Você está na página 1de 69

OSTENSIVO CIAA-118/062

MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO

E L E T RI CI DADE I I

1ª REVISÃO - 2014

OSTENSIVO
OSTENSIVO CIAA-118/062

ELETRICIDADE II

MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO

2014

FINALIDADE: DIDÁTICA

1a REVISÃO

OSTENSIVO -I- REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para uso no Curso de Aperfeiçoamento em Motores, a apostila CIAA-118-


062 - Eletricidade II elaborada pelo 3ºSG-MO MIZAEL DE SOUZA MEIRELES, em
05/09/2014, no Centro de Instrução Almirante Alexandrino.
Os direitos de edição são reservados para o Centro de Instrução Almirante
Alexandrino, sendo proibida a reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio.

Rio de Janeiro, _____ / ______ / ______.

________________________________________
HEITOR VIEIRA FILHO
Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1)
Coordenador da Escola de Máquina e Artífices

OSTENSIVO - II - REV-1
OSTENSIVO CIAA-118/062

ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto.......................................................................................................... I
Ato de Aprovação..................................................................................................... II
Índice........................................................................................................................ III
Introdução................................................................................................................. VI

CAPÍTULO 1 - MAGNETISMO
1.1 - Eletromagnetismo .......................................................................................... 1-1
1.2 - Eletroímãs e Solenóides.................................................................................. 1-7

CAPÍTULO 2 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS


2.1 – Simbologia..................................................................................................... 2-1
2.2 - Circuitos em série, paralelo e misto(capacitivo, indutivo e resistivo)............ 2-2

CAPÍTULO 3 - CORRENTE ALTERNADA


........... 3.1 - Geradores de corrente alternada (alternadores).............................................. 3-1
3.2 - Período, Frequência e Valores de Tensão....................................................... 3-3
3.3 - Potência real, reativa................................................................................... 3-5

CAPÍTULO 4 - MÁQUINAS ELÉTRICAS


4.1 - Transformadores............................................................................................. 4-1
4.2 - Tipos de ligação ............................................................................................. 4-5
4.3 - Diagramas elétricos básicos .......................................................................... 4-8

CAPÍTULO 5 - INSTRUMENTOS DE TESTE


5.1 - Multímetro....................................................................................................... 5-1
5.2 - Alicate Amperímetro.................................................................................... 5-4

CAPÍTULO 6 - DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E CONTROLE


6.1 - Fusíveis Disjuntores e Controladores........................................................ 6-1
6.2 - Pressostatos e Termostatos....................................................................... 6-11
6.3 - Termopar. Termistor e Sensor Bimetálico..................................................... 6-12

OSTENSIVO - III - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
6.4 - Relés, Sensores PTC/NTC, e Chave-Boia................................................... 6-13
6.5 - Precauções de segurança.............................................................................. 6-15

ANEXO A - Bibliografia .................................................................................................. A-1

OSTENSIVO - IV - REV-1
OSTENSIVO CIAA-118/062

INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação foi elaborada com a finalidade de oferecer orientações básica
relativas à Eletricidade II.
Os assuntos nela contidos foram extraídos de publicações de fácil compreensão,
atendendo às exigências curriculares, com o propósito de facilitar a aprendizagem dos alunos.
Entretanto, os complementos dos assuntos aqui elaborados serão melhor absorvidos pelos
maquinistas no exercício de funções técnicas a bordo dos navios dos da MB, com
equipamentos reais.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em seis capítulos. No capítulo 1 descreve o
magnetismo; no capítulo 2 explica os conceitos fundamentais; no capítulo 3 aborda a
aprendizagem da corrente alternada; no capítulo 4 identifica as máquinas elétricas; no
capítulo 5 demonstra a utilização dos instrumentos de teste e no capítulo 6 são apresentados
os dispositivos de proteção e controle.

3 - AUTORIA E EDIÇÃO
Esta publicação é de autoria do 3ºSG-MO MIZAEL DE SOUZA MEIRELES foi
elaborada e editada no CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO.
4 - DIREITOS DE EDIÇÃO
Reservados para o CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO.
Proibida a reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio.
5 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 (Manual de Publicações da
Marinha), em: Publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, didática e manual.

OSTENSIVO -V- REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
CAPÍTULO 1
MAGNETISMO
1.1 - ELETROMAGNETISMO
1.1.1 - Conceito
É o estudo do magnetismo quando produzido pelo fluxo de corrente elétrica ou da
eletricidade quando produzida pelo magnetismo.
Magnetismo e eletricidade estão intimamente relacionados já que para a perfeita
compreensão de um é necessário o estudo do outro e vice-versa. É possível notar
algumas das afinidades, como por exemplo:
- o fluxo de corrente elétrica sempre produzirá alguma forma de magnetismo;
- o magnetismo é o principal meio de produção de eletricidade;
- o comportamento peculiar da eletricidade sob certas condições é causado por
influências magnéticas.
Obs.: Os fundamentos de eletromagnetismo são largamente utilizados na construção
de campainhas, geradores, transformadores, guindastes, motores etc.
1.1.2 - Relação entre campo magnético e corrente elétrica
Em 1819, Hans Christian Oersted, físico dinamarquês, descobriu que existe uma
relação definida entre magnetismo e eletricidade. Ele descobriu que uma corrente
elétrica é acompanhada de certos efeitos magnéticos que obedecem a leis definidas.
Se uma bússola for colocada próxima de um condutor conduzindo corrente, a agulha
da bússola de alinhará em ângulo reto ao condutor, indicando, dessa forma, a
presença de uma força magnética.
1.1.3 - Campo magnético em torno de um condutor
Todos os condutores percorridos por corrente elétrica são envolvidos por um campo
magnético. Com a utilização de limalha de ferro é possível ter uma idéia do campo
magnético. Os campos magnéticos são criados também pela corrente elétrica.
Liga-se um fio a uma bateria e, como se vê na Fig. 1-1, mergulha-se o fio na limalha
de ferro. As limalhas são atraídas pelo fio e a ele se prendem. Isto mostra que existe
um campo magnético em torno do condutor. Se abrirmos o circuito as limalhas se
desprendem do fio e caem. Isto prova que o campo só existe quando há passagem de
corrente.
Imaginemos a seguinte experiência: Passa-se um condutor através de uma folha de
cartolina, liga-se o fio a uma bateria e em seguida espalha-se limalha de ferro em
cima da cartolina.

OSTENSIVO - 1-1 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
As limalhas mostram a forma exata do campo magnético. Duas características
sobressaem:
1. O campo magnético em torno do condutor é formado por anéis concêntricos; e
2. Os anéis são perpendiculares ao eixo do condutor.
Se colocarmos agulhas magnéticas em volta do condutor, como indica a Fig. 1-1,
veremos que todas as agulhas se orientam do mesmo modo.
Deixemos as agulhas na mesma posição e invertamos o sentido da corrente. Todas as
agulhas invertem o sentido e apontam no sentido oposto. Vemos assim, que o sentido
da corrente determina o sentido do fluxo magnético.

Fig. 1-1 - Campo magnético em torno de um condutor

1.1.4 - Sentido do campo magnético em um condutor


Os campos magnéticos circulares estão sujeitos a freqüentes mudanças por inversão
do sentido da corrente. Existe uma regra simples, regra da mão esquerda para
condutores retos, relacionando os sentidos da corrente e do campo magnético.
Se um condutor for segurado com a mão esquerda, com o polegar estendido no
sentido do fluxo de elétrons (sentido real), os demais dedos apontarão o sentido das
linhas de força (campo magnético) como na Fig. 1-2.
Vemos assim, que essa regra pode ser usada para indicar o sentido do campo
magnético quando se conhece o sentido da corrente ou também para indicar o sentido
da corrente quando se conhece o sentido do campo magnético.
Usa-se geralmente uma seta para indicar o sentido da corrente. Em diagramas
elétricos onde se representam seções retas de condutores, usam-se as representações
indicadas nas Figs. 1-2 e 1-3.
Na Fig. 1-3 vê-se a ponta da seta saindo do fio no sentido do observador, o sentido

OSTENSIVO - 1-2 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
do fluxo de corrente é indicado por um ponto que representa a cabeça da seta. Assim
se representa a corrente entrando em uma seção reta do fio.

Fig. 1-2 Fig. 1-3


O campo magnético em volta de um condutor consiste de linhas fechadas circulares.
Essas linhas começam como um simples ponto no centro do fio e com o
aparecimento da corrente os círculos se expandem até um máximo correspondente à
corrente que passa pelo fio. Podemos comparar essas linhas às ondulações feitas por
uma pedra atirada em águas tranqüilas.
Quanto maior a pedra, maiores serão as ondulações e o número delas.
Quanto maior for a corrente maior será o número de linhas de força e mais forte será
o campo. É como se o campo surgisse do centro do fio. Por isso a parte forte do
campo é a parte mais próxima do fio e a parte fraca é a mais afastada. Isto se explica
pelo fato do aumento do percurso, das linhas de força, pelo ar que possui alta
relutância.
Obs.: O sentido de corrente adotado neste estudo é o sentido eletrônico ou real (do
pólo negativo para o pólo positivo de uma bateria), mas admite-se o sentido
convencional (do pólo positivo para o pólo negativo de uma bateria). A
conseqüência do sentido adotado reflete na escolha da regra da mão a ser
utilizada: sentido eletrônico usa regra da mão esquerda, sentido convencional
regra da mão direita. O sentido adotado neste estudo é conveniente por ser este o
adotado no estudo da eletrônica.
1.1.5 - Efeito da força resultante entre condutores paralelos energizados
a) Condutores conduzindo correntes no mesmo sentido

OSTENSIVO - 1-3 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
Quando dois condutores paralelos conduzem corrente no mesmo sentido, os
campos magnéticos que se estabelecem tendem a envolver ambos os condutores
forçando a união dos mesmos. Isso ocorre em virtude da força de atração
magnética criada, conforme é mostrado na Fig. 1-4.

