, conhecimento (técnico, na área
em consciência dos custos e benefícios do cresci- de atuação e continuado), coragem (correr riscos),
mento de suas empresas e buscam tomar deci- criatividade, dedicação, empatia e ética, flexibili-
sões equilibradas. dade, independência, liderança, motivação, orga-
A dimensão Processo aponta que o empreen- nização, otimismo (bom humor), ousadia (inicia-
dedorismo é, também, um processo social e, des- tiva/inovação), persistência, planejamento, relaci-
ta forma, também afetado por modificações soci- onamento interpessoal e responsabilidade, tole-
ais, por fatores como a globalização e, até mes- rância, trabalho em equipe e visão. Estas indica-
mo, pela instabilidade do mercado internacional. ções correspondem ao que se entende como es-
A dimensão Processo indica ainda que as ações tratégias empreendedoras.
desenvolvidas pelas mulheres ao montar suas Também no contexto catarinense, Sala (2006)
empresas tendem a não seguir um curso ou uma realizou estudo exploratório, com método qualita-
sucessão de ações conhecidas ou consideradas tivo, por meio de entrevista com roteiro estrutura-
de racionais, como se convencionou identificar as do, em 2006, com as três empresárias formadas
ações de iniciar uma empresa, comumente entre em administração de empresas, e que gerencia-
os homens, que são: a identificação de uma opor- vam empresas em Blumenau. Sendo três as res-
tunidade de mercado, a definição de objetivos, a pondentes, houve interação e comunicação entre
obtenção de recursos, a comercialização de pro- as empreendedoras, em todo o processo de cole-
dutos e serviços e a estruturação da empresa. As- ta de dados. As conclusões do estudo mostram
sim, a mulher empreendedora tem uma forma que estas gestoras possuem especialização, no
particular de agir e interagir com o mercado de nível de pós-graduação. Assim, além de serem
negócios, adotando formas próprias e não con- administradoras por formação, procuraram espe-
vencionais de iniciar organizações. cializar-se para melhor exercer a administração de
Quanto à realidade mais regional dos estudos suas empresas. Constituem-se em mulheres não
sobre o empreendedorismo feminino, Miranda, tão jovens, tendo de 32 e 45 anos. Este fato pare-
Cassol e Silveira (2006) realizaram uma análise ce evidenciar que, para ter um maior preparo para
do perfil empreendedor de mulheres em cargos o desenvolvimento das funções gerenciais, há
de gestão em uma Instituição de Ensino Superior necessidade de certo tempo, relativamente. Este
(IES), em Santa Catarina. O estudo exploratório, fato também parece justificar que todas constituí-
com método qualitativo, adotou a entrevista semi- ram família, sendo casadas, e tendo de um a três
estruturada para a coleta de dados. As responden- filhos. Todas se consideram realizadas. As carac-
tes foram gestoras desta IES. Os resultados mos- terísticas principais para empreender, segundo as
tram que as gestoras podem ser classificadas como três respondentes são: ter iniciativa, coragem, con-
intra-empreendedoras, uma vez que desempe- fiança, ser ousada, agarrar as oportunidades. A
nham funções em uma instituição, não sendo maior dificuldade apontada é ainda o preconceito
donas da empresa. Porém, possuem característi- em relação às mulheres em altos cargos de dire-
cas empreendedoras e se consideram empreen- ção de empresas que, segundo estas gestoras,
dedoras, destacando como atributos importantes, ainda estão presentes. Os aspectos que podem
para o desempenho empreendedor em uma IES, levar ao fracasso são vários. Para a respondente B,
a educação continuada e a busca de informação o fracasso pode ser causado pela maneira como

