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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO


TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEMAT – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS


Coordenação do Curso Técnico de MECÂNICA

COMANDOS ELÉTRICOS

Curso Técnico de

MECÂNICA
• Teoria, exercícios e projetos • Guias de simulação e de aulas práticas

PROF. ANDRÉ BARROS DE MELLO OLIVEIRA

Campus Nova Suíça


Belo Horizonte – Março de 2022

 MINAS GERAIS
Departamento de
Engenharia de Materiais
Campus Nova Suíça – Belo Horizonte

Av. Amazonas 5253 - Nova Suíça - Belo Horizonte - MG - Brasil


CEP 30.421-169 - Telefone: +55 (31) 3319-7000

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 2 Curso Técnico de MECÂNICA


“A persistência é o caminho do êxito.”
Charles Chaplin

“Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.”


Amyr Klink

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 3 Curso Técnico de MECÂNICA


Lista de alguns termos e siglas da área Eletroeletrônica

A – Abbreviation for "ampere" a unit of electrical current.


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Órgão responsável pela normalização técnica no Brasil,
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Trata-se de uma entidade privada e sem fins
lucrativos e de utilidade pública, fundada em 1940.
AC/DC - Equipment that will operate on either an AC or DC power source.
AC generator - Device used to transform mechanical energy into AC electrical power.
AC voltage - A voltage in which the polarity alternates.
AC – Alternating Current. Polarity current moving from positive to negative.
Amplitude – the strength of an electronic signal.
ANSI – American National Standards Institute, Instituto de normas dos Estados Unidos que publica recomendações
e normas em praticamente todas as áreas técnicas.
AWG – Abbreviation for "American wire gauge". A gauge that assigns a number value to the diameter of a wire.
CA – Corrente Alternada.
CAD – Abbreviation for "computer aided design"
Center TAP - Midway connection between the two ends of a winding.
Center tapped transformer - A transformer with a connection at the electrical center of a winding.
CC – Corrente Contínua.
DC – Direct Current (corrente contínua).
Direct Current / DC - consistent current that moves in one direction.
Earth – a source that grounds the rest of the electronics.
Farad – a unit of measurement used with capacitance.
GND – de Ground (terra). Potencial de referência de um circuito elétrico, tomado como nível zero (0 V).
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos)
 – Rendimento.
RMS – Root Mean Square (valor médio quadrático).
RPM (ou rpm) – Rotações por minuto.
VCC – Tensão Contínua (o mesmo que VDC).
Volt – unit measuring electromotive force.
Watt – unit measuring power.

Fontes:

1) Glossary / Dictionary of Electronics Terms, em http://www.hobbyprojects.com/dictionary/a.html


2) Glossary of Electronic Terms - http://www.datarecoverylabs.com/electronic-glossary.html
3) Electronic Engineering Electronic - http://www.interfacebus.com/Glossary-of-Terms.html
4) Dicionário Inglês-Português online: http://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/

Transmissão + Motor elétrico

Figura 1 – Motor elétrico em automóveis. Fonte: http://universolambda.com.br/carro-eletrico-x-petroleo/

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Alfabeto Grego e Prefixos SI

Nome
Maiúsculas Minúsculas Prefixos SI*
Clássico
A  Alfa
Fator Prefixo Símbolo
B  Beta
  Gamma 10-3 mili m
  Delta 10-6 micro 
E  Epsilon
Z  Zeta 10-9 nano n
H  Eta 10-12 pico p
  Theta
103 quilo k
I  Iota
K  Kappa 106 mega M
  Lambda
109 giga G
M  Mu
N  Nu 1012 tera T
  Xi (ksi)
* SI: Sistema Internacional de Unidades
O  Omicrón
  Pi É um conjunto sistematizado e padronizado de definições para
unidades de medida, utilizado em quase todo o mundo
P  Rho moderno, que visa a uniformizar e facilitar as medições e as
  Sigma relações internacionais daí decorrentes.
T  Tau Curiosidades:
Y  Upsilón
(1) No mundo, 203 nações adotam o SI. Os Estados Unidos são uma
  Phi das exceções.
X  Chi (2) O símbolo da unidade não admite plural, não sendo seguido do
uso da letra “s”.
  Psi Para escrever 10 metros, o correto é 10 m e não 10 ms.
Para escrever 5 quilogramas, o correto é 5 kg e não 5 kgs.
  Ômega

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Sumário

Capítulo 1 – Noções de Eletricidade ....................................................................................................10

1.1 – Introdução.................................................................................................................................10

1.2 – A carga elétrica .........................................................................................................................10


1.2.1 − Lei das cargas elétricas .....................................................................................................11
1.2.2 − Campo eletrostático ...........................................................................................................11
1.2.3 – Lei de Coulomb ..................................................................................................................12

1.3 – Diferença de potencial (ddp) .....................................................................................................13

1.4 – Corrente elétrica........................................................................................................................13

1.5 – Materiais elétricos: condutores, isolantes e semicondutores .......................................................15

1.6 – Tensão elétrica ..........................................................................................................................16


1.6.1 – Tensão elétrica em corrente contínua (CC) ........................................................................16
1.6.2 – Tensão elétrica em corrente alternada (CA) .......................................................................17
1.6.3 – Gerador elementar – princípio de funcionamento ...............................................................20
1.6.4 – Lei de Faraday – F. E. M. induzida ....................................................................................20
1.6.5 – Sinais CA senoidais – principais parâmetros ......................................................................23

1.7 – Resistência Elétrica ...................................................................................................................26


1.7.1 – Aspecto construtivo e aplicações dos resistores ..................................................................27
1.7.2 – A primeira Lei de Ohm .......................................................................................................28

1.8 – Diagramas elétricos e símbolos gráficos ....................................................................................29

1.9 – Circuitos elétricos .....................................................................................................................32


1.9.1 – O circuito série ..................................................................................................................32
1.9.2 – O circuito paralelo.............................................................................................................33
1.9.3 – O circuito misto .................................................................................................................34

1.10 – Potência Elétrica .....................................................................................................................35

1.11 – Energia elétrica .......................................................................................................................36

Capítulo 2 – Motor de Indução............................................................................................................41

2.1 – Introdução.................................................................................................................................41

2.2 – Aplicações do motor CA ...........................................................................................................41

2.3 – Partes constituintes....................................................................................................................42


2.3.1 – Tipos de rotor no motor de indução....................................................................................43
2.3.1.1 – Rotor enrolado ou bobinado ...................................................................................................................... 43
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 6 Curso Técnico de MECÂNICA
2.3.1.2 – Rotor de gaiola de esquilo ......................................................................................................................... 44

2.4 – Princípio de funcionamento do MIT ..........................................................................................45


2.4.1 – Noções sobre o sistema trifásico.........................................................................................45
2.4.2 – Operação do MIT...............................................................................................................53
2.4.2.1 – Campo girante de um motor trifásico ......................................................................................................... 53
2.4.2.2 – Velocidade síncrona (ns) ............................................................................................................................ 56
2.4.2.3 – Escorregamento (s) ................................................................................................................................... 57
2.4.2.4 – Conjugado ................................................................................................................................................ 57

2.5 – Características nominais ............................................................................................................59

2.6 – Motores trifásicos  motores monofásicos .................................................................................61

Capítulo 3 – Contator Magnético ........................................................................................................62

3.1 – Introdução.................................................................................................................................62

3.2 – Contator magnético ...................................................................................................................63


3.2.2 – Simbologia e identificação dos contatos .............................................................................64

3.3 – Diagramas de carga e de comando .............................................................................................66


3.3.1 – Diagrama de comando .......................................................................................................66
3.3.2 – Diagrama de carga ............................................................................................................68

Capítulo 4 – Dispositivos de Proteção .................................................................................................71

4.1 – Introdução.................................................................................................................................71
4.1.2 – Sobrecarga ........................................................................................................................71
4.1.2 – Curto-circuito ....................................................................................................................71

4.2 – Fusíveis ....................................................................................................................................72


4.2.1− Operação do fusível ............................................................................................................73
4.2.2 – Classificação em relação à atuação ...................................................................................73
4.2.3 – Classificação em relação à faixa de interrupção e categoria de utilização..........................74
4.2.4 – Especificação de um fusível – parâmetros básicos ..............................................................75
4.2.5 – Tipos de fusíveis e aspectos construtivos ............................................................................75
4.2.6 – Curva característica de um fusível .....................................................................................77

4.3 – Relé de Sobrecarga....................................................................................................................80


4.3.1 – Símbolo e terminais............................................................................................................81
4.3.2 – Relé térmico com botão RESET e tecla multifunções ..........................................................83
4.3.3 – Instalação do Relé Térmico ................................................................................................84

4.4 – Disjuntores................................................................................................................................84
4.4.1 – Aspectos construtivos de um disjuntor e simbologia ...........................................................85

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 7 Curso Técnico de MECÂNICA


4.4.2 – Disjuntor motor .................................................................................................................88

Capítulo 5 – Dispositivos de acionamento e sinalização......................................................................91

5.1 – Introdução.................................................................................................................................91

5.2 – Botão de comando.....................................................................................................................91


5.2.1 – Tipos de contato.................................................................................................................92
5.2.2 – Simbologia e cores .............................................................................................................92
5.2.3 – Intertravamento elétrico .....................................................................................................93

5.3 – Chave de fim-de-curso ..............................................................................................................95

5.4 – Chaves seletoras ou comutadoras ..............................................................................................95

5.5 – Sinalizadores.............................................................................................................................96
5.5.1 – Sinalizadores luminosos .....................................................................................................97
5.5.2 – Sinalizadores sonoros ........................................................................................................97

5.6 – Tomadas de uso industrial .........................................................................................................98

Capítulo 6 – Dispositivos de Temporização ........................................................................................99

6.1 – Introdução ............................................................................................................................99


6.2 – Relé de tempo .......................................................................................................................99
6.2.1 – Relés de tempo eletrônicos ............................................................................................... 100
6.2.1.1 – Relé de tempo ao trabalho (TRE) ............................................................................................................. 100
6.2.1.2 – Relés de tempo ao repouso (TRD) ............................................................................................................ 102

Capítulo 7 – Comando do Motor Monofásico ................................................................................... 108

7.1 – Introdução............................................................................................................................... 108


7.1.1 – Características do Motor Monofásico ............................................................................. 108

7.2 – A partida em um motor monofásico......................................................................................... 109

7.3 – Ligação do motor monofásico em 127 V e em 220 V............................................................... 110


7.3.1 – Motor monofásico de 2 terminais ..................................................................................... 110
7.3.2 – Motor monofásico de 4 terminais ..................................................................................... 110
7.3.3 – Motor monofásico de 6 terminais ..................................................................................... 111

7.4 – Reversão de rotação ................................................................................................................ 113

7.5 – Partida do motor monofásico com reversão temporizada em 127 V.......................................... 114

Capítulo 8 – Comando do Motor Trifásico ....................................................................................... 118

8.1 – Comando local e à distância .................................................................................................... 118

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 8 Curso Técnico de MECÂNICA


8.2 – Partida direta e indireta do MIT ............................................................................................... 118
8.2.1 – Partida Direta.................................................................................................................. 118
8.2.2 – Partida Indireta ............................................................................................................... 120

8.3 − Reversão de rotação (manual e semi-automático) .................................................................... 120


8.3.1 – Chave reversora de comando manual ............................................................................... 121
8.3.2 – Chave reversora com o uso de contatores......................................................................... 122
8.3.3 – Chave reversora de comando semi-automático................................................................. 123

8.4 – Comando condicionado de motores elétricos ........................................................................... 124

8.5 – Chave de partida estrela-triângulo ........................................................................................... 128


8.5.1 − Vantagens e desvantagens da partida Y- ........................................................................ 129
8.5.2 – Chave de partida estrela-triângulo no modo manual ........................................................ 131
8.5.3 – Chave de partida estrela-triângulo no modo semi-automático .......................................... 131
8.5.4 – Dimensionamento dos contatores para a chave de partida estrela-triângulo..................... 133
8.5.5 – O conjugado de partida da chave estrela-triângulo .......................................................... 134
8.5.6 – Uso do relé específico Y-∆ ............................................................................................... 135
8.5.7 – Comando com partida estrela-triângulo temporizada com reversão ................................. 135

Apêndice I – Analogia entre circuitos lógicos e circuitos de comando elétrico ................................ 139

Apêndice II – Guias de Aulas Práticas .............................................................................................. 144

Aula Prática 1 − Comando do Motor de Indução Trifásico – Partida Direta .................................. 145

Aula Prática 2 − Partida de um MIT com Comando Direto e Intermitente .................................... 147

Aula Prática 3 − Comando condicionado de dois MIT ..................................................................... 149

Aula Prática 4 − Partida Direta e Reversão Manual de um MIT ..................................................... 152

Aula Prática 5 − Partida do Motor Monofásico em 127 V com Reversão Temporizada ................. 154

Aula Prática 6 − Chave de partida Estrela-Triângulo semi-automática .......................................... 158

Aula Prática 7 − Chave de partida para o comando de um Portão de Garagem ............................. 161

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 162

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 9 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo
1 Noções de
ELETRICIDADE
Capítulo 1 – Noções de Eletricidade

1.1 – Introdução

A Eletricidade é um componente essencial da matéria e a sua natureza é melhor entendida


examinando-se a menor partícula de todo elemento: o átomo. A seguir, são listadas algumas definições
simples para a introdução aos principais fenômenos elétricos.
- Matéria: é tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço.
- Molécula: é a menor porção da matéria que ainda mantém as propriedades do material original
(composto). Um exemplo comum é a molécula de água, designada como H2O, constituída de dois átomos
de Hidrogênio e um de Oxigênio.
- Átomo: como citado anteriormente, o átomo é a menor partícula de todo elemento ou matéria que
mantém as suas propriedades. Podemos afirmar então que quando uma matéria é composta de átomos
iguais, ela é denominada de elemento químico. Por exemplo: Ferro (Fe), Carbono (C) etc.
Hoje, o modelo de átomo mais utilizado se deve ao cientista dinamarquês Niels Bohr (1885-1962),
ilustrado na Figura 1.1. Este modelo atômico é utilizado para explicar a maioria dos fenômenos elétricos
conhecidos. Os átomos são formados de:
(1) núcleo: região central onde estão concentrados os prótons e os nêutrons, e
(2) eletrosfera: região ao redor do núcleo, distribuída em camadas ou níveis, onde estão os elétrons,
os quais se movimentam em grande velocidade.
Os elétrons (−) possuem carga elétrica negativa, os prótons (+), carga elétrica positiva e os nêutrons
não possuem carga elétrica.