Fig. 1-4 - Correntes no mesmo sentido


b) Condutores conduzindo correntes em sentidos opostos
Quando dois condutores paralelos conduzem correntes em sentidos opostos, o
campo em torno de um é de sentido oposto ao campo do outro. As linhas de força
resultantes ficam aglomeradas no espaço entre os fios e tendem a separá-los,
conforme mostrado na Fig. 1-5.

Fig. 1-5 - Corrente em sentido oposto


1.1.6 - Campo magnético produzido por uma bobina
Um condutor reto produz um campo magnético fraco além de não produzir pólos. Os
pólos são muito importantes porque são pontos de concentração de linhas de força e
assim utilizados pelas máquinas elétricas.

OSTENSIVO - 1-4 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
O campo magnético em torno de um fio reto que conduz corrente existe em todos os
pontos ao longo do seu cumprimento. O campo consiste de círculos concêntricos no
plano perpendicular ao fio, conforme mencionado anteriormente. Quando o fio reto é
enrolado em torno de um núcleo (ar ou ferro), como mostrado na Fig. 1-6, ele se
torna uma bobina e o campo magnético assume uma forma diferente.
Quando a corrente passa através do condutor bobinado, como indicado, o campo
magnético de cada espira do fio se une com os campos das espiras adjacentes. A
influência combinada de todas as espiras produz um campo bipolar intenso
semelhante àquele de uma barra de imã simples. Uma extremidade da bobina será o
pólo norte e a outra o pólo sul.

Fig. 1-6
Obs: O solenóide quando energizado adquire as propriedades de um imã.
1.1.7 - Polaridade de uma bobina eletromagnética
Conforme anteriormente explicado o sentido do campo magnético em torno de um
condutor reto depende do sentido da corrente através daquele condutor. Assim, uma
inversão de corrente no condutor causa uma inversão no sentido do campo que é por
ela produzido. Seque-se que a corrente que causa a inversão numa bobina também
causa uma inversão no seu campo bipolar. Isso é verdadeiro porque esse campo é
produto da união dos campos das espiras individuais da bobina. Portanto, se for
invertido o campo de cada espira, conclui-se que o campo total (campo da bobina)
será também invertido.
Quando for conhecido o sentido da corrente através da bobina, sua polaridade pode

OSTENSIVO - 1-5 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
ser determinada pelo uso da regra da mão esquerda para bobinas. A regra é
estabelecida como se segue na Fig. 1-7.
Segurando-se a bobina com a mão esquerda, e envolvendo-a com os dedos no
sentido da corrente, o polegar apontará para o pólo norte.

Fig. 1-7
1.1.8 - Intensidade do campo magnético
A intensidade do campo de uma bobina depende de um certo número de fatores, tais
como:
- Número de espiras do bobina;
- Intensidade da corrente através da bobina;
- Razão comprimento-largura (diâmetro) da bobina; e
- Tipo de material do núcleo.
1.2 – ELETROÍMÃS E SOLENÓIDES
1.2.1 - Conceito
Um eletroímã consiste em uma bobina de fio enrolado em volta de um núcleo de
material magnético, que pode ser fixo ou móvel, cuja finalidade é intensificar o
campo magnético. O núcleo móvel é também conhecido como armadura
Desejando-se produzir uma bobina magneticamente mais forte, usam-se mais espiras
colocadas em camadas. Assim temos três tipos de bobinas:
- Espira singela (magneticamente fraca);
- Bobina helicoidal (magneticamente forte); e
- Solenóide (muito forte magneticamente).

OSTENSIVO - 1-6 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 1-8

1.2.2 - Solenóides
a) Conceito
Um solenóide é um eletroímã de força magnética intensa, em função do grande
número de espiras, que usa a corrente elétrica para controlar um atuador
mecânico.
Sabe-se, por experiência, que um pedaço de ferro doce é atraído para um pólo de
um imã permanente. Uma haste de ferro doce é da mesma forma atraída por uma
bobina de força magnética intensa na qual flui corrente. Se a bobina do solenóide
e a haste de ferro estiverem orientadas, quando fluir corrente pela bobina, a haste
de ferro será puxada para dentro da bobina devido à sua alta permeabilidade. A
haste tem menor relutância que o ar que ela substitui, e o circuito magnético será
quase que inteiramente através da haste.

OSTENSIVO - 1-7 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 1-9
b) Aplicação dos solenóides
Os solenóides é de largo emprego a bordo de aeronaves e navios. Esses
dispositivos são usados para abrir circuitos interruptores automaticamente quando
a corrente de carga excede determinado valor; para fechar chaves de partida de
motores; para disparar canhões; para operar válvulas inundadas, freios magnéticos
e muitos outros dispositivos.

OSTENSIVO - 1-8 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
CAPÍTULO 2
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
2.1 - SIMBOLOGIA
A utilização de símbolos para representar graficamente os diversos componentes
elétricos ou eletrônicos tem como finalidade básica facilitar a compreensão dos diversos
diagramas e esquemas usados em eletricidade.
2.1.1 - Símbolos elétricos segundo as normas DIN 40 708 – DIN 40 717

APARELHO SÍMBOLO

Pilha

Gerador de tensão contínua

Gerador de tensão alternada

Lâmpada

Resistor

Motor

Interruptor (circuito fechado)

Interruptor (circuito aberto)

Amperímetro

Voltímetro

Bateria

OSTENSIVO - 2-1 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
2.1.2 - Tipos de tensão e de corrente

2.1 - CIRCUITOS EM SÉRIE, PARALELO E MISTO( CAPACITIVO, INDUTIVO E


RESISTIVO)
Um circuito consiste de um caminho fechado percorrido por uma corrente elétrica. É o
caminho seguido pela corrente de um terminal da fonte de tensão até o outro terminal
via condutor passando por utilizadores e voltando ao primeiro. Assim, o circuito inclui o
condutor, utilizadores e fonte.
2.2.1 - Circuito elétrico resistivo
É o caminho que tem como utilizadores apenas resistores.
a) Circuito elétrico série resistivo - Figs. 2-1 e 2-2
Em um circuito série temos componentes ligados de maneira a fornecer um único
caminho contínuo para a passagem da corrente elétrica.
A corrente em um circuito série é a mesma em todos os pontos do circuito,
independente do valor de resistência dos componentes do circuito. Se o circuito
for interrompido em qualquer parte toda a circulação de corrente é interrompida.
Um exemplo prático é a instalação de fusível de proteção de circuitos. O fusível é
sempre inserido em série no circuito a ser protegido, pois um aumento no valor da
corrente acima de sua capacidade nominal faz com que ele interrompa toda a
circulação de corrente, desligando o circuito e protegendo os elementos do
circuito.
A soma das quedas de tensão em cada componente (ER) do circuito é igual à
tensão da fonte (Et).
A resistência total ou equivalente (Rt) do circuito é igual a soma das resistências
de cada componente.

OSTENSIVO - 2-2 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

I = It Rt = R1+ R2+ R3 Et = ER1 + ER2 + ER3


Rt = resistência total ou equivalente ER2 = tensão no resistor R2
Et = tensão da fonte ER3 = tensão no resistor R3
ER1 = tensão no resistor R1

Fig. 2-1

Fig. 2-2
b) Circuito elétrico paralelo resistivo - Figs. 2-3 e 2-4
O que caracteriza um circuito paralelo é a ligação de seus componentes de tal
forma que exista mais de um caminho para a passagem de corrente.
A corrente total fornecida pela fonte (bateria) é igual à soma das correntes em
cada ramo do circuito. Podemos explicar como: a corrente ao deixar a fonte se
divide para passar pelos componentes e realizar trabalho, reunindo-se após.
A tensão em um circuito paralelo é a mesma da fonte. Podemos verificar que cada
terminal está ligado diretamente na fonte, é como se todos os pontos fossem
apenas um. Assim, todos recebem ao mesmo tempo a tensão da fonte.

OSTENSIVO - 2-3 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
It = I1 + I2 + I3 1/Rt = 1/R1 + 1/R2 + 1/R3 Et = ER1 = ER2 = ER3

Fig. 2-3

Fig. 2-4

c) Circuito elétrico misto resistivo (série-paralelo) - Figs. 2-5 a 2-6


É o circuito formado pela combinação de componentes em série e paralelo. O
circuito apresenta as características dos circuitos série e paralelo. O comportamento
da corrente e tensão em um circuito misto obedecem às regras do circuito série e
do circuito paralelo, quando analisados em partes.

