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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DO UÍGE

Criado pelo Decreto Presidencial nº 132/17 de 19 de Junho 1ª série nº 98

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA

MANUAL DE APOIO DA DISCIPLINA DE

FUNDAMENTOS DE
TELECOMUNICAÇÕES – I
Curso de Engenharia Electrotécnica

(2º Semestre – 1º Ano)

Elaborado por:

Eng.º Manuel José Sona Mbenza


manuel.mbenza@hotmail.com

Uíge, 2022/2023
ÍNDICE

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO ÀS TELECOMUNICAÇÕES ............................................................... 1


1.1. Organismos de Telecomunicações......................................................................................... 1
1.1.1. ITU – União Internacional de Telecomunicações ............................................................. 1
1.1.2. INACOM – Instituto Angolano das Comunicações ........................................................... 1
1.2. Conceitos de Telecomunicações ............................................................................................ 1
1.3. Resenha Histórica .................................................................................................................. 2
1.4. Sinais Eléctricos em Telecomunicações ................................................................................. 3
1.4.1. Sinal analógico ................................................................................................................ 4
1.4.2. Sinais digitais ................................................................................................................... 4
1.4.3. Largura de banda dos sinais ............................................................................................ 4
1.4.5. Sinais de voz ................................................................................................................... 5
1.4.6. Sinais de vídeo ................................................................................................................ 7
1.4.7. Sinais de dados ............................................................................................................... 7
1.4.8. Digitalização dos sinais .................................................................................................... 7
1.4.9. Compressão .................................................................................................................. 10
1.5. Sistema de comunicação ..................................................................................................... 11
1.5.1. Exemplos de sistemas de comunicação ........................................................................ 12
1.6. Enlace de comunicação ....................................................................................................... 18
CAPÍTULO II. UNIDADES DE MEDIDA EM TELECOMUNICAÇÕES ............................................. 21
2.1. Decibel (dB) ......................................................................................................................... 21
2.1.1. Atenuação...................................................................................................................... 21
2.1.2. Ganho ............................................................................................................................ 22
2.2. Néper (Np) ........................................................................................................................... 22
2.3. Nível de Potência (dBm)....................................................................................................... 22
2.4. Cálculos de potência em dB, dBm e dBµ ............................................................................. 23
CAPÍTULO III. CANAIS DE COMUNICAÇÃO ................................................................................. 25
3.1. Tipos de Canais ................................................................................................................... 25
3.1.1. Canal Fio ....................................................................................................................... 25
3.1.2. Canal Rádio ................................................................................................................... 25
1.1.3. Canal Fibra Óptica ......................................................................................................... 26
3.2. Propriedades dos canais de comunicação ........................................................................... 26
3.2.1. Atenuação...................................................................................................................... 26
3.2.2. Limitação por largura de faixa ........................................................................................ 26
3.2.3. Retardo ou delay............................................................................................................ 26
3.3. Principais distúrbios nos canais de comunicação ................................................................. 27
3.3.1. Ruído elétrico................................................................................................................. 27
3.3.2. Distorção do sinal .......................................................................................................... 27
3.3.3. Sinais interferentes ou espúrios. .................................................................................... 28
3.4. Distúrbios específicos do canal rádio ................................................................................... 28
3.4.1. Ondas de multipercurso ................................................................................................. 28
3.4.2. Desvanecimento (fading) ............................................................................................... 30
3.4.3. Ação da chuva sobre as ondas de rádio ........................................................................ 30
3.4.4. Efeito Doppler ................................................................................................................ 30
3.4.5. Formação de dutos no percurso da onda ....................................................................... 31
3.5. Recepção em diversidade .................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 34
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO ÀS TELECOMUNICAÇÕES


As telecomunicações constituem o ramo da engenharia elétrica que trata do projeto, da
implantação e da manutenção dos sistemas de comunicações e têm por objetivo principal
atender à necessidade do ser inteligente de se comunicar a distância. E comum omitir-se o
prefixo tele e usar apenas comunicações.
Através dos sistemas de comunicações os assinantes, usuários ou correspondentes
trocam informações, operando equipamentos terminais, elétricos ou eletrônicos,
tecnicamente compatíveis com o sistema. As informações fluem pelos canais de
comunicações fio, rádio (espaço livre) ou fibra óptica, na forma de sinais elétricos ou
eletromagnéticos.
Em princípio, as informações, quando recebidas pelos respectivos destinatários, são
interpretadas e geram respostas ou, pelo menos, a confirmação do recebimento. Por este
motivo sempre é utilizado o termo telecomunicações, no plural.
1.1. Organismos de Telecomunicações
1.1.1. ITU – União Internacional de Telecomunicações
A União Internacional de Telecomunicações, com sede em Genebra, Suíça, é uma
organização internacional que congrega governos e setores privados num Sistema Unido
de Nações, para coordenar as comunicações globais em redes e serviços.
Esta organização subdivide-se em três setores de atuação:
 TU - R: comunicações rádio e registro de frequências (ref. CCIR);
 TU - T: padronização das telecomunicações em telefonia, telegrafia e dados (ref.
CCITT);
 TU - D: desenvolvimento das telecomunicações.
No sentido do desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a ITU sugere as doutrinas de
telecomunicações visando racionalizar o uso dos meios, publica documentos e promove
encontros com engenheiros, representantes do governo, de organizações e de indústrias
do setor.
1.1.2. INACOM – Instituto Angolano das Comunicações
O Instituto Angolano das Comunicações, abreviadamente designado por “INACOM” é um
Instituto Público do sector económico ou produtivo, com sede em Luanda, criado com o
objectivo de assessorar o Executivo, regular, supervisionar e fiscalizar o Sector das
Comunicações, incluindo as comunicações electrónicas e os serviços postais, assim como
aplicar sanções pelas infrações no âmbito das suas atribuições e assegurar a gestão e
fiscalização do espectro de frequências radioeléctricas, das posições orbitais e dos
recursos de numeração.
1.2. Conceitos de Telecomunicações
Informações são mensagens de diversos tipos produzidas pelo cérebro do homem ou por
dispositivo (device) por ele inventado e construído. Como se originam do cérebro do