Núcleo: contêm
prótons e nêutrons

p
n

p Prótons

n Nêutrons

Elétrons
Figura 1.1 – Modelo atômico de Bohr.

1.2 – A carga elétrica

As partículas que constituem os átomos possuem as propriedades: massa e carga elétrica. O próton e
o nêutron possuem massa de aproximadamente 1,7  10-27 kg e a massa do elétron é cerca de 1840 vezes
menor (9,1  10-31 kg).
O valor numérico da carga elétrica do próton e do elétron corresponde à menor carga elétrica possível
de se encontrar, denominada carga elétrica elementar (e). Isto constitui uma propriedade da carga elétrica,

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 10 Curso Técnico de MECÂNICA


que sempre aparece em múltiplos inteiros da mesma unidade básica: a quantização da carga (CHAVES,
2001). Sendo Q uma quantidade de carga qualquer e n um número inteiro, tem-se:

Q = n.e (1.1)

A unidade de carga elétrica, de acordo com o Sistema Internacional de unidades (S.I.) é o Coulomb
(C), em homenagem ao engenheiro e físico francês Charles de Coulomb (1736-1806). O valor numérico
(módulo) da carga elementar (e) vale:

e = 1,6  10-19 C

Da carga elétrica elementar, 1 C vale 1/e = 6,25 x 1018 elétrons. A carga elétrica do próton é positiva dada
por + e = + 1,6  10-19 C e a do elétron, negativa, − e = − 1,6  10-19 C.

Todos os tipos de átomos, em seu estado natural, possuem carga elétrica total nula, ou seja, o número
de prótons é igual ao número de elétrons. A quantidade de carga elétrica de um corpo é a diferença entre o
número de prótons e o número de elétrons do mesmo. A carga de um coulomb negativo, − Q, significa que
o corpo contém uma carga de 6,25  1018 mais elétrons do que prótons.

1.2.1 − Lei das cargas elétricas

“Cargas iguais se repelem, e opostas se atraem”. Na Figura 1.2 vemos uma carga positiva (+),
próxima a uma outra carga positiva (+). Nesta situação estas cargas irão se repelir. No caso de cargas de
sinais opostos, suficientemente próximas uma da outra, haverá uma força de atração atuando sobre elas.

Figura 1.2 – Forças de repulsão entre cargas positivas.

1.2.2 − Campo eletrostático

A carga elétrica possui uma característica fundamental, que é a sua capacidade de exercer uma força,
presente no campo eletrostático ou campo elétrico que envolve cada corpo carregado. A Figura 1.3 ilustra
a convenção do Eletromagnetismo sobre o sentido das linhas de campo elétrico:

As linhas de força elétrica saem da carga positiva e entram na carga negativa.

Neste contexto, onde dois corpos de polaridade E


oposta são colocados próximos um do outro, o campo
elétrico se concentra na região compreendida entre
ambos. O vetor campo elétrico E ⃗ em cada ponto na
Figura 1.3 é representado por linhas de força desenhadas Q1 + Q2
entre os corpos de cargas Q1 e Q2.
Na Figura 1.4, temos uma situação em que uma
carga de prova positiva Qp, se encontra no ponto p. Esta
carga será repelida pela carga positiva QA e atraída pela Figura 1.3 – Convenção sobre o sentido das
carga negativa QB. linhas de força em cargas positivas e negativas.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 11 Curso Técnico de MECÂNICA


Na região do campo elétrico entre as cargas QA e QB são vistas as linhas de campo elétrico, que
indicam as possíveis trajetórias da carga de prova Qp.

Qp
p

Figura 1.4 – Campo eletrostático entre duas cargas de polaridades opostas.

1.2.3 – Lei de Coulomb

Sejam duas partículas eletrizadas, q e Q (Figura 1.5). A força de interação que ocorre entre ambas é
explicada pela Lei de Coulomb, devida ao cientista francês Charles Augustin de Coulomb (1736-1806).

r1 r2
FQ-q Fq-Q
+q +Q

FQ-q Fq-Q
+q -Q

r
Figura 1.5 – Força elétrica entre duas cargas q e Q: repulsão e atração.

A Lei de Coulomb é enunciada e definida matematicamente por (1.2) (CHAVES, 2001):

Uma partícula com carga q = Q1, no ponto r1, exerce sobre uma partícula com carga Q = Q2,
no ponto r2 e em repouso em relação à primeira, uma força F, dada em módulo por:

|𝑞| ⋅ |𝑄| (1.2)


𝐹 =𝑘⋅
𝑟2

onde as unidades são:


F em Newtons [N];
Q em Coulomb [C];
r em metros [m] = distância entre os pontos r1 e r2 e
k = constante eletrostática do meio, sendo que no vácuo e k = k0 = 9  109 [N.m2/C2].
O valor de k em (1.2) no ar, desde que não haja umidade, é praticamente o mesmo do vácuo. Em
outros meios, contudo, o seu valor pode ser bem reduzido. A Tabela 1.1 mostra as constantes dielétricas de
alguns meios. O fator de redução é conhecido como constante dielétrica () por estar ligado sempre a meios
isolantes, de tal forma que, por (1.3):

k = k0/ (1.3)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 12 Curso Técnico de MECÂNICA


Tabela 1.1 – Constante dielétrica () de alguns meios.
Meio isolante Constante dielétrica () ou fator de redução
Vácuo 1,00000
Ar 1,00054
Âmbar1 2,7
Papel 3,5
Vidro 4,5
Porcelana 6,0
Água 78

1.3 – Diferença de potencial (ddp)

Devido à força do seu campo eletrostático, uma carga elétrica é capaz de realizar trabalho ao
deslocar uma outra carga por atração ou repulsão (veja a Figura 1.6). À capacidade de uma carga realizar
trabalho damos no nome de potencial elétrico.
Seja uma carga de prova positiva "q", no interior de um campo elétrico (Figura 1.7), que se move do
ponto A até o ponto B, sob a ação da força elétrica ⃗F. Esta força elétrica realiza um trabalho WAB em joules
[J] sobre a carga, para deslocá-la do ponto A para o ponto B.

Figura 1.6 – Força elétrica de repulsão em uma carga de prova q0.

F
Q +
A q B
Figura 1.7 – Carga de prova q no interior de um campo elétrico.

A diferença de potencial (ddp) entre os pontos A e B (VAB) é definida pela razão entre o trabalho
(WAB) realizado pela força elétrica ⃗F e a carga (q) transportada do ponto A para o ponto B, em (1.4).

𝑊AB
𝑉AB = V𝐴 − 𝑉𝐵 = 𝑞
[J/C] 𝑜𝑢 [𝑉] (1.4)

A sua unidade fundamental é o volt (V). A diferença de potencial é chamada de tensão elétrica
(alguns usam inadequadamente a expressão voltagem) e indica a capacidade de realizar trabalho ao se forçar
os elétrons a se deslocarem de um ponto a outro. As fontes de tensão podem ser: fonte CC (fonte de tensão
contínua) e fonte CA (fonte de corrente alternada).

1.4 – Corrente elétrica

O movimento ou fluxo de elétrons é chamado de corrente, representada pela letra i. A unidade


fundamental com que se mede a corrente é o ampère (A). O instrumento utilizado para se medir a corrente
elétrica é o amperímetro.
A corrente elétrica surge quando os elétrons se deslocam pelo efeito de uma ddp, como se observa
nos pontos A e B da Figura 1.8, que conectam os terminais (+) e (−) da pilha à lâmpada incandescente.

1
O Âmbar é um tipo de resina fóssil.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 13 Curso Técnico de MECÂNICA


A B
+ _
i

Figura 1.8 – Corrente elétrica em um circuito de alimentação de uma lâmpada


incandescente. Fonte: https://pt.vecteezy.com/vetor-gratis/projeto.

Um ampère de corrente é definido como o deslocamento de um Coulomb [C] através de um ponto


qualquer de um condutor durante um intervalo de tempo de um segundo [s]. Para valores constantes de Q
e de t, a definição da corrente pode ser expressa por (1.5), onde I = corrente elétrica [A]; Q = carga elétrica
[C] e t = tempo [s].

I [𝐴] = 𝑄⁄𝑡 [C/s] (1.5)

Escrevendo a equação (1.5) de outra forma, obtém-se (1.6). A carga difere da corrente, pois Q
representa um acúmulo de carga, enquanto I mede a intensidade das cargas em movimento.

Q = I.t (1.6)

Exemplo 1.1 − Considere uma corrente elétrica de 2 A através de um medidor (amperímetro), durante 1
minuto (Figura 1.9).

Quantos C de carga passam por este medidor, após


a chave (ou interruptor) S1 ser acionada?

A Chave (S1)
Solução:
L1
Fonte CC
Sendo dados I = 2 A e t = 60 s, por (1.6) 12 V
calcula-se a carga por Q = I  t.

Q = (2A)  (60s) = 120 C

Observe que a lâmpada incandescente L1


é alimentada em CC, através da bateria de 12
V, do tipo automotiva.
Figura 1.9 – Circuito do Exemplo 1.1.

i(t)
Exemplo 1.2 − A corrente elétrica, dependendo da fonte de
tensão, pode ter os formatos contínuo (CC, de corrente i1 I2
contínua) e alternado (CA, de corrente alternada), como
mostra a Figura 1.10. 0
A corrente i1 ou i1(t) é senoidal, escrita com letra t
minúscula, indicando que varia em função do tempo. Para a
corrente contínua I2 é utilizada i em maiúscula. Esta corrente
(neste caso, constante) possui somente uma polaridade (não Figura 1.10 – Corrente elétrica: formatos
possui valores negativos, como a corrente CA i1). alternado (i1) e contínuo (I2).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 14 Curso Técnico de MECÂNICA


Fluxos de corrente: real e convencional

Em um condutor, como um fio de cobre (Figura 1.11), os elétrons livres podem ser deslocados com
relativa facilidade ao ser aplicado aos seus terminais uma ddp em volts. A tensão aplicada (1,5 V por
exemplo) fará com que os elétrons livres se desloquem. Essa corrente consiste num movimento dos elétrons
a partir do ponto de carga negativa, − Q, numa das extremidades do fio, seguindo através do fio, e voltando
para a carga positiva, + Q, na outra extremidade.

Fio condutor de cobre

Fluxo de
elétrons (real)
-Q +Q
Fluxo de
convencional
elétrons livres em movimento

+
Bateria
Figura 1.11 – A ddp aplicada às extremidades de um fio condutor produz a corrente elétrica.

O sentido do movimento dos elétrons é de um ponto de potencial negativo para um ponto de potencial
positivo. A seta contínua na Figura 1.11 indica o sentido da corrente em função do fluxo de elétrons (fluxo
real). O sentido oposto ao fluxo de elétrons, é denominado fluxo convencional, indicado pela seta tracejada.
Em eletricidade, os circuitos são geralmente analisados em termos da corrente convencional.

1.5 – Materiais elétricos: condutores, isolantes e semicondutores

Condutores de eletricidade

O que é um condutor de eletricidade? Conforme estudado anteriormente, os corpos são constituídos


por átomos e estes possuem partículas eletrizadas (prótons e elétrons). Quando vários átomos se reúnem
para formar certos sólidos, como, por exemplo, os metais, os elétrons das camadas mais externas não
permanecem ligados aos respectivos átomos, adquirindo liberdade de se movimentar no interior do sólido.
Estes elétrons são denominados elétrons livres, presentes nos metais, excelentes condutores de
eletricidade (apresentam baixa resistividade elétrica). O cobre é o material mais comumente utilizado em
condutores elétricos. Em seguida vem o alumínio. Certos gases também são usados como condutores sob
certas condições: o gás neon, o vapor de mercúrio e o vapor de sódio, usados em vários tipos de lâmpadas.

