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S729i Souza, Elnivan Moreira de.

Inovação e negócios criativos [recurso eletrônico] : criatividade / Elnivan Mo-


reira de Souza. -- Fortaleza : Universidade de Fortaleza, [2021].

15 p. -- ( Percurso de Aprendizagem ; 2)

1. Inovação e Criatividade. 2. Administração. I. Título. II. Série.

CDU 65.01:159.928

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Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
CRIATIVIDADE

Sumário
1. Exercitando a Desconstrução da Mente

2. Estimulando a Criatividade

Sumário clicável
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Neste percurso de aprendizagem, aponta Olá
reflexões a respeito da Criatividade nas
Organizações. Para tanto, subdividimos este
circuito de estudo em dois assuntos: (i) exercitando
a desconstrução da mente; e (ii) estimulando a
criatividade. Destacamos a importância de trabalhar
a motivação das pessoas nas organizações,
pois são elas, as pessoas, os agentes que fazem
possível a criatividade. Para tanto, é um grande
desafio desenvolver um ambiente salutar à prática
da criatividade. Neste contexto, um dos grandes
desafios é promover a desconstrução da mente
das pessoas. Para estimular a criatividade nas
organizações, os gestores precisam recorrer a
uma série de recursos e ações, como identificar
os funcionários criativos, ministrar treinamentos
específicos, promover a cultura da criatividade
e desenvolver formas de disseminar, promover,
reconhecer, sistematizar e premiar as iniciativas
criativas que resultam em inovações que melhoram
o dia a dia e o desempenho das organizações.

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1.

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Exercitando a Desconstrução da Mente

Vivemos uma época em que não há estabilidade da estrutura organizacional das


empresas. Isso tem como consequência a modificação das habilidades e das tarefas
exigidas dos colaboradores, especialmente, devido ao surgimento e à disseminação da
evolução tecnológica (ROCHA, 2009). Dessa forma, as empresas que não conseguirem
criar um ambiente que estimule a criatividade dos seus empregados para implementar
inovações terão sérias restrições para manter a empresa operando.
Para enfrentar as pressões ambientais, as organizações necessitam adotar uma postura
mais agressiva, envolvendo decisões rápidas e maiores riscos. Por outro lado, têm que
se programar para novas situações, buscar na criatividade formas de prever e solucionar
problemas, inovar para atender às mudanças do mercado de trabalho, às suas próprias
exigências e à necessidade de resultados positivos (ROCHA, 2009).

A criatividade é fundamental para a satisfação das pessoas e para a sobrevivência


das empresas. Ela se desenvolve a partir das experiências, habilidades, inclinações,
vontades e preocupações das pessoas. Uma empresa deve ser gerenciada por
executivos com mente aberta para as inovações.

No entanto, desde cedo, a família, a escola e a comunidade estabelecem regras para


moldar os indivíduos, buscando sua socialização. No entanto, bloqueiam a expressão
de suas personalidades, características e necessidades individuais, supostamente, em
benefício da coletividade como pseudogarantia da preservação da sociedade. Esse
tipo de conduta, na maioria das vezes, cerceia a prática da criatividade. As instituições
bloqueiam o potencial criativo, patrocinando a passividade e o conformismo, em uma
tentativa de unificar as atitudes das pessoas para que não questionem as normas e
tradições estabelecidas pela sociedade (ROCHA, 2009).
As empresas precisam encontrar formas de estimular a criatividade de seus empregados,
tanto despertando sua motivação como incitando-os a romper com o pensamento
tradicional vigente e impelindo-os para a implementação de soluções diferentes e
criativas. A criatividade é o principal fator da inovação e, portanto, é fundamental para o
estabelecimento de uma empresa inovadora.
Trabalhando a Motivação
O primeiro elemento a ser considerado é a motivação dos empregados, pois são a
força que move as pessoas, direcionando a sua conduta para um resultado imediato de
satisfação.
As pessoas reagem de três maneiras diante de uma situação em que são obrigadas a
mudar: fugir; ficar paradas; ou agir. Elas fogem, no caso, quando preferem sair da empresa;
ou ficam paradas, quando deixam de fazer suas atividades à espera de uma ordem ou