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

homem, as informações são consideradas mensagens inteligentes e, em princípio,


possuem um conteúdo significativo.
Comunicação é uma palavra que deriva do termo latino “communicare” (que significa:
partilhar, participar algo, tomar comum, etc.), que representa o processo social de troca de
informações e cobre a necessidade humana de contacto directo e compreensão mútua.
Se os indivíduos (origem e o destino da informação) estiverem muito distanciados, é mais
difícil haver comunicação directa e eficiente entre eles. Logo, surge o conceito de
telecomunicações.
TELE + COMUNICAÇÕES
Distante (do grego) Troca de informações
A palavra telecomunicações abarca todas as formas de comunicação a distância através
de sinais eléctricos. A palavra inclui o prefixo grego tele, que significa “distancia” ou
“longe”. (ILČEV, 2005)
O Dicionário Padrão IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers) define
telecomunicações como a transmissão de sinais a longa distância, como por telégrafo,
rádio ou televisão.
Telecomunicações pode ser definida como a transmissão de informações entre pontos
distantes, por meio de sistemas eletrônicos e meios físicos. (CARVALHO; BADINHAN,
2011)
1.3. Resenha Histórica
O desenvolvimento das telecomunicações ocorreu de maneira gradativa, impulsionado por
invenções como:
 O telégrafo, em 1844, por Samuel Morse (1791-1872), utilizado pela primeira vez para
transmitir mensagens por código Morse entre as cidades de Washington e Baltimore,
nos Estados Unidos;
 O telefone, em 1876, por Alexander Graham Bell (1847-1922), capaz de transmitir a voz
de modo inteligível usando sinais elétricos por fios condutores;
 O rádio, em 1895, por Marchese Guglielmo Marconi (1874-1937), aparelho que
transmite sinais telegráficos sem fios condutores;
 O telefone celular, em 1956, por técnicos da empresa Ericsson, modelo que ficou
conhecido como MTA (Mobile Telephony A);
 O primeiro satélite artificial Sputnik, lançado em 1957;
 O satélite de comunicações Telstar, em 1962, que permitiu a transmissão de
conversações telefônicas, telefoto e sinais de televisão em cores;
 A rede Arpanet, depois chamada de internet, em 1969, pelo governo dos Estados
Unidos, para a comunicação entre instituições de pesquisa norte-americanas,
 Em 1980, o Desenvolvimento do TCP/IP;
 Em 1993, a Invenção da Web.
1.3.1. As Telecomunicações em Angola

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

 1976 – Adesão de Angola à União Internacional de Telecomunicações (UIT);


 1976 – Criação da Empresa Pública de Telecomunicações (EPTEL);
 1979 – Passagem da tutela das comunicações para o Ministério dos Transportes e
Comunicações (MINTEC);
 1980 – Separação dos Correios das Telecomunicações;
 1985 – Aprovação da Lei das Telecomunicações;
 1989 – Implementação do Instituto Nacional de Telecomunicações (ITEL);
 1993 – Concretização da decisão de fusão da ENATEL e EPTEL para criação da
Empresa Angolana de Telecomunicações (ANGOLA - TELECOM);
 1995 – Adesão a RASCOM- Organização Pan-Africana de Comunicações por Satélite;
 1997 – Criação do Ministério dos Correios e Telecomunicações;
 1998 – Adesão ao Cabo Submarino em Fibra Óptica SAT-3;
 1999 – Criação do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM).
 2012 – Criação do Instituto Superior de Tecnologias de Informação e Comunicação
(ISUTIC);
 2017 – Lançamento do primeiro satélite de comunicação angolano (ANGOSAT-1).
 2022 – Lançamento do segundo satélite de comunicação angolano (ANGOSAT-2).
1.4. Sinais Eléctricos em Telecomunicações
Para que as informações sejam transmitidas em um sistema de telecomunicações, é
necessário transformá-las em sinais elétricos. Esses sinais são variações de tensões
elétricas no decorrer do tempo, e podem ser de dois tipos: analógicos e digitais.
Um sinal é uma função representando uma variável ou quantidade física e, tipicamente,
contém informação sobre o comportamento ou a natureza de determinado fenômeno físico.
Matematicamente, o sinal é representado por uma função. (LOURTIE, 2007)
Exemplos de sinais: tensão ou corrente em um circuito, vídeo, áudio, cotação diária do
dólar, eletrocardiograma, temperatura de uma sala, etc.
Para a maior parte das análises e estudos consideram-se três tipos principais de sinais que
circulam nas redes de telecomunicações: voz, vídeo e dados.
As fontes de informação geram voz, música, imagem e dados. A voz, a música e a imagem
são convertidas em sinais elétricos analógicos por transdutores.
Dados da informação digital são sequências de bits (bit stream) gerados em circuitos da
eletrônica digital, por exemplo em geradores de caracteres alfanuméricos, computadores,
conversores do sinal analógico em digital (ND), etc.
O bit é a unidade fundamental da informação digital. O termo bit é o resultado da contração
de binary digit, dígito binário.
Os sinais elétricos da informação podem ser convertidos de analógicos em digitais e de
digitais em analógicos por dispositivos conversores.

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

A visualização dos sinais elétricos, no domínio do tempo e no domínio da frequência,


respectivamente, é feita com o auxílio do osciloscópio e o analisador de espectro, dois
importantes aparelhos eletrônicos.

1.4.1. Sinal analógico


Os sinais analógicos são sinais contínuos no tempo ou contínuos na amplitude, isto é, eles
assumem qualquer valor de uma região contínua de um número incontável de possíveis
valores de amplitude.

Figura 1.1. Sinais analógicos

1.4.2. Sinais digitais


Os sinais digitais são sinais discretos no tempo e também discretos na amplitude, isto é,
assumem valores de amplitude dentre um conjunto de valores reais, discretos, contáveis e
finitos.

Figura 1.2. Sinais analógicos

1.4.3. Largura de banda dos sinais


Um dos parâmetros que pode ser usado para caracterizar sinais é a largura de banda de
que a rede precisa para transportá-los.
A largura de banda analógica dum sistema é, por definição, o intervalo de frequências que
são processadas ou transportadas pelo sistema. No caso da transmissão digital, que

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

actualmente é mais importante, a largura de banda pode ser definida como “o débito
máximo disponível num ponto”.
Se a transmissão for analógica, a largura banda é medida em Hertz (Hz), enquanto que se
a transmissão for digital, a largura de banda é medida em bits por segundo (bit/s).
1.4.4. Perturbações dos sinais de telecomunicações
Os principais tipos de perturbações que podem ocorrer nos sinais de telecomunicações
são: atenuação, distorção, interferência e ruído.
a) Atenuação: deterioração ou diminuição do nível de potência de um sinal.
b) Distorção: modificação da forma de onda do sinal por largura de banda limitada.
c) Interferência: contaminação do sinal útil com outros sinais gerados pelo homem.
d) Ruído: contaminação do sinal útil com sinais aleatórios.
1.4.5. Sinais de voz
No estudo das telecomunicações, um fenômeno bastante observado é a transformação
das ondas acústicas (sonoras) em sinais elétricos por meio de equipamentos
transceptores.
O som é uma sensação causada no sistema nervoso pela vibração de membranas
presentes na orelha, resultado de uma energia transmitida pela vibração de um corpo
(diapasão, alto-falante etc.). O som não se propaga no vácuo, requerendo um meio
material para se propagar.
Um sinal de voz representa as variações da pressão acústica causadas pelo som. A voz
está associada ao serviço telefónico e representa, ainda, uma parte significativa da
informação transmitida actualmente sobre as redes de telecomunicações, fixa e móvel. A
faixa de frequências da voz humana varia de 20 Hz a 10 kHz.

Figura 1.3. Sinal de voz

Resposta do ouvido
Outro aspecto importante para a engenharia de telecomunicações é as características da
banda audível.
Um indivíduo normal com idade compreendida entre os 18 e 25 anos é capaz de detectar
tons puros entre 20 Hz e 20 kHz. Porém, com a idade, o limite superior de frequência
audível reduz-se significativamente (em média um homem de 65 anos tem a 8 kHz, um
perda de sensibilidade de 40 dB).

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

Apesar de a voz humana estar compreendida entre 20 Hz e 10 kHz, os sistemas de


telefonia limitam a faixa de frequência a 3,4 kHz, na qual a perda de qualidade é tolerável.
Nessa faixa está concentrada a maior energia da voz, com índice de inteligibilidade de
aproximadamente 80% das palavras.

