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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO


TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEMAT – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

CIRCUITOS ELÉTRICOS
em corrente contínua
Fundamentos para o Ensino Técnico − MECATRÔNICA − ELETROMECÂNICA

PROF. ANDRÉ BARROS DE MELLO OLIVEIRA PROF. EMERSON GUILHERME ALVES ESTEVAM

Campus Nova Suíça − Belo Horizonte

 MINAS GERAIS
Julho de 2023 Departamento de
Engenharia de Materiais
2 CEFET-MG - Ensino Técnico

Campus Nova Suíça – Belo Horizonte

Av. Amazonas 5253 - Nova Suíça - Belo Horizonte - MG - Brasil


CEP 30.421-169 - Telefone: +55 (31) 3319-7000
Circuitos Elétricos em CC 3

“A persistência é o caminho do êxito.”


(Charles Chaplin)

“A vida é como andar de bicicleta. Para manter


seu equilíbrio você deve continuar em movimento.”
(Albert Einstein)
4 CEFET-MG - Ensino Técnico

Lista de alguns termos e siglas da área Eletroeletrônica

A - Abbreviation for "ampere" a unit of electrical current.


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Órgão responsável pela normalização técnica no Brasil,
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Trata-se de uma entidade privada e sem
fins lucrativos e de utilidade pública, fundada em 1940.
AC/DC - Equipment that will operate on either an AC or DC power source.
AC generator - Device used to transform mechanical energy into AC electrical power.
AC voltage - A voltage in which the polarity alternates.
AC – Alternating Current. Polarity current moving from positive to negative.
Amplitude - the strength of an electronic signal.
AOP ou Amp-Op – Amplificador Operacional.
ANSI – American National Standards Institute, Instituto de normas dos Estados Unidos que publica recomendações
e normas em praticamente todas as áreas técnicas.
AWG - Abbreviation for "American wire gauge". A gauge that assigns a number value to the diameter of a wire.
Beta - (b) The ratio of collector current to base current in a bipolar junction transistor (BJT).
Bipolar junction transistor - (BJT), A three terminal device in which emitter to collector current is controlled by base
current.
BJT – Bipolar Junction Transistor.
CA – Corrente Alternada.
CAD - Abbreviation for "computer aided design"
Center TAP - Midway connection between the two ends of a winding.
Center tapped rectifier - Circuit that make use of a center tapped transformer and two diodes to provide full wave
rectification.
Center tapped transformer - A transformer with a connection at the electrical center of a winding.
CC – Corrente Contínua.
DC – Direct Current (corrente contínua).
Direct Current / DC - consistent current that moves in one direction.
Earth - a source that grounds the rest of the electronics.
Farad - a unit of measurement used with capacitance.
GND – de Ground (terra). Potencial de referência de um circuito elétrico, tomado como nível zero (0 V).
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos)
LCD – Liquid Cristal Display (Tela de Cristal Líquido)
LDR – Light Dependent Resistor
LED - Light Emitting Diode (diodo emissor de luz)
MOSFET – Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor.
 - Rendimento.
Op-Amp – Operational amplifier.
RMS – Root Mean Square (valor médio quadrático).
RPM (ou rpm) – Rotações por minuto.
TJB - transistor (ou transistor) de junção bipolar.
VCC – Tensão Contínua (o mesmo que VDC).
RMS - acronym meaning Root Mean Squared.
Volt - unit measuring electromotive force.
Watt - unit measuring power.

Fontes:

1) Glossary / Dictionary of Electronics Terms, em http://www.hobbyprojects.com/dictionary/a.html


2) Glossary of Electronic Terms - http://www.datarecoverylabs.com/electronic-glossary.html
3) Electronic Engineering Electronic - http://www.interfacebus.com/Glossary-of-Terms.html
4) Dicionário Inglês-Português online: http://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/
Circuitos Elétricos em CC 5

Alfabeto Grego Prefixos SI*


Nome
Maiúsculas Minúsculas
Clássico
A  Alfa Fator Prefixo Símbolo
B  Beta 10-3 mili m
  Gamma 10-6 micro 
  Delta 10-9 nano n
E  Epsilon 10-12 pico p
Z  Zeta 103 quilo k
H  Eta 106 mega M
  Theta 109 giga G
I  Iota 1012 tera T
K  Kappa * SI: Sistema Internacional de Unidades, é um conjunto sistematizado e
  Lambda padronizado de definições para unidades de medida, utilizado em quase
todo o mundo moderno, que visa a uniformizar e facilitar as medições e
M  Mu as relações internacionais daí decorrentes.
N  Nu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Internacional_de_Unidades
  Xi (ksi)
O  Omicrón
  Pi
P  Rho
  Sigma
T  Tau
Y  Upsilón
  Phi
X  Chi
  Psi
  Ômega

Circuito elétrico e componentes mais usuais.


6 CEFET-MG - Ensino Técnico

Sumário

Capítulo 1 – Introdução ao Estudo de Circuitos Elétricos .................................................................................... 10

1.1 - Introdução ...................................................................................................................................................... 10

1.2 – O Sistema Internacional de unidades - SI ...................................................................................................... 10

1.3 – Prefixos métricos ........................................................................................................................................... 11

1.4 – Potências de 10 .............................................................................................................................................. 11

1.5 – Notação científica .......................................................................................................................................... 12

1.6 – Diagramas elétricos e símbolos gráficos ....................................................................................................... 13

1.7 – Grandezas elétricas ........................................................................................................................................ 18


1.7.1 – Algumas definições básicas ................................................................................................................... 18
1.7.2 – A carga elétrica ..................................................................................................................................... 18
1.7.3 - Lei das cargas elétricas.......................................................................................................................... 19
1.7.4 - Campo eletrostático ............................................................................................................................... 19
1.7.5 – Lei de Coulomb...................................................................................................................................... 20
1.7.6 – Diferença de potencial (d.d.p.) .............................................................................................................. 21
1.7.7 – Corrente elétrica.................................................................................................................................... 22
1.7.8 – Tensão elétrica ...................................................................................................................................... 23

Capítulo 2 – Resistência elétrica, fontes de tensão e de corrente .......................................................................... 27

2.2 – Fontes de tensão e de corrente ....................................................................................................................... 28


2.2.1 – Fontes independentes ............................................................................................................................ 28
2.2.2 – Fontes dependentes................................................................................................................................ 30
2.2.3 – Associação de fontes de tensão e de corrente ........................................................................................ 31
2.2.3.1 – Associação de fontes de tensão em série .......................................................................................................... 31
2.2.3.2 – Associação de fontes de tensão em paralelo .....................................................................................................32
2.2.3.3 – Associação de fontes de corrente em paralelo ..................................................................................................33

2.3 – Resistência elétrica ........................................................................................................................................ 34


2.3.1 – Aspecto construtivo e aplicações dos resistores .................................................................................... 36
2.3.2 - Código de Cores ..................................................................................................................................... 38

2.4 – Condutância elétrica ...................................................................................................................................... 41

2.5 – A primeira Lei de Ohm ................................................................................................................................. 41

2.6 – A segunda Lei de Ohm .................................................................................................................................. 43

2.7 – Potência e energia elétricas em circuitos resistivos ....................................................................................... 45


2.7.1 – Potência elétrica .................................................................................................................................... 45
2.7.2 – Energia elétrica ..................................................................................................................................... 45
2.7.3 – Convenção de sinais para a potência .................................................................................................... 46
Circuitos Elétricos em CC 7

Capítulo 3 – Circuitos Elétricos em Corrente Contínua ........................................................................................ 51

3.1 – O circuito série de resistores.......................................................................................................................... 51


3.1.1 – Potência total em um circuito série ....................................................................................................... 53

3.2 – O circuito paralelo e a associação paralelo de resistores ............................................................................... 53


3.2.1 – Caso particular: dois resistores conectados em paralelo ..................................................................... 54
3.2.2 – A potência em circuitos paralelo ........................................................................................................... 54

3.3 – Circuitos série-paralelo (mistos).................................................................................................................... 57

3.4 – Leis de Kirchhoff .......................................................................................................................................... 57


3.4.1 – Lei de Kirchhoff das Tensões, LKT ........................................................................................................ 58
3.4.2 – Lei de Kirchhoff das Correntes, LKC .................................................................................................... 58

3.5 – Medição de tensão e corrente ........................................................................................................................ 59


3.5.1 – Medidas de tensão ................................................................................................................................. 60
3.5.2 – Medidas de corrente .............................................................................................................................. 60

3.6 – Circuitos divisor de tensão e de corrente ....................................................................................................... 61


3.6.1 – Regra do divisor de tensão .................................................................................................................... 61
3.6.2 – Divisor de corrente ................................................................................................................................ 61

3.7 – Transformações de Fontes ............................................................................................................................. 63

3.8 – Transformações de Redes: triângulo () para estrela (Y) e vice-versa ......................................................... 65

Capítulo 4 – Métodos de Análise de Circuitos Elétricos em CC ........................................................................... 75

4.1 – Introdução ..................................................................................................................................................... 75


4.1.1 – Conceitos importantes ........................................................................................................................... 75

4.2 – Análise através das Leis de Kirchhoff ........................................................................................................... 81


4.2.1 – Método das correntes nas malhas e a regra de Cramer ........................................................................ 81
4.2.2 – Análise Nodal ou método das tensões de nó .......................................................................................... 83

Capítulo 5 – Teoremas Aplicados na Análise de Circuitos em CC ....................................................................... 89

5.1 – Introdução ..................................................................................................................................................... 89

5.2 – Teoremas de Thévenin e de Norton ............................................................................................................... 89

5.3 – Teorema da máxima transferência de potência ............................................................................................. 90

5.4 – Teorema da Superposição ............................................................................................................................. 93

5.5 - Circuito Ponte de Wheatstone ........................................................................................................................ 97

Capítulo 6 – Capacitores: fundamentos e aplicações ........................................................................................... 102

6.1 – Capacitor e capacitância .............................................................................................................................. 102


6.1.1 – Capacitância........................................................................................................................................ 103
6.1.2 – Símbolos do capacitor ......................................................................................................................... 104
8 CEFET-MG - Ensino Técnico

6.2 – Capacitor de placas paralelas....................................................................................................................... 104

6.3 – Permissividade elétrica ................................................................................................................................ 105

6.4 − Cálculo da capacitância ............................................................................................................................... 107

6.5 − Processo de carga do capacitor.................................................................................................................... 108

6.6 – Rigidez dielétrica......................................................................................................................................... 112

6.7 – Tipos de Capacitores ................................................................................................................................... 113

6.8 – Associação de capacitores ........................................................................................................................... 114


6.8.1 – Associação em série............................................................................................................................. 115
6.8.2 – Associação em paralelo ....................................................................................................................... 117

Capítulo 7 – Circuito RC: processos de carga e descarga de capacitores .......................................................... 122

7.1 – Introdução ................................................................................................................................................... 122

7.2 – Comportamento do capacitor frente a um degrau de tensão ........................................................................ 122

7.3 – Transitório de carga de um capacitor .......................................................................................................... 123

7.4 – Influência da constante de tempo do capacitor ............................................................................................ 129

7.5 – Equação geral para transitórios de carga e descarga de um capacitor ......................................................... 130

7.6 – Circuito equivalente de Thévenin ................................................................................................................ 131

7.7 – Transitório de descarga de um capacitor ..................................................................................................... 133

7.8 − Energia armazenada em um capacitor ......................................................................................................... 134

Capítulo 8 – Magnetismo, eletromagnetismo e campo magnético ...................................................................... 143

8.1 – Introdução ................................................................................................................................................... 143

8.2 – Campo magnético e materiais magnéticos .................................................................................................. 145


8.2.1 – Materiais magnéticos .......................................................................................................................... 147
8.2.2 – Permeabilidade magnética .................................................................................................................. 149
8.2.2.1 – Permeabilidade magnética relativa, r............................................................................................. 150
8.2.2.2 – Tipos de materiais magnéticos ......................................................................................................... 150
8.2.3 – Ímãs naturais e artificiais .................................................................................................................... 151
8.2.4 – Propriedades dos ímãs ........................................................................................................................ 152

8.3 – O campo magnético e linhas de força .......................................................................................................... 155

8.4 – Fluxo magnético () e indução magnética, B .............................................................................................. 156

8.5 – Relutância, ............................................................................................................................................... 157

8.6 – Lei de Ohm para circuitos magnéticos ........................................................................................................ 157

8.7 – Força ou magnetizante campo magnético, H............................................................................................... 158


Circuitos Elétricos em CC 9

8.8 – Curvas de Histerese ..................................................................................................................................... 160

8.9 – Circuitos magnéticos ................................................................................................................................... 165


8.9.1 – Lei de Ampère para circuitos magnéticos ........................................................................................... 166
8.9.2 – Distribuição do fluxo magnético ......................................................................................................... 167
8.9.3 – Circuitos magnéticos em série ............................................................................................................. 168
8.9.4 – Circuitos magnéticos em série-paralelo .............................................................................................. 171

Capítulo 9 – Indutores e indutância. Circuitos RL: carga e descarga. ............................................................... 176

9.1 – Indutância .................................................................................................................................................... 176


9.1.1 – Características das bobinas ................................................................................................................ 178
9.1.2 – Associação de Indutores ...................................................................................................................... 181
9.1.2.1 – Indutores em série .......................................................................................................................................... 181
9.1.2.2 – Indutores em paralelo ..................................................................................................................................... 183

9.2 – Estudo de Transitórios RL: carga e descarga .............................................................................................. 185


9.2.1 – Corrente transitória crescente no circuito RL: carga do indutor........................................................ 185
9.2.2 – Corrente transitória decrescente no circuito RL: descarga do indutor .............................................. 190

9.3 – Armazenamento de energia em um indutor ................................................................................................. 191

Apêndice I – A Regra de Cramer .......................................................................................................................... 192

Apêndice II – Análise computacional para circuitos elétricos ............................................................................ 196


10 CEFET-MG - Ensino Técnico

Capítulo
1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Capítulo 1 – Introdução ao Estudo de Circuitos Elétricos
1.1 - Introdução

O objetivo deste capítulo é apresentar o conceito de um circuito elétrico e também as suas


principais grandezas elétricas, como tensão, corrente, potência e resistência. São apresentados também
exemplos de diagramas elétricos e símbolos gráficos.

1.2 – O Sistema Internacional de unidades - SI

A engenharia moderna é uma profissão na qual equipes de engenheiros trabalham em projetos


multidisciplinares; para que esses engenheiros se comuniquem com facilidade, é essencial que todos
utilizem o mesmo sistema de unidades. O Sistema Internacional de Unidades, ou sistema SI, é adotado
pelas principais sociedades de engenharia e pela maioria dos engenheiros do mundo inteiro (NILSSON,
1999). As sete unidades básicas do SI são (GUSSOW, 2004): comprimento, massa, tempo, corrente
elétrica, temperatura termodinâmica, intensidade luminosa e quantidade de matéria (Tabela 1.1). As duas
unidades suplementares do SI são o ângulo plano e o ângulo sólido (veja a Tabela. 1.2).

Tabela 1.1 - Unidades fundamentais do Sistema Métrico Internacional.


Unidade
Grandeza Símbolo
Fundamental
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura termodinâmica kelvin K
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de matéria mole mol

Tabela 1.2 - Unidades Suplementares do SI.


Grandeza Unidade Fundamental Símbolo
Ângulo plano Radiano rad
Ângulo sólido Estereorradiano sr

Outras unidades usuais podem ser deduzidas a partir das unidades fundamentais e das unidades
suplementares. Por exemplo, a unidade de carga é o coulomb, que é deduzida a partir das unidades
fundamentais segundo e ampère, de acordo com (1.1).

Q  Coulomb 
(1.1)
t  segundo 
I=

A maioria das unidades utilizadas em eletricidade é do tipo unidade derivada, como mostra a
Tabela 1.3. A potência elétrica, por exemplo, dada em W (watts), é a relação entre trabalho, em joules (J)
por tempo, em segundo (s), como mostra (1.2). A densidade de fluxo magnético (tesla, T) é a relação
entre o fluxo magnético por unidade de área. Logo, T equivale a Wb/m2.

T  Joules 
ou W  (1.2)
t  segundo 
P=
Circuitos Elétricos em CC 11

Tabela 1.3 – Unidades derivadas do SI.


Grandeza Unidade Símbolo
Energia ou trabalho joule J
Força newton N
Potência elétrica watt W
Carga elétrica coulomb C
Potencial elétrico ou tensão elétrica volt V
Resistência elétrica ohm 
Condutância elétrica siemens S
Capacitância farad F
Indutância henry H
Frequência hertz Hz
Fluxo magnético weber Wb
Densidade de fluxo magnético tesla T

1.3 – Prefixos métricos

No estudo da eletricidade, algumas unidades elétricas são pequenas demais ou grandes demais para
serem expressas convenientemente. Por exemplo, no caso da resistência, frequentemente utilizamos
valores em milhões ou milhares de ohms (). O prefixo kilo (designado pela letra k) mostrou-se uma
forma conveniente de se representar mil. Assim, em vez de se dizer que um resistor tem um valor de
10.000 , normalmente nos referimos a ele como um resistor de 10 kilohms (10 k).
No caso da corrente, freqüentemente utilizamos valores de milésimos ou milionésimos de ampère.
Utilizamos então expressões como miliampères e microampères. O prefixo mili é uma forma abreviada de
se escrever milésimos e micro é uma abreviação para milionésimos. Assim, 0,012 A torna-se 12
miliampères (mA) e 0,000 005 A torna-se 5 microampères (A).
A Tabela 1.4 relaciona os prefixos métricos mais usuais em eletricidade com a sua equivalência
numérica. Pode-se escrever por extenso, uma tensão elétrica dada por 3 000 000 V como três milhões de
volts, ou, utilizando o prefixo métrico adequado, 3 MV. Da mesma forma, poderíamos escrever uma
corrente I de 0,001 A como 1 x 10-3 A, que, com o prefixo correspondente, ficaria: I = 1 mA.

Tabela 1.4 - Prefixos Métricos Utilizados em Eletricidade.


Prefixo Símbolo Valor
mega M 1 000 000
kilo k 1 000
mili m 0,001
micro  0,000 001
nano n 0,000 000 001
pico p 0,000 000 000 001

1.4 – Potências de 10

Como visto anteriormente, com frequência é necessário ou conveniente converter uma unidade de
medida em outra unidade que pode ser maior ou menor. Na seção anterior isto foi feito substituindo-se
determinados valores por um prefixo métrico.
Uma outra forma seria a de converter o número numa potência de 10. Nos referimos às potências
de 10 como a “notação do engenheiro”. Um número muito grande, por exemplo, poderia ser escrito
como um número multiplicado por uma potência de 10, com expoente positivo, se o número é maior que
um e com expoente negativo, se o número é menor que 1.
Ilustrando:
12 CEFET-MG - Ensino Técnico

2200 = 2,2 x 10+3


0,0022 = 2,2 x 10-3

A Tabela 1.5 mostra exemplos de números expressos em potências de 10.

Tabela 1.5 - Potências de 10.


Número Potência de 10 Leitura usual
0,000 001 = 10-6 10 a menos seis
0,000 01 = 10-5 10 a menos cinco
0,000 1 = 10-4 10 a menos quatro
-3
0,001 = 10 10 a menos três
0,01 = 10-2 10 a menos dois
-1
0,1 = 10 10 a menos um
1= 100 10 a zero
1
10 = 10 10 a um
100 = 102 10 a dois
3
1.000 = 10 10 a três
10.000 = 104 10 a quatro
5
100.000 = 10 10 a cinco
1.000.000 = 106 10 a seis

1.5 – Notação científica

A notação científica é uma forma conveniente que é utilizada na solução de problemas em


eletricidade. Ela é representada como o produto de um número entre 1 e 10 vezes uma potência de 10,
como se indicado por (1.3):

NOTAÇÃO CIENTÍFICA:

a  10n (1.3)

onde a = no entre 1 e 10 e n = expoente da potência de 10.

Regra 1 Para se escrever números MAIORES do que 1 na forma de notação científica, desloca-se
a vírgula para a esquerda tantos algarismos quanto os necessários, até atingirmos um
número entre 1 e 10. O expoente da potência de 10 será POSITIVO e igual ao número de
casas deslocadas.

Exemplo 1.1 − Expresse os números abaixo em notação científica.

a) 880.000 = 880.000,0 (desloca-se a vírgula cinco casas para a esquerda). Logo,


escreve-se 880.000 como 8,8 x 105
b) 3.000 = 3.000,0 = 3 x 103

Regra 2 Para se escrever números MENORES do que 1 na forma de notação científica, desloca-se a
vírgula para a direita tantos algarismos quanto os necessários, até atingirmos um número
entre 1 e 10. O expoente da potência de 10 será NEGATIVO e igual ao número de casas
deslocadas.
Circuitos Elétricos em CC 13

Exemplo 1.2 − Escreva os números abaixo em notação científica:

a) 0,002 (desloca-se três casas para a direita) = 2 x 10-3


b) 0,00049 = 4,9 x 10-4

Regra 3 Para se multiplicar dois ou mais números expressos como potências de 10, multiplica-se os
coeficientes para se obter o novo coeficiente e soma-se os expoentes para se obter o novo
expoente de 10.

Exemplo 1.3 − Calcule os produtos abaixo:

a) 1 x 104 x 2,5 x 103 = (1 x 2,5) x (104+3) = 2,5 x 107


b) 4 x 106 x 1,5 x 10-3 = (4 x 1,5) x (106+ (-3)) = 6 x 103

Regra 4 Para se dividir dois ou mais números expressos como potências de 10, divide-se os
coeficientes a fim de se obter o novo coeficiente e subtrai-se os expoentes para se obter o
novo expoente de 10.

Exemplo 1.4 − Calcule as divisões:


2, 5 104 2, 5 4 10−2 4
a) =  104− 2 = 1, 25 102 b) −6
=  10−2−( −6) = 0, 5 10 4 = 5 10 −1 10 4 = 5 103
2  10 2
2 8 10 8

Uso de prefixos

Para efeito de simplificação, usa-se escrever uma resposta numérica utilizando um prefixo em vez
de empregar a notação científica. Como exemplos são mostrados na Tabela 1.6 alguns prefixos métricos
mais utilizados no estudo da eletricidade.

Tabela 1.6 - Prefixos métricos mais comuns expressos


em potência de 10.
Prefixo métrico Potência de 10
tera (T) 1012
giga (G) 109
mega (M) 106
kilo (k) 103
hecto (h) 102
deca (da) 101
deci (d) 10-1
centi (c) 10-2
mili (m) 10-3
micro () 10-6
nano (n) 10-9
pico (p) 10-12
femto (f) 10-15
atto (a) 10-18

1.6 – Diagramas elétricos e símbolos gráficos

A Figura 1.1a é uma representação descritiva de um circuito elétrico simples, onde a chave liga-
desliga permite alimentar a lâmpada através de uma bateria de tensão contínua. O mesmo circuito está
representado de forma esquemática na Figura 1.1b. O diagrama esquemático é uma forma abreviada de se
14 CEFET-MG - Ensino Técnico

desenhar um circuito elétrico, os quais são representados geralmente dessa forma (GUSSOW, 2004). Um
diagrama esquemático mostra, através de símbolos gráficos, as ligações elétricas e as funções das
diferentes partes de um circuito.

L1
A B
AA BB
S1
S11
S
Energia
química
+
B1 B1 L1 L1

B1

(a) (b)
Figura 1.1 – Um circuito simples com lâmpada. (a) Diagrama descritivo. (b) Diagrama esquemático.

A partir de um diagrama esquemático pode-se projetar uma placa de circuito impresso (PCI ou
PCB, de printed circuit board), na qual são dispostos os componentes do circuito e as trilhas que os
conectam. As PCI fazem parte de diversos equipamentos da moderna tecnologia, como TVs, aparelhos de
telefonia celular, circuitos de automação etc. As Figuras 1.2a e 1.2b mostram, respectivamente, um
exemplo de placa de circuito impresso e a sua versão correspondente em 3D.

(a)

(b)
Figura 1.2 – (a) Exemplo de placa de circuito impresso. (b) Visão da placa em (a) em 3 dimensões (3D).
Fonte: https://server.ibfriedrich.com/wiki/ibfwikien/index.php?title=3D_View

Os símbolos gráficos padronizados para os componentes elétricos mais comuns são apresentados
na Tabela 1.6, onde as letras entre parêntesis indicam o tipo de componente. Por exemplo, o resistor é
Circuitos Elétricos em CC 15

indicado pela letra R. Se em um circuito são utilizados mais de um resistor, emprega se o subscrito para
identificar cada componente (R1, R2, RL etc.).

Tabela 1.6 − Símbolos-padrão de circuitos elétricos.


Bateria (B ou V) Terra (GND) Chave (S)
+

Célula de bateria (pilha) Fios ligados ou conectados Fios não ligados


+

Resistor variável na configuração Resistor variável na configuração


reostato: utilizados somente os potenciômetro: são utilizados todos os
Resistor fixo (R)
terminais a e c (o terminal b é terminais. O terminal c funciona como
desconectado). divisor de tensão

Indutor (L) Transformador (núcleo de ar) Transformador (núcleo de ferro)

Com TAP central


Capacitor (C, uso em CC) Capacitor (C, uso em CA) Gerador ou fonte de tensão CA (v)
+
~
Galvanômetro (G) Amperímetro (A) Voltímetro (V)

G A V
Lâmpada (L) Fusível (F) Diodo (D)
em desuso
mais usual

••• Exercício 1.1 − Seja o esquema de uma lanterna, como o da Figura 1.3. Com base na Tabela 1.6,
desenhar o diagrama esquemático no espaço indicado, considerando-se a sua chave liga-desliga.

Chave liga-desliga (ON-OFF)

Modelo da pilha
ri : resistência interna Lâmpada

Figura 1.3 – Diagrama descritivo de uma lanterna.


Fonte: http://docplayer.com.br/110485-Exercicios-eletrodinamica.html.
16 CEFET-MG - Ensino Técnico

 Exemplo 1.5 – A Figura 1.4 mostra o esquema de ligação de uma lâmpada, que pode ser acionada por
dois interruptores paralelos (Three-Way). Note os símbolos para os interruptores (S1 e S2) e a lâmpada
(L). O interruptor Three-Way é utilizado sempre em par, para comandar uma lâmpada (ou conjunto de
lâmpadas) de dois pontos distintos de uma escada, por exemplo (Figura 1.5).

N (neutro)
N (neutro) Retorno
L1 Retorno
Neutro
F (fase) L1
Fase
L1

R (condutor
F (fase)
de retorno)
S1 S2 S1 S1 S 2 S2

Figura 1.4 – Ligação do interruptor “THREE-WAY” (paralelo).

Fase
S2
Neutro Retorno

L1

S1

Figura 1.5 – Exemplo de uso de interruptores “THREE-WAY” em uma escada.

Outra simbologia interessante, que não aparece na Tabela 1.6, diz respeito aos símbolos e cores dos
condutores utilizados em instalações elétricas prediais e residenciais, como ilustra a Figura 1.6. Uma
máquina de lavar monofásica utiliza os cabos vermelho, azul e o verde-amarelo.

Fase Neutro Proteção Retorno

(a)
PRETO
VERDE E
VERMELHO AZUL
AMARELO
(mais CLARO
indicado)

Proteção (terra ou GND)

Esta identificação é
Fase feita com facilidade,
desde que se saiba
como são ligadas as
lâmpadas, interruptores
e tomadas.
Neutro

Retorno (b)
Figura 1.6 – (a) Simbologia e (b) cores para os condutores FASE, NEUTRO, PROTEÇÃO (antigo
condutor de TERRA) e RETORNO, para uso em corrente alternada (CA). Fonte: Normas NBR 5410.
Circuitos Elétricos em CC 17

EF – Exercícios de Fixação – Série 1

1.1 – Escrever os seguintes números em notação científica:


a) 300.000 b) 0,001 c) 0,015

d) 0,000234 e) 789.000.000 f) 0,1 mV

1.2 – Escrever cada um dos valores que se seguem em notação científica e a seguir com o prefixo
adequado.
a) 0,00053 A para miliampères (mA) b) 2.400 V para quilovolts (kV)

c) 0,000 0001 F para microfarads (F) d) 680 k em M

e) 4.000.000 W em megawatts (MW) f) 5.400.000  em M

1.3 – Faça as operações indicadas, arredondando as respostas com precisão de três algarismos.

a) (8,31 10 )(5,7  10 )
0 3
b) 790  (0,0014)  (0,01)
−1
(2,1  10 )(3,0  10 )
6 0,000006 (500000)

1.4 – Faça as seguintes conversões:


a) 0,075 segundos para milissegundos b) 7.252.000 watts para kW e MW

c) 946 watts para HP (horse-power). d) 200 ns para segundos


Obs.: 1 HP = 746 W

1.5 (UFRGS) – Considerando-se o próton como um cubro de aresta 10-11 m e massa 10-21 kg, qual é a sua
massa específica (ou densidade)?
18 CEFET-MG - Ensino Técnico

1.7 – Grandezas elétricas

1.7.1 – Algumas definições básicas

A Eletricidade é um componente essencial da matéria. A melhor maneira de entender a natureza da


Eletricidade é examinar a menor partícula de todo elemento: o átomo. A seguir, são listadas algumas
definições simples para a introdução aos principais fenômenos elétricos.
- Matéria: é tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço.
- Molécula: é a menor porção da matéria que ainda mantém as propriedades do material original
(composto). Um exemplo comum é a molécula de água, designada como H2O, constituída de dois átomos
de Hidrogênio e um de Oxigênio.
- Átomo: como citado anteriormente, o átomo é a menor partícula de todo elemento. Então, pode-se
dizer que quando uma matéria é composta de átomos iguais, ela é denominada de elemento químico. Por
exemplo: Ferro (Fe), Carbono (C) etc.
Hoje, o modelo de átomo aceito se deve em grande parte ao cientista Niels Bohr, e está ilustrado na
Figura 1.6. Este modelo considera que os átomos constituintes da matéria são formados de:
(1) uma região central (o núcleo), onde estão concentrados os prótons e os nêutrons, e
(2) de uma região ao redor do núcleo, chamada de eletrosfera, distribuída em camadas ou níveis,
onde estão os elétrons, que se movimentam em grande velocidade.
O modelo atômico de Bohr é bastante adequado para explicar a maioria dos fenômenos elétricos
conhecidos. Os elétrons (-) possuem carga elétrica negativa, os prótons (+) possuem carga elétrica
positiva e os nêutrons não possuem carga elétrica.

Figura 1.6 – Representação do modelo atômico de Bohr.


Fonte: http://www.gtcceis.anl.gov/images/photos/AtomNucleus.jpg.

1.7.2 – A carga elétrica

As partículas constituintes dos átomos possuem duas propriedades: massa e carga elétrica. A massa
do próton é praticamente igual à massa do nêutron (cerca de 1,7  10-27 kg) e a massa do elétron é cerca
de 1840 vezes menor (9,1  10-31 kg).
Como visto no item anterior, a carga elétrica não aparece nos nêutrons. O valor numérico da carga
elétrica do próton ou do elétron corresponde à menor carga elétrica possível de se encontrar, chamado de
carga elétrica elementar (e). Isto constitui uma notável propriedade da carga elétrica, de sempre aparecer
em múltiplos inteiros da mesma unidade básica: a quantização da carga (CHAVES, 2001). Sendo Q uma
quantidade de carga qualquer e n um número inteiro, tem-se por (1.4):

Q = n.e (1.4)
Circuitos Elétricos em CC 19

O Sistema Internacional (S.I.) de unidades denominou de Coulomb (C) a unidade de carga


elétrica, em homenagem a um dos pioneiros no estudo quantitativo da eletricidade, o engenheiro
e físico francês Charles de Coulomb (1736-1806).
O valor numérico (módulo) da carga elementar vale e = 1,6  10-19 C. Então, 1 C vale 1/e
= 6,25 x 1018 elétrons. A carga elétrica do próton é positiva: + e = + 1,6  10-19 C e a carga
elétrica do elétron nêutron, negativa: − e = − 1,6  10-19 C.
Em seu estado natural, todos os tipos de átomos têm carga elétrica total nula, ou seja, o
número de prótons é igual ao número de elétrons. A quantidade de carga elétrica de um corpo é a
diferença entre o número de prótons e o número de elétrons do mesmo. A carga de um coulomb
negativo, − Q, significa que o corpo contém uma carga de 6,25  1018 mais elétrons do que
prótons.

1.7.3 - Lei das cargas elétricas

“Cargas iguais se repelem, e opostas se atraem”. Se uma carga positiva (+) for colocada
próxima a uma outra carga positiva (+), elas se repelirão (ver a Figura 1.7). No caso de cargas de
sinais opostos, suficientemente próximas uma da outra, haverá uma força de atração atuando
sobre elas.

Q1 Q2
+ +
_
F F
Figura 1.7 – Forças de repulsão entre cargas positivas.

1.7.4 - Campo eletrostático

A característica fundamental de uma carga elétrica é a sua capacidade de exercer uma


força, a qual está presente no campo eletrostático que envolve cada corpo carregado.
A Figura 1.8 ilustra a convenção do Eletromagnetismo sobre o sentido das linhas de campo
elétrico: as linhas de força saem da carga positiva e entram na carga negativa. Nesta situação, em
que dois corpos de polaridade oposta são colocados próximos um do outro, o campo eletrostático
se concentra na região compreendida entre eles. O vetor campo elétrico E ⃗ em cada ponto na
Figura 1.8 é representado por linhas de força desenhadas entre as cargas Q1 e Q2.

Q1 + Q2

Figura 1.8 – Convenção sobre o sentido das linhas de força em cargas positivas e negativas.
20 CEFET-MG - Ensino Técnico

Na Figura 1.9, vê-se a situação em que uma carga de prova positiva Qp, abandonada no ponto p,
será repelida pela carga positiva QA e atraída pela carga negativa QB. As linhas de campo elétrico indicam
as possíveis trajetórias da carga Qp na região do campo elétrico entre as cargas positiva e negativa.

Qp
p

Figura 1.9 – Campo eletrostático entre duas cargas de polaridades opostas.

1.7.5 – Lei de Coulomb

A Lei de Coulomb, devida ao cientista francês Charles Augustin de Coulomb (1736-1806), explica
a força de interação entre partículas eletrizadas q e Q (ver a Figura 1.10) e pode ser assim enunciada
(CHAVES, 2001):

r1 r2
FQ-q Fq-Q
+q +Q

FQ-q Fq-Q
+q -Q

r
Figura 1.10 – Força elétrica entre duas cargas q e Q: repulsão e atração.
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/07/CoulombsLaw.svg

“Uma partícula com carga q = Q1, no ponto r1, exerce sobre uma partícula com carga Q
= Q2, no ponto r2 e em repouso em relação à primeira, uma força F, dada em módulo por
(1.5):”

qQ
F =k (1.5)
r2
onde:

F [N],
Q [C],
r[m] = distância entre os pontos r1 e r2;
k = constante eletrostática do meio, sendo que no vácuo e k = k0 = 9  109 [N.m2/C2].
Circuitos Elétricos em CC 21

No ar, desde que não haja umidade, o valor de k em (1.5) é praticamente o mesmo do vácuo, mas
em outros meios seu valor pode ser bem reduzido. A Tabela 1.7 mostra as constantes dielétricas de alguns
meios. O fator de redução é conhecido como constante dielétrica () por estar ligado sempre a meios
isolantes, de tal forma que, por (1.6):

ko
k= (1.6)

Tabela 1.7 – Constante dielétrica () de alguns meios.


Meio isolante Constante dielétrica () ou fator de redução
Vácuo 1,00000
Ar 1,00054
Âmbar1 2,7
Papel 3,5
Vidro 4,5
Porcelana 6,0
Água 78

1.7.6 – Diferença de potencial (d.d.p.)

Em razão da força do seu campo eletrostático, uma carga elétrica é capaz de realizar trabalho ao
deslocar uma outra carga por atração ou repulsão (no caso da Figura 1.11). A capacidade de uma carga
realizar trabalho é chamada de potencial elétrico.

q0 F
+
Figura 1.11 – Força elétrica de repulsão em uma carga de prova q 0.

Seja uma carga de prova positiva "q", no interior de um campo elétrico, conforme a Figura 1.12.
Essa carga de prova se move do ponto A até o ponto B, sob a ação da força elétrica ⃗F. Logo, esta força
elétrica realiza um trabalho WAB sobre a carga, para deslocá-la do ponto A para o ponto B.

F
Q +
A q B
Figura 1.12 – Carga de prova q no interior de um campo elétrico.

A diferença de potencial entre dois pontos A e B (VAB) é a razão entre o trabalho (WAB) realizado
pela força elétrica ⃗F e a carga (q) transportada do ponto A para o ponto B, conforme (1.7).

WAB
VAB = VA − VB =  J/C ou  V  (1.7)
q

A unidade fundamental da diferença de potencial é o volt (V). O símbolo usado para a diferença de
potencial é V, que indica a capacidade de realizar trabalho ao se forçar os elétrons a se deslocarem. A
diferença de potencial é chamada de tensão (alguns usam inadequadamente a expressão voltagem).

1 O Âmbar é um tipo de resina fóssil.


22 CEFET-MG - Ensino Técnico

 Convenção importante da eletricidade:

Uma carga positiva tem a tendência a mover-se para pontos de potencial elétrico mais baixo,
enquanto que as cargas negativas tendem a mover-se para pontos de potencial elétrico mais elevado.

1.7.7 – Corrente elétrica

O movimento ou fluxo de elétrons é chamado de corrente. Para se produzir a corrente, os


elétrons devem se deslocar pelo efeito de uma diferença de potencial.
A corrente é representada pela letra I. A unidade fundamental com que se mede a corrente
é o ampère (A). Um ampère de corrente é definido como o deslocamento de um Coulomb [C]
através de um ponto qualquer de um condutor durante um intervalo de tempo de um segundo [s].
Para valores constantes de Q e de t, a definição da corrente pode ser expressa por (1.8):

Q
I [A] = [C/s] (1.8)
t

onde: I = corrente, A;
Q = carga, C e
t = tempo, s.

Escrevendo a equação (1.8) de outra forma, obtém-se (1.9). A carga difere da corrente, pois Q
representa um acúmulo de carga, enquanto I mede a intensidade das cargas em movimento.

Q = I.t (1.9)

 Exemplo 1.6 – Se uma corrente de 2 A passar através de um medidor durante 1 minuto, quantos
coulombs passam pelo medidor?

DADOS: I = 2 A e t = 60 s.
Utilizando Q = I.t → Q = (2A)  (60s) = 120 C.

- Fluxo de corrente

Num condutor, como por exemplo, num fio de cobre, os elétrons livres são cargas que podem ser
deslocadas com relativa facilidade ao ser aplicada uma diferença de potencial. Se ligarmos às duas
extremidades de um fio de cobre (Figura 1.13) uma diferença de potencial, a tensão aplicada (1,5 V) faz
com que os elétrons livres se desloquem. Essa corrente consiste num movimento dos elétrons a partir do
ponto de carga negativa, -Q, numa das extremidades do fio, seguindo através do fio, e voltando para a
carga positiva, +Q, na outra extremidade.
O sentido do movimento dos elétrons é de um ponto de potencial negativo para um ponto de
potencial positivo. A seta contínua na Figura 1.13 indica o sentido da corrente em função do fluxo de
elétrons (fluxo real). O sentido do movimento das cargas positivas, oposto ao fluxo de elétrons, é
considerado como o fluxo convencional da corrente e é indicado pela seta tracejada. Em eletricidade, os
circuitos são geralmente analisados em termos da corrente convencional.
Circuitos Elétricos em CC 23

Fio condutor de cobre

Fluxo de
elétrons (real)
-Q +Q
Fluxo de
convencional
elétrons livres em movimento

+
Bateria
Figura 1.13 – A ddp aplicada às extremidades de um fio condutor produz a corrente elétrica.

- Condutores e isolantes

O que é um condutor de eletricidade? Conforme estudado anteriormente, os corpos são


constituídos por átomos e estes possuem partículas eletrizadas (prótons e elétrons). Quando vários átomos
se reúnem para formar certos sólidos, como, por exemplo, os metais, os elétrons das camadas mais
externas não permanecem ligados aos respectivos átomos, adquirindo liberdade de se movimentar no
interior do sólido. Estes elétrons são denominados elétrons livres. Portanto, nos sólidos que possuem
elétrons livres, é possível que a carga elétrica seja transportada através deles e, por isto, dizemos que estas
substâncias são condutores de eletricidade.
O cobre é o material mais comumente usado em condutores elétricos. Em seguida vem o alumínio.
Certos gases também são usados como condutores sob certas condições. Por exemplo, o gás neon, o vapor
de mercúrio e o vapor de sódio são usados em vários tipos de lâmpadas.
O que é um isolante? Ao contrário dos condutores, existem sólidos nos quais os elétrons estão
firmemente ligados aos respectivos átomos, isto é, estas substâncias não possuem elétrons livres (ou o
número de elétrons livres é relativamente pequeno). Portanto, não será possível o deslocamento de carga
elétrica através destes corpos, que são denominados isolantes elétricos ou dielétricos. A porcelana, a
borracha, o vidro, o plástico, o papel, a madeira etc. são exemplos típicos de substâncias isolantes.

1.7.8 – Tensão elétrica

Foi mencionado anteriormente que a capacidade de uma carga realizar trabalho é chamada de
potencial ou tensão elétrica. No nosso dia-a-dia ouvimos dizer que a tensão na tomada de nossa casa é de
127 V, que a tensão do chuveiro é de 220 V, que a tensão da bateria do nosso celular é de 3,7 V etc.
Ao estabelecer um circuito como o da Figura 1.14, por exemplo, uma força elétrica é exercida
pelos pólos A e B da associação de pilhas, fazendo com que as cargas no fio condutor se desloquem de A
para B (sentido convencional da corrente).

