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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DO UÍGE

Criado pelo Decreto Presidencial nº 132/17 de 19 de junho 1ª série nº 98

FUNDAMENTOS DE TELECOMUNICAÇÕES - II

Eng.º Manuel José Sona Mbenza


manueldjuna@gmail.com

CAPÍTULO III. SISTEMAS DE


TRANSMISSÃO

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Uíge, 2020
CONTEÚDO

1. Técnicas de Transmissão

2. Suportes de Transmissão

3. Hierarquias Digitais
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Multiplexagem

Quando existem vários circuitos ou canais que


seguem o mesmo percurso, é desejável, por
motivos económicos evidentes, que partilhem os
suportes físicos. Com este objectivo estão
disponíveis várias técnicas que são designadas
genericamente por multiplexagem.

Todas as redes de telecomunicações utilizam


técnicas de multiplexagem em vários pontos da
sua estrutura, principalmente nos sistemas de
transmissão.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Multiplexagem
• FDM (Frequency Division Multiplexing)
Ao sintonizarmos uma estação no rádio ou televisão,
estamos perante um processo de multiplexagem na
frequência. Os vários canais ou estações ocupam
frequências diferentes para poderem partilhar o mesmo
suporte que é, neste caso, o espectro radioeléctrico.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Multiplexagem
• WDM (Wavelength Division Multiplexing)
A multiplexagem no comprimento de onda é, em tudo,
semelhante à multiplexagem na frequência com a excepção
do suporte físico que é fibra óptica. Neste caso, diz-se que
os canais são distribuídos por diversos comprimentos de
onda.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Multiplexagem
• TDM (Time Division Multiplexing)
Na multiplexagem no tempo, são atribuídos intervalos de
tempo diferentes aos vários canais. Estes sistemas foram
introduzidos nos anos 1960 e actualmente asseguram todas
as ligações no núcleo das redes na interligação dos nós ou
comutadores telefónicos.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Multiplexagem
• CDM (Code Division Multiplexing)
Na multiplexagem em código, cada canal é transmitido usando
um código específico, escolhido entre vários disponíveis. Este
tipo de multiplexagem é o mais recente e tem a vantagem de ser
bastante resistente a ambientes ruidosos. É a base da interface
rádio das redes móveis de 3ª geração – UMTS (Universal Mobile
Telecommunications System).
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Equipamentos de transmissão
Um equipamento de transmissão é constituído, tipicamente,
por três tipos de blocos ou módulos: Andar de
multiplexagem, Andar de adaptação e Suporte de
transmissão.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Andar de adaptação

O andar de adaptação tem como função adequar


o sinal que se pretende transmitir ao meio físico
onde a transmissão se irá efectuar (por exemplo
um laser para enviar um feixe de luz que é
transportado na fibra óptica).

Normalmente utilizam-se duas grandes famílias


de técnicas: modulação e códigos de linha.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Andar de adaptação
• Modulação
A modulação consiste em aplicar a informação a
transportar (sinal modulante ou sinal modulador) a um
parâmetro doutro sinal (a portadora).

Portadora

Sinal Sistema de Sinal


Modulante Modulação Modulado
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Andar de adaptação
• Modulação
Para o caso, quase universal, de a portadora ser um sinal
sinusoidal podemos modular a amplitude, a frequência e a
fase obtendo respectivamente: AM (Amplitude Modulation),
FM (Fequency Modulation) e PM (Phase Modulation).

Quando a informação a veicular é digital, estas


modulações são normalmente conhecidas por ASK
(Amplitude Shift Key), FSK (Frequency Shift Key) e PSK
(Phase Shift Key).
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Andar de adaptação
• Códigos de linha
A representação mais intuitiva dos sinais digitais é a de
fazer corresponder ao “1” uma valor positivo e ao “0” o
valor zero. Esta representação é normalmente utilizada nos
circuitos electrónicos, mas não é conveniente para o
transporte por cabos ou outros suportes. Assim são
utilizados os chamados códigos de linha que permitem
uma melhor utilização dos cabos para transmissão dos
sinais digitais.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Andar de adaptação
• Códigos de linha
HDB3 (High Density Bipolar 3) – este código evita
sequências de zeros em linha superiores a 3 para permitir
uma recuperação do relógio mais fácil. É Utilizado nos
sistemas PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy) de
primeira hierarquia a 2 Mbit/s;

CMI (Coded Mark Inversion) – este código é utilizado nas


hierarquias do PDH 34 e 140 Mbit/s;

2B1Q (2 Bynary 1 Quaternary) – permite uma redução da


largura de banda necessária para o seu transporte e é
utilizado no acesso básico RDIS e nos sistemas HDSL.
1. TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO
Andar de adaptação
• Códigos de linha
CONTEÚDO