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as pessoas pensam, planejam seu tempo, e diri- que fornece, tanto para a vida diária, como para a
gem seu dia. Assim, afirma: “todos tem a opção profissional.
de escolha que pode ser para o bem ou para o Schell (1995) afirma que, se a empresa for
mal. Porque somos o que pensamos, então o fra- bem sucedida, existe uma série de motivos que
casso é uma opção”. Em uma empresa o fracasso devem ser considerados, entre os quais: as con-
“pode acontecer de acordo por uma má adminis- tratações certas, as demissões certas, foco corre-
tração, descaso, falta de controle, comodidade e to, um bom produto, sistema de distribuição cer-
resistência por parte dos funcionários”, conforme to, planejamento e estratégias organizacionais cer-
a respondente C. No que tange ao sucesso, como tas. A causa número um do fracasso de peque-
parte dos estudos de empreendedorismo, trans- nas empresas é a “solidão” empresarial. O que
parecem, igualmente, as características motivacio- acontece é que a mesma independência que, a
nais. princípio, atrai para essa carreira, é um estorvo ao
O empreendedor de sucesso tem sido abor- sucesso. Aprendem-se as lições do dia-a-dia por
dado em trabalhos ao longo do tempo. Ansoff, meio do método de ensaio e erro, repetindo os
Dclerck e Hayes (1981) destacaram como fato- mesmos erros cansativos e desgastantes que os
res determinantes de sucesso: dominância, agres- antecessores vêm cometendo há tantos anos.
sividade, autoconfiança, otimismo, grande ener- Baty (1994) afirma que muitos fracassos em-
gia, independência, persistência, flexibilidade, cri- presariais são descritos como empresas que fali-
atividade e propensão ao risco. ram. Define-se falência como incapacidade crôni-
ca de pagar o que se deve a alguém. Na prática, a
No Brasil, acredita-se que o empreendedor de
empresa falida caracteriza-se pelo capital de giro
sucesso assume riscos calculados, desempenha
negativo, além da incapacidade de cumprir com
com responsabilidade suas ações, aprende com
as obrigações. Na verdade, para muitos empreen-
experiência e fracasso, tem elevado nível de com-
dedores, o que diferencia as condições atuais da
promisso com o trabalho, é orientado para a qua-
falência é o estado de espírito. As causas mais
lidade e eficiência, é criativo, é persistente, dinâ-
comuns da falência são, normalmente, combina-
mico e autoconfiante (SEBRAE, 1995).
ções de descapitalização, mau gerenciamento e
Marcondes e Bernardes (1997), quanto se tra- super exaustão. Entretanto, há fatores ainda mais
ta do sucesso da empresa, ressaltam que este influentes, como o não pagamento de um grande
depende do modo como o empresário influencia pedido, incêndio na fabrica, ação judicial de gran-
seus empregados. Dessa forma, para ser bem-su- des proporções, ou incapacidade de um devedor
cedido, o empreendedor deve desempenhar os renovar uma promissória. É especialmente trágico
papéis de líder e chefe, conduzindo a empresa de quando uma empresa em desenvolvimento, até
acordo com o momento, e função administrativa. certo ponto lucrativa, mas que absorveu todo o
Muitas empresas obtiveram o sucesso quando seu capital, se vê atingida por um desses fatores.
conseguiram estabelecer estratégias específicas Se o gerenciamento de caixa não for adequado,
para diferenciar-se dos concorrentes. A diferencia- se o patrimônio não puder ser liquidado, ou se as
ção possibilita vantagem competitiva da empresa condições de empréstimo estiverem desfavoráveis,
sobre a concorrência, trazendo, com isso, lucros e o resultado só poderá ser a falência.
satisfação dos clientes. Outro aspecto a ser obser- Segundo Kanitz (1978), toda falência é previ-
vado em um empreendedor de sucesso é o grau sível e é apontada por gravíssimos problemas fi-
de instrução, sendo preciso diferenciar instrução nanceiros. Viapiana (2000) reforça esta afirmati-
de conhecimentos. No caso, instrução é a escola va. Para a autora, a falência é utilizada para desig-