OSTENSIVO - 2-4 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 2-5

Fig. 2-6

OSTENSIVO - 2-5 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
d) Quadro resumo de circuitos
SÉRIE PARALELO

I - MESMO I - SE DIVIDE
U - SE DIVIDE U - MESMO
RT = R1+R2+...... 1/RT = 1/R1+1/R2+1/R3+......
IGUAIS: RT = n.R IGUAIS: RT = R/n
SE UM QUEIMAR, OS DEMAIS 2 RESISTORES:
PARAM DE FUNCIONAR RT = R1 . R2
R1 + R2

Fig. 2-7
2.2.2 – Lei de ohm
“A intensidade da corrente elétrica que percorre um resistor é diretamente
proporcional à tensão ou DDP entre os seus terminais”. A corrente diminui quando
diminuímos a tensão ou aumentamos a resistência. A recíproca também é verdadeira.
A corrente aumenta quando aumentamos a tensão ou diminuímos a resistência.
Assim, a lei de Ohm pode ser expressa por uma equação, em que a corrente (I) é
igual à razão entre a tensão (E) e a resistência (R): I = E/R
I = é a corrente no resistor expressa em ampéres (A)
E = é a tensão nos terminais dos resistores expressa em volts (V)
R = é a resistência do resistor expressa em ohm (Ώ)

OSTENSIVO - 2-6 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
a) Aplicação da lei de OHM
Cálculo da tensão: E = I x R
Cáculo da resistência: R = E/I
Cálculo da corrente: I = E/R
2.2.3 – Capacitância
a) Conceito
A propriedade que estes dispositivos têm de armazenar energia elétrica sob a
forma de um campo eletrostático é chamada de capacitância ou capacidade (C) e é
medida pelo quociente da quantidade de carga (Q) armazenada pela diferença de
potencial ou tensão (V) que existe entre as placas: C = Q/V
Símbolo e unidade de medida
Unidade - Farad
Símbolo - F
A unidade de capacitância é o farad. Um capacitor de 1 farad pode armazenar um
coulomb de carga a 1 volt. Um coulomb é 6,25E18 (6,25 * 10^18, ou 6,25 bilhões
de bilhões) de elétrons.Um ampère representa a razão de fluxo de elétrons de 1
coulomb de elétrons por segundo, então, um capacitor de 1 farad pode armazenar
1 ampère- segundo de elétrons a 1 volt. Um capacitor de 1 farad seria bem
grande:
Ele poderá ser do tamanho de uma lata de atum ou de uma garrafa de 1 litro de
refrigerante, dependendo da tensão que ele pode suportar. Então, normalmente, os
capacitores são medidos em microfarads (milionésimos de um farad).
Capacitor - Figs. 2-8 e 2-9
Um capacitor é um dispositivo elétrico formado por duas placas condutoras de
metal separadas por um material isolante chamado dielétrico.

Fig.2-8 Fig.2-9

OSTENSIVO - 2-7 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
b) Aplicações
A diferença entre um capacitor e uma pilha é que o capacitor pode descarregar
toda sua carga em uma pequena fração de segundo, já uma pilha demoraria alguns
minutos para descarregar-se. É por isso que o flash eletrônico em uma câmera
utiliza um capacitor, a pilha carrega o capacitor do flash durante vários segundos,
e então o capacitor descarrega toda a carga no bulbo do flash quase que
instantaneamente. Os capacitores também podem eliminar ondulações, se uma
linha que conduz corrente contínua (CC) possui ondulações e picos, um grande
capacitor pode uniformizar a tensão absorvendo os picos e preenchendo os vales.
Uma das utilizações mais comuns dos capacitores é combiná-los com indutores
para criar osciladores.
c) Capacitancia equivalente:
I) Associação de capacitores em série. Fig. 2-10
Na associação em série a armadura negativa do capacitor está ligada a
armadura positiva do capacitor seguinte. Quando os capacitores são ligados em
série a carga da associação é igual para todos os capacitores.

Q = constante

Portanto a diferença de potencial elétrico é expressa em cada capacitor por;

Se, C=Q/V

Isolando “V”, temos que:

U1=Q/C1
U2=Q/C2
U3=Q/C3

Como U=U1+U2+U3, percebemos que Q/Ceq = (Q/C1) + (Q/C2) + (Q/C3)

Portanto a capacitância equivalente (Ceq) é dada por

1/Ceq=1/C1+1/C2+1/C3 +.... 1/Cn

OSTENSIVO - 2-8 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 2-10
II) Associação de capacitores em paralelo. Fig. 2-11
Na associação de capacitores em paralelo as armaduras negativas do
capacitor são liga das entre si assim como as armaduras positivas do
capacitor. Quando os capacitores são ligados em paralelo a ddp da
associação é a mesma para todos os capacitores.
V=constante
Portanto a carga em cada capacitor é expressa por:
Se, C=Q/V
Isolando “Q”, temos que:
Q1=C1.V,Q2=C2.V,Q3=C3.V
Como Q=Q1+Q2+Q3, percebemos que Ceq.V=C1.V+C2.V+C3.V
Portanto a capacitância equivalente (Ceq) é dada por:
Ceq=C1+C2+C3 ...Cn

Fig. 2-11

III) Associação de capacitores em paralelo. Fig. 2-12

Neste tipo de associação encontramos capacitores associadas em série e em


paralelo.

OSTENSIVO - 2-9 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 2-12

2.2.4 - Indutância

a) Conceito de indutância
É a característica de um circuito ou de um condutor de se opor à variação do fluxo
de corrente. A indutância exerce sobre a corrente a mesma influência que a inércia
exerce sobre uma determinada massa. A inércia é a característica da massa de se
opor à variação de movimento.
Símbolo e unidade de medida
Unidade - Henry
Símbolo - L
b) Indutor Fig.2-13
São corpos que apresentam as propriedades da indutância de maneira bastante
acentuada.

Fig.2-13

Obs: Um indutor apresenta a indutância de 1 henry se uma FEM de 1 volt é induzida


quando circula, pelo mesmo, uma corrente de 1 ampère por segundo.
c) Indutância equivalente
Se os indutores forem dispostos suficientemente afastados uns dos outros, de
modo que não interajam eletromagneticamente entre si, ou seja, não tenham

OSTENSIVO - 2-10 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
acoplamento magnético, os seus valores podem ser associados exatamente como
se associam resistores.
I) Associação série - Se certo número de indutores for ligado em série, a
indutância total (Lt), será a soma das indutâncias individuais.
Lt = L1 + L2 + L3 + ... + Ln
Et = E1 + E2 + E3 + ... + En

Fig.2-14
Características da associação série:
- só existe um percurso para a passagem da corrente elétrica;
- a corrente elétrica é a mesma em cada componente da associação;
- a queda de tensão total é a soma das quedas de tensão.
II) Associação paralela - Se um certo número de indutores for ligado em paralelo,
a indutância total será determinada da seguinte forma:

1 1 1 1
   ... 
LT L1 L2 Ln

Fig.2-15
Características da associação paralela:
- existem vários caminhos para a passagem da corrente elétrica;
- a corrente total é a soma das correntes parciais em cada ramo;
- a tensão total é a mesma em qualquer ponto do circuito;

OSTENSIVO - 2-11 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
III) Associação mista - É a combinação das associações série e paralela.

Fig.2-17

OSTENSIVO - 2-12 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
CAPÍTULO 3
CORRENTE ALTERNADA
3.1 -GERADORES DE CORRENTE ALTERNADA (ALTERNADORES)
Os primeiros passos no campo da eletricidade tiveram como única fonte disponível de
energia elétrica a pilha voltaica, inventada alguns anos antes. Como conseqüência, os
dispositivos elétricos antigos foram projetados para operar com CC.
Quando o uso da eletricidade se popularizou, certas desvantagens tornaram-se evidentes.
Nos sistemas de CC a tensão de alimentação deve ser fornecida no nível requerido pela
carga, isto é, se uma lâmpada solicita 240V para acender, o gerador deve fornecer uma
tensão de saída de 240V. Uma lâmpada de 120V não poderia ser ligada ao gerador de
maneira conveniente.
Uma outra desvantagem do sistema de CC é a grande quantidade de potência perdida
devido à resistência nas linhas de transmissão usadas para transportar a energia da fonte
geradora aos utilizadores. Essa perda poderia ser reduzida substancialmente operando-se
as linhas de transmissão com alta voltagem e baixa corrente. As perdas ocorrem devido
ao fluxo de corrente que encontra a oposição (resistência) oferecida pelos condutores.
Como na CC não se pode variar, aumentar ou reduzir o valor de tensão a baixo custo,
surgiu a CA que permite variar a tensão a baixo custo.
Em virtude de a CA variar, a tensão CA pode ser aumentada ou reduzida por um
dispositivo denominado transformador. Devido as inerentes vantagens e versatilidade, a
CA substitui a CC na quase totalidade dos sistemas de distribuição comercial de energia
elétrica.
3.1.1 - GERADOR BÁSICO DE CA
Um gerador básico de CA converte energia mecânica em energia elétrica. A
conversão ocorre segundo o princípio da indução eletromagnética “sempre que um
condutor for cortado ou cortar um campo magnético, surge sobre esse condutor uma
corrente elétrica”.
Um campo magnético pode ser obtido de duas maneiras:
- através de imãs permanentes;
- através de eletroímãs (ímãs criados pela corrente elétrica).
Um gerador básico de CA consiste de uma espira de fio condutor disposta de tal
modo que pode ser girada em um campo magnético uniforme.