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comando; ou agem, quando buscam melhorar mediante aquisição de novas habilidades
e competências e propõem novos trabalhos ou novas maneiras de fazer (ROCHA, 2009).
A motivação é obtida por meio da satisfação das necessidades intrínsecas dos indivíduos,
da confiança de que se realizarem um bom trabalho serão compensados por meio de
reconhecimento público, aumento de remuneração, promoção ou, indiretamente, por
meio de uma melhor qualidade de vida, como a prática de home office, um carro para uso
pessoal ou flexibilidade de horário (ROCHA, 2009).
As principais motivações do ser humano para criar ou fazer alguma coisa são a liberdade
para agir e o sentimento de se sentir útil, tanto no aspecto da vida privada quanto na
vida profissional. Muitas pessoas têm necessidade de um emprego estável e, por causa
disso, buscam evitar a rotina e estão constantemente se atualizando, adquirindo novos
conhecimentos e aprendendo novas tecnologias, conciliando crescimento profissional e
pessoal (ROCHA, 2009).
As empresas empreendedoras têm necessidade de ter uma equipe criativa. Afinal, para
acompanharem as mudanças impostas pelo mercado, precisam de colaboradores que
sejam estimulados pelas constantes mudanças. Devem pensar diferente, ser criativos,
ser sensíveis, ao mesmo tempo determinados e idealistas, e, principalmente, possuam a
capacidade ímpar para improvisar diante de situações adversas (ROCHA, 20019).
As pessoas criativas são muito curiosas, não resistem às novidades, são animadas,
ousadas, e ficam mais motivadas a cada desafio que as force a se desviar do pensamento
habitual e a criar uma solução incomum para um problema. Elas buscam informações
das áreas mais distintas, da mais complexa à mais simples, para acrescentar aos seus
conhecimentos, de modo que possam inter-relacionar os dados e criar novas ideias e
respostas diferentes e inéditas para os novos desafios (ROCHA, 2019).
Os empregados criativos são movidos por desafios, quanto mais difícil for o problema
e mais esforço exigir para alcançar um resultado satisfatório, maior será́ o seu grau
de satisfação. Estão sempre procurando novas formas de fazer os seus trabalhos,
pesquisando novos conceitos e novas teorias, buscando trabalhos em novas áreas, e
adotando uma postura de curiosidade e questionamento, com o intuito de manter a mente
sempre aberta para novidades (ROCHA, 2019).
Uma vez motivadas, as pessoas estão dispostas a exercer a sua criatividade, eliminando
ideias preconcebidas, exercitando o livre pensamento, em que tudo pode ter diversas
possibilidades. A criatividade produz continuamente experiências e situações inusitadas.
A maneira mais objetiva de desenvolvê-la é praticá-la, imaginar infinitas soluções para
problemas específicos, vencer a inquietação e aproveitar os momentos fecundos, afinal,
pessoas criativas são ansiosas (ROCHA 2009).
Uma das características do processo criativo é a ambivalência, a alternância entre
pensamentos positivos e negativos, até a obtenção de uma síntese, devido ao trabalho
simultâneo dos dois hemisférios do cérebro, que processam e armazenam informações
diversas (ROCHA, 2009).
Por um lado, o hemisfério esquerdo do cérebro, que cuida da parte prática e realizadora,
geralmente é a dominante em nossa cultura. Ele é voltado para os aspectos práticos,
analíticos, racionais, verbais, cognitivos, lineares, numéricos, sequenciais e lógicos dos
eventos. Do outro, o hemisfério direito, responsável pela parte idealista e inovadora,
que lida com os aspectos interpessoais, inconscientes e estéticos, mais relacionado

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às atividades criativas, emotivas, intuitivas, não verbais e experimentais, e que usa a
imaginação para combinar ideias e fazer analogias (ROCHA, 2009).
No desenvolvimento criativo, ambos são utilizados, porém, de formas diferentes, conforme
a personalidade de cada um, para a resolução de problemas ou para a implementação
de soluções que destoam dos padrões usuais. Os dois se complementam, na medida
em que apresentam duas faces bastante diferentes de uma mesma questão, já́ que os
processos, produtos e serviços são pensados tanto em termos de funcionalidade e de
utilidade como de representação e simbologia (ROCHA, 2009).

As pessoas podem reagir ao ambiente de forma positiva ou negativa, aceitando


ou fugindo dos desafios. Aquelas que decidem aceitar os desafios se aproximam
mais da originalidade e da criatividade, buscando romper regras e convenções
estabelecidas pelos grupos sociais.

