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OSTENSIVO 5°REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
ELETRÔNICA III
MARINHA DO BRASIL
2022
FINALIDADE: DIDÁTICA
5a REVISÃO
ATO DE APROVAÇÃO
ELETRÔNICA III.
OSTENSIVO - II - 5a REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto..........................................................................................................I
Ato de Aprovação....................................................................................................II
Índice......................................................................................................................III
Introdução..............................................................................................................IV
INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação tem o propósito de fornecer orientação básica sobre os Osciladores
Senoidais e os Não Senoidais para os alunos dos cursos de especialização em
eletrônica. Os assuntos nela contidos foram extraídos de publicações de fácil
compreensão, preenchidos pelas exigências dos currículos.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em quatro capítulos. No primeiro capítulo é feita uma
introdução sobre ondas senoidais e os principais osciladores LC e RC. O capítulo 2
descreve a formação das ondas não senoidais e o funcionamento dos circuitos
multivibradores: monoestável, biestável e astável. O capítulo 3 aborda a o
funcionamento dos circuitos geradores pulsos (osciladores de bloqueio). No capítulo
4 é feita uma descrição dos circuitos controladores de frequência, tais como o VCO,
PLL e Sintetizadores de Frequência.
3 - AUTORIA E EDIÇÃO
Esta publicação é de autoria da SO ET (Ref.) JORGE UELITON FONSECA e foi
elaborada e editada no CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO
(CIAA).
4 - DIREITOS DE EDIÇÃO
Reservados para o CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO.
Proibida a reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio.
5 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 (Manual de Publicações da
Marinha) em: Publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, didática e
manual.
OSTENSIVO - IV - 5a REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
CAPÍTULO 1
GERADORES DE ONDAS SENOIDAIS
1.1 - CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ONDAS SENOIDAIS
Os circuitos osciladores são importantes em diversos tipos de equipamentos
eletrônicos. Um relógio digital, por exemplo, usa um oscilador com cristal de quartzo
para acompanhar a passagem do tempo e indicar as horas. Um transmissor de rádio
usa um oscilador para estabelecer a onda portadora da estação. Já um receptor de
rádio usa um tipo especial de oscilador chamado de ressonador para sintonizar uma
estação. Existem osciladores em computadores, detectores de metal, controles
remotos e até mesmo em armas de choque para defesa pessoal.
Na MB, encontramos osciladores nos diversos equipamentos, como radares, sonares,
em radiocomunicações, equipamentos de teste, mísseis, torpedos, etc.
Neste capítulo, abordaremos os conceitos básicos sobre os osciladores senoidais LC:
Armstrong, Hartley, Colpitts, Clapp e a Cristal; e os osciladores senoidais RC: Ponte
de Wien e Rotação de Fase.
Porém, antes de entrarmos no estudo dos osciladores, veremos alguns conceitos
básicos sobre ondas senoidais.
Normalmente imaginamos um sinal como uma corrente elétrica i(t) ou tensão elétrica
υ(t). A variação temporal do sinal é denominada forma de onda. Mas, formalmente:
Uma forma de onda é uma equação ou um gráfico que define o sinal como uma
função do tempo.
As formas de ondas que são constantes ao longo de todo o tempo são denominadas
sinais CC. A abreviação CC significa corrente contínua, mas se aplica à tensão ou à
corrente. Expressões matemáticas para tensão v(t) ou corrente i(t) CC têm a forma:
υ(t) = Vo
i(t) = Io para - ∞ < t < + ∞
Esta equação é apenas um modelo. Nenhum sinal físico pode permanecer constante
indefinidamente. Entretanto, é um modelo útil porque se aproxima dos sinais gerados
por dispositivos físicos como uma bateria.
Existem duas formas de notação e convenção que têm de ser discutidas antes de
continuarmos:
Grandezas que são constantes (não variam com o tempo) em geral são representadas
por letras maiúsculas (V, I, P, W).
OSTENSIVO 1-1 5a REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
A senoide da fig. 1.2 é uma repetição infinita de oscilações idênticas entre picos
positivos e negativos.
A amplitude VA (em volts) define os valores máximo e mínimo das oscilações.
O período To (geralmente em segundos) é o tempo necessário para completar um
ciclo da oscilação.
A função senoide pode ser expressa matematicamente usando a função seno ou
cosseno.
A escolha entre as duas depende do ponto escolhido para definir t = 0.
Se escolhermos t = 0 no ponto em que a senoide é zero volt, então podemos
escrever como segue:
υ(t) = VA . sen(2.π.t / To) Volts (S01)
Embora qualquer uma possa ser usada, é comum escolher t = 0 no pico positivo;
portanto a equação (S02) se aplica. Assim, continuamos a chamar a forma de onda
de senoide embora seja usada uma função cosseno para descrevê-la.
A senoide geral é obtida substituindo t por (t – TS). Inserindo esta alteração na
equação (S02) obtemos uma expressão geral para a senoide como a seguir:
υ(t) = VA . cos[(2.π.t – TS) / T0] Volts (S03)
(S09)
Para usar apenas uma destas equações, precisamos de três tipos de parâmetros:
1. Amplitude: VA ou os coeficientes de Fourier a e b;
2. Deslocamento no tempo: Ts ou o ângulo de fase ϕ; e
3. Tempo/frequência: To, ƒo ou ωo.
a) Descritores temporais
Os descritores temporais identificam atributos da forma de onda relativos ao
eixo do tempo. Por exemplo, as formas de onda que se repetem em intervalos de
tempo fixos são denominadas periódicas. Dizendo isto de maneira formal.
Um sinal υ(t) é periódico se υ(t + To) = υ(t) para todo t, em que o período To é
o menor valor que atende a esta condição.
Os sinais que não são periódicos são denominados aperiódicos.
O fato de uma forma de onda ser periódica fornece informações importantes
sobre o sinal, mas não especificamente todas as suas características. Portanto, o
fato de um sinal ser periódico é propriamente uma descrição parcial, assim
como é o valor do período. Uma onda senoidal eterna é o primeiro exemplo de
um sinal periódico.
Exemplos de ondas aperiódicas são as funções degrau, exponencial e senoide
amortecida.
Diz-se que uma forma de onda é causal se for idêntica a zero antes de algum
momento específico. Dizendo isto de forma precisa:
Um sinal υ(t) é causal se existe um valor de T tal que υ(t) = 0 para todo t < T;
caso contrário, ele será não causal.
Normalmente considera-se que um sinal causal seja zero para t < 0, visto que
sempre podemos usar o deslocamento temporal para fazer com que o ponto de
início de uma forma seja em t = 0.