A
L1

VAB
S1
L2 L3
I
B
Figura 1.14 – Circuito com divisor de tensão.
24 CEFET-MG - Ensino Técnico

EF – Exercícios de Fixação – Série 2

2.1 – Duas partículas eletrizadas estão no vácuo a uma distância de 30 cm uma da outra. Sabe-se que Q1 =
2 C e que Q2 = - 3 C. Calcular o módulo da força de atração entre estas cargas.

2.2 – A capacidade de um acumulador (bateria) é de 100 Ah. Calcule sua a capacidade em Coulomb (C) e
a média da corrente de descarga, se a bateria perdeu toda a carga em 20 h, sendo Imed = Q/t.

2.3 – A intensidade de corrente elétrica em uma lâmpada é de 100 mA. Quantos elétrons passam por
segundo pelo filamento da lâmpada?

2.4 – A área do gráfico i x t representa numericamente a quantidade de carga Q que atravessa a seção reta
de um condutor num intervalo de tempo considerado. Dado o gráfico da Figura 1.15, calcular a quantidade
de carga elétrica que passa por uma seção reta de um condutor de alumínio nos primeiros 15 ms.

Figura 1.15 – Gráfico i x v (EF 2.4).

2.5 – (FGV-SP) Uma seção transversal de um condutor é atravessada por um fluxo contínuo de carga de 6
C por minuto, o que equivale a uma corrente elétrica, em ampères, de:

a.( ) 60. b.( ) 6. c.( ) 1. d.( ) 0,1. e.( ) 0,6.


Circuitos Elétricos em CC 25

LEP 1 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

1.1 – Escrever cada um dos valores que se seguem primeiro em notação científica e a seguir com o
prefixo adequado.

a) 0,00053 A para miliampères (mA). b) 2.400 V para quilovolts (kV).


c) 0,000 0001 F para microfarads (F). d) 680 kW em MW.
e) 4.000.000 W em megawatts (MW). f) 5.400.000  em M.

1.2 – Efetuar as seguintes conversões:


a) 0,075 segundos para milissegundos . b) 7.252.000 watts para kW e MW.
c) 946 watts para HP (horse-power). OBS.: 1 HP = 746 W. d) 200 ns para segundos.

1.3 – A unidade de resistência elétrica é o Ohm, representada pela letra grega  (ômega). Determine
então a resistência elétrica em ohms na forma de potência de 10 para os seguintes resistores:

a) R1 = 120 M. b) R2 = 4,7 k. c) R3 = 0,000005 . d) R4 = 7,20 .

1.4 – a) Supondo que o próton tenha a forma de um cubo, cuja aresta é dada por a = 10 -13 cm, calcule o
seu volume V, sabendo-se que V = a3.
b) Considerando-se que a massa do próton seja de 10-24 g , determine a sua densidade em g/cm3.
Resp.: (a) V = 10-39 cm3. (b) d = 1015 g/cm3.

1.5 – Qual é carga total, em coulombs, de todos os elétrons existentes em 1,80 mol de hidrogênio?
(Lembre-se: 1 mol de átomos equivale a 6,02 x 1023 átomos). Resp.: 1,73 x 105 C.

1.6 – (PUC-MG) Duas cargas elétricas puntiformes são separadas por uma distância de 4,0 cm e se
repelem mutuamente com uma força de 3,6 × 10-5 N. Se a distância entre as cargas for aumentada para
12,0 cm, a força entre as cargas passará a ser de:

a. ( ) 1,5  10-6N b. ( ) 4,0  10-6N c. ( ) 1,8  10-6N d. ( ) 1,5  10-6N e. ( ) 7,2  10-6N

1.7 – (UNESP-SP) Dois corpos pontuais em repouso, separados por certa distância e carregados
eletricamente com cargas de sinais iguais, repelem-se de acordo com a Lei de Coulomb.
a) Se a quantidade de carga de um dos corpos for triplicada, a força de repulsão elétrica
permanecerá constante, aumentará (quantas vezes?) ou diminuirá (quantas vezes?)?
b) Se forem mantidas as cargas iniciais, mas a distância entre os corpos for duplicada, a força de
repulsão elétrica permanecerá constante, aumentará (quantas vezes?) ou diminuirá (quantas
vezes?)?

1.8 – Em um dispositivo eletrônico ligado a uma bateria de 9 V foi medida uma corrente elétrica de 5
mA. Calcule a energia elétrica consumida em uma hora de utilização.

1.9 – Explique o significado de uma bateria de 12 V. O que a diferencia de outra bateria de 24 volts?

1.10 – Um raio ocorre quando existe fluxo de cargas elétricas (principalmente elétrons) entre o solo e uma
nuvem de tempestade. A taxa máxima do fluxo de cargas elétricas em um raio é aproximadamente igual a
20.000 C/s; essa descarga dura cerca de 100 µs. Qual é a quantidade de carga que flui entre a Terra e a
nuvem nesse intervalo de tempo? Resp.: 2C.
26 CEFET-MG - Ensino Técnico

1.11 – Duas cargas puntiformes são colocadas sobre o eixo Ox do seguinte modo: a carga q1 = + 4,00 nC
está localizada no ponto x = 0,200 m e a carga q2 = + 5,00 nC, no ponto x = - 0,300 m. Qual é o módulo, a
direção e o sentido da força resultante que essas duas cargas exercem sobre uma terceira carga puntiforme
negativa q3 = - 6,00 nC localizada na origem?
Resp.: 2,40 x 10-6 N, horizontal para a direita.

1.12 – Construir os diagramas esquemáticos dos seguintes circuitos:


a) Uma bateria de 12 V alimentando uma lâmpada (6 W) e um resistor de 24  ligados em série.
b) Uma fonte de tensão CA de 127 V alimentando um transformador em cujo secundário estão
conectados um diodo em série com um resistor. No primário do transformador, em série com a
fonte CA, está ligado um fusível.

1.13 – (NILSSON e RIEDEL, 1999) - Existem aproximadamente 142 milhões de carros de passeio nos
Estados Unidos. Suponha que a bateria de um carro (ver a Figura 1.14) armazene, em média, uma energia
de 440 watts-hora (Wh). Estimar, em gigawatts-hora, a energia total armazenada nos carros americanos.
Resp.: 62,48 GWh.

(a) (b)
Figura 1.16 – Bateria automotiva: (a) aspecto físico. (b) Partes constituintes. Fontes:
(a) http://blog.mixauto.com.br/o-que-e-e-como-funciona-o-sistema-de-ignicao/ (b) http://www.classicpremium.com.br/tag/bateria-automotiva/

1.14 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – O fluxo de elétrons em um tubo de imagem de TV carrega 1015
elétrons por segundo (ver a Figura 1.15). Como engenheiro de projeto, determine a tensão V0 necessária
para acelerar o feixe de elétrons para atingir 4 W. Obs.: a potência do feixe é p = V0  i.
Resp.: 25 kV.

(a) (b)
Figura 1.17 – Tubo de raios catódicos (TRC): (a) diagrama simplificado (ALEXANDER e SADIKU, 2013) e (b)
aspecto físico, como empregado nos aparelhos de TV mais antigos.
Circuitos Elétricos em CC 27

RESISTÊNCIA ELÉTRICA, FONTES


Capítulo
2 DE TENSÃO E DE CORRENTE

Capítulo 2 – Resistência elétrica, fontes de tensão e de corrente

2.1 – Introdução

No primeiro capítulo foram abordados conceitos importantes sobre a eletricidade e suas principais
grandezas. Neste capítulo serão apresentados: as fontes de tensão e de corrente (e como elas podem ser
associadas), a resistência elétrica e os conceitos de potência elétrica e energia elétrica.
O estudo de circuitos elétricos passa pela modelagem do circuito e seus parâmetros. Na Figura 2.1
mostra-se um diagrama de blocos que ilustra a transformação de um dispositivo em um modelo, que pode
ser estudado como um circuito elétrico, após o seu modelamento matemático. Um circuito elétrico é um
conjunto de componentes eletrônicos (passivos e ativos) organizados de maneira a modificar uma entrada
elétrica até que se obtenha uma saída elétrica desejada.

Circuito elétrico: modelo matemático que se aproxima


do comportamento de um sistema elétrico real

Dispositivo Modelo para Resolução do


físico o dispositivo (modelo do) circuito
físico - definir variáveis
- escrever equações
- resolver equações

Interpretação
dos resultados
Figura 2.1 – Diagrama para o modelamento e solução de um circuito elétrico.

Um circuito elétrico contém elementos que são conectados de diversas formas. A Figura 2.2 mostra
uma topologia genérica para um circuito elétrico em CC. Esta topologia contêm alguns elementos
básicos:
- Nó: representa o ponto do circuito, onde dois ou mais terminais se encontram ligados. Na Figura
2.2, temos os nós a, b e c. No nó b estão conectados os terminais dos resistores R1, R2, R3 e da fonte de
corrente I1.
- Ramo: é o caminho entre dois nós. Ao longo do ramo tem-se a mesma corrente elétrica. Em um
ramo podem estar conectados em série dois ou mais elementos. Na Figura 2.2, tem-se, por exemplo, os
ramos de R2 e de R3.

Figura 2.2 – Exemplo de topologia para um circuito elétrico em CC (ALEXANDER e SADIKU, 2013).
28 CEFET-MG - Ensino Técnico

2.2 – Fontes de tensão e de corrente

2.2.1 – Fontes independentes

Fontes independentes são aquelas que estabelecem uma tensão ou corrente em um circuito
independentemente dos valores de tensão ou corrente em outro(s) ponto(s) do circuito (NILSSON e
RIEDEL, 1999).

a) Fonte de tensão

Uma fonte de tensão ou fonte de alimentação é usada em laboratórios científicos (física, química,
biologia etc.), experimentos em salas de aula, laboratórios de empresas e de pesquisa (teste e
manutenção), equipamentos hospitalares, telecomunicações, redes de computadores etc. As fontes de
tensão contínua (que podem fornecer também tensão contínua variável), disponibilizam tensões de
saída, por exemplo, na faixa de 0 a 12 Vcc, com correntes de saída de 5 A (dependendo da potência
especificada). Este tipo de fonte pode conter proteção contra eventuais curtos-circuitos, provocados
acidentalmente ou pelo manuseio de pessoas inexperientes. Esta função aumenta a complexidade e o
custo de uma fonte de tensão.
Uma fonte de tensão independente constitui um componente de dois terminais que mantém uma
tensão específica nos mesmos independentemente da corrente através dele (IRWIN, 2000). Na Figura
2.3a é visto o seu modelo ideal.

Fonte de tensão
Fonte de tensão
ideal (independente)
ideal (independente) Fonte de Fonte
tensãode tensão REAL
REAL
IR IR
A A A A

+ + RS + +
+ + RS
+ VE VR VR R + VE VR VR R
_ V_ E R _ V_E R
_ _
_ _
B B
B B
(a) (b)
Figura 2.3 – (a) Fonte de tensão ideal (esquema). (b) Fonte de tensão real.

No modelo real de uma fonte de tensão (Figura 2.3b), RS representa a sua resistência interna (o
subscrito S vem de source, fonte em inglês). Com RS tendendo para zero, toda a tensão da fonte é
entregue à carga conectada aos terminais A e B (ver curva característica v x i, Figura 2.4). Calcula-se a
tensão no resistor de saída R usando (2.1).
Fazendo RS = 0 e, portanto, VRS = 0 resulta VR = VE – 0  IR = VE volts.

VR = VE – RS × IR (2.1)

Símbolos Característica tensão / corrente

Figura 2.4 – Símbolos e curva característica de uma fonte de tensão independente.


Circuitos Elétricos em CC 29

As fontes de tensão utilizadas hoje em dia se aproximam do modelo real, pois possuem uma
resistência (ou impedância) interna RS, à qual se atribuem as perdas. A tensão de saída não é igual à
gerada – por exemplo, uma bateria de 12 V pode apresentar uma tensão em seus terminais de 11,8 V, o
que reduz, obviamente, o seu rendimento.
É evidente que um protótipo comercial de fonte de tensão CC apresenta muito mais componentes
do que a fonte da Figura 2.3b. Na Figura 2.5 é apresentada uma fonte CC simples, com o acréscimo de
componentes como transformador (T1), transistor (Q1) e capacitor (C1).

Figura 2.5 – Uma fonte CC com a ligação dos componentes.


Fonte: http://www.sabereletronica.com.br/files/image/figura_2_fonte_alimentacao.png

A Figura 2.6 mostra uma fonte de tensão industrializada. Outro exemplo de alimentação de uma
carga com uma tensão constante, mesmo com a variação do consumo de carga, são as fontes de tensão
reguladas em uma placa de computador.

(a) (b)

Figura 2.6 – Fonte de tensão. (a) Aspecto. (b) Placa com componentes.
Fonte: http://www.brastron.com.br/kit%20fonte%20alimentacao.jpg

b) Fonte de corrente

A fonte de corrente independente (Figura 2.7a), de modo similar às fontes de tensão, constitui um
componente de dois terminais que mantém uma corrente específica independentemente da tensão sobre
seus terminais de saída, A e B (a corrente de saída é fixa em um valor determinado pelo usuário desta
fonte). A sua curva característica é apresentada na Figura 2.7b.
30 CEFET-MG - Ensino Técnico

Curva característica i  v
A
i (A)

0 v (V)
B
(a) (b) (c)
Figura 2.7 – (a) Fonte de corrente ideal. (b) Curva característica i  v. (c) Fonte de corrente real.

A fonte de corrente real, representada na Figura 2.7c, possui uma resistência interna RS conectada
aos seus terminais A e B. Esta fonte pode se comportar como ideal se RS idealmente tender para infinito.
Assim, o ramo com este resistor fica aberto e toda a corrente da fonte flui para a carga resistiva R
conectada aos terminais A e B.
Mas, onde ocorre a alimentação de uma carga com corrente constante? Um motor de corrente
contínua (motor CC) é um exemplo, muito utilizado em equipamentos elétricos e eletrônicos. Este motor
drena uma corrente que depende da forma como ele será acionado. Isso significa que a tensão sobre ele
pode variar e nas condições de maior carga esta pode cair a valores tão baixos que o motor paralisa o seu
funcionamento. A sua velocidade de giro em rpm (rotações por minuto) depende da corrente que a carga
solicita. Para uma velocidade constante, deveria ser empregada uma fonte de corrente constante para o
motor CC. Uma forma de compensar estes problemas é utilizar algum tipo de circuito que mantenha
constante a corrente num motor independente das suas condições de funcionamento, ou seja, da sua carga.
Outra aplicação das fontes de corrente constante é a alimentação de uma rede de diodos LED
(diodo emissor de luz, do inglês ligth emitter diode – ver a Figura 2.8), para garantir um mesmo nível de
luminosidade. O uso de uma fonte de corrente constante na alimentação de diodos LED traz algumas
vantagens no desempenho, por exemplo, as variações da tensão de operação não afetam a corrente
contínua no diodo LED e nem na sua potência luminosa. As Figuras 2.9a e 2.9b mostram os símbolos das
fontes independentes de tensão e de corrente.

Figura 2.8 – Aspecto de algumas lâmpadas de LED.

2.2.2 – Fontes dependentes

As fontes dependentes são aquelas que estabelecem uma tensão ou corrente em um circuito cujo
valor depende do valor da tensão ou da corrente em outro ponto do circuito. Os símbolos para representar
fontes dependentes aparecem na Figura 2.9 (c até f). Estas fontes são também conhecidas como fontes
dependentes ou fontes controladas.
Um exemplo clássico de fonte de tensão dependente é uma fonte de tensão regulada. A série de
circuitos integrados (CIs) 78XX, onde os dois últimos dígitos indicam a tensão de saída, trabalham com
uma tensão de entrada que deve estar dentro de uma certa faixa. O CI µA7805 (5V @ 1,5 A), por
exemplo, mostrado na Figura 2.10, permite obter uma tensão de saída regulada e fixa de 5 V. Para isto é
necessário uma tensão mínima de 7 V nos terminais de entrada, caso contrário haverá uma certa
instabilidade na regulação. Na Figura 2.11 vê-se um esquema de um regulador 78XX montado em uma
placa de circuito impresso.
Circuitos Elétricos em CC 31

+ + is = .vx +
_ _ vs = .vx _ vs = .ix is = .ix

(a) (b) (c) (d) (e) (f)


Figura 2.9 – Símbolos (a) de uma fonte ideal independente de tensão, (b) de uma fonte ideal independente de
corrente, (c) de uma fonte dependente de tensão controlada por tensão – FTCT, (d) de uma fonte dependente de
corrente controlada por tensão – FCCT, (e) de uma fonte dependente de tensão controlada por corrente – FTCC e (f)
de uma fonte dependente de corrente controlada por corrente – FCCC.

Figura 2.10 – Circuito Integrado 7805: obtém-se uma tensão de saída regulada de 5 V.
Fonte: http://i137.photobucket.com/albums/q227/lafaller/7805comoreguladorvarivel.jpg

Figura 2.11 – Um regulador 78XX montado em uma placa de circuito impresso.


Fonte: http://tonieletronica.50webs.com/imagens/fonte78xx.jpg

A Figura 2.12 mostra o esquema de uma fonte de tensão estabilizada, com destaque para o
transformador de entrada (1) e para o dissipador de calor (2) do transistor.

2.2.3 – Associação de fontes de tensão e de corrente

2.2.3.1 – Associação de fontes de tensão em série

A associação em série de fontes de tensão nos permite aumentar a diferença de potencial


disponibilizada para efeitos de alimentação de um determinado circuito ou dispositivo. Um exemplo bem
conhecido é o uso de múltiplas pilhas associadas em série para alimentar aparelhos eletrodomésticos,
lanternas, brinquedos etc. É bastante utilizada a associação em série de quatro pilhas de 1,5 V para se
obter uma fonte de alimentação equivalente de 6 V (Vtotal), como se vê na Figura 2.13.

Vtotal = 1,5 + 1,5 + 1,5 + 1,5 = 6 V.


32 CEFET-MG - Ensino Técnico

(2)
(1)

Figura 2.12 – Montagem de uma fonte de tensão estabilizada.


Fonte: http://www.electronics-lab.com/projects/power/003/psu_th.gif

Vtotal = 6,0 V

© 2001 HowStufWorks

Figura 2.13 – Associação de 4 pilhas em série - obtenção de uma fonte de 6 V.


Fonte: http://www.feiradeciencias.com.br/sala12/image12/12_T09_04.gif

O valor resultante é a soma das tensões das pilhas envolvidas na associação, se todas estiverem
conectadas no mesmo sentido (terminal positivo de uma pilha ligada ao negativo da seguinte). Caso
contrário, se uma pilha estiver conectada invertida (p. ex. a última pilha da Figura 2.13), teríamos:

Vtotal = 1,5 + 1,5 + 1,5 – 1,5 = 3 V.

2.2.3.2 – Associação de fontes de tensão em paralelo

Uma associação de geradores em paralelo, como a da Figura 2.14, é utilizada para se obter uma
intensidade da corrente elétrica (i) que seja maior do que a intensidade da corrente elétrica em um único
gerador. Para dois geradores em paralelo, obtém-se a corrente resultante iT como em (2.2):

iT = i1 + i2 (2.2)

Figura 2.14 – Circuito equivalente: associação em paralelo de duas fontes de tensão.


Circuitos Elétricos em CC 33

2.2.3.3 – Associação de fontes de corrente em paralelo

A associação em paralelo de fontes de corrente segue um conjunto de regras semelhantes às


estabelecidas para a associação em série de fontes de tensão. A corrente equivalente dos terminais de uma
associação em paralelo é dada pela soma das correntes parciais (Figura 2.15a e 2.15b), onde se levam em
conta as respectivas polaridades. Para a Figura 2.15a a corrente total ou equivalente é dada por iT = iS1 +
iS2, pois estas correntes possuem o mesmo sentido. Para a associação da Figura 2.14c, onde as correntes
dos ramos têm sentidos opostos, obtém-se iT = iS1 - iS2.
No caso das fontes de corrente reais, Figura 2.15c, a resistência interna resultante é o resistor
equivalente paralelo das resistências internas parciais, o que torna a fonte de corrente mais
acentuadamente não ideal. O cálculo do resistor equivalente para associações e série e em paralelo será
visto mais adiante.

iS1 iS2 iS1 + iS2 iS1 iS2 iS1 − iS2

(a) (b)

iS1 R1 iS2 R2 iS1 + iS2 R1 // R2

(c)
Figura 2.15 – Associação de fontes de correntes em paralelo: (a) soma das correntes parciais;
(b) subtração das correntes parciais; (c) Associação em paralelo de fontes de corrente reais.

 Por que não é usual conectar pilhas em paralelo?

O problema reside no fato de que, havendo diferenças entre as forças eletromotrizes, ainda que
pequenas, provoca-se a circulação de correntes internas à associação, e, consequentemente, um
indesejável consumo de energia, mesmo quando a parte do circuito externo estiver desligada. “Geradores
associados em paralelo podem criar correntes internas entre os geradores componentes... pelo menos um
deles funciona como receptor, consumindo energia” (GASPAR, 2001).

EF – Exercícios de Fixação – Série 3

3.1 - O que diferencia uma fonte de tensão ideal de uma fonte de tensão real?
34 CEFET-MG - Ensino Técnico

3.2 - Explique, com suas palavras, como é feita a carga de bateria de um carro, quando se usa para isso a
bateria de outro carro, já carregada. Como se ligam os cabos? Faça um esquema.

3.3 (BOYLESTAD, 2003) – Qual é a fonte de corrente resultante para o circuito da Figura 2.16?

Figura 2.16

2.3 – Resistência elétrica

A resistência elétrica (R) é uma medida da oposição ao movimento dos portadores de carga, ou
seja, a resistência elétrica representa a dificuldade que os portadores de carga (elétrons livres) encontram
para se movimentarem através de um condutor. Quanto maior a mobilidade dos portadores de carga,
menor a resistência elétrica do condutor.
A simbologia para o resistor segue duas tendências (Tabela 2.1), adotadas por organizações
internacionais das áreas de engenharia elétrica, como IEC, NEMA e IEEE.

Tabela 2.1 – Simbologias mais usuais para o resistor elétrico.


Símbolo Descrição

Resistor fixo
R1

Resistor fixo
R1

Resistor variável
(potenciômetro)
P1

1) "retângulo" com terminais, que é uma representação simbólica para os resistores de valores fixos
tanto na Europa como no Reino Unido, por exemplo e
2) representação em "linha quebrada" (zig-zag), usada nas Américas e no Japão.
Circuitos Elétricos em CC 35

IEC – International Electrotechnical Commission


Site oficial: http://www.iec.ch

Fundada em 1906, em Londres, Inglaterra, a Comissão Eletrotécnica Internacional é uma


organização internacional de padronização de tecnologias elétricas, eletrônicas e relacionadas. Alguns dos
seus padrões são desenvolvidos juntamente com a Organização Internacional para Padronização (ISO). A
sua sede é localizada em Genebra, Suíça.
Os padrões estabelecidos pelo IEC abrangem uma vasta gama de tecnologias, dentre elas:
- geração de energia,
- geração e distribuição de eletrodomésticos e equipamentos de escritório,
- semicondutores,
- baterias,
- nanotecnologia e muitas outras.
O trabalho de padronização e normatização desenvolvido pelo IEC é feito por mais de 10.000
especialistas em elétrica e eletrônica da indústria, governo, universidades e outros.
O trabalho do IEC também contribuiu para o desenvolvimento de padrões de unidades de medidas,
entre elas o Hertz e o Gauss. Propuseram também pela primeira vez um sistema padrão, o sistema Giorgi,
que posteriormente se tornou o SI (Sistema Internacional de Medidas).
Fonte: https://www.hardware.com.br/comunidade/international-iec/1227774/

NEMA – National Electrical Manufacturers


Association

É um órgão de normalização que publica uma série de padrões técnicos, porém, não testa nem
certifica produtos. É sediado em Washington, nos Estados Unidos.
Foi criada em 1º de Setembro de 1926, pela fusão da Associated Manufacturers of Electrical
Supplies e do Electric Power Club. Esta associação define muitos padrões usados em
produtos elétricos por seus mais de 400 membros.

IEEE
Institute of Electrical and Electronics Engineers

O IEEE (pronuncia-se I-3-E, ou, conforme a pronúncia inglesa, eye-triple-e), em português,


Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, é uma organização profissional sem fins lucrativos,
fundado nos Estados Unidos, em 1963. Foi projetado para servir os profissionais envolvidos em todos os
tópicos dos campos elétricos, eletrônicos e de computação e áreas afins de ciência e tecnologia que
servem de fundamento para a civilização moderna.
O IEEE é a maior organização profissional do mundo, comprometida com o avanço da tecnologia
em benefício da humanidade, possuindo, em 2010, mais de 395.000 membros. Atualmente está presente
em mais de 160 países, divididos em dez regiões, e possui mais de 430.000 membros em todos os
continentes, dentre os quais 27 % são estudantes, organizados em aproximadamente 2.806 Ramos
Estudantis.
36 CEFET-MG - Ensino Técnico

2.3.1 – Aspecto construtivo e aplicações dos resistores

A Figura 2.17 mostra o aspecto construtivo de alguns tipos de resistores, que diferem em tamanhos
(dependendo da potência elétrica) e em aplicação. Os resistores de Nicromo, por exemplo, são fabricados
com resistência de menor valor e com potência nominal mais elevada.

(a)

(b)

Terminal Filme de carvão helicoidal


(tampa) Cobertura isolante

Terminal (fio)

Tubo cerâmico
(c)

(d)

(e)
Figura 2.17 – (a) Resistor de carvão. (b) Resistor de fio de Níquel-Cromo (ou Nicromo). (c) e (d) Aspecto
construtivo e prático de um resistor de filme de Carbono. (e) Resistor variável: trimpot (esq.) e reostato (dir.).
Circuitos Elétricos em CC 37

Um resistor elétrico possui as seguintes funções:


- limitador de corrente;
- ajuste de sinais em circuitos de áudio (controle de volume e de equalização de som, ver as
Figuras 2.18 e 2.19);
- dissipador de energia (efeito joule) – caso do chuveiro elétrico, por exemplo, onde a energia
elétrica é convertida em energia térmica (Figura 2.20).
Os resistores não possuem polaridade, podendo ser conectados de qualquer forma em um circuito,
utilizando seus terminais. É, portanto, um componente bidirecional em corrente e tensão.

Figura 2.18 – Uso do potenciômetro em um mini-amplificador de áudio.


Fonte: http://www.automatismos-mdq.com.ar/blog/2013/09/coleccion-de-mini-circuitos-utiles.html

Figura 2.19 – Uso do potenciômetro em um equalização de som.


Fonte: https://www.te1.com.br/2012/03/circuito-pre-tonal-estereo-tda1524a-ajuste-graves-agudos-balanco-volume/

CHUVEIRO ELETRÔNICO

Resistência
elétrica Controle de
temperatura

Figura 2.20 – Aplicação da resistência elétrica em um chuveiro.


38 CEFET-MG - Ensino Técnico

O resistor é especificado em ohms () e com valores de potência de trabalho (em Watts).
Resistores de fio (P > 5 Watts), têm valores expressos nominalmente em seu corpo (Figura 2.21), onde no
1º resistor, vê-se 22R 5 % 10W, o que significa que o mesmo é de 22  +/- 5% e suporta 10 Watts.

Figura 2.21 – Tipos de resistores (10 W, 5 W, 5 W, 1 W, ½ W e ¼ W,


respectivamente de cima para baixo). Fonte: http://autosom.net/artigos/lpad.htm

2.3.2 - Código de Cores

Como os resistores de baixa potência (em torno de 0,25 W e 0,5 W) são de tamanho reduzido,
convencionou-se usar um código de cores em anéis para identificação do seu valor nominal, como os
apresentados nas Figuras 2.22 e 2.23.

Figura 2.22 – Código de cores para resistores de 4, 5 e 6 faixas.


Fonte: http://itll.colorado.edu/electronics_center/resistor_chart/

- Resistores de 4 faixas
Seja um resistor de 4 faixas apresentando a seguinte sequência de cores:
1ª faixa: vermelho (2), 2ª faixa: verde (5), 3ª faixa: preto (0) e 4ª faixa: ouro (5% de tolerância).
Este último anel identifica o valor da tolerância (erro de fabricante com relação ao valor
nominal).
Circuitos Elétricos em CC 39

Como interpretar esta sequência? Basta seguir o roteiro:


- Os dois primeiros dígitos são escritos: 25.
- a terceira faixa indica o número de zeros: cor preta = nenhum.
Assim, o resistor é de 25   5 %, ou seja o seu valor nominal varia entre 23,75 e 26.25 ohms.

Figura 2.23 – Tabela completa com os códigos de cores para resistores de 4, 5 e 6 faixas.

- Resistores de 5 e de 6 faixas

A Figura 2.23 mostra os códigos de cores para 4, 5 e 6 faixas, estas últimas identificando resistores
de precisão, utilizados em equipamentos de medidas como multímetros analógicos e digitais,
osciloscópios; equipamentos biomédicos etc.
De posse das informações desta figura, como ler um resistor de 5 ou 6 faixas? Quando o resistor é
de precisão, apresenta 5 faixas coloridas. Como a última faixa destes resistores normalmente é marrom ou
vermelha, pode haver uma confusão a respeito de onde é o lado certo para iniciar a leitura, já que a
primeira faixa que representa o valor do resistor também pode ser marrom ou vermelha. Sendo assim, a
exemplo do resistor de 4 listras coloridas, o melhor fazer é observar a faixa que está mais próxima do
extremo do resistor. Esta será a primeira faixa, por onde se deve iniciar a leitura. Outra dica é verificar a
faixa que está mais afastada das outras. Esta é a última faixa de cor.
A leitura da resistência nestes resistores é similar à efetuada para os resistores com 4 faixas. É
adicionada mais uma cor no início, fazendo existir mais um algarismo significativo na medição. Os três
primeiros dígitos são os algarismos significativos, conferindo maior precisão na leitura. O quarto é o
elemento multiplicador e o quinto dígito é a tolerância. O sexto dígito (quando existir) se refere ao
coeficiente de temperatura (como a resistência varia de acordo com a temperatura ambiente). Este último
valor é dado em ppm (partes por milhão)/k.

LR - Leitura Recomendada:
Resistores SMD - Fonte: http://www.teletronica.kit.net/resistores.htm

À medida que o tempo passa, menores são os equipamentos e, naturalmente, os componentes


internos também acompanham esta diminuição do tamanho. Hoje são encontrados facilmente resistores
SMD nos aparelhos eletrônicos, soldados na superfície da placa. Por serem muito pequenos, possuem
números impressos no corpo, ao invés de cores (veja a Figura 2.24a). Nota: SMD significa surface-
mounted devices, ou seja, dispositivo montado sobre (ou rente) a superfície.
40 CEFET-MG - Ensino Técnico

www.powercircuit.com.br
(a) (b)
Figura 2.24. (a) Resistor SMD. (b) Rede de resistores.

As redes de resistores (vários resistores dentro de um mesmo encapsulamento) também


obedecem a esta metodologia. Na Figura 2.24b é apresentado o seu aspecto.
A Tabela 2.2 mostra os valores comerciais para resistores. Nota: existem multiplicadores
maiores, não indicados nesta tabela. Para cada finalidade, prevendo-se o valor de corrente que o
atravessa, deve-se adotar um resistor de tamanho e potência adequados, para sua correta
aplicação em um circuito.
O tamanho físico de um resistor está diretamente ligado à potência que o mesmo pode
dissipar. Para minimizar os efeitos da dissipação de calor pelo resistor, pode-se fazer uso de um
dissipador de calor, como mostrado na Figura 2.25.

Tabela 2.2 – Valores comerciais de resistores.

Valores
x 10 x 100 x 1000
base
10 100 1k 1M
12 120 1k2 1M2
15 150 1k5 1M5
18 180 1k8 1M8
22 220 2k2 2M2
27 270 2k7 2M7
33 330 3k3 3M3
39 390 3k9 3M9
47 470 4k7 4M7
56 560 5k6 5M6
68 680 6k8 6M8
82 820 8k2 8M2

0,25 W 25 W

0,5 W

1W
Aletas de
alumínio

2W
Figura 2.25 – Resistores de tamanhos diferentes, com relação à potência.
Fonte: http://www.feiradeciencias.com.br/sala15/15_03.asp
Circuitos Elétricos em CC 41

2.4 – Condutância elétrica

A condutância elétrica (G) é definida como o inverso da resistência elétrica (R). Assim, G = 1/R.
A unidade de condutância elétrica é denominada siemens (S). Dessa forma, 1S = 1/ = -1.

EF – Exercícios de Fixação – Série 4


4.1 – Encontre o valor nominal e a tolerância para os resistores com as seguintes faixas:
a) vermelho, vermelho, amarelo. b) marrom, preto, laranja e prata.

c) verde, azul, marrom e ouro. d) azul, cinza, vermelho e ouro.

4.2 – Especificar as cores dos seguintes resistores:

a) R1 = 220 ohms,  2 %

b) R2 = 6,8 k,  10 %

c) R3 = 470 k,  1 %

d) R4 = 152 ,  5 %

e) R5 = 845 ,  2 %, 50,0 ppm/k

2.5 – A primeira Lei de Ohm

Por volta de 1800, Georg Simon Ohm, um físico e matemático alemão (1789-1854) pesquisou a
relação entre a tensão e a corrente em um simples circuito elétrico, como o da Figura 2.26, contendo uma
fonte CC, um resistor, um voltímetro e um amperímetro.
O cientista Georg Simon Ohm descobriu que, num circuito em que a resistência não variava com a
temperatura, quando ocorria um aumento na tensão aplicada, a corrente variava em uma proporção direta,
isto é: a relação entre a tensão (V) e a corrente (I) se mostrava constante. Isto pode ser comprovado
através do gráfico da Figura 2.27, válido para o circuito da Figura 2.26. Neste circuito são medidas a
tensão sobre o resistor R e a corrente elétrica. A fonte CC é ajustada de 0 a 36 V, de 6 em 6 V. Como
mostra o gráfico, a cada 6 V é medida a corrente no circuito e se encontra uma relação linear entre a
tensão e a corrente medidas no resistor. Esta relação linear entre I e V é dada por (2.3).
42 CEFET-MG - Ensino Técnico

Figura 2.26 – Circuito base utilizado por Georg Simon Ohm, por volta de 1800, de cuja análise
surgiu a Lei de Ohm. Fonte: http://nzip.rsnz.org/es/applets/ohmslaw_files/Image-ohm2.jpg

0,36

0,30

0,24

0,18
R = 100 
0,12

0,06

6 12 18 24 30 36 V (volts)
Figura 2.27 – Plotando a Lei de Ohm (BOYLESTAD, 2003).

V = k.I (2.3)

A constante de proporcionalidade k em (2.3) representa a inclinação do gráfico da Figura 2.28. Esta


inclinação determina a resistência elétrica do circuito puramente resistivo da Figura 2.26. A relação
constante entre a tensão e a corrente no resistor R é conhecida como Primeira Lei de Ohm, reescrita como
em (2.4). Para cada ponto ou para cada intervalo de pontos da reta no gráfico da Figura 2.27, a relação
(2.4) permite encontrar 100 ohms (verifique).

i (A)
k = v/i

i

v
0 v (V)
Figura 2.28 – Curva característica i x v (relação linear). A inclinação k é a resistência R do circuito.

v
R= (2.4)
i
Circuitos Elétricos em CC 43

2.6 – A segunda Lei de Ohm

Para condutores em forma de fio verifica-se, experimentalmente, que a resistência elétrica


do condutor depende:
- do comprimento do fio (𝑙, em metros [m]);
- da área de sua seção transversal (A ou S, em m2) e
- do tipo de material que constitui o condutor (parâmetro resistividade, identificado pela
letra grega rô, ). Este último parâmetro depende somente da temperatura do material do
condutor.

A Figura 2.29 mostra graficamente os parâmetros que afetam a resistência elétrica de um


condutor (BOYLESTAD, 2003).

Figura 2.29 – Um fragmento de um condutor e seus principais parâmetros (BOYLESTAD, 2003).

A resistência elétrica de um condutor como o da Figura 2.29 é dada por (2.5).


Considerando a influência da temperatura, há uma equação muito usual que nos permite
encontrar a resistência de um condutor em diferentes temperaturas, como em (2.6), em função da
resistência a 200 C, R20, por exemplo.

.m 
l m
R= 2    (2.5)
S  m 

R = R20  1 +  20  ( t − 20 0C ) (2.6)

Isolando-se o fator 20, obtém-se em (2.7) a sua unidade, em (/oC)/ .

 R − R20   R 
 t − 20o C   
   T 
 20 = = (2.7)
R20 R20

 Exemplo 2.1 − Em (2.6), 20 é o coeficiente de temperatura da resistência a 200 C e R20 é a


resistência na temperatura de 200 C. Como uma ilustração, calculemos a resistência de um fio de
cobre de 1 k, em 200 C, na temperatura de 600 C, tendo como referência os valores de  a 200 C
dados na Tabela 2.3 (BOYLESTAD, 2003).
Percebe-se pela leitura da Tabela 2.3 que todos os materiais apresentam um coeficiente de
temperatura positivo (característica dos condutores de eletricidade).
44 CEFET-MG - Ensino Técnico

Solução: Tabela 2.3 – Coeficiente de temperatura


de resistência () para vários condutores a
20 0C (BOYLESTAD, 2003).
Através da equação (2.6), obtém-se a
Coeficiente de
resistência do cobre a uma temperatura de 60 graus, Material
Temperatura (20)
tendo como referência a sua resistência e o Prata 0,0038
coeficiente  em 20 graus. Cobre 0,00393
Ouro 0,0034
(
R = R20  1 +  20 . t − 20o C ) Alumínio
Tungstênio
0,00391
0,005
Níquel 0,006
R60 = R20  1 +  20 . ( 60 − 20 )  Ferro 0,0055
Constantan 0,000008
= 1000  1 + 0,00393. ( 60 − 20 )  = 1157,2 . Nicromo 0,00044

A Tabela 2.4 mostra a resistividade () de alguns materiais a 20 0C, em .cm/ft, onde ft = pé, igual
a 30,48 cm.

- Efeito da temperatura sobre a resistência de um material Tabela 2.4 – Resistividade () de vários
materiais (BOYLESTAD, 2003).
Material  @ 20 oC (.cm/ft)
A temperatura possui um efeito significativo sobre o Prata 9,9
parâmetro resistência elétrica. Nos materiais condutores, o Cobre 10,37
Ouro 14,7
número de elétrons livres é grande. Qualquer alteração na Alumínio 17,0
energia térmica do material provoca um aumento na Tungstênio 33,0
vibração dos seus átomos, dificultando a passagem de Níquel 47,0
corrente elétrica e provocando o aumento da resistência Ferro 74,0
elétrica. Assim, os condutores possuem um coeficiente de Constantan 295,0
temperatura positivo, como mostra o gráfico da Figura Nicromo 600,0
Carbono 21.000,0
2.30a.

Condutividade elétrica

A condutividade elétrica () é o inverso da resistividade. Matematicamente, escreve-se  = 1/.


Nos materiais condutores, um aumento de temperatura diminui a sua condutividade – aumento da
resistência R, Figura 2.30a. Para os materiais semicondutores, ocorre o oposto - um aumento de
temperatura (energia térmica) provoca um aumento de portadores livres e diminuição da resistência
elétrica. Disto decorre um aumento em sua condutividade, como ilustrado na Figura 2.30b - coeficiente
de temperatura negativo.

(a)

Figura 2.30 (BOYLESTAD, 2003) – (a) Coeficiente de temperatura positivo (condutores).


(b) Coeficiente de temperatura negativo (semicondutores).
Circuitos Elétricos em CC 45

2.7 – Potência e energia elétricas em circuitos resistivos

2.7.1 – Potência elétrica

Uma razão importante para o cálculo de potência e energia num projeto de um sistema elétrico é o
fato de que todos os dispositivos reais apresentam limitações quanto à quantidade de potência que são
capazes de dissipar e, portanto, somente os cálculos de tensão e corrente não são suficientes para garantir
as suas corretas especificações (NILSSON e RIEDEL, 1999).
Potência é a taxa de trabalho realizado ou o trabalho realizado por unidade de tempo. Para a
potência elétrica, a sua unidade no Sistema Internacional é o Watt [W], derivada da relação Joule [J] por
segundo [s]. Matematicamente, a potência é dada por (2.8).

w
p= [W] (2.8)
t

dw
Com w e t → 0, p=
dt

onde o operador dw/dt é chamado de derivada do trabalho em relação ao tempo, através do qual se
consegue encontrar a potência instantânea de uma função w(t), pois a derivada é uma reta tangente a um
ponto. Isto será tratado mais adiante a outras grandezas elétricas.
Recordando as unidades de corrente e tensão vistas anteriormente,

joules  J  coulombs
V= e I= C 
coulomb  C  segundos  s 

e fazendo o produto da tensão pela corrente (V  I), resulta na potência elétrica, P, dada por:

joules coulomb  J 
P=V×I=  = (2.9)
coulomb segundo  s 

Trabalhando a Equação (2.9), pode-se, através da Lei de Ohm, obter a potência elétrica calculada
como em (2.10) e em (2.11).

P = R  I2 (2.10)

P = V2/R (2.11)

2.7.2 – Energia elétrica

A Energia elétrica consumida ou produzida é o produto da potência elétrica de entrada ou saída e o


tempo durante o qual essa entrada ou saída ocorre (O'MALLEY, 1993), como visto em (2.12).