OSTENSIVO - 3-1 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
3.1.2 - Partes componentes do gerador de CA
a) Peças polares
Produzem o campo magnético.
b) Induzido ou armadura
É a espira de fio que gira dentro do campo magnético.
c) Anéis coletores
São ligados nas extremidades da espira, coletando a tensão gerada no induzido e
enviando-a para as escovas.
d) Escovas - Fig. 3-1
Fazem contato com os anéis coletores levando a tensão gerada para o circuito
externo.

Fig. 3-1
Obs.: Os geradores de CA são também conhecidos como alternadores.

OSTENSIVO - 3-2 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
3.2 – PERÍODO, FREQUÊNCIA E VALORES DE TENSÃO
3.2.1 - Período - Fig. 3-2
É o tempo gasto para formar um ciclo.
Símbolo: T
Unidade: segundos(s) - Formula: T = 1/f

Fig. 3-2
3.2.2 - Ciclo
É a rotação completa da espira que, quando representada em um gráfico, traça uma
forma de onda chamada senóide. A espira, ao descrever o movimento curvilíneo,
forma uma senóide que compreende dois semiciclos denominados alternância
positiva e alternância negativa.
3.2.3 - Freqüência
É a quantidade de ciclos produzidos na unidade de tempo.
Símbolo: f
Unidade: hertz (Hz) - Formula: f = 1/T
3.2.4 – Valores de Tensão
Conforme previamente explicado, uma tensão ou corrente alternada muda
periodicamente de sentido e valor. O movimento de elétrons é inicialmente em uma
direção e decorrido determinado tempo a direção é invertida.
Na CA a tensão está variando continuamente, de modo que cada valor de tensão só e
xiste por um instante. Olhando para a Fig. 3-3, desenho de uma senóide, podemos ver
que existe uma série de valores de tensão que surgem à medida que a espira gira.
3.2.5 - Valor de pico ou Valor máximo
É o mais alto valor alcançado em cada alternância, podendo ser positivo ou negativo.
Símbolo: Vp ou Emax (OU SEJA) Vp = Vpp x 0,5

OSTENSIVO - 3-3 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
3.2.6 - Valor de pico a pico
É o valor medido do pico positivo ao pico negativo.
Símbolo: Vpp
Vpp = 2 x Vp
3.2.7 - Valor instantâneo
Qualquer valor entre zero e o valor de pico.
3.2.8 - Valor eficaz ou Valor RMS
É o valor de CA que produz o mesmo trabalho de uma CC. É o valor usado no dia a
dia dos utilizadores comuns pois é ele que produz verdadeiramente trabalho; é ele que
encontramos nas tomadas; é ele que verificamos ao utilizarmos um voltímetro.
Símbolo: Vef ou Vrms
Vef = Vp x 0,707
3.2.9 - Valor médio
O valor médio de um ciclo completo de uma onda senoidal é zero, já que a alternância
positiva é exatamente igual à alternância negativa. Em certos tipos de circuito,
entretanto, é necessário calcular o valor médio de uma alternância. Isso pode ser feito
pela adição de valores instantâneos da onda entre 0° e 180° e em seguida dividindo-se
a soma pelo o numero de valores instantâneos tomados, ou seja, corresponde à média
aritmética sobre todos os valores numa onda senoidal para um meio ciclo.
Vm = Emax . 0,636

Fig. 3-3

OSTENSIVO - 3-4 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
3.3 - POTÊNCIA REAL, REATIVA
É a rapidez com que se produz trabalho em um circuito elétrico, ou ainda é a energia
gasta na unidade de tempo.
Trabalho é definido em eletricidade como a energia gasta para se deslocar uma carga
elétrica de um ponto ao outro do circuito e energia elétrica é definido como a
capacidade de se produzir trabalho.
Quando uma corrente atravessa um resistor produz trabalho e a energia elétrica é então
transformada em calor. A energia elétrica se transforma em energia térmica e a rapidez
com que se processa esta transformação é chamada potência.
A potência é a maneira pela qual medimos o consumo de energia elétrica em um dado
intervalo de tempo. Por exemplo, em residências a forma como as companhias cobram o
fornecimento de energia elétrica é através da potência que é medida mensalmente
através de wattímetros.
A potência é determinada pelo produto da corrente, que atravessa o resistor, pela tensão
que o alimenta. P = E x I
Como P = E x I conhecendo-se a potencia dissipada em um componente pode-se
calcular a tensão ou a corrente, se for conhecido um entre dois fatores.
E = P/I ou I = P/E
Podemos ainda relacionar potência, corrente, tensão e resistência em algumas equações:
P = E²/ R ↔ P = I² x R
3.3.1 – Potencia Ativa ou Real
Potência ativa é medida em kW (kilowatts) e é basicamente consumida na parte
resistiva dos circuitos elétricos, incluindo-se as resistências naturais dos condutores
elétricos.
A potência ativa que é consumida em um determinado tempo nos leva a energia
ativa, que é medida em kWh (kilowatts/ hora). Potência ativa, é a que efetivamente
realiza trabalho gerando calor, luz, movimento, etc.

Fig.3-4

OSTENSIVO - 3-5 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
3.3.2 – Potência Total ou Aparente
Potência total ou aparente é medida em kVA (kilo Volt Ampére). É a soma vetorial
das potências ativa (kW) e reativa (kVAr). Como mostra a figura 3-4 abaixo.

Fig.3-5
Tendo como analogia um copo de chopp podemos visualizar a potência total. O
líquido do chopp é representado pela potência ativa e a espuma a potência reativa em
kVAr, a soma dos dois representaria a potência total ou aparente.
Seguindo a mesma lógica, é importante manter os níveis de circulação de potência
reativa nas instalações o mais baixo possível, para que permaneça mais espaço para a
circulação de potência ativa ou real. Desta forma, quanto mais próximos os valores
de potência ativa ou real e da potência total, a instalação de apresentará mais
eficiente e com menos perdas.
3.3.3 - Potência Reativa
Potência reativa é medida em kVAr. É utilizada basicamente para carga nos
capacitores e para produção de campos magnéticos nas bobinas dos motores e
transformadores.
Como não é propriamente consumida, mas temporariamente utilizada e depois
devolvida, as concessionárias de energia elétrica impõe limites a sua utilização.
Como capacitores e bobinas se utilizam da potência reativa em tempos inversos, usa-
se acrescentar capacitores nas instalações elétricas onde há bobinas, para que
troquem potência reativa entre si, melhorando assim o fator de potência e evitando-se
multas por parte da concessionária.

OSTENSIVO - 3-6 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig.3-6

OSTENSIVO - 3-7 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
CAPÍTULO 4
MÁQUINAS ELÉTRICAS
4.1 - TRANSFORMADORES
4.1.1 - Conceito
É um dispositivo elétrico, sem partes móveis, que transfere energia de um circuito a
outro, baseado na “Lei de Faraday”, pela indução eletromagnética (Fig. 4-1). A
energia é sempre transferida sem alteração de freqüência, porém, normalmente, com
mudança no valor da tensão e da corrente.

Fig. 4-1 - Diagrama esquemático do transformador


4.1.2 - Características físicas
O transformador típico tem dois enrolamentos eletricamente isolados um do outro.
Os enrolamentos são bobinados em um núcleo de material ferromagnético comum
feito de lâminas de aço. As partes principais são: núcleo, enrolamento primário e
enrolamento secundário.
4.1.3 - Enrolamento primário
É o enrolamento que recebe energia de uma fonte CA, e é também conhecido como
receptor.

OSTENSIVO - 4-1 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
4.1.4 - Enrolamento secundário
É o enrolamento que sofre influência do primario ou e a fornece para a carga. É o
enrolamento que determina o tipo de transformador, ou seja: se é ele ABAIXADOR,
ELEVADOR ou IGUALADOR. Também conhecido como transmissor.
4.1.5 - Núcleo
Provê um circuito de baixa relutância para o fluxo magnético. Sua finalidade é
concentrar as linhas de forças.
4.1.6 - Formato dos núcleos
a) Núcleo envolvente
O núcleo de ferro envolve os enrolamentos. São normalmente utilizados em trans-
formadores de pequenas potências.

Fig. 4-2 - Núcleo envolvente


b) Núcleo envolvido
Os enrolamentos de cobre envolvem todo o núcleo de ferro laminado. Os transfor-
madores maiores, de grande potência, como os transfomedores de distribuição,
utilizam este tipo de núcleo.

Fig. 4-3 - Núcleo envolvido

OSTENSIVO - 4-2 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
4.1.7 - Relações entre primário e secundário
a) Entre as tensões e o número de espiras

Ep = Tensão aplicada ao primário


Es = Tensão aplicada ao secundário
Np : número de espiras do primário
Ns : número de espiras do secundário
Obs.: Os números um (1) e dois (2), também podem representar primário e
secundário respectivamente.
b) Entre as correntes e as tensões

Is : corrente do secundário
Ip : corrente do primário
c) Entre as correntes e o número de espiras

d) Entre o número de espiras do primário e o número de espiras do secundário


A relação entre o número de espiras do primário e secundário determina o tipo de
transfomador: se é elevador, abaixador ou igualador.
Exemplo: Um transformador onde Np > Ns, ou seja, possua número de espiras no
primário maior que o número de espiras do sevcundário é ABAIXADOR de
tensão. Lembrando que se um transformador for elevador de tensão, o mesmo será
abaixador de corrente e vice-vesa.