Exemplos de formas de onda causais são as funções degrau, exponencial e
senoidal amortecida. A onda senoidal eterna é, evidentemente, não causal.
As formas de onda causais têm papel importante na análise de circuito. Quando
a entrada acionadora x(t) for causal, a resposta do circuito y(t) também tem de
ser causal. Ou seja, um circuito fisicamente realizável não pode se antecipar e
responder a uma entrada antes que ela seja aplicada. A causalidade é uma
característica temporal importante, mas é apenas uma descrição parcial da forma
de onda.
b) Descritores de amplitude
Os descritores de amplitude são escalares positivos que descrevem a intensidade
de um sinal. Geralmente, uma forma de onda varia entre dois valores extremos
indicados como VMÁX e VMÍN. O valor de pico a pico (Vpp) descreve a excursão
total de υ(t) e é definido como: Vpp = Vmáx - Vmín
Com esta definição, Vpp é sempre positivo mesmo se VMÁX e VMÍN forem
negativos. O valor de pico (Vp) é o valor máximo absoluto da forma de onda.
Ou seja, Vp = Máx {|Vmáx|, |Vmín|}
O valor de pico é um número positivo que indica a excursão absoluta máxima
da forma de onda a partir do zero. A fig.1.4 mostra exemplos destes dois
descritores de amplitude.
PMÉD =
A equação para a potência média em termos de VRMS tem o mesmo efeito que uma
potência fornecida por um sinal CC. Por esta razão o valor RMS foi originalmente
denominado valor eficaz. Se a amplitude da forma de onda for dobrada, o seu
valor RMS é dobrado e a potência média é quadruplicada.
1.1.4 - Teoria da oscilação e realimentação nos osciladores
Para se construir um oscilador senoidal precisamos de um amplificador com uma
realimentação positiva, de forma que o próprio sinal de saída do amplificador seja
o sinal de entrada.
Se a amplitude deste sinal realimentado, após passar pela malha de realimentação
for suficientemente grande, e o sinal for alimentado com a fase correta, haverá um
sinal de saída, mesmo que não haja um sinal externo.
Podemos dizer desta maneira, que o oscilador é um amplificador que foi
modificado pela realimentação positiva para fornecer o seu próprio sinal de
entrada.
1.1.5 - Ganho e fase da malha
Como vimos anteriormente para que um amplificador gere seu próprio sinal de
entrada é necessário que o sinal realimentado tenha amplitude suficiente e fase
correta, para que o amplificador oscile inicialmente e mantenha as oscilações após
as condições iniciais serem estabelecidas.
Estas condições são conhecidas como critério de Barkhausen. Vamos analisar este
princípio de acordo com as figuras abaixo:
(a) (b)
Se A.B = 1 então A.B.Vin será igual a Vin e a tensão de saída será uma senoide
estável, fig. 1.5(e). Neste caso o circuito fornece seu sinal de entrada gerando uma
onda senoidal na saída.
Num oscilador, o valor do fator A.B será maior que 1, logo que se estabeleçam as
condições iniciais. Uma pequena tensão de disparo é aplicada aos terminais de
entrada e a tensão de saída cresce, fig. 1.5(d). Depois que a tensão de saída atinge
o nível desejado, A.B automaticamente diminui até 1 e a amplitude do sinal de
saída permanece como na fig. 1.5(e).
(a) (b)
Figura 1.6 – (a) Oscilador Colpitts Emissor Comum; (b) equivalente CA.
Analisando o CKT da fig. 1.6(a) e 1.6(b), a corrente do circuito tanque flui através
de C1 em série com C2. A tensão de saída Vout é a desenvolvida em C1 e a tensão
de realimentação Vf é desenvolvida em C2. Esta tensão de realimentação é
aplicada à base do transistor e mantém as oscilações que se desenvolvem através
do CKT tanque, desde que haja ganho de tensão suficiente na frequência de
oscilação.
Reconhecemos o oscilador Colpitts através da sua realimentação que é feita através
de uma capacitância dividida.
; onde:
a) Condição Inicial
A condição inicial exigida para qualquer oscilador é que A.B > 1, na frequência
de ressonância do circuito tanque. Isto equivale a dizer que A > 1/B.
O ganho de tensão A, nesta expressão, é o ganho de tensão na frequência de
ressonância do circuito tanque.
Analisando o circuito da fig. 1.6(a), Vout = VC1 e Vf = VC2. Como a corrente
nos dois capacitores é comum:
b) Tensão de saída
Com uma realimentação leve (B pequeno), o valor de A é apenas ligeiramente
maior que 1 / B e a operação é aproximadamente classe “A”.
Logo que ligamos o circuito, as oscilações crescem e o sinal oscila bem além da
reta de carga CA. Com esta oscilação aumentada do sinal, a operação varia de
sinal pequeno para grande sinal. Quando isto acontece, o ganho de tensão
diminui ligeiramente com a realimentação leve e o fator A.B diminui até um,
sem o ceifamento excessivo.
Com a realimentação forte (B grande), o sinal de realimentação grande leva a
base do amplificador à saturação e ao corte. Isto carrega C4 produzindo o
grampeamento negativo CC na base. Este grampeamento ajusta
automaticamente o valor de A.B em 1. Se a realimentação for forte demais
poderemos perder um pouco da tensão de saída devido às perdas de potência de
dispersão.
O ideal, na construção de circuitos osciladores, é ajustar a quantidade de
realimentação para que esta não seja fraca, nem forte demais, para que
tenhamos um sinal de saída sem perdas desnecessárias.
c) Acoplamento
A frequência real de oscilação (f r) depende do Q do circuito tanque e é dada
por:
(a) (b)
Figura 1.7 - Oscilador Colpitts com acoplamento de saída: (a) capacitivo e (b)
indutivo (a transformador).
Para que comecem as oscilações A > 1 / B, logo A > ( C1 + C2) / C1. Esta
aproximação não leva em conta a impedância de entrada do amplificador.
1.2.4 - Oscilador Colpitts com FET
No circuito da fig 1.9 temos um oscilador Colpitts controlado a FET na
configuração fonte comum.
Como a porta de um FET representa uma altíssima impedância, o efeito de carga
no circuito tanque é muito menor que o de um TJB (fig. 1.7b), logo a aproximação
B = C1 / C2 é muito mais precisa. A condição inicial para o amplificador à FET é
que A > C2 / C1.