W(joules) = P (watts)  t (segundos) (2.12)

Em unidades elétricas, energia é watt-segundo, mas é mais conveniente usar uma unidade maior de
energia elétrica, o kilowatt-hora (kWh), como em (2.13). Esta unidade é adotada pelas concessionárias de
energia elétrica para tarifar o seu consumo.
46 CEFET-MG - Ensino Técnico

watts  hora
kilowatt − hora = kWh = (2.13)
1000

2.7.3 – Convenção de sinais para a potência

Uma fonte de energia produz ou desenvolve energia, e uma carga absorve energia. A potência
absorvida por um componente ou circuito elétrico é dada por um sinal positivo (P > 0), quando a seta de
corrente está em direção ao terminal positivo da referência de tensão, conforme mostra a Figura 2.31, o
que constitui um caso de referências associadas entre tensão e corrente (o termo convenção passiva de
sinal também é utilizado). Exemplo: a corrente entrando em um resistor.

Se as referências de tensão e corrente não são


associadas (a seta de corrente indica o terminal
negativo no bloco da Figura 2.31 ou então a corrente
Figura 2.31 – Modelo onde as referências
sai pelo terminal positivo), a potência tem sinal
entre V e I são associadas (P > 0). negativo, dado por P = - VI.

Se P é negativo, o componente ou o circuito no interior do bloco produz potência. Então o bloco


constitui uma fonte de energia elétrica, como p. ex. , uma fonte de tensão DC (O'MALLEY, 1993).
Resumindo, o sinal algébrico da potência elétrica é interpretado da seguinte forma:
- Se P > 0, a potência está sendo fornecida ao circuito ou componente;
- Se P < 0, a potência está sendo recebida do circuito ou componente.

EF – Exercícios de Fixação – Série 5

5.1 – Um estudante usou uma lâmpada de 100 W durante 6 h de estudo. Se o custo médio da energia é de
R$ 0,15 / kWh (valor fictício), calcule o custo da energia consumida neste período.

5.2 – Um eletrodoméstico de 127 V que possui uma resistência de 18 ohms operou por uma hora e meia.

a) Qual foi a energia elétrica utilizada?

b) Qual seria a energia elétrica deste eletrodoméstico operando no mesmo tempo, em uma rede de 220 V?

5.3 – Calcule a corrente em mA que um aquecedor de 55 W solicita de uma linha de tensão CA de 110 V.
Qual seria esta corrente se este aquecedor fosse alimentado em 220 V?
Circuitos Elétricos em CC 47

5.4 – Calcular a quantidade de energia elétrica consumida por uma lâmpada elétrica fluorescente de 20
W, ligada ininterruptamente por 2 dias.

5.5 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Um aquecedor elétrico de 1,8 kW leva 15 min para ferver certa
quantidade de água. Se isto for feito uma vez por dia e a eletricidade custar R$ 0,10/kWh, qual o custo de
sua operação durante 30 dias?

5.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – A Figura 2.32 mostra o consumo de energia de determinada
residência em 1 dia. Calcule:
(a) A energia total consumida em kW.

(b) A potência média por hora durante um período de 24 horas.

Figura 2.32 – Curva p x t para o EF 5.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Respostas

5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6


Custo: R$ 0,09 (a) 1,34 kWh i220 = 0,25 A 0,96 kWh Custo: R$ 1,35 (a) 10 kWh
(b) 4,03 kWh (b) 416,67W
48 CEFET-MG - Ensino Técnico

LEP 2 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

2.1 – Conceitue um circuito elétrico.


2.2 – O que o modelo matemático de um circuito elétrico proporciona?
2.3 – Quais são os elementos básicos de um circuito elétrico?

2.4 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – A fonte dependente do circuito da Figura 2.33 constitui:

a. ( ) fonte de corrente controlada por tensão.


b. ( ) fonte de tensão controlada por tensão.
c. ( ) fonte de tensão controlada por corrente
d. ( ) fonte de corrente controlada por corrente
e. ( ) N. D. A.
Figura 2.33.

2.5 – Reduzir o circuito da Figura 2.34 a uma nica fonte de corrente (BOYLESTAD, 2003).

Figura 2.34.

2.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Qual dos circuitos da Figura 2.35 fornece Vab = 7 V?

Figura 2.35 – (a) a (d) Associação de fontes de tensão (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

2.7 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Qual é o valor da tensão Vx no circuito da Figura 2.36?

+ 10 V -

+ Vx -

Figura 2.36.
Circuitos Elétricos em CC 49

2.8 (GUSSOW, 2004) – a) Definir resistor fixo e identificar os principais tipos.


b) O que significa o fator tolerância num resistor?
c) Explique o significado da especificação de potência de um resistor.
d) Conceitue resistores variáveis e identifique os tipos, quanto à constituição do elemento resistivo.
Desenhe um circuito que mostre a aplicação de um resistor variável.

2.9 (O'MALLEY, 1993) – Encontre a tolerância e o valor nominal da resistência correspondente aos
seguintes códigos de cores:
a) marrom-marrom-prata-ouro. b) verde-marrom-marrom-incolor. c) azul-cinza-verde-prata.
Resp.: (a) 0,11  , 5 %. (b) 510  , 20 %. (c) 6,8 M, 10 %.

2.10 – Determine a resistência elétrica utilizada do reostato nos esquemas das Figuras 2.37 e 2.38, quando
o cursor está: (a) na posição P. (b) na posição Q.
Resp.: (a) RP = 2,0 x 10 3 . (b) RQ = 5,0 x 10 2 .

Figura 2.37. Figura 2.38.

2.11 (O'MALLEY, 1993) - Qual a energia química gasta por uma bateria de 1,25 V para produzir uma
corrente de 130 mA durante 5 min. ? Resp.: 48,75
J.

2.12 – Encontre o valor da energia química em joules gasta em uma bateria automotiva de 12 V para
mover 8,93 x 1020 elétrons do terminal positivo para o negativo.

2.13 – Uma bateria tem como especificações: 12 V - 500 Ah. Pede-se:


a) a sua carga elétrica em C.
b) a energia armazenada nesta bateria em J.
c) calcule por quanto tempo esta bateria forneceria uma corrente constante de 2,0 ampères.
Resp.: (a) Q = 1,8 x 106 C. (b) W = 21,6 MJ. (c) t = 250 h.

2.14 – Um fusível de 30 A foi instalado em uma rede alimentada por uma tensão de 120 V. Quantas
lâmpadas de 60 W poderão ser ligadas simultaneamente nessa rede, sem que o fusível se queime?
Resp.: 60 lâmpadas.

2.15 – Um dispositivo eletrônico é conectado a uma fonte CC de 48 V, sendo percorrido por uma corrente
de 5 A. Calcule a energia elétrica (em kWh) consumida após 1 h 30 min. de utilização.
Resp.: W = 0,36 kWh.

2.16 – (NILSSON, 1999). Uma bateria de 12 V fornece 100 mA a um receptor de rádio. Encontre a
energia fornecida pela bateria a este receptor em kWh em 4 h de utilização.
Resp.: 4,8 x 10 -3 kWh.

2.16 – Um chuveiro elétrico ligado a uma rede de 220 V consome 1200 W de potência. Pede-se:
a) a intensidade de corrente elétrica que passa pela resistência do chuveiro.
b) a resistência do chuveiro em .
c) a energia elétrica consumida se o chuveiro permanecer ligado durante 2 h 10 min.
Resp.: (a) 5,45 A. (b) 40,33  . (c) 2,6 kWh.
50 CEFET-MG - Ensino Técnico

2.17 – (a) Um estudante usou uma lâmpada de 100 W durante 8 h de estudo. Se o custo médio da energia
é de R$ 0,12 / kWh (valor fictício), calcule o custo da energia consumida neste período.
(b) Um eletrodoméstico de 127 V que possui uma resistência de 50  operou por uma hora e meia. Qual
foi a energia elétrica utilizada? Resp.: (a) Custo = R$ 0,10. (b) Energia (W) = 0,484 kWh.

2.18 – Um forno de microondas de 220 V – 1200 W, funcionando durante 20 minutos, consome a energia
equivalente a uma lâmpada incandescente de 220 V – 60 W, ligada durante:

a. ( ) 6 h. b. ( ) 6,67 h. c. ( ) 2,5 h. d. ( ) 5,5 h. e. ( ) 3 h.

2.19 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – É necessária uma corrente contínua de 3 A por 4 horas para
carregar uma bateria de automóvel. Se a tensão entre os polos da bateria for de 10 + t/2 V, onde t é
expresso em horas,
(a) Quanta carga é transportada como resultado do carregamento?
(b) Quanta energia é consumida?
(c) Qual é o custo para a carga da bateria? Suponha que a eletricidade custe 9 centavos/kWh.

2.20 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Em uma residência, um computador pessoal (PC) de 250 W
é usado 4 h/dia, enquanto uma lâmpada de 60 W fica ligada 8 h/dia. Se a concessionária de energia
elétrica cobra R$ 0,62/kW, calcule o quanto se paga nessa residência por ano com o PC e a lâmpada.
Circuitos Elétricos em CC 51

CIRCUITOS ELÉTRICOS EM
Capítulo
3 CORRENTE CONTÍNUA
Capítulo 3 – Circuitos Elétricos em Corrente Contínua

3.1 – O circuito série de resistores

Dois ou mais resistores formam uma associação denominada de circuito série, quando ligados um
após o outro, como mostra a Figura 3.1. Um circuito série possui como característica principal o fato de
permitir somente um percurso para a passagem de corrente elétrica.

V1 V2
+ - + - ...
R1 R2
+
E I Rn Vn
-

GND Potencial de referência: pode ser o terra


(GND) ou o terminal negativo da fonte
(a) (b)
Figura 3.1 – Associação série de resistores. (a) Diagrama esquemático. (b) Diagrama descritivo.

Quando alimentado pela fonte de tensão contínua E, um circuito série como o da Figura 3.1
apresenta as seguintes propriedades:
1. a corrente em todos os resistores é a mesma e igual àquela fornecida pela fonte, isto é:

I = IR1 = IR2 = ... = IRn (3.1)

2. A somatória das tensões dos resistores é igual à tensão da fonte, ou seja:

E = VR1 + VR2 + ... + VRn (3.2)

Aplicando-se a Lei de Ohm em cada resistor, tem-se:

E = I.R1 + I.R2 + ... + I.Rn (3.3)

Dividindo todos os membros da Equação (1.6) por I, obtém-se:

E/I = Req = R1 + R2 + ... + Rn (3.4)

Onde

E/I = Req é a resistência equivalente da associação série apresentada. Logo, para uma associação
em série de n resistores, pode-se escrever:

R eq = R 1 + R 2 + ... + R n (3.5)
52 CEFET-MG - Ensino Técnico

 Exemplo 3.1 – Um circuito série de três resistores possui resistência total RT (Req) de 4k7 ohms. Se o
primeiro resistor é de 1 k e o segundo vale o triplo do primeiro, encontre o valor do
terceiro resistor.

Solução: aplicando a Equação (3.5) a esta associação, tem-se:


Req = R1 + R2 + R3 → 4700 = 1000 + 3000 + R3 → R3 = 700 .

 Exemplo 3.2 – Um potenciômetro (Figura 3.2a) é um resistor variável muito utilizado em circuitos
eletrônicos como divisor de tensão, controle de sinal (por exemplo, o controle analógico de volume em
um aparelho de som). Conforme mostra a Figura 3.2b, consiste basicamente de uma película de carbono,
ou em um fio que percorrido por um cursor móvel, onde, através de um sistema rotativo ou deslizante, se
altera o valor da resistência entre os seus terminais (CAPUANO e MARINO, 2007).

Eixo
Cursor
móvel
Película
resistiva
ou fio de
Carbono

A
Terminal do resistor B C
(a) (b)
Figura 3.2 – (a) Aspecto de um Potenciômetro. (b) Partes constituintes.

 Exemplo 3.3 – Um resistor (R1) de 2 k e um potenciômetro (P1) de 220 k ajustado em 10 k estão


conectados em série, como mostra a Figura 3.3. Calcular a tensão ajustada na fonte Ve, necessária para
fornecer a esta associação uma corrente de 0,002 A.
Solução:

Pela Lei de Ohm, Ve = Rtotal  I, onde


Rtotal = 2 k + 10 k (pelo ajuste do
potenciômetro, terminal C, e pela conexão
utilizada).
Então, V = 12 k . 2 mA = 24 V.
Figura 3.3 – Uso de um potenciômetro.

LR - Leitura Recomendada: mais sobre resistores variáveis

Um potenciômetro, como visto na Figura 3.2, constitui um dispositivo de resistência variável para
uso em circuitos eletrônicos, através da posição do seu cursor de ajuste. A Figura 3.4 mostra o aspecto da
movimentação do cursor de um potenciômetro (terminal C), para um resistor de fio circular (Figura 3.4a)
e de carvão circular (Figura 3.4b). Para níveis de maior potência são utilizados os reostatos, com aspecto
construtivo similar aos potenciômetros – ver a Figura 3.5.
A mudança no terminal de ajuste (cursor) é linear, permitindo variar a resistência do dispositivo.
Entre os terminais B e C dos potenciômetros e reostatos apresentados, obtém-se uma resistência entre 0
(zero) e Rnom, resistência nominal, valor máximo entre os terminais A e C. Em resumo: entre os terminais
A e C: resistência fixa; entre os terminais B e C: resistência variável, adotando-se o terminal B como
referência.
Circuitos Elétricos em CC 53

(a) (b)
Figura 3.4 – (a) Potenciômetro de fio circular. (b) Potenciômetro de carvão circular (AFONSO e FILONI, 2011).

(a) (b)
Figura 3.5 – (a) Reostato de fio. (b) Reostato de carvão (AFONSO e FILONI, 2011).

3.1.1 – Potência total em um circuito série

Foi verificado que a Lei de Ohm pode ser usada para a determinação de valores totais num circuito
série, bem como para partes separadas do circuito. De forma análoga, a fórmula para a potência elétrica
pode ser aplicada para valores totais, por (3.6):

PT = I  VT (3.6)

onde:
PT = potência total [W];
I = corrente [A] e
VT = tensão total [V] (tensão aplicada aos resistores).

Assim, tomando como base o circuito genérico da Figura 3.1, a potência total PT produzida pela
fonte num circuito série também pode ser expressa como a soma das potências individuais usadas em
cada parte do circuito.

PT = I.VT = I.(V1 + V2 + ... + Vn) (3.7)

PT = P1 + P2 + … + Pn (3.8)

3.2 – O circuito paralelo e a associação paralelo de resistores

Um circuito paralelo é aquele onde dois ou mais componentes estão ligados à mesma fonte de
tensão, conforme se vê na Figura 3.6. Neste circuito três resistores estão ligados em paralelo entre si e
com a bateria V. Um componente no circuito tratado isoladamente forma um ramo. Os resistores R 1, R2 e
54 CEFET-MG - Ensino Técnico

R3 formam ramos no circuito da Figura 3.6, bem como a fonte de tensão V. Um percurso fechado é
denominado de malha. Por exemplo, a fonte V e o resistor R1 formam um percurso fechado (malha 1).

Figura 3.6 – Um circuito paralelo com três malhas.

A corrente total da fonte, IT, é a soma das correntes nos ramos 1, 2 e 3, como em (3.9). Aplicando-
se a Lei de Ohm aos dois lados desta equação obtém-se (3.10), onde RT é a resistência total ou
equivalente do circuito da Figura 3.4.
Simplificando-se (3.10), encontra-se (3.11), a qual permite encontrar o valor de RT ou resistência
equivalente do circuito.

I T = I1 + I 2 + I 3 (3.9)

V V V V
= + + (3.10)
RT R1 R 2 R 3

1 1 1 1
= + + (3.11)
R T R1 R 2 R 3

Para n resistores conectados em paralelo, tem-se a equação (3.12), pela qual encontra-se a
resistência total ou equivalente de um circuito com n resistores ligados em paralelo. O fator 1/RT é a
condutância do circuito.

1 1 1 1
= + + ... + (3.12)
R T R1 R 2 Rn

3.2.1 – Caso particular: dois resistores conectados em paralelo

O resistor equivalente da associação paralelo de dois resistores é encontrado por (3.12) e resulta em
uma expressão simples: o produto dividido pela soma.

1 1 1 1 R + R1 R1  R2
= + → = 2 → Req =
Req R1 R2 Req R1  R2 R1 + R2

3.2.2 – A potência em circuitos paralelo

A potência dissipada em cada ramo em um circuito paralelo de n ramos – ver a Figura 3.7 – se
origina da mesma fonte de tensão. Logo, a potência total é igual à soma dos valores individuais das
potências de cada ramo. As potências dissipadas no circuito da Figura 3.7 são:
Circuitos Elétricos em CC 55

P1 = V.I1 (3.13)

P2 = V.I2 (3.14)

Pn = V.In (3.15)
Figura 3.7 – Um circuito paralelo de n ramos.

A potência total PT fornecida pela fonte de tensão V é dada por (3.16).

PT = V.IT (3.16)

onde IT = I1 + I2 + ... + In, que, em (3.16), possibilita encontrar (3.17).

PT = V.IT = V.(I1 + I2 + ... + In) = P1 + P2 + ... + Pn (3.17)

Em ambas as associações, em série e em paralelo, a soma dos valores individuais da potência


dissipada no circuito é igual à potência total gerada pela fonte de alimentação.

EF – Exercícios de Fixação – Série 6

6.1 – Obtenha a resistência equivalente de dois resistores iguais a R conectados em paralelo.

6.2 – No esquema da Figura 3.8, tem-se uma chave S em paralelo com o resistor R2.

Determinar os valores de R1 e de R2 , sabendo-se que RAC =


10 k quando a chave S está fechada e que RAC = 14,7 k
quando a chave S está aberta.

Figura 3.8.
6.3 – Encontrar, para o circuito da Figura 3.9:
a) a corrente no circuito;
b) o valor das tensões Va e V1;
c) a corrente de curto-circuito no resistor de 20 .

25  10 

Figura 3.9 (BOYLESTAD, 2003). Figura 3.10 (BOYLESTAD, 2003).

6.4 – Qual é o valor da resistência total RT e da corrente no circuito da Figura 3.10?


56 CEFET-MG - Ensino Técnico

6.5 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – O potenciômetro Rx na Figura 3.11 foi projetado para o ajuste da
corrente ix na faixa de 1 a 10 A. Quais são os valores de R e Rx para que isso ocorra?

Figura 3.11 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Figura 3.12 (BOYLESTAD, 2003).

6.6 – Determinar o valor da resistência desconhecida para as condições do circuito da Figura 3.12.

6.7 – Determinar a resistência RT da rede de resistores em paralelo da Figura 3.13.

Figura 3.13 (BOYLESTAD, 2003).

6.8 (BOYLESTAD, 2003) – Seja o circuito paralelo da


Figura 3.14.
a) Encontre RT e a corrente total Is.
b) Encontre as correntes em R1 e em R2. Mostrar que
Is = I1 + I2.
c) Determine a potência dissipada em cada resistor.
d) Encontrar a potência entregue ao circuito pela fonte V s
e comparar com a soma das potências encontradas em (c). Figura 3.14 (BOYLESTAD, 2003).

Respostas

6.1 – Req = R/2; 6.5 – Para ix = 1 A, R = 110 - 1.Rx; para ix = 10 A, R = 11 -


6.2 – R1 = 10 k e R2 = 14,7 k; 2.Rx;
6.3 – (a) I = 266,67 mA; (b) Va = 13,33 V e V1 = 5,33 V; 6.6 – R = 6 ;
(c) Icurto = 0,8 A; 6.7 – RT = 1,05 ;
6.4 – RT = 110 ; 6.8 – (a) IS = 4,5 A; (b) I1 = 3 A e I2 = 1,5 A; (c) PR1 = 81 W
e PR2 = 40,5 W.
CEFET-MG - Ensino Técnico 57

3.3 – Circuitos série-paralelo (mistos)

Um circuito misto é formado por associações de circuitos série e paralelo. Um exemplo de


circuito misto é mostrado na Figura 3.15.

A B

R1 R3
+ R2
Vcc R4 R5

Figura 3.15 – Um circuito série-paralelo ou misto.

Para se obter os valores de corrente, de tensão e de resistência neste tipo de circuito, seguem-se as
regras que se aplicam a um circuito série para a parte em série e as regras para a parte em paralelo. A
solução de circuitos mistos fica simples se todos os grupos paralelo e série forem reduzidos primeiro a
resistências equivalentes únicas e se os circuitos forem redesenhados na sua forma simplificada ou
equivalente (GUSSOW, 2004).
Inicia-se esta redução pelos resistores localizados do lado oposto à fonte contínua. Em outras
palavras, esta redução se faz em direção à fonte CC. No caso da Figura 3.15, inicia-se a redução da rede
pelos resistores R4 e R5.

 Exemplo 3.4 – Encontre para o circuito da Figura 3.15:

a) a resistência equivalente do circuito, se todos os resistores são iguais a 1 k;


b) a corrente que circula no resistor R1, se a bateria Vcc = 12 V.
Solução:

a) Primeiro, encontra-se a resistência R45 = (R4  R5)/( R4 + R5) = 500 ohms.

Em seguida, soma-se R45 com R3, e obtém-se R345 = 1,5 k.


A resistência equivalente agora é dada por R1 em série com a combinação em paralelo de R2 e R345.

R2  R345 1 k × 1,5 k
Req = R1 + =1k+ = 1,6 k
R2 + R345 1 k + 1,5 k

b) a corrente que circula por R1 é a corrente total do circuito, dada por

Vcc 12
IT = = = 7,5 mA
R eq 1,6 k

3.4 – Leis de Kirchhoff

As leis de Kirchhoff, enunciadas em 1847 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-
1887), constituem a base do estudo de circuitos elétricos, juntamente com a Lei de Ohm. Elas se dividem
em Leis de Kirchhoff de Tensão (LKT) e de Corrente (LKC) e se referem à relação entre correntes e
tensões em uma rede elétrica.
58 Circuitos Elétricos em CC

3.4.1 – Lei de Kirchhoff das Tensões, LKT

A Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT), ou Lei das Malhas, é definida como: “a tensão aplicada
a um circuito fechado é igual à soma das quedas de tensão naquele circuito”, isto é:
Tensão aplicada ou elevações de tensão = soma das quedas de tensão

De outra maneira: Tensão aplicada - soma das quedas de tensão = 0 →  V = 0.

 Exemplo 3.5 – Para o circuito da Figura 3.16, V1 _


+
V2 _
+
pode-se escrever (3.18), de acordo com a LKT:
R1 R2
+
+
VA − V1 − V2 − V3 = 0 (3.18) VA R3 V3
_ _
I
onde V é a tensão aplicada e V1, V2 e V3 são as
quedas de tensão ao longo do circuito fechado.
Figura 3.16 – LKT: ilustração da fórmula  V = 0.

3.4.2 – Lei de Kirchhoff das Correntes, LKC

Pela Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) “a soma das correntes que entram em um nó deve
ser igual à soma das correntes que saem deste mesmo nó”.
O enunciado da LKC é:
I=0 (3.19)

 Exemplo 3.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Determinar, utilizando a LKC, o valor da corrente
io e da tensão vo no circuito da Figura 3.17.

Solução:
Aplicando a LKC no nó a, obtém-se
0,5 io + 3 = io → io = 6 A.
Com o valor de io, encontra-se vo pela Lei
de Ohm no resistor de 4 ohms.
Assim, vo = 4  io = 4  6 = 24 V.
Figura 3.17 – LKC: ilustração da fórmula  I = 0.

EF – Exercícios de Fixação – Série 7

7.1 – Calcule, para o circuito da Figura 3.18, utilizando a


LKT:

a) a corrente I;
b) a tensão no resistor R2;
c) a potência dissipada nos resistores desta associação.
Figura 3.18 (BOYLESTAD, 2003).
CEFET-MG - Ensino Técnico 59

7.2 – Use as leis de Kirchhoff para determinar o valor da corrente no resistor R1 do circuito da Figura
3.19 (NILSSON e RIEDEL, 1999).

Figura 3.19. Figura 3.20.

7.3 – Escrever a equação para a corrente I1 para o circuito da Figura 3.20 e calcular a mesma, sendo
dados: VR2 = 10 V, R2 = 1k e I3 = 2 mA.

7.4 – Um circuito é formado por uma fonte de tensão de 12 V e cinco resistores de 10 k, conectados em
paralelo. Calcule a corrente total fornecida pela fonte e a corrente em cada resistor.

7.5 – Um receptor de rádio que funciona em 9V (tensão vab,


Figura 3.21) está conectado a uma fonte de 12 V através de
uma resistência R, consumindo 120 mA.

a) Calcule o valor de VR, utilizando a LKT.


b) Calcule a potência dissipada em R e no receptor.
Figura 3.21

Respostas

7.1 – (a) I = 2,14; (b) VR2 = 10,7 V; (c) PR1 = 45,8 W; PR2 = 22,9 W; PR3 = 91,6 W. 7.2 – IR1 = 3,0 A.
7.3 – I1 = 1,2 mA. 7.4 – ITotal = 6 mA. Corrente de cada resistor: 12 mA. 7.5 – (a) VR = 3 V. (b) PR =
0,36 W e Preceptor = 1,08 W.

3.5 – Medição de tensão e corrente

A Figura 3.22 mostra de modo genérico como medir a tensão e a corrente em um circuito elétrico.
O voltímetro, utilizado na medida da tensão elétrica, deve ser conectado em paralelo com o dispositivo.

Figura 3.22 – Como medir tensão e corrente em um circuito (BOYLESTAD, 2003).


60 Circuitos Elétricos em CC

O amperímetro, usado para a medição da corrente elétrica, deve ser conectado em série – para isso,
é preciso abrir o ramo onde está conectado o dispositivo, como se verifica na Figura 3.21, nas medições
das correntes IS e I2.

3.5.1 – Medidas de tensão

As medidas de tensão em um dispositivo de um circuito devem ser sempre realizadas com o


voltímetro conectado em paralelo. Isto se justifica porque o voltímetro é um instrumento que possui uma
resistência interna (rV) tendendo para o infinito, na prática, da ordem de M. Quanto maior for esta
resistência, mais precisa será a medida. Neste caso haveria um mínimo de desvio de corrente do circuito
para o instrumento, como ilustrado na Figura 3.23 (corrente desviada do ponto x2).
+
_
A
IT +

vR2 rA A I3
_ _
+ +
VT V
rV R4
R3
_ R1 + _ R2 +
x1 x2
Figura 3.23 – Medidas de tensão e corrente em um circuito CC.

3.5.2 – Medidas de corrente

Da mesma forma que o voltímetro, o amperímetro também possui uma resistência interna (r A,
indicada na Figura 3.23, medida de I3). Idealmente, rA tende para zero. Por isto este instrumento é inserido
em série com o dispositivo onde se quer realizar a medida, a qual não será afetada. Na prática, r A é da
ordem de m.

 DESAFIOS

1) Seja um circuito série, com uma fonte de tensão contínua de 48 V e dois resistores iguais, R1 e R2,
de 1 k.
a) Desenhar o esquema do circuito.
b) Calcular a tensão em cada um dos resistores.
c) Se for utilizado um voltímetro de 10 k para medir a tensão em R1, qual será o erro na
medida, em relação ao valor calculado?

2) O circuito da Figura 3.24 apresenta os seguintes parâmetros: VT = 100 V, R1 = R2 = R3 = 33 .


O amperímetro indicado mede até 1,0 A e sua resistência interna é de 10 m.
a) Está correta esta ligação do amperímetro? ( ) Sim. ( ) Não.
b) Que efeito esta ligação teria sobre o instrumento? Dica: calcule a corrente IT.

IT
+ _
+
VT A R3
rA

_ R1 + _ R2 +

Figura 3.24 – Medida da corrente I em um circuito CC série.


CEFET-MG - Ensino Técnico 61

3.6 – Circuitos divisor de tensão e de corrente

3.6.1 – Regra do divisor de tensão

Seja o circuito série genérico da Figura 3.25, com n resistores. A equação de malha do circuito é
dada por (3.20). Para se obter o valor da tensão no resistor Rx, qual seria o procedimento?

VT = R1.IT + R2.IT + RX.IT +…+ Rn.IT (3.20)

IT Vx _
+

R1 R2 Rx
+
VT _ Rn

Figura 3.25 – Circuito série genérico.

A corrente do circuito é dada por IT = VT/RT, onde RT é a resistência equivalente do circuito. Para
se encontrar a tensão Vx , aplica-se Vx = Rx .IT, resultando na Equação (3.21):

RX
VX =  VT (3.21)
RT

onde:
Rx = qualquer resistor da associação série onde se quer obter o valor de sua tensão;
Vx = tensão no resistor Rx;
VT = tensão da fonte aplicada à associação série de resistores.
A regra do divisor de tensão pode então ser enunciada da seguinte forma: num circuito série,
cada resistência Rx produz uma queda de tensão Vx igual à sua parte proporcional da tensão aplicada
(GUSSOW, 2004).

3.6.2 – Divisor de corrente

A regra do divisor de corrente é apresentada aqui considerando o caso especial de dois


resistores em paralelo, como se vê na Figura 3.26. A corrente total IT que entra na combinação do
paralelo de R1 e R2 se divide respectivamente nas correntes I1 e I2, sendo I1 = VT/R1 e I2 = VT/R2.

IT I1 I2
+
VT R1 R2
_

Figura 3.26 – Divisor de corrente.

A tensão da fonte (VT) é igual a RT.IT, onde RT representa a resistência equivalente de R1 e R2.
Tem-se, em (3.22):

R1 × R 2
VT = R T × IT = IT × (3.22)
R1 + R 2
62 Circuitos Elétricos em CC

Se a expressão de VT for substituída nas expressões de I1 e I2, encontra-se:

VT  R × R2  1
I1 = → I1 =  I T × 1  
R1  R 1 + R 2  R 1

R2
I1 = IT × (3.23)
R1 +R 2

VT  R × R2  1
I2 = → I2 =  IT × 1  
R2  R1 + R 2  R2

R1
I 2 = IT × (3.24)
R1 +R 2

As Equações (3.23) e (3.24) são enunciadas matematicamente pela regra do Divisor de Corrente,
da seguinte forma:
Regra do Divisor de Corrente: Para dois resistores em paralelo, a corrente em cada resistor é a
corrente total multiplicada pela razão entre o resistor oposto e a soma dos dois resistores.

EF – Exercícios de Fixação – Série 8

8.1 – Seja o circuito série da Figura 3.27, cujos parâmetros estão indicados à sua direita.

A
L1 VT = 12 V
+ RL1 = 3 ohms
VT L2
RL2 = 7 ohms
rA = 0 (ideal).
Figura 3.27.

a) Calcular as quedas de tensão VL1 e VL2, utilizando o método do divisor de tensão.


b) Calcular a corrente indicada pelo amperímetro e o consumo de potência de cada lâmpada em W.

8.2 – Seja o circuito da Figura 3.28.


a) Determinar a variação de tensão entre os pontos C e A do circuito, através do método do divisor de
tensão.
b) Em que ponto de ajuste do potenciômetro a corrente da fonte é mínima?
c) Para qual nível de resistência ajustado no potenciômetro de 470 ohms, a tensão de saída (vo) é de 8 V?

B

330 
330
Máx.

16 V 470  C

vo
Mín.
A
Figura 3.28 ( (ALEXANDER e SADIKU, 2013).
CEFET-MG - Ensino Técnico 63

8.3 – No circuito série da Figura 3.29, a tensão é VCA é de 4 volts. Qual é o valor da resistência R?

I = 42 mA
2 k 6 k
C
I1
+
Vi 20 V R1 R2 R3
R? 4V
_ RT 6 24  48 

A
Figura 3.29. Figura 3.30 (BOYLESTAD, 2003).

8.4 – Um circuito com dois resistores em paralelo apresenta R2 = 3 R1. Usando a regra do divisor de
corrente, encontre a razão I1 / I2.

8.5 – Calcular a corrente I1 no divisor de corrente da Figura 3.30 (BOYLESTAD, 2003).

Respostas

8.1 – (a) VL1 = 3,6 V; VL2 = 8,4 V. (b) IT = 1,2 A; PL1 = 4,32 W e PL2 = 10,08 W.
8.2 – (a) VCA varia entre 0 (zero) e 9,4 V.
(b) Discussão, com base no esquema do circuito e possibilidades de conexão do potenciômetro. (c) O potenciômetro
estará ajustado em 400 ohms, para vo = 8 V.
8.3 – R = 2 k.
8.4 – I1/I2 = 3.
8.5 – I1 = 30,55 mA.

3.7 – Transformações de Fontes

Muitas vezes é possível utilizar transformações de fonte para obter o circuito equivalente de
Thévenin ou de Norton2. A técnica de transformação de fontes é mais recomendada para circuitos que
contenham apenas fontes independentes, já que a presença de fontes dependentes significa que deve-se
preservar a identidade das tensões e/ou correntes de controle, o que quase sempre impede a redução do
circuito.
A Figura 3.31 mostra a reciprocidade ou a dualidade entre uma fonte de tensão e uma fonte de
corrente. A demonstração desta dualidade é bastante simples. Para uma carga RL conectada aos nós A e B
da fonte de tensão da Figura 3.31, tem-se o circuito da Figura 3.32, cuja corrente é dada por (3.25).

A A
R
+
V I R

B B
Figura 3.31 – Dualidade entre uma fonte de tensão e uma fonte de corrente.

2
Os circuitos citados vem dos Teoremas de mesmo nome, que serão estudados posteriormente. Tais teoremas
permitem a simplificação de redes complexas, reduzindo-as a um circuito de uma só malha.
64 Circuitos Elétricos em CC

V A A
IL = (3.25) R IL
R + RL +
V RL I R RL
Supondo o mesmo resistor RL conectado IL
aos nós A e B do circuito da fonte de corrente da B B
Figura 3.31, resulta o circuito da Figura 3.33. Figura 3.32. Figura 3.33.

Pela regra do divisor de corrente encontra-se a corrente na carga RL, através de (3.26).

I R
IL = (3.26)
R + RL

Para que os circuitos de fonte de tensão e de fonte de corrente sejam equivalentes ou duais, a
corrente IL deverá ser a mesma para ambos, i.e.,

V I R (3.27)
IL = =
R + RL R + RL

Da relação (3.27) obtém-se I = V / R.


Nota: a polaridade de V sendo invertida, inverte-se também o sentido da corrente I, para que se
mantenha a dualidade entre ambas as fontes.

Casos especiais

a) Resistência Rp em paralelo com uma fonte de tensão - Figura 3.34a.

O resistor Rp não tem efeito sobre a carga conectada em A e B, uma vez que os circuitos à esquerda
são equivalentes no que diz respeito a estes terminais, que recebem a mesma tensão. Logo, R p pode ser
desprezado no esquema da Figura 3.34a.

A
IL
+
V Rp RL

B
(a)
A
RS IL

I R RL

B
(b)
Figura 3.34 – Em (a) o resistor Rp não tem efeito na tensão vAB do circuito.
(b) Nesta fonte de corrente, RS é desprezível para o cálculo da corrente de carga, I L.

b) Resistência RS em série com uma fonte de corrente.

De maneira similar ao que ocorre com a fonte de tensão da Figura 3.34a, pode-se desprezar o
resistor RS no circuito da Figura 3.34b, pois este não tem efeito sobre a corrente da carga, IL.
CEFET-MG - Ensino Técnico 65

3.8 – Transformações de Redes: triângulo () para estrela (Y) e vice-versa

As redes da Figura 3.35 são denominadas, em razão de suas formas e conexões: (1) redes em Y ou
em T, e (2) redes em delta ( ou triângulo) ou em pi. Ao se analisar as redes de circuitos elétricos é muito
útil converter o tipo Y em  e vice-versa, para simplificar a solução.

a b a
a b a b
Ra Rb R1
Ra Rb
Rc R2 R3 R2
Rc

c c c c

(a) (b) (c)


a b a b
b a b
Ra Rb R1 R1
Rb
Rc R2 R3 R2 R3
c

c c c

(b) (c) (d)


Figura 3.35 – (a) e (b): redes em Y ou em T. (c) e (d): redes em delta (triângulo) ou em pi.

CONVERSÕES – tomar como base as conexões da Figura 3.36.

R1
a b

Ra Rb

R2 R3
Rc

c
Figura 3.36 (BOYLESTAD, 2003).

a) Conversão  em Y: ver (3.28) a (3.30).

R1  R2
Ra = (3.28)
R1 + R2 + R3

R1  R3
Rb = (3.29)
R1 + R2 + R3

R2  R3
Rc = (3.30)
R1 + R2 + R3
66 Circuitos Elétricos em CC

Regra:

Cada resistor na rede Y é o produto dos resistores nos dois ramos adjacentes , dividido pela soma
dos três resistores  (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

b) Conversão Y em : ver (3.31) a (3.33).

Ra Rb + Rb Rc + Rc Ra
R1 = (3.31)
Rc

Ra Rb + Rb Rc + Rc Ra
R2 = (3.32)
Rb

Ra Rb + Rb Rc + Rc Ra
R3 = (3.33)
Ra

Regra: cada resistor na rede  é a soma de todos os produtos possíveis de Y resistores extraídos
dois a dois, dividido pelo resistor Y oposto (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

 Exemplo 3.7 – Utilizando transformações de redes Y- e/ou -Y, determine a resistência equivalente
Rab do circuito da Figura 3.37a e também a corrente da fonte (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Solução:

Neste circuito, podemos verificar duas redes Y e três redes . A simplificação do circuito passa
pela transformação de uma delas. Se fizermos a conversão da rede Y formada pelos resistores de 5, 10 e
20 ohms, podemos escrever:

R1 = 10 ohms; R2 = 20 ohms e R3 = 5 ohms.

Aplicando-se as equações apropriadas, obtêm-se a rede  indicada na Figura 3.37b, cujos valores
são 17,5, 35 e 70 ohms.

a
Rca
R1
Rab
c
R3
R2
Rcb
b
(a) (b)
Figura 3.37 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).
Cálculos:

R1R2 + R2 R3 + R3 R1 10  20 + 20  5 + 5 10 350


Rcb = = = = 35 
R1 10 10
CEFET-MG - Ensino Técnico 67

R1R2 + R2 R3 + R3 R1 350
Rca = = = 17,5 
R2 20

R1R2 + R2 R3 + R3 R1 350
Rab = = = 70 
R3 5

Na Figura 3.37b, existem três pares de resistores em paralelo:

(70 // 30), (12,5 // 17,5) e (15 // 35)

O cálculos destes resistores em paralelo está indicado abaixo. O circuito resultante é mostrado na
Figura 3.38, através do qual se encontra facilmente o valor de Rab.

Figura 3.38 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Cálculo de Rab:

Rab = (7,292 + 10,5) // 21

= 17,792 // 21
= (17,792  21)/( 17,792 + 21) = 9,632 ohms.
i = 120/Rab
= 120/9,632 = 12,458 A.

LEP 3 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

3.1 – Uma bateria obedece à equação V = 20 – 0,5i. Quando aos seus terminais A e B é conectada uma
carga resistiva, é medida no circuito série uma corrente de 8,0 A. Pede-se:

a) Quais os parâmetros (E e r) desta bateria?


b) Qual a ddp em seus terminais?
c) Calcule a potência útil fornecida à carga.
d) Calcule o rendimento () percentual da carga conectada em A e B.
68 Circuitos Elétricos em CC

3.2 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – A resistência equivalente do circuito da Figura 3.39 é de 50


ohms. Qual é o valor de R?

Figura 3.39. Figura 3.40.

3.3 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Calcular a resistência equivalente do circuito da Figura 3.40.

3.4 – Sejam as redes resistivas em paralelo, das Figuras 3.41a e 3.41b (BOYLESTAD, 2003).

a) Calcular o valor dos resistores desconhecidos R1, R2 e R3 do circuito da Figura 3.41a, se a sua
resistência total (RT) é de 20 ohms e se os três resistores são iguais.
b) Qual é o valor do resistor R1 no circuito da Figura 3.41b? Considerar R2 = 5R1 e R3 = R1/2.

(a) (b)
Figura 3.41 – Redes resistivas – questão 3.4 (BOYLESTAD, 2003).

3.5 – Encontre a resistência equivalente entre os pontos 1 e 2 da estrutura da Figura 3.42, onde todos os
resistores são iguais a R. Nota: Por simetria, os pontos 3 e 6 são equipotenciais (possuem o mesmo
potencial elétrico), assim como os pontos 4 e 5. O resultado encontrado é:

a. ( ) 8R/15. b. ( ) 7R/12. c. ( ) 5R/12. d. ( ) 7R/10. e. ( ) 3R/10.

Figura 3.42.
CEFET-MG - Ensino Técnico 69

3.6 – Um circuito apresenta a expressão Req = R1 + R2 // (R3 + R4 // R5) para a sua resistência
equivalente, onde o símbolo // significa ligação em paralelo. Este circuito é alimentado por uma tensão Vi
de 120 V.

a) Desenhar o esquema do circuito e calcular a corrente da fonte. Todos os resistores são de 200 ohms.
b) Qual é a potência dissipada no resistor R3?

3.7 – Seja o circuito da Figura 3.43, cujos parâmetros são: Vi =


160 V, R1 = 30 , R2 = 25  e P1 é um potenciômetro.

a) Encontre a faixa de variação de P1 para VAB variando de 80 a 120 V.


b) Qual é o valor ajustado no potenciômetro para que a tensão V AB seja
de 50 V?
Figura 3.43.

3.8 – Uma parcela de uma instalação elétrica residencial é descrita na Figura 3.44 (BOYLESTAD, 2003).
Considere a tensão de 120 V como eficaz.

a) Determinar a corrente através de cada carga ligada em paralelo.


b) Calcular a corrente drenada da fonte de 120 V. Esta corrente é maior do que a corrente nominal do
disjuntor?
c) Qual é a resistência total desta rede elétrica?
d) Encontrar a potência suprida da fonte de 120 V. Comparar com a potência total entregue às cargas
apresentadas, todas ligadas.

