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V Encontro Nacional Acadêmico de Secretariado Executivo

Universidade São Judas Tadeu - USJT


27 a 29 de setembro de 2017

GT3 – Consultoria e Empreendedorismo em Secretariado

O DESENVOLVIMENTO DO EMPREENDEDORISMO SECRETARIAL EM UMA


ORGANIZAÇÃO PÚBLICA: UM ESTUDO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA
PARAÍBA – UFPB.

Paula Rejane dos Santos Oliveira


UFPB, rejaneocs@gmail.com
Saulo Emmanuel Vieira Maciel
UFPB, profsaulomac@gmail.com
Gerlane Felix Dias
UFPB, gerlanef3@gmail.com

Resumo: Esta investigação é o resultado de uma pesquisa realizada com 22 secretários


executivos que atuam por formação, função ou cargo na UFPB - Universidade Federal da
Paraíba e tem como objetivo averiguar o nível de participação e envolvimento desses
profissionais nos processos organizacionais, e investigar se o empreendedorismo secretarial é
aplicado em seu ambiente de trabalho. Abordam-se os conceitos, características, processos,
comportamentos e tipologia adotadas pelo secretário executivo, ressalta-se ainda a liderança,
o desenvolvimento, a implementação e os benefícios do empreendedorismo secretarial para as
organizações públicas. Com os resultados obtidos, constatou-se que o empreendedorismo
secretarial pode contribuir de forma bastante significativa para o profissional de secretariado
executivo e está intrinsecamente relacionado com a profissão secretarial, e que os
profissionais questionados fazem uso cotidiano dessa competência em seu ambiente de
trabalho, ainda que de forma sucinta.

Palavras-chave: empreendedorismo secretarial. secretariado executivo. organizações


públicas.

1 INTRODUÇÃO

Este estudo torna-se relevante porquanto se propõe a buscar autores que tratem da
temática, a fim de dialogar e partilhar visões reflexivas que englobem inúmeras experiências e
reflexões sobre o desenvolvimento do empreendedorismo secretarial nas organizações
públicas e privadas e quais os seus benefícios para essas organizações, visto que os secretários
executivos podem contribuir de forma significativa com o crescimento e para os resultados
positivos incontáveis alcançados pelas organizações.
Observamos que empreendedorismo é a capacidade de criar e instituir algo a partir de
muito pouco, é um ato de criatividade de uma pessoa que transforma sonhos em realidade,
imaginando, desenvolvendo e materializando por meio de fontes inovadoras suas visões e se
auto orientando para atingir suas metas próprias, desta forma o objetivo geral dessa pesquisa
implicou na análise do desenvolvimento do empreendedorismo secretarial na UFPB, e na
verificação de como acontece o processo de empreendedorismo dentro da instituição,
examinando os meios de promoção do empreendedorismo usados pelos secretários
executivos, identificando a tipologia do perfil intraempreendedor dos secretários executivos
na organização e constatando os seus benefícios em uma organização pública.

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Enfocamos o empreendedorismo secretarial, o perfil empreendedor do secretário


executivo na gestão pública, a liderança empreendedora, o comportamento, o
desenvolvimento e a tipologia do empreendedorismo secretarial, tais como sua
implementação e benefícios, discorremos sobre os procedimentos metodológicos, os objetivos
geral e específicos, o instrumento de coleta de dados, o campo pesquisado, o universo e
amostra da pesquisa e os fatores e variáveis da pesquisa, contamos com a análise e
interpretação dos resultados da investigação, seguidas das considerações finais.
Ao empregar o método de pesquisa descritiva, neste trabalho, objetivou-se pesquisar
sem intervir nos fatos, de modo que todas as informações coletadas fossem observadas,
registradas, analisadas classificadas e interpretadas. Para Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 61),
“a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis)
sem manipulá-los”, visando-se assim proporcionar maior intimidade com o problema e tendo
-se em mente torná-lo explícito ou a arquitetar suposições a seu respeito.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Daremos início a esta investigação buscando compreender o conceito de


empreendedor e empreendedorismo, procurando desvendar o perfil atual do secretário
executivo e entender como acontece essa transformação ao longo do tempo. Em uma
abordagem sucinta, apontaremos o desempenho do secretário empreendedor bem como a sua
atuação no ambiente de trabalho.