Desconstrução da Mente
Os líderes de equipes de criatividade devem propiciar aos seus colaboradores um
ambiente de trabalho acolhedor para acionar a imaginação e expandir a percepção dos
participantes, estimulando-os a abdicar de ideias preconcebidas e bloqueios, adotando
uma mente de aprendiz, de modo a ampliar as possibilidades de resoluções criativas
(ROCHA 2009).
Os membros do grupo devem buscar inspiração fora do ambiente de trabalho sobre
coisas bem diversificadas, mesmo que não haja ligação com o produto que pretendem
desenvolver, a fim de romper com os vínculos que estabelecem habitualmente, como
relações de causa e efeito, entre palavras e objetos, imaginando novos objetos e novas
relações (ROCHA, 2009).
Também devem estimular o imaginário e a fantasia, criando abstrações coletivas e
evitando métodos preestabelecidos para improvisar. A criatividade está presente na
geração, na seleção, no desenvolvimento e na implementação das ideias. Nos exercícios
de brainstorming, as pessoas falam tudo que lhes vem à mente, desprendidas de objetivo
ou propósito, em seguida, todos analisam e selecionam as ideias mais viáveis de
implementação, em função dos recursos e capacidades da empresa e das demandas
impostas pelo mercado. A concentração e o foco no problema, frequentemente, dificultam
o raciocínio, a visão de imagens e as experiências inconscientes (ROCHA, 2009).
Ideias criativas também emergem do conflito de contribuições divergentes. De forma
geral, as fontes externas adicionam valores novos, assim como mentalidades e
pensamentos de outras culturas que diferem da nossa forma de pensar, pondo-nos em
contato com novos acontecimentos. Vários fatores devem ser combinados, como o
desejo, o interesse, o entusiasmo e a intuição. As mentes precisam estar abertas, sem
preconceitos e predispostas para acomodar conflitos e ambiguidades, sem ter receio de
arriscar, uma vez que a mescla desses elementos encoraja invenções na medida em que
estimula a criatividade. O exercício de imaginar o futuro em um horizonte de tempo de
cem anos pode ser bom estímulo. Filmes como Guerra nas Estrelas e ET, por exemplo,
fizeram isso, e não aconteceu nada do que previram, pelo menos não nesse hiato temporal
(BAER, 1993).

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As pessoas criativas não estão atrás de convicções, respostas lógicas, praticidade,
respeito às regras e de se esquivar de erros e bobagens, mas de tentar compreender
problemas de outras áreas nas quais não são especialistas, observar outros ângulos
e possibilidades para resolver um problema. No entanto, evitam criar qualquer tipo de
bloqueio mental que inviabilize a percepção e a absorção de novos conhecimentos, pois
buscam oferecer novas respostas. Essa capacidade de improvisação é a competência
que está presente nas empresas de sucesso atualmente. Exemplo de criatividade é o
das pessoas que tocam músicas usando instrumentos improvisados, como copos cheios
com quantidades distintas de água (ISAKSEN; DORVAL; TREFFINGER, 2003).
Os pensamentos não tem que obedecer a uma lógica previamente determinada porque
não há normas e regras a seguir. Não existe resposta unívoca para um problema, mas
diversas visões dele. As pessoas têm que pensar de uma forma diferente da usual e
romper com os padrões existentes, imaginando como as coisas poderiam ser diferentes.
A pergunta básica que se faz é “e se...”.
O início dos processos criativos, de forma geral, é visionário e implica romper com as
normas e o trabalho com o desconhecido, permitindo uma imaginação livre, por mais
contraditória que a ideia possa parecer (ROCHA, 2009).

Quem poderia imaginar usar cravo para afastar as formigas ou água gelada para
aliviar as dores de uma queimadura por água quente?