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nar o fracasso financeiro das empresas, o que re- deram sucesso empresarial e conhecer o enten-
presenta a insolvência delas, a incapacidade de dimento destas mulheres sobre sucesso e fracas-
saldar suas obrigações com os recursos existen- so em relação às empresas que administram, as
tes. questões foram igualmente abertas. As respostas
Bruin, Brush e Welter (2007), mais recente- abertas foram classificadas por meio de análise
mente, concluem que, embora os estudos relaci- de conteúdo (BARDIN, 1977; RICHARDSON,
onados ao empreendedorismo feminino tenham 1989). Sabendo-se que a análise de conteúdo é
crescido, e ampliado sua área de pesquisa, muito uma técnica que analisa informações registradas,
ainda está para ser pesquisado. Embora a realida- esta se desenvolveu a partir de três fases: a) pré-
de atual seja bem diferente do que havia até pou- análise - onde foi organizada a análise, e operaci-
cos anos, ainda há muito preconceito quando são onalizadas e sistematizadas as idéias iniciais esta-
abordados enfoques específicos como financia- belecendo os procedimentos a serem seguidos.
mento para empresas dirigidas por mulheres, car- Levou em conta exaustividade, representativida-
gos de direção para comandar uma equipe de de, homogeneidade, e pertinência, “buscando as-
maioria máscula, entre outros. O assunto que abor- segurar a adequação dos objetos selecionados para
da, como estratégias empresariais em organiza- a análise” (BARDIN, 1977, p. 42); b) exploração
ções e aspectos que envolvam sucesso e fracasso do material – onde foram consideradas as repre-
de empresas gerenciadas por mulheres, é tema sentações do conteúdo, ou da sua expressão, sen-
que merece, ainda, atenção. do esta uma palavra, frase, tema, ou item. (RI-
CHARDSON, 1989); c) tratamento dos resultados
MÉTODO E TÉCNICAS DE PESQUISA – envolveu a ausência ou presença de determina-
dos elementos, a freqüência com que aparece-
Sendo tênue o referencial teórico sobre o ram, a intensidade das expressões e a direção das
empreendedorismo feminino, foi realizada uma afirmações, envolveu a identificação da presença
pesquisa exploratória, com a adoção do método ou ausência de determinados elementos (RICHAR-
indutivo e qualitativo, visto que esse método per- DSON, 1989). Nesta fase foram relatados e inter-
mite aprofundar a essência do assunto em foco. pretados os resultados.
Para tanto, os objetivos específicos da pesquisa e Foram consideradas como sujeitos sociais 15
o que consta na literatura revisada se constituíram empresárias que, em maio de 2007, faziam parte
em pontos de partida. Os dados foram coletados integrante do núcleo da mulher empresária desta
por meio de entrevista, com base em um roteiro associação de comércio e indústria. Esta associa-
ou pauta, com questões abertas e fechadas. Esta ção, sendo uma das mais credenciadas da região,
pauta seguiu a ordem de abordagem de assun- foi selecionada considerando o que defende Gar-
tos. As entrevistadas responderam livremente as tner (1985), quanto à dimensão Ambiente. Ou
questões abertas, externando o que pensavam seja, que estas organizações associativas podem
sobre o assunto. Nas questões fechadas, que se ser vistas como forma de beneficio para que mu-
referiam às características pessoais e profissionais lheres superem fatores sociais, culturais e históri-
das respondentes, constava uma série de possí- cos, e que interferem em seu desempenho como
veis respostas, para preenchimento, com apenas gestoras em organizações. Assim, a amostra foi
uma alternativa de resposta possível. Para identifi- intencional, de conveniência, e por acessibilidade,
car as características que consideravam necessári- uma vez que quatro empresárias, por motivos
as para empreender, foi feita uma pergunta aber- particulares e profissionais, não fizeram parte inte-
ta. Da mesma forma, para revelar o que se consi- grante da pesquisa.

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RESULTADOS DA PESQUISA A respondente P destacou que “Em primeiro