1.1 EMPREENDEDOR E EMPREENDEDORISMO

Dolabela (1999, p. 28), ”Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e
realiza visões”. Schumpeter (1949) apud Dornelas (2001, p. 37), afirma que “o empreendedor
é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e
serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e
materiais”.Kirzner (1973) apud Dornelas (2001, p. 37), “o empreendedor é aquele que cria um
equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência,
ou seja, identifica oportunidades na ordem presente”.
Entendemos deste modo, que o empreendedorismo é a habilidade pessoal de criar e
constituir algo em meio à precariedade, um ato criativo de transformar sonhos em realidade,
desenvolvendo e concretizando por meio de fontes inovadoras suas visões e se auto
orientando para atingir metas próprias. É importante que o empreendedor possua sensibilidade
para ver soluções em meio ao caos organizacional, favorecendo a integralização do ambiente
onde está inserido, controlar recursos e desenvolver competências o tornarão mais produtivo.

1.2 Características do Empreendedorismo

A presente ocasião pode ser denominada de “a era do empreendedorismo”, visto que


os empreendedores estão extinguindo obstáculos, abreviando distâncias, influenciando a
globalização, gerando riquezas e quebrado padrões. Neste contexto, as características
empreendedoras são várias, Dornelas (2003, p. 35), “assinala que, envolvem o fazer algo
novo, diferente, o mudar a situação atual e buscar, de forma incessante, novas oportunidades
de negócio, tendo como foco a inovação e a criação de valor”.

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É importante observar que uma importante característica empreendedora é o fato de


que são sonhadores que realizam e assumem a responsabilidade pela criação de inovações de
qualquer espécie dentro de uma organização. E que não adianta uma organização apresentar
indivíduos dotados de espírito empreendedor e disposição para propagá-lo, se não dispor de
meios e condições para implementá-lo, se seus membros não estão integrados como um
grupo, unidos a favor de um objetivo comum. A característica empreendedora está no trabalho
em equipe, na forma de coordenar ações para um mesmo fim, de tal forma que o futuro das
organizações, depende de profissionais ousados que não se satisfazem com resultados
confinantes.

1.3 Processo Empreendedor

O processo empreendedor precisa influenciar a maneira de atuar da organização, pois


a orientação empreendedora propicia um impacto direto e positivo em seu desempenho. É
imprescindível que seja elaborado um plano de negócios, ferramenta pela qual o
empreendedor identifica, avalia e gerencia seu plano, além de buscar e alocar os recursos
necessários para implementação do seu projeto, necessitando de ousadia para inovar e
habilidade para lidar com riscos de forma a poder contorná-los.
Segundo Souza (2001, p. 37), “a formação empreendedora baseia-se no
desenvolvimento do autoconhecimento com ênfase na perseverança, na imaginação, na
criatividade, associadas à inovação”, diante disto, concluímos que o processo empreendedor
abrange todas as ações associadas à identificação de oportunidades e à criação de
organizações que buscam estas chances. Cinco elementos são fundamentais para identificação
de um empreendedor: A criatividade e inovação, a habilidade ao aplicar esta criatividade a um
único objetivo, a força de vontade e fé em sua habilidade de mudar o modo como as coisas
são feitas, o foco na geração de valor, e o mais importante, disponibilidade para correr riscos.

1.4 Comportamento Empreendedor

O comportamento empreendedor, pode sim ser estudado, aprendido ou implantado


nas organizações de grande ou pequeno porte ou no cotidiano de cada pessoa que tenha desejo
de ser bem sucedida em seus empreendimentos, por projetar uma visão geral sobre o futuro,
proporciona envolvimento e geração de oportunidades para o empreendedor e para o meio,
em que este se encontra inserido.
Numa organização contemporânea, todos, desde o faxineiro ao gestor, têm de gerar
valor. Todos necessitam possuir o conhecimento de que são minicentros de valores. Drucker,
(1987, p. 36), ”associava o empreendedor ao processo de mudança. Para ele, o empreendedor
sempre está buscando a mudança, reage a ela e a explora como uma oportunidade”, dessa
forma, é necessário um espírito empreendedor que estimule iniciativas em todos os
departamentos da organização. Para manter a concorrência é fundamental modificar a relação
do indivíduo com a organização. Essa noção de responsabilidade ambiciona se disseminar
pelos grupos, incentivando-os no desenvolvimento de novos projetos.