OSTENSIVO - 4-3 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
4.1.8 - Razão de transformação
α = Ep ÷ Es = Np ÷ Ns = Is ÷ Ip
Ep : tensão aplicada ao primário
Es : tensão aplicada ao secundário
Np : número de espiras do primário
Ns : número de espiras do secundário
α: razão de transformação
a) Exemplo
O lado de alta tensão de um transformador tem 500 espiras, enquanto o de baixa
tensão tem 100 espiras. Quando ligado como abaixador, a corrente do secundário
é 12A.
Calcule:
1. A razão de transformação, α
2. A corrente no primário, Ip
Solução:
a) Como o transformador é abaixador
Np = 500 e Ns = 100
logo α = NP/Ns = 500/100 = 5
b) α = Is/Ip , logo Ip = Is/α = 12/5 = 2,4A
4.1.9 - Autotransformador
São transformadores cujos enrolamentos, primário e secundário, estão no mesmo
enrolamento, isto é, não são isolados eletricamente, conforme Fig. 4-4.
A concepção de primário e secundário depende dos pontos onde se aplica ou retira-se
a tensão.
As mesmas relações estudadas para os transformadores convencionais são aplicadas
para o autotransformador.
O princípio de funcionamento do autotransformador é baseado no princípio da auto-
indução.

OSTENSIVO - 4-4 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 4-4
a) Vantagens do autotransformador
1. Economia de cobre;
2. Mais compacto; e
3. Maior rendimento.
b) Desvantagens do autotransformador
1. Não fornece isolamento entre primário e secundário; e
2. Não se presta ao uso com grandes potências.
4.2 – TIPOS DE LIGAÇÕES DOS MOTORES
4.2.1 - Identificação dos motores
Os motores elétricos possuem uma placa identificadora, colocada pelo fabricante, a
qual, pelas normas, deve ser fixadas em local bem visível.
Para se instalar adequadamente um motor, é imprescindível que o instalador saiba
interpretar os dados da placa. E stes dados são:
- Marca comercial e tipo
- Modelo
- Número
- Tensão nominal
- Número de fases
- Tipo de corrente (contínua ou alternada)
- Freqüência
- Potência nominal
- Corrente nominal
- Rotação nominal
- Regime de trabalho
- Número de carcaça (frame)
- Aquecimento permissível ou classe do isolamento
- Letra-código

OSTENSIVO - 4-5 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
- Fator de serviço
Obs.: Fator de serviço é o fator pelo qual pode ser multiplicada a potência nominal,
sem aquecimento prejudicial, porém com queda do fator de potência e do
rendimento. Exemplo: um motor de CV (kW), com corrente nominal de A, fator de
serviço 1,25, poderá sofrer a seguinte sobrecarga:
1,25 X 40 = 50 ampéres ou 1,25 X 15 = 18,75 CV (13,98 kW).
O fator de serviço é aplicado a motores de uso não permanente.
Este dado deve ser considerado no dimensionamento dos condutores.
4.2.2 - Ligação dos motores
Os terminais dos motores de corrente alternada podem ser em bornes ou chicotes
(leads), devidamente marcados (letras ou números) e encerrados na caixa de ligações,
permitindo ao instalador ligá-los à rede, de acordo com o esquema que o fabricante
habitualmente fornece na placa. Na Fig. 4-5, vemos a placa de um motor da General
Eletric, com as indicações para a sua ligação à rede.

Fig. 4-5

OSTENSIVO - 4-6 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
Quando não há indicação na placa, somos obrigados a identificar os terminais das bo-
binas identificados da seguinte maneira: sempre os terminais 1 - 2 - 3 são para
ligação à linha; acrescentando 3 a cada um, temos o outro terminal das bobinas do
motor. Assim, temos as bobinas descritas a seguir.
Para ligação na tensão inferior, usa-se a ligação em triângulo e, para tensão superior,
a ligação é em estrela ( Fig. 4-6).

Fig. 4-6
Para motores trifásicos, americanos, de 760/380 volts, podemos ter a seguinte
identificação: os terminais 1 - 2 - 3 são ligados à linha; pelo processo anterior, temos
as seguintes bobinas (Fig. 4-7):

Fig. 4-7 - Ligação em estrela

OSTENSIVO - 4-7 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
Estes motores podem ser ligados em triângulo ou em estrela. Quando se usa a tensão
superior (440 V), a ligação é em série e quando se usa a tensão inferior (220 V), a
ligação é em paralelo (Fig. 4-8).

Fig. 4-8 - Ligação em triângulo


Obs.: Os motores de origem alemã têm as bobinas marcadas com as letras U-V-W
(entradas) e X-Y-Z (saídas), sendo que a linha é designada por R-S-T.
4.3 - DIAGRAMAS
4.3.1 - Comandos e acionamentos
Antes de “discorrermos” sobre os circuitos clássicos de comandos elétricos, vamos
analisar um pouco seus componentes fundamentais.
a) Contator
O contator é um dispositivo projetado para realizar manobras em circuitos
elétricos sob carga. Entende-se por manobra o estabelecimento da condução ou
interrupção da corrente elétrica para carga, em condições normais de
funcionamento. A Fig. 4-9 mostra o perfil simplificado de um contator. Notem
que os contatos A1 e A2 são da bobina de comando. Essa bobina, através da ação
da força magnética, atrai o núcleo que fecha os contatos. Uma vez interrompida a
corrente de excitação, uma mola interna desloca os contatos de volta à sua posição
original.

OSTENSIVO - 4-8 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 4-9 - Estrutura de um contator


Os contatos 1, 3 e 5 tem origem na “montante” (linha de alimentação), e os
contatos 2, 4 e 6 vão para a “jusante”(carga).
As bobinas dos contatores podem estar disponíveis em corrente alternada (12, 24,
110, 127, 220, 380 e 440V), ou contínuas (12, 24, 48, 110,125 e 220V).
Quando a capacidade de corrente de contator, temos quatro categorias: AC1, AC2,
AC3, E AC4. A Fig. 4-10 detalha cada uma delas.
A Fig. 4-15 exibe a simbologia de um contator e sua respectiva numeração.

Fig. 4-10 - Tabela de empregos de contatoras de força

OSTENSIVO - 4-9 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 4-11 - Exemplo de numeração contatos (bornes) de um contator


b) Botoeiras
A botoeira é um elemento mais simples de comando. Seu funcionamento pode ser
visto na Fig. 4-12. Uma vez acionado mecanicamente seu contato NA (normal-
mente aberto) fecha-se, e seu contato NF (normalmente fechado) abre-se. Assim
como no contator, uma mola interna é responsável por deslocar os contatos de
volta à posição original assim que o acionamento mecânico for retirado.

Fig. 4-12 - Botoeira liga/desliga


Segundo o mesmo princípio de funcionamento, temos outros dispositivos que são
comuns à instalação industriais, tais como: pressostato (interruptor de pressão am-
biental), termostato (interruptor ou “chave” térmica), chave fim-de-curso
(interrup-tor que monitora o início ou fim de deslocamento de partes móveis). Os
símbolos desses componentes podem ser vistos na Fig. 4-13.

OSTENSIVO - 4-10 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 4- 13 - Elementos de comando (pressostato, termostato e chave fim-de curso)

4.3.3 - Circuito de controle


É um circuito que utiliza baixas correntes e diversos componentes que permitem a
energização da bobina de ligação do circuito de força.
4.3.4 - Circuito de força
É o circuito principal do contactor que permite a ligação do motor da máquina
operatriz; utiliza correntes elevadas.
4.3.5 - Contato normalmente aberto (NA)
É o conjunto acionado automaticamente pela bobina de ligação; quando a bobina não
está energizada, está aberto. Seu símbolo é:

Fig. 4-14
4.3.6 - Contato normalmente fechado (NF)
É o contato que, quando a bobina não está energizada, está fechado. Seu símbolo é:

Fig. 4-15

OSTENSIVO - 4-11 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
4.3.7 - Botões de comando
Servem para ligar e parar o motor da máquina operatriz; por meio dos botões de
comando completa-se o circuito da bobina de ligação (botão LIGA) ou interrompe-se
o circuito (botão DESLIGA). Seus símbolos são:

Fig. 4-16
4.3.8 - Contato comutador
Inverte a ligação.

Fig. 4-17
4.3.9 - Contato térmico
Serve para desligar o circuito, quando há sobrecorrente; é também denominado relé
térmico ou relé bimetálico. Seu símbolo é:

Fig. 4-18
Obs.: Costuma-se representar os circuitos de controle e de força em diagramas
separados para facilitar a compreensão.