A criatividade é um exercício de colocação e resolução de questões, de ponderações


em que são examinados os dois extremos de um problema. Uma situação que mostra
claramente o exercício da criatividade é quando um grupo de pessoas recebe uma
comunicação que não ficou clara e analisa a mensagem tentando imaginar o que o
emissor quis dizer, e cada um tem uma visão completamente diferente (ROCHA, 2009).
Não é à toa que o jogo de palavras, a entonação e a pontuação são recursos muito utilizados
na publicidade, na medida em que incitam as pessoas a imaginar o verdadeiro sentido
ou a intenção do autor por trás daquele texto. Outras figuras usadas pela criatividade
nas comunicações publicitárias são a metáfora e a metonímia, uma vez que também
estimulam os ouvintes/leitores a refletir. Foram recursos amplamente utilizados pelos
compositores na época dos governos militares para fugir da censura que vigorava no
Brasil (ROCHA, 2009).
Outro fator que estimula buscar uma saída criativa é o erro. Muitos sábios dizem que se
aprende mais com os erros do que com os acertos, na medida em que, na averiguação
sobre o momento em que ele foi cometido, descobre-se uma série de outras coisas que
podem ser testadas e feitas de forma diferente. Fazendo uma analogia com a nossa
rotina, podemos pensar em quantas vezes procuramos alguma coisa que perdemos e
achamos outra que estava sumida há́ um bom tempo e da qual nem nos lembrávamos
mais (RICHARDS, 2007). Outro caso é a diferença da lógica interna das pessoas nos
inter-relacionamentos e associações de ideias que fazem devido à variedade de suas
vivências e experiências.
Lembro-me da lógica irrefutável de uma resposta do meu filho, naquela fase da infância
em que não se gosta de tomar banho, quando insisti para que tomasse uma ducha após

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jogar uma partida de futebol com os amigos. Segundo ele, “como já́ tinha tomado banho
antes de jogar bola e como o suor é água, logo, se o corpo está́ limpo, a água que sai de
um corpo limpo também está́ limpa.” (ROCHA, 2009, p. 68). Assim, não havia necessidade
de tomar mais um banho. Existe uma lógica mais criativa?
Todos precisam buscar compreender outras especialidades diferentes das suas para
tentar sair do foco. Quem tem astigmatismo sabe bem que a percepção das coisas muda
muito com e sem o uso de lente corretiva. Um bom exercício para estimular a criatividade
é colocar-se na posição do outro, pensando no que ele gostaria de fazer (ROCHA, 2009).
As pessoas criativas, como são curiosas, costumam procurar informações sobre as ideias
que têm em mente em diferentes ambientes e situações e em diversas fontes, como a
leitura de revistas, livros e jornais, perguntas a pessoas de várias áreas ou pesquisas
em lojas, livrarias e museus, para expandir sua visão do problema. Elas têm o hábito de
observar a reação dos indivíduos diante das situações, tanto as esperadas quanto as
inesperadas (BAER, 1993). Um bom exemplo é dado pelo programa de televisão Câmera
Indiscreta, que exibia a reação das pessoas em circunstâncias inesperadas.
Outra maneira de aprender é pelo estudo da história, de modo a observar como os
problemas foram solucionados no passado. Por exemplo, como os egípcios construíram
as pirâmides com os recursos daquela época? Todas as experiências são válidas para
o aprendizado de alguma coisa, mesmo as mais lúdicas, como brincadeiras, programas
de televisão e filmes, particularmente quando envolvem situações extremas, como
sofrimento, medo e surpresa. As pessoas devem olhar o “obvio” como algo complexo e
invisível (RICHARDS, 2007).
As empresas devem estimular as pesquisas para a transformação dos padrões de
resposta. Um bom exemplo de modificação é o do movimento artístico do Cubismo, que
desconstruiu e inverteu as formas. A observação das obras de Picasso mostra como ele
coloca as formas em lugares diferentes do original e monta um grande quebra-cabeça nas
suas esculturas e pinturas, usando, inclusive, objetos diferentes, como violão e garrafa,
para formar uma figura, como em uma colagem (ISAKEN; DORVAL; TREFFINGER, 2003).

ATENÇÃO
As empresas que quiserem inovar devem estimular seus colaboradores
a subverter a lógica das coisas, quebrando normas e paradigmas,
alterando padrões, juntando coisas que são separadas e separando as
que são conectadas, jogando com as diferenças, assim como devem
evitar qualquer forma de preconceito que vise modificar seu modo de
encarar pessoas, objetos e ideias, exercitando a imaginação (ISAKEN;
DORVAL; TREFFINGER, 2003).