1.5 Tipologia Empreendedora

Não há um tipo específico de empreendedor, não existe um modelo-padrão que possa


ser identificado, por outro lado, esse fato, propicia a qualquer um tornar-se um empreendedor,

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não existe um estereotipo universal ao qual possamos classificar, contudo, Dornelas considera
oito tipos distintos de empreendedores:

Quadro: 1 – Tipos de empreendedores


No Tipo 1 – São apresentados os Empreendedores Natos ou mitológicos, que se destacam por serrem
articulistas de carreiras brilhantes e gestores de grandes impérios, por terem começado a trabalhar
muito novos são visionários natos, otimistas e usam como referência seus valores familiares e
religiosos.
Tipo 2 – Empreendedores que Aprendem ou Inesperados, nessa tipologia pode-se apresentar pessoas
que apropriaram-se de uma oportunidade inesperada de negócio e com isso mudaram suas vidas para
dedicarem-se a esse empreendimento.
Tipo 3 – Empreendedor Serial, Criador de Novos Negócios, identifica-se por sua paixão pelas
empresas criadas e pelo ato de empreender, por se tratar de uma pessoa dinâmica, não se contenta em
ficara frente do negócio até que o mesmo chegue ao seu ápice, prefere os desafios a adrenalina da
criação.
Tipo 4 – O Empreendedor Corporativo, é atualmente evidenciado, devido à necessidade das grandes
organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios. São executivos muito competentes, que
trabalham de olho nos resultados para crescer no mundo corporativo, são hábeis comunicadores e
vendedores de suas idéias e gostam de trabalhar em equipe.
Tipo 5 – O Empreendedor Social se envolve em causas humanísticas com comprometimento singular,
deseja mudar o mundo promovendo o acesso a oportunidades aos desfavorecidos, se realizam ao
verem seus projetos trazerem resultados para os outros e não para si próprios.
Tipo 6 – O Empreendedor por Necessidade, já se identificado na nomenclatura, não tem outra opção a
não ser trabalhar por conta própria, normalmente em negócios informais, executando tarefas simples
ou prestando serviços, tendo por objetivo o retorno financeiro.
Tipo 7 – O Empreendedor Herdeiro do Sucesso Familiar recebe a missão de levar a frente o legado da
família, carrega o desafio de multiplicar o patrimônio recebido, aprende a empreender com os
exemplos familiares, podendo ser extremamente conservadores ou inovadores.
Tipo 8 – O “Normal” ou Planejado, diz-se do empreendedor que busca minimizar os riscos por meio
do planejamento, que é prudente no negócio, possui uma visão futurista clara e que trabalha adotando
metas, tem-se esse tipo com uma referência a ser seguida.
FONTE: adaptado do autor: Dornelas, 2007, p. 11-16.

1.6 Empreendedorismo na Gestão Pública

No âmbito da gestão pública é comum o secretário ter muitas atribuições e


autonomia expressiva, que de acordo com Medeiros e Hernandes (2010, p. 317) (...) “com o
elevado número de tarefas e pressões devido à burocracia, rotinas de trabalho, tem levado os
executivos a delegar mais responsabilidades a suas secretárias e implementar a autoridade
delas”.
Na administração pública, é comum ocorrerem desvios de função com relação aos
secretários executivos, por estes apresentarem grande habilidade de gerir pessoas e setores, é
fácil encontrá-los atuando como chefes de setor, o que, não os torna gestores, mas, braços da
gestão por sua agilidade em interligar os setores à administração.
Na ótica de Bond (2009, p. 14), “o fato de assumir um papel gerencial dentro da
empresa não significa uma promoção da categoria para um nível tático ou estratégico, ou seja,
o secretário continua sendo um assessor”. Entende-se que de forma alguma teremos com isso,
o secretário ocupando o lugar do chefe, e sim sua interação completa com o executivo e os
objetivos da administração, ele não será “o gestor”, e sim o elo entre o gestor e a organização,

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pode-se dizer que ele será não só a mão direita, mas a base intelectual e física do executivo na
organização.