Figura 1.4. Distribuição típica da energia do sinal da voz.

Com base nesses estudos, foi definida a largura de faixa do canal telefônico em 4 kHz.

Figura 1.5. Largura de banda o sinal de voz para o canal telefónico.

Atrasos
Uma das características mais vincadas dos sinais de voz é a sua extrema sensibilidade
aos atrasos introduzidos na rede.
Os sinais de voz são sobretudo sensíveis à variações dos atrasos, por exemplo, não é
crítico haver um atraso constante de 2 s na transmissão dum jogo de futebol, mas é
intolerável que esse atraso varie mais do que algumas décimas de segundo.
Erros

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

A comunicação oral é relativamente redundante, pelo que são admissíveis erros de curta
duração durante uma conversação que não impeçam uma comunicação inteligível.
Os sinais de voz são caracterizados por uma largura de banda estreita, alguma resistência
aos erros e uma grande sensibilidade aos atrasos e às suas variações.
1.4.6. Sinais de vídeo
Um sinal de vídeo representa a potência luminosa de cada um dos pontos em que uma
imagem é dividida, enviada sequencialmente, linha a linha.

Figura 1.6. Constituição de um sinal de vídeo

Para dar a sensação de movimento contínuo é necessário transmitir mais do que 16-18
imagens/s. Em televisão transmitem-se 25 ou 30 imagens/s.
De acordo com a Figura 1.6, o número de elementos de imagem transmitidos por segundo
é dado por:
𝑀 = 𝐴×𝐵×𝐶 (1.1)
Exemplo. Considerando C = 25 imagens/s, A = 575 linhas e para B um valor típico de 720
pixels, tem-se M = 10,35×106 elementos de imagem por segundo.
1.4.7. Sinais de dados
Os dados dos computadores podem assumir débitos variados e características de tráfego
diversas desde os sinais associados a telemetria, com a transmissão de algumas centenas
de bytes por hora, até à interligação de supercomputadores com débitos da ordem das
dezenas de milhões de bytes por segundo.
Todavia, todos estes sinais têm algumas características comuns, nomeadamente o tráfego
de rajadas, uma grande sensibilidade a erros e uma pequena sensibilidade a atrasos. Os
dados não admitem erros porque não existe informação irrelevante.
1.4.8. Digitalização dos sinais
Entende-se por digitalização a transformação de um sinal analógico num sinal digital PCM
(Pulse Code Modulation), enquanto é preservada a quase totalidade do seu conteúdo
informativo. Esta operação é realizada por um CODEC (codificador/descodificador), que é
responsável pela realização das seguintes operações de processamento do sinal:

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

 Filtragem;
 Amostragem do sinal analógico;
 Quantificação das amostras discretas no tempo;
 Codificação dos sinais discretos em amplitude e no tempo.
Amostragem
Amostragem é operação que retira valores de amostras do sinal analógico em instantes de
tempo uniformemente espaçados.

Figura 1.7. Sinal analógico a ser amostrado.

Figura 1.8. Sinal analógico amostrado.

As amostras dos sinais são retiradas a uma cadência que permite a sua reconstrução no
receptor. Se se pretender reconstituir o sinal original a partir das amostras sem introduzir
distorção, o teorema da amostragem diz-nos que o ritmo de amostragem deve ser maior
do que o dobro da frequência mais elevada presente no sinal. A condição para isto
acontecer pode ser estabelecida como:
𝒇𝒂 > 𝟐 × 𝒇𝒎 (1.2)
em que: 𝒇𝒂 é frequência de amostragem ou número de amostras por segundo e 𝒇𝒎 é a
frequência máxima do sinal que se pretende codificar. Esta equação é conhecida como
Teorema de Nyquist.
Quantificação

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

Quantificação (ou quantização) é a operação em que a faixa de valores possíveis do sinal


analógico é subdividida em um conjunto finito de intervalos (intervalos de quantificação).

Figura 1.9. Quantização das amostras do sinal.

Observe que na Figura 1.10, algumas amostras possuem valores intermediários entre os
níveis de quantificação. Esse é um erro inserido pelo processo de quantificação,
denominado de Erro de Quantificação. Quanto maior for o número de níveis de
quantificação, menor será esse erro.

Figura 1.10. Erro de Quantização.

Codificação
Uma forma de codificação dos níveis de quantificação é enumerar sequencialmente esses
níveis e adotar um código digital para representar cada um dos números.

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

Figura 1.11. Codificação das amostras quantificadas do sinal.

1.4.9. Compressão
Para além da digitalização, os sinais podem ser submetidos a processos de compressão
onde se pretende obter uma redução do débito, com recurso a uma série de técnicas que:
 Eliminam a redundância existente na fonte de informação e/ou
 Introduzem perdas controladas, sobretudo em informação irrelevante.
Redundância
A redundância existente na sequência de dados a ser transmitida é utilizada, em sistemas
sem perdas, para diminuir o débito. Estas técnicas são igualmente utilizadas nos
programas de compressão de ficheiros, tão divulgados pelos utilizadores de PC onde não
é admissível perda ou corrupção da informação.
Exemplo. Consideremos a sequência 𝒂𝒃𝒄𝒅𝒂𝒃𝒂𝒃𝒄𝒅𝒄𝒅𝒂𝒃𝒂𝒃𝒂𝒃, para se proceder à
codificação com símbolos binários poder-se-ia usar uma tabela como:
𝑎 → 00 𝑏 → 01 𝑐 → 10 𝑑 → 11
6 × 2 + 6 × 2 + 3 × 2 + 3 × 2 = 36 𝑏𝑖𝑡𝑠
Logo, são necessários 36 bits, 2 por cada símbolo, para codificar toda a sequência. No
entanto, após uma análise mais cuidada à sequência, verifica-se que apenas existem duas
sequências de símbolos diferentes: 𝒂𝒃 e 𝒄𝒅. Assim a tabela de conversão poderá ser:
𝑎𝑏 → 0 𝑐𝑑 → 1
6 × 1 + 3 × 1 = 9 𝑏𝑖𝑡𝑠
Neste caso a sequência seria codificada com apenas 9 bits, em vez de 36 bits.

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

1.5. Sistema de comunicação


Para que haja comunicação entre pelo menos dois pontos, são necessários basicamente:
 Informação: voz, imagem e dados.
 Alguém ou algo que transmita a informação: terminal fonte.
 Alguém ou algo capaz de receber a informação: terminal destino.
 Um meio físico para transmitir a informação: canal de comunicação.
Esse conjunto de elementos para estabelecer uma comunicação é denominado sistema de
comunicação. A rede de telefonia e a internet permitem a troca de informações diversas
entre usuários, utilizando terminais tecnicamente compatíveis com cada sistema. O
diagrama da Figura 1.12, representa um sistema de comunicação analógico elementar.

Figura 1.12. Diagrama de sistema de comunicação analógico elementar.

