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prefácio
Certos convites nos enchem de satisfação e orgulho, de tal forma que os
aceitamos primeiro, para somente depois ponderar se fazemos ou não jus ao
merecimento e se temos capacidade para atendê-los. O que me foi feito para prefaciar
esta obra, com certeza é um desses. Tento aqui demonstrar alguma envergadura para
cumpri-lo.
Atuo na área cultural há mais de 20 anos. Nessas mais de duas décadas, tive a
oportunidade de desenvolver incontáveis projetos e programas socioculturais
relevantes, que contribuíram na transformação das realidades de indivíduos a
comunidades, de amadores a profissionais. Constato, contudo, que mesmo tendo
contribuído com inúmeras ideias e soluções criativas, jamais me dediquei ao
implemento de um projeto próprio, com a minha assinatura.
Na oportunidade não tinha certeza sobre qual seria o meu “negócio”, sequer
almejava um, mas desde muito cedo identifiquei uma vocação para servir, doar,
colaborar, pensar a coletividade, dentre outras características, que inspiraram minhas
ações e reforçaram a ideia que minha missão e essência, consistiam em executar e
auxiliar pessoas e instituições a criarem e realizarem seus próprios projetos, fui assim
direcionada à prática do “Grantmaking”.
Julho, de 2020
Valéria Martins
Compartilhando 7
aprendizados da minha vida
Rose Meusburger
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
Introdução
Por que minha experiência pode servir como inspiração para os momentos
atuais?
Na verdade, eu não descobri nada, não criei um estilo de vida e não implantei
nenhuma inovação. Em toda a narrativa a seguir será possível você reconhecer minha
percepção e postura diante das inovações tecnológicas e do uso criativo de todas elas
para a melhoria do meu dia a dia, incluindo minhas atividades profissionais.
PRIMÓRDIOS
não é de agora, é desde sempre! Não consigo imaginar minha vida sem a ajuda da
tecnologia e da inovação.
Ainda adolescente, em meu primeiro emprego (nos anos 70), durante o horário
de almoço, decidi visitar um showroom da Sony. Fiquei encantada! O “cinegrafista”
portava uma máquina “portátil” que captava imagens em uma fita. Elas podiam ser
vistas em seguida num aparelho de vídeo cassete, sem nenhum outro processo de
preparo ou edição. Era captar e ver! É incrível recordar que naquele momento, o
videoteipe chegava do futuro para impactar para sempre a minha vida. Mas eu só teria
acesso a um equipamento de reprodução de imagens, (o vídeo cassete) uma década e
meia à frente.
- Ah! A Santa Geladeira com Freezer, uma inovação dos anos 1980 (pelo menos
aqui no Brasil). Armazenar e acondicionar alimentos prontos ou semiprontos para a
família, sempre foi uma arte.
Aprendizado 1
A tecnologia está a favor do ser HUMANO,
DE sua qualidade de vida pessoal e profissional!
Acredito mesmo, que se existem ferramentas para facilitar a nossa vida,
devemos usá-las e explorá-las ao máximo! Para isso foram pensadas, construídas e
colocadas no mercado! Nem sempre estamos preparados para toda essa inovação. Nem
sempre nos damos conta da importância dela!
O trabalho no escritório
Sou do tempo de um tal “papel carbono” e da “máquina de escrever manual”. Os
mais novos não vivenciaram a digitação de textos com cópias carbonadas. Não se podia
errar! Para corrigir o que foi digitado numa cópia carbonada, era um inferno, mas era
possível! Desenvolvíamos técnicas, atalhos e arranjos para que o inferno ficasse menos
dolorido e para que pudéssemos entregar um trabalho impecável. Sem erros e sem
borrões.
Aprendizado 2
E a criatividade é sempre posta à prova!
Criar atalhos para facilitar a entrega dos trabalhos é uma prática que não
perdemos, mesmo nos dias de hoje.
evoluindo
Depois vieram as máquinas de escrever elétricas, as eletrônicas e enfim, os
computadores.
Parece que tudo isso não importa nos dias de hoje. Temos um computador
programado para corrigir eventuais erros de digitação e gramática. Podemos imprimir
quantas cópias quisermos ou precisarmos. Naqueles anos, essas inovações dariam
velocidade à finalização dos inúmeros textos que uma secretária, por exemplo,
precisava entregar ao seu chefe. Propostas, orçamentos, petições, recursos, planilhas,
etc.