Em um oscilador à FET o ganho de tensão em baixa frequência é Gm.Rd, onde Gm
é a transcondutância e Rd a resistência de dreno. Acima da frequência de corte do
amplificador à FET, o ganho de tensão cai, na expressão A > C2 / C1, sendo A o
ganho de tensão do amplificador na fo. Para que o oscilador funcione temos que
manter a frequência de oscilação menor que a frequência de corte do amplificador.
Caso contrário, haverá uma defasagem maior no amplificador, o que faz com que a
fase do sinal realimentado seja diferente do 0º e isto fará com que o oscilador não
entre em operação.
Exercício proposto:
Analise o circuito da fig. 1.10 e determine:
1)A frequência de oscilação.
2)O ganho da malha de realimentação.
3)O ganho do amplificador para que fique garantido o início das oscilações.
A fig. 1.13 representa o circuito equivalente CA. Como o circuito de entrada está
ligado à porta, cuja resistência de entrada é supostamente muito alta, representa-se
pelo circuito aberto. O FET tem como equivalente uma fonte de corrente com o
valor dado por gm.Vgs em paralelo com a resistência de saída rd. O trafo pode ser
representado por uma indutância L no primário e um fator de acoplamento M.
A resistência série do trafo (que representa as perdas) pode ser considerada como
uma resistência efetiva em paralelo com o primário Reff = Qs2 . Rl. No circuito Qs é
o fator Q-série do trafo que é definido como:
QS = (2.π.ƒ.L) / Rs
Exercício
1) Calcular a fo e a transcondutância mínima (gm) do FET para o oscilador da
figura 1.12, que tem como valores:
rd = 40 k; L = 4mH; M = 0,1 mH; Rs = 50 e C = 1 pF.
M = K.
fo =
fo =
B = 1 / 29
Este valor é constante do circuito. Logo para que se faça o circuito oscilar, o ganho
do amplificador terá que ser 29 para que o produto A.B seja igual à unidade,
obedecendo assim o critério de Barkhausen.
Podemos considerar que a Zin do amplificador é infinita (carga ideal). Mas para
isto ser verdadeiro a frequência de operação tem que ser suficientemente baixa,
para que as capacitâncias do FET não influenciem a Zin. Outra consideração que
se faz necessária é que RL tem que ser baixa se comparada com a impedância da
malha de realimentação, para que o efeito de carga seja evitado.
Exercício: Desejamos fazer um circuito oscilador para a frequência de 1 kHz,
usando um FET cuja gm = 5000 S e rd = 40 k. Para o circuito de
(a) (b)
Figura 1.21 - Circuito RC de atraso.
(a) (b)
Da mesma forma:
Neste caso o angulo de fase é positivo o que caracteriza uma rede de avanço,
pois o sinal de saída está adiantado em relação ao sinal de entrada como mostra
o diagrama fasorial da fig. 1.22(b).
c) Circuito de Avanço-atraso
O circuito de realimentação do oscilador com Ponte de Wien é formado por um
circuito de avanço-atraso, fig. 1.23:
= 1
OSTENSIVO 1-32 5a REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
fr =
NOTA: A defasagem introduzida pelo circuito deve ser de 0º. No oscilador Ponte
de Wien, a fase será 0º quando as oscilações atingirem a uma fr = 1 / (2..R.C).
Logo podemos ajustar a fr variando os valores de R ou C, considerando que a
defasagem introduzida pelo amplificador é 0º. Para que isto aconteça é necessário
haver um compromisso entre a fr e a frequência critica do amplificador (fc).
fc > fr
Exercício:
Para o circuito abaixo determine:
Para utilização, o cristal é cortado como uma fatia retangular com espessura ‘t’,
como apresentado na fig. 1.28.
Comparados com um oscilador LC, notamos que os osciladores a cristal têm uma
tolerância na muito pequena.
fS =
Cloop =
fP =
Exercício:
CAPÍTULO 2
GERADORES DE ONDAS QUADRADAS
2.1 - CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ONDAS NÃO SENOIDAIS
Cada forma de onda não senoidal pode ser vista como a soma das amplitudes de ondas
senoidais espalhadas em uma banda de frequência. O espalhamento da banda depende da
forma de onda. Assim, o desenvolvimento de um sinal não senoidal através de um circuito
linear é uma função de espectro de frequência (espalhamento da banda) e das características
do circuito.
No estudo da técnica de pulsos, consideramos a relação entre o sinal não senoidal e o espectro
de frequência da seguinte maneira: se (t) é uma função periódica de "t" com um período T e
(t) existe no período de 0 a T, então para qualquer forma de onda não senoidal teremos:
f(t) = A0 +
Sendo que:
Também podemos afirmar que na expressão de (t), se (t) for par, os termos Bn = 0 e se (t)
for ímpar, os termos An = 0.
A expressão de (t) anteriormente mostrada é o que em matemática chamamos de série de
Fourier, que é um modelo matemático que transforma uma função que está no domínio do
tempo, para o domínio da frequência.
OSTENSIVO 2-1
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
(a) (b)
Figura 2.1 – Onda senoidal no domínio do tempo (a) e no domínio da frequência (b).
(a) (b)
Figura 2.2 - Sinal complexo visto no osciloscópio (a) e no analisador de espectro (b).
Podemos formar ondas não senoidais com elementos ativos como, TJB, válvulas ou CIs e com
elementos passivos como resistores e capacitores ou resistores e indutores. Estes circuitos
respondem expressões imediatas como integração e diferenciação.
Os sinais não senoidais ou complexos possuem uma infinidade de formas possíveis, porém as
mais amplamente usadas são: quadrada, dente de serra ou rampa e os pulsos ou impulsos.
OSTENSIVO 2-2
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
todas as amplitudes das harmônicas ímpares em fase com esta onda fundamental, cujas
Obs.: Harmônicos de uma frequência são os múltiplos desta frequência. Por exemplo, seja
uma frequência fundamental de 20 kHz, então teremos: 20 kHz (fundamental) 40 kHz (2°
harmônico); 60 kHz (3° harmônico); 80 kHz (4° harmônico); ...
Onde:
a = fundamental (f1); b = 2º harmônico (f2); c = 3º harmônico (f3); e d = resultante (a + b + c).
2.1.3 - Pulsos ou impulsos
A composição deste sinal complexo é feita pelo somatório das amplitudes senoidal
fundamental e das amplitudes de todas as suas harmônicas ímpares defasadas de 180º da
onda fundamental, em relação ao harmônico ímpar anterior.
2.2 - MULTIVIBRADORES
Com o desenvolvimento dos sistemas eletrônicos, houve a necessidade de se criar circuitos que
operem ou que forneçam sinais não senoidais.