Depois de exercitar a criatividade pensando em novas formas de resolver problemas, de


explorar todas as esferas e níveis do conhecimento, de lidar com o impensável e imaginar
coisas extraordinárias, está na hora de escolher as ideias viáveis e transformá-las em
realidade. A partir desse momento, os líderes devem juntar todas as áreas da empresa,
assim como também fornecedores e clientes, a fim de viabilizar o projeto e comercializá-
lo para a geração de valor.

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2.

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Estimulando a Criatividade

Atualmente, entender a criatividade como algo conferido apenas a gênios e a artistas


não faz sentido, pois engloba também as pessoas comuns no seu cotidiano, assumindo
a forma de abordagem nova de dilemas e problemas de conhecimento geral (RICHARDS,
2007). E se a criatividade se mantém unicamente ligada à relação estabelecida entre o
criador e o seu produto, onde nem sequer a originalidade é importante, mas, apenas, o
“tentar fazer melhor”, ligado aos processos cognitivos e emocionais que têm lugar no
aspecto individual (BAER, 1993; SOUSA, 2007).
O conceito de criatividade, embora não seja consenso, é considerado um fenômeno
complexo, implicando múltiplos fatores e aspetos, mas envolvendo sempre algo novo.
Trata-se de um conceito que depende do momento histórico, ou seja, dos valores
e interesses presentes, assim como da área científica em que se situa (SOUSA;
NUNES; MONTEIRO, 2015). Assim, no domínio da psicologia, em que os autores se
reveem, adquirem particular importância a personalidade, os aspectos cognitivos e os
emocionais, bem como os relativos ao contexto social, evidenciados para vários autores,
dentre os quais se pode destacar a equação proposta por Noller, em 1979 (ISAKSEN;
DORVAL; TREFFINGER, 2003), segundo a qual a criatividade é função do conhecimento,
da imaginação e da experiência [C = f (C, I, E)] e traduz um comportamento interpessoal
que visa fazer um uso positivo e benéfico da mesma.
Figura 1 – Criatividade segundo Noller (1979)

Conhecimento

Criatividade

Experiência Imaginação

Fonte: Elaborado pelo autor (2022) por EAD Unifor.

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Todos os colaboradores da empresa, assim como clientes e fornecedores, devem ser
encorajados a participar das inovações, na medida em que elas surgem dessas interações
e de experimentações constantes. Se todos participarem internamente dos projetos, os
mais criativos irão se destacar, e a organização poderá́ aproveitá-los.
Após a identificação dos funcionários criativos, a empresa deve estimulá-los e apoiá-
los, ministrando treinamentos especiais e criando planos de carreira específicos. A
política de estímulo à criatividade vai depender dos aspectos culturais e da estrutura
das organizações, assim como da criação de processos inovadores para filtrar as ideias
que podem ser aproveitadas. No caso de aprimoramento de produto, os fornecedores
e os clientes podem ser grandes parceiros no processo de inovação (ISAKEN; DORVAL;
TREFFINGER, 2003).
Todos os níveis da empresa devem usar de criatividade, de modo que ela faça parte
da cultura organizacional associada à estratégia e a sistemas gerenciais, sustentando
atitudes positivas em relação à geração de ideias (BAER, 1993). O papel do líder, portanto,
é fundamental, na medida em que ele estimula as ideias e as transforma em realização,
ao disseminar a cultura da inovação e ao motivar, captar recursos e investimentos e
implementar os projetos.
A criatividade só́ é obtida com um canal de comunicação aberto à participação dos
colaboradores, uma política de retenção de talentos, um portfólio grande de produtos
novos e a cooperação de toda a empresa, que deve experimentar, avaliar sucessos e
fracassos, acolher ideias incomuns e gerenciar o equilíbrio entre criação e disciplina
(ROCHA, 2009).
Além disso, os gerentes devem projetar espaços informais e aconchegantes para facilitar
a criatividade nas organizações, que estimulem a geração de ideias livres, que não sejam
nem pequenas nem grandes demais, a ponto de limitar ou evitar uma atmosfera intimista,
assim como não devem ser nem abertas nem fechadas demais (ROCHA, 2009).
Os escritórios abertos estimulam as ideias, uma vez que diferentes áreas dividem o
mesmo espaço, o que propicia que todos os setores conheçam os problemas dos outros
e possibilita o envolvimento de todos na sua resolutividade.
O trabalho criativo exige improvisação contínua, forçando as pessoas a se comunicar
constantemente e a desenvolver habilidades que facilitem o diálogo, o que permite a
mudança do foco individual para o coletivo e amplia a percepção de uso de um produto
(BAER, 2003).