Aprendizado 3
permanecer atualizado, pode ser a chave para
o desenvolvimento pessoal e profissional.
As secretárias precisavam entender desses equipamentos tanto quanto
entendiam de gramática e digitação. Quem não estivesse atualizada, perdia a chance de
evolução, promoção ou mesmo de um melhor emprego.
Aprendizado 4
Não resistir, ser flexível, me adaptar!
Ser disruptivo
Eu precisei aprender rápido para operar os novos equipamentos. Era tudo novo
e muito diferente! Uma porção de informação nova que eu precisava absorver e me
adaptar rápido para não perder uma chance sequer de desenvolvimento. Enquanto a
maioria dos funcionários da empresa resistia, eu aproveitei para chamar o especialista
que estava na empresa, à nossa disposição e agendei aulas diárias. Acho que ainda
tenho, em algum lugar, as anotações que fiz para aprender os incontáveis comandos de
edição de textos e construção de planilhas em um computador. Estes documentos eram
fundamentais no departamento em que eu acabara de chegar.
Não resistir a essas mudanças, podem ter sido pontos a meu favor. Nunca resisti!
Sempre busquei entender e aprender como usar cada novo equipamento.
Aprendizado 5
Cliente é a pessoa mais importante do seu negócio!
Se você O Atende de forma ágil e com qualidade,
vai marcar e fidelizar.
Já nessa época (1992), tive o meu primeiro computador. Compra suada para
apresentar propostas mais profissionais no Windows 3.0. Enquanto meus
concorrentes jardineiros, apresentavam seus orçamentos em “papel de pão”, eu já
apresentava orçamentos diferenciados, digitalizados e em folha sulfite colorida.
Muitas vezes, os clientes assumiam que estavam fechando comigo por conta da
apresentação da proposta. Sim, uma apresentação profissional impressiona! Imagem
faz diferença!
Compartilhando 7 aprendizados
da minha vida
Claro que não basta apenas uma boa apresentação e uma boa imagem. É
preciso ser fiel na prestação do serviço. O serviço precisa ser impecável! Com estas
somas, você fidelizará seu cliente!
Aprendizado 6 2
A importância de um portfólio!
É dessa época também, que trago a experiência de preparar um portfólio,
escrever projetos, preparar orçamentos e planilhas de custos.
Diante das inovações, passei por muitas fases e utilizei vários equipamentos
para realizar diversas atividades. Desde os equipamentos próprios para os jardins,
(roçadeiras, cortadores de grama, podadores de árvores, etc.) até os equipamentos de
escritório (computador, máquina fotográfica e impressora). Não seria possível realizar
meu trabalho sem a ajuda da tecnologia. Hoje o trabalho na área de paisagismo, tem
soluções que naquela época ainda estavam engatinhando. Aspersores, gotejadores,
jardins suspensos, telhados e paredes verdes, eram apenas planos. Quanta inovação!
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
Aprendizado 7
Perceber o movimento do mercado e das demandas
que se pode atender.
Perceber movimentos do mercado, fez com que eu começasse não só a ajudar
criativos, mas também a compartilhar conhecimentos sobre gestão, através de cursos
e palestras. Durante pelo menos seis anos, esse foi o meu dia a dia. Até que a internet
começou a influenciar diretamente tudo o que eu estava fazendo. Comecei a perder
oportunidades para ministrar cursos presenciais e as palestras eram menos solicitadas.
Entendi que havia tanta informação gratuita nos canais digitais, que seria impossível
concorrer com elas.
Hoje o canal tem reconhecimento público, tem quase 75 mil (agosto de 2020)
inscritos, foi um dos finalistas do Prêmio Brasil Criativo em 2019, e conta com um
programa de membros do canal.
foram
esses
aprendizados
Foram esses 7 aprendizados, que
ao longo da vida, me colocaram
onde estou hoje. E, é com muito
prazer que estou novamente aqui,
compartilhando um pouco disso
com você. Use-os a seu favor,
sempre!
Rose Meusburger
Sílvio Luís de Vasconcellos
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
organizações criativas
Muito se fala em como as organizações precisam ser criativas. Esse tema
ganhou ainda mais relevância com a pandemia da COVID-19, quando as organizações
precisaram adequar seus modelos de negócio de maneira rápida, eficiente e sem
margem para experimentações. No entanto, mesmo que se compartilhe o conceito de
criatividade como fundamental para resolver problemas e gerar inovação, ainda não
há consenso sobre como construir um ambiente propenso à criatividade dentro das
organizações, sejam elas privadas, públicas ou sem fins lucrativos.