2.1 EMPREENDEDORISMO SECRETARIAL

O secretário executivo atuando como um profissional empreendedor, sem dúvida é


um importante agente transformador no suporte científico, às altas camadas hierárquicas e
administrativas, assessorando aos executivos e dirigentes na execução de suas funções e na
tomada de decisões administrativas, por possuir conhecimentos técnicos específicos e em
funções gerenciais competente em mais áreas administrativas e sociais que aquela na qual se,
o secretário executivo possui um leque de competências que fazem toda a diferença na sua
atuação.
O empreendedorismo secretarial pode ser entendido como um modo de raciocínio e
atuação, o qual está ligado a oportunidades, liderança balanceada, e a finalidade de criação de
valor, para que ele ocorra, faz-se necessário que essa orientação esteja presente e seja capaz
de influenciar na visão e na missão organizacional, no dizer de Medeiros e Hernandes (2010,
p. 12), “a capacidade reflexiva da secretária em constante vigília distingue-a como uma
pessoa que pensa e executa; ela não é apenas uma executante”, finalizada por Dornelas (2003,
p. 18) quando observa que, “Os empreendedores buscam a prática da inovação, eles tomam
ações proativas com instituto de obterem inovações de forma sistemática. (...)” e estas
inovações trarão sem dúvidas vantagens administrativas e competitivas.

2.2 Perfil Empreendedor do Secretário Executivo na Gestão Pública

Observando o perfil do secretário executivo, constata-se que ele é um agente


transformador e capaz de prestar suporte científico às camadas hierárquicas administrativas,
podendo assessorar a executivos e dirigentes no desempenho de suas funções, com capacidade
de tomar decisões administrativas, conhecimentos técnicos específicos e conhecimento de
funções gerenciais, apto a atuar junto aos dirigentes de organizações públicas e privadas,
podendo também trabalhar de forma autônoma e polivalente, em um cenário de grandes e
rápidas mudanças.
Verifica-se que as atribuições que compõem o perfil do secretário executivo são
regulamentadas pela Lei nº 7.377 30/9/1985, artigo 4º, incisos de I a X.

Quadro: 2 - Perfil do secretário executivo


As atribuições que compõem o perfil do secretário executivo são regulamentadas pela Lei nº 7.377 30/9/1985,
artigo 4º, incisos de I a X.
Art. 4º - São atribuições do Secretário Executivo:
I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria;
II - assistência e assessoramento direto a executivos;
III - coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de empresas;
IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro;
V - interpretação e sintetização de textos e documentos;
VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em idioma estrangeiro;
VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa;
VIII - registro e distribuição de expedientes e outras tarefas correlatas;
IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento à chefia;
X - conhecimentos protocolares.
FONTE: adaptado da autora: Rosimeri Ferraz Sabino, 2004 p. 20.

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É comum o secretário ser percebido e requisitado dentro da organização, pois parte


dele a liderança das atividades organizacionais para que a comunicação flua tranquilamente,
assim sendo, Bond (2009, p. 18), afirma que “a liderança é a habilidade para tomar decisões
racionais e manter pessoas motivadas e focadas em seus objetivos”, nesta perspectiva
podemos constatar que o secretário executivo, desempenha a liderança de atividades com
destreza, já que planejar, decidir, motivar e focar são especialidades suas.

2.3 Liderança Empreendedora

Percebe-se que o secretário executivo, desfruta da liderança naturalmente, por se


relacionar a todo o momento com as equipes organizacionais, observado por Hunter (2004, p.
34), que “(...) O líder que não estiver cumprindo as tarefas e só se preocupar com o
relacionamento não terá sua liderança assegurada. Então, a chave para a liderança é executar
as tarefas enquanto constroem os relacionamentos”, papel esse que o secretário executivo
desenvolve com habilidade, pois estabelece redes de comunicação enquanto elabora e
coordena ações empreendedoras.
Servir e sacrificar-se são apontados como meios prioritários para a obtenção da
autoridade, uma vez que a mesma represente influência para um benefício mútuo, concluímos
que a liderança tem seus pontos fixos, mas deve ser empreendedora, inovadora nos objetivos e
na obtenção dos mesmos, líderes que empreendem no liderar com certeza terão êxito com
maior rapidez e com mais eficácia, nesse ponto o secretário obtém vantagem por sua forma
natural de liderar.

