Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA
ENGENHARIA ELÉTRICA

ALLAN SOARES DE SOUSA

TELEFONIA
TÉCNICAS DE ACESSO DE MODULAÇÕES

Manaus – AM
2017
ALLAN SOARES DE SOUSA

TELEFONIA
TÉCNICAS DE ACESSO DE MODULAÇÕES

Relatório da disciplina de Telefonia


apresentado ao Curso de Engenharia
Elétrica da Universidade Federal do
Amazonas.

PROFESSOR: ANDRÉ HENRIQUE

Manaus – AM
2017
RESUMO

A partir do desenvolvimento do conceito de comunicação celular pelos


pesquisadores do Bell Laboratories, houve grande avanço na modernização do sistema
visando a miniaturização das estações receptores e elevada capacidade de trafego de
dados e canais para tanto, são necessárias técnicas que permitam grande quantidades de
acessos simultâneos a rede além de variadas modulações para a transmissão das
informações digitais.

Palavras-chave: Telefonia, Comunicações Móveis, Sistemas


4

INTRODUÇÃO

A partir do desenvolvimento do conceito de comunicação celular pelos


pesquisadores do Bell Laboratories, houve grande avanço na modernização do sistema
visando a miniaturização das estações receptores e elevada capacidade de trafego de
dados e canais para tanto, são necessárias técnicas que permitam grande quantidades de
acessos simultâneos a rede além de variadas modulações para a transmissão das
informações digitais.
5

1. FREQUENCY DIVISION MULTIPLE ACCESS (FDMA)

O FDMA é utilizado exclusivamente em sistemas móveis analógicos (1G). Esta


técnica divide o espectro de frequência em vários canais com uma determinada largura
de banda (esta largura de banda varia conforme o sistema móvel). Ao ser estabelecida
uma chamada, o canal de frequência é reservado durante toda a sua duração. A voz é
modulada no canal e enviada para o receptor que recupera o sinal por um filtro passa-
banda. São utilizados sinais digitais de controlo para adquirir o canal.

Os sistemas que utilizam o FDMA como técnica de acesso múltiplo são pouco
eficientes pois:

• Cada canal analógico é utilizado por um utilizador de cada vez;


• Os canais analógicos são maiores do que o necessário em compressão
digital;
• Existe desperdício sempre que existe silêncio durante a chamada;
• Os sinais analógicos são bastante susceptíveis a ruído;
• Dada a natureza do sinal, telefones móveis analógicos utilizam elevada
potência (1 e 3 W) na transmissão, de forma a obter uma chamada de
qualidade aceitável;
• Todos estes aspectos conduziram a que o FDMA fosse substituído por
técnicas digitais, nomeadamente o TDMA.

Figura 1 - FDMA
6

2. TIME DIVISION MULTIPLE ACCESS (TDMA)

TDMA permite que vários utilizadores partilhem o mesmo canal, dividindo-o em


timeslots. Quando existem várias chamadas no mesmo canal, a transmissão destas é feita
ciclicamente entre si durante um determinado período de tempo (timeslots).

O sincronismo entre a estação de base e o telefone móvel é alcançado através do


envio de comandos de offset de tempo pela estação de base. Apesar do canal estar
dividido em timeslots, estas não são totalmente utilizadas pelo emissor, visto que algum
espaço é reservado no início e no fim de cada timeslot., Caso exista transmissão neste
espaço reservado, a rede ajusta o offset de tempo de forma a centrar a transmissão na
timeslot.

O sincronismo inicial requer que toda a timeslot seja dedicada à tentativa de


conexão à rede, visto que não existe informação acerca do offset necessário. Se o telefone
móvel estiver perto da estação, o sincronismo será bem sucedido, caso contrário, isto é,
se se encontrar a uma distância superior da estação de base em que a transmissão será
recebida numa timeslot vizinha devido ao tempo de propagação, a estação de base ignora
a transmissão e não é efetuado com o sincronismo nem pode ser estabelecida a chamada
propriamente dita.

Uma grande vantagem do TDMA refere-se ao facto do telefone móvel apenas


receber e transmitir durante a sua timeslot e, durante o resto do tempo, puder efetuar
medições na rede, isto é, detectar transmissores na sua vizinhança em diferentes
frequências, o que facilita a troca de células (frequency handover).

O TDMA apresenta também algumas desvantagens como não permitir


velocidades de transmissão variável; não possuir um mecanismo de aproveitamento
quando existe silêncio durante a chamada, visto que durante a esta a timeslot pertence ao
utilizador; necessitar de um canal de controlo para sincronização. O TDMA permite que
telefones móveis transmitam com uma potência de 0,6W.
7

Figura 2 - TDMA

3. CODE DIVISION MULTIPLE ACCESS (CDMA)

A técnica CDMA difere das técnicas FDMA e TDMA por não utilizar um canal
de comunicação. Cada chamada é codificada digitalmente com um código único, que a
torna distinta das restantes chamadas a serem efectuadas no mesmo instante, sendo então
enviada por todo o espectro de frequência e não por um canal reservado, ao contrário da
FDMA e da TDMA.