lugar a pessoa deve ter iniciativa, coragem, confi-
Os resultados foram apresentados seguindo a
ança e ser ousada, não adianta querer fazer como
ordem dos objetivos específicos. As características
todo mundo sempre fez e ser mais uma ‘Maria
das gestoras pesquisadas, de forma geral, são as
vai com as outras’, que não vai dar certo”. As es-
seguintes: mulheres entre 33 e 54 anos, em sua
tratégias são formas de conduzir organizações.
maioria casada e com filhos, formadas nas áreas
A respondente G, por sua vez, acredita que
de Administração de Empresas, Marketing, Conta-
“Sonho, motivação, iniciativa, criatividade, ousadia,
bilidade, Economia, Comércio Exterior, Letras, Pe-
determinação, liderança, foco naquilo que deseja,
dagogia, Educação Física, e Teologia. Duas não
capacidade de mobilização de pessoas, conheci-
apresentam formação superior. Destas, algumas
mento e aperfeiçoamento constante” são as prin-
têm especialização em Gestão de Negócio, Ma-
cipais características de quem empreende e se
rketing, Gestão Empresarial, Contabilidade, Audi-
refletem nas estratégias organizacionais.
toria, Finanças, Comunicação e Filosofia da Edu-
cação. Segundo Dolabela (1999), as características
que um empreendedor precisa ter para empreen-
No que se refere ao tempo que dedicam, dia-
der são “um conjunto de atitudes e comportamen-
riamente, à empresa, este varia entre sete e qua-
tos que o predispõe a ser criativo, identificar a
torze horas de dedicação. Das gestoras, 42% tra-
oportunidade e saber agarrá-la”, consideração que
balham mais de nove horas por dia. Uma minoria
coincide com as descritas por estas gestoras.
(5%) dedica apenas seis horas diárias. Quanto ao
Algumas gestoras se consideram empreende-
orçamento familiar, 68% das empresárias partici-
doras de sucesso. Todas se consideram bem su-
pam, em média, com 50% do valor no orçamen-
cedidas por desempenharem seus papeis no
to familiar. As empresas que gerenciam são micro
mercado, ou por terem conseguido realizar um
e pequenas organizações.
sonho. Quem melhor descreveu esta assertiva, de
As características mais apontadas pelas respon- se considerar uma empreendedora de sucesso,
dentes para empreender, foram indicadas como foi a respondente G, quando afirmou que: “Se ser
sendo: motivação, sonho, criatividade, ousadia, empreendedor de sucesso é alguém que está
foco, competência, coragem, habilidade, persistên- atenta às oportunidades, e sem medo vai à busca
cia, dinamismo, versatilidade, conhecimento, pre- dos seus sonhos; alguém que transforma uma
paro, aperfeiçoamento constante e muita perse- idéia em um empreendimento que lhe traga, além
verança. da satisfação profissional, a satisfação pessoal. Al-
As respostas mais significativas, e que podem guém que busca o diferente, o inovador. Alguém
ser destacadas como estratégias, entre outras, cuja mente está sempre farta de idéias e, por isso,
constam a seguir. não concebe viver na ociosidade, então me consi-
A respondente R foi enfática ao afirmar que: dero, sim, uma empreendedora de sucesso!”.
“Acreditar no sonho, ter as competências neces- Continuando, afirmou ainda a respondente G:
sárias para o que se propõe o objeto do empre- “O sucesso é resultado de toda uma trajetória, da
endimento. Ter foco em resultados, finanças está- adoção de estratégias onde o pioneirismo abre
veis, viabilizar projetos com visão, missão e plane- novas possibilidades de recriação do que existe.
jamento, sempre orientado para os resultados que Se uma empreendedora de sucesso é feliz, então
quer atingir. Estar ciente do mercado e da concor- eu sou, porque me considero uma pessoa feliz.”
rência. É preciso coragem e ousadia para progra- A respondente R acrescentou que “Sim, por-
mar estratégias em organizações”. que empreendedorismo não é só ter um negócio

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próprio, mas empreender.” Complementando afir- A respondente F afirmou que “Sucesso é um