2.4 Comportamento Empreendedor do Secretário Executivo na Organização Pública

Em geral o secretário, é naturalmente empreendedor, no que diz respeito a busca


incessante de novas formas de facilitar sua assessoria a gestão, e a rápida resposta as mais
variadas demandas, está sempre assumindo riscos e responsabilidades. Uma vez que possuam
uma visão generalizada e atualizada, sejam conhecedores de problemas nacionais e
internacionais estes profissionais contribuem para que a organização alcance com mais
facilidade os seus objetivos.
Na gestão pública a necessidade de mudança e a inserção de novas tecnologias abre
um leque de oportunidades para o empreendedorismo secretarial, vista no Brasil quase sempre
como uma organização falida, pelo fato de seus funcionários serem em grande quantidade
desapegada ao trabalho, o secretário executivo pode ser o impulsionador deles,
proporcionando motivação, cooperação e integralização entre os servidores e os setores,
usando de técnicas empreendedoras ou empreendedorismo corporativo.
No setor organizacional é necessário o comprometimento de todos os membros da
organização, e o secretário é o elo dessa imensa corrente, Dornelas (2005, p. 39), afirma que,
“empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à
transformação de ideias em oportunidade”, por este motivo a organização pública carece de
profissionais empreendedores, motivados e qualificados para assessorarem no seu
desenvolvimento e investirem capital social, psicológico e intelectual na sua modernização.
Historicamente os secretários são detentores de informações, representam
verdadeiros bancos de dados organizacionais e, sobretudo por possuem conduta sigilosa e
discreta, dispõem de cultura geral e de atuação flexível, os secretários fazem parte da conexão

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entre a qualidade e a produtividade na busca pela transformação empreendedora, Farrel (1993,


p. 166), discorre que “Empreendedores não nascem feitos, não são fabricados e nem são
pequenos gênios. Eles acontecem em função das circunstâncias”, acrescentamos que
impulsionam os negócios sejam como prestadores de serviços em ambientes tradicionais e até
mesmo nos ambientes virtuais.

2.5 Desenvolvimento do Empreendedorismo Secretarial em Organizações Públicas

Estando o empreendedorismo corporativo conexo à inovação, talvez para a


organização pública ele possa ocasionar efeitos colaterais, pois os funcionários podem estar
acomodados com práticas e processos antiquados e apresentarem resistência, por esse fato, o
clima pré-empreendedorismo deve ser muito bem gerenciado com a implementação de
políticas internas, que deem suporte à iniciativa empreendedora na prevenção de possíveis
atritos junto a gerencia da nova visão administrativa.
Na visão de Dornelas (2003, p. 121), “A mudança deve ser suportada pela alta
direção e apoiada pelos funcionários” Posteriormente o treinamento das equipes acerca do
empreendedorismo, será necessário desenvolvê-lo de modo que abranja a todos os
funcionários, deve ficar claro que todos poderão desenvolver o espírito empreendedor na
organização e que serão estimados para isso. É necessário estipular um tempo para medir os
resultados, admitir as possíveis falhas e entendê-las como aprendizado, sem que haja punição
da equipe se houver deslizes para que a mesma não se iniba na criação de novos projetos.

2.6 Implementação do Empreendedorismo Secretarial em Organizações Públicas

É imprescindível que as organizações propiciem elementos e que promovam ações


que favoreçam o empreendedorismo corporativo, pois o mesmo pode estar ligado a diferentes
perspectivas e ser aplicado a qualquer organização, independente do porte, estrutura ou tempo
de existência no mercado, onde uma ou mais dessas perspectivas se façam presentes.
Segundo Justus (2006, p. 26), “tudo numa empresa, no fundo, deve estar direcionado
para que o ambiente de trabalho seja o mais agradável possível. E isso pelo mais técnico e
humano dos motivos: quem trabalha feliz produz melhor”. O ambiente empreendedor deve ser
favorável a indivíduos que não aceitam os eventos como eles são pelo simples fato de ser, sem
questionar de repetição constante, que desejam gerar uma renovação estratégica na
organização ou uma nova estratégia de negociação, devem saber gerenciar os riscos, buscar
retorno e recompensas, para que por meio disso possam desenvolver mais autonomia num
ambiente estimulante ao comportamento empreendedor.
Bond (2009, p. 55), afirma que “o trabalho em equipe é feito com vários pares de
mãos, ou seja, não importa quem o fez, o que vale é apenas o resultado”. Em meio a tantas
peculiaridades o secretário destaca-se primeiramente por sua autoestima e prazer em executar
seu trabalho e abertura a mudanças, esteja ele na mais simples função ou ocupando o mais
alto cargo.