Através de um cálculo de correlação e do código com que a chamada foi


codificada, pode-se extrair de todos os sinais que estão a ser enviados pela rede o sinal de
áudio digital da chamada em questão. Do ponto de vista de uma só chamada, depois de
se ter extraído o sinal, tudo o resto que está a ser transmitido na rede é considerado como
ruído de baixo nível. Se dois códigos forem ortogonais (idealmente), o nível de ruído será
suficientemente reduzido para que se consiga recuperar o sinal digital. Na realidade, cada
sinal não é transmitido utilizando o espectro todo mas apenas bandas de 1,25MHz.

Visto que o CDMA oferece maior capacidade e taxas de transmissão variáveis,


dependendo do congestionamento da rede, muito utilizadores podem recorrer a um
determinado espectro de frequência e maior qualidade áudio pode ser oferecida.

Os sistemas que utilizam o CDMA como técnica de acesso múltiplo têm a


possibilidade de implementar mais facilmente as células, na medida em que estas
partilham as mesmas frequências das células vizinhas. A desvantagem do CDMA é a sua
complexidade para decifrar e extrair mensagens dos sinais recebidos, especialmente se
existir múltiplos caminhos entre o telefone e a estação de base. Assim, os telefones
CDMA são duas vezes mais dispendiosos que os TDMA e o custo dos equipamentos de
uma estação de base CDMA é 3-4 vezes superior ao custo de uma estação de base TDMA.
8

Figura 3 - CDMA

4. MODULAÇÃO DIGITAL PARA COMUNICAÇÕES MÓVEIS

Tabela 1 - Algumas modulações empregadas em telefonia celular

Sistema Forma de Largura da Critério de Razão


celular modulação portadora qualidade sinal-ruído
D-AMPS DQPSK 30KHz BER1 18 dB
GSM GMSK 200KHz FER2 6 a 9 dB
CDMA QPSK 1,23 MHz FER (-14) dB
OQPSK

Na Tabela 1 são apresentadas modulações de sistemas de telefonia móvel de 2a


geração. Uma visão geral dessas modulações requer uma introdução aos códigos de linha.
Esses códigos têm relação com a forma de onda utilizada para representar os bits 0 e 1 de
uma informação digitalizada. Dois desses códigos são:

• NRZ – Non Return to Zero;

• Código Manchester.

Figura 4 - Códigos de linha: (a) Bipolar NRZ; (b) Unipolar NRZ; (c) Manchester.
9

5. Modulação PSK – Phase Shift Keying

O PSK é uma forma de modulação em que a informação do sinal digital é


embutida nos parâmetros de fase da portadora. Neste sistema de modulação, quando há
uma transição de um bit 0 para um bit 1 ou de um bit 1 para um bit 0, a onda portadora
sofre uma alteração de fase de 180 graus. Esta forma particular do PSK é chamada de
BPSK (Binary Phase Shift Keying).

6. Modulação BPSK

• Utiliza fases alternadas da forma de onda para codificar os bits;


• Fácil implementação;
• Uso ineficiente da banda do canal;
• Muito robusta;
• Extensivamente usada em comunicações via satélite.

Figura 5 - Modulação BPSK – PSK binária.

Na Figura 6, a amplitude do sinal está expressa em termos da energia do sinal, ES =


, em que A é amplitude e Es é a energia do sinal.

Figura 6 - Tabela – PSK binária.


10

7. Modulação QPSK – Quadrature phase shift keying

• Técnica de modulação multi-nível;


• Cada sinal (símbolo) carrega dois bits;
• Maior eficiência espectral;
• Dobro da eficiência espectral do BPSK;
• Receptor mais complexo;
• As fases estão separadas de
;

• .

8. Diagrama de constelação para a modulação QPSK

De acordo com a Figura 7, os símbolos de uma modulação ortogonal podem ser


representados por sinais ortogonais (seno e cosseno), ou seja, através de um diagrama
vetorial chamado de Diagrama de Constelação ou simplesmente Constelação. Desta
forma, qualquer modulação que utilize variações de fase e de amplitude pode ser
representada neste plano.

Os vetores que terminam nos vértices do quadrado pontilhado, Figura 8, representam


os símbolos que compõe a modulação. O sinal modulado pode ser obtido através da
projeção desses vetores; uma modulando a portadora em fase e outra modulando a
portadora defasada de 900 (sinal em quadratura). Os sinais ou projeções I (In Phase) e Q
(Quadrature) definem quais são os símbolos transmitidos ao longo do tempo e
representam o sinal modulado em banda-básica (ou banda-base). A Figura 6 a seguir
mostra como obter modulação QPSK utilizando a representação vetorial.
11

Figura 7 - Tabela PSK

Figura 8 - Diagrama de constelação – QPSK.