Materiais isolantes

O que é um isolante?

Ao contrário dos condutores, existem sólidos nos quais os elétrons estão firmemente ligados aos
respectivos átomos, isto é, estas substâncias não possuem elétrons livres (ou o número de elétrons livres é
relativamente pequeno). Portanto, não será possível o deslocamento de carga elétrica através destes corpos,
que são denominados isolantes elétricos ou dielétricos. A porcelana, a borracha, o vidro, o plástico, o papel,
a madeira etc. são exemplos típicos de substâncias isolantes.
Materiais semicondutores

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 15 Curso Técnico de MECÂNICA


Os semicondutores contêm características elétricas especiais e a sua condutividade está entre a dos
condutores e a dos isolantes. O comportamento elétrico destes materiais pode ser alterado através de temperatura,
incidência de luz e dopagem (alteração da estrutura eletrônica na camada de valência). São exemplo: Germânio
e Silício.
A aplicação dos semicondutores ocorre na fabricação de dispositivos eletrônicos como diodos,
transistores, e a partir desses, os circuitos integrados, presentes em muitos equipamentos como TVs, rádios,
computadores, aparelhos de telefonia celular etc.

1.6 – Tensão elétrica

1.6.1 – Tensão elétrica em corrente contínua (CC)

Como mencionado anteriormente, a capacidade de A


uma carga realizar trabalho é o potencial elétrico ou
L1
tensão elétrica. No nosso dia-a-dia ouvimos “a tensão nas
tomadas de nossa casa é de 127 V”, “a tensão do chuveiro
é de 220 V” ou “a bateria do celular é de 3,7 V”.
VAB
No formato contínuo, a tensão elétrica só possui S1
uma polaridade, como no caso do circuito da Figura 1.12, L2 L3
onde duas pilhas são associadas em série. Uma força I
elétrica é exercida pelos polos A e B da associação de B
pilhas, fazendo com que as cargas no fio condutor se VAB: tensão contínua, 3 V.
desloquem de A para B (sentido convencional da
Figura 1.12 – Circuito com divisor de tensão.
corrente).

Exemplo 1.3 − Medição de tensão elétrica. O voltímetro é o aparelho ou instrumento utilizado para medir
a diferença de potencial ou tensão em um circuito elétrico. Utilizamos a função de voltímetro em um
instrumento denominado de multímetro, o qual pode ser analógico (Figura 1.13a) ou digital (Figura 1.13b).
A resistência do interna do voltímetro deve ser alta o suficiente, para que não ocorram erros significativos
na medição.

Display do
Multímetro
digital

Ajuste de
funções

Bornes:
encaixe das
pontas de
prova

(a) (b)
Figura 1.13 – (a) Multímetro analógico e escalas2. (b) Multímetro digital (Catálogo MINIPA Electric , 2018).

O multímetro contém as funções de voltímetro, amperímetro (medição de corrente) e de ohmímetro


(medição de resistência). Alguns modelos contêm as funções de medição de capacitância e de temperatura
e ainda a função de teste de transistores e de diodos.

2
Disponível em: https://www.eletropecas.com/_uploads/ProdutoDownload/produto_9.pdf.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 16 Curso Técnico de MECÂNICA
1.6.2 – Tensão elétrica em corrente alternada (CA)

A energia elétrica, pode-se dizer, é uma das formas de energia que move a vida moderna. Diversos
equipamentos a utilizam, como telefones celulares, eletrodomésticos, equipamentos industriais, indústria
automotiva etc. No Brasil ela é produzida em grande parte nas usinas hidrelétricas (UHE) – Figura 1.14a,
onde ocorre a conversão de energia mecânica em elétrica. É produzido um sinal de corrente alternada (CA)
pela rotação do eixo de um gerador trifásico, através de uma turbina acionada pela força da água (ver a
Figura 1.14b).

(a) (b)
Figura 1.14 – (a) Aspecto de uma Usina Hidrelétrica (UHE) – vista de perfil. (b) Esquema de barragem de UHE com
destaque para a turbina. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hydroelectric_dam_portuguese.PNG

Deste gerador, a energia cinética convertida em energia elétrica é enviada através de condutores ao
seu destino, através das linhas de transmissão (LT). A energia elétrica é entregue das LT às subestações de
distribuição e, a partir daí, aos consumidores.
Outras formas de se obter energia elétrica estão ilustradas na Figura 1.15, como a energia eólica
(força dos ventos para tocar o eixo do gerador) e energia solar. No Brasil encontramos também usinas de
energia nuclear, que utilizam materiais radioativos como o Urânio para produzir eletricidade. Destes
materiais se obtêm calor através de uma reação nuclear. As usinas de energia nuclear brasileiras estão
localizadas em Angra dos Reis (Angra I e Angra II), com potencial de geração de 2 mil MW.

(a) (b) (c) (d) (e)


Figura 1.15 – Exemplos de fontes de corrente alternada: (a) usina geradora; (b) gerador CA portátil; (c) gerador eólico;
(d) painel solar; (e) gerador de sinais (BOYLESTAD, 2012).

A Figura 1.16 mostra um zoom sobre a operação de uma turbina hidráulica. Note-se que o seu eixo
é que aciona o gerador de energia elétrica. No Brasil, estas turbinas são utilizadas nas usinas hidrelétricas

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 17 Curso Técnico de MECÂNICA


de Itaipu, de Tucuruí, de Furnas, e de Foz do Areia, dentre outras, com cerca de 100 m de queda d’água.
Na Figura 1.17 vê-se o rotor de uma turbina de um gerador da UHE de Estreito, município do Maranhão.

Figura 1.16 – Esquema de uma turbina que Figura 1.17 – Instalação da unidade geradora 1, da UHE
aciona um gerador de uma UHE3. Estreito. Fonte: http://www.pnegrao.com.br/2010/12/montagem-
da-primeira-unidade-geradora.html.

Gerador elementar

A Figura 1.18 apresenta o esquema de um gerador elementar de uma espira, submetida à ação de um fluxo
magnético, interno à região entre os polos norte e sul de um ímã. Com a rotação desta espira, através de alguma
forma de energia mecânica (turbina, por exemplo), obtém-se um sinal alternado e senoidal nos seus anéis
coletores.

 Mas, o que é uma espira?

Numa definição simples, uma espira constitui um tipo de circuito elétrico, com aplicações na
produção de campo magnético e eletricidade. É um componente encontrado em geradores de energia
elétrica, motores elétricos, transformadores e indutores, dentre outros.

Figura 1.18 – Aspecto básico de um gerador CA (O'MALLEY, 2014).

Na Figura 1.19a tem-se o aspecto construtivo de uma bobina de comprimento l com N espiras
(aspecto prático, ver a Figura 1.19b). A Figura 1.20 mostra a aplicação de uma bobina em um disjuntor,
dispositivo de proteção utilizado em instalações elétricas residenciais, comerciais e industriais.

3
Fonte: http://www.eletrica.ufpr.br/~jean/Eletrotecnica/Material_Didatico/Aula03_Sistemas_Trifasicos.ppt

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 18 Curso Técnico de MECÂNICA


l

2a 2r

d
(a) (b)
Figura 1.19 – (a) Indutor ou bobina de comprimento l formado por N espiras. (b) Aspecto de uma bobina.

Bobina

Figura 1.20 – Aspecto de um disjuntor. Fonte: http://www.abracopel.org.br.

O transformador é outro equipamento onde, a partir do projeto de suas bobinas de entrada


(enrolamento primário) e de saída (enrolamento secundário), se dimensiona a amplitude dos seus sinais de
tensão e corrente – veja a Figura 1.21. As bobinas do transformador são enroladas em torno de um núcleo
comum.
Em baixa frequência é utilizado um núcleo de material magnético como o aço laminado e em alta
frequência, de materiais não magnéticos, como o ferrite. A Figura 1.22 mostra um transformador de
potência, trifásico ligado a uma rede de distribuição de energia elétrica.

Figura 1.21 – Transformador monofásico.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 19 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 1.22 – Transformador trifásico (VISCOVINI, SILVA, et al., 2015).

1.6.3 – Gerador elementar – princípio de funcionamento

O gerador elementar visto na Figura 1.18 contém um condutor (na prática uma bobina), o qual é
girado por uma turbina a vapor ou qualquer outra forma de energia mecânica. Tal rotação provoca uma
alteração contínua no fluxo magnético em torno do condutor e, em função disso, surge em seus terminais
uma tensão induzida sob forma senoidal, como será demonstrado a seguir.
A Figura 1.23a mostra uma espira inclinada por um ângulo alfa () em relação às linhas de campo
⃗ . Na Figura 1.23b, esta espira gira na região de campo magnético, o que
magnético, indicadas pelo vetor 𝐵
produz uma tensão senoidal nos terminais X e Y.

Reta normal
B à superfície

(a) (b)
Figura 1.23 – (a) Espira inclinada por um ângulo  em relação às linhas do campo magnético. (b) Produção de
tensão senoidal. Disponível em: http://macao.communications.museum/images/exhibits/small/2_4_1_1_por.png

1.6.4 – Lei de Faraday – F. E. M. induzida

O fluxo magnético em uma espira como a da Figura 1.23a, está associado à quantidade de linhas de
indução magnética que atravessa a sua superfície, como representado em (1.7). Nesta equação, B é dado
em Tesla [T]; A é a área da espira, em m2 e  é o ângulo determinado entre a reta normal à superfície e a
direção do vetor indução.

 = B A cos  (1.7)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 20 Curso Técnico de MECÂNICA


A Lei de Faraday, também conhecida como lei da Indução Eletromagnética, está relacionada com a
força eletromotriz induzida (f.e.m.) em uma espira, quando há variação de fluxo magnético com o tempo.

“A f.e.m. em volts, induzida em um circuito é igual ao negativo da taxa de variação com que
o fluxo magnético através do circuito está mudando no tempo” (Michael Faraday, 1791-1867
– veja a Figura 1.24).

Matematicamente a Lei de Faraday é expressa por (1.8):

N 
 =− (1.8)
t

Michael Faraday, nascido em 1791, em Londres, foi um

Thomas Phillips/Wikimedia Commons


físico e químico britânico com grandes contribuições para a
Engenharia Elétrica, como os seus estudos e descobertas em
Eletricidade e Eletromagnetismo. Estes estudos e experimentos
foram a base para a invenção do motor elétrico.

A variável N, em (1.8), é o número de espiras; o sinal negativo


indica a polarização da f.e.m. induzida (Lei de Lenz). Para uma
variação infinitesimal ( e t tendendo para zero), utiliza-se a
derivada, d/dt. Para uma função cosseno, a sua derivada é dada
por (1.9).

𝑑
𝑑𝑥
𝑐𝑜𝑠 𝑥 = − 𝑠𝑒𝑛 𝑥 (1.9)
Figura 1.24 − Michael Faraday.

Resolvendo então a função (1.8), resulta em (1.10).

𝑁𝑑𝜙 𝑁𝑑(𝐵𝐴 𝑐𝑜𝑠 𝛼 )


𝜀=− =−
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑(𝑐𝑜𝑠 𝛼 )
= −𝑁𝐵𝐴 ⋅ = −𝑘. (− 𝑠𝑒𝑛 𝛼 )
𝑑𝑡

 = k sen  (1.10)

onde: k = N.B.A é o valor máximo da tensão ou f.e.m. induzida.

Logo, teremos o valor máximo da tensão induzida max em  = 90 graus (sen 90o = 1). O valor mínimo
(min) é obtido para o ângulo  = 270 graus (sen 270o = − 1). A Figura 1.25 mostra a formação de uma
senóide de acordo com um giro completo de uma espira do gerador CA elementar.
Por (1.10), determina-se o valor da f.e.m. induzida nos instantes 1, 2, 3, 4 e 5. Nos instantes 1, 3 e 5,
a f.e.m. é nula, pois não há variação de fluxo magnético, ou seja, d/dt = 0. A variação máxima ocorre nos
intervalos entre os instantes 1 e 2 (variação max positiva), 2 e 3 (max negativa), 3 e 4 e 4 e 5. Pela Figura
1.26, pode-se acompanhar o ciclo completo da senóide formada pelo giro de um fasor, indicando no
diagrama um ciclo de 0 a 360 graus.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 21 Curso Técnico de MECÂNICA


1 2 3 4 5
Figura 1.25 – Um ciclo completo da tensão CA com o giro de 360 graus de uma espira.