Estes sinais podem ser definidos como variações momentâneas de tensões ou correntes e
podem incluir tensões de ondas retangulares ou quadradas, ondas triangulares e pulsos.
Os multivibradores são circuitos eletrônicos que geram em sua saída um sinal complexo de
onda quadrada. Estes sinais podem ser contínuos, como uma cadeia repetitiva de ondas
quadradas ou simples pulsos produzidos em intervalos retangulares de tempo.
OSTENSIVO 2-4
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Existem diversos tipos de multivibradores, cada um elaborado para uma aplicação específica.
Os circuitos multivibradores são muito usados em receptores de TV, osciloscópios,
computadores e sistemas digitais em geral.
Os circuitos multivibradores (figura 2.6) são normalmente constituídos por circuitos
integrados (CIs) ou por dois transistores polarizados no mesmo POE (Ponto de Operação
Estática), com a saída de um amplificador acoplada à entrada do outro, a fim de obter uma
realimentação positiva. Os transistores do circuito multivibrador trabalham um no estado de
corte e o outro no estado de saturação.
Com relação à estabilidade do estado de saída, estes poderão ser classificados como:
Biestáveis, Monoestáveis ou Astáveis.
A1
A2
OSTENSIVO 2-5
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
(a) (b)
Figura 2.7 - Multivibrador Biestável: representação em bloco (a) e diagrama de estados (b).
b) Circuito discreto
I) Condições iniciais
OSTENSIVO 2-6
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
c) Exercícios
I) Determine e represente as formas de onda do sinal de saída de um biestável cujo sinal
de disparo tem uma FRI (frequência de repetição de impulsos) de 800 pps.
II) Sabendo-se que a frequência do sinal de saída de um Biestável é uma FRI de 500Hz,
determine a TRI (tempo de repetição de impulsos) do sinal de disparo e represente as
formas de onda do sinal de saída do multivibrador e do sinal de disparo.
OSTENSIVO 2-7
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
(a) (b)
Figura 2.10 - Monoestável: representação em bloco (a) e diagrama de estados (b).
OSTENSIVO 2-8
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
b) Aplicações
Regenerador ou restaurador de pulsos; circuito de retardo; circuito de disparo automático;
circuito temporizador em alarmes; e aplicações diversas em circuito digitais.
c) Circuito discreto
Note que na fig. 2.12, na forma em que o circuito está polarizado, garante-se que ao se
estabelecer as condições iniciais Q1 estará cortado (OFF) e Q2 estará conduzindo (ON), o
que nos coloca como estado estável Q = 0 e Q’ = 1.
Ao se aplicar o disparo com a polaridade correta, este pulso tirará momentaneamente Q2
do estado ON, o que elevará o potencial de coletor e fará com que a tensão de base de Q1
se eleve, fazendo com que este entre em saturação.
Quando VCE de Q1 vai a zero volt, a fonte carrega C1 através de R3, fazendo a tensão de
base de Q2 se elevar até que a tensão no capacitor tire este transistor do corte, fazendo-o
saturar, o que novamente o coloca na situação anterior, ou seja, VCE(Q1) = 0 e
VCE(Q2) = 1.
O período de instabilidade do circuito depende dos valores de R3 e C1 para o circuito e de
uma constante que depende do tipo de componente a ele associado, ou seja: transistor,
FET ou CI. Para o caso do circuito discreto apresentado, o período de instabilidade será:
T = 0,69 . R3 . C1
OSTENSIVO 2-9
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
DC (%) =
TON é o tempo de instabilidade do One Shot, e TOFF é o tempo necessário para que o
circuito restabeleça as suas condições iniciais de operação. Logicamente se esta condição
for excedida, o circuito não poderá executar a sua função acertadamente.
Para cada tipo de One Shot (transistor, FET, Amp-Op ou CI) haverá um DC
correspondente. O DC limita a frequência de repetição de impulso (FRI).
Atualmente com o advento dos circuitos integrados digitais esta característica está sendo
posta de lado pelos circuitos conhecidos como “Retrigáveis”, cujo DC é ilimitado. Como
exemplos, podemos citar o 74122 (Fig. 2.14) que é um One Shot Retrigável da família
TTL e o 4098 (Fig. 2.15) que é um Dual One Shot Retrigável, da família C-MOS.
OSTENSIVO 2-10
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Exercícios
1) Sabendo-se que um “one shot” (Fig 2.13) está sendo disparado por um trem de
impulsos cuja FRI é de 1600 pps e que os componentes determinadores do período de
instabilidade são: R = 10 k e C = 0,02 F, faça um gráfico da forma de onda de saída,
admitindo que em condições iniciais de operação Q = 0 e Q’ = 1.
OSTENSIVO 2-12
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
OSTENSIVO 2-13
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
fo =
fo =
Exercícios:
1) No circuito analisado considere R1 = R2 = 30 k e C1 = C2 = 20 nF. Determine a
frequência de operação.
OSTENSIVO 2-14
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
I) Operação do circuito
Estabelecidas as condições iniciais G2 = “H” (nível alto) e G1 = “L” (nível baixo).
Esta polarização provocará a carga de C através de R.
Quando Vc > 0,5.VCC, a tensão de saída de G2 passa para “L” e a de G1 passa para
“H”. Sabemos que Vc não se altera instantaneamente, a tensão na entrada G2 aumenta
mais ainda, o que realimenta ainda mais a mudança de estado de G2.
O capacitor carrega-se agora no sentido contrário. Quando a tensão de entrada voltar
para 0,5.Vcc, a tensão de saída voltará novamente para “H”, logo, G1 = “L”.
Esta variação negativa é acoplada à entrada de G2, reiniciando o processo. Veja o
“timming” abaixo:
OSTENSIVO 2-15
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Quando a saída G2 é alta, a carga de C é feita através do paralelo entre R1 e R2, pois D1
está conduzindo. Mas na descarga, a corrente inverte e o diodo corta, o que faz com que o
caminho de descarga do capacitor se faça apenas através de R2. Se invertermos o diodo a
ação será ao contrário.
TLO = 1,1.(R1 // R2).C e THI = 1,1.R2.C fo = 1 / (TLO + THI)
OSTENSIVO 2-16
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Admitindo, inicialmente, que Q = H. Logo, o transistor de descarga está saturado, o que faz
a tensão do capacitor C se igualar a 0V. A tensão da entrada não inversora do AmpOp é
chamada de “tensão de limiar” e a tensão de entrada inversora é chamada de “tensão de
controle”.
Com Q = H e o transistor saturado, a tensão de limiar é mantida em 0V. A tensão de controle
é fixada em 10V.