9. DQPSK– Differential QPSK

A modulação DQPSK é uma forma particular da modulação QPSK, na qual ao invés


de ser enviado um símbolo correspondente a um parâmetro puro de fase, este símbolo
representa uma variação de fase. Neste caso, cada conjunto de bits representado por um
símbolo provoca uma variação de fase determinada no sinal da portadora. Para o caso de
2 bits por símbolo, cada dibit provoca uma mudança de fase como indicado na tabela a
seguir:

Tabela 2 - Fases da modulação DQPSK

Dibit Mudança de fase


00 +00
01 +900
10 +1800
11 +2700
12

10. MODULAÇÕES DE ENVELOPE CONSTANTE

• Não há mudanças descontínuas de fase, o sinal sofre menos distorções, o


que é preferível para as comunicações sem fio;
• A razão é porque os amplificadores trabalham aumentando ou diminuindo
a potência do sinal através da amplitude.
• Quanto mais a amplitude variar, mais amplificações não lineares ocorrem;
• QPSK não é tecnicamente uma modulação de envelope constante.

11. OQPSK – OFFSET QPSK

• Variação da modulação QPSK;


• O canal Q é deslocado por meio tempo de símbolo (Qd), como apresenta
a Figura 9.
• Assim os canais I e Q não sofrem transições ao mesmo tempo. No OQPSK
não há transições no meio, conforme ilustrado na Figura 9.

Figura 9 - Obtenção da modulação OQPSK.


13

Figura 10 - Comparação entre as modulações QPSK e OQPSK.

12. MSK – Minimum Shift Keying

• Pode ser considerada variação do OQPSK;


• Pulsos retangulares são substituídos por pulsos half-sinusoidal;
• Resultam em lóbulos laterais menores;
• Vantagem para comunicações móveis, gera menor interferência adjacente;
• Boa eficiência espectral;
• Fácil implementação.

13. GMSK – Gaussian Minimum Shift Keying

O GMSK (Chaveamento por Deslocamento Mínimo Gaussiano) é um tipo especial


de modulação digital FM. As técnicas de modulação que usam duas frequências para
representar o “1” e o “0” são denominadas FSK (Chaveamento por Deslocamento de
Frequência).

A modulação MSK (Minimum Shift Keying) é um caso especial da modulação FSK


em que a frequência de uma portadora de amplitude constante é comutada entre dois
possíveis valores, minimamente espaçados em frequência, tais que permitam a
discriminação entre os sinais. A fase é tal que a descontinuidade temporal entre dois
símbolos é minimizada, reduzindo o a largura do espectro. Um filtro Gaussiano é aplicado,
objetivando eficiência espectral (o filtro Gaussiano suaviza adicionalmente a
descontinuidade na transição entre os símbolos, reduzindo ainda mais a largura do
14

espectro gerado) usando um filtro Gaussiano de formatação dos pulsos NRZ, antes da
modulação MSK. Resumindo:

Figura 11 - Espectro MSK, QPSK e OQPSK.

• Modificação da técnica MSK;


• Entrada do modulador é filtrada por um filtro passa-baixas com resposta a
um pulso retangular Gaussiano;
• A saída desse filtro é então responsável por modular em MSK as
portadoras utilizadas;
• O efeito do filtro é tornar as transições de frequência mais suaves e, com
isso, reduzir a largura de faixa do lóbulo principal do sinal modulado.
• Exemplo: GSM (TDMA/FDD).

14. 8–PSK

• Técnica de modulação multi-nível;


• Cada sinal (símbolo) carrega três bits;
• Maior eficiência espectral;
15

CONCLUSÃO
A evolução dos sistemas de telefonia móveis, visa sempre a maior capacidade de
acesso do usuário ao sistema, isso sendo feito com qualidade, disponibilidade e alta
capacidade de dados. Desafios comuns, são por exemplo, a necessidade de cada vez mais
altas taxas de dados para atender o consumo e uso na interne, desafio como a velocidade
da estação móvel dentro um avião e a confiabilidade do sistema e inteligibilidade do
conteúdo.
16

REFERÊNCIAS
BUCK, J.; HAYT, W.H. Engineering Electromagnetics. 8. ed. New York: McGraw-
Hill,2013. 595 p.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. 9ª edição. Rio


de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2012. 3 v. 416 p.

JEWETT, J.W.; SERWAY, R.A.; Física para Cientistas e Engenheiros: Eletricidade e


Magnetismo. 8ª edição. São Paulo: CENGAGE Learning, 2012. 3 v. 408 p.

RAMALHO, F.; NICOLAU, G. F.; TOLEDO, P. A. Os Fundamentos da Física. 9ª


edição, Vol. 3. São Paulo, Editora Moderna, 2007.

SADIKU, M.N.O. Elementos de Eletromagnetismo. 5ª edição. Porto Alegre:


Bookman, 2012. 702 p.

SOUZA, R.C.R. Laboratório da Disciplina Conversão de Energia: Atividades de


Simulação. Manaus: UFAM, 2014. 3 p.

SOUZA, R.C.R. Roteiro das Práticas de Conversão de Energia. Manaus: UFAM,


2014. 12p.

ULABY, F.T. Eletromagnetismo para Engenheiros. 1ª edição. Porto Alegre:


Bookman, 2007. 382 p.

Você também pode gostar