OSTENSIVO - 4-12 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
CAPÍTULO 5
INSTRUMENTOS DE TESTE
5.1 - MULTÍMETRO
O multímetro (multimedidor) permite realizar medidas de tensão, corrente e resistência
elétrica. A medida a ser realizada é determinada pela posição da chave seletora e pela
utilização dos terminais adequados. O multímetro (Fig.5-1) será utilizado nos
experimentos como amperímetro para medir corrente contínua (DCA), como voltímetro
para medir tensão contínua (DCV) ou alternada (ACV) e como ohmímetro para medir
resistência elétrica (Ω). O multímetro também oferece funções para a medição de ganho
em transistores e teste de diodos, mas estas características não são utilizadas na
experimentoteca, por enquanto.
A seleção de função e escala é feita pela chave seletora (Fig. 5-2). É importante que não
haja aplicação de tensão nos terminais do multímetro enquanto a chave seletora não
estiver na posição correta. A utilização de uma escala errada pode danificar o
multímetro irremediavelmente. Por isso, é sempre importante desligar a fonte de tensão
enquanto se faz uso da chave seletora. Em nenhuma circunstância deve-se ligar o
multímetro ao circuito ou mudar a chave seletora com a fonte ligada! Caso não se
conheça a melhor escala que deve ser usada em uma medida deve-se iniciar sempre
pelas escalas de valor mais alto. Por exemplo, se vamos realizar uma medida de tensão
contínua, cujo valor desconhecemos totalmente, podemos selecionar a escala de 1000 V
(DCV) e, a partir da leitura obtida, selecionar a escala mais adequada.
Para quase todas as medidas utilizam-se os terminais marcados VΩmA e COM. O
terminal COM deve estar no potencial mais baixo, caso esteja num potencial mais alto
surge um sinal negativo no visor. O terminal marcado 10ADC é para utilização, em
conjunto com o terminal COM, somente para medidas de corrente quando a chave
estiver na posição ADC - 10 A.
Após a utilização, o multímetro deve ser desligado, colocando a chave seletora na
posição OFF.
É importante que os multímetros sejam desligados antes de serem guardados.

OSTENSIVO - 5-1 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 5-1 - Multímetro na função de AMPERÍMETRO

Fig. 5-2 - Multimetro na função de VOLTÍLMETRO

OSTENSIVO - 5-2 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 5-3 - Multimetro na função de OHMÍMETRO


5.1.1 - Cuidados no manuseio do multimetro
São os mesmos relativos a amperímetros, voltímetros e ohmímetros, aplicados
conjun-tamente.
a) Cuidados no manuseio como amperímetro
- o amperímetro deve ser ligado sempre em série com o circuito que se deseja
medir e jamais ligado em paralelo;
- se a corrente do circuito a ser medido for desconhecida, inicie a medição pela
maior escala; e
- no caso de CC, respeite a polaridade do circuito a ser medido, ponteira positiva
com terminal positivo do circuito, ponteira negativa com terminal negativo do
circuito, o que impedirá que o ponteiro seja deflexionado no sentido contrário.
b) Cuidados no manuseio como voltímetro
- o voltímetro deve ser sempre ligado em paralelo com o circuito ou componente
que se deseja medir;
- se a voltagem do circuito a ser medido for desconhecida, inicie a medição pela
maior escala; e

OSTENSIVO - 5-3 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
- no caso de CC, respeite a polaridade do circuito a ser medido, ponteira positiva
com terminal positivo do circuito e ponteira negativa com terminal negativo do
circuito, o que impedirá que o ponteiro seja deflexionado no sentido contrário.
c) Cuidados no manuseio do ohmímetro
- nunca use o ohmímetro para fazer uma leitura com o circuito alimentado;
desalimente o circuito a ser medido; e
- nunca utilize o ohmímetro para fazer leitura de voltagem.
5.2 - ALICATE AMPERÍMETRO
O amperímetro CA tipo alicate consiste essencialmente de um transformador de
corrente (transformador em que o primário é o próprio fio onde se deseja medir a
corrente) com um núcleo dividido e de um medidor com retificador ligado ao
secundário. O primário do transformador de corrente é o fio através do qual passa a
corrente a ser medida. O núcleo dividido permite que a garra do instrumento se abra e
feche sobre o condutor sem desligá-lo. Dessa forma, a corrente que passa por esse
condutor pode ser medida com segurança e com um mínimo de inconveniências (sem
abrir o circuito) conforme é mostrado na Fig. 5-5.
O instrumento é normalmente construído de maneira a permitir também medidas de
tensão. Entretanto, para que se possa efetuar esse tipo de medida, a chave do medidor
tem que ser passada para a posição Volts, ligar os terminais do medidor através da fonte
de tensão a ser medida.
Obs.: O amperímetro tipo alicate só possibilita a leitura de valores CA sem interrupção
do circuito.

OSTENSIVO - 5-4 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 5-4 - Amperímetro tipo alicate

OSTENSIVO - 5-5 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
CAPÍTULO 6
DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO E CONTROLE
6.1 – FUSIVEIS, DISJUNTORES E CONTROLADORES
A eletricidade, quando devidamente controlada, é de vital importância para a operação
dos equipamentos elétricos e eletrônicos. Quando indevidamente controlada, entretanto,
ela pode se tomar perigosa e destrutiva. Ela pode danificar componentes, ou dispositivos
eletroeletrônicos, ferir pessoas ou mesmo causar mortes. É de grande importância,
portanto, que sejam tomadas todas as necessárias precauções para proteger os circuitos,
e manter essa força sob correto e constante controle. Estudaremos a seguir alguns
dispositivos que foram projetados com o propósito de proteger e controlar os circuitos
elétricos.
Quando um dispositivo eletrônico é fabricado, são tomados cuidados especiais no senti-
do de assegurar que cada circuito elétrico fique completamente isolado de todos os
outros, de maneira que a corrente no circuito percorra apenas o caminho previsto. Uma
vez colocado o equipamento em serviço, entretanto, muitas coisas podem acontecer
capazes de alterar o circuito original. Algumas dessas alterações podem causar proble-
mas sérios, detectados e corrigidos a tempo.
O problema mais sério que se pode encontrar em um circuito é a ocorrência de um curto-
circuito. O termo se refere a uma situação na qual algum ponto do circuito, quando a
tensão está presente, entra em contato direto com a terra ou com o lado de retorno para a
corrente do circuito. Isso estabelece um percurso para o fluxo da corrente sem resistên-
cia, a não ser a específica dos condutores que é mínima.
Conforme estabelecido pela Lei de Ohm, se a resistência em um circuito for extrema-
mente pequena, a corrente será extremamente grande. Quando ocorre um curto-circuito,
flui, através dos condutores, uma corrente excessiva. Suponha, por exemplo, que dois
condutores de uma bateria em um carro entrem em contato direto. Além de o motor
parar por falta de energia, em virtude da alta corrente de descarga, a bateria se descar-
regará rapidamente. A descarga rápida superaquece os elementos da bateria, empenando-
os e destruindo-os. Há, inclusive, o perigo de incêndio.
Os cabos das baterias são de grande diâmetro e conduzem grandes quantidades de cor-
rente com boa dissipação de calor. Entretanto, a maioria dos fios empregados nos circui-
tos elétricos são consideravelmente mais finos e a sua capacidade de conduzir corrente é
limitada. O diâmetro dos fios usados em um determinado circuito é deter-minado pela
quantidade de corrente que os fios devem conduzir sob condições de operação. Qualquer

OSTENSIVO - 6-1 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
excesso de corrente, tal como o produzido por um curto direto, causa uma rápida gera-
ção de calor. Se não houver correção no sentido de impedir a corrente excessiva, o aque-
cimento no fio continua aumentando, até que ocorra uma avaria. Possivelmente, uma
porção de fio se fundirá e o circuito abrirá, de maneira que a avaria ficará limitada ao
superaquecimento dos fios. Existe, entretanto, a possibili-dade de ocorrer avariais mais
sérias. O aquecimento dos fios pode queimar o seu iso-lamento e o dos demais fios nas
proximidades, produzindo outros curtos-circuitos em cadeia. Se houver material com-
bustível nas proximidades, pode ter início um incên-dio de graves conseqüências.
Para proteger os sistemas elétricos de avarias causadas pela corrente excessiva, são ins-
talados nos sistemas diversos tipos de dispositivos protetores, tais como fusíveis,
disjuntores e protetores térmicos e etc.
6.1.1 - Fusíveis
O dispositivo de proteção mais simples é o fusível. Todos os fusíveis são
classificados, segundo o tempo de ação e a quantidade de corrente, que pode passar
em segurança pelo elemento fusível. Comumente, a indicação de corrente é feita em
ampéres, mas alguns indicam a corrente em miliampéres. Quando um fusível abre,
ele deve ser substituído por outro de igual capacidade de tensão e corrente, inclusive
com a mesma característica tempo-corrente.
Normalmente, quando o circuito entra em sobrecarga ou ocorre uma avaria, o
elemento fusível se funde e abre o circuito sob sua proteção. Entretanto, nem todo
fusível aberto é resultado de uma sobrecarga de corrente ou avaria no circuito. A
anormal produção de calor, o envelhecimento do elemento fusível, mau contato
produzido por conexão frouxa, oxidação ou formação corrosiva dentro do cartucho do
fusível, e as condições de aqueci-mento na atmosfera ambiente, alteram as condições
de aquecimento e o tempo requerido para o elemento fusível fundir.
a) Característica tempo-corrente
É a característica mais importante de um fusível. Refere-se ao tempo de atuação
do fusível, e divide-se em três faixas de tempo:
1. Ação rápida: de 0,000005 a 0,5 s;
2. Ação média: de 0,5 a 5s; e
3. Ação retardada: 5 a 25s.