Cada um desses estágios tem funções específicas no sistema de comunicação:


Fonte de informação – Gera a informação. Ex.: um locutor narrando um jogo de futebol ou
uma pessoa falando ao telefone.
Transdutor da transmissão – Converte um tipo de energia em outra. Ex.: microfone, que
converte as ondas sonoras da voz em sinais elétricos, e câmera de vídeo, que converte a
imagem em sinais elétricos.
Transmissor (Tx) – Fornece a potência necessária para amplificar o sinal elétrico, a fim de
que ele percorra longas distâncias, uma vez que sua energia vai se perdendo ao longo da
transmissão pelo canal de comunicação (fios elétricos ou espaço livre) até ao receptor.
Também é responsável pelos processos de modulação e codificação, que serão
detalhados nos próximos capítulos.
Canal de comunicação – É o meio físico entre o transmissor e o receptor, pelo qual
transitam os sinais elétricos ou eletromagnéticos da informação. Ex.: par trançado, fibra
óptica, cabo coaxial, espaço livre.
Receptor (Rx) – Recebe os sinais da informação, faz sua demodulação e decodificação e o
direciona ao transdutor da recepção.

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

Transdutor da recepção – Converte os sinais da informação em imagem, som, texto etc.


Ex.: alto-falante e tela de TV.
Destinatário – É aquele a quem a mensagem se destina. Ex.: o ouvinte de uma rádio ou o
telespectador de uma emissora de TV.
1.5.1. Exemplos de sistemas de comunicação
Sistema de Telefonia de rede Fixa
Nesse sistema, os equipamentos terminais da ponta da linha são os telefones dos
assinantes e o equipamento de comutação, responsável pelos enlaces, é uma central
telefônica. Os telefones são ligados à central por fios e cabos telefônicos, que constituem a
rede fixa do sistema.

Figura 1.12. Diagrama das ligações de um sistema de telefonia de rede fixa.

Sistema de Comunicações por Fibras Ópticas


A fibra óptica é um elemento monofilar condutor de luz, feito de material com estrutura
cristalina. Um sistema de comunicações por fibra óptica é dotado de inúmeros dispositivos
ópticos, sensores e amplificadores. Cada elemento de fibra empregado encaminha a luz
num sentido. Um par de fibras ópticas forma um circuito de comunicações (um canal de
transmissão e um de recepção).
As informações percorrem a fibra na forma de sinal luminoso. Um estreito feixe de luz,
gerado por um laser, é modulado por sinais elétricos e se propaga no canal através de
reflexões sucessivas no interior da fibra.

Figura 1.13. Elementos básicos de um sistema de comunicação por fibras ópticas.

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

Sistema de Telefonia Móvel Celular


Um sistema de telefonia celular oferece uma conexão sem fio à PSTN para usuários de
qualquer local dentro do alcance de rádio do sistema.
Os sistemas de celular acomodam um grande número de usuários em uma grande área
geográfica – e dentro de um espectro de frequência limitado. Os sistemas de rádio-celular
oferecem serviço de alta qualidade, que normalmente é comparável ao dos sistemas de
telefonia terrestres. A alta capacidade é alcançada limitando-se a cobertura de cada
transmissor de estação-base a uma pequena área geográfica, chamada de célula, de
modo que os mesmos canais de rádio podem ser reutilizados por outra estação-base
localizada a uma certa distância. Uma técnica de comutação sofisticada, chamada de
transferência (handoff), permite que uma chamada prossiga sem interrupção quando o
usuário passa de uma célula para outra.
Um sistema celular consiste em estações móveis, estações-base e uma Central de
Comutação Móvel [Mobile Switching Center (MSC)]. A MSC às vezes é chamada de
Escritório de Comutação de Telefonia Móvel [Mobile Telephone Switching Office (MTSO)],
pois é responsável por conectar todas as estações móveis à PSTN em um sistema celular.
Cada estação móvel se comunica por meio de rádio com uma das estações-base e pode
ser transferida a diversas estações-base durante uma chamada. A estação móvel contém
um transceptor, uma antena e circuitos de controle, podendo ser montada em um veículo
ou usada como unidade de mão portátil.

Figura 1.14. Sistema de telefonia móvel celular.

Sistema rádio em HF (High Frequency)


É um sistema rádio monocanal, usado para alcançar longas distâncias, geralmente
superiores a 100 quilómetros, na faixa de HF, de 3 a 30 MHz, sem o emprego de estações
repetidoras. Com estas características, operam sistemas militares, navegação aérea e
marítima e radioamadores, em telegrafia manual (OW), em AM/DSB ou SSB, voz ou
dados.

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Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

O espectro mencionado também é ocupado por sistemas de radiodifusão em AM, ondas


curtas, com sinais analógicos de voz e música, com o áudio limitado à frequência de 5 kHz.
As larguras das bandas ocupadas na transmissão são relativamente estreitas, da ordem de
3 kHz para as transmissões em SSB e de 10 kHz para as de radiodifusão, valores
compatíveis com as frequências relativamente baixas alocadas para esses tipos de
serviço.
As potências irradiadas vão desde poucos watts e alcançam valores da ordem de
quilowatts.
As antenas mais usadas são a vertical (omnidirecional), dipolo meia onda e as diretivas
como a rômbica e a log-periódica.
A irradiação principal é direcionada para o alto, à região externa da Terra denominada
ionosfera, ionizada, distante cerca de 80 quilómetros da superfície terrestre que atua como
camada reflectora para a onda de rádio. Em função do ângulo de incidência, a onda
retorna à Terra fazendo um salto. A onda direcionada ao espaço que sofre reflexão na
ionosfera e retorna à Terra é denominada onda ionosférica. Ao retornar à Terra, pode
também refletir na superfície terrestre e voltar novamente à ionosfera. Assim, podem
ocorrer diversas reflexões sucessivas ou diversos saltos.

Figura 1.15. Sistema rádio em HF – ondas ionosféricas.

A onda ionosférica, quando recebida, sempre está acompanhada de forte ruído elétrico. O
ruído é reproduzido em áudio como chiado e, também, cliques resultantes de descargas
elétricas que ocorrem permanentemente na atmosfera terrestre.
As regiões da Terra em que as ondas não incidem e, portanto, não há recepção, são
denominadas áreas de silêncio rádio ou áreas de sombra.
Sistema rádio em visibilidade
É um sistema rádio, na faixa de microondas, que transporta a informação a longas
distâncias com repetições sucessivas do sinal. Para isso são usadas estações
radiorrepetidoras e antenas instaladas no alto de torres, distantes, em média, 50
quilómetros uma da outra, para vencer a curvatura da Terra. Do alto da torre, um
observador posicionado no lugar da antena “vê” a outra antena à sua frente, por isso o
nome enlace rádio em visibilidade ou microondas em visibilidade.

14
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

São consideradas obstruções no percurso: as elevações naturais do terreno, as


edificações e as florestas que, na trajetória da onda, dificultam ou impedem a sua
propagação.

Figura 1.16. Enlace rádio em visibilidade.