mou ainda que sucesso: “É realizar sonhos: como conceito muito amplo e pessoal, porém acredito
ser mulher, ter filhos, administrar um lar, estudar, que sucesso é a plenitude do sonho alcançado, a
trabalhar, gerir seu próprio negócio. Empreender oportunidade aproveitada, o valor agregado, a con-
é sonhar, acreditar e realizar. E na soma de papéis tribuição inestimável para a sociedade, estabilida-
me considero uma feliz empreendedora, pois tudo de financeira e satisfação pessoal.” Também para
que sonhei e acreditei, realizei. Mas ainda não ter- a respondente P “Sucesso é ser feliz, fazendo o
minei. Continuo sonhando, acreditando e sei que aquilo que você gosta”, bem como “fazer aconte-
realizarei novos projetos.” cer, quebrar barreiras, correr atrás do seu sonho
A respondente B, entretanto, ainda não se con- para fazer acontecer, e não ficar só sonhando”.
sidera uma empreendedora de sucesso, uma vez De forma geral, consideram que há necessi-
que “queremos um ambiente muito bem organi- dade de dedicar-se à empresa como forma de
zado, planejado e bonito para trabalhar. Com maior garantir o sucesso do empreendimento.
conforto aos nossos funcionários e clientes princi- Quando questionadas se vislumbram suas
palmente. Para concretização deste sucesso, ain- empresas de sucesso, o simples fato de a empre-
da estamos em construção da sede própria.” sa existir, conseguir gerar empregos, dar sustento
Houve ainda uma respondente que afirmou a diversas famílias já é considerado sucesso pelas
que, apesar de se considerar de sucesso, ainda respondentes. Ter passado por tantos planos de
estava em processo, pois ainda estava aprenden- governo e controvérsias, e ter sobrevivido, tam-
do a gerenciar e a implantar estratégias em sua bém significa ter sucesso.
empresa. Assim, de forma geral, o entendimento Apenas a respondente A considerou não ter
é de que as respondentes se sentem realizadas, sucesso pelo fato de a empresa ainda ser peque-
no todo ou em parte, mas acreditando em um na e não ser muito conhecida. As demais gestoras
processo de continuidade, e de busca de novas consideram suas empresas de sucesso, e este
realizações. sucesso como decorrência das estratégias adota-
O que as gestoras entendem por sucesso e das que embasam todo o processo gerencial.
fracasso, inclusive em relação às empresas que A Respondente N assim se expressou: “Sim,
administram, consta em seguida. estando no mercado há dez anos, isto nos torna
Quando são questionadas sobre o que enten- um sucesso. E o fato de termos optado por uma
dem por sucesso, apontam basicamente: ser re- empresa diferente, no Estado, nos faz um suces-
conhecida, realização, satisfação no que se faz e so maior ainda”.
conseguir resultados positivos, estar bem em to- A Respondente P ponderou que visualiza o
dos os aspectos (sociais, emocionais, econômi- sucesso, pois acredita no que faz e trabalha para
cos etc.), realização pessoal e profissional, con- fazer acontecer.
cretizar sonhos, e a plenitude do sonho alcança-
A Respondente R afirmou: “Sim, é uma em-
do. De uma maneira geral, o sucesso, para as res-
presa consolidada no mercado – tem 25 anos, e
pondentes, é sinônimo de felicidade.
sempre passou pelas mais adversas situações que
A respondente I foi a que melhor verbalizou o mercado apresentou. Sobrevive porque tem
essa definição: “Sucesso é você concretizar seu competência, atua com honestidade, e possui va-
sonho, e saber que ele lhe proveu o sustento e lores para se manter com sucesso no mercado
gerou empregos”. em que atua.”

132 FACES R. Adm. · Belo Horizonte · v. 7 · n. 3 · p. 124-138 · jul./set. 2008


AMÉLIA SILVEIRA · ANNA BEATRIZ CAUTELA TVRZSKA DE GOUVÊA

A respondente S colocou: “Sim, pois já se pas- CONCLUSÃO


saram 22 anos e estamos firmes e fortes”.
Os resultados revelam que as mulheres em-
Quanto ao entendimento de fracasso, em suas presárias concentram-se entre 33 e 54 anos, na
empresas, a maioria das respostas girou em torno maioria casada e com filhos, e com formação aca-
da questão de fechar o próprio negócio, ou ainda dêmica de nível superior. Algumas contam com
de ter que desempenhar alguma atividade que cursos de pós-graduação.
não gosta, apenas por obrigação. A Respondente I
Comparando com o estudo de Sala (2006),
foi direta na resposta. Afirmou: “É você ter que
com três gestoras formadas em administração e
fechar sua empresa.”
pós-graduadas, pode-se afirmar que estes aspec-
Outra resposta que espelha este entendimen-
tos apresentam semelhanças, uma vez que estas
to foi da Respondente G: “Qualquer fracasso, seja
administradoras também apresentavam idades
em qualquer setor da atividade profissional, é con-
entre 32 e 45 anos, eram casadas e com filhos.
seqüência da falta de planejamento, da centrali-
Machado et al. (2003), em estudo realizado
zação do poder, da não distribuição de tarefas de
com o propósito de investigar o processo de cria-
acordo com a capacidade de cada componente
ção de empresas por mulheres, em diferentes lo-
da equipe, e do desvio do foco do empreendi-
calidades, Brasil, Canadá e França, tendo selecio-
mento, assim como da falta de motivação, citan-
nado 30 mulheres que iniciaram suas empresas
do alguns.”
em cada país, totalizando 90 empreendedoras,
A Respondente M considerou: “Fracassamos
apresentaram, dentre os resultados, aspectos pre-
quando precisamos fazer algo de que não gosta-
dominantes relacionados à idade: a maior incidên-
mos, por obrigação.”
cia (37,78% dos casos) está na faixa entre 41 e
A Respondente P disse que “Fracasso é sinô- 50 anos, seguida de 31 a 40 anos (27,78%). O
nimo de comodismo. A pessoa que se acomoda nível de escolaridade e área de formação tem
não pode ter sucesso. Se acomodar é achar que como resultado predominante a graduação com-
está bom, esperar se aposentar, esperar a morte pleta (37,78% dos casos). Em seguida, estão as
chegar.” com nível secundário (29,9%) e as com pós-gra-
A Respondente H acredita que “Fracasso é atra- duação (25,5%). A formação se fez em áreas
so de vida.” gerenciais ou afins, como Administração, Direito,
A resposta que mais se diferenciou das de- Contabilidade, Comércio, Economia, Informática,
mais foi da Respondente A: “Não existe fracasso: Marketing e Turismo (31,11% dos casos). Quan-
quando uma porta se fecha, outra se abre, é só to ao estado civil, a predominância é de casadas
prestar atenção.” (52,22%) ou viúvas (8,89%). A grande maioria
Entre os elementos de fracasso, ou de maio- tem filhos, com faixa etária igual ou maior do que
res dificuldades na gestão da empresa, estão a dez anos de idade.
falta de financiamento e a falta de tempo, que Outro resultado é que as gestoras, em sua
foram apontadas por algumas gestoras. maioria (68%), participam com cinqüenta por
De uma maneira geral, a renovação de idéias, cento ou mais na renda familiar e, quase a meta-
estarem bem informadas e terem constante apri- de das respondentes (42%), trabalham mais de
moramento, sem perder o foco do empreendi- nove horas por dia, o que coincide com a afirma-
mento foram considerados os principais elemen- ção das entrevistadas quanto à necessidade de
tos para manter a empresa, dentro da perspectiva dedicar-se à empresa como forma de garantir o
de sucesso. sucesso do negócio.