OSTENSIVO - 6-2 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-1
b) Característica quanto à estrutura
É a característica relativa à concepção física.
I) Rosca ou rolha - Fig. 6-2
São fabricados de maneira apoderem ser rosqueados em um soquete no painel de
distribuição. O elemento fusível fica alojado em uma peça de louça ou vidro,
sendo visível por uma janela de inspeção, de modo que se possa identificar
quando está fundido. Este tipo de dispositivo de proteção não é renovável,
devendo ser substi-tuído quando aberto. Sua faixa de operação é de 0,5 a 30 A
com um máximo de 150 V. Atualmente está em desuso.

Fig. 6-2 - Rosca ou rolha


II) Diazed
É também rosqueado em uma base, contudo, a indicação do estado elemento
fusível se faz por um pino que salta quando o elemento se rompe, É calibrado
com maior precisão e atua em uma faixa de tensão superior: 500V 0,5 a 30 A.

OSTENSIVO - 6-3 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-3 - Diazed


III) Cartucho
É utilizado em instalações com corrente superior a 30A. Compõe-se de um
corpo tubular, isolante e oco, no qual em suas extremidades estão fixados
contatos interligados internamente pelo elemento fusível. Divide-se em dois
tipos: renovável (é possível a substituição do elemento fusível) e não
renovável (não é possível a substituição do elemento fusível).

Fig. 6-4 - Cartucho

IV) NH
São fusíveis para alta amperagem.

OSTENSIVO - 6-4 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-5 - NH
V) Bulbo de vidro - Fig.6-6
São de baixa amperagem. Normalmente utilizados para proteção de aparelhos
eletrônicos.

Fig. 6-6 - Bulbo de vidro


6.1.2 - Disjuntores
São dispositivos de proteção e interrupção eventual de circuitos. É utilizado em
substitu-ição ao fusível pela vantagem de interromper o circuito, em situações de
eventuais cor-rentes excessivas, e poder ser rearmado, restabelecendo a continuidade
do circuito. Exis-tem diversos tipos de disjuntores, mas trataremos apenas dos mais
comuns na Marinha, que funcionam segundo dois princípios básicos: magnético e
lâmina bimetálica.

OSTENSIVO - 6-5 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-7 - Disjuntores


a) Princípio magnético
Quando flui corrente excessiva no circuito protegido, o forte campo magnético
cria-do aciona uma pequena bobina e esta, aciona o interruptor principal
interrompendo o circuito.
b) Princípio da lâmina bimetálica
Consiste de uma lâmina de dois metais distintos que, quando aquecidos pela
corrente excessiva do circuito a ser protegido, dobram e se afastam do lugar de
repouso, per-mitindo, assim, a abertura do disjuntor.
6.1.3 - Protetor térmico ou chave térmica
É um dispositivo usado para proteção de motores, que interrompe automaticamente o
fluxo de corrente quando a temperatura do motor fica excessivamente alta. Se
qualquer anormalidade no funcionamento produzir superaquecimento, como por
exemplo, sobrecarga, o protetor térmico abre o circuito.
Normalmente a chave térmica é ligada em série com o dispositivo de controle, de forma a
cortar a alimentação para o dispositivo de controle e deste modo desalimentar o motor.
O protetor térmico consiste de uma lâmina bimetálica que se dobra quando aquece,
interrompendo o circuito conectado a ela. Isso ocorre porque um dos metais se expan-
de mais que o outro quando submetidos a aquecimento na mesma temperatura.Tão

OSTENSIVO - 6-6 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
logo, cesse a causa a lâmina retorna a posição original interligando novamente o
circuito.
6.1.4 - Controladores
São acessórios elétricos que controlam, de maneira pré-determinada, a potência for-
necida para qualquer carga elétrica. Na sua forma mais simples, o controle aplica a
tensão ou a remove de uma carga (motor). Na forma mais complexa, ele comanda a
velo-cidade de motores, controla servomecanismos, temperatura e outros
equipamentos. Os tipos mais comuns de dispositivos de controle são as chaves e os
relés e etc.
a) Chaves de transferência
Uma chave pode ser descrita como sendo um dispositivo usado no circuito para
ligar, interromper ou trocar conexões, sob condições para as quais a chave foi
projetada. As chaves são classificadas em função da sua capacidade em ampéres e
volts. A clas-sificação refere-se aos valores máximos de tensão e corrente que a
chave pode supor-tar. Em virtude das chaves serem ligadas em série com o
circuito, toda a corrente passa através da mesma. Quando o circuito é
interrompido, toda a tensão aplicada aparece nos contatos da chave. Os contatos
devem abrir e fechar rapidamente para minimizar a presença de arco. As chaves
normalmente são de ação instantânea.
Existem diversos tipos e classificações para as chaves. Uma classificação comum
se refere ao número de pólos, movimentos e posições da chave. O número de
pólos indica o número de terminais nos quais a corrente pode fluir ao entrar na
chave. O movimento da chave se refere ao número de circuitos que cada lâmina
ou contato pode completar através da chave. O número de posições indica as
posições na qual o dispositivo fica em repouso.

OSTENSIVO - 6-7 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-9 - Chave de transferência SPST - simples polo simples trânsito

Fig. 6-10 - Chave de transferência SPDT - simples polo duplo trânsito

Fig. 6-11 - Chave de transferência SPDT - Duplo polo simples trânsito

OSTENSIVO - 6-8 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-12 - Chave de transferência SPDT - Duplo polo duplo trânsito


b) Chaves de reversão
Usada para reversão do sentido de motores de ventiladores e outros motores em
que seja necessária a reversão.
c) Chaves de calcar
As chaves de calcar são dotadas de um ou mais contatos estacionários e um ou
mais contatos móveis. São normalmente acionadas por molas e encontram grande
aplicação como verificadores de luzes, indicação e rearme de circuitos.
d) Chave seletora rotativa
Pode executar funções de um número razoável de chaves. Conforme a haste da
chave rotativa é girada, ela abre determinados circuitos e fecha outros. As chaves
de ignição dos automóveis e as chaves seletoras dos voltímetros são exemplos de
chaves rotativas.

OSTENSIVO - 6-9 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062

Fig. 6-13 - Voltímetro


e) Chave microchave
O termo microchave, apesar de frequentemente usado, indistintamente, para as
chaves deste tipo, é uma marca de fábrica para as chaves feitas pelo Micro Switch
Division de Minneapolis Honeywell Regulator Company. São normalmente do
tipo de calcar e dependem de uma ou mais molas para sua ação de comutação.
Tem seu emprego em circuitos de proteção como interloques.

Fig. 6-14 - Microchave

OSTENSIVO - 6-10 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
6.2 – PRESSOSTATOS E TERMOSTATOS
6.2.1 - Termostatos
São dispositivos usados para controlar a temperatura automaticamente de um ambie-
nte ou dispositivo. Consistem de um interruptor térmico controlado por um bulbo.
Uma chave operada por temperatura é comumente chamada de Termostato.

Fig. 6-15 - Termostato


6.2.2 - Pressostatos
São comumente dotados com válvulas bourdon, sifões e diafragmas sobre os quais
operam fluidos ou ar comprimido para acionar a mesmo. Alguns dos empregos das
chaves de pressão estão relacionados com combustível, óleo e sinais de pressão
hidráulica. Uma chave operada por pressão é comumente chamada de Pressostato.

Fig. 6-16 - Pressostato

OSTENSIVO - 6-11 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
6.3 – TERMOPAR, TERMISTOR E SENSOR BIMETÁLICO
6.3.1 – Termopar
Um termopar é um transdutor básico que compreende dois pedaços de fios dissimili-
res, unidos em uma das extremidades. O principio de funcionamento baseia-se no e
feito de “Seebeck” (uma voltagem proporcional à temperatura poder ser produzida
por um circuito composto por dois metais distintos). A união dos metais diferentes
produz uma pequena tensão. A saída da tensão é proporcional à diferença da tempe
ratura entre as partes frias e quentes.
6.3.2 – Termistor
Dispositivos de dois terminais que variam a resistência com a temperatura. Utilizam-
se para indicações de mudança de temperatura como indicação de superaquecimen
to.Possui alta sensibilidade e larga faixa de valores de resistência que vai de poucos
Ohms até 1Mega. Empregam-se maiores resistências para maiores temperaturas, pois
aumenta a sensibilidade e protege de sobrecorrente. Atualmente existem dois tipos de
termistor, que são:
a) Termistor PTC (Positive Temperature Coefficient)
Quanto maior for a temperatura maior é a resistência; e
b) Termistor NTC (Negative Temperature Coefficient)
Quanto maior for a temperatura menor é a resistência.
6.3.3 – Sensor de temperatura bimetálico
É constituído de duas tiras finas de diferentes metais que se faz aderir face a face com
um processo de laminação ou de compressão. À certa temperatura (de repouso), as du
as tiras tem o mesmo comprimento e a lâmina se apresenta plana. Um aumento de
temperatura provoca na lâmina a uniforme flexão no sentido do comprimento, de mo
do que o metal menos sensível às variações térmicas permanece no interior da conca
vidade, ou seja, na face côncava.