90o 1 ciclo
B
,
A B C D A

C
1800 0o
A

D
2700 v(t) ¼ volta ½ volta ¾ volta 1 volta ,
B B

, , ,,
C A C A
0
A /2 
rad
3/2 2
rad
t
rad rad

,
D D
1 ciclo 1 ciclo

Figura 1.26 – Dois ciclos de tensão alternada gerados pela rotação de uma espira (GUSSOW, 2009).

Para um gerador de 2 polos (norte e sul), a rotação de uma bobina ao longo de 360º geométricos (ou
graus mecânicos) gera sempre 1 ciclo de 360º elétricos de tensão. Observe que, por exemplo, para um
ângulo  de 90 graus, a tensão induzida na espira é máxima, pois  = k sen  = k sen 900 = max.

Forma de onda, frequência e velocidade angular

Na Figura 1.27 é apresentada uma forma de onda senoidal, desenhada em um oscilograma. O


instrumento para verificar o formato e outros parâmetros de um sinal periódico é o osciloscópio – ver a
Figura 1.28 (exemplo de osciloscópio digital).
Esta forma de onda, equação geral em (1.11), é obtida pela Lei de Faraday do Eletromagnetismo.
Esta equação mostra a tensão escrita no DOMÍNIO DO TEMPO, ou seja, em função do tempo t em
segundos.

v(t) = Vmax sen (t  ) (1.11)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 22 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 1.27 – Representação de uma senoide.

Os parâmetros desta equação serão apresentados a seguir, válidos para qualquer formato de forma de
onda CA: quadrada, triangular, dente-de-serra, etc. É bom recordar que, para estes parâmetros, utiliza-se o
eixo vertical dos gráficos para a representação de tensões e correntes, e o eixo horizontal para representar
o tempo.

Tela do osciloscópio
Figura 1.28 – Tela de um osciloscópio digital.
Fonte: https://www.equiposylaboratorio.com/userfiles/TEKTRONIXTDS1001.jpg

1.6.5 – Sinais CA senoidais – principais parâmetros

 Período (T) - duração de um ciclo ou ainda o intervalo de tempo entre dois pontos da curva de mesma
situação (picos positivos ou negativos, p. ex.). É medido em segundos.

 Frequência (f) – número de repetições ou ciclos por segundo. É medida em Hertz (Hz).
Equação: f = 1/T, logo, T = 1/f. Daí Hz = 1/s ou s-1. A frequência do sistema elétrico no Brasil é de 60 Hz;
em outros países se usa 50 Hz.

Curiosidade: na área de telefonia celular, os padrões de frequência de


operação atuais estão na faixa de GHz (lembre-se de que 1 G = 1 x 109).

 v(t) é o valor instantâneo da tensão, por exemplo, representado também por v (em minúsculo e itálico).

 Vmax é o valor máximo (positivo ou negativo), também denominado amplitude ou tensão de pico.

 Valor de pico-a-pico, Vpp: é a distância entre os valores máximo e mínimo. Matematicamente, para um
sinal simétrico como o da Figura 1.27, este parâmetro é dado por (1.12).

Vpp = Vmax – (–Vmax) = 2Vmax (1.12)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 23 Curso Técnico de MECÂNICA


 Ângulo  (phi, legra grega): é o ângulo de fase inicial, que indica a posição angular onde se inicia o semiciclo
positivo da forma de onda senoidal.

Exemplo 1.4 – Seja um sinal de tensão dado por v(t) = 10 sen (377t). Para t = 0 ms, tem-se o valor
instantâneo calculado por: v(10ms) = 10 sen (377 rad/s  0 ms) = 0 V.

 Exercício – Seja a forma de onda senoidal da Figura 1.29, cuja função é v(t) = 8 sen (5t).

v(t)

Vmax

Time (ms)
Figura 1.29 – Forma de onda senoidal do Exemplo 1.2.

a) Qual é o valor máximo? E qual é o seu valor de pico-a-pico?


b) Encontre o seu valor instantâneo em 0,3 s e 0,6 s.
c) Qual é o período da forma de onda? E qual é a frequência? Quantos ciclos são vistos na Figura 1.29?

Convenção de sinais

Se a onda senoidal é ADIANTADA em relação ao instante t = 0 (Figura 1.30a), o ângulo de fase 


é considerado positivo ( > 0) na Equação (1.11) e escrevemos v(t) = Vmax sen (t + ). Neste caso, o
semiciclo positivo começa sempre antes do zero (0) no eixo t.
Na Figura 1.30b o semiciclo positivo começa após o instante t = 0, ou seja, a onda senoidal está
ATRASADA. O ângulo de fase é considerado negativo ( < 0) e escrevemos v(t) = Vmax sen (t − ).

x(t) x(t)

0 t 0 t


(a) (b)
Figura 1.30 – Função x(t) = Xmax sen (t  ): (a) Ângulo de fase  > 0. (b) Ângulo de fase  < 0.

  = t é um ângulo em rad, onde  (teta) é uma letra grega – ver (1.13). Graficamente,  é representado
no eixo horizontal, utilizado também para a variável tempo.

 = t = (2/T).t (1.13)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 24 Curso Técnico de MECÂNICA


 Frequência angular  (letra grega ômega) ou velocidade de giro angular, em rad/s. É definida
matematicamente por (1.14), ou por  = 2/T, em que f = frequência (Hz) e T = período (s).

 = 2f (1.14)

Exemplo 1.5 – Valor instantâneo de v(t). v(mV)


6
A forma de onda de tensão da Figura 1.31 é representada pela f = 2 kHz
equação v(t) = Vmax sen (t  ), com  = 2f (rad/s).
0 t
v(t) = 6 mV sen (4  103)t + 400).

Para o instante t = 0s, tem-se: 400


v(t) = 6 mV sen (4  103)0 + 400) Figura 1.31 – Forma de onda de v(t),
= 6 mV sen 400 = 3,85 mV. para o exemplo 1.5, com  = 400.

 Valor Eficaz ou RMS

O valor eficaz de uma função representa a v(t)


capacidade de produção de trabalho efetivo de uma Tensão eficaz = 0,707 Vmax
+ Vmax
grandeza variável no tempo entre as suas excursões
positivas e negativa. Podemos identificar também o valor
eficaz de um sinal por valor RMS (Vrms), de root mean
square, valor médio quadrático. T
Para uma tensão senoidal, por exemplo (Figura 0 T/2 t
1.32), cuja equação no domínio do tempo é dada por v(t)
= Vmax sen t, o seu valor eficaz é obtido por (1.15).
- Vmax
V
Vef = max = 0, 707  Vmax (1.15) Figura 1.32 – Conceito gráfico do valor eficaz
2
de uma senóide (MUSSOI, 2006).

O significado físico do valor eficaz para este sinal senoidal de tensão é extraído da análise da potência
elétrica fornecida a um mesmo resistor R, primeiro através de uma fonte de tensão contínua e depois de
uma fonte CA senoidal, como mostra a Figura 1.33. No primeiro circuito desta figura, a fonte é contínua,
com V1 = 127 V. Obtém-se: I1 = V1/R = 127/100 = 1,27 A.

Daí, P1 = V1I1 = 127 V  1,27 A = 161,29 W.

No segundo circuito, o resistor R é alimentado por um sinal senoidal v2, ajustado para que o
amperímetro indique uma corrente eficaz de 1,27 A, a fim de que seja dissipada a mesma potência que no
primeiro circuito. Logo, P2 RMS = 127 VRMS  1,27 ARMS = 161,29 WRMS.

I1 I1 i2 i2
+ A -+ A - A A

V1 V1R R v2 v2 R R
100  100  100  100 

Figura 1.33 – Circuitos para medição da potência RMS num resistor. Simulação com o software PSpice®.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 25 Curso Técnico de MECÂNICA


O valor ajustado para v2 equivale a uma tensão CC, a qual, aplicada ao resistor R, dissipa a mesma
potência (em CA) que no primeiro circuito (em CC). O circuito da Figura 1.34 apresenta um modo prático
de se medir a energia térmica entregue por ambas as fontes CC e CA ao resistor R.

iCA
ICC
S2
S1

v(t) V
Gerador CA Fonte CC

Figura 1.34 – Medição da energia dissipada por um resistor alimentado em CC e CA (BOYLESTAD, 2012).

Em resumo, podemos afirmar: o valor da tensão eficaz ou da corrente eficaz é o valor que produz
numa resistência o mesmo efeito que uma tensão/corrente contínua constante desse mesmo valor.

Observações:

• Os instrumentos comuns de medição em corrente alternada (voltímetros, amperímetros e multímetros)


fornecem valores eficazes somente para sinais senoidais;
• Para medir corretamente o valor eficaz de uma forma de onda de tensão (ou de corrente) não perfeitamente
senoidal deverá ser usado um voltímetro (ou amperímetro) mais sofisticado, conhecido como True RMS
(valor eficaz verdadeiro). Este tipo de instrumento é capaz de fazer a integração da forma de onda (de
qualquer formato, senoidal, triangular etc.) e fornecer o seu valor eficaz exato.
• Para uma forma de onda contínua constante, o valor eficaz é igual ao valor médio (VCC ou (VDC).

1.7 – Resistência Elétrica

A resistência elétrica (R) representa a medida da oposição ao movimento dos portadores de carga
(elétrons livres) quando se movimentarem através de um condutor. Assim, quanto maior a mobilidade dos
portadores de carga, menor será a resistência elétrica do condutor.
A simbologia utilizada para o resistor segue duas tendências para o resistor fixo (Tabela 1.2),
adotadas por organizações internacionais das áreas de engenharia elétrica, como IEC, NEMA e IEEE.

1) "retângulo" com terminais (1ª linha da tabela), é uma representação simbólica para os resistores
de valores fixos tanto na Europa como no Reino Unido, por exemplo e
2) representação em "linha quebrada" (zig-zag), usada nas Américas e no Japão.

Tabela 1.2 – Simbologias mais usuais para o resistor elétrico.


Símbolo Descrição
R1
Resistor fixo

R1
Resistor fixo

P1 R1 Resistor variável
(potenciômetro)
P1

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 26 Curso Técnico de MECÂNICA


1.7.1 – Aspecto construtivo e aplicações dos resistores

A Figura 1.35a mostra o aspecto construtivo de um resistor de filme de carbono (de baixa potência)
e a Figura 1.35b um resistor variável. Obviamente os resistores diferem em tamanhos, em função de sua
potência elétrica e aplicação.

Cursor de ajuste
Terminal
Terminal Filmededecarvão
Filme carvão helicoidal
helicoidal
(tampa)
(tampa) Cobertura
Cobertura isolante
isolante

Terminal
Terminal (fio)
(fio)

Tubo cerâmico
Tubo cerâmico

(a) (b)
Figura 1.35 – (a) Aspecto de um resistor de filme de Carbono. (b) Resistor variável: trimpot (esq.) e reostato (dir.).

Funções de um resistor elétrico

As funções de um resistor elétrico são: limitador de corrente; ajuste de sinais em circuitos de áudio:
controle de volume, equalização de som (Figura 1.36) e dissipador de energia (efeito joule), como ocorre
no chuveiro elétrico, por exemplo, onde a energia elétrica é convertida em energia térmica (Figura 1.37).
Os resistores não possuem polaridade, podendo ser conectados de qualquer forma em um circuito,
utilizando seus terminais. É, portanto, um componente bidirecional em corrente e tensão.

Figura 1.36 – Uso do potenciômetro em um mini amplificador de áudio. Fonte:


http://www.automatismos-mdq.com.ar/blog/2013/09/coleccion-de-mini-circuitos-utiles.html

CHUVEIRO ELETRÔNICO
Chuveiro eletrônico

Resistência
Resistência
elétrica
elétrica Controle de
temperatura

Controle de
temperatura

Figura 1.37 – Aplicação da resistência elétrica em um chuveiro eletrônico.

Especificação do resistor

O resistor é especificado em ohms () e em Watts (unidade de potência de trabalho). Os resistores


de fio (P > 5 Watts), têm valores expressos em seu encapsulamento (Figura 1.38, resistores de potência),
onde no 1º resistor, vê-se 22R 5 % 10W, o que significa:

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 27 Curso Técnico de MECÂNICA


R = 22   5% (tolerância) e suporta 10 Watts.

Figura 1.38 – Tipos de resistores de potência. Fonte: http://autosom.net/artigos/lpad.htm

1.7.2 – A primeira Lei de Ohm

Por volta de 1800, Georg Simon Ohm (físico e matemático alemão, 1789-1854) pesquisou a relação
entre a tensão e a corrente em um circuito elétrico, como o da Figura 1.39, contendo uma fonte CC, um
resistor, um voltímetro e um amperímetro. Ohm descobriu que, num circuito em que a resistência não
variava com a temperatura, quando ocorria um aumento na tensão aplicada, a corrente variava em uma
proporção direta: a relação entre a tensão (V) e a corrente (I) se mostrava constante, como visto no gráfico
da Figura 1.40.