Figura 3.44 – Barramento monofásico de uma residência (BOYLESTAD, 2003).

3.9 (BOYLESTAD, 2003) – Seja o circuito da Figura 3.45.


a) Qual é a corrente total, IT?
b) Qual é a tensão nos terminais a e b?
c) O novo valor de IT se aos terminais a e b for conectada uma fonte de 100 V.
d) Com Vab = 100 V, qual será o valor da corrente I2 se o resistor de 2 ohms estiver aberto?

Figura 3.45 (BOYLESTAD, 2003).


70 Circuitos Elétricos em CC

3.10 – No circuito da Figura 3.46, tem-se os resistores R1 = R2 = 30 . A lâmpada L pode


suportar uma corrente máxima imáx. = 2,5 A, quando emite sua potência máxima Pmáx. = 220 W.

Qual é a máxima tensão na fonte CC (E volts) para que a lâmpada opere segundo os seus
parâmetros nominais? Considere r = 0 (resistência interna da fonte).

Figura 3.46.

3.11 – Encontrar, utilizando a LKC, o valor das correntes desconhecidas nos circuitos das Figuras 3.47a a
3.47d (BOYLESTAD, 2003).

(a) (b)

(c) (d)
Figura 3.47 – Circuitos onde se aplica a LKC (BOYLESTAD, 2003).

3.12 – Calcular, para o circuito misto da Figura 3.48:

a) a) A resistência equivalente, Req.


b) b) As correntes Itotal, Iab e I12.
c) c) As d.d.p. Vab e Vcd.
d) d) A corrente de curto-circuito nos terminais c e d.
CEFET-MG - Ensino Técnico 71

Figura 3.48.

3.13 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Um voltímetro é usado para medir a tensão Vo no circuito da
Figura 3.49. O modelo do voltímetro consiste em um voltímetro ideal em paralelo com um resistor de 100
k. Para Vs = 40 V, RS = 10 k e R1 = 20 k, calcular o valor de Vo com e sem o voltímetro para as
seguintes situações:
(a) R2 = 1 k.
(b) R2 = 10 k.
(c) R2 = 100 k.

Figura 3.49 – Voltímetro ideal em paralelo com um resistor de 100 k (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

3.14 – Com base nas medidas indicadas no circuito da Figura 3.50, verifique se o mesmo está
funcionando corretamente. Se não estiver, justifique.

Figura 3.50.

3.15 – Transforme as fontes de tensão da Figura 3.51 em fontes de corrente.

a a a
2,5  10 k 1 k
10I1 12 V 6V

b b b
(a) (b) (c)
Figura 3.51.
72 Circuitos Elétricos em CC

3.16 (BOYLESTAD, 2003) – Seja o circuito da


Figura 3.52.

a) Qual é a corrente na carga RL?


b) Calcule a potência dissipada em RL.
c) Qual é a corrente de curto-circuito em RL?
Figura 3.52 (BOYLESTAD, 2003).

3.17 – Transforme o circuito da Figura 3.53 em uma fonte de corrente simples.

3.18 – Sejam os circuitos das Figuras 3.54 e 3.55, fontes duais de corrente e de tensão, respectivamente.
a) Qual é o valor corrente I no circuito da Figura 3.55?
b) Qual é a tensão na carga (RL)?
c) Qual é a corrente de curto-circuito em RL?

Figura 3.53. Figura 3.54. Figura 3.55.

3.19 – Utilize as transformações Y- e vice-versa para calcular a tensão Vab, no circuito da Figura 3.56.
Qual é a potência entregue ao circuito pela fonte de tensão?

Figura 3.56 (BOYLESTAD, 2003).

3.20 (BOYLESTAD, 2003) – Qual é a resistência equivalente RT no circuito da Figura 3.57?

Figura 3.57 (BOYLESTAD, 2003).


CEFET-MG - Ensino Técnico 73

3.21 (ALEXANDER e SADIKU, 2013)

Na rede em triângulo (Figura 3.58a) a tensão Vac é de 100 V, estando o ponto c aterrado.

a) Obter o valor de R1 no seu circuito equivalente em Y, Figura 3.58b.


b) Qual é a soma das potências dissipadas nos resistores da associação em triângulo?

(a)

(b)
Figura 3.58 − Rede resistiva em (a) triângulo e (b) sua transformação em estrela (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

3.22 (BOYLESTAD, 2003) – Utilizar as transformações Y- ou -Y para encontrar a corrente I nos
circuitos das Figuras 3.59 e 3.60.

Figura 3.59 (BOYLESTAD, 2003).


74 Circuitos Elétricos em CC

(b)
Figura 3.60 (BOYLESTAD, 2003).

Respostas – LEP 3

3.1 – (a) E = 20 V e r = 0,5 ohm. (b) VAB = 16 V. (c) P útil = 128 W. (d)  = 80 %.
3.2 – R = 16 .
3.3 – Req = 73 .
3.4 – (a) R1 = 64,52 ; R2 = 322,6  e R3 = 32,26 . (b) R1 = 120 .
3.5 – Req = 583,13  (7R/12) para R = 1 k, conectando os pontos 1 e 2 a uma fonte de 100 V
(simulação).
3.6 – (a) IT = 375 mA. (b) PR3 = 4,5 W.
3.7 – (a) P1 varia de 4,54 a 13,63 ohms. (b) P1 = 29,97 ohms.
3.8 – (a) IL = 5 A; IM = 3,33 A e ITV = 3 A. (b) IT = 11,33 A. (c) RT = 10,59 . (d) PT = 1360 W.
3.9 – (a) IT = 7,64 A; Vab = 24 V. (c) IT = 86,21 . (d) I2 = 8,32 A.
3.10 – E = 250,9 V.
3.11 – (a) I1 = 25 A, I2 = 23 A e I3 = 20 A. (b) I1 = 11 A, I2 = 6, I3 = 14 A e I4 = 10 A.
(c) I1 = 3 mA, I2 = 1 mA e I3 = 1,5 mA. (d) I1 = 6 A, I2 = 4 A, I3 = 1,5 A e I4 = 5,5 A.
3.12 – (a) Req = 16,98 . (b) Itotal = 706,71 mA; Iab = 192,74 mA e I12 = 282,68 mA.
(c) Vab = 1,54 V; Vcd = 3,39 V. (d) Icurto = 0,99 A.
3.13 – (a) 1,278 V (com) e 1,29 V (sem). (b) 9,30 V (com) e 10 V (sem). (c) 25 V (com) e 30,77 V (sem).
3.14 – Análise do circuito com relação às medidas. Somente a medida da tensão está correta. Algum
resistor deve estar com valor diferente do nominal, para a alteração na corrente da fonte.
3.15 – 1ª FC (fonte de corrente) : FCDC igual a 4I1, com sentido para cima, em paralelo com o resistor de
2,5 ohms. 2ª FC: FC igual a 1,2 mA, com sentido para cima, em paralelo com o resistor de 10 k. 3ª FC:
FC igual a 6 mA, com sentido para baixo, em paralelo com o resistor de 1 k.
3.16 – (a) IL = 3 A. (b) PRL = 126 W. (c) Icurto = 10 A.
3.17 – FC de 5 A, com sentido para cima, em paralelo com o resistor de 2 .
3.18 – (a) IL = 3 mA. (b) VRL = -18 V. (c) Icurto = 9 mA.
3.19 – Vab = 0 V. PE = E . I = 80 W.
3.20 – RT = 3,26 .
3.21 – (a) R1 = 5 . (b) Ptotal = PRa + PRb + PRc = 93,75 W + 1000 W + 156,25 W = 1250 W.
3.22 – Fig. 3.59a: I = 7,35 A. Fig. 3.59b: I = - 1,76 mA.
CEFET-MG - Ensino Técnico 75

MÉTODOS DE ANÁLISE DE
Capítulo
4 CIRCUITOS ELÉTRICOS EM CC
Capítulo 4 – Métodos de Análise de Circuitos Elétricos em CC

4.1 – Introdução

As técnicas de análise de circuitos CC são de grande valia quando se quer calcular


parâmetros de circuitos que possuem mais de uma fonte de energia, como é o caso de vários
sistemas eletrônicos e elétricos de potência.
Como visto anteriormente, um circuito genérico possui nós e ramos. Um nó é um ponto de
junção de dois ou mais elementos de circuitos. O nó principal de um circuito é aquele que
conecta pelo menos três elementos e possui uma equação nodal considerável (BARTKOWIAK,
1994). O nó secundário conecta apenas dois elementos e é um nó trivial. Qualquer caminho entre
dois nós é chamado de ramo. Com base nestas definições, pode-se afirmar que um circuito é
complexo se há duas ou mais fontes de energia em ramos diferentes do circuito.
Este capítulo se inicia com a discussão sobre linearidade, modelagem de sistemas,
parâmetros concentrados e distribuídos, temas importantes para se efetuar estudos na área de
circuitos elétricos. Em seguida são descritos os principais métodos de análise de circuitos,
ferramentas utilizadas na simplificação de redes e no cálculo dos principais parâmetros dos
mesmos.

4.1.1 – Conceitos importantes

A Engenharia elétrica, em sua maior parte, possui como base de estudo duas matérias: a teoria dos
circuitos e a teoria do campo (também denominada teoria eletromagnética). Esta última explica o
comportamento de transistores, indutores e outros dispositivos e faz a análise da propagação de energia
no espaço, fornecendo modelos matemáticos para o comportamento interno dos elementos dispositivos de
circuitos. A teoria de circuitos trata dos efeitos de interligação de componentes cujas características já são
conhecidas e não com as razões ou causas que motivam os comportamentos dos componentes individuais
(CLOSE, 1988).
O esquema da Figura 4.1 representa um sistema (um conjunto de componentes interligados), que
recebe um sinal de uma entrada (estímulo ou excitação) e que produz uma saída (resposta).

Entrada x(t) Sistema Saída y(t)

Figura 4.1 – Representação simbólica de um sistema.

Em geral, a entrada x(t) e a saída y(t) serão ambas funções do tempo t, podendo ser sinais, por
exemplo (um sinal constitui uma forma qualquer de grandeza), de tensão elétrica, força mecânica, ondas
sonoras, temperatura, radiação etc.
A Figura 4.2 ilustra um sistema básico de TV via satélite, onde os sinais de alta frequência (na
faixa de Giga-hertz) são convertidos em sinais de transmissão que chegam aos aparelhos de TV.
76 Circuitos Elétricos em CC

Sinais do
satélite
Aparelho
Antena de TV
parabólica

Receptor
do satélite

Áudio + video

Figura 4.2 – Sistema básico de TV via satélite.


Fonte: http://blog.elsys.com.br/principais-duvidas-receptores-via-satelite/

Exemplos de alguns tipos de sistemas elétricos (NILSSON e RIEDEL, 1999):

(1) sistemas de comunicação (equipamentos de televisão, câmeras, transmissores, receptores e aparelhos


de vídeo; sistemas de radar; sistemas telefônicos etc.);
(2) sistemas de computação (redes de computadores, Internet, calculadoras etc.);
(3) sistemas de controle (controle de temperatura, controle da mistura ar-combustível nos cilindros de
automóvel, sistemas de piloto automático na aviação etc.);
(4) sistemas de transmissão de energia elétrica (que englobam a geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica, a partir das usinas hidroelétricas, termelétricas etc.),
(5) sistemas de processamento de sinais – sistemas de processamento de imagens que recebem os dados
de satélites meteorológicos e os convertem em imagens exibidas na TV, aparelhos de tomografia
computadorizada e ressonância magnética (Figura 4.3), dentre outros (CLOSE, 1988), (NILSSON e
RIEDEL, 1999).

Figura 4.3 – Exame de ressonância magnética. Fonte: https://www.educacaoge.com.br/

Qualquer um destes sistemas pode ser observado experimentalmente, sendo possível tirar
conclusões dos dados obtidos. É importante, entretanto, que existam métodos analíticos disponíveis para
examinar as suas relações de entrada-saída. Tais métodos podem ser utilizados para prever as
possibilidades de sucesso e fornecer uma valiosa compreensão da operação do sistema. Através destes
métodos podem-se encontrar também meios de eliminar possíveis deficiências.
CEFET-MG - Ensino Técnico 77

O desenvolvimento de métodos analíticos envolve várias considerações. Primeiro, uma descrição


matemática deve ser formulada para os componentes individuais. Tal descrição deve aproximar o
comportamento observado do componente físico em consideração, mas deve também ser o mais simples
possível, de maneira que os cálculos não se tornem desnecessariamente difíceis. Em segundo lugar dever
ser encontrada uma descrição matemática do efeito da interligação dos diferentes componentes através da
postulação de leis de interligação. Um sistema dado pode então ser representado por um modelo (ou
sistema idealizado), que é baseado na descrição matemática dos componentes e de sua interligação.
Aplicando-se se técnicas matemáticas conhecidas, poderão então ser determinadas as relações de entrada-
saída do sistema. O teste mais severo da validade deste procedimento é a verificação de se os resultados
analíticos concordam consistentemente com as observações experimentais. Se não houver uma
concordância muito próxima, deverá ser revista a descrição matemática dos componentes ou de sua
interligação (CLOSE, 1988).

• Análise, linearidade e circuitos

A análise de um dado sistema consiste em se determinar a sua saída, se são conhecidos a própria
constituição do sistema e os seus dados de entrada (CLOSE, 1988). Ao contrário, a tarefa em um
problema de síntese é projetar um sistema dadas a entrada e a saída desejadas.

• Linearidade

Se em um elemento de um sistema qualquer existe uma relação linear entre causa e efeito, está
presente aí a propriedade da linearidade. Esta propriedade combina as propriedades de homogeneidade
(aplicação de um fator de escala) e de aditividade (ALEXANDER e SADIKU, 2013).
Um sistema é dito linear se ele obedece às seguintes regras:
(1) se a entrada do mesmo é aumentada por um fator multiplicativo k, a saída é também multiplicada por
k, ou seja:

Entrada = k.xi (t) → Saída = k.yi (t)

(2) se duas entradas forem aplicadas simultaneamente (tanto no tempo ou em diferentes pontos do
sistema, ver a Figura 4.4), a resposta total será a soma das respostas individuais a cada uma das entradas
separadamente, isto é:

Entrada = xi (t) + xj (t) → Saída = yi (t) + yj (t)

x1(t) y1(t)
. .
. Sistema .
. .
xn(t) yn(t)

Entradas y(t) Saídas y(t)


Figura 4.4 – Representação simbólica de um sistema com múltiplas entradas e saídas.

Em resumo, se y1(t) e y2(t) denotarem as respostas a duas entradas independentes x1(t) e x2(t), então
um sistema será linear se, e somente se, a resposta a x(t) = k1.x1(t) + k2.x2(t), for dada por (4.1).

y(t) = k1.y1(t) + k2.y2(t) (princípio geral da Linearidade) (4.1)


78 Circuitos Elétricos em CC

Na prática, quase todos os sistemas são algo não-lineares, mas, em muitos casos, a não-linearidade
tem um efeito tão pequeno que pode ser desprezada.
De modo geral, no caso de circuitos elétricos, pode-se afirmar: um circuito é linear se ele for tanto
aditivo como homogêneo, pois consiste apenas em elementos lineares, fontes lineares dependentes e
independentes. Um circuito linear é um circuito cuja saída está linearmente relacionada (ou
é diretamente proporcional) à sua entrada (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

 Exemplo 4.1

1) Um diferenciador é um dispositivo caracterizado pela relação y = dx/dt. Será tal dispositivo linear?

Solução: sejam em (4.2) e (4.3), y1(t) e y2(t), respectivamente, as respostas às entradas x1(t) e x2(t), de tal
maneira que

dx 1 ( t ) (4.2)
y1 ( t ) =
dt

dx 2 ( t )
y 2 (t ) = (4.3)
dt

A resposta à entrada k1x1 (t) + k2x2 (t) é, em (4.4),

d
k 1 x 1 (t ) + k 2 x 2 (t ) = k 1 dx 1 (t ) + k 2 dx 2 (t ) = k 1 y1 (t ) + k 2 y 2 (t ) (4.4)
dt dt dt

o que concorda com o princípio geral visto anteriormente. Logo, o sistema em questão (diferenciador) é
linear.

 Exemplo 4.2 – Determine se o sistema caracterizado por y = x2 é linear.

Solução: a resposta às entradas k1x1 (t) + k2x2 (t) é

y(t) = [k1x1 (t) + k2x2 (t)]2

= [k1x1 (t)]2 + 2. k1x1 (t).k2x2 (t) + [k2x2 (t)]2 = y1 (t) + 2. k1x1 (t).k2x2 (t) + y2 (t).

Este sistema é não-linear, já que a 2ª parcela (em negrito) não permite satisfazer o princípio geral
de linearidade.

Nota:

Esta situação ocorre, por exemplo, em um resistor R, no cálculo de sua potência elétrica. Quando
uma corrente i1 flui por R, a potência elétrica é encontrada por p1 = R.i12. Para uma corrente i2, a potência
no mesmo é p2 = R.i22.
Se a corrente (i1 + i2) flui por este resistor, a potência absorvida é

p3 = R.(i1 + i2)2
= R.i12 + 2.R.i1.i2 + R.i22

Portanto, a relação de potência é não-linear.


CEFET-MG - Ensino Técnico 79

• Sistemas invariantes no tempo

Os circuitos estudados neste texto serão somente lineares. Serão, além disso, invariantes no tempo
e concentrados. Um sistema é dito invariante no tempo (ou fixo) se sua relação entrada-saída independe
do tempo. Se a entrada de um sistema invariante no tempo for retardada de t o segundos, a saída será
retardada do mesmo tempo, mas sua forma e amplitude não serão afetados.
Por outro lado em um sistema variante no tempo as características são alteradas com o tempo.
Como a massa de um foguete diminui à medida que seu combustível vai sendo gasto, esta grandeza é um
componente variante no tempo. Ou ainda, as propriedades de um circuito podem alterar-se se a
temperatura em torno dele se alterar significativamente.

• Sistemas concentrados e distribuídos

É importante conhecer a distinção entre sistemas concentrados e distribuídos, do ponto de vista de


modelagem. Um circuito é considerado um sistema concentrado quando suas dimensões físicas permitem
supor que os seus sinais se propagam instantaneamente. Sendo definidos os parâmetros c, a velocidade de
propagação, igual à velocidade da luz (3  108 m/s) e f (frequência do sinal), temos isto como válido, se
para o maior trajeto no circuito, a seguinte condição for verdadeira (KIENITZ, 2010):

c , onde d é a distância percorrida


d 
f

sendo  = c/f, o comprimento de onda do sinal propagado.

Nesse caso, tensões v(t) e correntes i(t) estão definidas por todo o circuito univocamente para todo
t, independentemente das coordenadas de posição (KIENITZ, 2010). Um sistema concentrado tem,
portanto, um número finito de pontos nos quais podem ser feitas medidas diferentes de saída (CLOSE,
1988).
De posse dos conceitos sobre parâmetros concentrados e distribuídos, surge uma questão: “quão
reduzido deve ser um sistema para ser considerado de parâmetros concentrados”?
Uma regra adotada e mais confiável é a regra dos 10 por cento: se as dimensões do sistema são
menores do que 10 por cento do comprimento de onda, podemos representá-lo por um modelo de
parâmetros concentrados (NILSSON e RIEDEL, 1999).

Um sistema concentrado pode ser estudado segundo a teoria de Circuitos Elétricos,


cuja dimensão de propagação de sinais (d) deve ser menor do que /10.

De maneira oposta, um sistema de parâmetros distribuídos é aquele onde:


1) não vale a relação d << c/f ou d < /10;
2) tal sistema possui um número infinito de pontos nos quais podem ser feitas medidas diferentes
de saída.

Em RESUMO,
os sinais elétricos se propagam com velocidade da luz (c = 3  108 m/s). Se o sistema for suficientemente
pequeno em termos físicos (d < /10), estes sinais o percorrem com tanta rapidez que todos os seus
pontos podem ser considerados simultaneamente (sistema de parâmetros concentrados, como se fossem
um único ponto). Nesta situação se aplica a teoria de Circuitos Elétricos.
80 Circuitos Elétricos em CC

 Exemplo 4.3 – Sistemas de parâmetros concentrados.

Seja uma placa de circuito impresso, onde d = 10 cm é a maior de suas maiores dimensões de
comprimento. Este sistema é de parâmetros concentrados ou distribuídos, para um sinal de tensão de 1
kHz?
Solução:
 = (3  108 m/s)/(1 kHz) = 300 km.
Fator /10: é igual a 300 km/10 = 30 km → Logo, d << /10.

 Exemplo 4.4 – Sistemas de parâmetros concentrados.

Em um circuito de áudio (Figura 4.5), com d = 0,11 m, a máxima frequência é da ordem de 25 kHz.
O comprimento de onda  é:
 = (3  108 m/s)/ (25  103 Hz) = 12 km. O fator /10 é igual a 12 km/10 = 1,2 km.
Com d = 0,11 m, tem-se d < /10 e esta placa constitui um sistema de parâmetros concentrados.

(a) (b)
Figura 4.5 – Vistas da placa de circuito impresso de um circuito amplificador de áudio. (a) lado dos componentes.
(b) Lado do cobre. Fonte: http://ameletronica.blogspot.com.br/2011/05/circuito-de-amplificador-de-audio-com_26.html

 Exemplo 4.5 – Sistemas de parâmetros distribuídos. Um sinal senoidal de tensão elétrica em 60 Hz se


propaga numa L.T. (Linha de Transmissão) de 2000 km – Ver a Figura 4.6. O comprimento de onda deste
sinal é dado por:

 = (3  108 m/s)/(60 Hz) = 5000 km.


Fator /10: é igual a 5000 km/10 = 500 km.
d = 2000 km → d > /10.

Este sistema de L. T. é considerado de parâmetros distribuídos. O sinal de tensão propagado


(Figura 4.7) possuirá diferentes níveis de amplitude ao longo do percurso da rede CA (Corrente
Alternada) até a carga ou sistema alimentado.

Usina
hidroelétrica Carga
Comprimento (d): 2000 km (consumidores)

Linha de Transmissão (L. T.)

Frequência (f): 60 Hz Comprimento de onda (): 5000 km


Figura 4.6 – Representação simbólica de um sistema com múltiplas entradas e saídas.
Fonte: http://electroncad.com/images/articles/54/linha_de_transm_potencia.bmp
CEFET-MG - Ensino Técnico 81

Figura 4.7 – Sinal de tensão se propagando ao longo de uma L.T. (Exemplo 4.3).

4.2 – Análise através das Leis de Kirchhoff

4.2.1 – Método das correntes nas malhas e a regra de Cramer

Uma malha é qualquer percurso fechado de um circuito (GUSSOW, 1996). A solução de um


circuito utilizando as correntes nas malhas requer a escolha prévia dos percursos que formarão as
mesmas. Para cada malha é designada a sua corrente, sendo utilizado, por conveniência, o sentido horário.
Para cada malha do circuito, aplica-se a LKT ao longo do percurso de sua respectiva corrente. Com isso
encontram-se as equações para o cálculo das correntes de interesse.
Na Figura 4.7 tem-se um circuito com duas malhas. Os procedimentos adotados para se obter as
equações das correntes de malha, I1 (malha 1) e I2 (malha 2) foram tomados segundo os passos:

R1 R3
c d e
+ _ + _
V1 V3
+ + _
+
VA _ R2 V2 VB
I2 _
I1 _ +

Malha 1 Malha 2
b a f
Figura 4.8 – Um circuito com duas malhas.

1) desenho das correntes de cada malha (foi adotado o sentido horário);


2) indicação da polaridade de tensão para cada resistor (V1, V2 e V3), de acordo com o sentido
adotado para a corrente. O fluxo convencional de corrente num resistor produz uma polaridade positiva
onde a corrente entra;
3) aplicação da LKT ao longo de cada malha, percorrendo-a de acordo com o sentido adotado
para a sua corrente.
Nota: no resistor R2, ocorrem duas correntes diferentes, I1 e I2, que fluem em sentidos opostos.
Logo, aparecem dois conjuntos de polaridades para o mesmo.
Percorrendo a malha 1 no sentido abcda e aplicando a equação geral, V =  tem-se:

+ VA – I1.R1 – I1.R2 + I2.R2 = 0


+ VA – I1.(R1 + R2) + I2.R2 = 0
82 Circuitos Elétricos em CC

I1.(R1 + R2) - I2R2 = VA (4.5)

Para a malha 2, percorrendo a mesma no sentido adefa:

–I2.R2 + I1.R2 – I2.R3 – VB = 0

I1.R2 – I2.(R2 + R3) = VB (4.6)

Com as equações (4.5) e (4.6) calcula-se o valor das correntes I1 e I2 e, também, todas as quedas de
tensão através dos resistores utilizando a Lei de Ohm. Pode-se verificar em (4.7) a solução das correntes
das malhas percorrendo a malha abcdefa (malha mais externa que engloba as malhas 1 e 2):

VA – I1.R1 – I2.R3 – VB = 0 (4.7)

- Método das correntes nas malhas no formato matricial: Ax = B

As equações (4.5) e (4.6), reescritas, são colocadas no formato matricial Ax = B em (4.10), onde:

I1 . (R1 + R2) – I2 . R2 = VA
I1 . R2 – I2 . (R2 + R3) = VB

- a matriz A (matriz de coeficientes) é formada pelos elementos do circuito, R1, R2 e R3;


- a matriz X (vetor coluna) é constituída pelas incógnitas do sistema, no caso I1 e I2, e
- a matriz B pelas elevações de tensão nas malhas 1 e 2.

I1. ( R1 + R2 ) − I 2 .R2 = VA (4.8) (4.5)


I1.R2 − I 2 . ( R2 + R3 ) = VB (4.9) (4.6)

     
 A   X  =  B
     
     

( R1 + R2 ) − R2   I1   VA 
    =   (4.10)
(4.8)
 R2 − ( R2 + R3 )   I 2   VB 

– Regra de Cramer

Seja o sistema abaixo, representando um circuito resistivo em CC de 3 malhas.

10 I1 – 2 I2 – 4 I3 = 32 10 −2 −4  I1   32 
– 2 I1 + 12 I2 – 9 I3 = – 43 Forma Matricial →  −2 12 −9  I  =  −43
  2  
– 4 I1 – 9 I2 + 15 I3 = 13  −4 −9 15   I 3   13 
Como calcular as incógnitas I1, I2 e I3?
CEFET-MG - Ensino Técnico 83

Pela Regra de Cramer (ver o Anexo I), encontra-se a variável In com o uso de (4.11):

Dn
In = (4.11)
D

onde:

D é o determinante formado pelos coeficientes das incógnitas (termos da matriz A) e


Dn representa o determinante da n-ésima incógnita, o qual é formado substituindo-se a n-ésima
coluna da matriz de D (determinante do denominador) pelos termos da matriz B.
Assim, para o cálculo da corrente I1 na forma matricial, Ax = B, teremos:

Coeficientes de B

32 −2 −4
−43 12 −9
D 13 −9 15
I1 = 1 =
D 10 −2 −4
−2 12 −9
−4 −9 15

4.2.2 – Análise Nodal ou método das tensões de nó

Neste método são utilizadas como variáveis as tensões de nó, daí o nome análise nodal. Portanto,
são utilizadas as quedas de tensão para a determinação das correntes num dado nó. Uma vantagem deste
método é a redução do número de equações do circuito.
Os passos necessários para a determinação das equações de nó são:

1) Escrever as equações dos nós do circuito, através da LKC (Lei de Kirchhoff das Correntes),
associando-se a cada nó, uma letra ou um número. Na Figura 4.8, A, B, G e N são nós, onde N e G são
nós principais ou junções.

Uma tensão de nó é a tensão de um dado nó com relação a um determinado nó denominado de nó


de referência (na maioria dos casos é adotado como nó de referência o ponto que representa o ponto de
terra ou de zero volt do circuito).
Assim, VAG é a tensão entre os nós A e G; VBG é a tensão entre os nós B e G e VNG é a tensão entre
os nós N e G. Como o nó G é um nó de referência comum, pode-se identificar simplesmente estas tensões
como VA, VB e VG.

R1 R3
A N B
+ _ _ +

+ I1 + I2 +
VA _ R2 VB
_
_ I3

G
Figura 4.9 – Os nós de um circuito de duas malhas.
84 Circuitos Elétricos em CC

2) Escolher o sentido das correntes, como mostrado na Figura 4.9 e indicar os nós (A, B, N e G).
Identificar a polaridade da tensão em cada resistor.

3) Aplicar a LKC para o nó principal N e resolver as equações em função de da tensão VN.

I = 0 → I1 + I2 + I3 (4.12)

Pela Lei de Ohm, as correntes I1, I2 e I3 são facilmente encontradas por (4.13) a (4.15).

I1 = (VA – VN)/R1 (4.13)

I2 = (VB – VN)/R3 (4.14)

I3 = VN/R2 (4.15)

Substituindo-se I1, I2 e I3 em (4.6), encontra-se (4.16).

VN VA −VN VB −VN
I = 0 → I3 = I1 + I2 
R2
=
R1
+
R3
(4.16)

EF – Exercícios de Fixação – Série 9

9.1 – Seja o circuito da Figura 4.10. Escrever as equações de malha e calcular a corrente e a tensão no
resistor de 7 ohms.

Figura 4.10 (BOYLESTAD, 2003).

9.2 – Escreva as equações de correntes do circuito da Figura 4.11 e encontrar o valor das mesmas
utilizando a regra de Cramer.

Figura 4.11 (BOYLESTAD, 2003).


CEFET-MG - Ensino Técnico 85

9.3 – Calcular as correntes de malha i1 e i2 no circuito da Figura 4.12 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Figura 4.12 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

9.4 – No circuito da Figura 4.13, todos os R4


resistores são de 2 ohms. A tensão VA é de 12
V. Qual é a tensão nos resistores R4 e R5? i2
R1 R2
9.5 – Usando análise nodal, calcule as tensões
nos nós 2 e 3 do circuito da Figura 4.14a. +
VA _ i1 R3 i3 R5
9.6 – Calcular a potência dissipada o resistor
de 8 ohms do circuito da Figura 4.14b, usando
o método das tensões de nó. Figura 4.13.

(a) (b)
Figura 4.14 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

9.7 (NILSSON e RIEDEL, 1999) – Seja o circuito da Figura 4.15.


a) Utilize a análise nodal para determinar as tensões v1 e v2.
b) Calcular a potência dissipada no resistor de 40 ohms.

20  40 
+ +
150 V v1 80  v2 11,25 A 4
_ _

Figura 4.15 (NILSSON e RIEDEL, 1999).

Respostas – EF Série 9

9.1 – IR7 = 971 mA. VR7 = 6,8 V. 9.5 – V2 = 81,29 V e V3 = 89,03 V.


9.2 – I1 = - 307,69 mA, I2 = 1,39 A e I3 = 1,54 A. 9.6 – VR8 = 500 mW.
9.3 – i1 = 2,5 A e i2 = 0 A. 9.7 – (a) V1 = 100 V e V2 = 50 V.
9.4 – VR4 = VR5 = 6 V. (b) PR40 = 62,5 W.
86 Circuitos Elétricos em CC

LEP 4 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

4.1 (NILSSON e RIEDEL, 1999)


3 4
a) Use o método das correntes de malha para
determinar as correntes de ramo ia, ib e ic da ia ic
Figura 4.16.
40 V 45  ib 64 V
b) Repita o item (a) se a polaridade da fonte de 64
2 1,5 
V for invertida.
Figura 4.16 (NILSSON e RIEDEL, 1999).

Resp.: (a) ia = 9,8 A; ib = − 0,2 A e ic = − 10 A.


(b) ia = − 1,72 A; ib = 1,08 A e ic = 2,8 A.

4.2 – Calcular as correntes de malha i1 e i2 para o circuito da Figura 4.17a. Resp.: i1 = 1,22 A; i2 = 0,17 A.

(a)

(b)
Figura 4.17 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

4.3 (O'MALLEY, 1993) – Encontre as correntes de malha no circuito mostrado na Figura 4.17b.

Resp.: I1 = 3 A; I2 = - 8 A e I3 = 7 A.

4.4 (O'MALLEY, 1993) – Utilize a regra de Cramer para encontrar as incógnitas em:

26V1 – 11V2 – 9V3 = – 166


–11V1 + 45V2 – 23V3 = 1963
– 9V1 – 23V2 + 56V3 = – 2568

Resp.: V1 = −11 V; V2 = 21 V e V3 = − 39 V.

4.5 – Com o método das correntes nas malhas, encontrar Io no circuito da Figura 4.18. Resp.: Io = 1,5 A.

4.6 – Use o método das tensões de nó para determinar a tensão vo no circuito da Figura 4.19.
Resp.: vo = 50 V.
CEFET-MG - Ensino Técnico 87

Figura 4.18 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Figura 4.19 (NILSSON e RIEDEL, 1999).

4.7 – Encontre, através da análise nodal, a potência dissipada no resistor de 12 ohms no circuito da Figura
4.20a (BOYLESTAD, 2003). Nota: identificar a tensão em R2 por V1.

Resp.: P12 = 33,35 W.

(a)

(b)
Figura 4.20 (BOYLESTAD, 2003).

4.8 – Construir, para o circuito da Figura 4.20b, as equações dos nós de V1 e V2, colocando-as no formato
matricial, Ax = B. Determinar, finalmente, as correntes I2 e I3 (BOYLESTAD, 2003).

Resp.: V1 = 6 V e V2 = - 6 V. Logo, I2 = - 1 A e I3 = -1 A.
88 Circuitos Elétricos em CC

4.9 (BOYLESTAD, 2003) – Qual é a tensão no resistor de 3 ohms, no circuito da Figura 4.21?
Resp.: V3 = 1,1 V.

Figura 4.21 (BOYLESTAD, 2003).

4.10 (NILSSON e RIEDEL, 1999) – Seja o circuito da Figura 4.22.

a) Através da análise nodal, mostre que a tensão de saída vo é igual ao valor médio das tensões das
fontes v1 a vn.
b) Determine vo para 3 fontes somente no circuito, com v1 = 120 V, v2 = 60 V e v3 = -30 V.

Figura 4.22 (NILSSON e RIEDEL, 1999).

Resp.: (a) Demonstração. (b) vo = 50 V.


CEFET-MG - Ensino Técnico 89

TEOREMAS APLICADOS NA
Capítulo
5 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM CC
Capítulo 5 – Teoremas Aplicados na Análise de Circuitos em CC

5.1 – Introdução

Neste capítulo serão apresentados os teoremas fundamentais da análise de circuitos


elétricos, que vão além do uso das leis de Kirchhoff e da lei de Ohm. Também serão abordados e
utilizados os conceitos de superposição e de máxima transferência de potência.
Uma das vantagem do uso das leis de Kirchhoff é a análise de circuitos sem alterar a sua
configuração original. Porém, para circuitos maiores e mais complexos, as LKT e LKC não são
suficientes para a sua solução – os cálculos ficam trabalhosos, repetitivos e cansativos.
Com a crescente evolução e complexidade dos circuitos elétricos, foram desenvolvidos por
engenheiros teoremas que simplificam e otimizam a análise de circuitos, aplicáveis a circuitos
lineares (ALEXANDER e SADIKU, 2013). Como exemplo, destacam-se os teoremas de
Thévenin e de Norton. Na maioria dos casos, serão estudados circuitos com fontes
independentes, o que simplifica a análise, especialmente no caso de transformação de fontes.
Mas serão vistos exemplos com fontes dependentes, que constituem o modelo de muitos
componentes, como o transistor.

5.2 – Teoremas de Thévenin e de Norton

Os circuitos equivalentes de Thévenin e Norton são circuitos simplificados que apresentam


o mesmo comportamento que o circuito original do ponto de vista de um par específico de
terminais e, portanto são extremamente úteis para a análise de circuitos (NILSSON e RIEDEL,
1999).
Uma aplicação imediata é a do estudo do comportamento de uma carga R L conectada aos
terminais A e B de uma rede, como mostrado na Figura 5.1a. Fica óbvio que é muito mais fácil
estudar e calcular os parâmetros da carga RL como corrente, tensão e potência dissipada quando
conhecemos os parâmetros VTh (tensão Thévenin) e RTh (resistência Thévenin) da rede original –
Figura 5.1b. O circuito da Figura 5.1b é denominado de Circuito equivalente de Thévenin.

A A

RL RL

B B
(a) (b)
Figura 5.1 – Resistor RL como carga nos terminais A e B em: (a) rede resistiva.
(b) um circuito equivalente de Thévenin (BOYLESTAD, 2003).
90 Circuitos Elétricos em CC

Definições:
RTh: é a resistência vista por trás dos terminais da carga quando todas as fontes independentes
são desativadas. As fontes de tensão devem ser substituídas por um curto-circuito e as fontes de
correntes dever ser abertas.

VTh: é a tensão que aparece nos terminais da carga (A e B) quando se desconecta o resistor RL. É
chamada também de tensão de circuito aberto.
O circuito Norton equivalente pode ser obtido pela transformação de fonte do circuito
Thévenin em uma fonte de corrente, como mostrado na Figura 5.2 (O'MALLEY, 1993).

A A
RTh
VTh IN RN

B B

A A
RTh
VTh IN RN

B B
Figura 5.2 – Obtenção do circuito de Norton a partir do equivalente de Thévenin.

Os parâmetros do circuito equivalente Norton são dados por dados por (5.1) e (5.2).
Como o leitor pode perceber, a corrente IN é a corrente de curto-circuito que circula do terminal
A para o B no circuito equivalente de Thévenin.

IN = VTh / RTh (5.1)

RN = RTh (5.2)

5.3 – Teorema da máxima transferência de potência

Existem situações práticas em que se demanda entregar uma máxima potência para a carga,
como na área de telecomunicações, por exemplo. Através do teorema da máxima transferência
de potência se determinam os parâmetros de um sistema para que ocorra a máxima transferência
de potência entre partes do mesmo. Em um amplificador de áudio, deve ser projetada a
impedância do conjunto de alto-falantes para que o amplificador possa entregar a máxima
potência em sua saída.
Seja o circuito da Figura 5.3, onde RL constitui uma carga variável. O teorema da máxima
transferência de potência pode ser enunciado a partir deste circuito equivalente de Thévenin,
como:
CEFET-MG - Ensino Técnico 91

“Uma fonte de tensão VTh com resistência interna RTh fornecerá máxima potência a uma
carga conectada aos seus terminais A e B, se o valor do resistor de carga RL for igual a RTh .”

Figura 5.3 – Circuito equivalente de Thévenin (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

O circuito equivalente de Thévenin, cujos parâmetros VTh e RTh são fixos, é útil para
encontrar a máxima potência que um circuito linear pode entregar a uma carga variável.
Com a variação da resistência de carga RL, a potência liberada à mesma varia conforme
como mostra a Figura 5.4. Nesta figura se verifica que a potência na carga é pequena para
valores pequenos ou grandes de RL e que existe um ponto de máxima potência, pmax.

p
pmax

RTh RL
Figura 5.4 – Curva de máxima transferência de potência (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

A potência na carga, para qualquer valor de RL é encontrado por (5.3).

2
 VTh 
p = i  RL = 
2
  RL (5.3)
 RTh + RL 

Para demonstrar o teorema da máxima transferência de potência basta diferenciar a


expressão de p em (5.3) em relação a RL e igualar a zero. Com isto se encontra o ponto de
máximo, pmax, na curva da Figura 5.4, cujo valor é calculado por (5.4).

dp
dp
=0 → Solução: = R Th - R L →
dR L dR L

R Th - R L = 0 → R L = R Th

2
2  VTh  VTh2
pmax = i × RL =   × R Th = (5.4)
 R Th + R Th  4R Th
92 Circuitos Elétricos em CC

Nesta situação, quando RL = RTh, afirma-se que a fonte e a carga estão “casadas” e a carga
recebe a máxima potência da fonte.

 Exemplo 5.1 – Encontre o valor da fonte VS no circuito da Figura 5.5a, de acordo com as
informações do gráfico da Figura 5.5b.

RS

VS + RL

(a)

25
Figura 5.5 – (a) Circuito de Thévenin com RL variável. (b) Curva pRL x RL.
Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/dccircuits/dcp_9.html

Solução:

VS2 VS2
pmax = → 100 = → VS = 100 V .
4RS 4  25

 Exemplo 5.2 – Qual é o valor de R no circuito da Figura 5.6, para que a potência no mesmo
seja máxima, entregue pela fonte de tensão de 12 V?

Figura 5.6.

Solução: a potência em R será máxima para a situação em que R = RTh.


CEFET-MG - Ensino Técnico 93

O parâmetro RTh é facilmente calculado, substituindo-se a fonte E por um curto-circuito.


Ela é a resistência vista dos terminais de R abertos.

Assim,
R = RTh = 8 + 3//6 = 10 ohms.

5.4 – Teorema da Superposição

O teorema da superposição especifica que, em um circuito linear contendo várias fontes


independentes, a corrente ou tensão em um elemento do circuito é igual à soma algébrica das
tensões ou correntes produzidas por fontes independentes atuando separadamente.

Seja o circuito da Figura 5.7, que possui duas fontes de tensão V1 e V2. Aplicando-se o
teorema da superposição a este circuito, a corrente IL poderá ser encontrada através de (5.5).

I L = I L,V1 + I L,V 2 (5.5)

a
R1 R2

V1 RL IL V2

b
Figura 5.7.

onde
IL,V1 é a corrente devido ao efeito somente da tensão V1;
IL,V2 é a corrente devido ao efeito somente da tensão V2 .

- Cálculo de IL,V1 e IL,V2:

O circuito da Figura 5.8 mostra a atuação de somente uma fonte de energia, a fonte V1. A
corrente IL,V1 é encontrada conhecendo-se a resistência equivalente, Req(V1), vista a partir de V1.