1. Técnicas de Transmissão

2. Suportes de Transmissão

3. Hierarquias Digitais
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão

Idealmente os sistemas de transmissão e, em


particular, os suportes de transmissão deveriam
ser capazes de transportar um sinal desde a
entrada até à saída sem o alterar. Porém, na
realidade, os sistemas apresentam imperfeições
e limitações, de tal modo que o sinal à saída dum
sistema de transmissão surge com algumas
alterações.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão
• Atenuação
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão
• Distorção, Ruído e Interferência
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão
• Amplificadores e regeneradores
A atenuação, por si só, não implicaria graves problemas à
transmissão, pois pode ser ultrapassada com a
introdução de amplificadores, equipamentos capazes de
repor o sinal com a amplitude original. No entanto, como
o ruído surge sempre associado, o amplificador é incapaz
de o distinguir do sinal a ser transportado, amplificando-o
do mesmo modo. E à medida que este processo se
repete, o sinal ficará cada vez mais corrompido pelo ruído
porque o próprio amplificador introduz ruído.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão
• Amplificadores e regeneradores
Neste aspecto os sinais digitais apresentam vantagens
significativas. Quando estamos em presença de sinais
digitais, o regenerador reconstrói completamente o sinal a
partir da informação à entrada. Desde que se mantenha a
relação sinal/ruído, em valores que permitam a
discriminação perfeita à entrada do regenerador entre os
vários níveis do sinal, conseguir-se-á à saída uma réplica
perfeita do sinal no início da linha.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão
• Amplificadores e regeneradores
Quando nos referimos aos equipamentos de linha para
sinais analógicos, utilizamos o termo amplificador ou
repetidor, enquanto que para os sinais digitais são
instalados regeneradores.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Características de transmissão
• Largura de banda
A largura de banda analógica dum sistema é, por
definição, o intervalo de frequências que são processadas
ou transportadas pelo sistema.
Na prática considera-se como largura de banda o intervalo
de frequência para o qual a atenuação não é superior a 2,
ou seja, a potência à saída é superior a metade da
potência à entrada.
Costuma-se utilizar uma unidade logarítmica para
representar a atenuação em que a redução para metade
da potência corresponde a 3 dB. Rigorosamente quando
se refere a largura de banda dum equipamento, está a
referir-se à largura de banda a 3 dB.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Condutores metálicos
O cobre é um metal que é usado largamente como
condutor eléctrico porque embora não seja o melhor
condutor (o ouro e a prata são melhores condutores), é o
que possui a melhor relação desempenho/preço.
Os condutores metálicos, principalmente de cobre, são
associados normalmente às redes telefónicas. Na
realidade, centenas de milhões de telefones estão ligados
à rede de telecomunicações através de pares de
condutores de cobre.
Existe outro tipo de cabo que é constituído, igualmente por
condutores metálicos, mas que tem uma configuração
bastante diferente: os cabos coaxiais que se utilizam para
ligar as antenas às televisões.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Condutores metálicos
• Cabo de par trançado
Um cabo de par trançado é formado por dois ou mais pares
de fios entrelaçados entre si. O entrelaçamento dos fios é
feito para reduzir a interferência electromagnética entre o par
de fios. Os cabos de par trançados são largamente utilizados
nas redes telefónicas. Actualmente é um dos fios mais
utilizados na fiação de redes locais (LANs), que é geralmente
conhecido como cabo de par trançado (UTP – Unshielded
Twisted Pair).
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Condutores metálicos
• Cabo coaxial
Um cabo coaxial é um fio rodeado por um isolante e coberto com
um plástico. Devido às suas boas qualidades de isolamento, o
cabo coaxial consegue transportar sinais a frequências bastante
elevadas. Por exemplo, na transmissão de sinais de vídeo.
Para além da utilização no transporte de sinais de televisão, têm
aplicação na interligação de equipamentos de telecomunicações.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Fibras ópticas

Um cabo de fibra óptica é um fio de vidro


(núcleo) coberto por uma capa de plástico com
uma espessura muito pequena (pouco maior do
que a de um fio de cabelo). A transmissão de
dados é feita através de impulsos de luz.
2. SUPORTES DE TRANSMISSÃO
Fibras ópticas

Uma fibra óptica consegue atingir taxas de transmissão


superiores a 100 Gbps ao longo de vários quilómetros.
Além disso, a fibra óptica é imune à interferências
electromagnétivas, tem um nível de ruído muito baixo,
quando comparado com os restantes meios físicos, e é
virtualmente impossível escutar o meio.

Em contrapartida, a fibra óptica tem um custo superior


aos outros meios físicos. No entanto, a sua utilização
crescente e a melhoria dos processos de fabrico têm
conduzido a uma redução constante dos custos.
CONTEÚDO

1. Técnicas de Transmissão

2. Suportes de Transmissão

3. Hierarquias Digitais
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona

O núcleo das redes telefónicas é suportado em


sistemas com vários níveis de multiplexagem,
conhecidos como hierarquias digitas.