Aplicando uma tensão H na entrada R do FF-SR, a saída Q = L, isto faz o transistor cortar, o
que acarreta a carga no capacitor através de R.
OSTENSIVO 2-17
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Conforme o capacitor aumenta sua carga a tensão de limiar cresce na mesma proporção.
Quando a tensão de limiar for levemente maior que a tensão de controle, a saída do AmpOp
[(Vout = (Vin1 – Vin2).A)] torna-se H fazendo com que Q = H, saturando o transistor e
fazendo com que a tensão no capacitor caia rapidamente. Vide a forma de onda representada
na fig. 2.23.
Quando a este pino é ligado um capacitor de descarga, toda vez que Q = H satura o transistor
e descarrega o capacitor. Quando Q = L, o transistor entra no corte e o capacitor pode ser
carregado. A saída do dispositivo está ligado ao pino 3. O pino 4 tem a função de desativar o
dispositivo toda vez que a ele for aplicado um nível de tensão LOW. Para liberar a operação,
conecta-se o pino 4 ao pino de alimentação 8.
O comparador inferior, tem na sua entrada invertida (pino 2) o potencial de disparo (trigger).
Devido ao divisor resistivo, a entrada não inversora tem um potencial fixo de VCC/3. Quando
a tensão de disparo se torna ligeiramente menor que Vcc/3, a saída do AmpOp se torna H e
OSTENSIVO 2-18
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
OSTENSIVO 2-19
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
OSTENSIVO 2-20
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Neste tipo de ligação, notamos que o caminho de carga do capacitor é um resistor formado
por RA + RB e o caminho de descarga é apenas RB. Como o tempo de carga é maior que o
tempo de descarga, teremos uma operação assimétrica do circuito, pois o estado H é maior
que o estado L. Como :
DC = TON / (TON + TOFF)
OSTENSIVO 2-21
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
OSTENSIVO 2-22
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Quando VIN diminui, até atingir o valor LTP (Lower Trigger Potential), Q1 = OFF e Q2 =
ON, de modo que a tensão de saída assume um valor próximo de VE.
Este circuito é projetado de forma que UTP LTP a diferença entre estes dois potenciais
(UTP - LTP) é conhecida como histerese do circuito, por analogia ao que acontece no
fenômeno da magnetização do ferro.
A fig. 2.31 ilustra a curva de transferencia VOUT = f (VIN), para um Disparador Schimitt.
No CI 7404 (TTL):
UTP = 0,95 V e LTP = 0,7 V
No CI 4050 (CMOS):
UTP = (VCC / 2) . [1 + (RI / RH)]
LTP = (VCC / 2) . [1 – (RI / RH)]
No circuito TTL, é necessário que o sinal de entrada provenha de uma fonte de baixa
impedância de saída. No circuito CMOS a impedância da fonte está limitada ao valor de RI,
fig. 2.32(b)
Apesar dos circuitos anteriores operarem relativamente bem dentro dos limites impostos, é
mais conveniente usarmos circuitos Schimitt Trigger já disponíveis na forma de CIs. Na
série TTL encontramos o 7413 que é um Dual Nand Gate four Input Schimitt Trigger ou o
7414 que é um Hex inverter Schimitt Trigger. Em ambos os casos, LTP = 0,9V e UTP =
1,7V com histerese de 0,8V.
OSTENSIVO 2-24
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
Na série CMOS, podemos citar o 4093 que é um Quad Two input Nand Gate Schimitt
Trigger. Neste circuito teremos duas faixas de histerese.
Para alimentação de 5V :
LTP = 2,3V e UTP = 2,9V e histerese de 0,6V
OSTENSIVO 2-25
a
5 REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
CAPÍTULO 3
CIRCUITOS GERADORES DE PULSOS
3.1 - OSCILADORES DE BLOQUEIO
O oscilador de bloqueio geralmente é utilizado como oscilador de comando para
sincronização de equipamentos. Ele é capaz de gerar pulsos ou impulsos de duração muito
curta, utilizados para disparar ou sincronizar outros circuitos no equipamento.
Os osciladores de bloqueio podem ser de dois tipos: livres e disparados.
Note que a diferença entre o oscilador de bloqueio livre e o monoestável é que, no livre, a
polarização de base é feita de modo que o amplificador esteja operando em sua região
O circuito da fig. 3.7 representa um gerador de rampa a partir de um one shot 555.
A ideia é substituir o resistor por uma fonte de corrente constante, para que o capacitor
se carregue através dela. Para o transistor do circuito teremos:
Quando o timmer recebe um pulso de disparo (VIN) (Fig. 3.8), a fonte de corrente força a
passagem de uma corrente de carga constante pelo capacitor, portanto a tensão de carga
do capacitor é uma rampa (VOUT) e a inclinação da rampa é dada por:
O fator de inclinação da rampa S é uma unidade que mostra qual a variação da tensão
em relação ao tempo. Se a corrente da fonte for de 0,22 mA e a capacitância de 22 F, a
rampa terá uma inclinação de :
S = I / C = 0,22 mA / 22 µF = 10,0 V / ms
Sabemos que um transistor pode funcionar como chave quando passa da saturação ao
corte e depois do corte à saturação. Substituindo a chave pelo transistor, temos o circuito
da fig. 3.10.
υ(t) =
Como exemplo do primeiro caso, vamos admitir que dispomos de um amplificador com
ganho A muito elevado, impedância de entrada infinita e impedância de saída igual a 0.
Vamos admitir que esse amplificador seja conectado ao circuito, como mostra o
esquema da fig. 3.12. Sendo o ganho do amplificador muito elevado e o valor máximo
da tensão Vs de saída prefixado, o valor máximo VE é muito pequeno, quando
comparado com a tensão VCC, de modo que a corrente I através do resistor R é
praticamente constante igual a:
I = VCC / R
Por outro lado, tendo em vista que a impedância de entrada do amplificador é muito
elevada, temos que a corrente I fluirá para o capacitor C. Desse modo I ≈ -ic. Sendo
constante a corrente que flui para o capacitor C, a tensão entre seus terminais cresce
linearmente com o tempo. A tensão entre os terminais do capacitor C pode ser dada por:
VC = VS – VE = -A.VE – VE = -VE.(A + 1)
Por outro lado, tendo em vista a relação I = Vcc / R, podemos concluir que:
VE = (VCC . t) / R.C.(A +1)
Nessas condições, podemos observar que tudo se passa como se dispuséssemos de uma
tensão VCC multiplicada pelo ganho do amplificador e um resistor (A + 1) vezes maior
que o resistor R.