IT,V1 IR2,V1 IT,V1

R1 R2 R1
V1 RL V1 RL-2
IL,V1
Req(V1) Req(V1)
Figura 5.8 – Redução do circuito da Figura 5.7 para o cálculo de I L,V1.
94 Circuitos Elétricos em CC

A resistência Req(V1) é calculada por (5.6), onde RL-2 = RL//R2 e a corrente IT,V1 por (5.7).

Req(V1) = R1 + RL-2 (5.6)

IT,V1 = V1/Req(V1) (5.7)

Com o cálculo da corrente total, encontra-se IL,V1 em RL por divisor de corrente no


primeiro circuito da Figura 5.8, através de (5.8).

IT,V1  R 2
IL,V1 = (5.8)
RL + R2

O mesmo procedimento é empregado para o cálculo de IL,V2, bastando o cálculo do efeito


da fonte de tensão V2 (atuando isoladamente) sobre a corrente em RL. Como mostra o circuito da
Figura 5.9, a fonte V1 foi substituída por um curto-circuito e R1 fica então em paralelo com RL.
A resistência equivalente para o este circuito, Req(V2) é dada por (5.9), onde RL-1 é a resistência
equivalente de RL em paralelo com R1.
A corrente IL,V2, por divisor de corrente, é calculada por (5.10) em função da corrente
total IT,V2. Esta última é obtida por IT,V2 = V2/Req(V2).

IR1,V2 IT,V2

R1 R2
RL IL,V2 V2

Req(V2)
Figura 5.9 – Redução do circuito da Figura 5.7 para o cálculo de I L,V2.

Req(V2) = R2 + RL-1 (5.9)

IT,V2  R1
IL,V2 = (5.10)
R L + R1

As etapas para se aplicar a superposição são (ALEXANDER e SADIKU, 2013):

1) Desativar todas as fontes independentes do circuito, exceto uma delas e encontrar a


saída (tensão ou corrente) no ponto de interesse, em razão dessa fonte ativa;

2) repetir a etapa (1) para cada uma das demais fontes independentes;

3) encontrar a contribuição total somando algebricamente todas as contribuições em razão das


fontes independentes.

 Exemplo 5.3 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) − Calcular a tensão no resistor de 4 


(Figura 5.10), através do teorema da Superposição.
CEFET-MG - Ensino Técnico 95

Solução: a equação de V4 é dada por

V4 = V4, 6V + V4, 3A

Figura 5.10.
onde:
V4, 6V é a parcela devida à contribuição da fonte de 6 V e
V4, 3A é a parcela devida à contribuição da fonte de corrente de 3A.
O circuito para o cálculo de V4, 6V é apresentado na Figura 5.11. Com a fonte de corrente de 3 A
desativada, resulta uma malha (Figura 5.12) onde circula a corrente i1.

V4, 6V V4, 6V

Figura 5.11. Figura 5.12.

Esta corrente é calculada usando a LKT:

6 – 8.i1 – 4.i1 = 0 → i1 = 6/12 = 0,5 A

Logo, V4, 6V = 4.i1 = 2 V.


Para o cálculo de V4, 3A, devida à contribuição da fonte de 3A, basta desativar no circuito
original (Figura 5.10) a fonte de 6 V. Com isto o circuito resultante é o da Figura 5.13.

Para o cálculo da tensão no resistor de 4 ohms,


interessa encontrar a corrente i3, dada por:

V4, 3A 4 8
i3 = 3  =2A
8+4

Figura 5.13.
A tensão V4, 3A é dada por V4, 3A = 4.i3 = 8 V.

Tensão no resistor de 4 ohms:

V4 = V4, 6V + V4, 3A → V4 = 2 V + 8 V = 10 V.

EF – Exercícios de Fixação – Série 10

10.1 – Seja uma fonte de tensão CC, cujos parâmetros são: Vi = 10 V e Ri = 5 . Uma carga
variável (RL) é conectada aos seus terminais.

a) Calcular a corrente e a potência em RL e preencher a Tabela 5.1.


b) De posse dos dados calculados da Tabela 5.1, construir o gráfico PL x IL (Figura 5.14).
96 Circuitos Elétricos em CC

Tabela 5.1 – Potência em uma carga variável conectada a uma fonte de 10 V.

RL () Ri () I = Vi / (RL + Ri) (A) PL = R L .I 2L (W)

5 5

10

PL

IL
0
Figura 5.14.

10.2 – Uma bateria automotiva possui uma tensão de circuito aberto de 15,5 V. Esta tensão cai
para 10,8 V quando em seus terminais é conectada uma carga que absorve uma corrente de 8 A.

a) Encontre o circuito equivalente Thévenin desta bateria.


b) Qual é a corrente de curto-circuito nos seus terminais?

10.3 – Determine o circuito equivalente de Thévenin do ponto de vista dos terminais A e B do


circuito da Figura 5.15, em função da fonte de tensão E e de R.

Resp.: (a) VTh = E/2 V e RTh = (3/2) × R.

Figura 5.15.
CEFET-MG - Ensino Técnico 97

10.4 – Qual é a tensão no resistor de 18 ohms no circuito da Figura 5.16, pelo teorema da
Superposição?

Figura 5.16.

10.5 – Como pode ser obtido o circuito equivalente Norton de uma rede resistiva com fontes
independentes?

10.6 – Sobre o teorema da superposição, responda: (a) Este teorema se aplica a fontes
dependentes? Justifique. (b) Onde ele pode ser utilizado?

10.7 – Encontre, utilizando Superposição, a corrente no resistor de 3 ohms, no circuito da Figura


5.17 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Figura 5.17.

5.5 - Circuito Ponte de Wheatstone

A ponte de Wheatstone é um circuito utilizado para se medir uma resistência


desconhecida Rx. O seu esquema é apresentado na Figura 5.18. A chave S1 aplica a tensão Ve da
bateria aos quatro resistores da ponte. Para que a ponte fique equilibrada, o valor de R3 é
ajustável.

A
S1 Rx R1

+
Ve B G S2
C

R3
R2

D
Figura 5.18 – Circuito de uma ponte de Wheatstone.
98 Circuitos Elétricos em CC

Este circuito pode constituir um instrumento de medida de resistências de extrema precisão. Se for
utilizado um transdutor adequado a ponte de Wheatstone pode ser aplicada na medição de outras
grandezas, como temperatura, pressão etc.
O equilíbrio ou balanceamento da ponte é indicado pelo valor zero lido no galvanômetro G (ver a
Figura 5.19) ligado no ramo BC quando a chave S2 estiver fechada.

Galvanômetro

Um galvanômetro consiste de uma bobina móvel, suspensa entre os polos de um ímã, que pode
girar em torno de um eixo. Quando ligado a um circuito, uma corrente elétrica na bobina produz um
campo magnético. A interação desse campo com o campo magnético do ímã produz um torque que faz a
bobina girar. Um ponteiro, fixo na bobina, indica em uma escala o valor da corrente elétrica. Se a direção
da corrente for invertida, a bobina e o ponteiro giram no sentido oposto. As peças polares do ímã são
projetadas para que o campo magnético entre elas seja uniforme, de forma que a deflexão angular do
ponteiro seja proporcional à corrente elétrica na bobina.

Fonte: http://demonstracoes.fisica.ufmg.br/demo/273/5H50.10-Galvanometro-de-D-Arsonval

Fonte: http://www.brax.net.br/galvanometro-didatico/
(a) (b)
Figura 5.19 – Galvanômetro: (a) aspecto construtivo. (b) Aspecto real.
Fonte: http://demonstracoes.fisica.ufmg.br/demo/273/5H50.10-Galvanometro-de-D-Arsonval

A Figura 5.20 mostra o circuito da ponte com as chaves S1 e S2 fechadas. Para a ponte
equilibrada, os pontos B e C têm o mesmo potencial. Logo,

Ix.Rx = I1.R1 (5.11)

Ix.R3 = I1.R2 (5.12)

A
S1 Rx R1

+ S2
Ve B G C
IG = 0
Ix R3
R2 I1
D
Figura 5.20 – Ponte de Wheatstone com S1 e S2 fechadas.
CEFET-MG - Ensino Técnico 99

Dividindo (5.11) por (5.12), obtém-se:

Rx R R 
= 1 → R x =  1  × R3
R3 R2  R2 

Isolando-se Rx, obtém-se (5.13).

Rx R1 R 
= → R x =  1  × R3 (5.13)
R3 R2  R2 

LEP 5 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

5.1 (IRWIN, 2000) – Na rede da Figura 5.21, determinar:


a) o valor de RL para transferência máxima de potência e a potência máxima dissipada pela
carga;
b) a corrente de curto-circuito na carga.
Resp.: (a) RL = RTh = 4 ohms. (b) ICC = IN = 1,0 A.

Figura 5.21.

5.2 – Encontrar o valor da corrente Io no circuito da Figura 5.22. Utilize o Teorema de Thévenin.
Resp.: Io = - 10 A.

Figura 5.22. Figura 5.23.

5.3 – Calcular, para o circuito da Figura 5.23: (a) Os parâmetros VTh e RTh. (b) A corrente de
curto-circuito nos terminais A e B. Resp.: (a) VTh = 2,51 V e RTh = 1,67 k. (b) IN = 1,5 mA.

5.4 – Seja o circuito da Figura 5.24a. Encontrar a corrente de Norton, do terminal a para o b
(ALEXANDER e SADIKU, 2013). Resp.: IN = 7 A.
100 Circuitos Elétricos em CC

(a) (b)
Figura 5.24 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

5.5 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Qual é o circuito equivalente de Norton para o circuito
da Figura 5.24b, com relação aos terminais a e b?

Resp.: IN = 1 A; RN = 4 .

5.6 (DORF e SVOBODA, 2003) – Encontre o circuito equivalente de Norton para a rede da
Figura 5.25, relativo aos terminais a e b.

Resp.: VTh = 4,95 V; IN = 4,73 A; RN = 1,05 .

5.7 – Utilizar o teorema da Superposição no circuito da Figura 5.26, para encontrar a


contribuição de cada fonte para VTh, se esta possui uma referência positiva em direção ao
terminal a.

Resp.: 20 V, contribuição da fonte de corrente de 5 A;


31,98 V, contribuição da fonte de tensão de 48 V.

Figura 5.25.

Figura 5.26.
CEFET-MG - Ensino Técnico 101

Figura 5.27.

5.8 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Determine o valor de RL que irá drenar a potência máxima do
restante do circuito na Figura 5.27. Qual é o valor desta potência máxima?
Resp.: 4,22 ; 2,90 W.

Figura 5.28. Figura 5.29 – Ponte de Wheatstone desequilibrada


(ALEXANDER e SADIKU, 2013).

5.9 – A ponte de Wheatstone da Figura 5.28 está em equilíbrio, com os valores de resistência
indicados? Justifique. Obs.: R3 é um potenciômetro, ajustado em 10 ohms, como mostra a figura.

5.10 – O circuito na Figura 5.29 representa uma ponte de Wheatstone desequilibrada, onde o
galvanômetro possui uma resistência de 40 . Determine a corrente que passa pelo galvanômetro,
utilizando o teorema de Thévenin.

Resp.: com VTh = - 77V e RTh = 990 ohms, a corrente IG = - 74,76 mA.
102 Circuitos Elétricos em CC

Capítulo
6 CAPACITORES: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES
Capítulo 6 – Capacitores: fundamentos e aplicações

6.1 – Capacitor e capacitância

Um capacitor consiste de dois condutores ou placas separados (as) por um isolante (dielétrico). A
principal característica de um capacitor é a de armazenar cargas nesses dois condutores. Acompanhando
essa carga está a energia que o capacitor pode fornecer, sob forma de tensão (O'MALLEY, 1993). A
Figura 6.1 mostra o aspecto de um capacitor e as linhas de campo elétrico (𝐸⃗ ) entre suas placas.
A Figura 6.2 mostra um capacitor sendo alimentado por uma fonte de tensão contínua de E volts. O
dielétrico (isolante) entre as placas do capacitor influencia na capacitância que será obtida.

R
E E
V=E

Figura 6.1 – Aspecto de um capacitor Figura 6.2 – Circuito RC série alimentado por uma
(BOYLESTAD, 2003). fonte de tensão CC (BOYLESTAD, 2003).

Os principais tipos de capacitores são apresentados na Figura 6.3. As funções e aplicações de cada
um serão estudadas posteriormente neste capítulo.

(a) Cerâmico (b) Poliéster (c) Eletrolítico

(d) Tântalo (e) Óleo (f) Variável

Figura 6.3 – (a) – (f) Principais tipos de capacitores.

Os capacitores possuem aplicações em diversos circuitos e sistemas:


• sensores;
• osciladores;
• filtros de ruídos em sinais de energia;
• absorção de picos e preenchimento de vales em sinais elétricos;
• divisor de frequência em sistemas de áudio;
• armazenamento de carga e sistemas de flash em câmeras fotográficas;
CEFET-MG - Ensino Técnico 103

• em conjuntos de transistores em memórias DRAM;


• como baterias temporárias e som automotivo (mega capacitor);
• laser de alta potência (banco de capacitores);
• radares (banco de capacitores);
• aceleradores de partículas (banco de capacitores);
• sintonizadores de rádio (capacitor variável);
• na partida de motores de portão eletrônico (capacitor de partida de motores monofásicos);
• em fontes de alimentação.
Fonte: https://www.mundodaeletrica.com.br/como-funcionam-os-capacitores/

6.1.1 – Capacitância

A capacitância é a propriedade elétrica dos capacitores; é a medida da capacidade do capacitor de


armazenar cargas nos seus terminais condutores. Se a d.d.p. entre os dois condutores é V volts quando
existe uma carga positiva de Q Coulombs em um terminal de um condutor e uma carga Q negativa no
outro, o capacitor possuirá uma capacitância de acordo com (6.1), onde F = Farad, unidade de
capacitância.

Q
C= [Coulombs/Volts] [F] (6.1)
V

O nome Farad é uma homenagem ao cientista Michael Faraday, químico e físico inglês do século
XIX (1791-1867) – ver a Figura 6.4. Para aplicações práticas o F é uma unidade muito grande. São
utilizados, comumente, o F e o mF.

Michael Faraday é considerado um dos maiores e mais influentes cientistas de todos os tempos. Suas
contribuições ocorreram nas áreas de eletricidade, eletroquímica e magnetismo. Era um experimentalista
nato, sendo considerado o melhor da história da ciência. Não conhecia a matemática avançada, como o
cálculo infinitesimal. A mais importante das contribuições de Faraday foi a descoberta da indução
eletromagnética, em 1831.

Figura 6.4 – Michael Faraday. Fonte: http://mundoengenharia.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Michael_Faraday.jpg


104 Circuitos Elétricos em CC

6.1.2 – Símbolos do capacitor

Na Figura 6.5 são apresentados os símbolos do capacitor. Para o uso em corrente


alternada (CA, ou AC, de Alternate Current), o símbolo é visto na Figura 6.5a, (capacitor não
polarizado). Para aplicações em corrente contínua (CC ou DC, de Direct Current), o símbolo é o
da Figura 6.5b. O símbolo da Figura 6.5c representa o capacitor variável (em CA).
C1 CC
12 C1CC
2 3 C2C3 C3

(a) (a)(b) (a) (b)(c) (b) (c) (c)


(a) (b) (c)
Figura 6.5 – Símbolos do capacitor. (a) Aplicação em CA. (b) Aplicação em CC. (c) Capacitor variável.

Os capacitores variáveis são de dois tipos. Os de ajuste fino são denominados trimmers,
geralmente de pequena capacidade, de até dezenas de pF. A Erro! Fonte de referência não
encontrada. mostra o aspecto de um capacitor trimmer, que possui pequenas dimensões. Os
capacitores variáveis que não possuem ajuste fino são do tipo apresentado na Figura 6.7. O ajuste
da capacitância é efetuado através da alteração de posição das placas, através de um cursor. Este
tipo de capacitor é usado, por exemplo, em circuitos de sintonia de rádio.

Figura 6.6 – Aspecto de um capacitor trimmer.

Figura 6.7 – Aspecto de um capacitor variável.

6.2 – Capacitor de placas paralelas

O modelo mais convencional para a construção de capacitores é o de placas paralelas,


como mostra a Figura 6.8a. Estas placas são separadas por um espaço contendo um material
isolante, que pode ser o ar ou outro material, como a mica, o papel, a porcelana etc.
CEFET-MG - Ensino Técnico 105

Terminal
Condutor
(placa ou
armadura)
d

Dielétrico
(isolante) Símbolo
(a)

+
E _
+ _
+ _
+ _
+ _
+ _
+ _
(b)
Figura 6.8 – (a) Elementos construtivos e simbologia de um capacitor de placas paralelas.
(b) Linhas de campo elétrico entre as placas, distribuídas uniformemente.

Campo elétrico entre as placas

Se, entre as suas placas do capacitor da Figura 6.8a, separadas uma da outra por uma distância de d
metros, for aplicada uma d.d.p. de V volts, resulta um campo elétrico (Figura 6.8b), cuja intensidade é
dada por (6.2). Nesta figura nota-se uma uniformidade na distribuição das linhas de campo elétrico –
logo, a sua intensidade é a mesma em qualquer ponto na região entre as placas do capacitor.

V
E= [V / m] (6.2)
d

A Figura 6.9 apresenta uma distribuição de linhas de campo com o efeito de borda, quando estas
apresentam uma deformação para fora das placas. Este efeito altera a capacitância, mas pode ser ignorado
na maioria das aplicações práticas (BOYLESTAD, 2003).

Efeito de borda
Figura 6.9 – Linhas de campo com deformação no dielétrico de um capacitor.

6.3 – Permissividade elétrica

A permissividade elétrica () representa a medida da facilidade com que o dielétrico permite o
estabelecimento de linhas de campo elétrico em seu interior. Uma maior permissividade permite uma
maior quantidade de cargas acumuladas nas placas positiva e negativa do capacitor. Logo, quanto maior a
permissividade, maior a capacitância. No vácuo, a permissividade é dada por (6.3).
106 Circuitos Elétricos em CC

o = 8,8541878176 × 10-12 F/m (6.3)

A razão entre a permissividade de qualquer dielétrico e a permissividade do vácuo é chamada de


permissividade relativa, dada por (6.4). A Tabela 6.1 mostra o seu valor para vários tipos de dielétrico.

ε
εr = [farads/metro, F/m] (6.4)
εo

Tabela 6.1 – Permissividade relativa (r) de alguns materiais dielétricos.


Dielétrico r (valor médio)
Vácuo 1,0
Ar 1,0006
Teflon 2,0
Polipropileno 2,2
Papel parafinado 2,5
Borracha 3,0
PVC 3,18
Óleo de transformador (ascarel) 4,0
Mica 5,0
Porcelana 6,0
Baquelite 7,0
Vidro 7,5
Óxido de Nióbio 40,0
Água destilada 80,0
Titanato de Bário e Estrôncio (cerâmica) 7500,0

Campo elétrico resultante no capacitor

A Figura 6.10a apresenta um material dielétrico entre duas placas paralelas, às quais foi imposta
uma d.d.p. de V volts. No material isolante não é possível aos elétrons deixar os seus átomos e migrar em
direção à placa positiva. Ocorre assim a formação de dipolos, com o rearranjo de componentes positivos
(prótons) e negativos (elétrons) de cada átomo.

E
(dielétrico = ar)

Edielétrico

Eresultante

Dielétrico

(a) (b)
Figura 6.10 – A orientação do campo elétrico no capacitor. (a) os dipolos que se formam
no dielétrico. (b) O campo elétrico resultante, E R (BOYLESTAD, 2003).
CEFET-MG - Ensino Técnico 107

Com o alinhamento dos dipolos o material isolante está polarizado (Figura 6.10a). Os dipolos
adjacentes se cancelam, como se observa na região com linha tracejada. Restam então as cargas que não
se cancelam: as cargas positivas na superfície mais próxima da placa negativa do capacitor e as negativas
adjacentes à placa positiva. Desta disposição resulta um campo elétrico no interior do material isolante,
Edielétrico, como se vê na Figura 6.10b. Considerando-se o campo elétrico na região externa ao dielétrico,
devido ao ar (Ear), existe entre as placas do capacitor um campo elétrico resultante, dado por (6.5),
orientado para a direita.

Eresultante = Ear – Edielétrico (6.5)

Assim, o dielétrico cria um campo elétrico cujo sentido é oposto ao do campo elétrico criado pelas
cargas das placas positiva e negativa. O nome dielétrico é formado pelos radicais di, para oposição e
elétrico, para campo elétrico (BOYLESTAD, 2003).

6.4 − Cálculo da capacitância

A permissividade elétrica, em F/m, como apresentado anteriormente, é uma constante física que
descreve como um campo elétrico afeta e é afetado por um meio. Ela pode ser representada também por
(6.6), a razão entre a densidade de fluxo de linhas de campo elétrico e a intensidade de campo elétrico no
dielétrico:

 = D/E (6.6)

Em (6.6), D representa a intensidade do campo elétrico em uma região – ver (6.7). A densidade de
fluxo pode ser melhor entendida pela Figura 6.11, onde uma carga elétrica positiva emite linhas de campo
elétrico. De modo convencional, as linhas de campo elétrico saem das cargas positivas e entram nas
cargas negativas.

D = /A [fluxo/unidade de área] (6.7)

b
Linhas de campo:
saem das cargas
positivas e entram
a nas cargas negativas

Carga positiva
Linhas
de campo

Figura 6.11 – Distribuição de linhas de campo elétrico em torno de uma carga elétrica positiva isolada. (BOYLESTAD, 2003).

Na região a, cuja área é menor, verifica-se que a intensidade do campo elétrico é maior do que na
região b. A quantidade de linhas de campo elétrico por unidade de área que entram e saem desta carga
positiva é diretamente proporcional à sua carga elétrica Q em Coulombs. Isto independentemente do meio
em que está esta carga. Assim, as duas grandezas podem ser igualadas (BOYLESTAD, 2003), como
apresentado em (6.8).
 = Q (coulombs, C) (6.8)
108 Circuitos Elétricos em CC

Como podemos calcular a capacitância de um capacitor de placas paralelas?

Pode-se calcular a capacitância de um capacitor de placas paralelas em função do


dielétrico, da área das placas e da distância entre elas. De (6.6) e (6.8), com  = Q, obtém-se:

D A  d Q d
= = → =  = 
E Vd A V A V

Com a carga elétrica Q = CV. Isolando C = Q/V, obtém-se  = (C  d)/A.


Logo, a capacitância em Farad deste tipo de capacitor é projetada através da expressão
(6.9), que pode ser reescrita como em (6.10).

A
C=ε× [F] (6.9)
d

A A
C = εoε r × = 8,85 10−12  ε r × [F] (6.10)
d d

onde: A (área das placas) [m2]; d é a distância entre as placas [m] e  é a permissividade do dielétrico
[F/m].

6.5 − Processo de carga do capacitor

Como ocorre o processo de carga do capacitor? Vamos considerar inicialmente a Figura 6.12a,
onde um capacitor está descarregado, com suas placas eletricamente neutras (igual número de cargas
positivas e negativas em cada uma).

A B A B A B
+Q -Q
+ + +
+ +
+ +
+ + +
+ +
+

+ + +
S S
VF VF
(a) (b) (c)
Figura 6.12 – Carga de um capacitor (GUSSOW, 2004).

Com o capacitor conectado a uma bateria (Figura 6.12b), ao se fechar a chave S, as cargas
negativas na placa A são atraídas pelo terminal positivo da fonte, como se verifica na Figura 6.12c.
Simultaneamente, as cargas positivas na placa B são atraídas pelo terminal negativo da fonte. O
movimento de cargas prossegue até que a d.d.p. entre as placas A e B se iguale à tensão da bateria. Neste
ponto o capacitor se encontra carregado, ou seja, a fonte deposita uma carga positiva + Q sobre uma placa
e uma carga negativa – Q na outra placa.
Como existe um material isolante entre as placas A e B (dielétrico), nenhuma carga pode cruzar
esta região, mesmo com a retirada da bateria. Somente com a conexão de um fio condutor entre os
CEFET-MG - Ensino Técnico 109

terminais do capacitor (um curto-circuito sobre o mesmo) é que os elétrons encontram um caminho para
retornar à placa A e ocorre a neutralização das cargas em cada placa. O capacitor nesta situação se
encontra descarregado (GUSSOW, 2004).
Serão estudados no próximo capítulo os processos de carga e descarga do capacitor (transitórios
RC), de acordo com a constante de tempo do circuito, dada por  = RC (em segundos). O resistor R no
circuito tem a função de limitar a corrente de carga/descarga do capacitor.

Corrente no capacitor durante a sua carga, ic(t):

A corrente elétrica é definida por I = q/t. Para variações infinitesimais, encontra-se a corrente
instantânea, durante a carga (ou descarga) do capacitor, como em (6.11).

dq(t)
i(t) = (6.11)
dt

Tendo que Q = C.V, e sendo C constante, uma pequena variação de carga no capacitor, dq(t),
resulta em uma variação de tensão, dada por dvc (t). Pode-se escrever dq(t) = d(C.vc(t)), o que resulta em
(6.12):

dq(t) = C.dvc(t) (6.12)

Sendo Q e V variáveis no tempo, obtém-se (6.13), da qual decorre (6.14), a corrente instantânea
em um capacitor, onde vc (t) é a tensão nos seus terminais.

dq(t) dv (t)
=C c (6.13)
dt dt

dv C (t)
i C (t) = C (6.14)
dt

Exemplo 6.1 (BOYLESTAD, 2003) – Seja um capacitor de placas paralelas, onde:

A = 0,01 m2, d = 1,5 mm e o dielétrico é o vácuo. Determinar:

a) a sua capacitância em pF;


b) o campo elétrico em seus terminais, se os mesmos são submetidos a uma d.d.p. de 450 V;
c) a carga resultante em cada placa, em nC.

Solução:

𝜀𝑜 𝐴 (8,85 × 10−12 𝐹 ⁄𝑚 )(0,01𝑚2 )


a) 𝐶𝑜 = = = 59,0 × 10−12 𝐹 = 59,0 𝑝𝐹
𝑑 1,5 × 10−3 𝑚

𝑉 450 𝑉
b) 𝐸 = 𝑑 = 1,5 × 10−3𝑚 = 300 × 103 𝑉/𝑚

𝑄
c) 𝐶 = 𝑉 → 𝑄 = 𝐶𝑉 = (59,0 × 10−12 𝐹)(450 𝑉) = 26,55 × 10−9 = 26,55 𝑛𝐶
110 Circuitos Elétricos em CC

Exemplo 6.2 − Uma das aplicações tecnológicas modernas da eletrostática foi a invenção da impressora
a jato de tinta, que utiliza pequenas gotas de tinta, as quais podem ser eletricamente neutras ou eletrizadas
positiva ou negativamente. Essas gotas são jogadas entre as placas defletoras da impressora, região onde
existe um campo elétrico uniforme E atingindo o papel para formar as letras.
A Figura 6.13 apresenta três gotas de tinta lançadas para baixo, a partir do emissor. Após atravessar
a região entre as placas, essas gotas vão impregnar o papel. O campo elétrico uniforme na Figura 6.13
está representado por apenas uma linha de força.
Fonte: http://fisimatica1.lwsite.com.br/eletrostatica-aula-08-campo-eletrico-uniforme

Emissor
de gotas
E

Placa Placa

Papel
1 2 3

Figura 6.13 – Aplicação do campo elétrico: impressora jato de tinta.


Fonte: http://fisimatica1.lwsite.com.br/eletrostatica-aula-08-campo-eletrico-uniforme

Exemplo 6.3

O campo elétrico é utilizado em muitos equipamentos tecnológicos para o diagnóstico na área


médica. Um destes equipamentos é o de ressonância magnética (Figura 6.14), o qual utiliza os campos
elétrico e magnético para produzir imagens de diagnóstico de doenças. Outros equipamentos usam
campos elétricos para a análise de amostras de sangue.

Figura 6.14 – Exame de ressonância magnética.


Fonte: http://www.clinicadamama.com.br/realizar-exame-de-ressonancia-magnetica/
CEFET-MG - Ensino Técnico 111

Exemplo 6.4 – Praticando o INGLÊS TÉCNICO

Computers make use of capacitors in many ways. For example, one type of computer
keyboard has capacitors at the base of its keys, as shown in Figure 6.15. Each key is connected
to a movable plate, which represents one side of the capacitor.
The fixed plate on the bottom of the keyboard represents the other side of the capacitor.
When a key is pressed, the capacitor spacing decreases, causing an increase in capacitance.
External electronic circuits recognize that a key has been pressed when its capacitance changes
(SERWAY e FAUGHN, 2006).

Key

Movable
metal plate

Dielectric Fixed
material metal plate
Figure 6.15 – A parallel-plate capacitor is often used in keyboards (SERWAY e FAUGHN, 2006).

EF – Exercícios de Fixação – Série 11


11.1 (BOYLESTAD, 2003) – Encontrar o valor do capacitor à direita para a Figura 6.16.

Figura 6.16 (BOYLESTAD, 2003).

11.2 (BOYLESTAD, 2003) – Dados os capacitores da Figura 6.17, pede-se:

a) Qual é o valor do capacitor à direita?


b) Qual é o material do novo dielétrico (r = 2,5)?

Figura 6.17 (BOYLESTAD, 2003).


112 Circuitos Elétricos em CC

11.3 – Pesquisar a respeito dos seguintes códigos de identificação de capacitores: valor nominal;
tolerância e tensão nominal. Escrever dois exemplos de especificação de capacitores com estes
parâmetros.

11.4 – Demonstrar que a carga armazenada em coulombs nas placas de um capacitor de placas paralelas é
encontrada através da expressão (6.15).

Q = r.o.E.A (6.15)

Observação: em (6.15), E é o campo elétrico em V/m e A é a área das placas em m2.

6.6 – Rigidez dielétrica

A rigidez dielétrica de um certo material isolante ou dielétrico é um valor limite de campo


elétrico aplicado sobre a sua espessura, Emax. A partir deste valor, os átomos que compõem este material
se ionizam e o dielétrico deixa de funcionar como um isolante, tornando-se um condutor de eletricidade.
Este fenômeno é conhecido como “ruptura dielétrica”. O próximo exemplo mostra a formação de uma
descarga atmosférica, conhecida popularmente como “raio”. Este é o efeito visível da descarga e se
propaga no ar, o qual possui uma rigidez dielétrica dada por (6.16).

Emax (ar) = 3 × 106 V/m ou 3 MV/m (6.16)

Exemplo 6.5 – Como se formam os raios. A Figura 6.18 apresenta de modo bastante
simplificado a formação de um raio.

Figura 6.18 – Formação de raios: uma ideia simplificada.


Fontes: http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/el.atm/como.se.formam.os.raios.php
http://www.rwengenharia.eng.br/wp-content/uploads/2015/08/COMO-SE-FORMA-OS-RAIOS.png
CEFET-MG - Ensino Técnico 113

Antes de entender como os raios se formam, é importante estar a par da nomenclatura que
envolve este fenômeno eletromagnético (VISACRO, 2005).

- Raio ou descarga atmosférica: é um conceito mais amplo, que corresponde ao


fenômeno integral envolvido na evolução e fechamento do canal de descarga, incluindo o
fluxo da corrente de retorno e as demais manifestações elétricas, visuais e sonoras;

- Relâmpago: efeito luminoso perceptível visualmente, decorrente do aquecimento


do canal de descarga devido ao fluxo da corrente de retorno pelo canal;

- Trovão: efeito sonoro relacionado à descarga atmosférica. É causado pelo brusco


deslocamento de ar circunvizinho ao canal de descarga, que se expande em decorrência do
aquecimento gerado pelo fluxo da corrente no canal.

A descarga atmosférica consiste em uma intensa descarga elétrica que ocorre na atmosfera.
Trata-se de um fenômeno complexo, que se expressa através do fluxo de uma corrente impulsiva
de alta intensidade e curta duração, cujo percurso de alguns quilômetros parte da nuvem, e em
alguns casos, atinge a superfície da Terra (VISACRO, 2005).
Experiências realizadas com naves e balões mostram que as nuvens de tempestades
(responsáveis pelos raios) apresentam, geralmente, cargas elétricas positivas na parte superior
e negativas, na inferior, como ilustrado na Figura 6.19.

+ + + +
Figura 6.19 – Formação de um raio. Imagem: SEE-PE (autor desconhecido).

A descarga elétrica (raio) tem início quando o campo elétrico atinge a rigidez dielétrica
do ar (em torno de 3 MV/m). Podem ocorrer variações, de 5 a 10 MV/m, para que ocorra o
raio. Ela ocorre a uma velocidade próxima de 2000 km/s (dados do INPE, de 2007) com uma
intensidade de corrente que chega a atingir 100 kA e d.d.p. de vários milhões de volts. A
duração média de uma descarga atmosférica é da ordem de s.

6.7 – Tipos de Capacitores

A Tabela 6.2 apresenta, em síntese, os principais tipos de capacitores, em função do


material empregado como dielétrico. São apresentados valores típicos, parâmetros nominais e
aplicações.
114 Circuitos Elétricos em CC

Tabela 6.2 – Principais tipos de capacitores (BOYLESTAD, 2003).

Mica - 10 pF a 0,001 F.


Eletrolítico miniatura Tensão de operação: 50 V a 500 V.
axial Tolerância:  5%.
Aplicações: em osciladores e em
Valores usuais: circuitos que necessitam de
0,1 F a 15 mF. componentes imunes a grandes
Tensão de operação: variações de temperatura e tensão.
5 V a 450 V. Não possui polaridade.
Tolerância :  20 %.
Mylar – 0,001 F a 0,68 F.
Descrição: possui polaridade; é Tensão de operação: 50 V a 600 V.
aplicado em fontes de alimentação, Tolerância:  22 %
filtros e como isolador de CC. Aplicações: não-polarizado, é
usado em todos os tipos de
circuitos. É resistente à umidade.

Disco de cerâmica
Capacitor de Partida de motores
0,25 F a 1200 F.
10 pF a 0,047 F.
Tensão de operação: 240 V a 660 V.
Tensão de operação: 100 V a 6 kV.
Tolerância: ± 10%.
Tolerância:  5 %,  10 %
Aplicações: na partida de motores,
Aplicações: não polarizado, a sua
nas fontes de alimentação de
capacitância varia muito pouco com
lâmpadas de alta intensidade e em
a temperatura. Uso em osciladores,
filtros de baixa frequência. Não
filtros de ruído, acoplamento de
possui polaridade.
circuitos e em circuitos ressonantes.

Tântalo Trimmer (variável)


Valores usuais: 0,047 F a 470 F.
Tensão de operação: 6,3 V a 50 V. Valores típicos: 1,5 pF a 600 pF.
Tolerância:  10 %,  20 %. Tensão de operação: 5 V a 100 V.
Tolerância:  10 %.
Aplicações: possui polaridade e a
sua corrente de fuga é muito baixa. Não possui polaridade; é utilizado
Uso: em fontes de alimentação e em circuitos osciladores, de
filtros de ruído de alta frequência. sintonia e em filtros de baixa
frequência.

Plano ou SMT
Variável de sintonia
(Surface Mount Type)
10 pF a 10 F. Valores típicos: 10 pF a 600 pF.
Tensão de operação: 6,3 V a 16 V. Tensão de operação: 5 V a 100 V.
Tolerância:  10 %. Tolerância:  10 %.

Existem modelos com e sem Aplicações: não possui polaridade;


polaridade. É usado em todos os é utilizado em osciladores e
tipos de circuitos. Ocupa um circuitos de sintonia de receptores
espaço relativamente grande nas de rádio.
placas de circuito impresso (PCI).

6.8 – Associação de capacitores

Seja um circuito eletrônico como o da Figura 6.20, uma fonte de tensão contínua ajustável.
O valor calculado para um ou mais de seus capacitores nem sempre coincide com o valor
nominal disponível pelos fabricantes. Para estas situações, nem sempre é possível o uso de um
capacitor variável. A solução consiste na associação de capacitores, que permite obter um valor
próximo do calculado. Este valor é denominado de capacitor equivalente. Assim como os
CEFET-MG - Ensino Técnico 115

resistores, os capacitores podem ser associados em série ou em paralelo. Obtém-se, muitas vezes,
uma associação mista.
Nesta seção serão desenvolvidos os cálculos do capacitor equivalente para os tipos de
associação citados acima, com vários exemplos e exercícios ilustrativos.

(a) (b)
Figura 6.20 – (a) Fonte ajustável de 1.2 até 33V por 3A com CI LM350. (b) Diagrama descritivo (placa de circuito impresso).
Fonte: https://www.te1.com.br/2008/12/fonte-ajustavel-de-1-2-ate-33v-por-3-amperes-de-corrente-com-ci-lm350/

6.8.1 – Associação em série

Seja o circuito da Figura 6.21, para os capacitores eletrolíticos C1, C2 e C3 conectados em


série. A corrente no circuito é a mesma, dada por IT = QT/t [C/s]. Logo, a carga elétrica QT se
distribui uniformemente em todos os elementos do circuito, ou seja, tem-se:

QT = Q1 = Q2 = Q3 = Q

Figura 6.21 – Associação série de capacitores (BOYLESTAD, 2007).

Aplicando-se a LKT a este circuito, obtém-se (6.17).

E = V1 + V2 + V3 (6.17)

De C = Q/V em [Coulombs/Volts] ou [F], aplica-se V = Q/C a cada capacitor da


associação. Lembrando que QT = Q1 = Q2 = Q3 = Q, para n capacitores associados em série, tem-
se (6.18).
116 Circuitos Elétricos em CC

Q Q Q Q Q
= + + + ... + (6.18)
CT C1 C2 C3 Cn

Através de (6.18), obtém-se a capacitância total ou equivalente de uma associação série de


n capacitores, dada por (6.19). Esta equação é semelhante à equação para o cálculo da resistência
equivalente de resistores conectados em paralelo.

1 1 1 1 1
= + + + ... + (6.19)
C T C1 C 2 C 3 Cn

• Exemplo 6.6 – Seja o circuito da Figura 6.22. Determinar a carga elétrica e a tensão em cada
capacitor.

Figura 6.22 – Associação em paralelo de capacitores (BOYLESTAD, 2007).

A capacitância equivalente é encontrada por:

1 1 1 1 1 1 1
= + + = −6
+ −6
+ −6
= 1, 25 105 → Ceq = 8 F.
Ceq C1 C2 C3 200 10 50 10 10 10

A carga elétrica em cada capacitor é a mesma: QT = Q1 = Q2 = Q3.

QT = Ceq × E = (8 × 10-6 F) × (60 V) = 480 C.

A tensão em cada capacitor da associação é:

Q1 480 10−6
V1 = = = 2,4 V
C1 200 10−6

Q2 480 10−6
V2 = = = 9,6 V
C2 50 10−6

Q3 480 10−6
V3 = = = 48,0 V
C3 10 10−6

Checando o resultado pela LKT: E = V1 + V2 + V3 = 2,4 V + 9,6 V + 48,0 V = 60 V.


CEFET-MG - Ensino Técnico 117

EF – Exercícios de Fixação – Série 12

12.1 – Mostrar que, para o caso particular de dois capacitores conectados em série, a
capacitância equivalente é dada por CT = (C1 × C2)/(C1 + C2).

12.2 – Dois capacitores iguais são associados em série, em uma fonte de 48 V, resultando em um
capacitor equivalente de 2,2 mF. Encontrar o valor da tensão elétrica e a capacitância de cada capacitor.

12.3 – Para a associação série da Figura 6.23, onde C1 = 1000 F e C2 = C3 = 22 F, pede-se:

a) calcular a capacitância equivalente;


b) calcular a tensão no capacitor C1, se a associação é alimentada por uma fonte de 12 V, contínua.

C1 C2 C3

Ceq

Figura 6.23 – Associação série de 3 capacitores eletrolíticos.

6.8.2 – Associação em paralelo

A Figura 6.24 mostra a associação de três capacitores em paralelo, o que faz a tensão E da fonte de
C.C. ser a mesma em todos eles. A carga total do circuito (QT), dada por (6.20), se divide entre os
capacitores C1 , C2 e C3. Aplicando-se a relação Q = CV nesta equação, encontra-se (6.21).

Figura 6.24 – Associação em paralelo de capacitores (BOYLESTAD, 2007).

QT = Q1 + Q2 + Q3 (6.20)

CT.E = C1.E + C2.E + C3.E (6.21)

De (6.21) obtém-se em (6.22) a capacitância equivalente, para n capacitores conectados em


paralelo.

CT = C1 + C2 + C3 + Cn (6.22)
118 Circuitos Elétricos em CC

• Exemplo 6.7 – Encontrar, para a associação mista da Figura 6.25:

a) a sua capacitância equivalente;


b) a carga elétrica armazenada no capacitor C3.

Figura 6.25 – Associação mista de capacitores (BOYLESTAD, 2007).

Solução:

a) A capacitância equivalente desta associação é encontrada por Ceq = C1 // (C2 + C3), ou seja, é
devida à associação em série do capacitor C1 com a capacitância C23, equivalente da associação
em paralelo de C2 e C3.

A Figura 6.26 mostra a redução do circuito da Figura 6.25 a um circuito de uma só malha.

Ceq = C1 ( C2 + C3 ) = 3 10−6 ( 4 10 −6 + 2 10 −6 )

= 3 10−6 6 10−6

3 10−6  6 10−6
= −6 −6
= 2 10−6 = 2 F.
3 10 + 6 10

Figura 6.26 – Obtenção da capacitância equivalente do circuito.

b) A carga elétrica em C3 é encontrada por Q3 = C3 × V3.

Para encontrar a tensão V3 é preciso encontrar a tensão V1, pois, pela LKT, V3 = E – V1. A
tensão V1 é encontrada de Q1 = C1 × V1, onde a carga Q1 é igual à carga total da associação, QT.