Porém, surge outra questão: é possível estimular as pessoas a terem boas ideias?
Partimos aqui, do princípio de que as ideias são frutos de uma colisão entre problemas,
cognição e memória. O problema é a necessidade a ser atendida. A cognição é a
capacidade do indivíduo de raciocinar e racionalizar o problema, mapeando
alternativas para solucioná-lo, como defende Tim Brown (2018). A memória funciona
como um depósito de outras ideias. Por exemplo, se alguém precisa transportar um
piano para o vigésimo andar, essa pessoa não precisa ter experiência nessa tarefa ao
longo da vida. Pode tentar entender como, em outras situações, objetos frágeis e
pesados são transportados. A imagem de um objeto de cristal em um caminhão de
mudança pode ser útil para atender o quesito fragilidade, enquanto carregar um cofre
em um caminhão pode ajudar no quesito peso. A constante combinação de ideias ajuda
a despertar alternativas que ninguém havia encontrado ou aplicado antes, em
situações de alguma maneira, semelhantes.
produção de ideias em que haja espaço para todas as etapas e que a conversão de id
eias
em inovação respeite também a concepção de tempo de cada um. Empresas que
precisam criar coleções de produtos, por exemplo, vivem esse dilema. Cobram, dos
criativos, ideias específicas em tempos muito curtos. Na pressão, algumas ideias
acabam por surgir, dando a impressão de que a restrição de tempo estimulou a
criatividade. Essa dicotomia, entre o pensar de quem cobra o resultado e de quem cria
produtos criativos, deve ser enfrentada e negociada. Cabe à organização criar o
ambiente propício para isso.
A validação da ideia no grupo não é tarefa fácil, pois ambientes com diversidade
e tolerância podem direcionar a solução em diferentes caminhos até que a melhor
alternativa surja. No entanto, é necessário identificar a necessidade ou o problema e
elaborar diferentes alternativas para que o brainstorm - sempre uma ferramenta
bem-vinda – leve à síntese dos resultados, possibilitando a construção de imagens, os
feedbacks para elas, a prototipagem de teste e a testagem. Seguindo metodologias
ágeis, como o Design Thinking, é possível criar método na profusão de ideias e,
simultaneamente, conciliar com limitações de tempo e de orçamento.
comparável com o
REFERÊNCIAS
Brown, T. (2018). Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. Alta Books Editora.
Priorizei cidades criativas de pequeno porte, com até oitenta mil habitantes, por
entender que pequenas cidades, no interior do Brasil, têm condições para projetar e
absorver, mais rapidamente, conceitos e vetores de desenvolvimento regenerativo e
criativo. Também por entender que são necessários movimentos, descentralizadores,
com o propósito de valorizar a cultura do Brasil profundo.
Segundo o autor Charles Landry, cidades criativas são aquelas onde há senso de
conforto e familiaridade; uma boa mistura do velho com o novo; variedade e escolha;
equilíbrio entre o calmo e o vivificante; ou entre o risco e a cautela. Ainda segundo o
autor, para que uma cidade seja criativa, é necessário espaços para se reunir, conversar,
misturar, permutar e brincar. Cidades onde se juntam e se compartilham projetos e
experiências.
1º GIRO – Alvorada:
Sensibilização e Despertar para a Cidade Criativa
A estratégia consiste em fazermos um giro (visita) nas cidades. Inicialmente,
realiza-se uma reunião com lideranças locais e as prefeituras, seguida de uma palestra
de sensibilização, podendo ocorrer em momentos distintos.
Ao final deste primeiro giro, elaboramos uma agenda com datas definidas para
a realização do próximo giro nas cidades. As lideranças, inicialmente sensibilizadas e
despertas para a importância do tema, serão responsáveis por fazer a mobilização do
público para os próximos giros.
Nessa fase, deverá ser criado um Grupo de Trabalho para a realização do 2º
GIRO.
ESTRUTURA DO PROCESSO
CRIATIVO
E SUAS POTENCIALIDADES
No novo paradigma da economia, propõe-se pensar os negócios,
empreendimentos e atividades, aliando valores agregados e impactos, objetivando
desenvolvimento sustentável conforme discussão mundial.
Livros, músicas, teatro, circo, dança e cinema, por exemplo, mostraram sua
força diante da realidade presente e precisaram levar seus produtos para as
plataformas virtuais. Colocar a cultura como protagonista neste momento difícil, é
necessário. Apropriar-se desta ação, deste movimento, fortalece a defesa dos setores
criativos para a sociedade como um todo.