0,36

0,30

0,24

0,18
R = 100 
0,12

0,06

6 12 18 24 30 36 V (volts)

Figura 1.39 – Circuito base utilizado por Georg Simon Figura 1.40 – Plotando a Lei de Ohm – inclinação
Ohm, de cuja análise surgiu a Lei de Ohm4. do gráfico i  v (BOYLESTAD, 2003).

Lei de Ohm − Gráfico i  v

Na experiência de Ohm no circuito resistivo série como o da Figura 1.38, são tomadas as medidas da
tensão sobre o resistor R e a sua corrente elétrica. A fonte CC é ajustada de 0 a 36 V, de 6 em 6 V. Como
mostra o gráfico da Figura 1.39, a cada 6 V de variação na fonte é medida a corrente no circuito. O gráfico
mostra uma relação linear entre a tensão e a corrente medidas no resistor R, representada pela equação
(1.16).

V = k.I (1.16)

4
Disponível em: http://nzip.rsnz.org/es/applets/ohmslaw_files/Image-ohm2.jpg

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 28 Curso Técnico de MECÂNICA


A constante de proporcionalidade k representa a inclinação do gráfico da Figura 1.40, destacada na
Figura 1.41. Ela determina a resistência elétrica do circuito da Figura 1.39 – no caso, 100 .

i (A) v V
R= =
i I k = v/i

i

v
0 v (V)
Figura 1.41 – Curva característica i  v.
Figura 27.
A inclinação k é a resistência R do circuito.

A relação constante entre a tensão e a corrente no resistor R é conhecida como Primeira Lei de Ohm,
reescrita como em (1.17).

v
R= (1.17)
i

Para cada ponto ou intervalo de pontos da reta no gráfico da Figura 1.40, as relações (1.16) e (1.17)
permitem encontrar o valor da resistência R em ohms.

1.8 – Diagramas elétricos e símbolos gráficos

Antes de apresentarmos os circuitos elétricos resistivos, em série e em paralelo, á importante


entendermos aspectos básicos de diagramas elétricos e símbolos gráficos em Eletricidade. Na Figura 1.42a
temos uma representação descritiva de um circuito elétrico em série, onde uma fonte de tensão contínua
fornece energia a uma lâmpada, pelo acionamento de uma chave liga-desliga.

Diagrama descritivo e esquemático

O circuito da Figura 1.42a, na forma descritiva, é representado de forma esquemática na Figura 1.42b,
que é uma forma abreviada de se desenhar um circuito elétrico. O diagrama esquemático, portanto, é uma
representação padrão para se desenhar um circuito elétrico, que mostra, através de símbolos gráficos, as
ligações elétricas e as funções das diferentes partes de um circuito (GUSSOW, 2004).

V1 (fonte CC) L1 (lâmpada)


AA BB
S1 S11
(chave)
S
+
B1 B1 L1 L1

(a) (b)
Figura 1.42 – Um circuito simples com lâmpada. (a) Diagrama descritivo. (b) Diagrama esquemático.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 29 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 1.6 – Placa de Circuito Impresso (PCI) a partir de um diagrama esquemático

A partir de um diagrama esquemático efetua-se o projeto de uma placa de circuito impresso (PCI ou
PCB, de printed circuit board). Nesta placa são dispostos os componentes do circuito e as trilhas (ligações)
que os conectam.
As PCI ou circuitos impressos foram desenvolvidos para substituir as antigas estruturas para fixação
de componentes eletrônicos, denominadas de pontes de terminais.

O circuito impresso consiste de uma placa isolante de fenolite, fibra de vidro, fibra
de poliéster, filme de poliéster, filmes específicos à base de diversos polímeros, etc, que
possuem a superfície com uma, duas ou mais faces, revestida por fina película de cobre,
constituindo as trilhas condutoras, revestidas por ligas à base de ouro, níquel, estanho chumbo,
ou verniz orgânico, entre outras, que representam o circuito onde serão soldados e interligados
os componentes eletrônicos5

Em diversos equipamentos da tecnologia moderna são encontradas as PCI, como em TVs digitais,
aparelhos de telefonia celular, circuitos de automação etc. Nas Figuras 1.43a e 1.43b temos,
respectivamente, um exemplo de placa de circuito impresso e a sua versão correspondente em 3D.

(a)

(b)
(a) (b)
Figura 1.43 – (a) Exemplo de placa de circuito impresso. (b) Visão da placa em (a) em 3 dimensões (3D).
Disponível em: https://server.ibfriedrich.com/wiki/ibfwikien/index.php?title=3D_View

Na Tabela 1.3 são apresentados os principais símbolos gráficos padronizados para os componentes
elétricos mais comuns. As letras entre parêntesis identificam o tipo de componente − por exemplo,

5
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Circuito_impresso

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 30 Curso Técnico de MECÂNICA


utilizamos a letra R para o resistor, S para chave ou interruptor, V para voltímetro etc. Se em um circuito
um componente é utilizado mais de uma vez, emprega se um subscrito para identificar cada componente
na sequência em que aparece (R1, R2, L1, L2 etc.).

Tabela 1.3 − Símbolos-padrão para os principais componentes elétricos.


Bateria (B ou V) Terra (GND) Chave (S)

Célula de bateria (pilha) Fios ligados ou conectados Fios não ligados


+

Resistor variável na configuração Resistor variável na configuração


reostato: utilizados somente os potenciômetro: são utilizados todos os
Resistor fixo (R)
terminais a e c (o terminal b é terminais. O terminal c funciona como
desconectado). divisor de tensão

Europeu
Americano

Indutor (L) Transformador (núcleo de ar) Transformador (núcleo de ferro)

Tap

Com TAP central

Capacitor eletrolítico (C, uso em CC) Capacitor (C, uso em CA) Gerador ou fonte de tensão CA (v)

+
~
Galvanômetro (G) Amperímetro (A) Voltímetro (V)

G A V
Lâmpada (L) Fusível (F) Diodo (D)
em desuso
mais usual

Exemplo 1.7 – A Figura 1.44 apresenta um circuito muito comum para o acionamento para uma lâmpada,
bastante utilizado em nossas residências (formatos descritivo e esquemático).

Retorno N (neutro)
N (neutro)
Neutro
L1
F (fase)
Fase
L1

R (condutor
F (fase)
de retorno)
S1 S2 S1 S2 S1

Figura 1.44 – Ligação do interruptor “THREE-WAY” (paralelo) – diagramas descritivo e esquemático.

Neste circuito, a lâmpada pode ser acionada por dois interruptores paralelos, esquema este conhecido
como Three-Way. Observe os símbolos para os interruptores (S1 e S2) e a lâmpada (L). O interruptor Three-

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 31 Curso Técnico de MECÂNICA


Way é utilizado sempre em par, para comandar uma lâmpada (ou conjunto de lâmpadas) de dois pontos
distintos, como por exemplo em uma escada (Figura 1.45).

Fase
Fase
S22
S
Neutro
Neutro Retorno
Retorno

LL1
1

SS11

Figura 1.45 – Exemplo de uso de interruptores “THREE-WAY” em uma escada.

Outra simbologia interessante, que não aparece na Tabela 1.3, diz respeito aos símbolos e cores dos
condutores utilizados em instalações elétricas prediais e residenciais, como ilustra a Figura 1.46. Uma
máquina de lavar monofásica, por exemplo, utiliza os cabos vermelho, azul e o verde-amarelo.

Fase Neutro Proteção Retorno

(a)
PRETO
VERDE E
VERMELHO AZUL
AMARELO
(mais CLARO
indicado)

Proteção (terra ou GND)


(verde e
amarelo) Esta identificação é
Fase (vermelho) feita com facilidade,
desde que se saiba
como são ligadas as
lâmpadas, interruptores
e tomadas.
Neutro

Retorno (b)
Figura 1.46 – (a) Simbologia e (b) cores para os condutores FASE, NEUTRO, PROTEÇÃO (antigo
condutor de TERRA) e RETORNO, para uso em corrente alternada (CA). Fonte: Normas NBR 5410.

1.9 – Circuitos elétricos

Nesta seção serão apresentados os circuitos série, paralelo e misto, com uma fonte de energia CC
alimentando resistores. O objetivo é a compreensão de como se comportam as grandezas tensão e corrente
elétricas e calcular os principais parâmetros de cada circuito.

1.9.1 – O circuito série

O circuito série (Figura 1.47a, diagrama esquemático) é formado por dois ou mais resistores, ligados
um após o outro. A sua principal característica principal é que existe somente um percurso para a passagem
de corrente elétrica, ou seja, a corrente em todos os seus elementos/dispositivos é a mesma. O diagrama
descritivo correspondente ao esquemático é visto na Figura 1.47b. Neste circuito, o terminal negativo da
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 32 Curso Técnico de MECÂNICA
fonte CC está “aterrado”, ou seja, ligado ao potencial do terra (GND, de ground, em inglês), que possui o
potencial elétrico de referência de 0 V (zero volts).

V1 V2
+ - + - ...
R1 R2
+
E I Rn Vn
-

GND Potencial de referência: pode ser o terra


(GND) ou o terminal negativo da fonte
(a) (b)
Figura 1.47 – Associação série de resistores. (a) Diagrama esquemático. (b) Diagrama descritivo.

Um circuito série apresenta as propriedades: (1) a corrente em todos os resistores é a mesma e igual
à da fonte, de acordo com (1.18) e (2) a somatória das tensões dos resistores é igual à tensão da fonte – veja
em (1.19).

I = IR1 = IR2 = ... = IRn (1.18)

E = VR1 + VR2 + ... + VRn (1.19)

Aplicando-se a Lei de Ohm em cada resistor para (1.19), obtém-se (1.20). Nesta equação, se
dividimos todos os seus membros por I, obtemos (1.21). O fator E/I é o valor da resistência total ou
equivalente da associação série da 1.46, dado por Req em (1.22), para n resistores.

E = I.R1 + I.R2 + ... + I.Rn (1.20)

E/I = Req = R1 + R2 + ... + Rn (1.21)

Req = R1 + R2 + ... + Rn (1.22)

1.9.2 – O circuito paralelo

O circuito paralelo (Figura 1.48) é aquele onde dois ou mais dispositivos estão ligados à mesma fonte
de tensão. Observa-se neste caso que os três resistores estão ligados em paralelo entre si e com a bateria
+V. Os resistores R1, R2 e R3 formam ramos neste circuito, bem como a fonte de tensão V.

IT I1 I2 I3

+
V R1 R2 R3

RT

Figura 1.48 – Um circuito paralelo com três malhas.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 33 Curso Técnico de MECÂNICA


Neste tipo de circuito ocorre mais de um percurso fechado (ou malha). Por exemplo, a fonte +V e o
resistor R1 formam um percurso fechado, constituindo a malha 1. A corrente da fonte, IT, é igual à soma
das correntes nos ramos 1, 2 e 3, como em (1.23). Aplicando-se a Lei de Ohm aos dois lados desta equação,
obtém-se (1.24), onde RT é a resistência total ou equivalente do circuito.

𝐼𝑇 = 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 (1.23)

𝑉 𝑉 𝑉 𝑉
= + + (1.24)
𝑅𝑇 𝑅1 𝑅2 𝑅3

Simplificando-se a equação (1.24), encontra-se (1.25), a qual permite encontrar o valor de RT ou


resistência equivalente do circuito. Para n resistores em paralelo, tem-se (1.26), pela qual encontra-se a
resistência total ou equivalente de um circuito com n resistores ligados em paralelo. O fator 1/R T é
denominado de condutância do circuito.

1 1 1 1
= + + (1.25)
𝑅𝑇 𝑅1 𝑅2 𝑅3

1 1 1 1
= + +. . . + (1.26)
𝑅𝑇 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

1.9.3 – O circuito misto

O circuito misto é aquele em que ocorrem as conexões série e paralelo simultaneamente. No circuito
da Figura 1.49, por exemplo, temos no primeiro circuito a fonte + V em série com R1 e esta combinação
em série com os resistores R2 e R3 (conectados em paralelo). Este circuito pode ser reduzido (veja o segundo
circuito) para que RT seja igual a RT = R1 + (R2 // R3), onde o símbolo // é utilizado para indicar conexão
em paralelo.

IT IT

R1 I1 I2 R1
+ +
V R2 R3 V R23

RT RT

Circuito misto Circuito reduzido


Figura 1.49 – Um circuito misto e sua redução a um circuito série.

Exemplo 1.8 − Encontre, para o circuito da Figura 1.50, a resistência equivalente e a corrente no resistor
R1. Todos os resistores são iguais a 1 k e a bateria Vcc = 12 V.

A B

R1 R3
+ R2
Vcc R4 R5

Figura 1.50 – Um circuito série-paralelo ou misto.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 34 Curso Técnico de MECÂNICA


Solução:

a) Inicialmente, encontramos a resistência R45:

R45 = (R4  R5)/( R4 + R5) = 500 .

Em seguida, soma-se R45 com R3, e obtém-se R345 = 1,5 k. A resistência equivalente agora é dada
por R1 em série com a combinação em paralelo de R2 e R345.