Logo, Q1 = QT = Ceq × E = 2 F × 120 V = 240 C.


A tensão V1 é encontrada por V1 = Q1/C1 = 240 C/ 3 F = 80 V.
Assim, a tensão V3 é dada por: V3 = E – V1 = 120 V – 80 V = 40 V.
De Q3 = C3 × V1 resulta: Q3 = 2 F × 40 V = 80 C.
CEFET-MG - Ensino Técnico 119

LEP 6 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

6.1 − A Figura 6.27 mostra a estrutura básica e o símbolo de um capacitor. Complete as lacunas.

Existem diversos tipos de ________________: cilíndricos, esféricos ou planos. Todos são representados
por duas placas _____________, condutoras e idênticas, bem próximas uma da outra e com
um isolante chamado _____________ entre elas. Essas placas são denominadas _______________ do
capacitor e o _____________ (isolante) entre elas pode ser o vácuo, ar, papel, mica, óleo, etc.

Figura 6.27.

6.2 − Em um capacitor de placas paralelas, como o da Figura 6.27, a carga acumulada em cada placa é de
132,75 nC. Estas placas, de área 0,01 m2, estão afastadas uma da outra de 1,5 mm. A tensão entre as
placas é de 450 V e o material isolante é de mica.

a) Qual é o campo elétrico entre as placas, em V/m?


b) Qual é a capacitância deste capacitor?

6.3 − Explique o significado de ruptura dielétrica. A este respeito, por exemplo, quando tem início o
fenômeno de uma descarga elétrica (raio)?

6.4 − Seja a associação da Figura 6.28, onde C1 = 3 F, C2 = 2C1, C3 = 4C1, C4 = 8C1 e Vab = 18 V.
a) Determinar a capacitância equivalente desta associação.
b) Qual é a carga elétrica armazenada no capacitor C2?
c) Qual capacitor armazena a maior energia em J?

C1

C2
a b
C3

C4

Figura 6.28 – Associação de capacitores, questão 6.3 (SERWAY e JR., 2009).


120 Circuitos Elétricos em CC

6.5 (SERWAY e JR., 2009) − Uma associação de três capacitores diferentes, inicialmente
descarregados, é conectada a uma bateria. Para esta situação, qual das alternativas a seguir é
verdadeira?

(a) A capacitância equivalente é maior que qualquer das capacitâncias individuais.


(b) A maior tensão aparece através do capacitor com menor capacitância.
(c) A maior tensão aparece através do capacitor com maior capacitância.
(d) O capacitor com a maior capacitância possui a maior carga elétrica em C.
(e) A menor carga elétrica aparece no capacitor com a menor capacitância.

6.6 (DORF e SVOBODA, 2003) – Determinar o valor aproximado da capacitância equivalente


da associação mista da Figura 6.29.
Resp.: 526,32 F.

C1 C2
2 mF 1/3 mF

Ceq C3
C6 1/3 mF
1 mF

C5 C4
2 mF 1/3 mF
Figura 6.29.

6.7 (SERWAY e JR., 2009) − Para a associação da Figura 6.30, encontrar:

a) a capacitância equivalente Cab, sendo: C1 = 5 F, C2 = 10 F e C3 = 2 F;


b) a tensão no capacitor C3, se Vab = 60 V;
c) a carga elétrica em C3.

C2
C1 C2
C3
a b

C1 C2
C2
Figura 6.30.

Resp.: (a) Cab, = 6,05 F. (b) VC3 = 41,92 V. (c) QC3 = 83,84 C.

6.8 − Um capacitor a ar de 1000 pF, consiste de duas placas paralelas bastante próximas (Figura
6.31). A carga elétrica (Q) armazenada em cada placa é de 1 mC, ou seja, considere Q = 1 mC.
CEFET-MG - Ensino Técnico 121

C = 1000 pF
A B A B A B
+Q -Q
+ + +
+ +
+ +
+ + +
+ +
+

+ + +
S S
VF VF
Figura 6.31.

a) Qual é a tensão elétrica (VF) entre as placas?


b) Mantendo-se a carga elétrica mantida constante, calcular a ddp entre as placas para uma
distância duplicada entre as placas.

Resp.: (a) 1 GV; (b) 2 GV.

6.9 (DORF e SVOBODA, 2003) – Encontrar a capacitância equivalente Ceq do circuito


capacitivo da Figura 6.32.
Resp.: Ceq = 10 F.

Ceq

Figura 6.32.

6.10 (DORF e SVOBODA, 2003) – Qual é a capacitância C de cada capacitor da associação da


Figura 6.31? Considerar a capacitância equivalente igual a 50 mF. Resp.: C = 90 mF.

Figura 6.33.
122 Circuitos Elétricos em CC

CIRCUITO RC: PROCESSOS DE CARGA


Capítulo
7 E DESCARGA DE CAPACITORES
Capítulo 7 – Circuito RC: processos de carga e descarga de capacitores

7.1 – Introdução

Os capacitores, estudados no capítulo anterior, são elementos armazenadores de energia,


sob forma de tensão. Um campo elétrico aplicado entre as placas do capacitor eleva à sua carga
elétrica, fenômeno que não ocorre instantaneamente. Neste capítulo serão apresentadas as
situações de carga e descarga de um capacitor eletrolítico, alimentado por uma fonte de tensão
contínua. As equações e as curvas que descrevem matematicamente estes processos serão
demonstradas e utilizadas em diversos exemplos e exercícios.

7.2 – Comportamento do capacitor frente a um degrau de tensão

Seja o circuito da Figura 7.1a. Em t = 0, a chave S é fechada e o resistor R sofre uma


descontinuidade de tensão em seus terminais, ou seja, antes de t = 0 a tensão vR era nula e a partir
deste instante será E volts, como mostra o gráfico vR × t. Esta variação de tensão em R é
denominada de degrau de tensão. O resistor R responde a esta variação de tensão de forma
linear. Outra característica do resistor é que o mesmo dissipa a energia elétrica recebida sob
forma de calor.

t=0
(a)

t=0
(b) vc vcresce
c cresce lentamente
lentamente
vc cresce
vc cresce
rapidamente
rapidamente

e
Figura 7.1 – Resposta de um elemento resistivo (a) e capacitivo (b) a um degrau de tensão.

A Figura 7.1b mostra um capacitor eletrolítico conectado em série com a fonte de tensão
E e o resistor R, utilizados no circuito da Figura 7.1a. Consideremos o capacitor inicialmente
descarregado, vC(0) = 0. No instante t = 0 s, a chave S é fechada e ocorre um degrau de tensão
sobre o capacitor e o resistor R, variando de 0 a E volts. A tensão no capacitor cresce
exponencialmente até atingir o valor E da fonte CC – veja o gráfico vC × t na Figura 7.1b. Como
CEFET-MG - Ensino Técnico 123

se observa, a tensão vC(t) não apresenta descontinuidade, ou seja, ela atinge o valor da tensão E
imposta pela fonte CC em função de uma constante de tempo, dada por  = RC. Esta constante
será demonstrada graficamente mais à frente.
A resposta do capacitor frente a um degrau de tensão, como visto na curva vC × t é
descrita como “inércia de tensão” por alguns autores, ou seja, a tensão vC(t) não pode variar
instantaneamente. Pode se afirmar então que a tensão em um capacitor submetido a um degrau
de tensão (Figura 7.1b) será a mesma imediatamente antes, em t = 0- e imediatamente depois da
comutação da chave S, em t = 0+, considerando-se a comutação em t = 0 s, como mostra a Figura
7.2a. Na Figura 7.2b é apresentada a ampliação desta região em torno do instante t = 0 s, com os
instantes t = 0- s e t = 0+ s.

vC(t)
Valor final (Vf)

Valor
inicial
Vi = vC(0)
vC(t) Estado
(0+)
vC estacionário
Resposta
Transiente
vC(0-)

0 t
(a)

Valor inicial
Es
Vi = vC(0) vC(0+) est
Resposta
vC(0-)
Transiente
(b)
0
Figura 7.2 – (a) Etapas associadas a um transiente de carga de um capacitor (BOYLESTAD, 2007).
(b) Zoom sobre a região de transição de capacitor descarregado para capacitor em carga.

7.3 – Transitório de carga de um capacitor

As Figuras 7.3 e 7.4 mostram a sequência do processo de carga de um capacitor


eletrolítico, o qual está inicialmente descarregado, ou seja, vC(t) = 0 V (Figura 7.3a). No instante
t = 0 s a chave S é fechada.

(a) (b) (c)


Figura 7.3 – Circuito para transitório RC – carga do capacitor.
124 Circuitos Elétricos em CC

vC(t)

0 t = t1 t= t
Figura 7.4 – Curva vC(t) × t: etapas do processo de carga do capacitor.

Com a chave S fechada, uma corrente de carga iC (t) eleva a tensão sobre o capacitor. No
instante t = t1, a tensão vC(t) = VC1 – ver as Figuras 7.3b e 7.4, curva vC × t. Esta tensão continua
crescendo no capacitor até que a tensão sobre o mesmo se iguale ao valor E da fonte de tensão
CC – circuito da Figura 7.3c e instante t =  na Figura 7.4. Aplicando a LKT ao circuito RC da
Figura 7.3, resulta (7.1).

E = vR(t) + vC(t) (7.1)

No instante t = 0 a chave S é fechada. O capacitor está descarregado, ou seja, vC (0) = 0


V.

- Corrente inicial no capacitor, iC(0):

A corrente inicial de carga no capacitor, é encontrada a partir de (7.1). Obtém-se a mesma


em (7.2) isolando-se iC(0), resulta a expressão (7.2):

E = vR (0) + vC (0) = i c (0).R + 0

E
i c (0) = I o = (7.2)
R

- Corrente final, iC():

Após um tempo suficientemente grande, t() > t(5), onde  = RC, considera-se o
capacitor plenamente carregado, ou seja, obtém-se vc (5) = vc () = E.

Qual será a corrente final do capacitor? A condição final do circuito RC em t =  será,


de acordo com (7.3):

E = v R (  ) + v C (  ) = i c ( )  R + E (7.3)

Isolando ic() em (7.3), obtém-se :

E−E
E = i c ( )  R + E → i c ( ) = =0
R
CEFET-MG - Ensino Técnico 125

- Tensão e corrente no capacitor para um instante qualquer, vC(t) e iC(t):

Para encontrar a tensão vC(t), tensão instantânea sobre o capacitor durante o transitório de
degrau de carga entre os instantes t = 0 s e t = , procura-se a solução para a equação geral do
circuito no domínio do tempo, em (7.4).

E = v R (t) + vC (t) = R.i C (t) + v C (t) (7.4)

A solução da equação diferencial (7.4) para vC(t) é dada por (7.5).

vC (t) = E (1 − e−t  ) (7.5)

A corrente no capacitor é obtida substituindo (7.5) em (7.4), e obtém-se (7.6):

E = vR (t) + vC (t)

= R.iC (t) + vC (t) = R.i C (t) + E (1 − e − t  )

E −t 
i C (t) = .e (7.6)
R

A tensão instantânea no resistor é obtida em (7.7) pela lei de Ohm: vR(t) = R.iC(t).

vR (t) = E  e−t  (7.7)

t
O fator e−τ em (7.5), (7.6) e (7.7) consiste em uma função exponencial no formato e−x,
sendo x = t/RC.  = RC é a constante de tempo do capacitor. O número e é um número irracional,
originado de um limite, para valores muito grandes de n, da sucessão (7.8). Ele tende para
2,7182818284590452353...

e = lim (1 + 1 n )
n
(7.8)
n →

A descoberta do número e, número de Neper ou constante de Neper, é a atribuído a John


Napier (1150-1617), matemático escocês (Figura 7.5), inventor dos logaritmos, a sua descoberta.
É também conhecido como número de Euler, em homenagem ao matemático e físico suíço
Leonhard Euler (1707-1783), que o utilizou pela primeira vez em 1739.
Euler trabalhou com quase todos os ramos da Matemática Pura e Aplicada e é considerado
o maior responsável pela linguagem e notações utilizadas atualmente. Foi pioneiro no uso da
letra e como base do sistema de logaritmos naturais, da letra  (pi) para a razão entre a
circunferência de qualquer círculo e seu diâmetro e do símbolo i para raiz quadrada de –1. O
número de Euler é um número estreitamente aparentado com o número pi ( = 3,141592654...).
126 Circuitos Elétricos em CC

Figura 7.5 – John Napier. Fonte: http://dcsmat.ac.in/wp-content/uploads/wordpress/Final12.jpg

Na Figura 7.6 vê-se o formato de uma função exponencial decrescente, y = e- x. A função


exponencial crescente obedece à seguinte equação y = 1 - ex.

x y=e^(-x) Função exponencial decrescente: e-x


0 1 1,2

0,5 0,606531
1
1 0,367879
1,5 0,22313 0,8
2 0,135335
0,6
2,5 0,082085
3 0,049787 0,4
3,5 0,030197
4 0,018316 0,2
4,5 0,011109
0
5 0,006738 0 1 2 3 4 5 6

Figura 7.6 – Função exponencial decrescente y = e- x construída no software Excel.

Exemplo 7.1 – Para o circuito RC série da Figura 7.7, pede-se:

Figura 7.7 – Circuito RC série (exemplo 7.1).


CEFET-MG - Ensino Técnico 127

a) Encontrar as expressões para o cálculo de vC(t), vR(t) e iC(t).


b) Calcular a máxima corrente no capacitor.
c) Qual é o valor de vC(t) em t = 20 ms?

Solução:

a) A constante de tempo do circuito é  = RC = 8 k × 4F = 32 ms.

vC (t) = E (1 − e− t  ) = 40 (1 – e−t/32ms)

vR (t) = E  e−t  = 40 . e−t/32ms

40 − t /32ms
i C (t) =
E −t
.e  = .e = 5 mA.e − t /32ms
R 8k

b) Máxima corrente no capacitor:

Esta corrente ocorre quando a tensão sobre o capacitor é nula, isto é, com o mesmo
descarregado. Verificando o circuito da Figura 7.7 e lembrando que vC = 0 V em t = 0 s,
tem-se dois modos de encontrar a corrente iCmax:

1) Uso da equação de transitório de carga:

E −t  40 0t 
i C (0) = e = e = 5 mA
R 8k

2) Uso da LKT:

E + vR(t) + vC(t) = 0
E + R.iC(0) + vC(0) = 0
iC(0) = iC max = E/R = 40/8k = 5 mA.

Exemplo 7.2 – Seja o circuito RC série da Figura 7.8, cujas formas de onda da corrente e das
tensões no resistor e capacitor estão plotadas na Figura 7.9. Seus parâmetros são: E = 90 V, R =
50 k e C = 40 F.

Figura 7.8 – Circuito RC série (exemplo 7.2).


128 Circuitos Elétricos em CC

100V
100V
vC (t) 100V

50V
50V
50V

0V
0V V(C1:1)
0V
100V V(C1:1)
vR (t) 100V V(C1:1)
100V

50V
50V
50V
SEL>>
SEL>>
0V
SEL>>
0V V(R1:1,R1:2)
0V V(R1:1,R1:2)
iC (t) 2.0mA
2.0mA V(R1:1,R1:2)
2.0mA

1.0mA
1.0mA
1.0mA

0A Time
0A 0s 5s 10s 15s
0A 0s
I(C1)
0s I(C1) Figura 7.9 – Formas5s
5sde onda do circuito RC série 10s
(exemplo
10s 7.2). 15s
15s
Time
I(C1) Time
Time
a) Calcular a tensão no capacitor 1 s após a chave S ter sido fechada. Obs.: considere vC(0) = 0
V.

vC(1) = 90 . (1 - e−1/(50 k × 40 )) = 35,41 V.

b) calcular as tensões vC e vR e a corrente no circuito, decorridos 4 constantes de tempo (t = 4).

vC(4) = 90 . (1 - e−4/) = 90 . (1 - e−4) = 88,35 V.


vR(4) = E − vC(4) = 90 − 88,35 = 1,65 V.
iC(4) = vR(4)/R = 1,65/47k = 35,11 A.

c) Qual é a corrente de curto-circuito no capacitor? iC curto = 90 / 50 k = 1,8 mA.

Exemplo 7.3 – Sejam as formas de onda da Figura 7.10, a tensão de entrada vi(t), onda
quadrada e a tensão de saída vC(t), em um circuito RC série com o da Figura 7.8.

vi(t)
5.0V

vC(t)

2.5V

0V
0s 100us 200us 300us 400us 500us
V(C1:1) V(vi:+)
Time
Figura 7.10 – Formas de onda de um circuito RC série (tensão de entrada, v i e tensão de saída , vC).
CEFET-MG - Ensino Técnico 129

Projetar o resistor para obter-se o capacitor plenamente carregado, considerando o tempo


de carga dado por tc = 5.RC = 200 s, onde a tensão de entrada muda de 5 V para 0 V (ver o
primeiro ciclo de carga na Figura 7.10). O capacitor tem valor nominal de 2,2 nF.

Com tc = 5RC = 200 s, obtém-se R = 200 s/(5C) = (200 × 10-6)/(5 × 2,2 × 10-9) = 18,18 k.

7.4 – Influência da constante de tempo do capacitor

Seja a Figura 7.11a, que mostra a exponencial decrescente de corrente num circuito RC
no processo de carga de um capacitor.

iC(t)
Instantes de tempo em função de  = RC:
E/R

t = RC → ic (RC) = Io . e – (1) = 0,3679 Io;


e−t/ t = 2RC → ic (2RC) = Io . e – (2) = 0,1353 Io;
37 % de E/R t = 3RC → ic (3RC) = Io . e – (3) = 0,0497 Io;
t = 4RC → ic (4RC) = Io . e – (4) = 0,0183 Io e
 t = 5RC → ic (5RC) = Io . e – (5) = 0,0067 Io.
t
(a) (b)
Figura 7.11 – (a) Curva ic (t) durante a carga de um capacitor. (b) Cálculo dos instantes de tempo (eixo t).

E −t  d ax
Tendo i C (t) = .e e que a derivada de eax é e = a.eax , encontra-se (7.9).
R dx

t
di c ( t ) 1 E − RC
=−  e (7.9)
dt RC R

Para o instante t = 0 s, tem-se em (7.10):

di c (0) 1 E −0 E
=−  e = − 2 (7.10)
dt RC R R C

A inclinação  na Figura 7.11a, tg , é encontrada também por diC(t)/dt, como em (7.11).

di c (t) 0 − E R ER
tg  = = =− (7.11)
dt −0 

Igualando-se as Equações (7.11) e (7.10), obtém-se

E
tg  = −
R 2C

E/R
=− →  = RC

130 Circuitos Elétricos em CC

Constante de tempo, 

A constante  = RC é chamada de constante de tempo, ou tempo característico. A Figura 7.11b


mostra alguns pontos significativos de iC(t), calculados em função de , de 1 a 5 RC.
Observa-se destes cálculos que o valor nulo de ic(t) nunca é alcançado. Pode se considerar por uma
aproximação prática, que após 5 constantes de tempo a corrente ic (t) se anula e o capacitor encontra-se
carregado. Logo, após t ≥ 5 RC, a tensão vC(t) se iguala à tensão da fonte, conforme se calcula em (7.12):

Para t = 5RC

vc (5RC) = E  (1 − e −5RC RC )
(7.12)
= E.(1 − e −5 ) = 0,9933.E

A constante de tempo  = RC é dada em segundos, pois R = V/I [V/A] e C = Q/V [C/V].

V Q Q


Logo,  = RC = R    C   = RC    Usando Q = I × t [A] [s], obtém-se:
A V A

Q  A.s 
 = RC =   = RC   = RC [s]
A A

7.5 – Equação geral para transitórios de carga e descarga de um capacitor

Com base nos valores inicial e final de tensão ou corrente durante o transitório de carga
(Figura 7.7) ou descarga de um capacitor, é possível escrever uma expressão geral:
t

vC (t) = vC () + [vC (0+ ) − v C ()].e  (7.13)

vC(t) Valor final


vC()

Valor inicial,
v (0+)
C Estado
estacionário
Resposta transiente
vC (0-)

0 t
Figura 7.12 – Curva para o cálculo da expressão geral de vC(t) (BOYLESTAD, 2007).

A expressão geral (7.13) pode ser reescrita como (7.14), sendo x uma variável de tensão ou
corrente no circuito RC.
t

x(t) = x() + [x(0 + ) − x()].e 
(7.14)
CEFET-MG - Ensino Técnico 131

7.6 – Circuito equivalente de Thévenin

A maioria dos circuitos RC não está na forma de um circuito RC série simples (fonte de
tensão contínua E + chave + resistor + capacitor). A redução de circuitos complexos a um
circuito de uma só malha é realizada com relativa facilidade com o uso do teorema de Thévenin,
onde se determinam os parâmetros VTh e RTh, como mostra o circuito equivalente da Figura 7.13.

RTh
_ a _ a
+ +
iC iC
vRTh
Rede VTh
vC vC
Linear

b b
Figura 7.13 – Circuito equivalente de Thévenin de uma rede RC.

Exemplo 7.4 – Encontrar o circuito equivalente de Thévenin para a rede RC da Figura 7.14,
para a carga do capacitor (chave S posicionada em 1).

S
a

C = 0,2 F

b
Figura 7.14 – Circuito RC – carga do capacitor para a chave S na posição 1 (BOYLESTAD, 2007).

- Resistência de Thévenin (RTh):

O valor de RTh é obtido através da rede da Figura 7.15, onde, pelo teorema de Thévenin, a
tensão E é desativada e substituída por um curto-circuito.

Rth:

Rth

Figura 7.15 (BOYLESTAD, 2007).

A resistência RTh vista dos terminais a e b é dada por:

RTh = R1 R2 + R3
60 k   30 k 
= + 10 k 
90 k 
RTh = 30 k 
132 Circuitos Elétricos em CC

- Tensão de Thévenin (VTh):

Este parâmetro é a tensão de circuito aberto, nos terminais a e b, como mostra Figura 7.16.

Vth:
a

Vth

Figura 7.16 (BOYLESTAD, 2007).

- Cálculo:
30 k   21 V 1
VTh = Vab = =  21 V = 7 V
60 k  + 30 k  3

O circuito equivalente de Thévenin é apresentado na Figura 7.17.

Figura 7.17 (BOYLESTAD, 2007).

Exemplo 7.5 – Encontrar as expressões matemáticas de vC(t) e iC(t) para o circuito


equivalente de Thévenin da Figura 7.14. Considerar a tensão inicial do capacitor nula. Encontrar
também vC(t) e iC(t) para t = 9 ms. Usando a equação (7.14) no circuito Thévenin, obtêm-se as
equações de vC(t) e iC(t).

− Tensão vC(t):

vC() = VTh e vC(0+) = 0;  = RTh.C = 30 k × 0,2 F = 6 ms.


t t
= 7  (1 − e −t 6ms )
− −
vC (t) = vC () + [v C (0+ ) − v C ( )].e 
→ v C (t) = 7 + [0 − 7].e 

− Corrente iC(t):
iC() = 0 e iC(0+) = VTh/RTh = 7/30 k = 0,23 mA.
t t
− −
iC (t) = iC () + [iC (0+ ) − i C ()].e 
→ i C (t) = 0 + [0,23 mA − 0].e  = 0,23 mA  e−t 6ms

• Para o instante t = 9 ms:


vC (t) = 7  (1 − e−t 6ms ) = 7  (1 − e−9ms 6ms ) = 7  (1 − e−1,5 ) = 5,44 V.
iC (t) = 0,23 mA  e−9ms 6ms = 0,051 mA.
CEFET-MG - Ensino Técnico 133

7.7 – Transitório de descarga de um capacitor

O circuito da Figura 7.18a, projetado para carga e descarga do capacitor C, mostra o


transitório de descarga do mesmo, com a chave S posicionada em 2. O capacitor se descarrega
via resistor R, como visto no circuito da Figura 7.18b.

S S

(a) (b)
Figura 7.18 – (a) Chave na posição 1: carga do capacitor. (b) Chave na posição 2: descarga (BOYLESTAD, 2007).

Neste circuito as constantes de tempo de carga e descarga são iguais:  = RC. No período
de descarga, a tensão sobre o capacitor estabelece uma corrente que flui no sentido anti-horário.
O capacitor se comporta como uma bateria cuja tensão diminui com o tempo, de forma
exponencial.
A equação para o segundo circuito da Figura 7.18 é encontrada pela LKT, dada por (7.15).

0 = vR + vC = R.iC + vC (7.15)

Substituindo a corrente iC na Equação (7.15), obtém-se (7.16).

dvC
0 = RC  + vC (7.16)
dt

A solução desta equação diferencial de primeira ordem para vC(t) está em (7.17), onde Vo é
a tensão inicial (início do transitório de descarga).

vC = Vo  e− t  (7.17)

A corrente de descarga, em (7.18), é obtida através de (7.15), onde o sinal (−) indica o
sentido oposto da corrente no capacitor em relação à corrente de carga.

vC V
iC = − → iC = − o  e− t  (7.18)
R R

Para o resistor R, a equação de vR, em (7.19), é obtida pela Lei de Ohm.

vR = −Vo  e− t  (7.19)
134 Circuitos Elétricos em CC

A Figura 7.19 mostra as curvas sincronizadas de vC × t, iC × t e vR × t, para os ciclos de carga e


descarga do capacitor do circuito da Figura 7.18. Estas curvas são obtidas com a chave S colocada nas
posições 1 e 2 a cada 5 constantes de tempo.

Chave na posição 1 Posição 2 Posição 1 Posição 2

Figura 7.19 – Chave na posição 1: carga; na posição 2: descarga (BOYLESTAD, 2007).

7.8 − Energia armazenada em um capacitor

Quando um capacitor está sendo eletricamente carregado, uma carga elétrica positiva se transfere
do condutor com carga negativa para o condutor com carga positiva. O capacitor ideal armazena energia
elétrica durante a sua carga na forma de campo elétrico entre as placas, ou seja, ele não dissipa esta
energia.
A expressão para o cálculo da energia elétrica armazenada na carga de um capacitor toma como
base a curva de potência instantânea apresentada na Figura 7.20, pois p × t = trabalho. Utilizando-se o
cálculo integral encontra-se a área sob a curva p × t, expressa por (7.20), que fornece a energia elétrica em
Joules. Esta energia pode ser encontrada também por (7.21).

Figura 7.20 – Energia armazenada durante a carga de um capacitor (BOYLESTAD, 2007).


CEFET-MG - Ensino Técnico 135

1
W =  C  vc2 [Joules] (7.20)
2

Q2
W= [Joules] (7.21)
2C

EF – Exercícios de Fixação – Série 13

13.1 – Para o circuito da Figura 7.21, pede-se encontrar:

a) a expressão matemática de vC(t) válida a partir do instante t = 0 s, quando a chave S é conectada


na posição 0 (zero). Considerar o capacitor inicialmente descarregado;
b) calcular a tensão e a corrente no capacitor para o instante t = 1.

Figura 7.21 – Circuito para carga e descarga de um capacitor (BOYLESTAD, 2007).

13.2 – Considerando ainda o circuito da Figura 7.21, encontrar as expressões de vC(t) e de iC(t), válidas a
partir do instante t = 1, quando a chave S é mudada para a posição 2 (transitório de descarga do
capacitor). Qual é a corrente no capacitor no instante t = 2 ?

13.3 – Calcule a carga e a energia armazenadas em um capacitor de 22 pF e 63 V em seus terminais.

13.4 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – A carga armazenada em um capacitor eletrolítico é de 0,12 mC.
Se a sua capacitância é de 4,5 F, pede-se calcular:

(a) a energia armazenada neste capacitor, em mJ;


(b) a tensão entre os seus terminais.
Resp.: (a) 1,6 mJ. (b) 26,67 V.

13.5 (BOYLESTAD, 2007) – Para a rede capacitiva da Figura 7.22, pede-se calcular:

a) A tensão e a carga elétrica em cada capacitor.


b) A energia armazenada nos capacitores C2 e C3.

Figura 7.22 – Rede capacitiva – exercício EF 13.5.


136 Circuitos Elétricos em CC

Resp.: (a) V1 = 10 V; Q1 = 60 C; V2 = 6,67 V; Q2 = 40 C; V3 = 3,33 V; Q3 = 40 C. (b) W2 = 133,6 J;
W3 = 63,53 J.

13.6 – Através do circuito da Figura 7.23, obtém-se a carga e a descarga de um capacitor eletrolítico C1.
As formas de onda da Figura 7.24 mostram o capacitor plenamente carregado, com tc = 5R1C1 = 94 s.

a) Qual é o valor do capacitor C1?

b) Qual é a energia armazenada neste capacitor em t = 2,5 ?

Figura 7.23 – Circuito de carga e descarga de um capacitor – EF 13.6.

15V

10V

5V
SEL>>
0V
V(C1:1)
40mA

20mA

0A
0s 25s 50s 75s 100s
I(C1)
Time

Figura 7.24 – Formas de onda de vC1 e iC1 para o circuito da Figura 7.23.

LEP 7 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

7.1 − A tensão através de um capacitor de 10 F em um circuito RC série é vC(t) = 60(1 − e-t/5ms).


Considere vC(0) = 0V.
a) Qual é a constante de tempo do capacitor?
b) Qual é a tensão no capacitor em t = 3?

7.2 − Para o circuito da Figura 7.25, pede-se:


a) Calcular a constante de tempo do circuito.
b) Encontrar a equação da corrente, iC (t).
c) Calcular o tempo que a tensão no capacitor levou para aumentar a partir do zero até 4 V.
CEFET-MG - Ensino Técnico 137

Figura 7.25 – Circuito RC série, questão 7.2 (BOYLESTAD, 2007).

7.3 − Para o circuito RC da Figura 7.26, tendo vC(0) = 0V, determinar:

a) a constante de tempo quando a chave é conectada à posição 1;


b) as equações de vC(t) e vR(t) para o transitório de carga do capacitor;
c) a equação que descreve o comportamento de vC(t), a partir do momento em que a chave é conectada à
posição 2.
d) Qual é o tempo de descarga do capacitor?

Figura 7.26 – Circuito RC série (BOYLESTAD, 2007).

Figura 7.27 (BOYLESTAD, 2007).

7.4 − Determinar o valor do resistor e a expressão matemática de vC(t), para um circuito RC série cuja
curva vC(t) é apresentada na Figura 7.27. Dado: C = 68 F.

7.5 − Determinar os parâmetros R e C de um circuito RC, cujos gráficos são mostrados na Figura 7.28.
Considere como topologia para este circuito a apresentada na Figura 7.26, para os transitórios de carga
(chave na posição 1) e de descarga (chave na posição 2) do capacitor C.

7.6 − Escreva a equação que descreve matematicamente o comportamento da tensão no capacitor do


circuito da Figura 7.29. Calcular a tensão no capacitor em t = 4. Considerar vC(0) = 0 V.
138 Circuitos Elétricos em CC

vC(t)

 = 32 ms

t
Chave na Posição 2 Posição 1
posição 1 Posição 2
iC(t)

Figura 7.28 (BOYLESTAD, 2007).

S
t=0s

Figura 7.29 (BOYLESTAD, 2007).

7.7 − Seja a rede RC da Figura 7.30, onde vC(0) = 0 V. Para o interruptor S na posição 1,
encontrar as expressões matemáticas de vC(t), vR1(t) e iC(t).

Figura 7.30 (BOYLESTAD, 2007).

7.8 − Ainda com relação ao circuito da Figura 7.30, considerando que o capacitor ficou um
tempo suficiente para se carregar com o interruptor na posição 1, pede-se:

(a) Calcular os valores de vC(t), vR1(t) e iC(t) para o interruptor S conectado na posição 2, no
instante t = 100 ms.
(b) Encontrar as expressões matemáticas de vC(t), vR2(t) e iC(t) para a chave S na posição 3, a
partir de t = 100 ms.
(c) Calcular a tensão no capacitor 10 ms após t = 100 ms, ou seja, no instante t = 110 ms.
CEFET-MG - Ensino Técnico 139

7.9 − Seja o circuito da Figura 7.31. A tensão inicial do capacitor é de 40 V. Determinar a


expressão matemática de vC(t).

Figura 7.31 (BOYLESTAD, 2007).

7.10 − Encontrar, para o ciclo de descarga de um capacitor C eletrolítico, o tempo de decaimento da


tensão vC, em função de vo (t) , R e C.

7.11 − Para a rede RC da Figura 7.32, pede-se:

a) Escrever as expressões matemáticas das variáveis vC(t) e iC(t), para a chave S na posição 1 a partir
de t = 0 s. Considerar vC(0) = 0 V.
b) Em t = 15 s a chave S é comutada para a posição 2, ficando na mesma por 10 s. Calcular a tensão
no capacitor e a corrente em R2 no instante t = 25 s.

Figura 7.32

7.12 − Para o circuito da Figura 7.33 foi efetuada uma simulação. Foram obtidas as curvas de vC1(t), vR3(t)
e iC1(t), apresentadas na Figura 7.34 e 7.35.
a) Com base na curva iC1(t) × t da Figura 7.35, qual é a equação da corrente no capacitor no
intervalo 0 < t < 150 s ?
b) Escrever as equações que descrevem matematicamete vC1(t) e vR3(t) no intervalo 150 < t < 200 s.
c) Qual foi a energia armazenada no capacitor C1 até o instante t = 100 s?

Figura 7.33.
140 Circuitos Elétricos em CC

50V
vC1(t)

25V

0V
V(R2:2)
50V

vR3(t)

25V

SEL>>
0V
0s 50s 100s 150s 200s
V(U3:2)
Time
Figura 7.34.

5mA

0A

-5mA

-10mA

0s 50s 100s 150s 200s


I(C1)
Time
Figura 7.35.

Respostas

7.1 – (b) vC(3) = 57,01 V.


7.2 – (a)  = 11,22 ms. (b) 𝑖𝐶 (𝑡) = 7,06 𝑚𝐴 . 𝑒 −𝑡⁄𝜏 . (c) t  2,02 ms.
7.3 – (a)  = 200 ms. (b) vC (t) = 8 . (1 − e−5t ) e vR (t) = 8 . e−5t . (c) vC (t) = vC (0+ ) . e−5t . (d) td = 1
s.
7.4 – R = 10 k e vC (t) = 100 − 50 . e−1,47t
7.5 – R = 8 k e C = 4F.
7.6 – vC (t) = 120 mV. (1 − e−125t ) e vC (4τ) ≅ 117,8 mV.
7.7 – vC (t) = 50 . (1 − e−100t ), vR (t) = 50 . e−100t e iC (t) = 10 mA . e−100t .
7.8 – (a) vC (100m) = 50 V. iC (100m) = 0 A. vR1 (100m) = 0 V.
(b) vC (t) = 50 . e−250t , vR2 (t) = − 50 . e−250t e iC (t) = −(50/R 2 ) . e−250t .
CEFET-MG - Ensino Técnico 141

7.9 – vC (t) = 80 − 40 . e−t/440ms


7.10 – Resp. : t = −(RC) × ln(vc (t)|vo (t))
7.11 – (a) vC (t) = 100. e−t/𝜏𝑛 , onde n = (10k + 22k + 39k). C = 15,62 s.
iC (t) = − vC(0+)/Rtotal = − (100/71k). e−t/𝜏𝑛 .
10

(b) Para t = 25 s, serão decorridos 10 s após o instante t = 15 s. Logo, vC (10) = 100. e 15,62 =
− vC (10)
52,71 𝑉 𝑒 iC (10) = 71𝑘
= −0,74 𝑚𝐴.

O esquema da Figura 7.36 é utilizado para a simulação deste circuito, com o software PSpice.

Figura 7.36.

A Figura 7.37 mostra as formas de onda de vc e ic. A partir de t = 15s, decorridos 5n (5 x 15,62 =
78,1 s), o capacitor se descarrega. Verifique no gráfico iC  t da Figura 7.38, 78,1 s a partir de 15 s, ou
seja, em t = 93,1 s. Neste instante, medido com o cursor, encontra-se em t = 25,044s a corrente
instantânea no capacitor de – 0,739 mA.

100V

50V

0V
V(C1:2)- V(C1:1)
10mA

5mA

0A
SEL>>

0s 20s 40s 60s 80s 100s


-I(C1)
Time

Figura 7.37.

Em t = 15 s, a corrente se inverte e, no instante t = 25 s, tem o valor instantâneo de – 0,74 mA.


142 Circuitos Elétricos em CC

10mA

5mA

(25.044,-739.368u)
0A

-4mA
0s 20s 40s 60s 80s 100s
-I(C1)
Time

Figura 7.38.

48
7.12 – (a) iC (t) = 10𝑘 . e−t/22s → iC (t) = 4,8 mA. e−t/22s

b) Intervalo entre t = 150 s a t = 200 s: equações de vC1 e vR3

vC1 (t) = 15,35 + 32,65 . e−t/𝜏𝑛


vR3 (t) = −15,35 − 32,65 . e−t/𝜏𝑛
−32,65.e−t/𝜏𝑛
iC1 (t) = 3,19𝑘
= −10.24. 𝑒 −𝑡⁄𝜏𝑛

c) Até o instante t = 100 s, a energia armazenada no capacitor C1 é dada por:

WC1 (100s) = 0,5 × 2,2 × 10−3 × 47,492 = 2,48 𝐽.


CEFET-MG - Ensino Técnico 143

Capítulo
8 MAGNETISMO,

Capítulo 8 – Magnetismo, eletromagnetismo e campo magnético


ELETROMAGNETISMO
E CAMPO MAGNÉTICO

8.1 – Introdução

O magnetismo é uma denominação associada aos fenômenos relativos à atração ou


repulsão entre determinados materiais, como os ímãs, os ferromagnéticos e ainda entre estes
materiais e os condutores de corrente elétrica. Em diversos equipamentos se observam aplicações
do magnetismo, como por exemplo os geradores, motores elétricos (Figura 8.1, carro elétrico),
transformadores, disjuntores, computadores (operação do disco rígido e da fonte de alimentação,
Figura 8.2), relés, contatores etc.

Transmissão + Motor elétrico

Figura 8.1 – Motor elétrico em automóveis. Fonte: http://universolambda.com.br/carro-eletrico-x-petroleo/

(a) (b)
Figura 8.2 – Equipamentos de um computador que usam o magnetismo: (a) Disco rígido e
(b) Fonte chaveada. Fontes: (a) https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Open_hard-drive.jpg.
(b) http://handsontec.com/wp/wp-content/uploads/2017/06/1200W-DC-DC-8.png

O Eletromagnetismo constitui uma seção da Física para o estudo da relação entre as forças
da eletricidade e do magnetismo como um fenômeno único. O eletromagnetismo é explicado
144 Circuitos Elétricos em CC

pelo campo magnético, a concentração de magnetismo criado em torno de uma carga magnética
num determinado espaço.
A primeira evidência experimental a respeito de uma relação entre a eletricidade e o
magnetismo se deu em 1820. O físico dinamarquês Hans Christian Oersted (1777-1851, ver a
Figura 8.3) percebeu a mudança de orientação do ponteiro de uma bússola nas proximidades de
um fio percorrido por corrente elétrica (Figura 8.4). Em 1826 André-Marie Ampère formulou
através de experiências a Lei de Ampère para circuitos magnéticos, expressa como
(NUSSENZVEIG, 1999):

Lei de Ampère: “No caso de um fio retilíneo muito longo transportando corrente, as linhas
de campo magnético são círculos em planos perpendiculares ao fio, e a orientação de tais linhas
pode ser obtida por meio da regra da mão direita” (Figura 8.5).

Figura 8.3 – Hans Christian Oersted.


Fonte: http://labdeeletronica.com.br/wp-content/uploads/2015/05/oersted-272x300.jpg

Figura 8.4 – Experiência de Oersted, de 1820. Fonte:


https://www.ciensacao.org/fotografia_experimento_mao_na_massa/5047p_orsted_3.jpg

_ i
Figura 8.5 – Lei de Ampère: uma corrente elétrica provoca um campo magnético.
CEFET-MG - Ensino Técnico 145

8.2 – Campo magnético e materiais magnéticos

O campo magnético pode ser definido basicamente como a região do espaço onde um ímã
manifesta a sua ação. O campo magnético em um ponto do espaço é representado vetorialmente
⃗ ).
por um vetor designado vetor indução magnética ou ainda vetor campo magnético (𝐵
A Figura 8.6 mostra o aspecto de um ímã, no formato de um “U” (ímã de ferradura). O
campo magnético no interior deste tipo de ímã é constante (uniforme). As linhas de campo
magnético, por convenção, saem do polo norte e entram no polo sul. A Figura 8.7 mostra a
distribuição das linhas de campo em torno dos polos sul e norte de um ímã, através do uso de
limalhas de ferro.

N S

Figura 8.6 – Ímã tipo “U”. Figura 8.7 – Linhas de campo magnético –
distribuição em torno dos polos de um ímã.

Exemplo 8.1 – A Figura 8.8a mostra um condutor retilíneo cuja corrente elétrica provoca a
distribuição das linhas de campo magnético em linhas concêntricas. A direção e o sentido das
linhas de campo é determinado pela regra da mão direita (Figura 8.8b): (1) coloca-se o polegar
da mão direita ao longo do sentido convencional da corrente; (2) a posição dos outros dedos
indica o sentido das linhas de campo, que no caso, envolvem o fio percorrido pela corrente.

(a) (b)
Figura 8.8 – (a) Linhas de campo ao redor de um fio percorrido por corrente elétrica (BOYLESTAD, 2007). (b)
Regra da mão direita: sentido e direção das linhas de campo magnético em torno de um fio (SERWAY e FAUGHN,
2006).

