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MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE


ALEXANDRINO

GUIA DE ESTUDO
DISCIPLINA: EE-2005-0610
TÍTULO: Telecomunicações I
OSTENSIVO CIAA 117-076

TELECOMUNICAÇÕES I

MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO

2020

FINALIDADE: DIDÁTICA

1ª REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-076

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para emprego no Centro de Instrução Almirante Alexandrino,


para as turmas do Curso de Aperfeiçoamento em eletrônica, eletricidade e
comunicações interiores, o Guia de Estudo da disciplina EE – 2005 – 0610
TELECOMUNICAÇÕES I.

Rio de Janeiro, RJ
Em 15 de setembro de 2020

JOSÉ AFONSO BARBOZA LOBIANCO


CF(RM1)
Coordenador de Cursos

- II –
OSTENSIVO CIAA 117-076
ÍNDICE

PÁGINAS

Folha de Rosto ..................................................................................................................... I

Ato de Aprovação ................................................................................................................ II

Índice ................................................................................................................................... III

Introdução ............................................................................................................................ V

CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS EM TELECOMUNICAÇÕES


1.1 – Introdução ........................................................................................................1-1
1.2 – Conceituações ..................................................................................................1-2
1.3 – Fundamentos de sistemas de comunicações ....................................................1-3
1.4 – Exemplos de sistemas de comunicações .........................................................1-5
1.5 – Modalidades de comunicações ........................................................................1-10
1.6 – O enlace de comunicações ..............................................................................1-10

CAPÍTULO 2 – OS SINAIS ELÉTRICOS DA INFORMAÇÃO


2.1 – Denominações dos sinais elétricos ...................................................................2-1
2.2 – O sinal periódico ..............................................................................................2-2
2.3 – Parâmetros e unidades de medida ....................................................................2-2
2.4 – Onda .................................................................................................................2-3
2.5 – Filtros de ondas elétricas ..................................................................................2-4

CAPÍTULO 3 – OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO E O RUÍDO ELÉTRICO


3.1 – O canal de comunicação ..................................................................................3-1
3.2 – Tipos e características dos canais .....................................................................3-1
3.3 – Propriedades dos canais de comunicações .......................................................3-3
3.4 – Principais distúrbios nos canais de comunicações ...........................................3-4
3.5 – Distúrbios específicos do canal rádio ..............................................................3-5

CAPÍTULO 4 – AS ONDAS DE RÁDIO


4.1 – Introdução ........................................................................................................4-1
4.2 – O transmissor e a linha de transmissão ............................................................4-1
4.3 – O receptor e a linha de recepção ......................................................................4-2
4.4 – Natureza da onda eletromagnética e o mecanismo de propagação ..................4-2
4.5 – Velocidade de propagação e comprimento de onda .........................................4-4
4.6 – Polarização da onda .........................................................................................4-4
4.7 – O espectro e faixas de freqüências ...................................................................4-5

CAPÍTULO 5 – RADIOPROPAGAÇÃO
5.1 – Modos de propagação ......................................................................................5-1
5.2 – A superfície da terra .........................................................................................5-1
5.3 – A atmosfera da terra .........................................................................................5-3
5.4 – Tipos de propagação ........................................................................................5-3

-III-
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CAPÍTULO 6 – MODULAÇÃO
6.1 – Modulação analógica .......................................................................................6-2
6.2 – Modulação digital ............................................................................................6-7
6.3 – Modulação por pulso ........................................................................................6-16

ANEXO A BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................A-1

-IV-
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INTRODUÇÃO

1 – PROPÓSITO
Esta publicação foi elaborada com o propósito de apresentar aos alunos dos Cursos de
Aperfeiçoamento em eletrônica, eletricidade e comunicações interiores os conteúdos da
disciplina TELECOMUNICAÇÕES.

2 – DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em seis capítulos. São estudados, no capítulo 1, os
conceitos básicos em telecomunicações; capítulo 2, os sinais elétricos da informação; capítulo
3, os canais de comunicações e o ruído elétrico; capítulo 4, as ondas de rádio; capítulo 5, a
radiopropagação; e no capítulo 6, a modulação.

3 – AUTORIA E EDIÇÃO
Esta publicação é de autoria do 1ºSG-CI FRISAN GOMES FERREIRA e foi elaborada e
editada, no CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO (CIAA).

4 – DIREITOS DE EDIÇÃO
Reservados para o CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO.
Proibida a reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio.

5 – CLASSIFIAÇÃO
Esta publicação é classificada como pertencente à Marinha do Brasil, não controlada,
ostensiva, didática e manual.

-V-
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1 – CONCEITOS BÁSICOS EM TELECOMUNICAÇÕES

1.1 – Introdução

1.1.1 – O significado de telecomunicações

As telecomunicações constituem o ramo da engenharia elétrica que trata do projeto, da


implantação e da manutenção dos sistemas de comunicações e têm por objetivo principal
atender à necessidade do ser inteligente de se comunicar a distância. È comum omitir-se o
prefixo tele e usar apenas comunicações.

Através dos sistemas de comunicações os assinantes, usuários ou correspondentes trocam


informações, operando equipamentos terminais, elétricos ou eletrônicos, tecnicamente
compatíveis com o sistema. As informações fluem pelos canais de comunicações fio, rádio
(espaço livre) ou fibra óptica, na forma de sinais elétricos ou eletromagnéticos.

A principal função de um sistema de comunicações é a transferência de informação.


Contudo, para evitar a necessidade de se definir este conceito, tratamos de mensagem, que
pode ser definido como a caracterização física da informação, e de sinal, que é a
representação da mensagem. No caso de comunicação por meios elétricos, os sinais são
representados por tensão ou corrente variantes no tempo (sinais elétricos ).

1.1.2 – O técnico na área de telecomunicações

O técnico na área de telecomunicações é o braço direito do engenheiro. Quase sempre a sua


formação é mais especifica e voltada para uma área de interesse, sendo algumas delas: redes
(fio e fibras ópticas para dados e telefonia), transmissão (antenas e equipamentos rádio),
comutação (centrais telefônicas), eletrotécnica (transformadores, motores elétricos,
equipamentos de refrigeração e outros) e eletrônica (circuitos eletrônicos e equipamento).

O técnico pode atuar como auxiliar em projetos, na manutenção e nas instalações de


equipamentos dos sistemas de navios.

1.1.3 – Principais organismos de telecomunicações

ITU – União Internacional de Telecomunicações – com sede em Genebra, Suíça, é uma


organização internacional que congrega governos e setores privados num Sistema Unido de
Nações, para coordenar as comunicações globais em redes e serviços.

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações – é o órgão do governo brasileiro, com


sede em Brasília, DF, encarregado de coordenar e fiscalizar as comunicações no Brasil, além
de certificar e homologar produtos.

ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – com sede em


Brasília, DF, é uma associação prestadora de serviços, informação e assessoramento ao
governo, além de trabalhar em prol dos interesses de seus associados na área de radiodifusão,
aos quais presta assessoria nas áreas jurídicas, parlamentar e técnica.

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1.2 – Conceituações

1.2.1 – Informações – são mensagens de diversos tipos produzidas pelo cérebro do homem
ou por dispositivo por ele inventado e construído. Como se originam no cérebro do homem,
as informações são consideradas mensagens inteligentes e, em princípio, possuem um
conteúdo significativo.

Uma única mensagem, ou um conjunto de mensagens, ordenado para produzir um


significado, constitui o que chamamos de informação. A cada símbolo corresponde uma
certa quantidade de informação e a cada mensagem se associa uma quantidade de
informação, dada pela soma das quantidades de informação de cada símbolo.

Figura 1.1 – Estrutura típica de uma mensagem.

1.2.2 – Sinais elétricos da informação – são tensões elétricas variantes no tempo, obtidas da
conversão da mensagem inteligente em eletricidade. Os sinais elétricos da informação são de
dois tipos: analógicos e digitais.

 Sinais analógicos – são tensões elétricas naturalmente variáveis obtidas de


dispositivos transdutores. Por exemplo: os sinais elétricos da voz e da música são
obtidos dos terminais de um microfone, enquanto os da imagem são obtidos de um
dispositivo fotossensível.

Figura 1.2 – Sinal analógico.

 Sinais digitais – são pulsos elétricos binários ou bits na forma de 1 ou 0 ou tem e não
tem tensão, respectivamente, gerados por dispositivos da eletrônica digital, por
exemplo: em geradores de caracteres alfanuméricos, computadores, conversores do
sinal analógico em digital (A/D) e outros.

Figura 1.3 – Sinal digital.

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Os sinais elétricos da informação podem ser convertidos de analógicos em digitais e de
digitais em analógicos por dispositivos conversores A/D e D/A respectivamente.

1.2.3 – Dados – são seqüências de bits (bit stream) que constituem a informação digital.

O bit é a unidade fundamental da informação digital. O termo bit é o resultado da contração


de binary digit, dígito binário. Os sinais de dados oriundos de um ETD (Equipamento
Terminal de Dados) sempre assumem os valores “0” ou “1”, portanto são sinais digitais,
conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 1.4 – Sinal binário.

Por assumir sempre um dos dois valores, o sinal de dados é chamado também de SINAL
BINÁRIO, onde cada unidade é chamada de BIT (Binary Digit – Dígito Binário). Um bit (“0”
ou “1”) é a menor unidade de informação que um computador pode manipular. A uma cadeia
de bits tratada com uma unidade chamamos de byte. Pode ter, por exemplo, 6, 7 ou 8 bits de
comprimento.

1.3 – Fundamentos de sistemas de comunicações

Entende-se por sistema de comunicações o conjunto de equipamentos e materiais, elétricos e


eletrônicos, necessários para compor um esquema físico, perfeitamente definido, com o
objetivo de estabelecer enlaces de comunicações (links) entre pelo menos dois pontos
distantes. São exemplos de equipamentos e materiais empregados: centrais telefônicas,
transmissores e receptores de rádio, antenas, fios, cabos e isoladores.

Um sistema elementar de comunicações analógicas pode ser representado, em diagrama em


blocos, conforme a figura 1.5.

Figura 1.5 – Diagrama em blocos de um sistema de comunicações analógico.

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Um simples exemplo, que corresponde ao diagrama em bloco da figura 1.5, é o de duas
pessoas que se comunicam por telefone. Nesse caso, as partes integrantes do sistema, com
transmissão e recepção, podem ser assim descritas:

a) A fonte de informação, geradora da mensagem, é a pessoa que fala ao telefone.


b) O transdutor, por definição, é todo dispositivo que transforma uma fonte de energia
em outra. Na transmissão da voz, o transdutor é o microfone, que converte as
vibrações mecânicas da voz em sinais elétricos, na forma analógica.
c) O transmissor processa o sinal de entrada a fim de adaptá-lo ao canal de
comunicação desejado ou disponível. Normalmente envolve um processo de
modulação e eventualmente codificação (este, principalmente nos casos de
comunicação digital). Como exemplo é a parte do circuito do telefone encarregada de
fornecer a potência necessária ao sinal elétrico para percorrer o canal de comunicações
e chegar ao receptor.
d) O canal de comunicações é o meio físico entre o transmissor e o receptor, por onde
transitam os sinais elétricos da informação. Ex: par de fios, cabo coaxial, enlace de
rádio, feixe de luz, cabos de fibras ópticas, etc. O canal de comunicação normalmente
envolve perdas ou atenuação do sinal e contaminação por ruído. Além disso,
ocorrem distorções e interferências que provocam mudanças na forma do sinal
transmitido.
e) O receptor é a parte do circuito interno do telefone que recebe os sinais elétricos da
voz e os direciona ao transdutor da recepção. Portanto processa o sinal recebido para
entrega ao transdutor de saída tendo como funções básicas: a ampliação do sinal (para
compensar as perdas no canal), a demodulação e a decodificação (processos que
revertem os de modulação e codificação no transmissor) e a filtragem (para reduzir
efeitos de ruído).
f) O transdutor da recepção é a cápsula receptora, do combinado telefônico, que
converte os sinais elétricos em vibrações mecânicas, reproduzindo, assim, a voz.
g) O destinatário é a quem a mensagem se destina.