𝑅2×𝑅345 1 k × 1,5 k
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 +𝑅345
→ 𝑅𝑒𝑞 = 1 k + 1 k + 1,5 k
= 1,6 k

b) a corrente que circula por R1 é a corrente total do circuito, dada por

𝑉cc 12
𝐼𝑇 = = = 7,5 mA.
𝑅eq 1,6 k

1.10 – Potência Elétrica

Uma razão importante para o cálculo de potência e energia num projeto de um sistema elétrico é o
fato de que todos os dispositivos reais apresentam limitações quanto à quantidade de potência que são
capazes de dissipar e, portanto, somente os cálculos de tensão e corrente não são suficientes para garantir
as suas corretas especificações (NILSSON e RIEDEL, 1999).

Como se define a potência?

A potência significa a taxa de trabalho realizado ou o trabalho realizado por unidade de tempo. Para
a potência elétrica, a sua unidade no SI é o Watt [W], derivada da relação Joule [J] por segundo [s], definida
matematicamente por (1.27).

Δw
p= [W] (1.27)
Δt

dw
Com Δw e Δt → 0, p =
dt

onde o operador dw/dt é denominado derivada do trabalho em relação ao tempo, através do qual se
consegue encontrar a potência instantânea de uma função w(t), pois a derivada é uma reta tangente a um
ponto. Recordando as unidades de corrente e tensão vistas anteriormente e fazendo o produto da tensão pela
corrente (V  I), resulta na potência elétrica, em (1.28).
Através de (1.28) e da Lei de Ohm, obtém-se a potência elétrica calculada por (1.29) e (1.30).

𝑗𝑜𝑢𝑙𝑒𝑠 𝐽 𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 𝐶
𝑉 = 𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 [𝐶 ] 𝑒 𝐼 = 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 [ 𝑠 ]

𝑗𝑜𝑢𝑙𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 𝐽
P = V × I = 𝑐𝑜𝑢𝑙𝑜𝑚𝑏 × = [𝑠 ] (1.28)
𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜

P = R × I2 (1.29)

P = V 2 ⁄R (1.30)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 35 Curso Técnico de MECÂNICA


1.11 – Energia elétrica

A energia elétrica consumida ou produzida é o produto da potência elétrica de entrada ou saída e o


tempo durante o qual essa entrada ou saída ocorre (O'MALLEY, 2014), como em (1.31).

W(joules) = P (Watts)  t (segundos) (1.31)

Esta unidade definida em (1.30) é redefinida de forma mais conveniente com o acréscimo do prefixo
k (igual a 103). Assim obtemos o kilowatt−hora (kWh), como em (1.32), adotada pelas concessionárias de
energia elétrica para tarifar o seu consumo. A Figura 1.51 mostra o aspecto de um medidor de energia
elétrica, muito conhecido no Brasil como “relógio de luz”.

watts × hora
𝑘𝑖𝑙𝑜𝑤𝑎𝑡𝑡 − ℎ𝑜𝑟𝑎 = 𝑘𝑊ℎ = 1000
(1.32)

Figura 1.51 – Aspecto de um relógio medidor de energia elétrica.


Fonte: https://www.automacaor3.com.br/qual-a-funcao-do-relogio-medidor-de-energia

EF – Exercícios de Fixação – Série 1

EF 1.1 – Seja o esquema de uma lanterna, como o da Figura 1.52. Com base na Tabela 1.3, desenhar o
diagrama esquemático no espaço indicado, considerando-se a sua chave liga-desliga.

Chave liga-desliga (ON-OFF)

Modelo da pilha
ri : resistência interna Lâmpada

Figura 1.52 – Diagrama descritivo de uma lanterna. Disponível em:


http://docplayer.com.br/110485-Exercicios-eletrodinamica.html.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 36 Curso Técnico de MECÂNICA


EF 1.2 – Construir os diagramas esquemáticos dos seguintes circuitos:

a) Uma bateria de 12 V alimentando uma lâmpada (6 W) e um resistor de 24  ligados em série.


b) Uma fonte de tensão CA de 127 V alimentando um transformador em cujo secundário estão
conectados um diodo em série com um resistor. No primário do transformador, em série com a fonte
CA, está ligado um fusível.

EF 1.3 (NILSSON e RIEDEL, 1999) − Existem aproximadamente 142 milhões de carros de passeio nos
Estados Unidos. Suponha que a bateria de um carro (ver a Figura 1.53) armazene, em média, uma energia
de 440 watts-hora (Wh). Estimar, em gigawatts-hora, a energia total armazenada nos carros americanos.
Resp.: 62,48 GWh.

(a) (b)
Figura 1.53 – Bateria automotiva: (a) aspecto físico. (b) Partes constituintes. Fontes:
(a) http://blog.mixauto.com.br/o-que-e-e-como-funciona-o-sistema-de-ignicao/ (b) http://www.classicpremium.com.br/tag/bateria-automotiva/

EF 1.4 – Um estudante usou uma lâmpada de 100 W durante 6 h de estudo. Se o custo médio da energia é
de R$ 0,15 / kWh (valor fictício), calcule o custo da energia consumida neste período.

EF 1.5 – Um eletrodoméstico alimentado por uma fonte CA de 127 V que possui uma resistência de 18
ohms operou por uma hora e meia. Qual foi a energia elétrica utilizada? Qual seria a energia elétrica deste
eletrodoméstico operando no mesmo tempo, em uma rede de 220 V?

EF 1.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Um aquecedor elétrico de 1,8 kW leva 15 min para ferver
certa quantidade de água. Se isto for feito uma vez por dia e a eletricidade custar R$ 0,10/kWh, qual o custo
de sua operação durante 30 dias?

EF 1.7 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – A Figura 1.54 mostra o consumo de energia de determinada
residência em 1 dia. Calcule a energia total consumida em kW e a potência média por hora durante um
período de 24 horas.

1200 W
P (W)
800 W

200 W

t (h)

Meio-dia
Figura 1.54 – Curva p  t para o EF 1.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

R ES P OS TAS de questões sel ecion ad as


1.4 1.5 1.6 1.7
Custo: R$ 0,09 W(127 V) = 1,34 kWh Custo: R$ 1,35 (a) 10 kWh. (b) 416,67W
W(220 V) = 4,03 kWh

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 37 Curso Técnico de MECÂNICA


ES – Exercícios Suplementares

Questão 1 – A Tabela 1.4 mostra a constante dielétrica  para alguns meios. Sejam duas cargas de sinais
opostos, Q1 e Q2, situadas no papel, como meio isolante, a 2 m uma da outra. Qual é a força de atração entre
estas cargas? As cargas são iguais, com 2 C de carga elétrica.

a. ( ) 2,57  10-3 N. Tabela 1.4 – Constante dielétrica () de alguns meios.


b. ( ) 4,5  10-3 N. Meio isolante Constante dielétrica ()
c. ( ) 5,14  10-3 N. ou fator de redução
Vácuo 1,00000
d. ( ) 10,29  10-3 N.
Ar 1,00054
Concreto armado 1,51
Âmbar6 2,7
Teflon 2,1
Acrílico 3,4
Papel 3,5
Vidro 4,5
Porcelana 6,0

Questão 2 – A Figura 1.55 mostra um movimento de cargas em um condutor conectados aos polos de uma
bateria automotiva. É CORRETO afirmar:

e- zoom

Figura 1.55 − Elétrons em um fio de cobre entre os terminais de uma bateria automotiva (BOYLESTAD, 2012).

a. ( ) O movimento de cargas apresentado na Figura 1.44 não ocorre em função da diferença de


potencial entre os terminais (+) e (-).
b. ( ) Nesta bateria ocorre a conversão de energia química em energia mecânica.
c. ( ) A variação de carga elétrica com o tempo em uma determinada seção deste condutor é definida
como corrente elétrica, em ampères.
d. ( ) O fio de cobre é considerado um material isolante.

Questão 3 − A especificação ampère-hora (Ah) de uma bateria indica quanto tempo a sua tensão fixa será
capaz de fornecer uma corrente em particular. Uma bateria com uma especificação ampère-hora de 100
fornecerá teoricamente uma corrente de 1 A por 100 horas, 10 A por 10 horas ou 100 A por 1 hora. Como
se pode ver, obviamente, quanto maior for a corrente, menor será o tempo. A equação para determinar a
duração de uma bateria a uma determinada corrente é:

6
O Âmbar é um tipo de resina fóssil.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 38 Curso Técnico de MECÂNICA


Especificação em Ah
Vida (horas)=
Ampères drenados (A)

Por quanto tempo uma bateria de uma lanterna de 1,5 V fornece uma corrente de 250 mA para a
lâmpada se a especificação ampère-hora é 16 Ah?

a. ( ) 6,4 h. b. ( ) 12,8 h. c. ( ) 32 h. d. ( ) 64 h.

Questão 4 – Calcular a corrente na lâmpada da lanterna (Figura 1.56), se a sua resistência interna é de 15
ohms. O resultado CORRETO é:

a. ( ) 0,35 A. b. ( ) 0,2 A. c. ( ) 0,1 A. d. ( ) 0,015 A.

Ilâmpada

Figura 1.56 − Diagramas descritivo e elétrico de uma lanterna (BOYLESTAD, 2012).

Questão 5 – A Figura 1.57 mostra um sinal de corrente,


i(t), resultado da medida em um osciloscópio digital. Com
base nos parâmetros indicados na tela (V/div. e s/div.),
encontre os valores aproximados de:

a) período em ms.
b) frequência em kHz.
Base de tensão: 50 mV/div.
c) valor máximo e valor eficaz. Base de tempo: 10 s/div.

d) o ângulo de fase em graus. Figura 1.57 − Forma de onda de corrente, i(t)


– tela de osciloscópio (BOYLESTAD, 2012).

Questão 6 – A forma de onda da Figura 1.58 foi aplicada a v(mV)


um resistor R de 1 ohm. Assinalar a alternativa CORRETA
120
com relação aos parâmetros desta forma de onda. f = 1 kHz

a. ( ) O seu ângulo de fase é de 80 graus.


b. ( ) O seu valor de pico a pico é de 240 V.
0 t
c. ( ) O seu período é de 10 ms. 800
d. ( ) A corrente máxima no resistor é de 12 mA.
Figura 1.58 – Forma de onda senoidal.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 39 Curso Técnico de MECÂNICA


Questão 7 – Seja o circuito da Figura 1.59. Usando a leitura da tensão no resistor R2 pelo osciloscópio,
determinar o valor aproximado da resistência R1, sendo R2 = 22 ohms (BOYLESTAD, 2012).

vvR2
R2 (canal
(canal1)
1)
R1 Osciloscópio
Osciloscópio

E = 20 V (rms) R
R22 43,22 Vpp
43,22 pp

Figura 1.59 – Questão 7 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 8 – Seja o circuito da Figura 1.60a, onde um resistor é alimentado por uma fonte CA e uma fonte
CC, em série. A forma de onda da Figura 1.60b, obtida em simulação, é a tensão no resistor R1, senoidal,
sobreposta a um sinal contínuo. Determine as equações de v1(t) e de vR1 (t) e a máxima corrente no resistor,
sendo R1 = 10 ohms.

i1 vR1
vR1

Vmax sen t ~ v1
R1
+
6V
0.005 0.015 0.025

(a) (b)
Figura 1.60 – Circuito com resistor alimentado por um sinal senoidal sobreposto a um sinal CC.

Questão 9 – No circuito da Figura 1.61, 3 lâmpadas podem ser acionadas por uma fonte CA senoidal de
120 VRMS (V1). Com a chave S1 na posição 2, a corrente da fonte (IV1) é de 1,558 A. Para a chave S1 na
posição 1, qual é a alteração na corrente da fonte? Considere vL3 = 112,3 V com R3 em série, para a lâmpada
L3 operar na tensão abaixo da nominal.

1,558

IV1

112,21 VL1

Figura 1.61 – Circuito das questões 9 e 10.

Questão 10 – Considerando-se ainda o circuito da questão 9, em qual situação a fonte fornece mais potência,
em Watts? Justifique.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 40 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo
2 MOTOR DE
INDUÇÃO

Capítulo 2 – Motor de Indução


2.1 – Introdução Estator

Os motores de corrente alternada ou CA ou (ver o seu


aspecto na Figura 2.1) constituem a maioria das aplicações Rotor
industriais, principalmente porque a distribuição de energia Eixo

elétrica é feita em CA.


Basicamente, o motor elétrico é um equipamento que
converte energia elétrica em energia mecânica. No campo
de acionamentos industriais, avalia-se que de 70 a 80% da
Figura 2.1 – Aspecto de um motor CA. Fonte:
energia elétrica consumida seja transformada em energia https://www.webarcondicionado.com.br/motores-
mecânica através de motores elétricos (FRANCHI, 2014). eletricos-historia-e-como-funcionam

Na Figura 2.2 são apresentados diversos tipos de motores elétricos de pequeno e médio porte, de
acordo com a sua especificação elétrica e mecânica (tensão e corrente de alimentação, potência mecânica
de saída, torque ou conjugado disponível no eixo etc.).