Sistema de comunicações por tropodifusão


É um sistema rádio, na faixa de 900 MHz a 2 GHz, usado para efetuar o enlace entre dois
pontos distantes de 100 até cerca de 400 quilómetros, valendo-se da reflexão das ondas
no alto da troposfera. Uma única onda portadora transporta informações em canais de voz
e dados multiplexados, da ordem de 100 a 300 canais.
Uma explicação para o fenômeno da tropodifusão ou espalhamento troposférico refere-se
à parte alta da troposfera, região compreendida entre a superfície da Terra e a tropopausa,
a cerca de 10 quilómetro de altura, onde existem electrões em constante agitação,
formando uma região de permanente turbilhonamento, capaz de refletir uma pequena
fração da energia incidente, irradiada por uma antena transmissora terrena, em frequência
da faixa mencionada.
É um sistema pouco usado em relação aos demais, mas é eficiente em regiões
tecnicamente inviáveis ao emprego de outros tipos de sistemas terrestres.
Ao contrário do sistema em visibilidade, uma antena não vê a outra e por esta razão as
comunicações troposféricas são conhecidas também por comunicações transorizontes.

Figura 1.17. Diagrama de um sistema de tropodifusão.

Sistema de comunicações por satélite

15
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

Um satélite de comunicação é um satélite artificial da terra, em órbita, que recebe um sinal


de comunicação a partir de uma estação terrestre de transmissão, amplifica e,
possivelmente, processa-o, em seguida, transmite-o de volta para a terra para a recepção
por uma ou mais estações terrestres.
Um sistema de comunicações por satélite é todo sistema de telecomunicações que usa um
satélite de comunicação como repetidor para estabelecer a comunicação entre duas
estações, como ilustra a Figura 1.18.

Figura 1.18. Sistema de comunicações por satélite.

A Figura 1.18. mostra o funcionamento básico de um sistema de comunicação por satélite,


onde uma estação terrestre transmite um sinal para o satélite. O satélite contém um
receptor que capta o sinal transmitido (o transponder), amplifica e converte o mesmo em
outra frequência para ser retransmitido para as estações de terra. O sinal original
transmitido da estação terrena para o satélite é chamado de enlace de subida (uplink), e o
sinal retransmitido do satélite para as estações de recepção é chamado de enlace de
descida (downlink). Geralmente, a frequência do enlace de descida é menor do que o de
subida.
O princípio de funcionamento das comunicações por satélites é semelhante ao utilizado no
sistema de estações terrestres de microondas. A diferença, porém, é que entre duas
estações situadas a grande distância uma da outra, existe apenas uma estação repetidora,
exatamente o satélite. Enquanto as redes terrestres necessitam de muitas estações
repetidoras para permitir a completa integração.
A Internet
A famosa rede mundial de computadores www - world wide web, Internet, funciona como
um amplo e complexo sistema internacional de comunicações digitais. Uma rede deve ser
entendida como a infra-estrutura do sistema de comunicações.

16
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

O equipamento terminal é o computador pessoal - PC (Personal Computer) e o acesso à


rede é feito através de um provedor ao qual o PC se liga por fio (linha telefônica ou cabo
coaxial), fibra óptica ou rádio, de diversos sistemas, inclusive satélite.
Além de mensagens de texto e fotografia, o sistema aceita sinais de áudio e video,
captados de microfone e câmera e digitalizados no PC. O vIdeo fica restrito às cenas de
pouco movimento devido à largura de banda do canal utilizado, bem menor que a
necessária.
A taxa de transmissão, expressa em bits/s, depende do tipo de canal em uso ou do
sistema aplicado sobre a linha telefônica (discado, inteligente ou outro).
Sistemas de radiodifusão (broadcasting)
São sistemas de transmissão de rádio em AM, FM e Televisão, destinados às
comunicações com o público, por voz, música e imagem.
Geralmente, o estúdio da emissora fica sediado em centro urbano, de onde partem os
sinais da informação, por fio, rádio ou fibra óptica, com destino ao local onde se situa o
radiador (transmissor e antena transmissora) ou mesmo para o sistema satélite, visando as
retransmissões para outros locais e cidades.
A radiodifusão em AM ocorre na faixa de 535 a 1.605 kHz, com potências a partir de 100
watts. A onda é modulada em amplitude por sinais de áudio limitados a 5 kHz, o que torna
a programação propícia à voz e menos indicada à música. Nesta faixa de frequências, a
antena transmissora é vertical do tipo torre e a onda irradiada propaga-se
predominantemente sobre a superfície da Terra, recebendo o nome de onda terrestre. Por
razões de segurança, é comum o radiador situar-se fora do perímetro urbano. Nesta
situação, uma opção para o enlace da central com o radiador segue o esquema da Figura
1.19.

Figura 1.19. Esquema de radiodifusão em AM.

A radiodifusão em FM ocorre na faixa de 88 a 108 MHz, em geral, nos grandes centros


urbanos, com potências da ordem de 15 kW, com o alcance limitado à linha do horizonte,
em virtude da curvatura da Terra. Como a faixa em MHz é bem mais alta que os kHz do
rádio AM, a ocupação do espectro pode ser maior e a modulação com sinais de áudio de
até 15 kHz. As transmissões podem ser feitas em “mono” ou em “estéreo” (dois canais de

17
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

áudio) e são superiores em qualidade de reprodução ao sinal AM, sendo, assim, mais
indicadas para a música.
A radiodifusão de televisão ocupa segmentos do espectro de frequências de 54 a 806
MHz, existindo espaços alocados a outros tipos de serviço.
Quanto às antenas transmissoras de FM e de TV, são fixadas em torres, em locais altos ou
elevações naturais do terreno, para maior alcance das transmissões. Retransmissões para
outras localidades costumam ser feitas via satélite.
1.6. Enlace de comunicação
Enlace ou link de comunicação é o estabelecimento de comunicação entre pelo menos
dois pontos. Sua classificação obedece a três características principais:
 Número de pontos envolvidos;
 Sentido de transmissão;
 Mobilidade.
Quanto ao número de pontos envolvidos:
a) Enlace ponto a ponto: conforme o próprio nome sugere, refere-se ao enlace entre
apenas dois pontos, de um ponto ao outro.

Figura 1.20. Enlace ponto a ponto.

b) Enlace ponto-multiponto: quando a transmissão é feita de um ponto para a recepção em


diversos outros pontos. Exemplo: transmissão de uma estação de radiodifusão (AM ou FM)
e os inúmeros receptores dos ouvintes.

Figura 1.21. Enlace ponto-multiponto.

18
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

c) Enlace multiponto-ponto: quando as transmissões são feitas de vários pontos para


recepção em um único ponto. Exemplo: emissões de diversas estações terrenas para o
satélite.

Figura 1.22. Enlace multiponto-ponto

d) Enlace multiponto-multiponto: quando os assinantes de um ou mais sistemas


estabelecem entre si enlaces, por exemplo, na teleconferência.

Figura 1.23. Enlace multiponto-multiponto

Quanto ao sentido de transmissão:


a) Simplex: transmissão acontece em apenas um sentido. Ex.: radiodifusão comercial.
b) Half-duplex (ou semi-duplex): a transmissão acontece nos dois sentidos, mas de forma
alternada. Ex.: radioamador.
c) Duplex (ou Full-duplex): a transmissão acontece nos dois sentidos, de forma simultânea.
Ex.: telefonia fixa e móvel.
Quanto à mobilidade:
a) Enlace fixo: os elementos da rede estão em pontos definidos, sem mobilidade,
geralmente interligados por uma rede de fios e cabos. Ex.: rede telefônica cabeada.