FACES R. Adm. · Belo Horizonte · v. 7 · n. 3 · p. 124-138 · jul./set. 2008 133


EMPREENDEDORISMO FEMININO: MULHERES GERENTES DE EMPRESAS

No estudo de Sala (2006), o resultado foi de dificuldades na gestão da empresa, como a falta
que três empresárias dedicavam de seis a 14 ho- de financiamento e a falta de tempo para dedica-
ras diárias, sendo que o tempo dedicado à em- ção ao empreendimento foram apontadas. Ter
presa é entendido como fator de sucesso. Estas conhecimento, informações, e aprimoramento
mulheres são responsáveis por 50% do orçamento constante, mantendo o foco do negócio são pro-
familiar. cedimentos apontados pelas gestoras para que não
No estudo de Machado et al . (2003), a parti- haja fracasso. Este entendimento, até certo pon-
cipação no orçamento familiar ,de 42,22% das to, condiz com o que apresenta Baty (1994), em
mulheres pesquisadas, correspondia a 100% do seu trabalho.
orçamento familiar, sendo que 32% participavam No estudo de Zapalska (1997), um dos mais
com, pelo menos, 50%. A maioria das respon- citados na literatura revisada, os resultados eviden-
dentes (87,8%) não tinha outra atividade remu- ciam que as mulheres possuem as características
nerada. requeridas para o sucesso. Entre outros, podem
Em relação às características necessárias para ser citados: agressividade, positividade, determi-
ser uma empreendedora de sucesso, elas consi- nação, forte comportamento de liderança, habili-
deram o conhecimento, a dedicação, a determi- dades de comunicação e pensamento analítico,
nação e o constante aperfeiçoamento como ele- habilidades de liderança e controle interno, auto-
mentos fundamentais para ser uma empreende- nomia, ambição, energia, responsabilidade, ino-
dora de sucesso. As características entendidas vação e criatividade, tendência para correr riscos,
como necessárias para o ato de empreender são: prontidão para a mudança, habilidades sociais for-
motivação, sonho, criatividade, ousadia, foco, com- tes como persuasão, baixa necessidade de apoio,
petência, coragem, habilidade, persistência, dina- falta de sentimentalismo, e alto nível de habilida-
mismo, versatilidade, conhecimento, preparo, aper- de para inspirar outros.
feiçoamento constante e muita perseverança. Entre os achados da pesquisa de Valencia e
Consideram, em sua maioria, que são empre- Lamolla (2005), a experiência anterior, que pode
endedoras de sucesso. Apontam como principal ser entendida como conhecimento, é chave nas
estratégia, para assegurar o sucesso empresarial, habilidades das mulheres para iniciar um negócio
o conhecimento e a dedicação à empresa. Expli- próprio e melhorar seu desempenho. As mulhe-
cam que o sucesso transparece como forma de res são mais empáticas, em competências e adap-
reconhecimento, realização pessoal e profissional, tabilidades sociais, mais preocupadas com os ris-
concretização de sonhos e de felicidade. Da mes- cos que os homens, e percebem o empreende-
ma forma, a maioria quase absoluta vislumbra sua dorismo mais positivamente que homens. Consi-
empresa como de sucesso. Ponderam que sobre- deram a boa relação com empregados, clientes e
viver ao longo dos anos, em cenários de perma- outros profissionais como vitais para o sucesso nos
nente mudança, como acontece no Brasil, gerar negócios. Lerner, Brusch e Hisrich (1997), assim
empregos, renda e sustento para a própria família como Arenius e Kovalainen (2006), chegaram a
e a dos funcionários, é fator positivo. Nestes as- conclusões semelhantes em seus trabalhos.
pectos, suas empresas têm tido sucesso. Fica claro, no trabalho de Cassol, Silveira e
O entendimento de fracasso engloba falência, Hoeltgebaum (2007), que as mulheres, cuja or-
para algumas respondentes, ou seja, fechamento ganização obtém maior crescimento, desfrutam de
da empresa. Para outras, desmotivação, realizar maior satisfação em relação ao ato de empreen-
atividades por obrigação, acomodação. Também der. A mensuração de sucesso não se refere, so-