Hierarquia de 1º nível – 2 Mbits/s


Os primeiros sistemas a 2 Mbit/s foram
instalados para interligar estações telefónicas
com 30 canais de voz e respectiva informação
de sinalização.
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
Hierarquia de 1º nível – 2 Mbits/s
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
Hierarquias “plesiócronas”
As tramas de 2 Mbits/s podem ser agregados em ligações
de débito mais elevado através de sistemas de
multiplexagem ou hierarquias digitais.
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
Hierarquias “plesiócronas”
Na Europa está especificado um nível superior de
multiplexagem a 140 Mbit/s, onde níveis das hierarquias
PDH europeias são conhecidas por:
• E1 – 2 Mbit/s;
• E2 – 8 Mbit/s;
• E3 – 34 Mbit/s;
• E4 – 140 Mbit/s.
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
2M 8M 34M 140M

1 1
. .
. 1 1 .
. .
4 4

1 1
. .
. 2 2 .
. .
4 4

1 1
. .
. 3 3 .
. .
4 4

1 1
. .
. 4 4 .
. .
4 4
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
• Limitações da PDH
 Padronização Parcial
 Dificuldade de Derivação e Inserção
 Pouca Capacidade para Gerência
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
• Limitações da PDH
Padronização Parcial
Existem 3 hierarquias PDH no mundo:

Nível 1º 2º 3º 4º

Europa 2 Mbit/s 8 Mbit/s 34 Mbit/s 140 Mbit/s


Brasil

USA 1,5 Mbit/s 6 Mbit/s 45 Mbit/s 274 Mbit/s

Japão 1,5 Mbit/s 6 Mbit/s 32 Mbit/s 98 Mbit/s


3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
• Limitações da PDH

Dificuldade de Derivação e Inserção

 Necessidade de Passar por Todos os Níveis


Hierárquicos;

 Entrelaçamento em Bit;

 Diferente Duração dos Quadros.


3. HIERARQUIAS DIGITAIS
PDH – Hierarquia Digital Plesiócrona
• Limitações da PDH

Pouca Capacidade para Gerência

 1 Bit para Alarme Remoto;

 1 Bit Livre para Uso da Operadora;

 Cerca de 0,5% da Capacidade de Transporte;

 Dificuldade de Monitoração de Desempenho em serviço.


3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona
Os sistemas síncronos podem ser encarados como o
último estágio na hierarquia de transmissão,
possibilitando a inserção e extração de enlaces sem a
necessidade de demultiplexação.
Em uma rede com perfeito sincronismo entre os enlaces,
é possível saber exatamente a que enlace pertence cada
bit, além de quando começa e termina o enlace, por meio
de um gerenciamento centralizado da rede.
Os estudos sobre rede síncrona iniciaram-se na década
de 1980 pela Bellcore, nos Estados Unidos, com o
objetivo de criar uma interface-padrão para os sistemas
de comunicação ópticos.
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona

A primeira rede, a SONET, tinha estrutura de quadro


básica e taxa de 51,84 Mbit/s, apropriada para o
transporte de sinais com taxa de 44,736 Mbits/s (DS3).

Em 1986, o ITU-T passou a realizar pesquisas com a


finalidade de criar um padrão mundial para os sistemas
de transmissão síncrona que proporcionasse aos
operadores uma rede mais flexível e econômica. Surgiu,
então, a rede SDH, que possui um quadro básico com
estrutura/capacidade de transporte três vezes superior à
SONET e com capacidade de transporte apropriada para
o sinal E4 (140 Mbits/s).
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona

Basicamente, a rede SDH é responsável por prover aos


diversos serviços de telecomunicações o transporte de
sinais digitais.
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona

As hierarquias SDH têm débitos de linha a partir de 155


Mbit/s que podem ser multiplexados sucessivamente com
um factor de 4. Os vários débitos são normalmente
identificados pela sigla STM-n, de Synchronous Transport
Module, conforme se apresenta na tabela abaixo.

STM 1 STM 4 STM 16 STM 64

Débito 155 Mbit/s 622 Mbit/s 2,5 Gbit/s 10 Gbit/s


3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona

O sistema de multiplexagem SDH não é tão eficiente


como PDH, pois um feixe a 155 Mbit/s transporta 63
feixes a 2 Mbit/s enquanto um sistema PDH a 140 Mbit/s
consegue transportar 64.

Esta ineficiência é compensada pela capacidade de


gestão, pela flexibilidade e mecanismos de protecção. Os
sistemas SDH têm incorporados processos de protecção
que se baseiam em anéis para garantir caminhos
alternativos. Os equipamentos SDH que constituem os
nós dum anel são conhecidos pela sigla ADM (Add-Drop
Multiplexer).
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona
3. HIERARQUIAS DIGITAIS
SDH – Hierarquia Digital Síncrona

As normas SDH têm evoluído no sentido de permitir o


transporte de todo o tipo de tráfego sobre os sistemas
SDH que surgiram inicialmente para as interligações de
comutadores telefónicos. Actualmente já suportam o
transporte de ligações de pacotes como Ethernet e ATM.

As hierarquias SDH constituem a rede de transmissão


no núcleo das redes dos operadores, transportando todo
o tipo de tráfego e estando a ser cada vez mais
utilizadas na rede de acesso.
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DO UÍGE
Criado pelo Decreto Presidencial nº 132/17 de 19 de junho 1ª série nº 98

FIM...

Grato pela atenção dispensada!

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