Exemplo 8.2 – Para a situação onde um fio é dobrado formando uma espira, como mostra a
Figura 8.9a, tem-se as linhas de campo magnético com a mesma direção e sentido no centro da
espira. Nesta região o campo magnético é mais intenso (BOYLESTAD, 2007). Na Figura 8.9b
observa-se um solenoide, constituído por um enrolamento com N espiras, onde as linhas de
campo magnético estão indicadas vetorialmente por ⃗⃗⃗⃗
𝐵1 e ⃗⃗⃗⃗
𝐵2.
146 Circuitos Elétricos em CC

B2

B1
B

(a) (b)

Figura 8.9 – (a) Corrente em uma espira e linhas de campo resultantes.


(b) Bobina percorrida por corrente e linhas de campo (BOYLESTAD, 2007).

A alteração do núcleo no interior do enrolamento de N espiras proporciona o aumento da


intensidade do campo magnético. As linhas de campo magnético ficarão mais concentradas no
interior do solenóide com o uso de um material ferromagnético, como por ex., ferro, aço ou
cobalto. A Figura 8.10 mostra esta situação. Com o núcleo de aço (Figura 8.10a) é criado um
eletroímã. Este apresenta, além das propriedades de um ímã permanente, um campo magnético
cuja intensidade pode ser alterada através de um de seus parâmetros: corrente elétrica (A),
número de espiras (N) e material do núcleo.

(a) (b) (c)

Figura 8.10 – (a) Aspecto de um eletroímã. (b) Determinação do sentido das linhas de campo no interior do
eletroímã. (c) Corte transversal do eletroímã: sentido da corrente e direção do fluxo  (BOYLESTAD, 2007).

A direção e o sentido das linhas de campo magnético no interior do eletroímã são


determinados com a regra da mão direita, como ilustrado na Figura 8.10b. O polegar da mão
direita aponta o polo norte do eletroímã e os outros dedos indicam a direção e o sentido
convencional da corrente elétrica na bobina.
A Figura 8.10c mostra um corte transversal no eletroímã da Figura 8.10a. O sentido da
corrente elétrica é indicado por uma convenção na qual são usadas setas ou flechas. Na parte
superior desta figura, a cruz indica a corrente “entrando” no papel e na parte inferior, a ponta da
seta indica a corrente “saindo” do papel.

• Aplicações dos campos magnéticos

Os campos magnéticos criados por correntes elétricas têm numerosas aplicações, presentes
em equipamentos elétricos e eletrônicos, apresentados de forma sintética na Figura 8.11, como:
motores elétricos e transformadores; alto-falantes e equipamentos de exame de ressonância
magnética etc.
CEFET-MG - Ensino Técnico 147

Chapas de aço
Seção em corte Chapas
Chapas de
açoaço de aço
deChapas
laminado
Seçãoem
Seção emcorte
corte em corte
Seção laminadolaminado
laminado
Trajetória Chapas de aço
Trajetória
do fluxo Trajetória
Trajetória Seção em corteChapas de aço laminado
laminado
dodofluxo
fluxo do fluxo Trajetória
do fluxo
Primário Secundário
Primário Primário
Primário Secundário
Secundário
Secundário
Primário Primário Secundário
Secundário

Transformador
Transformador Auto-falante
Auto-falante
Transformador
Transformador Transformador Auto-falante
Auto-falante Alto-falante
Auto-falante
Transformador

Gerador Gerador
Gerador
Gerador Gerador

Entre- Entreferro Entreferro


Entreferro
Entre- Entre- Entreferro
Entreferro (air gap)
Entre-
Entre- ferro (air gap)
ferro (air
(air(air
gap) gap)
gap)
ferro
ferro
ferro

Relé
Aplicações médicas:
Galvanômetro
Relé Imagens de ressonância magnética
Relé
Relé Aplicações médicas:
Relé Aplicações médicas:
Galvanômetro Aplicações médicas:
Aplicações
Imagens médicas:
de ressonância magnética
Galvanômetro Imagens
Imagensde ressonância magnética
de ressonância
Imagens de ressonânciamagnética
magnética
Galvanômetro
Galvanômetro

Figura 8.11 – Aplicações típicas de efeitos magnéticos (BOYLESTAD, 2007).

8.2.1 – Materiais magnéticos

Os materiais magnéticos são assim denominados pela sua atração ou repulsão por um ímã.
Além disso, podem ser magnetizados por este mesmo ímã. Exemplos mais comuns: ferro e aço.
Outros materiais como o aço cobáltico são constituídos por materiais magnéticos duros –
mantêm o seu magnetismo mesmo quando o campo magnetizador é afastado (GUSSOW, 2004).
As principais aplicações dos materiais magnéticos na área de Engenharia Elétrica são:
- indutores (Figura 8.12);
- transformadores (Figura 8.13);
- motores elétricos (Figura 8.14);
- circuitos de proteção (disjuntores, Figuras 8.15a e 8.15b);
- acionamentos (relés, contatores etc.) etc.

Figura 8.12 – Aspecto de um indutor, de vários tamanhos. Fonte: http://www.magmattec.com.br/indutores.


148 Circuitos Elétricos em CC

Alta tensão

40.000 V

Voltímetro

Baixa tensão

Transformador

Figura 8.13 – Esquema de um transformador abaixador de tensão (BOYLESTAD, 2007).

Figura 8.14 – Motores de indução. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Silniki_by_Zureks.jpg

Bobina

(a) (b)
Figura 8.15 – (a) Quadro de disjuntores. (b) Disjuntor em corte. Fonte: http://www.abracopel.org.br
CEFET-MG - Ensino Técnico 149

8.2.2 – Permeabilidade magnética

A permeabilidade magnética é uma propriedade dos materiais magnéticos, designada pela


letra grega  (mi). Ela se refere à capacidade do material magnético de concentrar o fluxo
magnético, ou seja, mostra a facilidade com que as linhas de campo podem atravessar um dado
material (ver a Figura 8.16). Um material facilmente magnetizado apresenta uma alta
permeabilidade, como se observa nesta figura para o Ferro doce, em comparação com o vidro.

Linhas de campo

Ferro doce

Vidro

Figura 8.16 – Linhas de campo em um ímã permanente, para materiais magnéticos diferentes (BOYLESTAD, 2007).

O Ferro doce (de soft iron, em inglês) é também denominado de "aço doce". Constitui
o metal Ferro com alta concentração de pureza, podendo ser obtido do minério, através
de fusão sob forte corrente de arco. Uma de suas aplicações é no isolamento magnético de
determinados equipamentos e sistemas.
Em resumo, a permeabilidade magnética pode ser conceituada como:
- grau de magnetização de um material em resposta ao campo magnético;
- facilidade de “conduzir” o fluxo magnético.

Exemplo 8.3 − A Figura 8.17 mostra um exemplo de blindagem magnética, em função da


aplicação do efeito da permeabilidade magnética. Devido à geometria do núcleo magnético, as
linhas de campo magnético sofrem um desvio e não penetram no equipamento sensível. A
permeabilidade magnética deste núcleo também influencia fortemente nesta distribuição de
linhas de campo, em relação ao meio onde o instrumento se encontra.

Ferro doce

Instrumento
sensível

Figura 8.17 – Efeito de uma blindagem magnética em função da distribuição de fluxo (BOYLESTAD, 2007)
150 Circuitos Elétricos em CC

8.2.2.1 – Permeabilidade magnética relativa, r

A permeabilidade relativa, r, é utilizada para diferentes materiais, como critério de


comparação com a permeabilidade do ar ou do vácuo, dada por (8.1). Na prática, os materiais
não magnéticos, como por exemplo, o Cobre, o Alumínio, a madeira, o vidro e o ar apresentam a
sua permeabilidade praticamente igual à do vácuo. A razão entre a permeabilidade magnética de
um material e a permeabilidade do vácuo é denominada de permeabilidade relativa, dada por
(8.2).

μ o = 4π  10 −7
Wb (8.1)
A.m

μ
μr = (8.2)
μo

8.2.2.2 – Tipos de materiais magnéticos

A Tabela 8.1 define e mostra resumidamente as características de determinados materiais


magnéticos, classificados em Ferromagnéticos, Diamagnéticos e Paramagnéticos.
Existem outros tipos de materiais ferromagnéticos, os óxidos ferrimagnéticos ou ferrites, que são
materiais cerâmicos compostos principalmente por óxido de ferro combinados com outros elementos
metálicos. Os ferrites são divididos em duas categorias baseadas na sua coercividade:
(1) Ferrites macios: possuem coercividade baixa, o que gera poucas perdas ao magnetizar e
desmagnetizar o material, tornando-o vantajoso para diferentes aplicações da eletrônica de
potência.
(2) Ferrites duros: possuem uma coercividade alta, e por isso são mais difíceis de desmagnetizar. São
comumente utilizados como imãs em sistemas de refrigeração ou em alto-falantes.

Tabela 8.1 – Tabela com descrição dos tipos de materiais magnéticos.


Tipo de material Descrição e características
- Apresentam uma magnetização espontânea e totalmente independente de campos
magnéticos externos.
- a sua permeabilidade () é muito maior a do vácuo.
FERROMAGNÉTICOS - a concentração das linhas de campo que os interceptam é forte.
- Exemplos:
Cobalto (r = 60); Níquel (r = 50); Ferro fundido (r = 60); Aço (r = 500 a 5000) e ligas
como o Alnico e o Permalloy.
- Possuem a permeabilidade menor que a do vácuo, ou seja, a sua permeabilidade
relativa é menor que 1.
DIAMAGNÉTICOS
- Estes materiais afastam ligeiramente as linhas de fluxo que os interceptam.
- Exemplos: vidro, água, bismuto, antimônio, cobre, zinco, mercúrio, ouro e prata.
- Este materiais concentram ligeiramente as linhas de fluxo que os interceptam.
PARAMAGNÉTICOS - Apresentam a permeabilidade ligeiramente maior que a do vácuo.
- Exemplos: oxigênio, sódio, sais de ferro e de níquel.

* Nota – a coercitividade é a capacidade que um material magnético apresenta de manter


seus ímãs elementares fixos numa determinada posição, a qual só pode ser modificada colocando o
material magnetizado num campo magnético externo. Um material com alta coercitividade apresenta os
seus ímãs elementares com grande resistência à mudança de posição, exigindo um campo magnético
externo mais forte para a sua desmagnetização.
CEFET-MG - Ensino Técnico 151

Exemplo 8.4

Indutores de NÚCLEO TOROIDAL: neste tipo de núcleo, as linhas fechadas de fluxo estão
todas confinadas no próprio núcleo, que têm a forma de uma “rosquinha”, como mostra a Figura
8.18. Cada espira de fio é enrolada através do centro do núcleo. O núcleo toroidal é geralmente
feito de ferrite ou de pó de ferro. Um indutor toroidal pode ter um valor elevado de indutância
para seu tamanho físico.

Figura 8.18 – Indutor de núcleo toroidal. Fonte: http://www.magmattec.com.br

8.2.3 – Ímãs naturais e artificiais

Um ímã é um objeto capaz de provocar um campo magnético ao seu redor e pode ser
natural ou artificial. O ímã natural (Figura 8.19) é obtido de minerais com substâncias
magnéticas – um exemplo conhecido é a Magnetita, obtida a partir do minério de ferro (óxido de
ferro).
O ímã artificial é construído com um material sem propriedades magnéticas, mas que pode
a característica permanente ou instantânea de um ímã natural. Este processo é denominado
imantação. A capacidade magnética dos ímãs artificiais pode ultrapassar a dos ímãs naturais.

Figura 8.19 – Aspecto de um ímã natural, que atrai os clipes de metal devido à força magnética.
Fonte: https://media1.britannica.com/eb-media/41/190641-004-E1B4A003.jpg

Exemplos de ímãs artificiais:


1) Alnico – funcionam a altas temperaturas (em torno de até 500 oC) e são resistentes à
corrosão;
2) Ferrite – criado na década de 50, são utilizados em alto-falantes, fontes chaveadas
(operam em alta frequência);
3) Samário-Cobalto – caros e frágeis, são utilizados especialmente em micromotores e
152 Circuitos Elétricos em CC

4) Neodímio – Ferro – Boro (Figura 8.20): são mais recentes, da década de 80 e possuem
as melhores propriedades magnéticas.

Figura 8.20 – Tipos de ímãs de Neodímio.


Fonte: https://neomagnetismo.com.br/wp-content/uploads/2014/04/p_imas-magneticos-2.jpg

Um ímã artificial pode ser classificado em:


1. Permanente – feito de material que mantêm as propriedades magnéticas mesmo na
ausência do processo de imantação.
2. Temporário – possui propriedades magnéticas somente sob a ação de um campo
magnético.
3. Eletroímã – dispositivo composto por um condutor pelo qual circula corrente elétrica e
um núcleo, normalmente de ferro.
Os ímãs permanentes de Neodímio apresentam um enorme fluxo magnético e alta
qualidade. São feitos principalmente de uma liga de Neodímio-Ferro-Boro (NdFeB), sendo
usados em: alto-falantes e drivers automotivos, fones de ouvido e microfones, servo motores,
motores assíncronos, motores de passo, sensores, disco rígido de computadores (HD’s),
tacógrafos, velocímetros, captadores de guitarras, indústria gráfica em fechos de envelopes,
caixas etc., brindes promocionais e brinquedos, fechos de bolsas e carteiras, ímãs para artesanato
em geral, aplicações didáticas, equipamentos magnéticos para separação ferrosa nas indústrias
alimentícias, farmacêuticas, etc.

8.2.4 – Propriedades dos ímãs

1) Constituição de dipolos magnéticos

Os ímãs contêm regiões onde se intensificam as ações magnéticas (atração e repulsão).


Todo ímã é composto por dois polos magnéticos, denominados norte e sul, localizados em sua
extremidades, exceto para ímãs em forma de discos. A esta configuração de dois polos dá-se o
nome de "dipolo magnético", que determina quão forte é o ímã. A orientação espacial do dipolo
pode ser representada por uma flecha que aponta, por convenção, do polo sul para o polo norte.
Um dipolo é a menor porção de um imã que apresenta propriedades magnéticas,
usualmente representado por uma seta, onde a ponta é o polo norte e o pé o polo sul – ver a
CEFET-MG - Ensino Técnico 153

Figura 8.21a. Nesta figura os dipolos são dispostos de forma orientada. Na Figura 8.21b não há
magnetização do material, e isto é comprovado pela disposição dos dipolos – não estão
alinhados. Em resumo: todo imã é formado por dipolos magnéticos elementares, o lado para
onde eles apontam é o polo norte.

S N S N

(a) (b)
Figura 8.21 – (a) Material magnetizado. (b) Material não magnetizado.

2) Indivisibilidade

Ao se dividir um ímã em duas partes, nenhuma das duas resultantes perde o magnetismo ou se
torna um polo isolado (monopolo). Cada uma dessas partes é um novo ímã permanente e apresenta em
suas extremidades os polos norte e sul, como visto na Figura 8.22. Se a divisão for realizada
continuamente, cada um dos minúsculos pedaços será ainda um ímã, com as mesmas características do
original - sempre resultará um dipolo (dois polos magnéticos). O dipolo é, portanto, a unidade
fundamental do magnetismo (FERREIRA, 2008).

Figura 8.22 – Indivisibilidade dos ímãs.


Fonte: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/15755/imagens/fig3.gif

3) Atração e repulsão

As primeiras observações sobre os ímãs mostraram a sua capacidade de interagir entre si e também
de atrair pequenos pedaços de ferro (limalhas, ver a Figura 8.23). Foi comprovado também que ao
posicionar limalhas de ferro próximas ao ímã, elas se aglomeravam em sua extremidade. Estas
extremidades onde as limalhas se aglomeravam passaram a ser chamadas de polos do ímã, sendo
convencionados então os polos norte e sul.

Figura 8.23 – Limalhas de ferro posicionadas em torno dos polos de um ímã.


Fonte: http://demonstracoes.fisica.ufmg.br/demo/152/5H10.30-Imas-e-limalhas-de-ferro
154 Circuitos Elétricos em CC

Sejam dois ímãs suspensos pelos centros de gravidade, como mostra a Figura 8.22. Aproximando
as suas regiões polares de todas as maneiras possíveis, verifica-se o seguinte princípio, demonstrado
experimentalmente: “duas regiões polares de mesmo nome se repelem (ver as forças de repulsão, ⃗⃗⃗
𝐹𝑟 ), e de
⃗⃗⃗
nomes contrários se atraem (ver as forças de atração, 𝐹𝑎 ).”

N S Eixo de
suspensão

Fa Fa

S S
Fr Fr
S N

N N
Figura 8.24 – Forças de atração e repulsão entre ímãs.
Fonte: http://efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/imas/atracao_repulsao/

EF – Exercícios de Fixação – Série 14


Fonte: https://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-fisica/exercicios-sobre-propriedades-dos-imas.htm#questao-4513

14.1 – (Unesp) Um ímã em forma de barra, com seus polos Norte e Sul, é colocado sob uma superfície
coberta com partículas de limalha de ferro, fazendo com que elas se alinhem segundo seu campo
magnético – Ver a Figura 8.25. Se quatro pequenas bússolas, 1, 2, 3 e 4, forem colocadas em repouso nas
posições indicadas nesta figura, no mesmo plano que contém a limalha, suas agulhas magnéticas
orientam-se segundo as linhas do campo magnético criado pelo ímã. Desconsidere o campo magnético
terrestre e considere que a agulha magnética de cada bússola seja representada por uma seta que se orienta
na mesma direção e no mesmo sentido do vetor campo magnético associado ao ponto em que ela foi
colocada. Assinale a alternativa que indica, correta e respectivamente, as configurações das agulhas das
bússolas 1, 2, 3 e 4 na situação descrita.

a. ( )

b. ( )
Sul Norte
c. ( )

d. ( )

e. ( )
Figura 8.25.

14.2 – (IFSP) Um professor de Física mostra aos seus alunos 3 barras de metal AB, CD e EF que podem
ou não estar magnetizadas. Com elas, faz três experiências que consistem em aproximá-las e observar o
efeito de atração e/ou repulsão, registrando-o na Tabela 8.2.

Tabela 8.2.
A B C D Ocorre atração

A B D C Ocorre atração

C D E F Ocorre repulsão
CEFET-MG - Ensino Técnico 155

Após o experimento e admitindo que cada letra pode corresponder a um único polo
magnético, seus alunos concluíram que:

a. ( ) somente a barra CD é ímã.


b. ( ) somente as barras CD e EF são ímãs.
c. ( ) somente as barras AB e EF são ímãs.
d. ( ) somente as barras AB e CD são ímãs.
e. ( ) AB, CD e EF são ímãs.

14.3 – As afirmações a seguir dizem respeito sobre as propriedades dos ímãs.

I – As linhas de campo magnético dentro de um ímã de barra dirigem-se de sul para norte.
II – Não existe monopolo magnético.
III – Os materiais diamagnéticos são fracamente atraídos por ímãs.
IV – Ferro, cobalto e alumínio são exemplos de materiais ferromagnéticos, que são fortemente
atraídos por ímãs.

É verdadeiro o que se afirma em:

a. ( ) I e II. b. ( ) II e III. c. ( ) III e IV. d. ( ) I e IV. e. ( ) I e III.

8.3 – O campo magnético e linhas de força

O campo magnético no espaço em torno de um ímã pode ser representado por linhas de
campo análogas às linhas de campo associadas à um campo elétrico. No entanto, as linhas de
campo magnético não começam e terminam em cargas elétricas, mas formam curvas fechadas
(BOYLESTAD, 2007) – ver a barra magnetizada da Figura 8.26. Nesta barra verifica-se que as
linhas de campo magnético se dirigem do polo norte para o polo sul no exterior da barra. No
interior, elas se dirigem do polo sul para o polo norte. Portanto, cada linha faz um percurso
fechado. No interior da barra as linhas de campo são igualmente espaçadas e, no exterior,
distribuídas de forma simétrica.

Mesma área Linhas de


fluxo


Figura 8.26 – Linhas de campo magnético para um ímã permanente (BOYLESTAD, 2007).

Sem o uso de limalhas de ferro como visto na Figura 8.7, o campo magnético é representado por
linhas de força – ver as Figura 8.27a e 8.27b. O sentido que se vê para as linhas de campo magnético
externas ao ímã nestas figuras mostra o trajeto das linhas de campo para um sistema de dois ímãs, onde os
polos adjacentes são opostos ou iguais (GUSSOW, 2004), (BOYLESTAD, 2007).
156 Circuitos Elétricos em CC

(a)

(b)

Figura 8.27 – Linhas de campo magnético para um sistema de dois ímãs com: (a) polos
opostos adjacentes e (b) polos iguais adjacentes (BOYLESTAD, 2007).

8.4 – Fluxo magnético () e indução magnética, B

O fluxo magnético, identificado pela letra grega  (fi) é medido em webers no SI de


unidades (homenagem ao cientista alemão Wilhelm Eduard Weber). Ele é entendido como o
conjunto de todas as linhas do campo magnético que emergem do polo norte de um ímã
(GUSSOW, 2004).
Se relacionarmos o número de linhas de campo magnético por unidade de área (A), obtém-
se a densidade de fluxo magnético em (8.3), identificada pela letra B e medida em teslas (T), em
homenagem ao cientista croata Nikola Tesla. Esta unidade pode ser escrita como Wb/m2 e é
ilustrada pela Figura 8.28.


T ou 
Wb 
B=
 m 
2 (8.3)
A

Fluxo 
A

Figura 8.28 – Definição da densidade de fluxo magnético.


CEFET-MG - Ensino Técnico 157

8.5 – Relutância, 

A relutância magnética representa a oposição de um meio ao estabelecimento e


concentração das linhas de um campo magnético. Ela á análoga à resistência elétrica, para os
circuitos elétricos, dada por (8.4), que leva em conta a resistividade () do meio condutor (2ª lei
de Ohm).

l
R = , ohms (8.4)
A

A relutância de um material magnético é dada por (8.5). Não foi definida uma unidade
oficial para a relutância magnética no SI. As unidades mais utilizadas são, em geral, o rel e o
A/Wb (BOYLESTAD, 2007).

l  A 
=  Wb  (8.5)
A

Em (8.5),  é a relutância, l é o comprimento do caminho magnético,  é a permeabilidade


magnética do meio e A é a área da seção reta em m2. Para materiais magnéticos com alta
permeabilidade como os ferromagnéticos, p. ex., verificam-se baixas relutâncias e elevados
valores de fluxo magnético.

Exemplo 8.5 – Na Figura 8.29 pode-se perceber que o Ferro, de alta permeabilidade,
representa um caminho magnético de menor relutância para as linhas de campo, concentrando-
as. Já o vidro, de baixa permeabilidade, não proporciona grande concentração das linhas de
campo, o que representa um caminho magnético de alta relutância.

Ferro

Vidro

Figura 8.29 – Permeabilidade: comparação entre o Ferro e o vidro.

8.6 – Lei de Ohm para circuitos magnéticos

A lei Ohm e a definição de resistência para circuitos elétricos tomam como base a relação
(8.6). Para os circuitos magnéticos, o fluxo magnético () é o efeito desejado.

causa
Efeito = (8.6)
oposição
158 Circuitos Elétricos em CC

O que provoca o fluxo  nos circuitos magnéticos é a força magnetomotriz F (ou fmm) a
qual representa a influência necessária para o estabelecimento de um fluxo magnético no interior
do material (núcleo). Tendo definidos o fluxo magnético e a fmm, a relutância  é a propriedade
que caracteriza a oposição à criação do fluxo magnético, dada por (8.7).

fmm
= (8.7)

O valor da fmm varia diretamente com o número de espiras (N) em torno de um núcleo,
como visualizado na Figura 8.30, onde se deseja o fluxo magnético. Varia diretamente também
com a corrente elétrica no enrolamento (ou bobina), como apresentado em (8.8).

F = NI (8.8)

espiras

Figura 8.30 – Fatores determinantes para a fmm (BOYLESTAD, 2007).

8.7 – Força ou magnetizante campo magnético, H

A força magnetizante (H) é definida como a força magnetomotriz por unidade de


comprimento, como visto em (8.9) e (8.10).

F
H= (Ae/m) (8.9)
l

NI
H= (Ae/m) (8.10)
l

Exemplo 8.6 − O circuito magnético da Figura 8.31 tem o seu núcleo na forma de um
toróide. Os núcleos com formatos toroidais constituem uma boa possibilidade de escolha para o
projetista de indutores e transformadores.
Para este circuito, tem-se os parâmetros:
NI = 40 Ae (ampères-espiras) e
l = 0,2 m (comprimento médio).

A força magnetizante (H) é calculada por

NI 40 Ae
H= = = 200 Ae/m
l 0,2 m
CEFET-MG - Ensino Técnico 159

N espiras

Comprimento médio
l = 0,2 m
Figura 8.31 – Exemplo de força magnetizante de um circuito magnético (BOYLESTAD, 2007).

• Curva  × H

A Figura 8.32 apresenta a variação da permeabilidade () de diferentes materiais


magnéticos em função da força magnetizante H (Aço laminado, Aço fundido e Ferro fundido.
Percebe-se que quando H aumenta, a permeabilidade varia, passando por um valor máximo e
depois diminui para valores mínimos.
A densidade de fluxo B e a força magnetizante H estão relacionadas em um meio
magnético através de (8.11). Esta equação indica também que, para uma força magnetizante
particular, quanto maior a permeabilidade, maior será a densidade de fluxo induzida
(BOYLESTAD, 2007).

B = H (T) (8.11)

 (Permeabilidade) 10-3

Aço
laminado

Aço fundido

Ferro fundido

H (Ae/m)
Figura 8.32 – Variação da permeabilidade magnética com a força magnetizante H (BOYLESTAD, 2007).
160 Circuitos Elétricos em CC

8.8 – Curvas de Histerese

A histerese é a tendência de um sistema de conservar suas propriedades na ausência de um estímulo


que as gerou, ou ainda, é a capacidade de preservar uma deformação efetuada por um estímulo. A palavra
histerese se origina de um termo grego que significa retardo ou atraso.

Histerese magnética

A histerese magnética corresponde à desmagnetização de um material imantado, após ser


submetido a um campo magnético variável. Os materiais ferromagnéticos, como comentado na Tabela
8.1, são facilmente imantados. Se forem expostos a um campo magnético, tornam-se ímãs, como o
toróide da Figura 8.31. Nesta figura, a corrente elétrica no solenoide provoca um campo magnético, o
qual imanta o núcleo ferromagnético.

Direção e sentido do campo magnético

Através da Figura 8.33 se determinam a direção e o sentido do campo magnético que gera o fluxo
. Para isto basta fechar os dedos da mão direita em torno do enrolamento, no sentido da corrente que
entra no mesmo. A direção do campo magnético será determinada pelo dedo polegar, indicada pela seta
na figura, no sentido horário.

N espiras
Aço
Figura 8.33 – Circuito magnético em série empregado para se construir a curva de histerese (BOYLESTAD, 2007).

Através deste circuito magnético pode ser construída a curva de histerese do material
ferromagnético, um gráfico da densidade de fluxo B em função da força magnetizante H. Os fabricantes
de materiais ferromagnéticos utilizam curvas B × H em seus manuais para fins de especificação.
A curva de histerese tem o seu aspecto apresentado na Figura 8.34 e mostra o efeito de um campo
aplicado H e da indução magnética B em um material ferromagnético, durante os ciclos de magnetização
e desmagnetização.

B (T)
+ Bmax

H (Ae/m)

- Bmax

Figura 8.34 – Aspecto da curva de histerese, B × H.


CEFET-MG - Ensino Técnico 161

Construção da curva B × H

Verifica-se a histerese magnética na atuação dos campos magnéticos provocados no solenoide da


Figura 8.32 e no seu núcleo ferromagnético de acordo com a intensidade da corrente elétrica que flui pelo
enrolamento de fios. A seguir são apresentados os passos para a construção da curva B × H (Figura 8.35).

Figura 8.35 – Curva de histerese: indução magnética (B)  força magnetizante (H) (BOYLESTAD, 2007).

Os pontos desta curva mostram a relação entre a densidade de campo magnético, B (em T ou
Wb/m2) e o campo magnético ou força magnetizante, H (em Ae/m), quando uma tensão alternada é
aplicada ao enrolamento que magnetiza o núcleo. B é proporcional ao fluxo magnético [Wb] e H é
proporcional à corrente que circula pelo enrolamento.
Em uma primeira análise sobre a curva da Figura 8.35 observa-se que o caminho seguido quando o
fluxo (ou B) cresce não é o mesmo seguido quando o fluxo diminui. Este comportamento é denominado
histerese.
Com o núcleo inicialmente desmagnetizado, tem-se, obviamente a corrente I = 0. Se a corrente I é
aumentada para algum valor acima de zero, a força de magnetização H aumentará para um valor
determinado por (8.12).

NI 
H = (8.12)
l

• Intervalos da curva B × H (BOYLESTAD, 2007):

Trecho 0 → a: com o aumento da corrente I, o fluxo  e a densidade de fluxo B (B = /A) aumentam, e


também a força magnetizante (H). Se o material não tiver magnetismo residual, e força de magnetização
H é aumentada de zero para um valor Ha.
Trecho a → b: se a força magnetizante H for aumentada até a saturação (HS), a curva continuará como
mostrado na figura, do ponto a ao ponto b. Quando a saturação ocorre a densidade de fluxo atingiu, para
todos os efeitos práticos, o seu valor máximo, Bmax. Qualquer aumento adicional na corrente através da
bobina aumentando H resultará em um aumento muito pequeno na densidade de fluxo B.
Trecho b → c: neste trecho a força de magnetização H é reduzida a zero. A curva B × H seguirá o
caminho da curva entre os pontos b e c. A densidade de fluxo BR, no ponto c, que permanece quando a
força de magnetização é zero, é chamada de densidade de fluxo residual ou remanescente. Esta densidade
torna possível criar ímãs permanentes. Se a bobina for removida do núcleo da Figura 8.33, o núcleo ainda
162 Circuitos Elétricos em CC

terá as propriedades magnéticas determinadas pela densidade do fluxo residual, uma medida de sua
"retentividade".

Trecho c → d: se a corrente I for invertida, desenvolvendo uma força magnetizante H, a densidade de


fluxo B diminuirá com um aumento em I. Eventualmente, o densidade de fluxo será nula no ponto d, onde
H = − Hd. O valor da força de magnetização necessária para reduzir o nível de B a zero é chamado de
força coercitiva, a qual ocorre também no ponto g do gráfico B × H.

Trecho d → e: a força H é aumentada até que a saturação ocorra novamente – a densidade de fluxo atinge
o seu valor máximo negativo, − Bmax.

Trechos e → f e f → b: a força magnetizante H é revertida, trazida de volta para zero (ponto f) e depois
de f até o ponto b. A curva B × H inteira representada por bcdefb é chamada de curva de histerese para o
material ferromagnético. A densidade de fluxo B ficou atrasada da força de magnetização H durante toda
a plotagem da curva. Quando H era nulo em c, B não era zero, mas apenas começou a declinar. Muito
depois de H ter passado por zero e se tornou igual a − Hd é que fez a densidade de fluxo B tornou-se igual
a zero.

Materiais magnéticos macios e duros

A área do ciclo de histerese fornece uma informação muito importante sobre os materiais
magnéticos: ela indica se o material apresenta facilidade ou se opõe dificuldade a ser magnetizado. Para
um ciclo de histerese com uma área ampla, tanto a retentividade como a coercitividade são grandes, ou
seja, é necessário um campo reverso maior para que a densidade de fluxo remanente no material se anule.
Quando um material magnético apresenta um ciclo de histerese mais estreito, isto significa que o
mesmo oferece uma oposição menor à sua magnetização. Os materiais ferromagnéticos, sob o ponto de
vista de magnetização, são classificados conforme a Figura 8.36 e descritos como:
(1) Macios (soft) - apresentam um ciclo de histerese estreito (fácil magnetização);
(2) Duros (hard) - apresentam ciclos de histerese largos (difícil magnetização).

B (T) B (T)

Small Large
coercive coercive
force force

H (Ae/m) H (Ae/m)

“Soft” ferromagnetic “Hard” ferromagnetic


material material
Figura 8.36 – Materiais magnéticos macios (soft) e duros (hard).
Fonte: https://idealmagnetsolutions.com/knowledge-base/understanding-coercivity/

EF – Exercícios de Fixação – Série 15


15.1 – Faça uma pesquisa sobre os materiais magnéticos empregados no núcleo de transformadores de
alta frequência, utilizados em fontes chaveadas. Eles são classificados como macios ou duros?
CEFET-MG - Ensino Técnico 163

15.2 – Para a curva B × H apresentada na Figura 8.37, conceituar os pontos relativos à remanescência e
coercividade.

B (T)
Remanescência: Saturação

Coercividade:
H (Ae/m)

Saturação

Figura 8.37 – Curva B × H – exercício de fixação 15.1.

15.3 – Os dados da Tabela 8.3 foram obtidos para uma liga metálica durante a geração de um ciclo de
histerese ferromagnético em estado estacionário.
a) Desenhar o gráfico de dados, utilizando um software apropriado, como por exemplo, o Excel.
b) Qual é a indução remanescente (remanência)?
c) Qual é o campo coercitivo (coercitividade)?

Tabela 8.3.
H (Ae/m) B (Wb/m2)
50,00 0,95
25,00 0,94
0,00 0,92
-10,00 0,90
-15,00 0,75
-20,00 -0,55
-25,00 -0,87
-50,00 -0,95
50,00 0,95

Curva normal de magnetização

Seja um material magnético como o da Figura 8.38, de Ferrite, utilizado em transformadores de alta
frequência, na configuração EE. Este tipo de núcleo apresenta diferentes valores de B, em função do
campo magnético H.

(a) (b)
Figura 8.38 – (a) Núcleo de Ferrite, do tipo EE, utilizado em transformadores de alta frequência, em (b).
Fontes: (a) http://www.directindustry.com/pt/prod/nanjing-hengchuang-magnetic-electronics/product-63446-467422.html
(b) http://www.zbr.co.jp/english/products/transformer/high_frequency_transformer.html
164 Circuitos Elétricos em CC

A curva B × H da Figura 8.39 mostra valores crescentes de H, apresentados de H1 a HS (saturação).


A variação completa de H é representada, nesta figura, por diferentes laços de histerese. Se unirmos as
extremidades dos laços de histerese desta curva obtém-se uma linha resultante, que sai do ponto 0 até o
ponto máximo, HS.
Esta curva em linha cheia é denominada de curva normal de magnetização, utilizada para se
comparar os valores de B e H para diferentes materiais magnéticos.

Saturação

Figura 8.39 – Definindo a curva normal de magnetização (BOYLESTAD, 2007).

Exemplo 8.7 – A curva de magnetização B × H da Figura 8.40 apresenta o comportamento magnético de


três materiais: Aço laminado, Aço fundido e Ferro fundido. Para os mesmos valores de H, o material que
apresenta maior valor de B é aquele que possui o maior valor de permeabilidade magnética, . Para
baixos valores de força magnetizante tem-se a ampliação mostrada na Figura 8.41, na faixa de 0 a 700
Ae/m.

B (T)

Aço
laminado

Aço
fundido

Ferro
fundido

H (Ae/m)
Figura 8.40 – Curvas de magnetização normal de três materiais ferromagnéticos (BOYLESTAD, 2007).
CEFET-MG - Ensino Técnico 165

Figura 8.41 – Ampliação da Figura 8.40 para baixos valores de força magnetizante (BOYLESTAD, 2007).

8.9 – Circuitos magnéticos

Uma definição inicial para circuitos magnéticos é a de que os mesmos são formados por
um ou mais circuitos fechados, contendo um fluxo magnético. Estes circuitos direcionam o fluxo
magnético para onde for necessário.
166 Circuitos Elétricos em CC

Na Figura 8.42, por exemplo, é apresentado o caminho do fluxo magnético () em um


transformador de núcleo de chapas de aço laminadas. Através do fluxo magnético
o transformador altera o nível de tensão do circuito ligado ao enrolamento primário para o
circuito ligado ao enrolamento secundário. Como veremos a partir deste item, os circuitos
magnéticos apresentam uma grande semelhança com os circuitos elétricos. Esta analogia é
apresentada na Tabela 8.4.

Figura 8.42 – Fluxo magnético em um transformador (BOYLESTAD, 2007).

Tabela 8.4 – Analogia entre circuitos elétricos e magnéticos.


Circuito
Fenômeno Circuitos elétricos Equação Circuitos magnéticos Equação
físico
V (V) F ou  (Ae) F = NI ou
Causa V = RI
Tensão elétrica Força magnetomotriz F = 
I (A)  (Wb)
Efeito I = V/R  = F/
Corrente elétrica Fluxo magnético

R ()  (A/Wb)
Oposição R = V/I  = F/
Resistência elétrica Relutância

Com estas equações é possível a solução de problemas com circuitos magnéticos em duas
classes (BOYLESTAD, 2007):
(1) uma, aplicada ao projeto de motores elétricos, geradores e transformadores, onde, com
o conhecimento do fluxo magnético , pede-se a fmm NI;
(2) outra, quando NI é conhecido e se deseja obter o fluxo magnético .
Outra analogia importante, ausente na Tabela 8.4, ocorre entre a condutividade elétrica ,
em Siemens (S) e a permeabilidade magnética , em (Wb/A.m).

8.9.1 – Lei de Ampère para circuitos magnéticos

A primeira representação da analogia entre circuitos elétricos e magnéticos é com relação à


Lei de Kirchhoff das tensões, dada por  V = 0. Pode-se escrever, de acordo com (8.13):

F = 0 (para circuitos magnéticos) (8.13)

isto é, a soma algébrica das variações de fmm (força magnetomotriz) ao longo de um circuito
magnético fechado é igual a zero.
CEFET-MG - Ensino Técnico 167

A equação (8.13) constitui a Lei de Ampère para circuitos magnéticos. A Fmm pode ser
expressa de outra forma, por (8.14), quando aplicada a circuitos magnéticos.

F = NI (8.14)

Da Lei de Ohm, para circuitos elétricos, V = RI. Por analogia, como visto na primeira linha
da Tabela 8.4, tem-se (8.15) para os circuitos magnéticos, onde  é a relutância de uma seção
reta dos mesmos e  é o fluxo magnético através de uma dada seção.

F =  (8.15)

F = Hl (8.16)

A equação (8.16) é mais viável em termos práticos para o cálculo da Fmm, sendo H a força
magnetizante em uma dada parte do circuito magnético e l o comprimento desta seção. Para o
circuito magnético da Figura 8.43, constituído por três materiais magnéticos diferentes, tem-se,
de acordo com a Lei de Ampère:

Ferro Aço

N espiras

Cobalto

Figura 8.43 – Materiais ferromagnéticos formando um circuito magnético em série (BOYLESTAD, 2007).

Os termos presentes nestas equações são conhecidos, exceto as forças magnetizantes para
as seções ab, bc e ac deste circuito. Estas fmm são obtidas via gráfico B × H, com base na
densidade de fluxo B.

8.9.2 – Distribuição do fluxo magnético

Aplicando as analogias entre circuitos elétricos e magnéticos com relação à Lei de


Kirchhoff das Correntes (LKC), conclui-se que a soma dos fluxos magnéticos que dão entrada
em uma junção é igual à soma dos fluxos que saem da mesma junção.
168 Circuitos Elétricos em CC

Figura 8.44 – Circuito magnético série-paralelo: distribuição do fluxo (BOYLESTAD, 2007).

Para o caso do circuito magnético da Figura 8.44, teremos as duas relações abaixo,
equivalentes:

(1) Para a junção a:


a = b + c
(2) Para a junção b:
b + c = a

8.9.3 – Circuitos magnéticos em série

Nesta seção será realizado o estudo de circuitos magnéticos em série, onde o fluxo
magnético é o mesmo. Conhecendo-se o seu valor, determina-se, por exemplo, o valor da fmm,
através do produto NI, ou a corrente elétrica que provoca este mesmo fluxo .

Exemplo 8.8 (BOYLESTAD, 2007)

No circuito magnético da Figura 8.45 o fluxo magnético é  = 4 × 10-4 Wb. Calcular a


corrente I e os valores de permeabilidade  e r.

Figura 8.45 – Circuito magnético em um núcleo do tipo toróide.

Solução:

O circuito magnético da Figura 8.45 é representado na Figura 8.46a. O seu circuito elétrico
análogo é visto na Figura 8.46b. A densidade de fluxo magnético B pode ser calculada por:

B = /A = 4 × 10-4 Wb / 2 × 10-3 m2 = 2 × 10-1 T = 0,2 T.


CEFET-MG - Ensino Técnico 169

(a) (b)
Figura 8.46 – (a) Circuito magnético análogo ao circuito elétrico (b) - exemplo 8.8 (BOYLESTAD, 2007).

O núcleo deste circuito magnético é de Aço fundido. Consultando a curva B × H deste


material (Figura 8.40), encontra-se, para B = 0,2 T o valor aproximado da força magnetizante H:
170 NA/m.

Pela Lei de Ampère:

F = NI = Hl

Hl (170 Ae / m  0,16 m)
I= = = 0,068 A = 68 mA
N 400

Para encontrar a permeabilidade do material magnético do núcleo aplica-se (8.11):

B
=
H

0,2 T
= = 1,18 10−3 Wb / A.m
170 Ae / m

A permeabilidade relativa é dada por

 1,18 10−3
r = = = 935,83.
o 4 10−7

Exemplo 8.9 (BOYLESTAD, 2007) − Na Figura 8.47 está representado um eletroímã,


construído com um núcleo de aço laminado, utilizado para atrair barras de ferro fundido. Qual é
a corrente I necessária para estabelecer um fluxo magnético de 3,5 × 10-4 Wb no seu núcleo?

Solução:

Este circuito possui a mesma área de seção transversal. É necessário então determinar o
comprimento médio dos trechos de Aço laminado e Ferro fundido para calcular os respectivos
produtos Hl. O primeiro passo é a conversão das dimensões do circuito magnético para o sistema
métrico.
170 Circuitos Elétricos em CC

Nota: 1 polegada (1 pol), igual a 1 inch (1 in), constitui uma unidade de comprimento do
sistema imperial de medidas. Uma polegada é igual a 2,54 centímetros ou 25,4 milímetros.