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AMÉLIA SILVEIRA · ANNA BEATRIZ CAUTELA TVRZSKA DE GOUVÊA

mente, aos indicadores de lucro auferido, mas tam- ção e falta de foco. Problemas de gestão e de
bém aos índices de satisfação pessoal. Há evidên- falta de financiamento também transparecem.
cias de que as escolhas e as estratégias adotadas Assim, as gestoras aqui estudadas apresentam,
pelas mulheres na gestão de suas empresas têm em princípio, características semelhantes às en-
reflexo direto no crescimento das organizações. contradas em estudos regionais, nacionais e inter-
Os aspectos apontados neste trabalho, pelas nacionais.
gestoras em estudo, são semelhantes a alguns dos Este estudo aponta as limitações inerentes aos
indicados pelas gestoras universitárias investiga- delineamentos exploratórios, com método quali-
das por Miranda, Cassol e Silveira (2006) e Mi- tativo, também quanto ao contexto de estudo e
randa, Silveira e Hoeltgebaum (2008). Principal- ao número de respondentes. Mesmo assim, com
mente, no que refere ao conhecimento, entendi- esta abordagem inicial, visto ser parte integrante
do como necessário para a área de atuação, e sua de uma pesquisa mais abrangente, em desenvol-
continuidade como educação permanente, para vimento, acredita-se que contribui para o conhe-
obtenção de novas e permanentes atualizações, cimento no tema. A continuidade deste estudo,
aperfeiçoamentos e especializações. A dedicação, assim como a realização de outros que investi-
nos dois estudos, é vista como importante. Co- guem o empreendedorismo feminino em seus
nhecimento, aperfeiçoamento, habilidade, e per- inúmeros aspectos e contextos diferenciados, é
sistência foram ainda destacados como fatores importante para ampliar e consolidar o conheci-
importantes para o ato de empreender. Dessa mento no assunto, tanto do ponto de vista teóri-
maneira, sucesso é também entendido como de- co, como de prática em contexto regional brasilei-
pendente de conhecimento e de dedicação ao ro. >
empreendimento. Fracasso corresponde à falên-
cia, sendo sinônimo de acomodação, desmotiva- Recebido em: out. 2006 · Aprovado em: set. 2007

Amélia Silveira
Anna Beatriz Cautela Tvrzska de Gouvêa
Doutora em Ciências da Comunicação – ECA/USP
Pós-Doutora em Administração – FEA/USP
Professora/Pesquisadora da Universidade Regional de Blumenau - Universidade Regional de Blumenau – FURB
Aluna do Programa de Pós-Graduação em Administração
FURB
Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGAd) (PPGAd)
Rua Antonio da Veiga, 140 - Bloco D – Sala 102
Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC)
Rua Antonio da Veiga, 140 - Bloco D – Sala 102 CEP: 89012-900 - Blumenau, SC
CEP: 89012-900 - Blumenau, SC Telefone/fac-símile: 47-33210285
e-mail: abcautela@hotmail.com
Telefone/fac-símile: 47-33210285/48-33332196
e-mail: amélia@furb.br

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