DICA
O intercâmbio de ideias é essencial para estimular a criatividade, na
medida em que uma nova perspectiva pode estimular a imaginação e
a inovação, uma vez que rompe as barreiras tradicionais.

A fim de estimular a criatividade, os gerentes devem repensar o conceito de espaço,


ampliando-o e reorganizando-o, de modo que reflita os valores de todos. O local de
trabalho deve ser amplo e divertido para energizar a equipe e permitir interações com

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pessoas que não fazem parte do grupo (SOUSA; NUNES; MONTEIRO, 2015). O espaço
físico aberto reflete a independência, a autonomia, a amplitude e a igualdade, e elimina
qualquer alusão à hierarquia, o que implicaria a existência de chefes, contrariando a
filosofia de que todos devem funcionar como uma única pessoa na geração de uma ideia.
A empresa deve sopesar suas capacidades criativas, como pessoas, tecnologias,
arquitetura organizacional, assim como avaliar a proporção da receita proveniente
dos produtos novos comparativamente aos mais antigos. Deve também fazer um
levantamento do número de ações de criatividade que se transformaram em produto, em
melhorias dos processos e da cultura da empresa, e do papel dos gestores na introdução,
apoio e continuação das iniciativas (ROCHA, 2009).
A empresa deve cuidar de seus talentos criativos, avaliar a postura da liderança e das
áreas de desenvolvimento e operação, a sua taxa de evasão de talentos e política de
recrutamento e treinamento e o estímulo à diversidade e à divergência de opiniões. Também
deve avaliar os procedimentos e a cultura dos seus concorrentes e o benchmarking de
empresas criativas e divulgar os seus avanços em feiras, convenções e conferências
(ROCHA, 2009).
O mercado atual é global, extremamente competitivo e exigente em relação ao novo, ao
experimental, à rapidez, à eficiência e à eficácia. Não deixa tempo para buscar soluções
do passado e premia a habilidade de improvisação e inspiração. A função do gerente é
localizar pontos de tensão e de harmonia entre os sistemas e o livre fluxo da criatividade
com o intuito de satisfazer os clientes, assim como facilitar a mistura de personalidades,
de novo e velho, de técnica e improviso e de disciplina e flexibilidade (ROCHA, 2009).

Os principais fatores de sucesso de uma empresa inovadora são descobrir talentos,


associá-los a oportunidades e recursos internos, definir iniciativas e manter a
conscientização contínua da atmosfera.

Tanto a criatividade individual como a coletiva precisam ser estimuladas, planejadas,


alimentadas e enriquecidas constantemente, de modo a elevar o nível de inovação na
empresa (RICHARDS, 2007). O líder é o facilitador do ambiente criativo, tornando viável a
cooperação entre seus colaboradores e permitindo que as ideias geradas para produtos,
serviços e tecnologias resultem em inovações e gerem valor
A criatividade, portanto, exige uma variedade de conhecimentos, na medida em que
qualquer informação pode ser utilizada na solução de um problema, mas também requer
muita imaginação e motivação. Quanto mais difícil for a solução de uma questão, maior
será́ o desafio apresentado para as pessoas criativas. A modificação da criatividade
em inovação exige estratégia, processos bem-estruturados e sistemas de conexão para
interligar todas as áreas envolvidas no projeto, assim como uma forte ação da liderança
no estímulo às ideias criativas, por meio do seu envolvimento nos processos de avaliação
e seleção das ideias e no desenvolvimento dos produtos até́ a sua chegada ao mercado.

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RESUMO DO PERCURSO DE APRENDIZAGEM

Neste percurso de aprendizagem, abordamos como exercitar a desconstrução da mente


e estimular a criatividade. Tendo em vista o objetivo de descrever como pode se dá o
processo de desconstrução da mente e o estímulo à criatividade, nós apresentamos os
mecanismos organizacionais que podem ser empregados para trabalhar a motivação e
desconstruir padrões mentais, de modo a permitir que haja estímulo à criatividade no
contexto do fazer organizacional. Dessa forma, foi possível apontar alguns caminhos
que podem tornar a empresa mais inovadora, a partir do estímulo ao desenvolvimento da
criatividade.