Como segundo caso, vamos adimitir que dispomos de um quadripolo cujo ganho A é tão
proximo de 1 quanto possível e que tenhamos, também nesse caso, impedância de
entrada praticamente infinita e impedância de saída praticamente igual a 0. Reportando-
nos ao diagrama em blocos delineado na fig. 3.13, temos esquematizado um gerador
linear de varredura denominado de Bootstrap usando um amplificador desse tipo.
A tensão VB, durante o período que a chave de entrada está fechada é igual à tensão
presente nos terminais do capacitor C2. Esse capacitor tem normalmente um valor muito
elevado, de modo a manter com grande precisão a tensão entre seus terminais durante o
período de duração da tensão de varredura.
Vamos supor que abrimos agora a chave de entrada. O capacitor C1 de entrada começa
então a receber cargas através do resistor R1 e, desse modo, a tensão entre seus
terminais Ve começa a aumentar de valor.
Como o ganho de tensão é praticamente igual a 1, a tensão de saída VS tende a
acompanhar exatamente o valor da amplitude da tensão de entrada. Por outro lado, como
Então:
Podemos observar que, tanto no primeiro caso de uso de amplificador como no caso
atual, consideramos especificações e condições ideais que são muito difícies de ser
preenchidas, na prática.
Vamos, nas duas subseções seguintes, usando os princípios expostos nesta introdução,
implementar, em termos de circuitos, os geradores de varredura linear tipo Miller e tipo
Bootstrap.
O transistor Q2 atua como uma chave de entrada. A polarização é feita de forma que
estabelecidas as condições iniciais, este transistor estará saturado e o transistor Q1
cortado.
O transistor Q2 será levado ao corte, se aplicarmos à sua entrada um pulso negativo de
tensão, logicamente satisfazendo a condição de que R1 . C1 >>> , sendo a largura
máxima do pulso de entrada.
Saturado Q2, a tensão entre o ponto A e terra é de 0,3V, então a tensão de carga do
capacitor C2, inicialmente será de VCC - 0,3V, sendo 0,3V = VCE de saturação de Q2.
Aplicado o pulso de entrada, Q2 irá ao corte e a tensão do ponto A para terra passa de
0,3V para 0,6V, ponto em que Q1 passa a conduzir, descarregando linearmente C2.
Assim, a tensão de saída a cair linearmente com o tempo.
A queda de tensão cessa quando Q1 entra em saturação. Q1 permanece nessa condição
até que Q2 seja novamente levado à saturação pelo término do pulso negativo aplicado à
sua entrada.
B, devido à pequena descarga de C3 menor do que VCC - 0,6V, o que faz o diodo D1
conduzir imediatamente, mantendo a tensão do ponto B nesse valor.
Vamos estudar a operação do circuito gerador de varredura linear esboçado na fig. 3.18.
Para isso, admitamos que, no instante t1, o transistor Q1 seja cortado. Nessas condições,
a tensão no ponto A em relação à terra é + 0,3V.
Por outro lado, o transistor Q2, sendo um seguidor de emissor, encontra-se sempre na
região ativa, de modo que a tensão de saída, no instante t1 de corte do transistor Q1, é
aproximadamente -0,3V. Nesse mesmo instante, a tensão no ponto B em relação à terra
é VCC - 0,6, de modo que a corrente que circula pelo resistor R2 pode ser dada por:
IR2 = (VCC - 0,9) / R2
Essa corrente se divide em três partes. Uma é usada para carregar o capacitor C2, outra
para fornecer a corrente de base do transistor Q2 e, finalmente, a última parte serve para
fornecer a corrente Icb01, que é a corrente de fuga coletor-base, com emissor aberto, do
transistor Q1 que está cortado.
Estudando as formas de ondas da fig. 3.19:
No instante em que o transistor é cortado, a tensão no ponto A começa a crescer
linearmente com o tempo. A tensão no ponto A cresce até o ponto que o transistor Q2
entre em saturação e aí permanece até que o transistor Q1 passe novamente do corte à
saturação.
Quando o transistor Q1 passar novamente à saturação, o valor da tensão do ponto A
cairá a 0,3V e a tensão de saída passará a ter o valor -0,3V, deixando o circuito apto a
OSTENSIVO 3-17 5a REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-064E
novo ciclo de varredura. O leitor pode observar que o valor máximo da tensão no ponto
B atinge a soma de 2.VCC – 0,9V. Observe, ainda, que, quando o transistor Q1 retorna à
saturação, descarrega automaticamente o capacitor C2. Dessa forma, não temos, no
circuito Bootstrap, as mesmas dificuldades que tínhamos no circuito de varredura linear
de Miller, na recarga do capacitor C2, recarga essa que limitava sensivelmente a
máxima velocidade de operação do gerador de varredura.
Estes tipos de varreduras estudados são aplicados em sistemas que usam varredura
eletrostática, como por exemplo, o circuito vertical e horizontal dos osciloscópios. A
varredura é feita através de tensão e por isso é gerado, pelo sinal de saída, um campo
eletrostático na carga, daí o nome varredura eletrostática. Podemos concluir que a
varredura eletrostática é gerada por um sinal de tensão cuja variação é linear.
O circuito opera como um gerador de varredura linear de tensão. Note que Q1 é a chave
que dá o início da varredura. Q2 com os seus componentes associados opera no princípio
de um gerador de rampa do tipo Bootstrap, que gera no seu emissor ponto A, uma tensão de
varredura linear a partir de 0,3V até um valor máximo de Vcc - 0,3V.
Quando VA = -0,3V, a tensão em Ref é igual a VCC - 0,3V, considerando Q3 na região ativa.
Iniciada a varredura em T = to, a tensão no ponto A começa a crescer linearmente, fazendo
com que a corrente Ib de Q3 caia linearmente, e como IC = .IE, isto resulta em uma
queda linear na corrente de coletor, o que gera uma varredura linear de corrente.
No caso das VRC que usam deflexão eletromagnética, aplicamos às bobinas de deflexão
um degrau de tensão, utilizando para isto um circuito que tem a operação análoga do
circuito da fig. 3.21.
Nesse circuito Q1 tem o ponto de operação estática fixado no corte. A tensão através da
bobina é zero volt. Aplicado um pulso de disparo, conforme mostrado na fig. 3.21, e este
pulso levando o transistor à saturação, a tensão sobre a bobina valerá: VL = VCC - 0,9V.
A tensão de 0,9V é a soma da tensão do diodo com o VCE do transistor saturado.