Dentro deste novo normal, os setores criativos são as maiores potências, pois já
possuem em seu núcleo, o conceito básico da economia criativa. Afinal, a circulação, a
produção e a demanda de conhecimento, estimulam a criatividade. Relegados à
margem do conceito de trabalho produtivo, até pouco tempo, o setor criativo, não era
considerado como fator gerador de economia formal ou de impactos sociais e culturais,
Estrutura do Processo Criativo
e suas Potencialidades
A grande maioria dos setores criativos, atuam como empreendedores por MEI
ou até mesmo, na informalidade. Infelizmente, apenas os grandes produtores
conseguem arcar com as exigidas questões burocráticas e impostos. Porém, tanto os
pequenos empreendedores criativos, quanto os grandes produtores, são potências para
o desenvolvimento e isso não se limita apenas ao impacto econômico formal.
Para explicar melhor as potencialidades dos setores culturais, dividi o processo do
setor, em 3 partes:
NÚCLEO CRIATIVO
É aqui que acontece a parte mais preciosa do processo que diferencia os setores
criativos. A intensa troca de conhecimento, de experiências, do exercício de colocar em
prática, as ideias sem julgamento, da imaginação. Sempre calcado em alguma
referência (histórica, cultural, ambiental), é nessa parte do processo que é desenhado
o que será o produto final.
PRODUTO FINAL
Resultado de todo o processo: o produto ou serviço
Estrutura do Processo Criativo
e suas Potencialidades
Pensar, mapear e organizar a cadeia produtiva que é muito extensa, são grandes
contribuições para o desenvolvimento econômico, social e cultural. O mapeamento
destes impactos é essencial para comprovar resultados. Quando advindos a partir da
aprovação de projetos de leis de incentivo ou de captação de recursos no setor público
e privado, comprovam que são INVESTIMENTO e não despesa. No caso da gestão
pública, o retorno em geral é exponenciado, dependendo de como é organizada a
cadeia produtiva. Os dividendos gerados, podem ser investidos no próprio setor
cultural ou até mesmo dividido em áreas como saúde, educação e segurança.
(Exemplo: Festival das Nações do Mato Grosso do Sul conseguiu retorno de $7 milhões
para cada $1 milhão investido em 2018).
PRODUTO FINAL
O produto final, é sempre desenvolvido a partir de uma base de conhecimento.
Uma referência, cultural, ambiental ou social. Cada vez que um produto ou serviço são
apresentados, transmite-se conhecimento para o público em um formato mais lúdico.
Fortalecer a conscientização de que o produto criativo não é só lazer, e sim a
disseminação de conhecimento, é essencial para abrirmos o olhar para esta
potencialidade. É a última parte do processo criativo!
Colagem
o
aprendizado
do
futuro
Este é um rápido panorama da
minha defesa de que os setores
criativos são grandes potências para
o desenvolvimento pós pandemia.
São agentes de transformação que
melhoram a qualidade de vida das
pessoas e abrem novos olhares para
a economia, questões sociais,
culturais e para um desenvolvimento
mais sustentável.
Helga Tytlik
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
REFERÊNCIAS
A ideia
Allan Szacher, brasileiro, publicitário e designer, irmão e sócio de Simon
Szacher, ao retornar de uma temporada fora do Brasil, voltou cheio de ideias da
Oceania, mais especificamente da Austrália, onde viveu, estudou e trabalhou por
aproximadamente 2 anos, entre 2002 e 2004, na cidade de Sidney.
Outros projetos nos quais se envolveram no decorrer dos anos nas mais
variadas áreas de produção estão, dentre outros: festas temáticas, monitoramento
infantil, viagens internacionais levando jovens a conhecer outras culturas, viagens
nacionais onde atuaram como primeiro socorristas e seguranças, competições de
conhecimento estudantil tanto no Brasil como no Exterior, campeonato esportivo da
América Latina – Macabíadas Sulamericana (tanto na Argentina como também no
Brasil), Feiras de arte, do livro, exposições de arte, apresentações musicais, de teatro e
também de cinema, etc.
A Construção e história do Festival Internacional
de Criatividade PIXEL SHOW.
O que é o projeto?
Por que ele é necessário? Por que fazer?
Para que ele será feito? Qual objetivo?
Para quem ele será feito? Há esta demanda/necessidade?
Há algum problema que ele ajudará resolver? Se sim, qual/quais?