2.7 Benefícios do Empreendedorismo Secretarial para Organizações Públicas

O cenário atual procura profissionais que investem no conhecimento contínuo, que se


aprimoram, buscam aptidões novas, e através do autoconhecimento, aprimoram seus
resultados, transformando suas ações vantajosas para a organização. Para Meredith, Nelson e

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Neck (apud UFSC/LED 2000 p. 51), “Empreendedores são pessoas (...) orientadas para a
ação, altamente motivados; assumem riscos para atingirem seus objetivos”, essa atitude
empreendedora beneficia a organização quando a leva a um caminho promissor, porque na
prática são aplicadas séries de habilidades que são fundamentais para o desenvolvimento e
aperfeiçoamento da equipe.
A organização pública beneficia-se com o empreendedorismo aplicado ao transporte
de informações, a agilidade implementada aos processos administrativos e externos, desse
modo, pode-se tirar proveito da melhoria na imagem da organização e passar por mudanças
físicas, e em sua missão, capacita profissionais e acompanha o processo de qualidade do
serviço prestado pela organização.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método utilizado para a pesquisa foi o exploratório bibliográfico e descritivo


quantitativo com auxilio de um questionário objetivo, no qual para coleta de dados foi
aplicado um questionário objetivo, aos secretários executivos que atuam por formação, função
ou cargo na UFPB.
O campo pesquisado deste estudo ocorreu na Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
– Campus I, o universo desta pesquisa é formado por 40 secretários executivos ativos na
UFPB – Campus I, a amostragem obtida foi de um percentual de 55%, correspondente a 22
questionários preenchidos por secretários executivos operantes na UFPB– Campus I.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo o Relatório de gestão (2010, p. 09), “A Universidade Federal da Paraíba


(UFPB) tem apresentado importante atuação no campo da ciência, tecnologia e inovação, na
cultura e nas artes, e também na formação da cidadania e nas relações com o meio ambiente”,
atualmente a UFPB possui quatro campi: João Pessoa (campus I), Areia (campus II),
Bananeiras (campus III) e Mamanguape e Rio Tinto (campus IV).
A investigação constituiu-se de 27 questões práticas, que objetivavam avaliar a
intensidade da ocorrência de acordo com os dados obtidos. Em sua primeira parte, o
questionário é composto por questões referentes a dados sócio demográficos e na segunda
foram abordadas questões de estudo da presente pesquisa.
Visando garantir a qualidade e a objetividade do resultado, utilizou-se a abordagem
quantitativa para a análise e na apreciação realizou-se a extração de elementos de
classificação representados sob a figura de gráficos e avaliando a opinião dos questionados
por meio das variáveis pesquisadas.
Tendo como base a fundamentação teórica utilizada para esta investigação, é
possível ponderar que os secretários executivos exibem características peculiares e, assim
sendo, observa-se que suas respostas apresentam alto índice de similaridade, e que o
desenvolvimento do empreendedorismo secretarial é bem irrelevante e ainda não está
totalmente concretizado.
Analisando-se os resultados por fatores referentes à tipologia e perfil identificados,
iniciando-se pelos sócios demográficos, identifica-se a faixa etária média dos questionados,
que está entre 26 a 35 anos, a maioria é do sexo feminino, o nível de escolaridade
predominante é a pós-graduação e o tempo de serviço médio está entre 01 e 05 anos.

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Tempo de serviço
13,6%
Tempo de serviço
4,54%
1 a 5 anos
22,72% 59,09% 6 a 10 anos
11 a 20 anos

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Nesse contexto, pode-se deduzir que temos uma entrada significativa de jovens
servidores o que pelo contexto acadêmico em ascensão podem acender o empreendedorismo,
e segundo Dornelas (2003, p. 44), “as entradas do processo empreendedor geralmente são
determinadas ou influenciadas pelo ambiente, ou seja, pelas oportunidades, e ainda pelos
indivíduos empreendedores na organização (...)”, havendo assim maior probabilidade de
aceitação e envolvimento nos setores.