A função de D1 e D2 é proteger o transistor e sua ação se faz presente quando esse
dispositivo é levado novamente ao corte. De fato, sendo o transistor levado ao corte, temos
uma energia acumulada no indutor dada por:
E = ½ ( L . IL2max )
Como esta energia não pode ser dissipada instantaneamente, a corrente ILmax continua
circulando pelo indutor, fazendo com que a tensão no ponto A e a tensão no ponto B
aumentem até que a tensão no ponto A atinja um valor igual a VCC + 1,2V.
Neste ponto, D2 conduz fixando a tensão no ponto B em VCC + 0,6V. É possível em
algumas circunstâncias que a tensão no ponto A tenda a ficar negativa com relação à tensão
no ponto B devido à energia acumulada no indutor. Nesse caso o diodo D1 deixa de
conduzir e isola o indutor do resto do circuito.
O circuito da fig. 3.22 mostra uma forma de gerar varredura de corrente diretamente pelo
uso de um indutor.
CAPÍTULO 4
CIRCUITOS CONTROLADORES DE FREQUÊNCIA
4.1 - OSCILADOR CONTROLADO POR TENSÃO (VCO)
O VCO é um circuito que fornece um sinal variante de saída (tipicamente uma forma de
onda quadrada ou triangular) cuja frequência é controlada por uma tensão DC. Para a baixa
distorção na demodulação de sinais FM, um alto grau de linearidade é necessário ao passo
que num filtro de acompanhamento não é importante este desempenho do VCO.
Note que apenas dois amplificadores operacionais são necessários, um é usado para
integrar a tensão DC de entrada de controle, VC, e o outro é conectado como um Schimitt
Trigger o qual monitora a saída do integrador.
O disparo do circuito é usado para controlar o Clamp do transistor Q1. Quando Q1 está
conduzindo a corrente de entrada I2 é desviada para massa. Durante este meio ciclo a
corrente de entrada I1 causa na tensão de saída do integrador uma rampa de descida, para
o menor ponto da forma de onda triangular (saída 1).
O Schimitt Trigger troca o estado de saída e o transistor Q1 corta. A corrente I2 é
exatamente o dobro do valor de I1 (R2 = R1 / 2), semelhante à corrente de carga (a qual é
a meio período (T/2) da frequência de saída e pode ser determinada através da resolução da
equação básica para o integrador:
Vo = (1)
Como I1 é uma constante (para um dado valor de VC) que é calculada por:
I1 = (2)
f = 1 / T = [ I1 / 2(VH – VL)]C
Portanto, uma vez que, VH, VL, R1 e C são valores fixos, a frequência de saída, f , é uma
função linear de I1 (como desejado para o VCO).
Para fazer com que fout = fmín ( = 0) quando VC = 0 . Em geral, se estes resistores tem o
fator 10 para o seu correspondente resistor (RB para R1 e RA para R2), uma grande razão
de controle e frequência pode ser executada.
Atualmente se VC ultrapassar a faixa de alimentação especificada por +V o circuito não
executará a função corretamente.
A frequência de saída pode ser aumentada através da redução da variação pico a pico da
forma de onda triangular (saída 1), se ajustarmos os pontos de excursão da saída do
Schimitt trigger. O limite é excedido quando a velocidade de varredura da onda triangular
de saída excede à taxa de subida (SLEW RATE) limite do Amplificador Operacional. Como
exemplo, o CI 741 tem uma SR = 0,5 V / s.
A fig. 4.3 mostra o diagrama em blocos interno e identifica os pinos do CI 566, além de
apresentar resumidamente as fórmulas e faixas de valores válidas para o CI.
A qual cai dentro da faixa especificada pelo fabricante que é de 0,75V + = 9V, para o
caso.
Calculando a frequência:
Outro exemplo é mostrado na fig. 4.5, onde a frequência da onda quadrada pode ser
ajustada usando a tensão de entrada, VC.
A frequência da onda quadrada poderá ser variada usando R3 dentro de uma faixa de
frequência de pelo menos 10:1.
Se ao invés de variarmos um potenciômetro para mudar o valor de VC, uma tensão
modulante de entrada, VIN, pode ser aplicada como mostrado na fig. 4.6.
A sigla PLL, de Phase Locked Loop, significa Elo (de realimentação) Fechado por Fase.
O coração de um PLL é o VCO. Como o PLL pode ser empregado em muitas aplicações,
a requerida linearidade de característica de transferência (frequência de saída versus tensão
DC de entrada) depende da aplicação.
Um PLL é composto por diversos blocos, sendo o diagrama mostrado na figura abaixo uma
de suas versões mais utilizadas (Fig. 4.7).
c) VCO
Oscilador Controlado por Tensão gera um sinal cuja frequência fv depende da tensão de
controle VC.
Observação: para cada valor de fe dentro da faixa de sincronismo (Fs), existe um único
valor para uma diferença de fase e VC, constantes. Como a frequência é proporcional à
derivada da fase e, a derivada de uma constante é zero, a diferença entre fe e fv é zero e,
portanto, as duas frequências são exatamente iguais, não importando o valor do erro de
fase, desde de que fique constante.
(obs.: na figura do comportamento do PLL acima, na verdade, as retas inclinadas estão uma
em cima da outra, sendo destacadas lado a lado apenas para melhor visualização)
Conclusão: para o PLL poder sincronizar-se (travar) a partir da condição não travada, é
preciso que fe esteja acima de f1 ou abaixo de f3, ou seja, dentro da faixa de aquisição
Fa = f3 – f1.
Uma vez sincronizado, o PLL se mantém sincronizado desde que fe não passe acima de
f2 e nem abaixo de f4, ou seja, fe não saia da faixa de sincronismo Fs = f2 - f4.
Obs.: Fa é menor ou no máximo igual a Fs, dependendo do projeto do PLL.
As curvas mostram como se comporta um PLL com resposta de segunda ordem. Podemos
observar que além do atraso no tempo, podem ocorrer oscilações amortecidas até que seja
atingido o valor final. Estas oscilações provocam a ultrapassagem momentânea do valor
final, para mais ou menos. O comportamento do PLL depende do fator de amortecimento
, que depende essencialmente do filtro e do ganho do elo.
Na fig. 4.10, valores do fator de amortecimento inferiores a 1 (sub-amortecido) têm
resposta mais rápida porém às custas de oscilações. Valores maiores que 1 (super
amortecido) não têm oscilações, mas um tempo de resposta mais lento.
O valor adequado do fator de amortecimento depende muito da aplicação na qual o PLL é
empregado: por exemplo, para extrair uma portadora no meio do ruído usa-se fator de
amortecimento alto, mas para extrair o sinal modulante em FM ou PSK, o fator de
amortecimento deve ser mais baixo, para que o PLL consiga acompanhar as variações
rápidas de frequência.