Qual é o seu propósito?
Quem pode ajudar (parceiros, apoios, patrocinadores, fornecedores, etc)?
Quem são meus Stakeholders (partes interessadas)?
Após alguns contatos feitos, foi definido como local do nascimento do PIXEL SHOW
o auditório do MIS – Museu da Imagem e do Som, na Avenida Europa, Jardins, na
cidade de São Paulo. Após definição de local e data, a curadoria definiu os primeiros,
de muitos que viriam nos anos seguintes, palestrantes – cada um de uma área da
criatividade!
Devido a ser o 1º ano do Festival, muita dúvida pairava no ar... Era o primeiro
evento focado em criatividade no Brasil e muito pouco se falava, na época, sobre
criatividade, sobre cultura sob novos olhares... Numa grata surpresa e recompensando
o esforço da equipe de produção e realização do festival, havia gente no dia chegando
de fora da cidade de São Paulo, sem sequer ter comprado ingresso, para poder acessar
as palestras da Conferência do festival, o que é até os dias de hoje o “coração” do
PIXEL SHOW, e atualmente abarcando muito mais sub-nichos da economia criativa
do que quando nasceu!
Allan Szacher sempre disse que “para ser um profissional criativo melhor, é
importante adquirir conhecimento e se inspirar nos grandes nomes de criativos de
diferentes áreas e do mundo todo, desta forma crescendo seu repertório e
possibilitando pensar de novas e diferentes maneiras para novas criações e projetos,
além de resoluções de problemas ou ainda solicitações de clientes.”
Já no 4º ano, o evento deu um novo pulo e além de ter recebido 900 pessoas
para assistirem a Conferência no auditório Simón Bolívar no Memorial da América
Latina, abriu sua feira com acesso gratuito ao público geral, como é feito até os dias
atuais, para 90% das atividades oferecidas pelo Festival ao público, sem custo! Neste 1º
ano com a feira liberada com acesso gratuito às atividades, recebeu 4 mil pessoas para
a feira.
A Construção e história do Festival Internacional
de Criatividade PIXEL SHOW
Em seu 5º ano, mudou-se novamente para uma casa maior e ficou por 4 anos no
FECOMERCIO, na Avenida 9 de Julho em São Paulo, onde recebeu 1500 a 1800
pessoas no auditório enquanto na feira de 6 mil a 15 mil pessoas, entre os anos de 2009
e 2012.
Seguindo com o crescimento constante e sem altos riscos, decidiu nos 4 anos
seguintes realizar no Clube A Hebraica de São Paulo, tendo um auditório ainda maior
e quadruplicando o espaço da feira, recebendo em 2013 8 mil pessoas e em 2016 25 mil
pessoas no final de semana do festival.
Simon Szacher
Como Captar Recursos
com Empresas Privadas?
Criatividade e Diversificação em Tempos de Crise
Daniele Torres
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
Uma grande especialista em filantropia, Kay Sprinkel Grace, nos diz que “as
pessoas não doam porque você tem necessidades. Elas doam porque você atende as
necessidades delas”. As pessoas físicas ainda tendem a investir em causas que elas
acreditam. As empresas são organismos complexos, plurais e, portanto, por mais que
algumas poucas possam estar, hoje, comprometidas com a cultura como causa, elas o
fazem como uma via de mão dupla. Aliás, patrocínio é sempre moeda de TROCA. A
grande maioria das empresas investe em cultura porque visualiza nos projetos
culturais oportunidades de retornos que atendam seus interesses diretos, benefícios
para o seu negócio, a sua marca, a sua imagem.
Infelizmente, não há uma pesquisa que traga dados para falar sobre o
não-financiamento, as razões que fazem com que os projetos não sejam aprovados, em
detalhes. Essas motivações para as negativas podem ser muito diversas, mas é fácil
conferir que cerca de 70% dos projetos incentivados - aqueles que são aprovados em
leis de incentivo fiscal - não conseguem patrocínio (esse dado pode ser conferido
analisando o Versalic, base de dados de projetos aprovados na lei federal de incentivo
à cultura).
Como Captar Recursos com
Empresas Privadas?