Nível de participação e envolvimento na contabilidade


4,54% 9,09% EXCELENTE
4,54%
0% BOM
REGULAR

81,8% FRACO

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Quanto à análise de fatores referentes às finanças da organização, foram analisadas


três variáveis (contabilidade, planejamento e orçamento e folha de pagamento), nota-se que é
um processo que a predominância das respostas foi inexistente e entende-se com isso que a
Universidade Federal da Paraíba conta com setores próprios à gestão contábil.
Conclui-se pela análise dos dados obtidos, que o secretário executivo ainda que
possuidor de conhecimentos financeiros, na gestão pública é pouco solicitado, contudo não é
dispensado de conhecer a respeito.

Nível de participação e envolvimento no planejamento organizacional


22,72% 22,72% EXCELENTE
BOM
13,63% REGULAR
27,27%
18,18% FRACO

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Referente à análise do fator processual de empreendedorismo na assessoria à


administração, foram analisadas oito variáveis (planejamento, resolução de problemas,
comunicação, participação no processo decisório, gestão de projetos, gestão de pessoas,
sistemas de informação gerenciais e negociação), onde verificamos que a participação do
secretario executivo é imprescindível, pois ainda que o setor disponha de um quadro pequeno

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de funcionários a assessoria é constante, o planejamento é diário, a comunicação é


indispensável e a participação no processo decisório é pouca para que a assessoria seja eficaz.
Referente aos benefícios do empreendedorismo na instituição, verifica-se que no
fator relacionamento interpessoal/grupos de trabalho, dividido por oito variáveis (liderança,
visão, influência; ajuda e coaching; feedback; gerenciamento de conflitos; gerenciamento de
pessoas; trabalho em equipe; construção de equipes de trabalho e habilidades humanas), com
relação a essas variáveis o levantamento geral foi positivo.
Nível de participação e envolvimento na liderança, visão e influência.
18,18% 0% 27,27% EXCELENTE
BOM
22,72% REGULAR

31,81% FRACO

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Em relação à liderança, visão, influência; constata-se que a maioria classifica esse


envolvimento e participação como boa, concebemos com Hunter (2004, p. 33) que “(...) Em
palavras simples, liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas”, devido
ao seu envolvimento organizacional o secretário executivo conduz os processos
administrativos com garra, visão e influência de líder.
Quanto à ajuda, coaching e feedback somos obrigados a concordar com Justus (2006,
p. 26), “tudo numa empresa, no fundo, deve estar direcionado para que o ambiente de trabalho
seja o mais agradável possível. E isso pelo mais técnico e humano dos motivos: quem trabalha
feliz produz melhor”, pois o bem estar das pessoas no ambiente de trabalho, faz com que se
predisponham a serem solícitas e a darem retorno positivo, verifica-se que a maioria os
questionados classificaram esse envolvimento como bom, e embora esse fator seja positivo
ainda contamos com um grande percentual de fraco e inexistente o que no futuro pode se
tornar um ponto negativo.
No gerenciamento de conflitos, a maior parte dos questionados marcou a opção
excelente, não há como negar que o percentual positivo identifica que os conflitos estão sob
controle e que os papeis devem estar bem definidos e o setor harmonioso, dessa forma
concluímos com a observação pela ótica de Sabino e Rocha (2004, p. 81), explicando que “o
papel de cada um tem que estar claramente definido, a responsabilidade individual deve estar
em harmonia com a responsabilidade geral”.

Nível de participação e envolvimento no gerenciamento de conflitos


18,18% 22,72% EXCELENTE
BOM
22,72% 13,63% REGULAR
FRACO
22,72%
Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

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Com relação ao gerenciamento de pessoas, trabalho em equipe e construção de


equipes de trabalho, a estimativa máxima foi regular, mas isso se deu porque a maioria dos
pesquisados trabalha isolado no setor, seja coordenação ou direção de centro e relataram que
são limitados a gerirem somente processos internos do setor, não possuem equipes de
trabalho.
Atinente às habilidades humanas, temos como referência a afirmação de Garcia e
D´Elia (2005, p. 29), “a empresa vive resultados e precisa de que todos os seus profissionais
sejam geradores de resultados, nas suas respectivas áreas de atuação” e o percentual positivo,
demonstra que nas organizações as habilidades humanas são encaradas com importância e
aplicadas com frequência.