Figura 1.6 – Transmissão de informação.

OBS.: Ruído (sinal aleatório, produzido por fontes naturais), interferência (sinal indesejável,
gerado por processos criados pelo homem) e distorções (mudanças na forma de onda devido à
resposta imperfeita do sistema em relação ao sinal) podem ocorrer em qualquer ponto do
sistema de comunicação, mas é convencional concentrar o seu estudo no canal de
comunicação, tratando o transmissor e receptor como ideais. Esses fatores (ruído,
interferência, distorção), que também ocorrem no transmissor e no receptor, são
dimensionados nesses dispositivos nos limites da qualidade aceitável ou possível e, portanto,
pode-se ignorá-los no estudo do sistema de comunicação em questão.

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1.4 – Exemplos de sistemas de comunicações

1.4.1 – Sistema de telefonia de rede fixa

Nesse sistema, os equipamentos terminais da ponta da linha são os telefones dos assinantes e
o equipamento de comutação, responsável pelos enlaces, é uma central telefônica. Os
telefones são ligados à central por fios e cabos telefônicos, que constituem a rede fixa do
sistema.

As modernas centrais telefônicas são do tipo CPA (Central de Programa Armazenado), um


equipamento de comutação da eletrônica digital, dotado de microprocessadores, que
comandam e controlam as operações da central. O microprocessador é a CPU (Unidade
Central de Processamento) do computador, um circuito do tipo VLSI.

A CPA disponibiliza inúmeros serviços tais como: conferência telefônica, siga-me, chamada
em espera, chamada programada, identificação da chamada (bina), conferência telefônica, etc.

Os sinais elétricos das comunicações entre os telefones convencionais e a central telefônica


ainda são analógicos. Quando o sistema é digital, por exemplo, em ISDN (Integrated
Services Digital Network) o aparelho telefônico é especifico.

Os sinais telefônicos da rede fixa permitem a utilização do videofone, ainda raramente usado,
possivelmente pelo elevado custo do aparelho, e do sistema de teleconferência, comunicações
em áudio e vídeo entre grupos de pessoas situados em diferentes locais. Em ambos os casos,
a imagem fica restrita às cenas de pouco movimento, pela limitação do canal em largura de
banda. Usuários da internet podem usufruir da tecnologia ADSL (Asymmetric Digital
Subscriber Line), ou Linha Digital Assimétrica para Assinante, que permite a transferência de
dados, em velocidade, sobre linhas telefônicas do sistema de rede fixa, sem prejuízo das
conversações telefônicas.

Figura 1.7 – Diagrama das ligações de um sistema de telefonia de rede fixa.

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1.4.2 – Sistema de comunicações por fibras ópticas

A fibra óptica é um elemento monofilar condutor de luz, feito de material com estrutura
cristalina. Um sistema de comunicações por fibra óptica é dotado de inúmeros dispositivos
ópticos, sensores e amplificadores. Cada elemento de fibra empregado encaminha a luz num
sentido. Um par de fibras ópticas forma um circuito de comunicações (um canal de
transmissão e um de recepção).

Figura 1.8 – (a) Perspectiva lateral de uma fibra. (b) Extremidade de um cabo com 3 fibras.

As informações percorrem a fibra na forma de sinal luminoso. Um estreito feixe de luz,


gerado por um laser, é modulado por sinais elétricos e se propaga no canal através de
reflexões sucessivas no interior da fibra.

O sinal é seguro, imune a campos eletromagnéticos externos, não irradia e opera com elevada
taxa de transmissão de dados, da ordem de 10 Mbits/s. Hoje, as redes de fibras ópticas estão
presentes nos principais sistemas de comunicações digitais que interligam bairros, cidades e
estados. Cabos submarinos com fibras ópticas interligam continentes.

1.4.3 – Sistema rádio em HF (high- frequency)

É um sistema rádio monocanal, usado para alcançar longas distâncias, geralmente superiores a
100 quilômetros, na faixa de HF, 3 a 30 Mhz, sem emprego de estações repetidoras. Com
estas caraterísticas, operam sistemas militares, navegação aérea e marítima e radioamadores.

O espectro mencionado também é ocupado por sistemas de radiodifusão em AM, ondas


curtas, com sinais analógicos de voz e música, com rádio limitado a frequência de 5k Hz.

A irradiação principal é direcionada para o alto, à região externa d a Terra denominada


ionosfera, distante cerca de 80 quilômetros da superfície terrestre que atua como camada
refletora para a onda de rádio. Em função do ângulo de incidência, a onda retorna à Terra
fazendo um salto.

A onda direcionada ao espaço que sofre reflexão na ionosfera e retorna à Terra é denominada
onda ionosférica. Ao retornar á Terra, pode também refletir na superfície terrestre e voltar
novamente à ionosfera. Assim, podem ocorrer diversas reflexões sucessivas ou diversos
saltos.

A onda ionosférica, quando recebida, sempre está acompanhada de forte ruído elétrico. O
ruído é reproduzido em áudio como chiado e, também, cliques resultantes de descargas
elétricas que ocorrem permanentemente na atmosfera. As regiões da Terra em que as ondas
não incidem e, portanto, não há recepção, são denominadas áreas de silêncio rádio ou área
de sombra.

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Figura 1.9 – Ondas ionosféricas: enlace a um salto e a dois saltos.

1.4.4 – Sistema rádio em visibilidade

É um sistema rádio, na faixa de microondas, que transporta a informação a longas distâncias


com repetições sucessivas do sinal. Para isso são usadas estações radiorrepetidoras e antenas
instaladas no alto de torres, distantes, em média, 50 quilômetros uma da outra, para vencer a
curvatura da Terra. Do alto da torre, um observador posicionado no lugar da antena “vê” a
outra antena à sua frente, por isso o nome enlace rádio em visibilidade ou microondas em
visibilidade.

Figura 1.10 – Enlace rádio em visibilidade.

Quase sempre, os sistemas em visibilidade transportam uma grande quantidade de


informações em canais multiplexados numa única onda portadora. Sistemas de baixa
capacidade em canais podem operar em frequência mais baixas, por exemplo em UHF.

Modernamente, enlaces entre pontos distantes em até dois quilômetros sem obstruções no
percurso podem ser feitos em visibilidade com equipamento transceptor a laser. São
consideradas obstruções no percurso: as elevações naturais do terreno, as edificações e as
florestas que, na trajetória da onda, dificultam ou impedem a sua propagação.

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Figura 1.11 – Enlace rádio em visibilidade com desvios de percurso

1.4.5 – Sistema de comunicações por tropodifusão

É um sistema rádio, na faixa de 900 Mhz a 2 Ghz, usado para efetuar o enlace entre dois
pontos distantes de 100 até cerca de 400 quilômetros, valendo-se da reflexão das ondas no
alto da troposfera. Uma única onda portadora transporta informações em canais de voz e
dados multiplexados, da ordem de 100 a 300 canais.

É um sistema pouco usado em relação aos demais, mas é eficiente em regiões tecnicamente
inviáveis ao emprego de outros tipos de sistemas terrestres, por exemplo, a Região
Amazônica.

Uma explicação para o fenômeno da tropodifusão ou espalhamento troposférico refere-se à


parte alta da troposfera, região compreendida entre a superfície da Terra e a tropopausa, a
cerca de 10 quilômetros de altura, onde existem elétrons em constante agitação, formando
uma região de permanente turbilhonamento (volume comum), capaz de refletir uma pequena
fração da energia incidente, irradiada por uma antena transmissora terrena, em frequência da
faixa mencionada.

Figura 1.12 – Diagrama de um sistema de tropodifusão.

Ao contrário do sistema em visibilidade, uma antena não vê a outra e por esta razão as
comunicações troposféricas são conhecidas também por comunicações transorizontes.

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1.4.6 – Sistema de comunicações por satélite

Lançado por foguete ou liberado de um veículo espacial, o satélite artificial de comunicações


é colocado em órbita da Terra para receber as ondas de rádio emitidas de transmissores
terrenos e enviá-las de volta à Terra, em outra frequência. Desta forma, o satélite de
comunicações nada mais é que uma estação radiorrepetidora posicionada no espaço, para
iluminar, com ondas de rádio, uma calota terrestre de extensão considerável.

O emprego do sistema satélite é recomendável em países ou regiões com vasta extensão


territorial, como meio alternativo de comunicações.

O acesso ao satélite é múltiplo. De qualquer ponto da área de cobertura do satélite, podem


ser estabelecidos enlaces via satélite entre estações terrenas.

Sendo o percurso satélite-Terra livre de obstruções, as transmissões podem ser feitas,


relativamente, com pouca potência. Geralmente, as antenas são montadas sobre refletores
parabólicos, para assegurar a diretividade e o elevado ganho da antena.

Figura 1.13 – Diagrama básico de um sistema de comunicações por satélite.

O transceptor é a unidade rádio do satélite, que recebe o sinal captado pela antena, converte a
frequência, amplifica em potência e devolve à antena. Um satélite costuma ter vários
transceptores. A potência de transmissão do satélite é da ordem de 10 watts e das antenas
terrestres bem mais.

Os satélites de comunicações estão posicionados, no espaço em órbita geossíncrona ou


cinturão de Clarke (Arthur Clarke), no plano do equador terrestre, a 36.000 quilômetros de
distância da Terra. Em Geo o satélite permanece no espaço, sobre um ponto fixo da Terra,
acompanhando-a em seu movimento de rotação. Por esse motivo o satélite é denominado
geoestacionário ou geossíncrono.

Um satélite de comunicações geoestacionário típico funciona com 24 transponders e mais seis


de reserva, totalizando 30 transponders. Um transponder costuma ter uma banda B = 36 Mhz,
que permite a operação com cerca de 900 canais analógicos de voz multiplexados ou apenas
um canal analógico de televisão e, se em comunicações digitais, da ordem de 120 Mbits/s de
tráfego ou cinco canais de televisão.

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1.4.7 – Sistema de ondas portadoras sobre linhas de potência

Nesse sistema as comunicações se desenvolvem com ondas de rádio moduladas por canais de
voz ou dados e aplicada sobre cabos da rede elétrica de alta tensão. Além de condutores de
eletricidade, os cabos são usados como meio de condução das ondas de rádio, na faixa de 24 a
500 kHz.

É um sistema diferente dos demais, de uso restrito e limitado. É utilizado nas comunicações
entre pessoal da usina geradora e as subestações e com sinais gerados por dispositivos de
proteção e medição instalados ao longo das linhas.

Em escala menor, com aplicações domésticas e em escritórios, um sistema de ondas


portadoras sobre fios da rede elétrica de 127 ou 220 volts, serve para as comunicações com
sinais de voz ou música ambiente. Outro modo de utilização atualmente, é o acesso a internet,
a famosa rede mundial de computadores www – word wide web, através da rede elétrica de
alta e baixa tensão principalmente em locais remotos.

1.5 – Modalidades de comunicações

1.5.1 – Comunicações fixas: quando os enlaces são estabelecidos entre pontos fixos através
de rede fixa, composta de fios, cabos ou fibra óptica.

1.5.2 – Comunicações rádio móveis: quando os enlaces são estabelecidos entre rádios
móveis, veiculares ou portáteis. Cabe, ainda, ao grupo móvel a subdivisão: móvel terrestre,
móvel marítimo e móvel aeronáutico.