19
Capítulo I. Introdução às Telecomunicações

b) Enlace móvel: enlace estabelecido entre transmissores ou receptores móveis, por meio
de radiofrequência, veiculares ou portáteis.
c) Radiobase: enlace estabelecido entre estações de rádio fixas no terreno.
d) Enlace misto: enlace que utiliza rádios e rede fixa de comunicação.

20
CAPÍTULO II. Unidades de Medida em Telecomunicações

CAPÍTULO II. UNIDADES DE MEDIDA EM


TELECOMUNICAÇÕES
Quando o ouvido humano detecta um sinal emitido no ambiente, a intensidade desse sinal
varia em função de sua frequência. Cada pessoa, no entanto, tem determinada percepção
da intensidade sonora, de acordo com a faixa de frequência que é capaz de ouvir.

Figura 2.1. Curva de resposta do ouvido humano.

Analisando a curva de resposta do ouvido humano, podemos observar que:


1) A banda máxima de frequências audíveis está compreendida entre 16 Hz e 20 kHz.
2) A maior parcela de potência audível está na faixa de 300 Hz a 3 400 Hz, sendo máxima
na frequência de 1 kHz, em que a inteligibilidade cai apenas em torno de 8%.
3) A elevação da intensidade sonora percebida pela orelha humana obedece à escala
logarítmica. Assim, quando a intensidade do som dobra, a potência foi elevada ao
quadrado; para termos a percepção de aumento de três vezes a amplitude, a potência
foi elevada ao cubo, e assim por diante. É por essa razão que adotamos as medidas
sonoras em decibéis (dB).
Serão descritas, a partir de agora, algumas unidades de medida utilizadas em
telecomunicações, para mensurar ganho ou atenuação.
2.1. Decibel (dB)
Em um dispositivo qualquer, aplica-se a potência de entrada P1 e se obtém na saída a
potência P2.

Figura 2.2. Representação das potências de entrada e saída de um dispositivo.

Para determinar se houve atenuação ou ganho de potência, podemos utilizar as relações:


2.1.1. Atenuação

21
CAPÍTULO II. Unidades de Medida em Telecomunicações

𝑃1
𝐴 = 10 log (2.1)
𝑃2
2.1.2. Ganho
𝑃2
𝐺 = 10 log (2.2)
𝑃1
Nesses casos, emprega-se a unidade de medida decibel (dB), que é um submúltiplo do
bel; 1 dB corresponde à menor variação sonora perceptível pela orelha humana.
Conforme tais relações, percebemos que, se a potência de entrada (P1) for maior que a
potência de saída (P2), ocorreu atenuação positiva, ou seja, ganho negativo; se P2 for
maior que P1, ocorreu ganho positivo. Para maior conveniência, trabalharemos apenas
com relações de ganho.
O ganho total de um sistema será calculado da seguinte maneira:
𝐺𝑇 = 𝐺1 + 𝐺2 + ⋯ + 𝐺𝑛 (2.3)
em que:
 GT é o ganho total do sistema.
 G1, G2, ..., Gn são os ganhos dos diversos estágios independentes.
2.2. Néper (Np)
É a unidade de medida adotada por alguns países, em que a relação de ganho é dada pela
expressão:
𝑃2
𝐺(𝑛𝑝) = 0,5 ln (2.4)
𝑃1
Para realizarmos a conversão entre as escalas de ganho dB e Np, podemos considerar
que:
𝐺(𝑑𝐵) = 8 686 × 𝐺(𝑁𝑝)
𝐺(𝑁𝑝) = 0 115 × 𝐺(𝑑𝐵).
2.3. Nível de Potência (dBm)
Comumente, em telecomunicações, torna-se necessária a representação das grandezas
em unidades de potência na ordem de miliwatts – por exemplo, em níveis de transmissão
de aparelhos celulares. Nesses casos, a potência de um sinal pode ser comparada a um
sinal de referência de 1 mW e, para expressarmos as unidades logarítmicas, utilizamos o
seguinte recurso:
𝑃
𝑃(𝑑𝐵𝑚) = 10 × log (2.5)
1𝑚𝑊
O dBm é uma unidade de medida de potência: 0 dBm = 1 mW.
𝑃(𝑑𝐵𝑚) = 10 × log 𝑃(𝑚𝑊) (2.6)

22
CAPÍTULO II. Unidades de Medida em Telecomunicações

2.4. Cálculos de potência em dB, dBm e dBµ


Para os cálculos de potência em watt [W], ou seja, 10 log P [W] o resultado é expresso em
dB ou dBW; quando os valores forem expressos em miliwatt [mW], o resultado será em
dBm e para valores em microwatt [µW], o resultado será em dBµ.
Para converter dBW em dBm, somam-se 30; para converter dBW em dBµ, somam-se 60;
inversamente, de dBµ para dBW subtraem-se 60 e de dBm para dBW subtraem-se 30.
Regras básicas de operação:
 Somam-se e subtraem-se dB com dBm e dBµ;
 Não se somam nem se subtraem dB com dB, dBm com dBm e dBµ com dBµ;
 A diferença entre dois valores em dB, dois valores em dBm ou dois valores de dBµ é
expressa em dB.
Exemplo 1: Calcular o ganho, em dB, de um amplificador, que excitado com 1 W de sinal
na entrada fornece 10 W na saída.

Solução
𝑃2 10 𝑊
𝐺 = 10 log ⟺ 𝐺 = 10 log ⟺ 𝐺 = 10 𝑑𝐵
𝑃1 1𝑊

Exemplo 2: Converter 13 dBW em dBm.


Solução
13 dBW + 30 = 43 dBm
Exemplo 3: Dois sinais de 20 dBW dão entrada num circuito somador. Informar o valor na
saída.
Solução

P (dBW) = 10 log P(W) ⟺ 20 dBW = 10 log P(W) /:10 ⟺ 2 dBW = log P(W)
⟺ P(W) =102 ⟺ P(W) =100 W ⟺ 100 W + 100 W = 200 W
⟺ P (dBW) = 10 log P(W) ⟺ P (dBW) = 10 log 200W ⟺ P (dBW) = 23 dBW
Exemplo 4: Calcular a diferença entre os níveis de potência: -110 dBm e - 70 dBm.
Exemplo 5: Calcular o ganho de um amplificador que fornece 180W sobre uma carga de
4Ω quando excitado por uma entrada de 540mV sobre 47kΩ.

23
CAPÍTULO II. Unidades de Medida em Telecomunicações

Exemplo 6: Um microfone fornece 36mV à entrada de 300Ω de um amplificador. A


potência máxima de CA no sistema de alto-falante de 16Ω é de 15W. Determinar o ganho
do amplificador em dB.