OSTENSIVO - 6-12 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
6.4 – RELÉS, SENSORES PTC/NTC, E CHAVES-BÓIAS
6.4.1 – Relés
Os relés são dispositivos que operam quando ocorre alguma modificação nas
condições de um circuito elétrico para fazer operar outros elementos ligados ao
mesmo circuito ou circuito diferente. São classificados segundo o seu emprego como
relés de controle, relés de potência, ou relés sensores.
A função do relé de controle é sinalizar ou controlar uma grande quantidade de
potência, utilizando, para o seu funcionamento, uma quantidade relativamente
pequena de potência elétrica. Quando se usam relés multicontatos, diversos circuitos
podem ser controlados simultaneamente. O emprego de relés economiza espaço e
peso, pois permite o uso de chaves menores nas estações de controle remoto. A
segurança é também um fator importante a considerar já que os circuitos de grande
potência podem ser comutados remotamente sem perigo para o operador.
Os relés de controle, como bem informa o seu nome, são freqüentemente usados para
controlar outros relés ou dispositivos; apesar dos pequenos relés de controle poderem
ser usados para outros fins, com um relé de controle, uma pequena quantidade de
corrente pode controlar grandes quantidades de correntes necessárias para operar
dispositivos elétricos pesados. Eles são também freqüentemente empregados nos
circuitos de relés automáticos onde um pequeno sinal elétrico produz uma reação em
cadeia acionando sucessivamente outros relés que executam diversas funções. Os
relés de controle podem também ser usados nas ações denominadas travamento para
evitar que ocorram certas ações no tempo incorreto. Várias operações elétricas nos
equipamentos que não devem ocorrer simultaneamente podem ser travadas pelos
relés de controle. Uma outra importante função dos relés de controle nos
equipamentos é como sensores. Os relés são usados para “sentirem” uma redução ou
excesso de tensão, inversão do fluxo de corrente ou excesso de corrente.
De acordo com o princípio de funcionamento os relés são classificados em: relés
eletrônicos e relés elétricos.

Fig. 6-17 – Relé

OSTENSIVO - 6-13 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
6.4.2 – Sensores PTC/NTC
Os sensores são dispositivos que convertem uma forma de energia em outra;
transformam também grandezas físicas em sinais eletro/eletrônicos. Os sensores
podem ser digitais ou analógicos. Exemplo de Sensor PTC/NTC:
Termistor PTC/NTC
Termistor PTC (Positive Temperature Coefficient)
Quanto maior for a temperatura maior é a resistência; e
Termistor NTC (Negative Temperature Coefficient)
Quanto maior for a temperatura menor é a resistência.
6.4.3 – Chave-bóia
É um dispositivo de controle usado no acionamento de bombas de água ou de outro
líquido qualquer. Nas instalações usuais para fornecimento de água a edifícios,
dispomos de dois reservatórios; o inferior (cisterna) e o superior. A chave-bóia
possibilita a ligação do motor da bomba de água, quando o reservatório superior está
vazio e o reservatório inferior, cheio. Em qualquer outra alternativa o motor
permanece desligado.
Na Fig. 6-18 são os terminais que vão à bobina da chave magnética do motor.

Fig. 6-18 - Chave-bóia para controle do nível da água do reservatório


a) Chaves-bóia em série
Há casos em que não se pode instalar o “cano extravasor” da caixa d’água
superior, por isso e chave-bóia não pode falhar, sob pena de termos um
transbordamento da caixa, com sérias consqüências.
O circuito da Fig. 6.19 é sugerido, usando-se duas chaves-bóia em série, cujo fun-
cinamento é simples:

OSTENSIVO - 6-14 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
Na saída da chave-bóia 1, liga-se em série a chave-bóia 2 conforme a figura. Se a
chave-bóia 1 se prender na haste por algum motivo, a caixa continuará enchendo e
a chave-bóia 2 interromperá o circuito, fechando o circuito de uma luz de
emergência ou de uma cigarra, indicando que há defeito na bóia 1.

Fig. 6-19 - Uso de duas chaves-bóia no reservatório superior


6.5 - PRECAUÇÕES DE SEGURANÇA
A segurança é responsabilidade de todo o pessoal. É obrigação de cada homem na Marinha
exercer precauções, no sentido de que ninguém seja ferido, nem seja o material destruí-
do. As informações de segurança são apresentadas em diferentes formas. Por exemplo:
ma-terial escrito, boletim de segurança, leituras, aulas de adestramento e pôsteres.
No desempenho normal das funções, o técnico fica frequentemente exposto a diversas
condições e situações de perigo em potencial.
Nenhum manual de treinamento, nenhum conjunto de regras ou regulamentos, nenhuma
lista de situações perigosas pode tornar as condições de trabalho totalmente seguras.
Entretanto, é possível ao técnico viver toda uma vida de trabalho, sem sofrer qualquer
acidente ou ferimento grave. Para se manter dentro dos limites de segurança, basta que o
técnico conheça as principais fontes de perigo e que se mantenha permanentemente
alerta a esses perigos em potencial.
Deve, o técnico, providenciar para que as necessárias precauções e práticas tornem-se
regras básicas de segurança, não importando o quão tolas possam elas parecer.
Muitas informações de segurança específica são encontradas nos próprios manuais de
máquinas e equipamentos.

OSTENSIVO - 6-15 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
A maioria dos acidentes que ocorrem em condições de paz pode ser evitada, se houver
um mínimo de cooperação do pessoal e se forem eliminadas certas condições de
insegurança. A seguir, serão elencadas algumas regras gerais de segurança aplicáveis ao
trabalho em eletricidade.
6.5.1 - Precauções de segurança em choque elétrico
O choque elétrico é uma sensação trepidante, descontrolada, resultado do contato
direto com circuitos elétricos ou dos efeitos do relâmpago. A vítima comumente se
sente como se tivesse recebido um súbito assopro.
A quantidade de corrente que pode fluir através do corpo humano, sem perigo para a
saúde ou risco de vida, depende do indivíduo e do tipo, percurso e tempo de duração
do contato.
Se a tensão e a corrente forem suficientemente altas, a vítima poderá ficar
inconsciente. Fortes queimaduras poderão ser produzidas na pele no ponto de
contato. Poderão ocorrer espasmos musculares, fazendo com que a vítima
involuntariamente se agarre ao aparelho ou fio que causou o choque, impedindo a
sua libertação.
A resistência ôhmica do corpo humano varia de 1000 a 500.000 ohms quando a pele
for contínua e seca. A resistência diminui com a umidade e aumento de tensão, e
aumenta quando a pele está seca e a tensão é baixa. Rupturas, cortes e regiões
queimadas podem reduzir a resistência do corpo. Mesmo a pequena corrente de um
miliamper pode ser sentida e deve ser evitada. Um choque elétrico pode causar sérios
danos, dependendo do tempo de duração do contato e das condições físicas da
vitima, particularmente as condições do coração.
Os fluxos de corrente entre 100 e 200 miliamper são letais. Ocorre fibrilação
ventricular do coração quando a corrente se aproxima de 100miliamper. A fibrilação
ventricular é a ação não coordenada das paredes do ventrículo do coração. A
fibrilação faz parar a ação bombeadora do coração, cessando, desta forma, a irrigação
sanguínea de órgãos vitais.
Devido à natureza química e fisiológica do corpo humano, é necessário cinco vezes
mais corrente contínua do que corrente alternada para imobilizar um corpo em
contato com o condutor.
Queimaduras sérias e inconsciências podem ser produzidas por correntes de
aproximadamente 200 miliamper. Esse valor de corrente comumente não provoca a
morte, se a vitima for imediatamente assistida. Normalmente, a vítima responde aos

OSTENSIVO - 6-16 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
processos de ressuscitação na forma de respiração artificial.

Fig. 6-18
6.5.2 - Procedimento recomendado para resgatar e cuidar de vítimas de choque elétrico
I) Remova imediatamente a vítima do contato elétrico, sem colocar em risco a sua
própria vida
Desligue antes o circuito elétrico. Isso pode ser feito:
a). Desligando a chave geral, se ela ficar nas proximidades;
b). Cortando os cabos de alimentação do equipamento com um machado isolado,
tomando o cuidado de proteger os olhos do clarão que será produzido; e
c) Utilizando uma vara isolada, cordas, cinto, casaco, cobertor ou outro material
qualquer não condutor de eletricidade para remover a vítima;
II) Verifique se a vítima está respirando
Deite-a em posição confortável e afrouxe as suas roupas no pescoço, busto e
cintura para que ela respire livremente. Proteja-a de exposição ao frio e observe-a
cuidadosamente;
III) Evite que a vítima se movimente
Após o choque, o coração fica bastante fraco e qualquer esforço muscular ou
atividade por parte do paciente pode resultar em colapso cardíaco;
IV) Não dê a vítima qualquer estimulante para tomar ou cheirar
Solicite o comparecimento imediato de um médico e não deixe a vítima até que
ela fique sob cuidados médicos adequados;

OSTENSIVO - 6-17 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118/062
V) Se a vítima, após o choque, não estiver respirando, será necessário aplicar
respiração artificial sem qualquer retardo
A respiração artificial deve ser aplicada, mesmo que a vítima aparente já estar sem
vida.
Não pare a aplicação de respiração artificial até que uma autoridade médica
declare a vítima morta.
Para conhecer os diversos procedimentos de aplicação de respiração artificial e
tratamento de queimaduras, procure o oficial a que você está subordinado e ele
providenciará aulas de adestramento extra para você.

OSTENSIVO - 6-18 - REV-1


OSTENSIVO CIAA-118
ANEXO A

BIBLIOGRAFIA

1. BRASIL. Curso Completo de Eletricidade Básica. Hemus. 1998.

OSTENSIVO - A-1 - REV-1

Você também pode gostar