Cabe esclarecer que não são só projetos com incentivos fiscais que recebem
investimentos privados. É possível captar, o que no meio chama-se “verba direta”,
aquela sem uso de isenção de impostos. Nesse caso, os contemplados são justamente as
ações mais alinhadas ao perfil da empresa, aquelas que possuem valores em comum
com os da corporação, que falam muito diretamente com os seus públicos de interesse
e/ou geram grande visibilidade e impacto para a marca ou para o consumo de seus
produtos/serviços. Aqui, é ainda mais forte o vínculo dos projetos com os temas de
interesse da empresa, com seus impactos socioambientais ou mesmo com suas
performances comerciais e seu planejamento de marketing; por isso muitas vezes se
diz que é mais difícil captar recursos de verba direta para a cultura, porque são raros
os projetos de cunho realmente cultural que consigam atender interesses tão
específicos e comerciais.
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
Leis de incentivo
“Mecenato”, por definição da palavra quer dizer estímulo, investimento e apoio
a artistas e às artes, sem nenhum objetivo de retorno em troca, por isso soa estranho
nominar a principal lei brasileira de incentivo à cultura, a lei federal (também
conhecida como “lei Rouanet”), como “mecenato”, justamente por essa lógica
anteriormente explicada, que se aplica aos projetos beneficiados pela isenção de
impostos. Esse costuma ser apenas um dos benefícios apresentados a seus
patrocinadores, num pacote de reciprocidades diversas. Mas se olharmos,
historicamente, para o mecenato, veremos que muitos dos chamados “mecenas” já o
praticavam por interesse de ter sua imagem beneficiada pela associação a obras e
projetos artísticos importantes...
Para retomar o foco de como é possível captar recursos com empresas privadas,
é importante considerar os incentivos fiscais como uma contrapartida importante e
eficiente, que ajudam a atrair investidores, mas que não funcionam por si só como
único motivador para efetivar um patrocínio: importante avaliar se o projeto atende à
lógica empresarial de patrocínios e oferece um mix de contrapartidas atraentes e
identificados com aquele investidor.
Como funciona
Em linhas mínimas e introdutórias, porque o assunto é bem mais complexo e
varia bastante de um segmento para outro, é possível dizer que, para captar com
empresas privadas é preciso, basicamente:
• Ter um bom projeto: claro, sucinto, bem redigido e com design atrativo,
profissional e com um orçamento justo;
É preciso:
Conclusão
A captação de recursos empresariais é como um caminho para o sim, cheio de
nãos. Como se os nãos fossem pedras a serem pisadas para se chegar ao SIM. É muito
importante tentar obter um feedback sincero em cada não para gerar aprendizado.
Mas nem sempre essa escuta é possível. Fundamental é ter em mente que a captação
requer um pensamento estratégico de longo prazo. Para instituições a recomendação é
planejamento, investimento, dedicação e foco na perenidade para se chegar à
sustentabilidade. Para projetos esporádicos: planejamento, investimento, dedicação e
prazo.
Daniele Torres
Cadeia Produtiva
da Economia Criativa:
um olhar sobre o artesanato
VANESSA KUKUL
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
1
O Plano da Secretaria da Economia Criativa foi lançado em 2012 com o logo de
‘Brasil Criativo’, buscando incentivar a realização dos compromissos brasileiros
firmados no Plano Nacional de Cultura, e ainda ressaltando que as atividades culturais
e criativas tem potencial mas são pouco estudadas. Assim, define a economia a criativa
“a partir das dinâmicas culturais, sociais e econômicas construídas a partir do ciclo de
criação, produção, distribuição/circulação/difusão e consumo/fruição de bens e
serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua
dimensão simbólica” (Brasil, 2012, p. 23). Portanto, ela se constitui pela intangibilidade,
simbolismo e criatividade presentes nesses profissionais que se organizam de forma
coletiva ou individual. A economia criativa caracteriza-se pela abundância o que
permitiu o surgimento de novos modelos de negócio e inquietação nos modelos de
negócios tradicionais.
Esses setores criativos estão acima dos setores culturais, por consistirem numa
cadeia de produção maior. Essa mescla entre setores culturais forma os setores
criativos com um maior arranjo produtivo e mais participações de atores envolvidos,
otimizando o resultado final (Kukul, De Sá e Gastal, 2019). A Economia Criativa
Brasileira propõe quatro princípios norteadores e balizadores das políticas públicas de
cultura que entrelaçam entre si (Brasil, 2012).
1
Em 2011 foi criada a Secretaria da Economia Criativa como parte do Ministério da Cultura, sendo desativada no ano de 2016 com
o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. O Plano da Secretaria da Economia Criativa lançado em 2011 delineava política,
diretrizes e ações para a gestão no período de 2011 a 2014. Em 2019, essa Secretaria foi reativada com maior enfoque no empreende-
dorismo do que nos seus princípios originais, agora fazendo parte do Ministério da Cidadania e, nele, dentro da pasta da Secretaria
Especial da Cultura.