1.5.3 – Comunicações radiobase: quando os enlaces são estabelecidos entre estações de


rádio fixas no terreno, geralmente instaladas em casas ou edifícios.

1.5.4 – Comunicações mistas: quando os enlaces são estabelecidos entre rádios e a rede fixa,
numa integração rádio-fio.

1.6 – O enlace de comunicações

O enlace de comunicações é o estabelecimento das comunicações entre, pelo menos, dois


pontos. Os enlaces podem ser estabelecidos diretamente entre equipamentos dos usuários ou
indiretamente através de outro(s) equipamento(s) do sistema.

Os enlaces podem ser assim classificados:

1.6.1 – Quanto ao número de pontos envolvidos e o sentido do tráfego:

a) Enlace ponto a ponto: é a ligação em que a comunicação é feita apenas entre dois pontos
(estação A e estação B). Uma das estações é denominada "estação primária" e a outra "estação
secundária". A figura abaixo é de uma ligação ponto-a-ponto.

Figura 1.14 – Enlace ponto a ponto.

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b) Enlace ponto-multiponto: quando a trans missão é feita de um ponto para a recepção em
diversos outros pontos. Exemplo: transmissão de uma estação de radiodifusão (AM) ou FM)
e os inúmeros receptores dos ouvintes.

Figura 1.15 – Enlace ponto-multiponto.

c) Enlaces multiponto-ponto: quando as transmissões são feitas de vários pontos para


recepção em único ponto. Exemplo: emissões de diversas estações terrenas para o satélite.

Figura 1.16 – Enlaces multiponto-ponto.

d) Enlaces multiponto-multipontos: quando os assinantes de um ou mais sistemas


estabelecem entre si enlaces. Observa-se que pode existir um só ponto, um equipamento
central, caso, por exemplo, da conferência telefônica entre assinantes de uma mesma central
telefônica.

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Figura 1.17 – Esquema de enlaces multiponto-multiponto.

1.6.2 – Os enlaces quanto ao modo de operação podem ser:

c) Simplex – Comunicação possível em uma única direção. É uma comunicação


unidirecional. Na rede, cada máquina só transmite ou recebe. Exemplo: a ligação entre
um computador e uma impressora de baixa velocidade (50 bps) sem buffer de
recepção.

Figura 1.18 – Modo duplex.

b) Half-Duplex (ou Semi-Duplex) – Comunicação possível em ambas as direções, porém


não simultaneamente. É uma comunicação bidirecional. Como por exemplo, a comunicação
entre radioamadores e radiotransmissores.

Figura 1.19 – Modo half-duplex

c) Full Duplex (ou Duplex) – Comunicação possível em ambas as direções simultaneamente.


É uma comunicação bidirecional.. Como exemplo, temos a conversação telefônica entre duas
pessoas, na rede, todas as máquinas podem transmitir e receber ao mesmo tempo.

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Figura 1.20 – Modo full duplex.

Resumidamente, apresentamos na figura abaixo os três modos de operação.

Figura 1.21 – Modos de operação

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2 – OS SINAIS ELÉTRICOS DA INFORMAÇÃO

2.1 – Denominação dos sinais elétricos

Toda grandeza elétrica variável no tempo pode ser considerada um sinal elétrico (tensão,
corrente), podendo ser classificado conforme o tipo de variação no tempo. Um sinal elétrico
pode receber as seguintes denominações:

a) Finito: quando ocorre num espaço de tempo finito.

Figura 2.1 – Sinal finito

b) Periódico: quando é repetitivo a intervalos de tempo finito.

Figura 2.2 – Sinal periódico.

c) Aperiódico: quando o sinal não é repetitivo.

d) Aleatório: é um sinal de comportamento imprevisível, gerado com variações ao acaso, na


amplitude, frequência, e fase. Um sinal aleatório, a grosso modo, é aquele cujo valor
específico a cada instante é incerto até o instante de sua manifestação. Esse tipo de sinal só
pode ser caracterizado em termos de suas médias estatísticas, como o "valor médio" .

Figura 2.3 – Sinal aleatório.

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e) Pseudo-aleatório: é um tipo de sinal aparentemente aleatório, mas de certa forma
previsível. Uma fonte eletrônica geradora de sinais pseudo-aleatório pode ser usada, por
exemplo, para efetuar mudanças de chaves em equipamentos de sigilo (criptossistemas).

f) Determinístico: é o sinal perfeitamente previsível e determinado, desenvolvido a partir de


uma expressão matemática, função do tempo ou função da frequência. Por exemplo: o sinal
senoidal.

Figura 2.4 – Sinal determinístico.

2.2 – O sinal periódico

O estudo e a geração dos sinais ficam facilitados quando se trata de sinal periódico. O
intervalo de repetição denomina-se período, representado pela letra T e medido em segundo
(s). Um período equivale a um ciclo e a quantidade de ciclos por segundo é denominada
frequência, medida em hertz (Hz).

Figura 2.5 – Sinal periódico complexo com T = 1 ms.

Dentre os sinais periódicos, o senoidal é extremamente útil e, talvez o mais usado.

2.3 – Parâmetros e unidades de medidas

São parâmetros de referência usados para medir os sinais elétricos:

a) Tensão, E: medida em volt (V), nos valores instantâneo (em determinado instante do
sinal), médio, eficaz ou RMS, máximo ou pico ou, ainda, pico a pico.

Eletricamente, a tensão E, em volt (V), aplicada sobre uma carga resistiva R, em ohm (Ω) ) ) )
desenvolve no circuito uma corrente elétrica de intensidade I, em ampère (A). Pela lei de
Ohm.

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b) Intensidade da corrente elétrica, I: medida em ampère (A), cujo valor, nos circuitos de
potência, pode ser obtido de um amperímetro ligado em série com a carga R.

c) Frequência, f: mecanicamente é o número de vibrações por segundo da fonte geradora e


eletricamente é a quantidade de ciclos por segundo do sinal periódico gerado. A frequência é
medida em hertz (Hz). O instrumento usado para medição da frequência de sinais periódicos
é o frequencímetro.

d) Fase, φ: é a medida, em tempo ou em ângulo, obtida em relação a uma referência fixa ou


comparativa entre sinais. Um sinal pode estar em fase com outro, atrasado ou adiantado em
relação a esse outro sinal e a diferença de tempo entre eles é chamada de retardo.

e) Potência elétrica, P: medida em watt (W), equivale à energia elétrica gerada por uma fonte
ou dissipada por uma carga.

2.4 – Onda

Onda é uma sequência contínua do sinal gerado por uma fonte.

Onda portadora ou carrier é a denominação dada à onda senoidal gerada eletronicamente no


aparelho transmissor de rádio, numa certa potência e frequência, para transportar os sinais
elétricos da informação até o aparelho receptor.

A onda portadora é obtida de um oscilador senoidal, geralmente em frequência acima dos 100
kHz, para radioemissões. A onda pode ser transmitida pura, sem modulação, ou modulada.
Quando modulada, é usada nas comunicações em amplitude (AM) ou frequência (FM),
transporta os sinais da informação.

Modulação é o processo eletrônico no qual o sinal elétrico da informação modifica pelo


menos um dos parâmetros da onda portadora: amplitude, frequência ou fase. A onda
portadora modulada viaja no canal de comunicações transportando os sinais da informação,
daí a sua denominação de portadora ou carrier.

Existem esquemas de circuitos eletrônicos específicos para gerar sinais periódicos com
diferentes formas de ondas, por exemplo: senoidal, trem de pulsos, dente de serra, triangular,
etc. Em laboratório, o aparelho chamado de gerador de funções fornece ondas com algumas
dessas ondas.

Figura 2.6 – Tipos de ondas: a) senoidal, b) trem de pulsos, c) dente de serra e d) triangular.

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2.5 – Filtros de ondas elétricas

Em engenharia elétrica, filtros de ondas elétricas ou simplesmente filtros são estruturas


elétricas ou eletrônicas projetadas para permitir, impedir ou retardar a passagem de sinais
elétricos em determinadas frequência.

Os filtros podem ser de dois tipos: passivos ou ativos. O filtro passivo é formado por
componentes passivos R, L e C, que dissipam energia e por isso o sinal na saída do filtro
sempre está atenuado. O filtro ativo opera, geralmente, com um ou mais CI operacional e tem
a vantagem de proporcionar ganho ao sinal, unitário ou maior.O filtro ativo filtra
amplificando o sinal.

Os filtros encontram inúmeras aplicações em circuitos de áudio, vídeo e RF. São por
exemplo: a seleção das frequências da voz no espectro de áudio e para eliminar um tom de
áudio indesejável. O equalizador de áudio, parte integrante de muitos equipamentos de som,
nada mais é que um conjunto de filtros ativos, do tipo passa-faixa, cada um centrado numa
frequência.

Quanto à seleção das frequências, os filtros denominam-se:

a) Passa-altas – HPF (high pass filter);


b) Passa-baixas – LPF (low pass filter);
c) Passa-faixa – BPF (band pass filter);
d) Rejeita-faixa – BSF (band stop filter); e
e) Passa-tudo – APF (all pass filter).

O filtro passa-altas permite a passagem dos sinais elétricos no intervalo entre ω c e o infinito
(teoricamente), o passa-baixas permite entre zero e a frequência de corte ω c, enquanto o passa-
faixa permite sinais entre ω 1 e ω2. Inversamente, o filtro rejeita-faixa atenua os sinais entre as
frequências ω 1 e ω 2. O último deles, o passa-tudo, não teve a curva de resposta apresentada
pelo fato de produzir um efeito de retardo, geralmente especificado em ângulo, em sinais de
uma certa faixa de frequência.

Quadro 2.1 – Curvas de resposta de filtros e símbolos na norma inglesa.

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3 – OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO E O RUÍDO ELÉTRICO

3.1 – O canal de comunicação

Canal ou meio de comunicações é o meio físico entre o transmissor e receptor por onde
transitam os sinais elétricos ou eletromagnéticos da informação.

Em telecomunicações, o termo canal possui pelo menos três significados:

• Usado para especificar um meio de comunicações: fio, rádio ou fibra óptica. Os


materiais empregados dão nome aos meios de comunicação.
• Caminho para o sinal, por exemplo, um amplificador de áudio estereofônico
possui dois canais: esquerdo (L – left) e direito (R – right).
• Segmento do espectro de frequência com largura de banda (bandwidth) B ou faixa
ocupada por uma transmissão de rádio.

3.2 – Tipos e características dos canais

3.2.1 – Canal fio

Consiste em pelo menos dois fios condutores elétricos usados para conduzir os sinais da
informação.

Uma rede telefônica fixa é feita com fios e cabos. Os cabos são constituídos internamente de
múltiplos condutores isolados, podendo abrigar, em seu núcleo, cabos coaxiais e fibras
ópticas.

Um cabo pode ser instalado de modo aéreo (suspenso em postes), enterrado, subterrâneo (em
túneis ou galerias) ou ainda submerso em rio, lago ou oceano, sendo especialmente fabricado
para esta finalidade. Em casas e edifícios, quando embutidos nas paredes e pisos, passam em
condutores destinados exclusivamente à rede telefônica/áudio/TV, separadamente dos
condutores com fios da rede elétrica.

Figura 3.1 – Cabo de fio metálico.

3.2.2 – Canal rádio

Deve ser entendido como um segmento do espectro de frequências ocupado pela onda
eletromagnética de um equipamento emissor. A onda de rádio se propaga no espaço livre
transportando os sinais elétricos da informação.
O espaço livre é o meio físico das comunicações rádio.