Exemplo 7: Efectuar as seguintes operações:


a) 0 dBm + 3 dB =
b) 0 dBm + 0 dBm =
c) 0 dBm + 3 dBm =
b) -2 dBm + 2 dBm =
Exemplo 8: Determinar os níveis de potência à saída dos seguintes sistemas:

24
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

CAPÍTULO III. CANAIS DE COMUNICAÇÃO


Canal ou meio de comunicações é o meio físico entre o transmissor e o receptor por onde
transitam os sinais elétricos ou eletromagnéticos da informação.
Em telecomunicações, o termo canal possui pelo menos três significados:
I. Usado para especificar um meio de comunicações: fio, rádio ou fibra óptica. Os
materiais empregados dão nome aos meios de comunicação.
II. Caminho para o sinal, por exemplo, um amplificador de áudio estereofónico possui
dois canais: esquerdo (L - left) e direito (R - right).
III. Segmento do espectro de frequências com largura de banda (bandwidth) B ou faixa
ocupada por uma transmissão de rádio.
3.1. Tipos de Canais
3.1.1. Canal Fio
Consiste em pelo menos dois fios condutores elétricos usados para conduzir os sinais da
informação.
Uma rede telefônica fixa é feita com fios e cabos. Os cabos são constituídos internamente
de múltiplos condutores isolados, podendo abrigar, em seu núcleo, cabos coaxiais e fibras
ópticas.
Um cabo pode ser instalado de modo aéreo (suspenso em postes), enterrado, subterrâneo
(em túneis ou galerias) ou ainda submerso em rio, lago ou oceano, sendo especialmente
fabricado para esta finalidade. Em casas e edifícios, quando embutidos nas paredes e
pisos, passam em condutos destinados exclusivamente à rede telefónica/áudio/TV,
separadamente dos condutos com os fios da rede elétrica.
Dentre os diferentes tipos, fios e cabos possuem características elétricas próprias, que são
especificadas em folhas de dados (data sheet) expedidas pelos respectivos fabricantes,
tais como: impedância, resistência, capacitância e outras, para que o material seja
escolhido corretamente.
3.1.2. Canal Rádio
Deve ser entendido como um segmento do espectro de frequências ocupado pela onda
eletromagnética de um equipamento emissor. A onda de rádio se propaga no espaço livre
transportando os sinais elétricos da informação.
O espaço livre é o meio físico das comunicações rádio.
O canal rádio é o mais fácil de se ocupar. Enquanto os canais fio e fibra óptica precisam
ser construídos, para o canal rádio basta ter em mãos os equipamentos transceptores para
o fechamento do enlace. Contudo, no espaço livre, as ondas eletromagnéticas encontram
problemas de distúrbios e interferências, que evidenciam a fragilidade do canal.

25
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

1.1.3. Canal Fibra Óptica


A fibra óptica é um elemento monofilar de estrutura cristalina, condutor de luz, que
transporta a informação sob a forma de energia luminosa. É também chamada de guia de
luz. Possui alto índice de refração e a luz, ao se propagar na fibra, sofre atenuação e
dispersão.
O canal fibra óptica apresenta algumas vantagens sobre os demais meios, dentre elas:
 Não irradia nem sofre interferências de sinais eletromagnéticos externos.
 A atenuação da luz na fibra, embora exista, é de baixo valor.
 Permite elevadas taxas na transmissão de dados, da ordem de 10 Gbits/seg.
Dois tipos diferentes de fibra recebem as denominações: monomodo (single-mode) e
multimodo, sendo este mais usado em pequenas distâncias.
3.2. Propriedades dos canais de comunicação
3.2.1. Atenuação
Ao atravessar um meio de comunicação, o sinal elétrico vai perdendo energia e chega ao
receptor com menor intensidade. Essa perda de energia ou potência, chamada de
atenuação, pode ser causada por diversos fatores, dependendo do tipo de meio de
comunicação utilizado (fibra, cabo ou espaço livre).
3.2.2. Limitação por largura de faixa
O espectro do sinal da informação deve ser menor ou no máximo igual à largura de faixa
do canal.
Apesar de a voz humana estar compreendida entre 15 Hz e 20 kHz, é no intervalo entre
300 Hz e 3 400 Hz que há maior concentração de energia da voz e maior inteligibilidade.
Portanto, a largura de faixa do canal telefônico compreende apenas 4 kHz, com bandas de
guarda laterais para evitar distorções na informação. Podemos, então, considerar a largura
de faixa o “tamanho” do canal necessário para transmitir uma informação.
3.2.3. Retardo ou delay
É o tempo gasto pelo sinal para atravessar o canal de comunicação. Para calculá-lo,
divide-se a distância percorrida entre os pontos de transmissão e recepção pela velocidade
de propagação da onda. Em sistemas via satélite, em que a distância percorrida é
relativamente grande (cerca de 40 000 km), o tempo de retardo tem valor significativo. Um
efeito muito comum em ligações telefónicas via satélite é um eco durante a conversação,
proveniente do tempo de retardo.

26
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

3.3. Principais distúrbios nos canais de comunicação

3.3.1. Ruído elétrico

É o resultado da agitação térmica dos elétrons existentes na matéria. Pode ser percebido
nas formas de corrente elétrica, quando gerado internamente em dispositivos eletrônicos, e
de onda eletromagnética, no espaço livre.

O ruído elétrico tem comportamento aleatório e está presente em todo o espectro de


frequências, prejudicando sobretudo as comunicações via rádio. Ele ataca e soma-se ao
sinal da informação no canal de comunicação.

Na recepção de sinais de áudio, o ruído causa um efeito de chiado no alto-falante e, na


recepção de sinais de TV, aparece na tela na forma de chuvisco (figura 2.6).

3.3.2. Distorção do sinal

A distorção consiste, praticamente, na alteração da forma do sinal. Os diferentes valores


de atenuações impostas às diferentes frequências que formam o sinal geram distorções.
Por exemplo, no canal fio, ao se aplicar pulsos das comunicações digitais diretamente a
um par de fios ou a um cabo, devido à capacitância e à indutância distribuídas, a partir de
alguns poucos metros da fonte geradora começará a ocorrer distorção. Isso pode ser
comprovado com o auxílio de um instrumento denominado analisador de distorção. Os
pulsos distorcidos apresentam-se como dentes de serra.

Figura 3.1. Distorção dos pulsos em comunicações de dados via fio: a) pulsos transmitidos, b) pulsos
recebidos com distorção.

Nas comunicações digitais, a recuperação do sinal digital distorcido pode levar o usuário a
não identificar a voz de seu correspondente (a voz é reproduzida com o timbre modificado),
chegando até ao não-entendimento do que é falado.

27
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

3.3.3. Sinais interferentes ou espúrios.

Sinais interferentes são sinais de outras comunicações que invadem o canal em uso,
atrapalham e dificultam as comunicações em andamento, como, por exemplo, a conhecida
linha cruzada na ligação telefônica. Também podem ocorrer nas comunicações rádio de
forma ocasional ou proposital. Quando um sinal de outra conversação interfere na nossa, é
considerado sinal espúrio ou indesejável.

3.4. Distúrbios específicos do canal rádio

3.4.1. Ondas de multipercurso

Nas comunicações rádio, em particular nas radiomóveis, uma parte do volume de energia
irradiada pela antena transmissora forma uma onda direta, aquela que segue direto à
antena receptora; o restante da energia se dispersa subdividindo-se em ondas secundárias
com reflexões no solo, em elevações do terreno (morro ou montanha), nas paredes de
prédios e for em áreas urbanas, em veículos e outros obstáculos, fixos ou móveis,
conforme a figura 3.2, outras se perdem e não chegam à antena receptora.

Figura 3.2. Ondas de múltiplos percursos.