Figura 8.47 – Eletroímã, exemplo 8.9 (BOYLESTAD, 2007).

Percursos do núcleo, efab e bcde: lefab = 4 in + 4 in + 4 in = 12 in = 304,8 × 10-3 m e lbcde =


0,5 in + 4 in + 0,5 in = 5 in = 127 × 10-3 m.

Área em m2: (1 pol)2 = 6,452 × 10-4 m2.


- Campo magnético no circuito:

 3,5 10−4 Wb
B= = = 0,542 T
A 6,452 10−4 m2

- Forças magnetizantes:

HAço laminado (Figura 8.41)  70 Ae/m e HFerro fundido (Figura 8.40)  1600 Ae/m.

Para a mesma densidade de fluxo magnético, nota-se uma grande diferença entre os valores
de força magnetizante nos dois materiais utilizados no núcleo do eletroímã. De acordo com a Lei
de Ampère, o circuito elétrico análogo ao magnético poderia ser representado somente por uma
resistência elétrica R, podendo ser ignorada a relutância devida ao material de aço laminado. A
solução deste circuito magnético não seria afetada de forma significativa. As Figuras 8.48a e
8.48b mostram, respectivamente, o circuito magnético e o circuito elétrico análogo para o
eletroímã da Figura 8.47.

(a) (b)
Figura 8.48 – (a) Circuito magnético e (b) elétrico análogo para o circuito da Figura 8.47 (BOYLESTAD, 2007).
CEFET-MG - Ensino Técnico 171

Determinando-se o produto Hl de cada trecho da estrutura da Figura 8.47, obtém-se o seu


respectivo valor de FMM, inserido na última coluna da Tabela 8.5:

Hefab.lefab = 70 Ae/m × 304,8 × 10-3 m = 21,34 Ae.

Hefab.lefab = 1600 Ae/m × 127 × 10-3 m = 203,2 Ae.

Tabela 8.5 – Parâmetros do circuito magnético da Figura 8.46 (BOYLESTAD, 2007).

Com o modelo do circuito magnético da Figura 8.48, aplica-se a Lei de Ampère:

NI = Hefab.lefab + Hefab.lefab

NI = 21,34 Ae + 203,2 Ae = 224,54 Ae

50 I = 224,54 Ae

I = 4,49 A.

Assim, a corrente elétrica necessária para estabelecer um fluxo magnético de 3,5 × 10-4 Wb
no núcleo magnético da estrutura da Figura 8.47 é de 4,49 A.

8.9.4 – Circuitos magnéticos em série-paralelo

Do mesmo modo como foi feito para os circuitos magnéticos em série, se aplica a analogia
entre circuitos elétricos e magnéticos para a configuração série-paralelo.

Exemplo 8.10 (BOYLESTAD, 2007) − Encontrar a corrente elétrica necessária para


estabelecer um fluxo magnético 2 = 1,5 × 10-4 Wb, no trecho indicado no núcleo do circuito
magnético da Figura 8.49. Considerar a área A da seção transversal a mesma para todos os ramos
do núcleo magnético.

Figura 8.49 – Eletroímã, exemplo 8.10 (BOYLESTAD, 2007).


172 Circuitos Elétricos em CC

As Figuras 8.50a e 8.50b apresentam, respectivamente, o circuito magnético equivalente ao


da Figura 8.49 e o seu circuito elétrico análogo.

(a)

(b)

Figura 8.50 – (a) Circuito magnético para a Figura 8.49. (b) Circuito elétrico análogo (BOYLESTAD, 2007).

De acordo com estes circuitos, tem-se: B2 = 2/A = 1,5  10-4 Wb / 6  10-4m2 = 0,25 T.

Através da curva B × H da Figura 8.41, obtém-se o valor aproximado de H do trecho bcde:

Hbcde = 40 Ae/m

Aplicando a lei circuital de Ampère à malha 2, vista nas Figuras 8.50a e 8.50b, obtém-se:

Malha 2

Com este valor, através da curva B × H da Figura 8.41, obtém-se B1  0,97 T, e, portanto:

1 = B1.A
= 0,97 T × 6 × 10-4 m2 = 5,82 × 10-4 Wb.

Com os resultados dos trechos bcde e be foi montada a Tabela 8.6. Esta tabela mostra que
é preciso calcular ainda os parâmetros que faltam para o trecho efab (malha 1).
CEFET-MG - Ensino Técnico 173

Tabela 8.6 – Parâmetros do circuito magnético da Figura 8.49 (BOYLESTAD, 2007).

bcde
be
efab

Com este valor, a partir da curva B × H da Figura 8.41, obtém-se Hefab  400 Ae. Com a
aplicação da lei circuital de Ampère, resulta:

EF – Exercícios de Fixação – Série 16

16.1 − Seja o toróide da Figura 8.51, com 800 espiras.

A = 2  10-3 m2

N = 800 espiras Núcleo de aço


fundido
l = 0,16 m

Figura 8.51.

a) Desenhar o seu circuito magnético análogo a um circuito elétrico.


174 Circuitos Elétricos em CC

b) Calcular o valor da corrente I para gerar um fluxo magnético  = 5 x 10-4 Wb. Observação: consultar a
Figura 8.41 – curvas B x H.

b) Determinar  e r para este material (Cast-steel core = núcleo de aço fundido).

16.2 − Calcule o fluxo magnético  para o circuito mostrado na Figura 8.52 (BOYLESTAD, 2007).
Resp.:  = 78 Wb.

Figura 8.52.

16.3 - Determinar a corrente I2 no secundário do transformador da Figura 8.53, se o fluxo resultante no


sentido horário é 20 Wb. Dados: A = 0,15 mm2 (núcleo) e labcda = 0,16 m.

Figura 8.53.
CEFET-MG - Ensino Técnico 175

16.4 − Seja o circuito magnético da Figura 8.54, cujo comprimento médio, lm, é igual a 0,2 m
(BOYLESTAD, 2007).

Figura 8.54.

(a) Calcular o número N1 de espiras necessário para estabelecer um fluxo  = 12 × 10-4 Wb.
(b) Calcular também o valor da permeabilidade relativa do material do núcleo.

Resp.: (a) N1 = 90 espiras. (b) r  1059.

16.5 - Qual é o fluxo magnético no circuito da Figura 8.55, cujo núcleo é de ferro fundido? Qual seria o
novo valor de , se o núcleo fosse de aço laminado?

Figura 8.55.

16.6 - Determinar, para o núcleo da Figura 8.56, a corrente necessária para gerar 2 = 150 Wb.

Figura 8.56.
176 Circuitos Elétricos em CC

Capítulo
9 INDUTORES E INDUTÂNCIA
CIRCUITOS RL: CARGA E DESCARGA
Capítulo 9 – Indutores e indutância. Circuitos RL: carga e descarga.

9.1 – Indutância

A capacidade de um condutor induzir tensão em si mesmo quando a corrente elétrica sobre o


mesmo varia é a sua auto-indutância ou indutância. Um indutor ou bobina é um dispositivo construído
por um fio enrolado em torno de um núcleo, como mostra a Figura 9.1. Cada volta de fio é denominada
de espira e cada espira é isolada uma da outra, pois o fio é esmaltado.

Núcleo de
Ferro ou Ferrite N espiras

Figura 9.1 – Aspecto construtivo de um indutor ou bobina (BOYLESTAD, 2007).

O indutor é um elemento passivo que armazena energia na forma de campo magnético. É também
denominado de bobina ou reator. Ele pode ser utilizado em: (1) circuitos elétricos e eletrônicos como por
exemplo, como um filtro passa-baixa, rejeitando as altas frequências; (2) na construção de um
transformador de alta tensão (Figura 9.2a) e (3) na construção de um motor CA (enrolamento de estator,
Figura 9.2b).

(a)

(b)
Figura 9.2 – (a) Aspecto de um transformador de alta tensão. (b) Motor de corrente alternada (CA) – vista em corte.
Fontes: (a) https://www.mecanicaindustrial.com.br/funcionamento-do-motor-de-corrente-alternada/
(b) http://www.ataups.com.br/nobreaks/transformador-de-energia-alta-tensao.
CEFET-MG - Ensino Técnico 177

Exemplo 9.1 – O transformador é um equipamento utilizado para elevar ou reduzir a


amplitude de um sinal alternado aplicado nos terminais de entrada – veja a Figura 9.3a. A sua
ação é obtida a partir do projeto do seu núcleo e de suas bobinas, uma denominada de
primário (entrada) e outra de secundário (saída).

Fonte: www.weg.net
(a) (b)
Figura 9.3 – (a) Esquema de um transformador monofásico. (b) Transformador trifásico (rede de energia elétrica).

As bobinas do transformador são enroladas em torno de um núcleo comum. Em baixa


frequência o núcleo é feito de material magnético como o aço laminado e em alta frequência é
feito de materiais não magnéticos, como o ferrite. A Figura 9.3b mostra o aspecto de um
transformador de potência, utilizado nas redes de distribuição de energia elétrica.

Indutância de uma bobina

A partir de (9.1) – Lei de indução de Faraday –, se encontra a tensão induzida (vL) em um


indutor (L).

di
vL = L (9.1)
dt

Onde:
vL = tensão induzida através da bobina, em volts (V);
L = indutância da bobina, em Henry (H);
i/t = taxa de variação de corrente, em A/s;
di/dt = derivada da corrente no indutor, quanto i e t tendem para zero.

i/ t = 1 A/s

Fonte CA
v(t) ~ vL = 1 V L =1H

Figura 9.4 – A indutância de uma bobina é de 1 H quando uma variação de 1 A/s induz 1 V na bobina.
178 Circuitos Elétricos em CC

A bobina da Figura 9.4 possui uma indutância (L) de um henry (H), quando uma indução
de um volt (V) faz a corrente elétrica variar na razão de um ampère por segundo (A/s), como
visto em (9.2).

vL
L= (9.2)
i / t

Exemplo 9.2 – A tensão vL induzida na bobina da Figura 9.4 é melhor visualizada pela Figura
9.5. Quando a corrente em um condutor ou em uma bobina varia, esse fluxo variável pode
interceptar qualquer outro condutor ou bobina localizado nas vizinhanças, induzindo assim
tensões em ambos. Uma corrente variável em L1 induz, portanto, tensão através de L1 e de L2.

Fluxo
i/t
magnético

L1 L2 vL2

Figura 9.5 – Indutância mútua entre L1 e L2.

Quando a tensão induzida vL2 produz corrente em L2, o seu campo magnético variável
induz tensão em L1. Logo, as duas bobinas L1 e L2 possuem indutância mútua, pois uma variação
de corrente numa bobina induz uma tensão na outra. A unidade de indutância mútua é o henry, e
o seu símbolo, LM ou M. Duas bobinas apresentam LM de 1 H quando uma variação de corrente
de 1 A/s numa bobina induz uma tensão de 1 V na outra.

9.1.1 – Características das bobinas

a) Características físicas

A indutância de uma bobina depende de como ela é enrolada, do material do núcleo em


torno do qual é enrolada, e do número de espiras que formam o enrolamento.

1. A indutância L aumenta com o quadrado do número de espiras N em torno do núcleo. Por


exemplo, se o número de espiras dobrar (2 ) a indutância aumenta de 22 ou de 4 ,
supondo que o comprimento e a área da bobina permaneçam os mesmos.
2. A indutância aumenta com a permeabilidade relativa r do material de que é feito o
núcleo.
3. À medida que a área A abrangida em cada espira aumenta, a indutância aumenta. Como a
área é uma função do quadrado do diâmetro da bobina, a indutância aumenta com o
quadrado do diâmetro.
4. A indutância diminui à medida que o comprimento da bobina aumenta (admitindo que o
número de espiras permaneça constante).
CEFET-MG - Ensino Técnico 179

EA1 – Exercício de Aplicação

Uma fórmula aproximada no SI para a indutância de uma bobina onde o comprimento é


pelo menos 10 vezes maior que o diâmetro é dada por (9.3):

N2A
L = r 1,26 10−6 (H) (9.3)
l

Calcular o valor da indutância L para r = 200, N = 200 espiras, A = 1  10-4 m2 e l = 0,1 m.

Solução:

b) Perdas no núcleo

As perdas no núcleo magnético se devem às perdas por efeito de correntes parasitas e às


perdas por histerese. As correntes parasitas ou de Foucault são as correntes induzidas em um
material condutor, quando sujeito a um fluxo magnético variável. O nome foi dado em
homenagem a Jean Bernard Léon Foucault, que estudou esse efeito. Estas correntes seguem uma
trajetória circular dentro do próprio material do núcleo e provocam uma perda sob forma de calor
no mesmo, que é diretamente proporcional à frequência da corrente alternada na indutância (ver
a Figura 9.6, núcleo de um transformador CA).

Uma lâmina do núcleo

Correntes parasitas
Figura 9.6 – Transformador: efeito das correntes parasitas no seu núcleo magnético.

Para reduzir as perdas por efeito de correntes parasitas o que se faz é construir o núcleo magnético
a partir de lâminas isoladas umas das outras, como se vê na Figura 9.7 – montagem de um núcleo
laminado a partir de um núcleo maciço. Esta estratégia é utilizada no projeto de transformadores e de
todos os motores e geradores, em CA.
180 Circuitos Elétricos em CC

(a) (b)
Figura 9.7 – (a) Núcleo maciço. (b) Núcleo laminado.

As alternativas à solução laminada são a utilização de um núcleo de pó metálico de dimensões


micrométricas, aglutinado e comprimido com um material sintético isolador, ou então recorre-se às
designadas ferrites. As ferrites são basicamente cristais mistos que apresentam, simultaneamente,
elevadas permeabilidade magnética relativa e resistividade elétrica. As soluções mais comuns são as
ferrites de níquel, de cobalto, de manganésio e de magnésio. Os núcleos de ferrite são utilizados em
indutores e transformadores de alta frequência.
As perdas por histerese decorrem da potência adicional necessária para inverter o campo
magnético nos materiais magnéticos com corrente alternada. Os dipolos magnéticos (Figura 9.8),
pequenos ímãs nos átomos que definem as suas propriedades magnéticas, se atritam para inverter
sua polaridade norte-sul em cada ciclo. Este atrito constante aquece o material ferromagnético,
gerando perdas por calor. Estas perdas geralmente são menores que as perdas produzidas por
correntes parasitas.

(a) (b)
Figura 9.8 – Origem dos dipolos magnéticos: (a) O spin do elétron produz um campo magnético. (b) Elétrons
orbitando ao redor do núcleo criam um campo magnético ao redor do átomo. Fonte: Fundamentos de Ciências dos
Materiais. Marcelo Martins, Prof. Dr. Disponível em: https://docplayer.com.br/4335982-Comportamento-magnetico-dos-
materiais.html

c) Reatância Indutiva

A reatância indutiva é a oposição à passagem de corrente CA devida à indutância do circuito. A


reatância indutiva é dada por (9.4).

XL = 2fL [] (9.4)


onde
f = frequência em Hertz [Hz};
L = indutância em henries [H].

Num circuito formado apenas por indutância pode-se aplicar a lei de Ohm para se calcular a
corrente e a tensão, bastando para isso substituir xL por R.
CEFET-MG - Ensino Técnico 181

9.1.2 – Associação de Indutores

9.1.2.1 – Indutores em série

Se os indutores forem dispostos suficientemente afastados um do outro de modo que não


interajam eletromagneticamente entre si (Figura 9.9), os seus valores podem ser associados
exatamente como se associam os resistores. Se um certo número de indutores for ligado em série,
a indutância total LT será a soma das indutância individuais, de acordo com (9.5).

Figura 9.9 – Associação de indutores em série (BOYLESTAD, 2007).

LT = L1 + L2 + ... + LN (9.5)

Se duas bobinas em série forem colocadas muito próximas uma da outra de tal forma que suas
linhas de campo magnético se interliguem, a sua indutância mútua produzirá um efeito no circuito. Nesse
caso, a indutância total é obtida por (9.6):

LT = L1 + L2 ± 2.LM (9.6)

onde LM é a indutância mútua entre as bobinas. O sinal (+) em (9.6) é usado se as bobinas
forem dispostas em série aditiva (indica que a corrente comum produz o mesmo sentido de
campo magnético para as duas bobinas), enquanto o sinal menos (-) é usado quando as bobinas
são dispostas em série subtrativa (os enrolamentos têm sentidos opostos, o que resulta em
campos opostos).
Ainda considerando duas bobinas L1 e L2, existem três formas de se arranjar as mesmas em
série. Na Figura 9.10, as bobinas são colocadas muito distantes uma da outra, o que impede uma
interação eletromagnética. Assim, não há indutância mútua e, portanto, LM é zero.

L2

~
Figura 9.10 – Bobinas em série, sem indutância mútua.
182 Circuitos Elétricos em CC

Regra do ponto – bobinas acopladas

Na Figura 9.11, as bobinas L1 e L2 são dispostas bem próximas e possuem enrolamentos no


mesmo sentido, como indicam os pontos pretos, ou seja, estão dispostas na forma de série ADITIVA.
Logo, a indutância equivalente será LT = L1 + L2 + 2.LM.

LT = L1 + L2 + 2 LM LT = L1 + L2 - 2 LM
(muito juntas) (muito juntas)

L1 L2 L1 L2

LM LM

L1 L2 L1 L2

Figura 9.11 – Bobinas em série, com indutância mútua e polaridade ADITIVA.

Finalmente, na Figura 9.12, os enrolamentos das bobinas L1 e L2 têm sentidos opostos, e,


portanto, estão dispostas na forma de série SUBTRATIVA. Assim, LT = L1 + L2 - 2.LM.

LT = L1 + L2 + 2 LM LT = L1 + L2 - 2 LM
(muito juntas) (muito juntas)

L1 L2 L1 L2

LM LM

L1 L2 L1 L2

Figura 9.12 – Bobinas em série, com indutância mútua e polaridade SUBTRATIVA.

Exemplo 9.3 – Associação de bobinas em série e sentido do fluxo magnético. A Figura 9.13a
mostra uma associação de duas bobinas em série, com polaridade aditiva. O fluxo magnético em cada
bobina tem o mesmo sentido (para a direita). Assim, são induzidas as tensões e 1 e e2 em cada bobina,
com a mesma polaridade. Na Figura 9.14 as bobinas são conectadas com polaridade subtrativa. Os
fluxos 1 e 2 tem direções opostas.
CEFET-MG - Ensino Técnico 183

Figura 9.13 – (a) Associação em série aditiva (esquema). (b) Diagrama descritivo.

Figura 9.14 – Associação em série subtrativa.

9.1.2.2 – Indutores em paralelo

Os indutores sendo colocados suficientemente afastados um do outro, de modo que a sua


indutância mútua seja desprezível, as regras para a associação de indutores em paralelo serão as
mesmas que para os resistores.

Figura 9.15 – Indutâncias em paralelo sem acoplamento mútuo (BOYLESTAD, 2007).

Para um certo número de indutores ligados em paralelo, a sua indutância total LT será:

1 1 1 1
= + + ... + (9.7)
LT L1 L2 LN

Para o caso particular de dois indutores em paralelo, vale a relação (9.8).

L1  L 2
LT = (9.8)
L1 + L 2
184 Circuitos Elétricos em CC

EF – Exercícios de Fixação – Série 17

17.1 – Calcule a indutância em H de uma bobina com uma reatância de 900 ohms a uma
frequência de 50 kHz.

17.2 – Demonstrar as seguintes relações:

(1) L T = L1 + L 2 +...+ L n
(indutância equivalente de uma associação série de indutores);

(2) 1 = 1 + 1 + ... + 1
LT L1 L2 Ln

(indutância equivalente de uma associação em paralelo de indutores).

17.3 – A bobina de sintonia de um radiotransmissor tem uma indutância de 250 H. Para que
frequência ela terá uma reatância indutiva de 3500  ?

17.4 – Uma bobina de choque de 225  H de resistência desprezível serve para limitar a corrente
a 25 mA quando a seus terminais se aplicam 40 V. Qual a frequência da corrente?

17.5 – Duas bobinas estão associadas em série aditiva. A indutância mútua é de 7 H. Qual o
valor da indutância total se L1 = 10 H e L2 = 12 H?

17.6 – Uma corrente CA de 120 Hz e 20 mA está presente num indutor de 10 H.

a) Qual a reatância do indutor?


b) Calcular a queda de tensão através de seus terminais.

17.7 – Uma bobina de 300 espiras é enrolada em um toróide plástico, cuja área de seção é de 1 x
10-3 m2 e um comprimento principal de 40 cm. Qual a indutância da bobina?

Observações:

(1) o núcleo do toróide é oco (núcleo de ar, com r = 1);


(2)  = r x o = r x 4 x 10-7 = r x 1,26 x 10-6 (T.m)/Ae.

17.8 – Uma bobina de resistência de 15 ohms e uma indutância de 0,6 H são conectadas em série
a uma linha de 120 V. Qual a corrente através da bobina 0,05 seg. após a bobina ter sido
conectada à linha?
CEFET-MG - Ensino Técnico 185

9.2 – Estudo de Transitórios RL: carga e descarga

O estudo de transitórios em circuitos série RL (resistor em série com um indutor) é análogo


ao que foi adotado para os circuitos RC. As equações que regem os fenômenos de carga e
descarga de um indutor são semelhantes àquelas para um capacitor submetido a transitórios.

9.2.1 – Corrente transitória crescente no circuito RL: carga do indutor

No circuito da Figura 9.16, ao se fechar a chave S, teremos, de acordo com (9.9):


E = vR (t) + vL (t) (9.9)

Figura 9.16 – O circuito RL série (BOYLESTAD, 2007).

O transitório começa quando a chave é fechada no instante chamado t = 0 seg. Nesse


instante, a corrente é zero porque a bobina imediatamente se opõe à variação de corrente pela
produção de uma tensão contrária (lei de Lenz), de acordo com (9.10).

di ( t )
v L (t) = L  (9.10)
dt

A resposta a um degrau do circuito RL série da Figura 9.16, assim como foi visto para um
circuito RC série, requer três etapas (ALEXANDER e SADIKU, 2013):
1) determinar a corrente inicial iL(0) no indutor em t = 0 s;
2) determinar a corrente final iL() no indutor em t = ;
3) determinar a constante de tempo do circuito.

Como no instante t = 0, iL(0) = 0, então, vR(0) = 0.

Pela LKT, obtém-se (9.11):

E = 0 + L.(di(t)/dt) (9.11)

A partir de (9.11), obtém-se a taxa de crescimento da corrente, dada por (9.12).

dt
(
di ( t )
t = 0+ =
E
L
) (9.12)
186 Circuitos Elétricos em CC

Se não houvesse resistência no circuito, a corrente continuaria a crescer com uma


inclinação E/L. Mas tendo R presente, que pode ser a resistência da bobina ou uma resistência
externa ou ambas, há limitação da corrente. O máximo da corrente ocorrerá quando vL(t) for
zero. Assim, obtém-se a corrente máxima em (9.13).

E = i().R + 0 → i() = I max = E / R (9.13)

A corrente instantânea em instantes de tempo que não sejam zero ou infinito é encontrada
pela solução da equação de tensão escrita na forma diferencial, em (9.14).

di di R E
E = v R ( t ) + v L ( t ) → E = i.R + L → + i= (9.14)
dt dt L L

A solução desta equação diferencial é dada por (9.15):

E  −
Rt

i( t ) = 
 1 − e L 
R  (9.15)
 

A equação (9.15) pode ser reconhecida como uma curva crescente exponencial, onde o
valor máximo de corrente é E/R. O valor de L/R, que aparece como um inverso em (9.15) possui
a unidade segundo. Acompanhe abaixo:

L  henrys   V × s   1 
= =     = segundo
R  ohm   A    

Com isto, o expoente de e em (9.15) é adimensional. Esta fração é conhecida como


constante de tempo do circuito RL, dada por (9.16).

L
( tau) = (9.16)
R

A Figura 9.17 mostra o aspecto da curva de iL × t, que descreve o crescimento da corrente


no indutor L da Figura 9.16.

Figura 9.17 – Curva exponencial de iL (t) durante o transitório de carga do indutor L (BOYLESTAD, 2007).
CEFET-MG - Ensino Técnico 187

A constante de tempo  é a referência de tempo necessário para que a corrente atingir o seu valor
máximo, Im ou Imax, o que ocorre após 5, quando o transitório de carga do indutor se completa. Observe
que a indutância aparece apenas no termo exponencial, determinando a velocidade com a qual a curva
varia. Sendo vR = R.i(t), a tensão sobre o resistor também aumenta, de acordo com (9.17).

(
v R ( t ) = E  1 − e −Rt L ) (9.17)

Pela equação de tensão do circuito, vL (t) = E - vR (t). Obtém-se então (9.18):

v L ( t ) = E  e −Rt L (9.18)

Exemplo 9.4 − Seja o circuito RL da Figura 9.18. As formas de onda de iL e de vL, obtidas
através de simulação no software PSpice são mostradas na Figura 9.19. Na figura, a chave U1 é
fechada em t = 0 s. É considerado para a análise iL(0) = iL(0+) = 0 A.

Figura 9.18.

1.0A

0.5A

SEL>>
0A
I(R1)
10V

5V

0V
0s 2ms 4ms 6ms 8ms 10ms
V(L1:1) V(V1:+)- V(V1:-)
Time

Figura 9.19 – Formas de onda: I(R1) = iL(t) e V(L1:1) = vL(t).


188 Circuitos Elétricos em CC

Exemplo 9.5 – O indutor visto na Figura 9.20 tem uma corrente inicial de 4 mA (constante)
no sentido indicado.
a) Determinar uma expressão matemática para a corrente na bobina após a chave S1 ter sido
fechada, no instante t = 0 s.
b) Determinar uma expressão matemática para a tensão na bobina durante o mesmo período
transitório.
c) Esboçar as formas de onda da corrente e da tensão dos valores iniciais até os finais.

S1

Figura 9.20 – Circuito do exemplo 9.5.

Solução:

Através da expressão geral de transitórios de circuitos de 1ª ordem, podem ser


encontradas as equações e os valores instantâneos da corrente e das tensões no circuito da Figura
9.20.

t

+
x(t) = x() + [x(0 ) − x()].e 

a) Equação da corrente iL(t):

A corrente de carga do indutor, no final do transitório, em t = , é calculada com base de


que, nesta situação, a tensão no indutor é nula.
Assim, com vL() = 0:

t

Aplicando a equação geral x(t) = x() + [x(0+ ) − x()].e  a iL(t), e tendo iL(0+) = 4 mA,
obtém-se:
CEFET-MG - Ensino Técnico 189

b) A corrente no indutor tem um valor constante de 4 mA antes de se fechar a chave S1. Não
ocorrerá variação instantânea na corrente da bobina, devido à inércia de corrente na mesma.

- Equação da tensão vL(t): obtém-se a partir de vL(t) = vL() +[ vL(0+) − vL()].e−t/

No instante t = 0: iL(0+) = 4 mA.

A tensão na bobina será, com base no circuito equivalente desta etapa, Figura 9.21:

vL(0+) = 16 V – (2,2 k + 6,8 k) × 4 mA = – 20 V.

Figura 9.21 – Circuito do exemplo 9.5 para o instante t = 0 s (chave S 1 ON).

No instante t = 0:

iL() = 1,78 mA e a tensão vL() cai a zero, pois a corrente fica constante.

t t
− −
+
Assim, v L (t) = v L () + [v L (0 ) − v L ( )].e = 20.e
 11,11s

c) Gráficos das formas de onda da corrente e da tensão dos valores iniciais até os finais.

A Figura 9.22 apresenta o gráfico iL × t, onde os valores inicial e final da corrente são
assinalados. Em seguida, é apresentado o esboço da resposta transitória entre esses valores.

Figura 9.22 – Gráfico iL × t para o circuito da Figura 9.20 (BOYLESTAD, 2007).

Para a tensão vL(t), a sua forma de onda (Figura 9.23) começa e termina em zero, e o valor
de pico tem um sinal que depende da polaridade na Figura 9.21.
190 Circuitos Elétricos em CC

Figura 9.23 – Gráfico vL × t para o circuito da Figura 9.20 (BOYLESTAD, 2007).

9.2.2 – Corrente transitória decrescente no circuito RL: descarga do indutor

Da mesma forma que a corrente em um indutor não pode crescer instantaneamente, ela
também não decresce instantaneamente, mas de forma gradual e exponencial.
O circuito RL da Figura 9.24a proporciona a carga do indutor L, com a chave S1 conectada
na posição 1. Para a descarga do indutor, basta conectar S1 na posição 2. Esta descarga só se
completa após um tempo suficiente, maior ou igual a 5 constantes de tempo.

(a) (b)
Figura 9.24 – (a) Circuito para carga e descarga de um indutor. (b) Etapa da descarga (BOYLESTAD, 2007).

Seja um intervalo de transitório de descarga do indutor, estabelecido em t = 0, com a chave


S1 conectada à posição 2. Nesta configuração (Figura 9.24b), o indutor tenderá a manter a
corrente iL circulando no mesmo sentido, devido à Lei de Lenz. Logo, a polaridade da tensão no
indutor se inverte e este libera a energia armazenada sob forma de campo eletromagnético para o
resistor R. Este campo eletromagnético armazenado no indutor se reduz gradualmente, assim
como a corrente no circuito.
A equação para a corrente no indutor, iL(t), é encontrada através da equação de tensão,
obtida pela LKT aplicada à malha de descarga do circuito, formada pela chave S1, pelo resistor R
e pelo indutor L. Obtém-se então a equação (9.19).

di (t )
R  i (t ) + L =0 (9.19)
dt

cuja solução é:

i(t ) = I max .e −Rt L (9.20)


CEFET-MG - Ensino Técnico 191

onde
Io (corrente inicial) = Imax é a corrente que circula na bobina exatamente antes de se iniciar
o transitório. A tensão sobre o resistor R será uma curva exponencial decrescente, uma vez
que vR(t) = R.i(t), isto é:

v R ( t ) = E.e −Rt L (9.21)

A equação de vL (t) será:

v L ( t ) = −E.e −Rt L (9.22)

9.3 – Armazenamento de energia em um indutor

Durante o período no qual o campo magnético está sendo estabelecido por uma bobina, a
quantidade de energia fornecida pela fonte é armazenada no campo eletromagnético.
A energia armazenada no campo magnético de uma bobina é dada por:

di
dW = p L dt = v L .i dt = L idt = L idi .
dt

As curvas de iL(t), vL(t) e pL(t) estão plotadas no gráfico da Figura 9.25. Integrando os dois
lados da equação, obtém-se:

I
 I i2 LI 2
 0
dW = L 
0
i di = L =
20 2
.

1
WL =  L  I2 (9.23)
2

onde WL é a energia em Joules (J); L é a indutância em Henrys (H) e I a corrente em


ampères (A).

Figura 9.25 – Curva de potência para um indutor na fase transitória (BOYLESTAD, 2007).
192 Circuitos Elétricos em CC

Apêndice I – A Regra de Cramer

A regra de Cramer é um teorema em álgebra linear, que proporciona a solução de


um sistema de equações lineares com o uso de determinantes. Esta regra recebeu este nome em
homenagem a Gabriel Cramer (1704 - 1752), matemático suíço.
Na análise de circuitos, um método de resolução muito utilizado para equações simultâneas
é conhecido como Regra de Cramer (O'MALLEY, 1993). Para a utilização de tal método, um
conhecimento básico de determinantes é necessário. Um determinante é um arranjo quadrado de
números entre duas linhas verticais, como mostrado a seguir:

a 11 a 12 a 13
a 21 a 22 a 23
a 31 a 32 a 33

Cada termo a deste arranjo é um número, onde o 1o e o 2o índices indicam,


respectivamente, a linha e a coluna, a que cada número pertence.
Um determinante com duas linhas e duas colunas é um determinante de segunda ordem,
com 3 linhas e 3 colunas é de 3ª ordem e assim por diante. Os determinantes possuem um valor .
Para um determinante de segunda ordem, dado por:

a 11 a 12
a 21 a 22

O seu valor numérico será encontrado por

D = (a11 × a22) – (a12 × a21).

O determinante D constitui, para uma matriz 2 x 2, o produto dos números da diagonal principal
menos o produto dos números da outra diagonal.
Para o cálculo de um determinante de 3ª ordem, o método mais indicado consiste em;
- repetir as duas primeiras colunas à direita da terceira coluna;
- fazer a soma dos produtos dos números das diagonais indicadas pelas setas para baixo, como
mostrado a seguir;

P4 P5 P6

a11 a12 a13 a11 a12


a21 a22 a23 a21 a22
a31 a32 a33 a31 a32

P1 P2 P3
- subtrair desse resultado a soma dos produtos dos números das diagonais indicadas pelas
setas para cima.
O resultado é:
CEFET-MG - Ensino Técnico 193

D = P1 + P2 + P3 − ( P4 + P5 + P6 ) =

= ( a11.a22 .a33 ) + ( a12 .a23.a31 ) + ( a13.a21.a32 ) −


− ( a31.a22 .a13 ) + ( a32 .a23.a11 ) + ( a13.a21.a12 )

O cálculo de determinantes de ordem superior à 3 exige métodos que não serão


considerados neste texto. Existem calculadoras científicas programáveis e softwares que
resolvem este tipo de cálculo com facilidade.

Para a aplicação da Regra de Cramer na análise de circuitos, é necessário escrever as


equações no formato matricial Ax = B.

◆ Exemplo A.1 − Seja um circuito elétrico de três malhas, cujas equações são obtidas através
do método das correntes nas malhas. As equações para cada malha do circuito são escritas
abaixo:

a 11I1 + a 12 I 2 + a 13 I 3 = V1
a 21I1 + a 22 I 2 + a 23 I 3 = V2
a 31I1 + a 32 I 2 + a 33 I 3 = V3

Estas equações, colocadas no formato Ax = B, fornecem:

     
 A   X  =  B
     
     

 a11 a12 a13   I1   V1 


a a a 23  I  = V 
 21 22   2  2
a 31 a 32 a 33   I3   V3 

A matriz A é formada pelos elementos do circuito, R1, R2 e R3, etc.;

a matriz X (vetor coluna) é constituída pelas incógnitas do sistema, no caso I1 e I2 e I3 e

a matriz B é constituída pelas elevações de tensão nas malhas (termos independentes, no


caso, nas malhas 1 e 2 e 3).
194 Circuitos Elétricos em CC

• Aplicação da regra de Cramer

Seja o sistema:

5 I1 – 3 I2 – 3 I3 = 30  5 - 3 - 3  I1   30 
-3 I1 + 10 I2 – 9 I3 = - 45 Forma Matricial →  - 3 10 - 9 I  = - 45
   2  
- 3 I1 – 7 I2 + 12 I3 = 15 − 3 − 7 12  I 3   15 

Pela Regra de Cramer, encontra-se a variável In na seguinte forma:

Dn
In =
D

onde D é o determinante formado pelos coeficientes das incógnitas (termos da matriz A) e


Dn representa o determinante da n-ésima incógnita, o qual é formado substituindo-se a n-ésima
coluna da matriz de D (determinante do denominador) pelos termos da matriz B.
Para o caso do sistema em questão, para se encontrar, por exemplo, a corrente I1, teremos a
sua escrita definida por I1 = D1/D, como visto abaixo.

30 −3 −3
−45 10 −9
D 15 −7 12
I1 = 1 =
D 5 −3 −3
−3 10 −9
−3 −7 12

Outra solução seria o uso de um software que faz o cálculo de sistemas matriciais, como
por exemplo, o MATLAB, o MATHCAD, o MAPLE e o OCTAVE (ver a Figura A.1).

Figura A.1 – Aspecto do espaço online do software OCTAVE. Fonte: https://octave-online.net/


CEFET-MG - Ensino Técnico 195

◆ Exemplo A.2: encontrar as correntes do sistema do Exemplo A.1, escrito na forma Ax = B,


utilizando o OCTAVE, o qual possui uma versão online, no site https://octave-online.net/

 5 - 3 - 3  I1   30 
 - 3 10 - 9 I  = - 45
   2  
− 3 − 7 12  I 3   15 

A entrada de dados é realizada no prompt na parte inferior da tela (ver a Figura A.1).

Os elementos da matriz A são introduzidos linha


>> A = [5 -3 -3; -3 10 -9; -3 -7 12] por linha, espaçados. As linhas são separadas
por ponto-e-vírgula.
Os elementos da matriz B, que é um vetor
>> B = [30; -45; 15] coluna, são introduzidos da mesma forma que os
elementos de A.
>> X = A\B O vetor coluna X contêm os elementos X1, X2 e
x = X3, que são as correntes de malha do sistema.
1.3500e-14
-7.1053e+00
-2.8947e+00
196 Circuitos Elétricos em CC

Apêndice II
Apêndice II – Análise computacional para circuitos elétricos
Análise computacional para circuitos elétricos

Os simuladores de circuitos elétricos e eletrônicos constituem ferramentas computacionais úteis e


poderosas para a análise do comportamento de sinais elétricos. A sua grande vantagem é que é
dispensável a montagem física do circuito, o que traz agilidade ao projeto e redução de tempo e de custos.
Os simuladores de circuitos surgiram inicialmente na década de 60 e necessitavam de
computadores de grande porte. Em 1975 os pesquisadores Larry Nagle e Donald Petterson projetaram o
programa SPICE, nos laboratórios de pesquisa da Faculdade de Engenharia Elétrica e Ciências da
Computação da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley. SPICE é um acrônimo de Simulation
Program with Integrated Circuit Emphasis - Programa de Simulação com Ênfase em Circuitos
Integrados. É um programa de domínio público de grande capacidade, hoje em dia um dos
simuladores mais utilizados para a simulação de circuitos analógicos e digitais. Tanto essa versão, como a
segunda versão (criada em 1983) foram codificadas utilizando a linguagem de programação Fortran. A
partir da terceira versão, o programa foi codificado em linguagem C, mas com o uso da sintaxe de Fortran
na descrição de circuitos.
Algumas versões comerciais mantém compatibilidade com a versão de Berkeley, mas outras
adicionaram extensões. Versões mais recentes do software vêm com úteis interfaces gráficas. A Cadence
Design Systems, uma das empresas que se apropriou desta tecnologia, denominou o SPICE de PSpice,
como é conhecido hoje mundialmente.
Quanto aos tipos de algoritmos utilizados, isto depende do tipo de circuito. Por exemplo, para a
simulação e solução de circuitos não-lineares (circuitos que possuem elementos não-lineares), é utilizado
o método numérico de Newton-Raphson.
Neste texto, a versão utilizada do software é PSpice 9.1 Student Version, disponível
gratuitamente no endereço eletrônico: http://microwave.unipv.it/pages/campi_circuiti_I/PSpice.html.
A Figura AII.1 mostra o ambiente Schematics do PSpice, com o desenho de um esquema que
representa uma porta AND de 3 entradas, com o uso de diodos. Após a configuração dos parâmetros e a
simulação deste circuito, se obtém as formas de onda apresentadas na Figura AII.2 - ambiente PROBE do
PSpice.

Figura AII.1 – Porta OR de 3 entradas (simulação com o software PSpice).


CEFET-MG - Ensino Técnico 197

A Figura AII.3 mostra o ambiente Schematics do PSpice, para desenho do circuito, e


também o PROBE, uma janela onde são plotadas as formas de onda.

4.0V V(U11:2)

2.0V

0V
5.0V
V(D5:1)
2.5V

0V
5.0V
V(U12:2)
2.5V

0V
5.0V
V(RL:2)
2.5V

SEL>>
-0.5V
0s 10us 20us 30us 40us 50us 60us 70us 80us 90us 100us
Time
Figura AII.2 – Formas de onda da porta OR de 3 entradas.

Figura AII.3 – Área de trabalho do PSpice, no ambiente Schematics.

Links interessantes sobre o PSpice

[1] PSpice – Simulação de Circuitos Analógicos e Digitais. Guia passo-a-passo. Versão Estudante, 9.1
(2003). Disponível em:
http://www.dsif.fee.unicamp.br/~fabiano/EE640/Material%20Auxiliar/PSpice_Guia_Passo_a_Passo.pdf.
[2] A Tutorial for Schematics. Fonte: http://uawc1.wayne.uakron.edu/Tutor91_2.pdf.
[3] PSpice Examples. Fonte: http://www.saadat.us/pspiceintro253.htm.
[4] Short Tutorial on PSpice. Fonte: http://www.ee.nmt.edu/~rison/ee321_fall02/Tutorial.html.
[5] EE124 Web Site - Introduction to PSPICE. Fonte: http://www.engr.sjsu.edu/ee124/p-intro.html.
198 Circuitos Elétricos em CC

Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas

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AMGH - McGraw-Hill & Bookman, 2013.
BARTKOWIAK, R. A. Circuitos Elétricos. São Paulo: Makron Books, 1994.
BOYLESTAD, R. L. Introductory Circuit Analysis. 10th. ed. Upper Saddle River, New Jersey : Pearson
Education, Inc., 2003.
BOYLESTAD, R. L. Introductory circuit analysis. 11th. ed. Upper Saddle River, New Jersey: Pearson
Prentice Hall, 2007.
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Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2004.
CAPUANO, F. G.; MARINO, M. A. M. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. 24. ed. São Paulo:
Érica, 2007. 309 p.
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de Pr-Fe-B-Co-Nb obtidos pelos processos HD e HDDR - Dissertação. São Paulo: IPEN - Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares - USP, 2008.
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SERWAY, R. A.; JR., J. W. J. Física para cientistas e engenheiros - Vol. 2 - Eletricidade e Magnetismo,
Óptica. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, v. 2, 2009.
VISACRO, S. Descargas atmosféricas: uma abordagem de engenharia. São Paulo: ArtLiber, 2005.

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