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O canal rádio é mais fácil de se ocupar. Enquanto os canais fio e fibra óptica precisam ser
constituídos, para o canal rádio basta ter em mãos os equipamentos transceptores para o
fechamento do enlace. Contudo, no espaço livre, as ondas eletromagnéticas encontram
problemas de distúrbios e interferências, que evidenciam a fragilidade do canal.

Transceptor é o nome dado ao equipamento rádio dotado de transmissor e de receptor em um


mesmo volume.

Figura 3.2 – Canal rádio

3.2.3 – Canal fibra óptica

A fibra óptica é um elemento monofilar de estrutura cristalina, condutor de luz, que transporta
a informação sob a forma de energia luminosa. É também chamada de guia de luz. Possui
alto índice refração e a luz, ao se propagar na fibra, sofre atenuação e dispersão.

O canal fibra óptica apresenta algumas vantagens sobre os demais meios, dentre eles:

a) Não irradia nem sofre interferências de sinais eletromagnéticos externos;


b) A atenuação da luz na fibra, embora exista, é de baixo valor; e
c) Permite elevadas taxas na transmissão de dados, da ordem de 10 Gbits/seg.

Dois tipos diferentes de fibra recebem as denominações: monomodo e multimodo, sendo este
mais usado em pequenas distâncias.

Figura 3.3 – Segmento de fibra óptica.

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3.3 – Propriedades dos canais de comunicações

Cada tipo de canal possui características próprias e utilização específica, mas todos têm
algumas propriedades em comum. Dentre elas podem ser citadas:

3.3.1 – Atenuação da intensidade do sinal

O sinal elétrico vai perdendo energia ao se propagar no canal de comunicações e chega ao


receptor com intensidade atenuada.

Por exemplo, um canal telefônico representado por um par de fios, comumente chamado de
linha telefônica, tem impedância característica nominal de 600 ohms. O valor preconizado
para o sinal aplicado à entrada da linha é de um miliwatt (1 mW sobre 600 Ω) ) ) ). Linhas muito
longas (acima de 10 km) e em mau estado de conservação atenuam consideravelmente o sinal.
A atenuação é medida com um sinal de teste na frequência de 1 kHz. Na efetivação do
enlace, o valor da atenuação do sinal deve permanecer na faixa entre 13 a 18 dB. O recurso
encontrado para restaurar o nível do sinal é o emprego do amplificador de linha.

3.3.2 – Limitação em largura de faixa ou largura de banda

Todo canal é limitado em faixa ou banda passante (bandwidth), costumeiramente designada


pelas letras B ou BW e medida em hertz (Hz). Sendo a largura B do canal limitada, o
espectro do sinal da fonte deve ser menor ou, no máximo, igual à largura B do canal. Se essa
imposição for contrariada, fatalmente ocorrerá distorção do sinal com implicações na
inteligibilidade da mensagem.

Nos fios de cabos telefônicos, B é limitado pelas capacitâncias e indutâncias distribuídas,


sendo o valor-padrão B = 4kHz.

Nas comunicações rádio, o valor de B depende das características do sistema de transmissão,


que devem estar de acordo com as normas internacionais sugeridas pela ITU. Por exemplo, a
transmissão em SSB, na faixa de HF, monocanal, ocupa um segmento do espectro de 3 kHz;
transmissão de rádio AM comercial ocupa 10 kHz, enquanto na telefonia móvel celular com
portadora entre 800 e 890 Mhz, em FM, B = 30 kHz.

Dentre os canais, o canal fibra óptica é o que possui maior banda passante.

3.3.3 – Retardo

Retardo (delay) é o nome dado ao tempo gasto para o sinal atravessar o canal de
comunicações. O tempo de retardo bt é calculado dividindo-se a distância percorrida pela t é calculado div
onda no enlace dos dois pontos, velocidade de propagação da onda no meio de propagação.

Tem valor significativo nos enlaces entre dois pontos muito distantes, como nos enlaces via
satélite. O retardo provoca um efeito de eco, percebido algumas vezes em ligações
telefônicas via satélite geoestacionário, quando o dispositivo de cancelamento de eco não
opera corretamente. Dois pontos distantes do satélite de 40 mil quilômetros cada um,
viajando na velocidade de propagação da luz no vácuo, de 3.10 8 m/s, para percorrer os 80 mil
quilômetros a onda sofre um significativo retardo bt é calculado dividindo-se a distância percorrida pela t d

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OSTENSIVO CIAA 117-076
Numa partida de futebol televisionada e assistida simultaneamente em dois receptores,
posicionados lado a lado, um sintonizado no canal local e o outro no sistema satélite, dá para
notar que as imagens estão defasadas no tempo: a do canal local viaja menos e acontece se
notar primeiro.

Também, cada tipo de equipamento integrante do sistema impõe ao sinal um tempo de


retardo próprio do circuito eletrônico, quase sempre de pequeno valor, mas nem sempre
desprezível.

Em alguns casos, grupos de frequência do sinal sofrem um retardo maior que outras
frequências, no conhecido retardo de grupo.

3.4 – Principais distúrbios dos canais de comunicações

Os sinais estão sujeitos à ocorrência de distúrbios no canal, promovidos por fenômenos que
prejudicam e, por vezes, até inviabilizam a recepção. Os principais distúrbios que ocorrem
nos canais são:

3.4.1 – O ruído elétrico

O ruído elétrico existe na forma de corrente elétrica, quando gerado internamente em


dispositivos eletrônicos e na forma de onda eletromagnética, no espaço livre. É o resultado da
agitação térmica dos elétrons existentes na matéria. Na realidade, a onda de rádio viaja num
mar de ruídos gerados por diversas fontes. O ruído se soma ao sinal no canal de
comunicações.

3.4.2 – Distorção do sinal

A distorção consiste, praticamente, na alteração da forma do sinal. Os diferentes valores de


atenuações impostas às diferentes frequências que formam o sinal geram distorções. Por
exemplo, no canal fio, ao se aplicar pulsos de comunicações digitais diretamente a um par de
fios ou a um cabo, devido à capacitância e a indutância distribuídas, a partir de alguns poucos
metros da fonte geradora começará a ocorrer distorção. Isso pode ser comprovado com o
auxílio de um instrumento denominado analisador de distorção. Os pulsos distorcidos
apresentam-se como dentes de serra, semelhante aos mostrados na figura abaixo.

Figura 3.4 – Distorção dos pulsos em comunicações de dados via fio:


a) pulsos transmitidos, b) pulsos recebidos com distorção.

Nas comunicações digitais, a recuperação do sinal digital distorcido pode levar o usuário a
não identificar a voz de seu correspondente (a voz é reproduzida com timbre modificado),
chegando até ao não-entendimento do que é falado.

OSTENSIVO -3-4-
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3.4.3 – Sinais interferentes ou espúrios

Sinais interferentes são sinais de outras comunicações que invadem o canal em uso,
atrapalham e dificultam as comunicações em andamento, como, por exemplo, a conhecida
linha cruzada na ligação telefônica. Também podem ocorrer nas comunicações rádio de
forma ocasional ou proposital. Quando um sinal de outra conversação interfere na nossa, é
considerado sinal espúrio ou indesejável.

3.5 – Distúrbios específicos do canal rádio

3.5.1 – Ondas de multipercurso

Nas comunicações rádio, em particular nas radiomóveis, uma parte do volume de energia
irradiada pela antena transmissora forma uma onda direta, aquela que segue direto à antena
receptora; o restante da energia se dispersa subdividindo-se em ondas secundárias com
reflexões no solo, em elevações do terreno (morro ou montanha), nas paredes de prédios se
for em áreas urbanas, em veículos e outros obstáculos, fixos ou móveis, outras se perdem e
não chegam à antena receptora.

Figura 3.5 – Ondas de múltiplos percursos.

As ondas secundárias de diferentes percursos, por isso mesmo denominadas ondas de


multipercurso, chegam à antena com diferentes intensidades, defasadas entre si e da onda
principal. Esse sinal varia de intensidade a cada instante, aumenta e diminui, passa por um
nulo ou zero de tensão. O fenômeno da propagação é conhecido por desvanecimento ou
fading, em inglês.

Na prática, o efeito do multipercurso pode ser notado durante a escuta de uma estação de
radiodifusão AM, à noite, em lugar de boa recepção, quando ocorrem flutuações na
intensidade do áudio. O sinal recebido é resultante de duas ondas: uma de propagação
terrestre e outra refletida na ionosfera. Quando o resultante dos sinais assume zero de
intensidade, diz-se ocorrer um nulo de sinal e, momentaneamente, não se escuta a estação.

OSTENSIVO -3-5-
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Figura 3.6 – Fases das ondas: direta (não muda) e refletida no solo (altera a fase).

3.5.2 – Desvanecimento (fading)

Ocorre devido a algum problema de propagação, geralmente pelas ondas de multipercurso e


dutos. O sinal recebido flutua, varia de intensidade a cada instante, aumenta e diminui
passando por nulos ou zeros de tensão. Quando ocorre no modelo de propagação em
visibilidade, o valor típico é de 40 dB, calculado pela média das variações do sinal recebido,
obtidas de um aparelho registrador gráfico.

3.5.3 – Ação da chuva sobre as ondas de rádio

A chuva, fenômeno meteorológico, quando ocorre no percurso, enfraquece, despolariza a


onda de rádio e degrada a recepção. O volume d'água da chuva apresenta-se à onda de rádio
como um verdadeiro obstáculo que, embora transponível, causa problemas.

3.5.4 – Formação de dutos no percurso da onda

Os dutos afetam principalmente os radioenlaces em visibilidade e suas formações ocorrem,


com maior incidência, nos trópicos, nas regiões alagadas, como arrozais, salinas, pântanos e
em áreas de florestas.

Os dutos são formados pelas inversões térmicas que ocorrem nas camadas de ar sobre a
superfície terrestre. Durante o dia, os causticantes raios solares aquecem o solo. Ao pôr-do-
sol, o solo quente começa a liberar calor, aquece a água existente na superfície e, à noite, faz
surgir, acima do solo, camadas de ar quente e úmido, com diferentes densidades e índices de
refração. Acima da camada de ar quente e úmido, sopram brisas frescas, ar de temperatura
mais baixa. Pela manhã, com o solo já resfriado, a camada de vapor sobe e, algum tempo
depois, se desfaz e, naturalmente, o processo reinicia.

Nas situações mencionadas há formação de dois tipos de duto. No primeiro, o duto de


superfície, de maior duração e no segundo, o duto elevado de duração mais curta.

O duto atua como um túnel, guia a onda provocando o seu desvio da direção principal e, em
consequência, ocorrem desvanecimentos no sinal recebido. Também, algumas vezes, podem
ocorrer enlaces de longas distâncias, não previstos.

OSTENSIVO -3-6-
OSTENSIVO CIAA 117-076
A situação mais desfavorável ao enlace acontece quando uma das antenas, a transmissora ou a
receptora, fica fora do duto.

Figura 3.7 – Concepção da onda sob o efeito duto.

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4 – ONDAS DE RÁDIO

4.1 – Introdução

Ondas de rádio ou ondas hertzianas são campos eletromagnéticos de alta frequência, não
audíveis e não visíveis pelo homem, irradiados pela antena do radiotransmissor.

O radiotransmissor é o aparelho eletrônico gerador da onda alternada senoidal, numa certa


freqüência, que alimenta a antena.

A antena, feita de condutor metálico, tem a função, na transmissão, converter a corrente


elétrica em energia radiante (onda eletromagnética) e, inversamente, na recepção, captar a
onda de rádio e convertê-la em corrente elétrica.

As ondas hertzianas podem ser geradas em qualquer freqüência, entretanto são mais usadas
em telecomunicações acima de 100 kHz.

A onda irradiada pela antena transmissora vai perdendo potência ao longo do percurso no
espaço livre e se contamina com ruído elétrico, sempre presente no canal de comunicações.