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
2
Por bonequeira, considera-se o artesão que trabalha com bonecas.
Resgatamos
a
importância dos
e
saberes
fazeres
Mara em entrevista relata que “a Feitiços
de Pano é o meu sonho, sonho em forma de
empreender”. Sonho que ampliou os serviços
oferecidos por ela com suas duas Casas de
Bonecas em Gramado e Caxias do Sul. As casas
funcionam como loja e espaço para cursos,
oficinas e eventos. Recebe cerca de 600 artesãos
por ano em sua casa de bonecas em Gramado.
Participa de programas televisivos mostrando seu
trabalho e ensinando técnicas. Criou o evento
“Chá com as Bonecas”, uma tarde com chá,
biscoitos e a oportunidade de conhecer melhor o
mundo bonequeiro da artesã.
Este foi um breve relato da atuação da bonequeira Mara Couto, onde podemos
observar sua diversificação de produtos contemplando diferentes perfis de
consumidores. Para análise da cadeia produtiva do artesanato (figura A), utilizaremos
um dos produtos de Mara Couto, o livro “Doce Pietra” considerando a cadeia produtiva
dividida em seus três segmentos: núcleo, relacionadas e apoio. O livro nasceu a partir
da boneca Pietra. Portanto, a confecção de bonecas enquadra-se no núcleo cultura, na
categoria artesanato (UNCTAD, 2010; Brasil, 2012), nas atividades relacionadas estão a
costureira (confecção de roupas para a boneca) ou a editoria de livros. No apoio temos
a indústria têxtil que produz tecidos para as roupas das bonecas e a impressão de livros
e o agenciamento de direitos autorais.
Relacionadas apoio
núcleo Indústria Têxtil’;
Cultura, Artesanato Confecção de roupas, Impressão de livro,
Editoria de livros direitos autorais;
Figura a
Esta foi uma discussão inicial sobre a cadeia produtiva do artesanato buscando
provocar reflexões sobre o impacto da economia criativa no desenvolvimento
econômico brasileiro. É preciso ampliar a discussão, especialmente, para o mercado do
artesanato brasileiro que movimenta 50 bilhões de reais, e promove a geração de
renda e emprego. Em tempos de pandemia, o artesanato se tornou fonte de renda e
hobby para muitas pessoas.
Salve a Criatividade! A Criatividade Salva!
REFERÊNCIAS
De Marchi, L. (2014). Analysis of the secretariat of the creative economy plan and the
transformations in the relation of state and culture in Brazil. Intercon – RBCC, São
Paulo, v. 37, n.1, p.193-215, jan./jun. 2014. Recuperado em 11 de outubro, 2019, do
< h t t p : // w w w. p o r t c o m . i n t e r c o m . o r g . b r / r e v i s t a s / i n d e x . p h p / r e v i s -
taintercom/article/view/1888/1705>.
Kukul, Vanessa; De Sá, Felipe Zaltron; Gastal, Susana de Araújo. Economia Criativa e
Turismo: Discussão inicial sobre a cadeia produtiva de bonecas artesanais. In: II Semi-
nário IberoAmericano Economia de La Cultura 2019. Valdivia - Chile. (noprelo)
Acessibilidade Cultural
Se partirmos do pressuposto que a arte e a cultura são portas que nos possibili-
tam um contato mais profundo com o mundo e com nós mesmos, os recursos de acessi-
bilidade são as chaves que permitem a abertura dessas portas às pessoas com deficiên -
cia.
Para ilustrar esse exemplo podemos ter como modelo a cenografia de um espe-
táculo teatral ou uma obra de artes visuais. Essencialmente são elementos disponíveis
às pessoas que possuem visão, visto que esse suporte artístico foi concebido por pesso-
as que enxergam e por elas é feito e consumido. Exclui-se, desde o princípio, a possibi
-
lidade de compartilhar essa arte com pessoas que não possuam o sentido da visão. Mas
precisa ser dessa forma? A resposta é, obviamente, não. Por meio da utilização da
audiodescrição, de elementos táteis (réplicas reduzidas da obra, tours táteis, obras em
relevo ou outras alternativas) é possível possibilitar o acesso a esses bens a pessoas
cegas ou com baixa visão, por exemplo.