As ondas secundárias de diferentes percursos, por isso mesmo denominadas ondas de


multipercurso, chegam à antena receptora com diferentes intensidades, defasadas entre si
e da onda principal. Para o receptor o sinal instantâneo resultante é a soma vetorial dos
diversos sinais captados pela antena. Esse sinal varia de intensidade a cada instante,
aumenta e diminui, passa por um nulo ou zero de tensão, resultado da composição vetorial

28
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

instantânea, mostrada na figura 3.3. 0 fenômeno da propagação é conhecido por


desvanecimento ou fading, em inglês.

Figura 3.3. Soma vetorial instantânea de dois sinais senoidais de mesma frequência, com diferentes
amplitudes e desfasados de 𝜑.

Na prática, o efeito do multipercurso pode ser notado durante a escuta de uma estação de
radiodifusão AM, à noite, em lugar de boa recepção, quando ocorrem flutuações na
intensidade do áudio. O sinal recebido é resultante de duas ondas: uma de propagação
terrestre e outra refletida na ionosfera. Quando o resultante dos sinais assume zero de
intensidade, diz-se ocorrer um nulo de sinal e, momentaneamente, não se escuta a
estação.

Nas comunicações móveis, quando ocorre um nulo prolongado, o sistema entende que o
terminal móvel desligou e desfaz o enlace (telefonia móvel celular).

Considerando-se apenas a onda direta e uma onda refletida no solo, as amplitudes e a


desfasagem entre os dois sinais que chegam à antena receptora e o efeito na fase da onda
refletida estão ilustrados na figura 3.4.

Figura 3.4. Fases das ondas: direta (não muda) e refletida no solo (altera a fase).

29
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

3.4.2. Desvanecimento (fading)

Foi comentado anteriormente, Ocorre devido a algum problema de propagação,


geralmente pelas ondas de multipercurso e dutos. O sinal recebido flutua, varia de
intensidade a cada instante, aumenta e diminui passando por nulos ou zeros de tensão.
Quando ocorre no modelo de propagação em visibilidade, o valor típico é de 40 dB,
calculado pela média das variações do sinal recebido, obtidas de um aparelho registrador
gráfico. Nos cálculos de enlaces, esse valor costuma ser acrescentado com perda
adicional (margem de desvanecimento).

3.4.3. Ação da chuva sobre as ondas de rádio

A chuva, fenômeno meteorológico, quando ocorre no percurso, enfraquece, despolariza a


onda de rádio e degrada a recepção. O volume d’água da chuva apresenta-se à onda de
rádio como um verdadeiro obstáculo que, embora transponível, causa problemas.

3.4.4. Efeito Doppler

Ocorre com a onda de rádio o mesmo efeito Doppler conhecido da onda sonora. Quando
um automóvel está em deslocamento e passa buzinando por uma pessoa parada à beira
da estrada, o som emitido pela buzina do automóvel é ouvido em frequência diferente
daquela que realmente é gerada. Quando o automóvel passa pela pessoa e se afasta, o
som da buzina dá a impressão de ter assumido uma nova frequência. De modo
semelhante, em telecomunicações, quando um radio móvel está se deslocando na
velocidade v, aproximando-se ou afastando-se de um receptor fixo no ponto P, a onda
transmitida pelo móvel é recebida numa frequência diferente, alterada de ± ∆𝑓 [Hz],
dependendo do sentido do deslocamento.

Esse efeito coloca em risco a continuidade das comunicações. Assim, em telefonia móvel
celular, quando o desvio ∆𝑓 é acentuado devido à velocidade de deslocamento do radio
móvel, o receptor da ERB perde a sintonia e o enlace é desfeito automaticamente (a
ligação cai), a contragosto do usuário.

A expressão matemática visando o cálculo do deslocamento da frequência é obtida a partir


do esquema da figura 3.5.

30
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

Figura 3.5. Ilustração do efeito Doppler.

3.4.5. Formação de dutos no percurso da onda

Os dutos afetam principalmente os radioenlaces em visibilidade e suas formações


ocorrem, com maior incidência, nos trópicos, em regiões alagadas, como arrozais, salinas,
pântanos e em áreas de florestas.

Os dutos são formados pelas inversões térmicas que ocorrem nas camadas de ar sobre a
superfície terrestre. Durante o dia, os causticantes raios solares aquecem o solo. Ao pôr-
do-sol, o solo quente começa a liberar calor, aquece a água existente na superfície e, à
noite, faz surgir, acima do solo, camadas de ar quente e úmido, com diferentes densidades
e índices de refração. Acima da camada de ar quente e úmido, sopram brisas frescas, ar
de temperatura mais baixa. Pela manhã, com o solo já resfriado, a camada de vapor sobe
e, algum tempo depois, se desfaz e, naturalmente, o processo remida.

Nas situações mencionadas há formação de dois tipos de duto, ilustrados na figura 3.6. No
primeiro, o duto de superfície, de maior duração e no segundo, o duto elevado de duração
mais curta.

Figura 3.6. Sequência na formação de dutos, de superfície e elevado.

31
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

O duto atua como um túnel, guia a onda provocando o seu desvio da direção principal e,
em consequência, ocorrem desvanecimentos no sinal recebido. Também, algumas vezes,
podem ocorrer enlaces de longas distâncias, não previstos.

A situação mais desfavorável ao enlace acontece quando uma das antenas, a


transmissora ou a receptora, fica fora do duto. A figura 3.7 mostra a onda de um enlace
sob o efeito duto.

Figura 3.7. Concepção da onda sob o efeito duto.

3.5. Recepção em diversidade

Para contornar as dificuldades causadas pelos desvanecimentos provocados pela ação


dos dutos e das ondas de múltiplos percursos, busca-se a recepção em diversidade de
espaço, que consiste em captar as ondas do enlace com duas ou mais antenas, separadas
verticalmente de cinco a dez metros.

A recepção compreende a mesma quantidade de receptores que o número de antenas e


um equipamento de comparação dos sinais de saída dos receptores e seleção do melhor.
A figura 3.8 mostra um modelo de recepção em diversidade de espaço.

Em complemento, existem ainda duas outras modalidades de recepção: diversidade em


frequência e diversidade angular. A primeira consiste na realização do enlace com duas
ondas portadoras distintas e a segunda, a recepção feita por antenas com diferentes
ângulos de inclinação.

32
CAPÍTULO III. Canais de Comunicação

Figura 3.8 - Esquema de recepção em diversidade de espaço.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGOLA. Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação. Colectânea
de Legislação sobre Comunicações Electrónicas. 1ª ed. Luanda, WhereAngola Book
Publisher, 2015. 480 p.

CARVALHO, Álvaro Gomes; BADINHAN, Luiz Fernando da Costa. Eletrônica:


Telecomunicações. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011.

MEDEIROS, Julio César de Oliveira. Princípios de telecomunicações: teoria e prática. 2ª


ed. São Paulo: Érica, 2007.

LOURTIE, Isabel. Sinais e Sistemas. 2ª edição. Lisboa: Escolar Editora, 2007.

SÁ, Rui. Sistemas e Redes de Telecomunicações. Lisboa: FCA, 2007.

ILČEV, Stojče Dimov. Global Mobile Satellite Communications: For Maritime, Land and
Aeronautical Applications. 1ª ed. Dordrecht, Springer, 2005. 494 p.

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