Gerada pelo transmissor, a onda portadora ou carrier, quando modulada pelo sinal de
informação, em amplitude (AM), freqüência (FM) ou fase (PM), no transmissor, pode
transportar a voz, a música, a imagem e os dados das comunicações digitais.

A demodulação da onda é a operação realizada na recepção, que retira o sinal de informação


da onda portadora.

Resumidamente, o radioenlace de comunicações se desenvolve entre as antenas: a


transmissora e a receptora, conforme ilustração. O meio físico entre antenas é denominado de
espaço livre.

Figura 4.1 – Diagrama em blocos de um radioenlace entre dois pontos.

4.2 – O transmissor e a linha de transmissão

O transmissor é o aparelho eletrônico gerador da corrente senoidal de radiofreqüência (RF)


na freqüência f o, que alimenta a antena com intensidade I RF. A corrente sai do transmissor,
atravessa uma linha de transmissão (LT) e chega à antena, onde é convertida em energia
radiante.

A linha de transmissão (LT) pode ser um cabo coaxial, um par de fios trançados ou
paralelos. Quando em freqüências superaltas (microondas), a linha de transmissão é um guia
de onda, uma peça metálica oca, geralmente de seção circular ou retangular.

OSTENSIVO -4-1-
OSTENSIVO CIAA 117-076

Figura 4.2 – Linha de transmissão.

4.3 – O receptor e a linha de recepção

O receptor é o aparelho encarregado de receber e processar a corrente elétrica de RF que


surge, por indução na antena receptora, quando esta é envolvida pelo campo eletromagnético
da onda transmitida. A corrente elétrica captada pela antena, quase sempre de pequena
intensidade, chega ao receptor através da linha de recepção.

O sinal captado ao chegar ao receptor é processado e, na demodulação, as informações são


removidas e reproduzidas por um transdutor apropriado: alto-falante, monitor de vídeo,
impressora ou outro.

A linha de recepção (LR) possui características semelhantes à linha de transmissão. Quando


ligada ao transceptor, comum à transmissão e à recepção, prevalece a denominação linha de
transmissão.

4.4 – Natureza da onda eletromagnética e o mecanismo de propagação

Sabe-se que uma corrente contínua de intensidade I, ao fluir por um condutor elétrico, faz
surgir ao seu redor um campo magnético H, com intensidade proporcional à da corrente I e
polarizado de acordo com o sentido do fluxo da corrente.

As linhas de força do campo magnético envolvem o segmento condutor em toda a sua


extensão, formando um campo invisível, mas perfeitamente detectável. Esse campo possui
duas características:

• A intensidade é constante (proporcional ao valor da corrente I);


• A polaridade do campo magnético pode ser obtida, na prática, pelo sentido das linhas,
aplicando a “regra da mão direita”. Assim, ao segurar o condutor com a mão direita e
com o dedo polegar apontando no sentido convencional da corrente elétrica, ou seja,
do positivo para o negativo da bateria (oposto ao fluxo de elétrons), os demais dedos
da mão vão indicar o sentido das linhas do campo.

OSTENSIVO -4-2-
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Figura 4.3 – Regra da mão direita e esquerda.

Se a corrente for alternada (variante no tempo, em intensidade e polaridade) e, em particular,


senoidal, surgirá ao redor do condutor um campo magnético H de intensidade variável e com
alternância de polaridade, acompanhando as mesmas variações da corrente.

Na mesma frequência da corrente senoidal, o campo magnético H aparece, se extingue e


reaparece com a polaridade trocada, acompanhando as mesmas variações da corrente em seus
semiciclos positivos e negativos respectivamente. Em consequência dessas variações, em
plano ortogonal ao campo H, surge um campo elétrico E com as mesmas características: varia
no tempo, em intensidade e polaridade.

O campo E, de modo semelhante ao campo H, também pode ser representados por linhas,
conforme a figura 4.4.

Figura 4.4 – Formação da onda eletromagnética (campos E e H).

Das variações de E, também em intensidade e polaridade, cada linha representativa do campo


elétrico gera uma linha de campo magnético H, em planos ortogonais. Daí, um campo
magnético gera outro campo elétrico e assim sucessivamente. Agora sim, tem-se uma onda
radiante.

OSTENSIVO -4-3-
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4.5 – Velocidade de propagação e comprimento de onda

A onda de rádio propaga-se no espaço livre com velocidade da luz no vácuo,


aproximadamente 3.10 8 m/s. O comprimento de onda λ (lambda) é o resultado da relação
entre velocidade da luz no vácuo vc e a freqüência f da onda. Assim:

λ = vc/f (m)
em que: λ → comprimento em m (metro);
vc → 3 . 108 m/s;
f → freqüência em Hz; e
T → período, em s, o tempo de duração de um ciclo da onda.

Embora o significado exato de λ seja metro por ciclo, a unidade de medida é o metro.

4.6 – Polarização da onda

A polarização da onda é tomada em função da posição do campo elétrico E em relação à


superfície da Terra. Quando E é perpendicular ao solo, a onda é dita verticalmente
polarizada. Quando E é paralelo ao solo, a onda é dita horizontalmente polarizada. As
polarizações vertical e horizontal estão mostradas na figura a seguir.

Figura 4.5 – Polarizações de ondas: (a) vertical e (b) horizontal.

As polarizações vertical e horizontal são classificadas como polarizações lineares. Existem


ainda as polarizações não-lineares: a circular e a elíptica.

Uma onda é dita circularmente polarizada quando a extremidade do vetor campo elétrico
descreve um círculo num plano perpendicular à direção de propagação, fazendo uma
revolução completa durante um período de onda.

De maneira semelhante, uma onda é dita elipticamente polarizada quando a extremidade do


vetor campo elétrico descreve uma elipse num plano perpendicular à direção de propagação,
fazendo uma revolução completa durante um período da onda.

OSTENSIVO -4-4-
OSTENSIVO CIAA 117-076

Figura 4.6 – Polarização de ondas: (a) circular e (b) elíptica.

4.7 – O espectro e faixas de frequências

O espectro de frequências é infinito. Para melhor entender, o mostrador (dial) de um receptor


de rádio corresponde a um segmento do espectro. Quando se busca a sintonia de uma estação,
atua-se sobre o botão da sintonia. Movendo-se o ponteiro para a direita, o valor da frequência
cresce.

O espectro de frequência está indicado na figura a seguir que exibe os segmentos de maior
interesse e conhecimento do homem.

Figura 4.7 – O espectro de frequência.

Para fins de estudo e aplicações das ondas, as frequências são agrupadas em faixas e são
denominadas em função de λ, conforme apresentado em seguida:

OSTENSIVO -4-5-
OSTENSIVO CIAA 117-076

Quando 4.1

O quadro 4.2 mostra designação por letras das faixas GHz, muito usada para as bandas
satélites de comunicações.

Quadro 4.2

OSTENSIVO -4-6-
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5 – RADIOPROPAGAÇÃO

5.1 – Modos de propagação

Em princípio, as ondas de rádio podem ser geradas em qualquer frequência, mas são
comumente utilizadas a partir dos 100 kHz. Em algumas situações particulares, ondas de
frequências bem mais baixas, por exemplo, entre 10 kHz e 20 kHz, são usadas em sistemas de
comunicações marítimas, CW.

O modo como a onda se propaga depende da faixa de frequência na qual a onda se enquadra.
Basicamente, são observados três modos de propagação:

De 10 kHz até cerca de 3MHz: a onda se propaga sobre a superfície da Terra, por isso recebe
a denominação de onda terrestre.

De 3 a 30 MHz: ocorre reflexão da onda numa das camadas da ionosfera, a qual recebe o
nome de onda ionosférica. Em função do ângulo de partida, a onda pode atravessar as
diferentes camadas que envolvem a Terra e prosseguir em direção ao espaço sideral, e quando
isso acontece, é denominada onda espacial.

Acima de 30 MHz: a onda se propaga na troposfera terrestre e recebe o nome de onda


troposférica. Nessa faixa, de menores comprimentos de ondas, as antenas assumem menores
dimensões, tornam-se mais diretivas e permitem a realização de alguns diferentes tipos de
enlaces, dentre eles, visada direta. Contudo, elevações no terreno, quando presentes no
percurso da onda, configuram obstáculos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar o
enlace. Feixes de microondas espaciais, direcionados para o alto, podem atravessar a
troposfera e a ionosfera para fazer enlaces de estações terrenas com satélites, naves espaciais e
ainda comandar dispositivos por controle remoto.

5.2 – A superfície da Terra

É sabido que o planeta Terra tem a forma aproximada de uma esfera, ligeiramente achatada
2
nos pólos, com um raio de 6.370 km e uma superfície de 510 milhões de km , sendo três
quartos da superfície constituídos de água e apenas um quarto de terra. Tanto a terra quanto a
água conduzem as ondas de rádio.

As diferentes regiões da superfície da Terra, com diferentes tipos de solo, a água salgada dos
oceanos e dos mares e a água doce dos lagos e dos rios, possuem diferentes valores de
condutividade. Enquanto as florestas absorvem consideravelmente as ondas de rádio, a água
salgada favorece significativamente a propagação de superfície.

O tipo de solo é fator preponderante na propagação da onda terrestre. Conhecer os valores de


condutividade do solo é essencial para o planejamento das frequências e potências, como,das
inúmeras estações de radiodifusão AM do país, na faixa de 535 a 1605 kHz, para que não
ocorram interferências. No Brasil, as concessões das estações são de responsabilidade do
governo federal.

Quanto mais baixa a frequência, maior é a profundidade de penetração da onda no solo. Por
outro lado, se duas estações de mesma frequência, de mesma potência e antena idênticas, em
princípio, aquela cuja antena está localizada sobre solo de maior condutividade terá maior
alcance de transmissão.

OSTENSIVO -5-1-
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5.3 – A atmosfera da Terra

A atmosfera é a camada gasosa que envolve um astro qualquer, em particular, para o nosso
planeta é a atmosfera terrestre. A atmosfera terrestre, segundo a distribuição de temperatura,
divide-se em diversos estratos, a saber:

a) Troposfera: é o ambiente onde vivemos. Contém cerca de 80% dos gases de toda
atmosfera. Sua altura média é de 10 km, mas na linha do equador terrestre atinge
cerca de 15 km e nos pólos apenas 8 km. Estas diferenças devem-se às variações de
forma e posição das radiações solares: da Terra em relação ao Sol, das estações do
ano e da situação meteorológica do momento. É a região das correntes aéreas
verticais, de contínua agitação: vento, variações de temperatura e pressão, chuvas,
tempestades e nevascas.

b) Estratosfera: situa-se entre, 10 e 50 km da superfície da Terra. É uma camada


uniforme, sem agitação, com temperatura em torno de -60º C e de pressão
extremamente baixa. De cerca de 20 a 50 km é rica em ozônio, que absorve grande
parte dos raios ultravioleta que penetram na atmosfera, cujo impacto direto
impossibilitaria a vida na Terra.

c) Mesosfera: é um estrato mediano, entre 50 e 80 km de altitude. Contém camada de


pó procedente da fragmentação de meteoritos.

d) Ionosfera: entre 80 e 640 km. O ar é rarefeito. É incessantemente bombardeada


pelos raios cósmicos, dando origem à formação de íons, daí o nome ionosfera.
Desempenha importante papel nas telecomunicações, pois reflete as ondas de rádio
semelhante a um espelho que reflete luz. Divide-se em quarto subcamadas funcionais:
D, E, F1 e F2.

e) Exosfera: é a camada da atmosfera mais elevada, estendendo-se de 640 aos 9.600 km.
É composta principalmente de hidrogênio.

Figura 5.1 – Estrato da atmosfera terrestre.