Mesmo com as Leis 10.098 e 13.146 em vigor (conhecidas como a Lei da Acessibi-
lidade e a Lei Brasileira de Inclusão – LBI, respectivamente), Plano Nacional de Cultu-
ra e o Brasil sendo signatário de diversos acordos internacionais com foco nos direitos
da pessoa com deficiência, o direito de acesso à arte e à cultura ainda é negligenciado
a esta população. Muitas vezes, produtores e artistas se veem obrigados - por força da
legislação - a incluir acessibilidade nas ações desenvolvidas, principalmente em proje-
tos culturais financiados com recursos públicos. Junto com a necessidade de inclusão
desses serviços (normalmente Libras e/ou audiodescrição), se veem forçados a encon-
trar público para a apreciação das ações, tanto pelos recursos financeiros que estão
sendo investidos, quanto pela necessidade de apresentação de números e informações
nos relatórios finais de atividades. Daí a busca por pessoas com deficiência para parti
-
cipar das ações “a qualquer custo”. Normalmente, a busca por público formado por
pessoas com deficiência começa em instituições assistenciais públicas, organizações da
sociedade civil, conselhos municipais e instituições de ensino.
A busca por público tem como base a falsa crença que a pessoa com deficiência
está sempre conectada a uma dessas instituições, o que não é verdade. A pessoa com
deficiência está em todos os lugares. Está nos supermercados, nos escritórios ou em
casa. Está assistindo filmes, comprando itens ou fazendo qualquer outra atividade da
vida. Assim, é necessário desmistificar a visão da pessoa com deficiência como alguém
que está sempre na dependência de apoio ou de serviços especializados e pensar mais
em comunidades que se organizam, por terem algo em comum - às vezes, este algo em
comum é a deficiência.
(inclusive públicos) não acessíveis, serviços que não possuem acessibilidade, dificulda-
de de encontrar documentos e informações acessíveis (Libras, Braille ou textos acessí-
veis a leitores de tela), transporte público inadequado, educação excludente e assim
por diante.
Também é importante ter em vista que a comunidade surda já possui uma atua-
ção em rede entre si justamente por compartilharem da mesma língua. Logo, pessoas
surdas que se comunicam em Libras tendem a participar de grupos e criar vínculos de
amizades com outras pessoas que se comunicam na mesma língua. Não falamos a
mesma língua e a escola bilíngue (português/Libras) ainda é uma utopia. A barreira
atitudinal é cultural. Uma vez que uma pessoa cega ou surda, por exemplo, foi negli-
genciada por anos em seus direitos culturais é necessário que entendamos que existe
um caminho de inclusão. E esse caminho só pode ser trilhado com diálogo e ações pro -
positivas construídas e pensadas com a participação da pessoa com deficiência. As
pessoas com deficiência não eram incluídas nas políticas de acesso, logo, não basta
apenas divulgar uma atividade cultural acessível, principalmente no interior do Brasil,
e esperar que este público compareça, como se não houvesse um caminho de articula-
ção e afeto a ser construído!
colagem
um
caminho
de
articulação
afeto e
Qiah Salla
ficha técnica
daniele torres
Como Captar Recursos com Empresas Privadas?
Criatividade e Diversificação em Tempos de Crise.
decio coutinho
Geografias da Criatividade
Giros Criativos, uma metodologia para as pequenas cidades
Administrador de Empresas e Mestre em Gestão do Patrimônio Cultural
(2005, PUC-GO) com ênfase em Antropologia. Pós-graduado em Gestão e
Políticas Culturais, pela Universidade de Girona-Espanha. Especialista em
“Sociedades Pós-industriais e Organizações Criativas”, realizada em
Roma-Itália na S3 Studium, com o sociólogo Domenico de Masi e em “Eco-
nomia Criativa” na Fundação Barcelona Media, Barcelona-Espanha.
helga Tytlik
ESTRUTURA DO PROCESSO CRIATIVO E SUAS POTENCIALIDADES
Palestrante e consultora de economia criativa, economia da cultura e
empreendedorismo nos setores criativos. Desenvolvimento de projetos de
impacto social potencializados pela economia da cultura. Atuação na
gestão pública participando na criação de Sistema de Desenvolvimento
pela Cultura e implantação de museu criativo no Museu de Arte de Join-
ville.
Rose Meusburger
Compartilhando 7 aprendizados da minha vida
Vanessa Kukul
Cadeia Produtiva da Economia Criativa: um olhar sobre o artesanato
Diego oliveira
designer e colagens