Figura 2.2 – Diferentes tipos de motores elétricos. Fonte:


https://www.mundodaeletrica.com.br/tipos-de-motores-eletricos-quais-sao/

Neste capítulo serão apresentados os conceitos básicos sobre: 1) motores CA, de rotor bobinado e de
rotor de gaiola de esquilo, com suas principais características; 2) circuitos trifásicos (geração e carga, em
estrela e em triângulo) e 3) o funcionamento do motor de indução trifásico (MIT), o mais utilizado na
indústria.

2.2 – Aplicações do motor CA

Quando à velocidade de rotação do eixo, os motores CA podem ser classificados em:


(1) Motores síncronos: operam com frequência fixa, igual àquela da rede de alimentação CA.
Utilizados para faixas de grandes potências (devido ao custo alto para tamanhos menores). Nestes motores,
a velocidade do rotor é igual à do campo girante do estator (assunto que será apresentado a seguir).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 41 Curso Técnico de MECÂNICA


(2) Motores assíncronos: operam com velocidade que variam ligeiramente com a carga mecânica
aplicada ao eixo. A velocidade do rotor é diferente da velocidade do campo girante do estator.

Em aplicações domésticas – equipamentos como


aspiradores de pó, liquidificadores, alguns ventiladores,
furadeiras e etc. –, podemos destacar o uso do motor
elétrico universal, que pode ser alimentado em CC ou
em CA, em velocidade variável (veja o seu aspecto na Figura 2.3 – Motor elétrico universal. Fonte:
Figura 2.3). https://www.mecanicaindustrial.com.br/como-
funciona-o-motor-universal/

O motor assíncrono de indução possui atualmente uma aplicação muito grande tanto na indústria
como em utilizações domésticas, dada a sua grande robustez, baixo preço e simplicidade na partida (em
motores de baixa potência, podendo ser direta). Vale mencionar uma aplicação visível no nosso dia-a-dia:
o uso do motor de indução no acionamento de elevadores prediais, em conjunto com um equipamento
eletrônico, o inversor de frequência (Figura 2.4).

Figura 2.4 – Conjunto inversor de frequência e motor de indução. Disponível em:


Catálogos WEG (Specification guide - Electric Motors, 2020).

2.3 – Partes constituintes

Serão apresentadas neste item as principais partes constituintes do motor de indução, do tipo trifásico.
Inicialmente, apresentamos um vídeo sobre as 7 partes mais importantes do MIT. Utilize o QR Code na
Figura 2.5 para acessar este vídeo no canal do Youtube, Sala da Elétrica.

QR Code

Figura 2.5 – As 7 partes do MIT. Fonte: Youtube. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=dPKzVcfjL_o

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 42 Curso Técnico de MECÂNICA


Na Figura 2.6 é apresentado um MIT em corte, onde são numeradas as suas principais partes
constituintes. Estas partes estão localizadas em dois setores: estator (parte fixa) e rotor (parte girante). O
espaço entre o estator e o rotor é chamado de entreferro.

Figura 2.6 – Vista do motor de indução (MI) – partes constituintes do estator e do rotor. Disponível em:
http://www.weg.net/files/products/WEG-motores-eletricos-baixa-tensao-mercado-brasil-050-catalogo-portugues-br.pdf

Estator

• Carcaça (1) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em ferro fundido, aço ou alumínio
injetado, resistente à corrosão e com aletas.
• Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético, tratadas termicamente para reduzir ao mínimo as
perdas no ferro.
• Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada fase, formando um sistema
trifásico ligado à rede trifásica de alimentação.

Rotor

• Eixo (7) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado termicamente para evitar
problemas como empenamento e fadiga.
• Núcleo de chapas (3) - as chapas possuem as mesmas características das chapas do estator.
• Barras e anéis de curto-circuito (12) - são de alumínio injetado sob pressão numa única peça.
Outras do motor podem ser verificadas na Figura 2.6: tampa (4), ventilador (5), tampa defletora (6), caixa
de ligação (9), terminais (10) e rolamentos (11). A Figura 2.7 mostra o motor de indução em vista explodida,
onde são verificados mais componentes.

2.3.1 – Tipos de rotor no motor de indução

Existem dois tipos de rotor para o motor de indução, os quais serão apresentados de maneira breve
neste texto, no caso, para o motor de indução trifásico (MIT).

2.3.1.1 – Rotor enrolado ou bobinado

O rotor tipo bobinado (Figura 2.8), com estrutura semelhante ao enrolamento do estator, é constituído
por um núcleo de chapas de aço Silício (isoladas entre si), sobre o qual são alojadas as espiras que
constituem o enrolamento. Os anéis coletores ou deslizantes, montados sobre o eixo do rotor, conectam os
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 43 Curso Técnico de MECÂNICA
seus enrolamentos de fase para um reostato – veja, p. ex., Figura 2.9. É importante lembrar que os
enrolamentos do rotor não são ligados a qualquer fonte de alimentação. O motor de indução com este tipo
de rotor é conhecido também como motor de anéis.

Figura 2.7 – Aspecto do motor de indução, em vista explodida. Disponível em:


https://pt.scribd.com/document/47035093/WEG-Motores-Eletricos-Baixa-Tensao-Mercado-Brasil-050-Catalogo-Portugues-Br

A função do reostato constituído por resistências variáveis na Figura 2.9 é reduzir as correntes de partida
elevadas, no caso de motores de elevada potência. Isto assegura uma partida mais suave. Além disso, o uso do
reostato proporciona o ajuste da velocidade do motor.

Rolamento de esfera (mancal) Enrolamentos


do rotor Reostato
Anéis Enrola-
deslizantes mento
trifásico
do rotor

Eixo do
rotor
Escovas

Ventilador de Anéis deslizantes


resfriamento
Núcleo Rolamento
do rotor de esfera
Figura 2.9 – Reostato ligado aos enrolamentos
Figura 2.8 – Rotor bobinado – aspecto construtivo.
do rotor de um MI (resistência rotórica).

2.3.1.2 – Rotor de gaiola de esquilo

Este rotor é constituído por um núcleo de chapas ferromagnéticas de aço Silício, isoladas entre si,
sobre o qual são colocadas barras de alumínio (condutores), dispostas paralelamente entre si e unidas nas
suas extremidades por dois anéis condutores (também de alumínio), os quais provocam um curto-circuito
nos condutores, como mostram as Figuras 2.10 e 2.11.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 44 Curso Técnico de MECÂNICA


Anel Barras
condutor do rotor

Figura 2.10 – Estrutura de um rotor do tipo gaiola de esquilo.

(a) (b) (c)


Figura 2.11 – (a) Pacote de lâminas (material ferromagnético). (b) Gaiola (barras).
(c) Rotor bobinado (pacote e gaiola) (JÚNIOR, 2019).

Vantagens de um motor com o uso deste rotor, em comparação ao rotor bobinado:

1) construção do induzido mais prática, mais barata e mais rápida;


2) trata-se de um motor de simples fabricação, robusto, de manutenção reduzida;
3) rápida ligação à rede CA, dispensando o uso de anéis coletores (componente sensível e caro);
4) possibilita melhor adaptabilidade aos ambientes mais agressivos.

Outro aspecto a comentar: com a ausência de anéis coletores, não ocorre a produção de faíscas. A
Figura 2.12 mostra um motor de indução (vista em corte) com rotor em gaiola de esquilo.

2.4 – Princípio de funcionamento do MIT

Antes de entender os princípios de


funcionamento do MIT, teremos algumas
noções sobre o seu sistema de alimentação, o
sistema trifásico.

2.4.1 – Noções sobre o sistema trifásico

A geração, a transmissão e a utilização em Rotor em


grande escala de energia elétrica CA envolve, gaiola
de esquilo
quase invariavelmente, um tipo de sistema ou
circuito denominado sistema ou circuito
Figura 2.12 – Motor de Indução Trifásico – vista em corte.
polifásico. Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A.

Um sistema trifásico (3𝜙) emprega fontes de tensão que consistem em três tensões iguais em
módulo e deslocadas entre si por ângulos de fase de 120°. O sistema trifásico possui importantes
vantagens econômicas e operacionais, sendo de longe o mais comum.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 45 Curso Técnico de MECÂNICA


Geração de tensões trifásicas

Um gerador CA projetado para desenvolver uma única tensão senoidal para cada rotação do eixo
(rotor) é denominado gerador CA monofásico. Se forem usados três enrolamento no rotor, posicionados de
uma determinada maneira, o resultado será um gerador trifásico, que gera mais de uma tensão CA para
cada volta completa do rotor.
As Figuras 2.13a e 2.13b mostram, respectivamente, um gerador trifásico e suas bobinas, defasadas
de 120 graus umas das outras. Se conectadas com o ponto neutro (N) em comum, tem-se a ligação estrela
ou Y (Figura 2.13c).

a1

c2
a2

n 

c1
 neutro

b2 b1

(a) (b) (c)


Figura 2.13 – (a) Aspecto de um gerador trifásico e (b) Bobinas, defasadas entre si de 1200
(BOYLESTAD, 2012). (c) Gerador CA trifásico – conexão em estrela (Y).

Notação de duplo índice nos sistemas trifásicos

Em Circuitos Elétricos, a notação de duplo índice inferior (subscrito) mostra que o primeiro índice inferior
correspondente ao ponto de maior potencial. Exemplo: para a tensão V AB (veja a Figura 2.14) o ponto A (1º
índice) possui potencial elétrico maior que o ponto B (2º índice).

Figura 2.14 – Notação de duplo índice em uma conexão trifásica em Y.

Nos sistemas trifásicos a notação de duplo índice é muito útil para indicar, entre dois pontos de um
circuito, a referência tomada para a tensão elétrica e também o caminho da corrente elétrica. Por exemplo,
na Figura 2.13, VAN indica a tensão no ponto A (fase A) em relação ao ponto N (neutro, referência do
circuito); IAN indica a corrente que flui do ponto A para o ponto N.
Mas estas grandezas poderiam ser escritas com apenas um subscrito. Em que situação? Se o terminal
de neutro estiver conectado ao de terra (GND, de ground), o seu potencial é nulo. Se o neutro constitui o
segundo subscrito para a tensão ou corrente, então na Figura 2.13 a tensão VAN poderá ser escrita como VA
e a corrente IAN apenas como IA.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 46 Curso Técnico de MECÂNICA


As conexões estrela e triângulo em sistemas trifásicos

Outro tipo de conexão em sistemas trifásicos é a ligação em triângulo ou delta (). A Figura 2.15
mostra um gerador trifásico nas conexões estrela (Y) e triângulo (), com as fases denominadas de a, b e c
(podem ser denominadas também por R, S e T). Como já observado anteriormente, na ligação Y pode ser
utilizado um fio a mais, o neutro (n).

Ia
a
Ia
a a
Va Vca Vab Iba
n Vca Vab Ib
Vc Vb Iac b
b
Ib
b Vbc Ic
Icb
Vbc c c
Ic
c
(a) (b)
Figura 2.15 – Gerador trifásico: conexões em (a) estrela e em (b) triângulo (FITZGERALD e KINGLSEY, 2014).

Grandezas de linha e de fase

A tensão de linha em um sistema trifásico é aquela que ocorre entre duas fases, sendo utilizada, na
sua identificação, a notação de duplo índice subscrito ou de um único índice. Assim, escrevemos:

VL (tensão de linha) = VFF (tensão fase-fase)

Sequência de fase

Em um sistema trifásico a sequência de fase indica a ordem com que as tensões de fase passam,
por exemplo, pelo valor máximo. Na Figura 2.16a a sequência de fases é abc, pois temos o valor
máximo destas tensões de fase na ordem abc: primeiro, a tensão van, em seguida vbn e após esta, vcn.
Esta sequência é denominada direta ou positiva. A Figura 2.16b mostra a representação fasorial destas
formas de onda.

vcn
van vbn vcn
 rad/s

van

vbn
(a) (b)
Figura 2.16 – (a) Sequência de fase abc (direta ou positiva). (b) Representação fasorial.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 47 Curso Técnico de MECÂNICA


Ocorrendo uma alteração na sequência abc, de modo que tenhamos uma sequência acb, por exemplo,
podemos denominá-la de sequência de fase inversa ou indireta ou negativa.

A sequência de fases é importante, pois determina, por exemplo,


o sentido de rotação de um motor conectado à rede elétrica.

Embora a sequência de fases de uma instalação trifásica não pareça ter importância, é fundamental
que seja sempre mantida com relação ao seu projeto. Por exemplo, se necessitamos interligar duas redes
trifásicas, é imprescindível que a sequência de fases em ambas seja a mesma.
O efeito da sequência de fases ocorre na operação de um motor elétrico, por exemplo. Em uma
sequência pré-estabelecida, o motor gira no sentido horário – sequência abc ou RST, veja a Figura 2.17a.
Invertendo-se a sequência de fases o sentido de rotação do motor se inverte – no segundo esquema (Figura
2.17b) as fases S e T são trocadas (a sequência agora é RTS).