OSTENSIVO -5-2-
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5.4 – Tipos de propagação

5.4.1 – Propagação de superfície

Onda terrestre é a denominação dada à onda cujo modo de propagação depende,


fundamentalmente, das características do solo (condutividade e relevo). Ondas de baixas
freqüências penetram profundamente no solo e a propagação ocorre sobre a superfície
terrestre. Nesse seguimento do espectro, devido ao comprimento, antenas de fio são inviáveis
na prática e, comumente, as emissões partem de uma antena vertical, do tipo mastro ou torre,
assentada sobre o solo, em base de material isolante.

Para melhorar a condutividade na região da antena e o desempenho da transmissão, são


instaladas radiais de fios de cobre, centrados sob a base da antena, à cerca de 60 cm de
profundidade.

O alcance da transmissão por ondas terrestres condiciona-se, basicamente, a dois fatores:


condutividade do solo e potência efetiva irradiada. O solo atua como um espelho para a
antena vertical, fazendo o monopolo vertical se comportar como um dipolo.

Figura 5.2 – Antena vertical λ e as radiais usadas para radiar ondas terrestres.
4

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6 – MODULAÇÃO

A modulação é a variação das características de uma onda (denominada portadora) de acordo


com outra onda ou sinal (denominado sinal modulador).

O objetivo do processo de modulação é imprimir uma informação em uma onda portadora,


para permitir que esta informação seja transmitida no meio de comunicação.

Surgiu com a necessidade de transmitir sinais rádio a grandes distâncias. O ser humano é
capaz de emitir e captar sinais em uma faixa de freqüências que vai de 20Hz a 20KHz mas
fisicamente é impossível a transmissão de um sinal nessa faixa devido a:

• Comprimento da antena seria muito grande, pois seu comprimento físico está
associado ao comprimento de onda do sinal;
• Somente uma estação seria transmitida por vez; e
• Necessidade de transmissores de grandes potências em função da perda de energia na
superfície da terra.

Todos estes problemas são solucionados com o uso de freqüências bem maiores que as de
áudio, servindo essas freqüências como portadoras para a freqüência de áudio. Na
transmissão, o sinal de áudio (informação), é convertido para uma freqüência alta e este
processo é chamado Modulação; na recepção, é recuperado em sua freqüência original e o
processo é chamado de Demodulação.

Na modulação convencionou-se que o sinal de informação (baixa freqüência) é chamado de


sinal modulante, o sinal de alta freqüência é chamado de onda portadora e o terceiro,
resultante da mistura dos dois primeiros, chamado de sinal modulado.

Na tecnologia atual, existem dois tipos de portadora: portadora analógica e a portadora digital
(trem de pulsos). O sinal modulador pode ser analógico (como a voz) ou digital (dados).

O sinal modulante pode ser qualquer tipo de informação (áudio, trem de pulso digital, sinal de
vídeo, etc.).

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Pode-se ter os seguintes tipos de modulação com portadora analógica:

a) Moduladora analógica: AM (Amplitude Modulation) ou modulação em amplitude;


FM (Frequency Modulation) ou modulação em freqüência; PM (Phase Modulation) ou
modulação em fase.
b) Moduladora digital: ASK (Amplitude Shift Keying) ou modulação por deslocamento
de amplitude; FSK (Frequency Shift Keying) ou modulação por deslocamento de
freqüência; PSK (Phase Shift Keying) ou modulação por deslocamento de fase.

A transmissão de dados em linhas telefônicas utilizando-se modems analógicos tem como


base de funcionamento a existência de uma portadora analógica (com uma freqüência menor
que 4 KHz) e uma moduladora digital (sinal que se quer transmitir). A seguir será analisada
com maior profundidade a modulação ASK, FSK e PSK.

6.1 – Modulação Analógica

6.1.2 – Modulação AM (Modulação em Amplitude)

O sinal modulado em amplitude possui além da portadora duas bandas laterais que possuem a
mesma amplitude e carregam a mesma informação. Uma das bandas contém as freqüências
soma (BLS) e a outra as freqüências diferença (BLI). Esta modulação é conhecida como AM
convencional ou AM-DSB (Modulação em Amplitude com Banda Lateral Dupla).

Em uma transmissão de AM, temos:

a) A amplitude e a freqüência da portadora permanecem constantes enquanto as bandas


laterais são constantemente variadas em amplitude e freqüência;
b) A portadora não contém nenhuma informação, no entanto e nela que se concentra a
maior parte da potência, e
c) Nas bandas laterais encontramos a informação.

Para a onda de rádio transportar os sinais elétricos da informação (voz, música, imagem ou
dados), procede-se à modulação da onda portadora de RF.

Como a onda portadora senoidal e o sinal da informação são analógicos, a modulação é dita
analógica.

O circuito eletrônico encarregado de modular a onda denomina-se modulador. O sinal que


modula a onda portadora é o sinal modulante ou modulador e a onda resultante é a onda
modulada. Para modular a portadora, é condição necessária que a portadora seja >> que o
sinal modulante.

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Figura 6.1 – Sinais portadora, modulante e modulado.

Conhecendo-se a expressão matemática da onda senoidal: e(t) = Em cos (2π fp t + Φ) volt, ) volt, ) volt, ) volt,
conclui-se que, para modificá-la, no processo de modulação, só podem ser alterados três
valores: Em (amplitude), fp (frequência da portadora) ou Φ) volt, ) volt, ) volt, (fase).
Quando ocorrem tão somente variações de amplitude na onda modulada por ação do sinal
modulante, permanecendo constante a frequência da onda portadora, a modulação é dita em
amplitude (AM).

6.1.2.1 – Modulação em amplitude AM/DSB

Um rádiotransmissor AM/DSB, em resumo, trata-se de um gerador de portadora com potência


de RF na saída, um amplificador de potência de áudio atuando como modulador.
A potência de transmissão refere-se à onda portadora não modulada, medida sobre uma carga
casada à saída do transmissor, que pode ser a própria antena transmissora ou uma carga
resistiva conhecida por carga fantasma.
O estudo matemático da modulação consiste, inicialmente, na determinação das expressões
matemáticas da portadora e do sinal modulante, para chegar à expressão da onda modulada.
Sabendo-se que a expressão matemática da onda portadora é: eo (t) = E o cos ω ot (volt) e
que a expressão do sinal modulante cossenoidal (audio) é: em (t) = E m cos ω mt (volt), e se
o índice de modulação m = Em / Eo, então a expressão da onda modulada em amplitude é:
e (t) = Eo cos ωo t + mEo/2 cos (ωo + ωm) t + mEo/2 cos (ωo – ωm) t (volt)
Na expressão da onda modulada, o primeiro termo corresponde à onda portadora pura e os
outros dois termos às bandas laterais, uma superior, BLS, e outra inferior, BLI,
respectivamente. As potências das duas bandas laterais somadas equivalem à potência total
de áudio (sinal modulador).

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Sendo Po a potência eficaz da onda portadora, tem-se: Po = Eo2/2
As potências dessas bandas laterais, BLS e BLI, são:
PBLS = PBLI = (m2 Eo2)/8 ou PBLS = PBLI = (m2 Po)/4
Em que: m → índice de modulação AM, onde o ≤ m ≤ 1
Po → potência da onda portadora, em watt
Eo → tensão de pico da onda portadora, em volt de pico
Em → tensão de pico do sinal modulante, em volt de pico

A figura 6.3 mostra as formas de onda, no domínio do tempo, da onda portadora, do sinal
modulador ou modulante e da onda modulada em amplitude.
A onda modulada exibe variações da amplitude, acima e abaixo do eixo do tempo,
“modeladas” pelo sinal modulante. A linha imaginária que une os picos da onda é chamada
de envoltória ou envelope da onda.

Figura 6.3 – Formas de ondas: (a) sinal modulante, (b) onda portadora e (c) onda modulada.

Na prática, o valor do índice de modulação m em percentual, é obtido das medidas feitas


sobre a figura da onda modulada no osciloscópio: m = ∆ v . 100%
Vmáx

Com referência ao índice de modulação:

• quando m = 0, significa ausência de modulação e, portanto, não haverá bandas


laterais, só portadora;
• para m = 1 as envoltórias tangenciarão o eixo tempo;
• e para m > 1, ocorrerá sobremodulação, que resultará na distorção do sinal, quando da
demodulação da onda, no receptor. A figura 6.4 apresenta três ondas moduladas em
amplitude com diferentes índices de modulação.

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Figura 6.4 – Ondas moduladas em amplitude no domínio do tempo.

Vantagens e desvantagens do AM-DSB

I) Como vantagens:
• Equipamentos de transmissão e recepção mais simples e baratos.
• Mais tolerante com erros de rastreio.

II) Desvantagens:
• Maior parte da potência transmitida é perdida, pois se concentra na portadora;
• Largura de faixa transmitida é duas vezes maior que o necessário para transmitir a
informação;
• As faixas laterais e a portadora devem ter amplitudes precisas e relacionamento de
fases, o que é difícil de ser mantido;
• As duas faixas laterais e a portadora devem ser recebidas, exatamente, como foram
transmitidas, o que nem sempre acontece quando as condições de propagação forem
péssimas. Isto nos indica que o sinal AM estará sempre sujeito a desvanecimento e
interferências.

A modulação AM/SSB, é um tipo particular de modulação AM bastante usada em rádio, na


faixa de HF, nas comunicações por voz, militares e marítimas.

As transmissões se processam no estreito canal de 3,1 kHz, após ter sido feita a supressão
total ou quase total da onda portadora, além da eliminação de uma das bandas laterais. Estas
duas diferenças do AM/DSB aumentam significativamente o rendimento da transmissão SSB.

As principais vantagens da transmissão em SSB são:


• Uma menor banda ocupada, da ordem de B = 3100 Hz, para a voz;
• Menor consumo de energia, devido à ausência das potências de portadora e de uma
banda lateral. Para se ter uma noção, um transmissor em SSB consome cerca de um
quarto da energia consumida pelo seu equivalente em AM/DSB, com 100% de
modulação (m = 1).

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6.1.2 – Modulação em freqüência

A modulação em frequência é feita quando o sinal modulante altera para mais e para menos a
frequência da onda portadora (f o ± ∆f), ficando inalterada a sua amplitude. É um tipo de
modulação angular (variando de Φ) volt, ) volt, ) volt, ). Em função do índice de modulação pode haver um sinal
de faixa estreita, FMFE, de pouco interesse em telecomunicações ou de faixa larga, FMFL,
mais usado e que será estudado.

Figura 6.5 – Sinal modulado em freqüência.


A potência média da transmissão FM em faixa finita é calculada pela expressão:

em que : EO → tensão de pico da onda portadora


R → resistência de carga (antena)
Por definição, índice de modulação FM é expresso por:

em que: β → é o valor do índice de modulação, em rad.


fm → é a maior frequência do sinal modulante, Hz.
∆f → é o desvio máximo da portadora, em Hz, ou:
Para entender ∆f, imagine a onda portadora de frequência f o, ao ser modulada, excursionar
para mais e para menos de f o. A diferença entre essas frequências extremas corresponde ao
valor 2∆f.
Os valores β (rad), na prática, estão compreendidos entre 1 e 15, sendo mais usuais os valores
de 1 até 5 rad.

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A banda ocupada pela transmissão FM, em HZ, pode ser calculada de duas maneiras:

6.1.3 – Modulação em fase.


A modulação de fase, ou PM (Phase Modulation) é um tipo de modulação angular na qual o
ângulo q(t) da portadora varia conforme o sinal modulante m(t), portanto tem as mesmas
características da modulação FM, porém a modulação em fase leva-se em consideração a
mudança angular.