Nível de participação e envolvimento na assessoria organizacional


9,09% 4,54% EXCELENTE
9,09% 40,90%
BOM
REGULAR

36,36% FRACO

Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

No tocante à observação do fator sobre habilidades específicas executivas e


secretariais, observa-se que foram analisadas quatro variáveis (assessoria, gestão,
empreendedorismo e consultoria), com percentuais oscilantes entre bom e excelente, percebe-
se nesses dados que é perfeitamente oportuna a ótica de Medeiros e Hernandes (2010, p. 12),
“a capacidade reflexiva da secretária em constante vigília distingue-a como uma pessoa que
pensa e executa; ela não é apenas uma executante”, isso só acrescenta ao secretário executivo
incentivo para melhor desenvolver-se e aperfeiçoar-se em suas múltiplas habilidades.

Nível de participação e envolvimento no empreendedorismo corporativo


9,09%
36,36% EXCELENTE
27,27%
BOM
REGULAR
FRACO
4,54%
22,72% INEXISTENTE
Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Nesse sentido, os questionados sentem que podem fazer mais pela gestão e que se
manter aberto a novos conhecimentos é importante que sua contribuição profissional é
efetivamente positiva. Por estar ao lado da força decisória e frequentemente influenciando na
tomada de decisões, o secretário executivo necessita adquirir novos conhecimentos,
atualizando-se diariamente e aprofundando seu conhecimento organizacional, pois somente
isso o levará a originar resultados impactantes para a organização.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Assim, observa-se que as contribuições dos secretários executivos com a gestão vão
além do que é percebido pelos gestores ou pela organização, contudo Dornelas (2003, p. 125),
evidencia que “O futuro da organização empreendedora dependerá de executivos ousados,
daqueles que não se contentam com resultados imediatos, e que buscam deixar um legado, seu
nome na história da corporação”, são também os secretários executivos que atuam nos
bastidores e na linha de frente das organizações os autores do amanhã promissor.
Com o objetivo de customizar um pouco este trabalho devo informar que a maior
dificuldade enfrentada para sua elaboração foi de cunho pessoal, contudo empreendedora que
sou, faço minhas as palavras de Augusto Cury quando afirma que “Ser um empreendedor (...)
é enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças. (...) É ter consciência de que quem vence
sem obstáculos triunfa sem glória”.

REFERÊNCIAS

BARRETO, L. P. Educação para o Empreendedorismo. Salvador: Escola de


Administração de Empresa da Universidade Católica de Salvador, 1998.

DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999.

DORNELAS, José Carlos Assis. EMPREENDEDORISMO: Transformando idéias em


negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: Transformando idéias em negócios. 3. ed. Rio de


Janeiro: Campus, 2008.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro:


Campus, 2012.

DRUCKER, P. F. Inovação e Espírito Empreendedor. São Paulo: Pioneira, 1986.

FUMAGALLI, Luiz André W, CORSO, Jansen M. Del, SILVA Wesley V, COSTA, Isabel
Cristina. Intraempreendedorismo: um estudo das relações entre cultura organizacional e a
capacidade de empreender nas empresas.

GIL, Antônio Carlos, 1946 – Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil.- 4 ed. –
São Paulo: Atlas, 2002.

GARCIA, Edméia; D’ELIA, Maria Elizabete Silva. Secretária Executiva. 1ª ed. São Paulo:
IOB – Thomson, 2005.

HUNTER, James C. O monge e o executivo/ James C. Hunter: [tradução Maria da Conceição


Fornos de Magalhães] – Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

MEDEIROS, João Bosco; HERNANDES, Sônia. 12 ed. – São Paulo: Atlas, 2010.

Resolução nº 41/2006 - Projeto Político-Pedagógico do Curso de Graduação em Secretariado


Executivo Bilíngue, do Centro de Ciências Aplicadas e Educação, Campus IV, UFPB.

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SUN TZU, A Arte da Guerra/Sun Tzu: [tradução de Pietro Nassetti] – São Paulo, Martin
Claret, 2006.

SABINO, Rosimeri Ferraz. Secretariado: do escriba ao web writer. Rio de Janeiro: Brasport,
2004.

VEIGA, Denise Rachel. Guia de secretariado: Técnicas e comportamento. 1 ed. São Paulo:
Érica, 2007.

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