4.2.4 - Vantagem
Considerando apenas o funcionamento estático, não tem muita vantagem o uso do PLL,
pois ele apenas gera uma réplica do sinal de entrada, desde que a sua frequência esteja
dentro das faixas Fa e Fs, a não ser que permita demodular um sinal FM, o que pode ser
feito com outros circuitos mais simples como os discriminadores.
Considerando o seu comportamento dinâmico ou transiente, o grande mérito do PLL é que
ele consegue gerar uma réplica limpa e quase sem ruído de um sinal misturado com ruído,
interferências, com tremor de fase e até mesmo com cortes de curta duração. Portanto o
PLL permite reconstituir ou recondicionar sinais deteriorados pelo ruído, ou ainda, separar
um determinado sinal no meio de muitos outros.
usado para, em conjunto com o Rint (3,6 k), fixar a banda passante do filtro de passa
baixas.
A saída do VCO (pino 4) deve ser conectada à entrada do detector de fase (fig. 4.13).
O CI 565 usa duas fontes de tensão V+ e . A fig. 4.15 mostra o PLL conectado
O sinal no pino 4 é uma onda quadrada de 136,36 kHz. Um sinal de entrada dentro da
faixa de amarração de 181,8 kHz produz um sinal de saída no pino 7 variando em torno
do seu nível de tensão DC, de acordo com a frequência fin.
A fig. 4.15 mostra a saída do pino 7 em função da fin. A tensão DC do pino 7 está
relacionada linearmente com a frequência do sinal de entrada (f in), dentro da faixa de
frequência FS = 181,8 kHz, em torno da frequência central 136,36 kHz. A tensão
de saída é o sinal demodulado cujo valor varia com a frequência dentro da faixa de
operação especificada.
b) Decodificador FSK
O decodificador recebe um sinal em uma das duas frequências de portadora, 1270 Hz ou
1070 Hz, representando os níveis lógicos RS-232C de marcas (-5v ) ou de espaços (+14
v), respectivamente.
Quando o sinal é aplicado à entrada, a malha se “amarra” à frequência de entrada,
rastreando-a entre os dois possíveis valores. Na saída obtém-se um deslocamento
correspondente do nível DC.
Um decodificador de sinal FSK (Frequency Shift Keyed), pode ser construído como
mostrado na fig. 4.16.
O oscilador de referência gera um sinal de 100 kHz que é sucessivamente dividido até que
a saída do último divisor seja de 10 Hz. A grande estabilidade do oscilador de referência
garante a estabilidade dos sinais divididos e, por decorrência, todos os harmônicos e sub-
harmônicos gerados.
A fig. 4.18 mostra um diagrama completo de um sintetizador.
O sinal do gerador é distorcido para formar uma onda quadrada, através de qualquer
processo dos estudados, como por exemplo a aplicação de um Schimitt trigger. O sinal
senoidal não possui harmônicos de ordem superior, enquanto o quadrado pode ser
decomposto em vários harmônicos, como visto anteriormente e é mostrado na fig.4.20.
Por exemplo, um sinal quadrático de 100 kHz, tem harmônicos de 300, 500, 700, 900, ...
kHz, sempre acrescentando os múltiplos ímpares da frequência fundamental.
Por outro lado, o batimento de um sinal de 100 kHz com o sinal de 300 kHz produz
harmônicos tanto em 200 quanto em 400 kHz.
O processo de batimento é rigorosamente idêntico ao aplicado nos receptores AM, onde se
produz um batimento do sinal de entrada com o sinal do oscilador local, o que gera a
frequência intermediária (FI).
Um sistema de filtros é usado para recolher os sinais desejados. Observe que nesse
processo foram gerados sinais de 100 e 900 kHz, em degraus de 100 kHz.
O gerador espectral tem, portanto, um grande número de saídas (nove no caso visto).
Apenas uma delas deve ser usada. Para seleção da saída é colocado um seletor de
harmônicos. Tais seletores nada mais são que chaves eletrônicas que apenas conectam uma
das saídas aos blocos seguintes do sintetizador.
O sinal do oscilador de referência é dividido por 10. A frequência de entrada do gerador
espectral 2 é de 10 kHz. O mesmo processo é repetido neste gerador. Como resultado as
saídas deste gerador apresentarão sinais de 10 a 90 kHz, em degraus de 10 kHz.
O processo é repetido de tal forma a produzir sinais de 1 Hz a 900 kHz nas saídas dos
geradores espectrais.
OSTENSIVO 4-19 5a REVISÃO
OSTENSIVO CIAA 117-64E
Preescaler divisor por 10, por exemplo, é suficiente para aumentar a frequência máxima do
sintetizador básico para cerca de 300 MHz.
Contudo, surge aqui uma dificuldade: o espaçamento entre as frequências geradas pelo
sintetizador irá aumentar pelo mesmo fator de divisão do Preescaler ( P). Para P = 10, o
espaçamento entre as frequências aumentará para 200 kHz no sintetizador básico.
O espaçamento entre as freqüências, em um sintetizador com Preescaler, é dado por:
f = fr / (R / P) ou f = (fr . P) / R
Onde:
f – espaçamento entre frequências
P – fator de divisão do Preescaler
R – fator de divisão da referência
fr – frequência do oscilador de referência
Uma possível solução para esse problema seria aumentar R na mesma quantidade de P,
porém, isso iria diminuir a freqüência dos sinais presentes nas entradas do comparador de
fase, exigindo um filtro de elo com muito maior capacidade de filtragem.
Na prática, ocorre o aumento da quantidade de ruído presente no sinal gerado pelo
sintetizador e, também, o aumento do tempo de acomodação (ta) do PLL, havendo maior
retardo para o sintetizador obedecer aos comandos de mudança de freqüência.
Este tipo de sintetizador é mais usado nas faixas de VHF, UHF e SHF. Ele possui ótima
pureza espectral, ou seja, o sinal gerado possui pouco ruído sobreposto.
Exibe também um curto tempo de acomodação, respondendo rapidamente aos comandos
para mudança de frequência.
Outra característica vantajosa é que o divisor programável opera em uma frequência
relativamente baixa, para a faixa de operação, geralmente inferior a 10 MHz ou 20 MHz,
mesmo nos equipamentos de UHF.
Obs.:
Tempo de acomodação (ta): é o tempo requerido para que a resposta transitória do PLL
permaneça entre 0,95 a 1,05 do valor permanente, após uma mudança súbita da frequência
do sinal de entrada.
ANEXO A
BIBLIOGRAFIA