6.2 – Modulação digital

6.2.1 – Modulação ASK (Amplitude Shift Keying)

O ASK, chaveamento por desvio da amplitude, consiste basicamente em alterar a amplitude


da onda portadora com a fixação de dois níveis de amplitude, para representar o bit 1 e o bit 0,
mantendo-se constantes a frequência e a continuidade da fase. O tipo mais simples é o
chaveamento on-off – OOK (on-off keying), ou portadora com interrupções, conforme é
mostrado na figura 6.1.

A variante é o sistema com dois níveis de amplitude da portadora, que ocupa com energia o
espaço correspondente ao bit 0 deixado vazio no sistema OOK.

Figura 6.1 – Chaveamento ASK do tipo on-off.

O gráfico da portadora chaveada em dois níveis de amplitude está na figura 6.2.

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Figura 6.2 – Portadora chaveada em dois níveis de amplitude

O sinal ASK pode ser produzido empregando-se os mesmos teoremas da modulação


AM/DSB. As principais características da modulação por chaveamento de amplitude são:
• Facilidade de modular.
• Pequena largura de faixa.
• Baixa imunidade a ruídos.

Devido a essas características, a modulação por chaveamento de amplitude é indicada nas


situações em que exista pouco ruído para interferir na recepção do sinal ou quando o baixo
custo é essencial. A modulação ASK é utilizada em aplicações:
• Transmissão via fibras ópticas.
• Controle remoto por meio de raios infravermelhos (TV).
• Controle remoto por meio de radiofreqüência (carros, portões).

Se o sinal for binário, variando-se dois níveis (onde 0, espaço e 1, marca) teremos o ASK
binário ou BASK. Se o sinal tiver m níveis, teremos o ASK multinível, também chamado
MASK.

Figura 6.3 – Portadora modulada em multinível.

O sinal Bask admite dois níveis de amplitude E1 e E2. Podemos, escrever então:
· Estado 1: Em (t) = E1 cos Wo t
· Estado 0: Em (t) = E2 cos Wo t

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Considerando ainda E1 > E2, como demonstrado na modulação AM-DSB, definimos o
índice de modulação exclusivamente para o sinal modulador senoidal, mas é possível ampliar
este conceito para o sinal modulador digital. Assim, o índice de modulação será expresso por:

A largura de faixa necessária para a transmissão pode ser determinada utilizando-se o


mesmo critério que para o pulso. Com isso resulta que se deve deixar passar ao menos o
primeiro par de raias para que se consiga detectar a presença das transições do sinal
modulador:

Podemos definir também uma portadora virtual como aquela que seria empregada no
processo convencional equivalente de modulação que desse origem ao mesmo sinal obtido
com o processo de seleção, sendo interpretada na figura abaixo.

Figura 6.4 – Modulação BASK.

Outro aspecto importante a considerar é o que diz respeito à potência associada ao sinal
modulado. Da analise direta do mesmo concluímos:

sendo:

Onde: Eo é a amplitude da portadora virtual


mD é o índice de modulação

O caso particular onde m D=1 é aquele mais importante. O sinal OOK equivale simplesmente
a uma senóide interrompida, acompanhando o sinal digital O sinal OOK é o mais antigo e o
mais simples dos métodos de modulação por sinal digital. Dispondo-se apenas de um
oscilador e de estágios amplificadores de potência, a manipulação apenas atua cortando o
sinal quando desejado.

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A analise anterior feita para o sinal BASK pode ser adaptada para o sinal OOK, mediante a
substituição mD=1. Assim o espectro OOK assume o aspecto mostrado abaixo e a largura de
faixa necessária para transmissão é a mesma isto é: Bmín. = 2w

Quanto à potência associada ao sinal OOK, a equação se reduz a

Na figura que segue está a estrutura básica de um modulador ASK. O filtro passa-baixa corta
os harmônicos do sinal modulante digital, reduzindo a largura de faixa do sinal modulante.
O modulador de amplitude gera o sinal digital filtrado e do sinal senoidal proveniente do
oscilador que irá determinar a freqüência central do sistema ASK. A saída do modulador
será um sinal ASK contendo um par de faixas laterais.

Figura 6.5 – Diagrama em blocos do modulador ASK.

6.2.2 – Modulação FSK (Frequency Shift Keying)

Em FSK, chaveamento por desvio de frequência, bastante usado em sistemas de rádio, o


chaveamento altera a frequência da onda portadora do modem, mantendo a mesma amplitude
e a continuidade da fase. Assim, a portadora assume dois valores de freqüências, um para o
bit 1 e outro para o bit 0.

Figura 6.6 – Chaveamento FSK.

A modulação por chaveamento de frequência, apresenta como principal características a boa


imunidade a ruídos. A modulação FSK é utilizada:
• Em modens de baixa velocidade (com velocidade de transmissão igual ou menor que
2400 bps).
• Transmissão via rádio (na transmissão de sinais de radiocontrole).

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Costuma-se classificar o sinal obtido de acordo com a natureza do sinal de entrada:
• Se o sinal for binário teremos o FSK ou BASK.
• Se o sinal tiver m níveis teremos o FSK multinível ou MFSK.

A modulação FSK pode ser obtida pela aplicação do sinal digital, com a banda de frequência
limitada, na entrada em um VCO, conforme diagrama abaixo:

Figura 6.7 – Geração do sinal FSK.

As variações de amplitude do sinal digital forçam o VCO a variar a sua frequência


entre dois valores diferentes. A largura de faixa do sinal FSK depende da velocidade de
transmissão e da diferença entre as freqüências marca (bit 1), fm, e espaço (bit 0), fs. Sendo a
equação usada para cálculo da largura de faixa do sinal FSK, dada a seguir:

BW(FSK) = Vm (1 + r) + (fm – fs)

onde: BW(FSK) = largura de faixa do sinal FSK, em Hz;


Vm = velocidade de transmissão, bps;
r = fator de filtragem do filtro passa-baixa, Hz;
fm = frequência marca, Hz; e
fs = frequência espaço, Hz.

O desvio de frequência utilizado, que é a diferença entre a frequência marca e a


frequência espaço, está relacionado com a velocidade de transmissão. Normalmente, se usa
um desvio de frequência, em Hz, entre a metade e o dobro da velocidade de transmissão, bps.
Para uma velocidade de transmissão de 10 kbps, podemos usar um desvio entre 5 kHz e 20
kHz, por exemplo. Quanto maior o desvio, maior será a largura de faixa ocupada e a
imunidade contra ruídos.

O sinal MFSK pode ser produzido pela seleção de vários geradores, no receptor podem-se
usar filtros sintonizados para cada freqüência. O resultado deste filtragem equivale a um sinal
OOK e pode ser demodulado com um detetor de envoltória.

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Figura 6.8 – Sinal modulado em MFSK.

Segundo a freqüência presente em cada instante, apenas a porta correspondente, de 1 a n, terá


sinal presente. As outras portas terão apenas ruído.

O regenerador tem condição de reproduzir qualquer dos estados originais e o decisor,


analisando as tensões presentes nas portas, tem condição de reconhecer qual estado deverá ser
produzido pelo regenerador. O conjunto de filtros funciona como um dispositivo de resposta
sensível à freqüência, podendo ser discriminado no sistema FM convencional.

Figura 6.9 – Geração do sinal MFSK.

6.2.3 – Modulação PSK (Phase Shift Keying)

Em PSK, chaveamento por desvio da fase, o chaveamento é feito de modo a alterar a fase da
portadora em um ou mais pontos do período da senóide (entre 0 e 2π), mantendo-se
constantes a amplitude e a frequência da onda.

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Por exemplo, chavear uma portadora em PSK, nos pontos Φ) volt, ) volt, ) volt,
1 = π = 180º e Φ) volt, ) volt, ) volt,
2 = 2π = 360º,
pelos bits 1 0 1, conforme indica a figura 6.10. Observe que na mudança do bit 1 para o bit 0,
a fase da portadora sofre alteração em 2 Φ) volt, ) volt,
=) volt, 2π, ponto em que a senóide tem a fase
interrompida e reinicia. Quando o bit muda de 0 para 1, a fase da portadora sofre alterações
em Φ) volt, ) volt, )1 =
volt,
π.

Figura 6.10 – Chaveamento em fase.

Costuma-se classificar o sinal obtido de acordo com a natureza do sinal de entrada:


• Se o sinal for binário teremos o PSK ou BPSK;
No caso particular do sinal BPSK, em que um dos níveis se diferencia do outro por oposição
de fase (defasagem de 180º), o sinal é chamado de PRK (Phase Reversal Keying).
• Se o sinal tiver m níveis (sinal multinível) teremos o PSK multinível ou MPSK;
• Um outro método de classificação que se refere ao modo de detecção das
diferenças de fase, CPSK (Coherent Phase Shift Keying) – coerente, DPSK
(Differential Phase Shift Keying) – diferencial.

O sinal MPSK tem m níveis de fase presentes e pode ser produzido pela seleção de saídas
defasadas produzidas a partir de um mesmo gerador, no receptor pode-se usar detectores de
fase em montagem apropriada para comparação. Nas saídas teremos sinais diferentes, sendo
que a saída máxima corresponderá ao detector para o qual o sinal recebido estiver em fase
com a referência local.

O regenerador tem condição de reproduzir qualquer dos estados originais e o decisor


tem condição de reconhecer qual estado deverá ser produzido pelo regenerador. A figura
abaixo mostra um sistema usando o MPSK:

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Figura 6.11 – Modulação MPSK.

6.2.4 – Modulação QAM

O QAM (Quadrature Amplitude Modulation), modulação por amplitude em quadratura, é um


sistema otimizado de modulação que modifica duas características da portadora: amplitude e
fase. Também é conhecido por modulação combinada de amplitude e fase: AMPSK. Opera
por quadribit, sendo o primeiro bit (b 1) modulado em amplitude e os demais (b 2, b 3, e b 4) em
fase. É empregado em modens de alta velocidade, a 9.600 bit/s.

Por existir também em diversos outros níveis, é tratado por M-QAM, sendo M um múltiplo de
dois, como 16-QAM (16, 32, 64, 128, 256, 512 QAM).

A constelação do 16-QAM é apresentada figura 6.13 e a tabela 6.1 é a equivalente, no código


de Gray.

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Tabela 6.1 – Equivalência.

Figura 6.13 – Diagrama espacial do 16-QAM.

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Figura 6.14 – Diagrama espacial QAM na forma vetorial.

Observe no diagrama espacial QAM que os módulos dos vetores representam os valores das
amplitudes da onda chaveada que são de 3 ou 5 V PP sobre os eixos coordenados φ 1 e φ 2 (0º,
180º, e 90º, 270º); √2 e 3√2 sobre os eixos auxiliares φ 3 e φ 4 (45º, 225º e 135º, 315º). A
tabela 6.15 do 16-QAM é apresentada em seguida.

Tabela 6.15 – 16-QAM.

6.3 – Modulação por pulso

O trem de pulsos periódico é um sinal de natureza discreta, que tem como características a
amplitude, a largura e o período.

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Figura 6.16 – O trem pulso periódico.

A partir da figura vista acima, vê-se que podemos variar três componentes do trem de pulsos
para imprimir uma informação. Assim, variando amplitude, período ou a duração do pulso,
podemos "modular" a informação de acordo com a variação do sinal modulador (que contém
a informação).

As técnicas de modulação por pulsos recaem em duas categorias: Na primeira, as


características físicas de cada pulso são modificadas de acordo com o sinal de entrada (PAM,
PWM, PPM). Na segunda, o sinal a ser enviado é codificado em uma série de dígitos binários
para então ser transmitido (PCM).

• Variando características físicas dos pulsos: PAM (Modulação na Amplitude dos


Pulsos); PWM (Modulação na Largura dos Pulsos); PPM (Modulação na Posição dos
pulsos).