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REFERÊNCIAS

ABRANTES, ANA. A conexão coração: empresas e organizações pulsando no ritmo


sincronizado entre cérebro e coração. Rio de Janeiro: Mauad X, 2011.
ABRANTES, A.; SANMARTIN, S. M. Intuição e criatividade na tomada de decisões
- São Paulo: Trevisan Editora, 2017. 25Mb; e-PUB. Disponível em: https://integrada.
minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450158.
AGOR, Weston H. Intuition in organizations: leading and managing pro­ductively. Califórnia:
Sage Publications, 1989.
ARNTZ, William; CHASSE, Betsy; VICENTE, Mark. Quem somos nós? – a descoberta das
infinitas possibilidades de alterar a realidade diária. 9. ed. Tradução de Doralice Lima. Rio
de Janeiro: Prestígio Editorial, 2007.
BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e Empreendedorismo. 3ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2019.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582605189.
BAZANINI, Homero Leoni. O lado obscuro das novas tecnologias - The dark side of new
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CAMPOS, Celso. A organização inconformista: como identificar e trans-formar mentes
revolucionárias em um diferencial competitivo. Rio de Janeiro: FGV, 2001.
DAY, Laura. Manual de intuição prática. Tradução de José Lopes. Rio de Janeiro: Record:
Rosa dos Tempos, 1997

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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)

Presidência AUTOR
Lenise Queiroz Rocha ELNIVAN MOREIRA DE SOUZA
Vice-Presidência
Manoela Queiroz Bacelar Doutor em Administração de Empresas pela Universidade
Reitoria de Fortaleza - UNIFOR (2015-2019), com estágio
Fátima Maria Fernandes Veras no exterior (doutorado sanduíche) na Simon Fraser
University (Canadá, 2018). Mestre em Administração de
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação e Pós-Graduação
Maria Clara Cavalcante Bugarim Empresas pela Universidade Estadual do Ceará - UECE
(2012-2014). Especialista em Marketing (2007-2009)
Vice-Reitoria de Pesquisa e Graduado em Administração de Empresas (2001-
José Milton de Sousa Filho 2006) pela Universidade Federal do Ceará - UFC. Tem
Vice-Reitoria de Extensão experiência na área de Administração, com ênfase em
Randal Martins Pompeu Empreendedorismo, Inovação, Estratégia e Tecnologias de
Apoio à Gestão. Seus tópicos de pesquisa são Capacidade
Vice-Reitoria de Administração
Dinâmica (Gerencial e Cognitiva), Modelo de Negócios,
José Maria Gondim Felismino Júnior
E-business e Indústria 4.0.
Diretoria de Comunicação e Marketing
Ana Leopoldina M. Quezado V. Vale

Diretoria de Planejamento
Marcelo Nogueira Magalhães

Diretoria de Tecnologia
José Eurico de Vasconcelos Filho

Diretoria do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão


Danielle Batista Coimbra

Diretoria do Centro de Ciências da Saúde


Lia Maria Brasil de Souza Barroso

Diretoria do Centro de Ciências Jurídicas


Katherinne de Macêdo Maciel Mihaliuc

Diretoria do Centro de Ciências Tecnológicas


Jackson Sávio de Vasconcelos Silva

RESPONSABILIDADE TÉCNICA

COORDENAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenação Geral
Andrea Chagas Alves de Almeida

Supervisão de Planejamento EAD Identidade Visual / Arte


Ana Flávia Beviláqua Melo Francisco Cristiano Lopes de Sousa
Paulo Renato Mendes Almeida
Supervisão de Recursos EAD
Francisco Weslley Lima Editoração / Diagramação
Emanoel Alves Cavalcante
Analista Educacional - Pedagógico Rafael Oliveira de Souza
Lara Meneses Saldanha Nepomuceno Rebeka Melo Peres
Analista Educacional - Mídias Régis da Silva Pereira
Emanoel Alves Cavalcante Produção de Áudio e Vídeo
Projeto Instrucional José Moreira de Sousa
Ana Lucia Do Nascimento Pedro Henrique de Moura Mendes
Maria Mirislene Vasconcelos Programação / Implementação
Revisão Gramatical Renan Alves Diniz
Janaína de Mesquita Bezerra Thais Rozas Teixeira
José Ferreira Silva Bastos

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