Figura 6.17 – Codificação de pulsos

• Codificação dos pulsos em dígitos binários: PCM (Modulação em Código de Pulsos).

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A modulação padrão para transformar o sinal analógico (voz, por exemplo) em um sinal
digital para ser transmitido através de linhas digitais é o PCM, e será visto com maiores
detalhes a seguir.

6.3.1 – Modulação PAM

O sistema PAM é aquele onde se aplica diretamente o conceito de um sinal amostrado, pois o
sinal modulado pode ser compreendido como o produto do sinal modulante pelo trem-de-
pulsos da portadora.

A figura abaixo mostra as seguintes seqüências de formas de onda que caracterizam o sistema
PAM:
1. Sinal modulante cossenoidal;
2. Sinal modulante adicionado a um nível contínuo EDC, que servirá para evitar o
corte do transistor no circuito modulador;
3. Sinal de portadora;
4. Sinal modulado resultante.

Figura 6.18 – Amostragem e geração dos sinais PAM

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Podemos afirmar que em PAM a freqüência da portadora deve ser dada por:

O espectro do sinal modulado em PAM tem como conteúdo baixas freqüências estando
inclusive a porção a ser demodulada na faixa de áudio. Em vista disso podemos criar sinais
modulados em PAM/AM ou PAM/FM usando as técnicas de modulação ASK e FSK.

Um sinal PAM/AM corresponderia a um sinal ASK de vários níveis, com intervalos de


ausência de modulação, sendo que a frequência é muito menor do que freqüência
utilizada no ASK com portadora senoidal.

Uma outra aplicação do PAM é o TDM (Time Division Multiplex), que consiste em
aproveitar o tempo da portadora trem-de-pulsos, aumentando sua frequência com o
intuito de amostrar vários sinais simultaneamente.

6.3.2 – Modulação PPM

A modulação PPM, Modulação em Posição de Pulso, consiste em variar a posição do pulso de


portadora, proporcionalmente ao sinal modulante, mantendo constante a amplitude e a largura
dos pulsos.

A largura do pulso modulado PPM é constante, mas o intervalo entre os pulsos não é, sendo
necessário avaliar o menor intervalo entre dois pulsos onde chega a ser menor que a largura
de um pulso. Analisando o sistema percebemos que o menor intervalo entre dois pulsos
consecutivos também é dado por τo, de maneira que a largura de faixa pode ser definida por:
B = 1/τo.

Figura 6.19 – Sinais na modulação PPM.

6.3.3 – Modulação PWM

PWM é a abreviação de Pulse Width Modulation ou Modulação de Largura de Pulso. Para


que se entenda como funciona esta tecnologia no controle de potência, partimos de um
circuito imaginário formado por um interruptor de ação muito rápida e uma carga que
deve ser controlada, de acordo com a figura 6.20.

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Figura 6.20 - Quando abrimos e fechamos o interruptor, controlamos a corrente na carga.

Quando o interruptor está aberto não há corrente na carga e a potência aplicada é nula. No
instante em que o interruptor é fechado, a carga recebe a tensão total da fonte e a
potência aplicada é máxima.

Como fazer para obter uma potência intermediária, digamos 50%, aplicada à carga?
Uma idéia é fazermos com que a chave seja aberta e fechada rapidamente de modo a ficar
50% do tempo aberta e 50% fechada. Isso significa que, em média, teremos metade do tempo
com corrente e metade do tempo sem corrente, veja a figura 6.21.

Figura 6.21 – Abrindo e fechando em tempos controlados variando a tensão média.

A potência média e, portanto, a própria tensão média aplicada à carga é neste caso 50% da
tensão de entrada. Veja que o interruptor fechado pode definir uma largura de pulso pelo
tempo em que ele fica nesta condição, e um intervalo entre pulsos pelo tempo em que
ele fica aberto. Os dois tempos juntos definem o período e, portanto, uma frequência de
controle.

A relação entre o tempo em que temos o pulso e a duração de um ciclo completo de operação
do interruptor nos define ainda o ciclo ativo, conforme é mostrado na figura 6.22.

Figura 6.22 – Definindo o ciclo ativo.

Variando-se a largura do pulso e também o intervalo de modo a termos ciclos ativos


diferentes, podemos controlar a potência média aplicada a uma carga. Assim, quando a largura
do pulso varia de zero até o máximo, a potência também varia na mesma proporção, conforme
está indicado na figura 6.23.

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Figura 6.23 – Controlando a potência pelo ciclo ativo.

Este princípio é usado justamente no controle PWM: modulamos (variamos) a largura do


pulso de modo a controlar o ciclo ativo do sinal aplicado a uma carga e, com isso, a potência
aplicada a ela.

6.3.4 – Modulação PCM

O objetivo da modulação PCM é fazer com que um sinal analógico possa ser transmitido
através de um meio físico com transmissão digital. O equipamento que faz esta tarefa é
conhecido como CODEC, que é uma contração das palavras coder / decoder, similarmente ao
modem (modulador / demodulador).

O funcionamento do PCM está baseado principalmente em três operações para transmissão e


duas para recepção. Para transmissão, utiliza-se a amostragem, quantização e codificação.
Para recepção, é necessário decodificar e filtrar o sinal, como mostra a figura a seguir.

Figura 6.24 – Fases da modulação PCM.

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As fases da modulação PCM serão analisadas com maiores detalhes a seguir.

• Amostragem

A amostragem tem por objetivo obter parcelas do sinal de informação, pois através dessas
parcelas é que o sinal será digitalizado e, posteriormente, recuperado. Para fazer a
amostragem, utiliza-se um circuito de amostragem, mostrado esquematicamente na figura a
seguir.
O número de amostras por segundo utilizado pelos CODECS foi definido através do teorema
da amostragem de Nyquist, que diz que um sinal analógico em uma determinada freqüência f
(Hz), pode ser recuperado desde que seja amostrado em intervalos regulares com um número
de amostras por segundo igual ou superior a 2f. Assim, como a freqüência atual das linhas
telefônicas é de 4KHz, utiliza-se 8.000 amostras por segundo. Esse valor não precisava ser tão
grande, pois a largura de faixa do sistema telefônico é pouco maior de 3000 Hz, o resto é
banda de guarda. A figura a seguir mostra a conclusão da demonstração da amostragem, onde
fm é a freqüência máxima do sinal analógico, e fa é a freqüência de amostragem, que deve
ser, no mínimo, igual a 2.fm, a fim do sinal poder ser completamente recuperado.

Figura 6.25 – Amostragem do sinal.

No item a, para uma fm de 3400Hz e fa=8000, BG=1200Hz. Em b, para fm=4000Hz e


fa=8000, temos BG=0. No item c, para fm=5000Hz e fa=8000, temos sobreposição de
2000Hz.

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OSTENSIVO CIAA 117-076

Figura 6.26 – Filtragem do sinal a ser recuperado.

• Quantização

A amostragem está relacionada ao eixo X do sinal de informação, enquanto que a quantização


está relacionada ao eixo Y. A idéia da quantização é aproximar uma amostra a um nível de
referência, a fim de que seja codificado.

A grosso modo, pode-se dizer que a quantização é dividir a faixa de sinal (eixo Y) em níveis.
A cada nível corresponde uma seqüência de bits, que se transformam no sinal digital de saída,
como mostra a figura a seguir.

Figura 6.27 – Sinal amostrado em níveis.

OSTENSIVO -6-23-
OSTENSIVO CIAA 117-076
Assim, como sugere a figura, cada amostra corresponde a um nível de tensão, que pode ser
traduzido em bits de informação, gerando um sinal digital. Na figura, existem 8 níveis, ou
seja, cada amostra gera 3 bits na saída. Nos CODECS comerciais, são 13 bits, ou 8.192 níveis,
entretanto, é feita uma compressão do sinal, fazendo com que a saída seja em 8 bits.

A lei de formação utilizada nos Estados Unidos e Japão é a lei µ. Já a maioria dos países da
Europa e Brasil utilizam a lei A, que foi definida pelo ITU-T (International
Telecommunications Union) e é utilizada nos enlaces internacionais.

Resumindo, o objetivo principal das leis A e µ é transformar o código linear de 13 bits obtido
pela codificação PCM em 8 bits e vice-versa.

A necessidade de 13 bits veio da inserção de ruído pela quantização (a relação sinal/ruído


deve ser maior que 35dB para uma inteligibilidade superior a 98% de um sinal digital), e
também pela faixa usada em telefonia (40dB). Portanto, 40+35 = 75 dB no total. Para isso,
pode ser provado que são necessários 13 bits por amostra.

• Codificação

Após a etapa de quantização, o sinal está pronto para ser codificado em 256 níveis (8 bits),
pois já foi feita a equalização do sinal através da lei de formação adequada.
O código empregado para a formação das palavras PCM utilizando a lei A está mostrado na
tabela a seguir. O bit P significa a polaridade da amostra (1 = +, 0 = -), os bits S indicam o
segmento a que pertence o sinal (são 7 segmentos). Os bits 3 a 0 indicam o código do
intervalo de quantização.

Tabela 6.2.

A codificação é a operação que associa um determinado código a cada valor de pulso PAM
após serem quantizados e comprimidos. A necessidade da codificação dos pulsos PAM vem
do fato de que caso estes pulsos fossem transmitidos diretamente, as amplitudes dos sinais
seriam facilmente distorcidas pelo meio de transmissão, e os circuitos de identificação dos
diversos níveis dos pulsos sem a codificação seriam extremamente complexos, já que
teríamos pelo menos cerca de 100 níveis para transmitir sinais de voz.

Utilizando o código binário os pulsos são codificados por dois níveis de amplitude possíveis,
expresso por 1 ou 0 o que simplifica em muito os circuitos de reconhecimento destes sinais.

Basicamente, o processo de codificação consiste em associar um código binário a cada


segmento e a cada nível do segmento.

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Conforme mostrado na tabela as amostras poderão pertencer a 7 segmentos e cada segmento


tem 16 níveis. Para codificarmos os 7 segmentos necessitaremos de 3 bits e os níveis ao
segmentos são necessários 4 bits, ou seja:

Tabela 6.1

Nos atuais sistemas PCM, o codificador converte as amplitudes dos pulsos PAM num código
binário de 8 bits, que já se encontra na forma comprimida. Este código de 8 bits, que é
denominado palavra PCM, apresenta as seguintes características:

Figura 6.28 – Sinal binário.

• Decodificação e Filtragem

Quando o sinal atinge o receptor, deve ser decodificado, ou seja, o processo inverso de
codificação deve ser feito. Vai ocorrer um erro de quantização, devido à aproximação do sinal
original a um determinado nível. Além disso, o sinal vai ficar meio quadrado no destino. Para
corrigir esses problemas, utiliza-se a filtragem do sinal, que faz uma suavização do sinal
decodificado, tornando-o bastante semelhante ao sinal original.

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OSTENSIVO CIAA 117-076

ANEXO A

BIBLIOGRAFIA

− GOMES, A.T. Telecomunicações: Transmissão, Recepção AM-FM. 16ª ed. São Paulo:
Érica,1999;
− HAYKIN, SIMON. Introdução aos Sistemas de Comunicações; Tradução Gustavo
Guimarães Parma. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2008;
− MEDEIROS, J. CÉSAR DE OLIVEIRA. Princípios de Telecomunicações: Teoria e
Prática. 2ª ed. São Paulo: Érica, 2007;
− NETO, VICENTE SOARES. Telecomunicações: Sistemas de Modulação. 1ª ed. São
Paulo: Érica, 2005; e
− SILVEIRA, J. LUIS DA. Comunicações de Dados e Sistemas de Teleprocessamento.
1ª ed. São Paulo: Makron Books, 1995.

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