R Sequência RST: rotação R Sequência RTS: rotação


no sentido horário M no sentido anti-horário
M T
S
3~ 3~
T S
(a) (b)
Figura 2.17 – Mudança no sentido de rotação de um motor CA 3f. (a) Sequência direta, RST,
rotação do motor no sentido horário. (b) Rotação no sentido reverso, sequência RTS.

A inversão do sentido da sequência de fases pode indicar uma falha em um sistema elétrico, detectada
por um relé eletrônico de sequência de fases – ver o Exemplo 2.1. Este relé é um dispositivo destinado à
proteção de sistemas trifásicos contra inversão da sequência direta das fases (R−S−T), sendo conectado
diretamente à rede elétrica trifásica a ser monitorada.

Exemplo 2.1 – Uso de relé eletrônico na proteção contra inversão na sequência de fase

Este relé – veja o seu aspecto na Figura 2.18, modelo do fabricante WEG – atua sempre que ocorre
uma anomalia na sequência direta de fases do sistema trifásico. As fases R, S e T do sistema trifásico devem
ser conectadas aos bornes L1, L2 e L3. A interrupção da operação do motor ou processo a ser protegido
ocorre com a mudança de conexão dos contatos NA e NF deste relé.

Figura 2.18 – Relés eletrônico de proteção contra inversão de sequência de fase. Modelo RPW-SF. Disponível em:
www.weg.net/files/products/WEG-reles-temporizadores-protetores-e-de-nivel-50009830-catalogo-portugues-br.pdf

Na Figura 2.19 são apresentadas as formas de onda que definem a lógica de operação das chaves NA
e NF deste relé, em função dos modos de funcionamento normal e com falha. Em modo normal, fases na

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 48 Curso Técnico de MECÂNICA


sequência direta (L1-L2-L3 ou RST), a chave NA está ativada – contatos 15-18 ativos, veja a primeira
forma de onda. O diodo LED vermelho está ligado neste intervalo.
Quando ocorre uma falha na sequência de fases (inversão de duas das três fases), o relé comuta a sua
chave para a posição 15-16 (NF) – veja a segunda forma de onda, em nível alto. Neste contexto o LED
vermelho é desligado.

Figura 2.19 – Símbolo do relé de sequência de fases e formas de onda. Adaptado da fonte disponível em:
https://static.weg.net/medias/downloadcenter/h45/hb9/WEG-automation-electronic-relays-50058082-en.pdf

Exemplo 2.2 – Transformador monofásico com tap central

Para um sistema monofásico como o da Figura 2.20, a tensão de linha é a tensão entre as fases 1 e 2
do secundário do transformador com tap central, onde está o condutor de neutro. Neste circuito, a tensão
de linha do secundário é VFF = 220 V RMS. A tensão de fase no secundário é a tensão entre cada fase com
o neutro (vfase 1-neutro e vfase 2-neutro, indicadas por vs), no valor de 110 V RMS.

2:1 Fase 1

110 V
VFF = VL
neutro
= 220 V
110 V

Fase 2
Figura 2.20 – Tensões de fase e de linha em um transformador com tap central.

Relação entre parâmetros de linha e de fase

No sistema trifásico, a relação entre os valores fase-fase (ou de linha) e de fase (ou fase-neutro, para
a conexão estrela a 4 fios) para tensão e corrente é determinada pelo fator √3. As relações (2.1) e (2.2) são
válidas para as ligações Y e , respectivamente. A Tabelas 2.1 sintetiza as relações entre os valores de linha
e de fase para as tensões e correntes nas conexões Y e .

𝑉𝐿 = √3  V𝐹 (conexão estrela) (2.1)

𝐼𝐿 = √3  I𝐹 (conexão triângulo) (2.2)

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 49 Curso Técnico de MECÂNICA


Tabela 2.1 – Relações entre as correntes de linha e de fase nas conexões Y e 
Tipo de conexão: Tensões Correntes
IL = IF Tensão de fase: VF Corrente de fase: IF
É a corrente que circula em
A
É a tensão em cada bobina ou cada bobina da fonte CA ou
impedância da conexão estrela. impedância da conexão Y.
VFN ZF Com o fio de neutro, é
VAC = VL denominada de VFN (tensão fase-
N Corrente de linha: IL
neutro)
É igual à corrente de fase −
B ZF ZF Tensão fase-fase: VFF ou
está no mesmo caminho da
tensão de linha (VL)
fonte CA para a carga.
C
Figura 2.21 − Conexão estrela (Y) 𝑉𝐿 = √3 𝑉𝐹 𝐼𝐿 = 𝐼𝐹

Tensão de fase: VF Corrente de fase: IF


IL
A
IF = IAC ... Tensão presente em cada
bobina (da fonte CA) ou em
Corrente que circula em cada
bobina (da fonte CA) ou em
_ cada impedância por fase da cada impedância por fase da
+
VCA conexão triângulo. conexão .
VAB Correntes
Não existe o fio de neutro
De Linha
VF VF nesta conexão. Corrente de linha:
_
+
IF = IBA É a soma fasorial das correntes
VF IL Tensão fase-fase:
_ de fase, em cada vértice do .
+ ...
C Para o nó A da Figura 2.20:
VBC VFF ou tensão de linha, é igual
B IL
IF = ICB à tensão de fase
... IBA = IAC + IL

𝑉𝐿 = 𝑉𝐹
Figura 2.22 − Conexão triângulo (). 𝐼𝐿 = √3 𝐼𝐹

Exemplo 2.3 – A Figura 2.23 mostra um sistema de distribuição de energia elétrica, nas formas primária,
em média tensão (13,8 kV) e secundária, em baixa tensão (220 V).

Figura 2.23 – Redes de média e baixa tensão e o transformador (LARA, 2012).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 50 Curso Técnico de MECÂNICA


O equipamento que reduz o nível de 13,8 kV para 220 V é o transformador – nesta figura, um
transformador trifásico. Se o secundário deste transformador for ligado em Y, a tensão de fase será:

𝑉𝐿 220
𝑉𝐹𝑁 = = = 127 𝑉
√3 √3

Se o transformador fosse monofásico com tap central (ver novamente a Figura 2.18), teríamos:

𝑉𝐿 220
𝑉𝐹𝑁 = = = 110 𝑉
2 2

EF – Exercícios de Fixação – Série 2 3 8

EF 2.1 – Seja um motor de indução trifásico


(MIT), apresentado em corte na Figura 2.24,
com alguns itens em destaque.

Qual das alternativas mostra a relação


CORRETA destes itens (1ª coluna) com a sua
descrição (2ª coluna) ?

7
1
Figura 2.24 – MIT: partes constituintes.

Item Partes constituintes do MIT (descrição)

(1) (3) Núcleo de chapas do rotor, que possuem as mesmas características


das chapas do estator.
(3) (1) Carcaça - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta
em ferro fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e
com aletas.
(7) (8) Enrolamento trifásico: três conjuntos iguais de bobinas, uma para
cada fase, formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de
alimentação.
(8) (7) Eixo: transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É
tratado termicamente para evitar problemas como empenamento e
fadiga.

a. ( ) (3), (7), (1) e (8)


b. ( ) (3), (1), (8) e (7)
c. ( ) (3), (8), (1) e (7)
d. ( ) (7), (8), (1) e (3)

EF 2.2 – A Figura 2.25 mostra uma carga (motor trifásico) em Y conectada a um gerador trifásico, também
ligado em Y. As tensões de fase do gerador são de 127 V eficazes e a impedância de cada fase da carga é
ZF = 5 ohms. Assinalar a afirmativa CORRETA a respeito deste sistema.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 51 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 2.25 – Gerador trifásico em Y alimentando uma carga conectada em Y.

a. ( ) A corrente de fase eficaz na carga é de 25,4 A.


b. ( ) A tensão de linha na carga é de 254 V RMS.
c. ( ) A corrente de linha do gerador é 1,73 vezes a corrente de fase.
d. ( ) Neste sistema as tensões de fase do gerador estão deslocadas de 90 graus.

EF 2.3 – Seja o sistema 3𝜙 da Figura 2.26, onde as cargas 1 e 2 são motores de indução trifásicos (MIT),
conectados em Y e em , respectivamente. São indicadas as suas impedâncias por fase, ZF1 e ZF2. Calcular
a corrente eficaz indicada no amperímetro A1. Encontra-se, aproximadamente:

VL = 220 VRMS, 60 Hz
R
S

IL M1 = ?
A1 A2 IL M2 = ? R
1

VL VFN 1 6
ZF1

N 4 ZF2 ZF2
ZF1 4 3
5 6
ZF1 3 ZF2
2
2 5
T S

Carga Carga
1: MIT1:ligado em , em
MIT ligado com.
Carga
Carga1: 1:
MIT ligado
MIT ligadoem
emY,Y.com
ZF1 Z = 0,02
=F0,01 .
+ j +10j12 ZF Z
=F20,03 + j22 
+ j15
= 0,02
Figura 2.26 – Sistema trifásico com dois motores de indução trifásicos alimentados em Y e em .

a. ( ) 0,158 A.
b. ( ) 1,58 A.
c. ( ) 5,081 A.
d. ( ) 10,58 A.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 52 Curso Técnico de MECÂNICA


2.4.2 – Operação do MIT

2.4.2.1 – Campo girante de um motor trifásico

O princípio de funcionamento do motor trifásico é o de um campo magnético girante, o qual provoca


a rotação do rotor da máquina.
O estator do motor de indução corresponde ao
núcleo ferromagnético estacionário, como mostra a Estator

Figura 2.27. Nas ranhuras do estator são alojadas as Rotor


espiras de fio condutor que constituem os
Ranhuras
enrolamentos ou bobinas do estator. Dependendo do Eixo do estator
número de ranhuras e da maneira como serão
dispostas as espiras dos enrolamentos, poderemos ter Ranhuras
2, 4, 6 ou 8 polos magnéticos. do rotor

Em uma bobina na qual circula uma corrente


elétrica, é criado um campo magnético dirigido
Figura 2.27 – Construção do estator e rotor de uma
conforme o eixo da bobina. O valor deste campo é máquina elétrica. Ranhuras para disposição dos
proporcional à esta corrente a ao número de espiras. enrolamentos.

As Figuras 2.28a e 2.28b mostram, respectivamente, um enrolamento monofásico e um enrolamento


trifásico atravessados por corrente(s) i(t) e o campo magnético H criado em ambas as situações7. Na Figura
2.28a é formado um campo magnético pulsante. Na Figura 2.28b é formado um campo magnético girante
em um enrolamento trifásico, a partir de tensões alternadas defasadas entre si de 120 graus elétricos.

(a) (b)
Figura 2.28 – (a) Enrolamento monofásico atravessado por uma corrente alternada i(t). (b) Enrolamento trifásico, onde
as tensões alternadas defasadas de 1200 elétricos geram, em dada fase, uma corrente i(t). (Specification guide - Electric
Motors, 2020).

O enrolamento monofásico, apresentado na Figura 2.28a, é formado por um par de polos, um polo
Norte e um polo Sul, cujos efeitos são somados para estabelecer o campo magnético h(t), o qual atravessa o
rotor entre os dois polos, se fechando através do núcleo do estator. Se a corrente i(t) é alternada e senoidal,
o campo magnético H também o será, como mostra a Figura 2.29.
Este campo magnético criado devido a uma só fase é denominado pulsante porque tem sempre a
mesma direção e não permite a indução de correntes significativas nos enrolamentos rotóricos. Logo, não se
consegue a formação do campo magnético girante. Isto explica a dificuldade existente na partida dos motores
monofásicos CA.

7
O campo magnético H (dado em A/m) e a densidade de campo magnético B (em Wb/m 2 ou Tesla) se relacionam pela expressão
B = H, onde  é a permeabilidade magnética do meio, dada por  = r 0, com o = 4  10-7 [Wb/A.m] (permeabilidade magnética
do vácuo) e r é a permeabilidade relativa, ou do meio.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 53 Curso Técnico de MECÂNICA
Para as máquinas elétricas trifásicas, como é criado ou como resulta o campo magnético rotativo ou
campo girante? E como é que se dá origem ao movimento de rotação de seu eixo?

B
+ Bmax

0
t

− Bmax

Figura 2.29 – Campo magnético pulsante B gerado por alimentação monofásica.

Correntes de fase do MIT ha (+)


ia
Inicialmente consideremos as três bobinas ha (-)
independentes no estator, as quais são montadas com uma
defasagem angular de 120˚ entre si – Figura 2.30. Estas hc ( - )
bobinas são alimentadas por tensões trifásicas va, vb e vc, hc (+)
defasadas eletricamente de 1200 (Figura 2.31). ib
São produzidas então as correntes ia(t), ib(t) e ic(t) e hb (-)
os campos magnéticos resultantes, que em cada bobina terá ic hb (+)
uma variação senoidal, como mostra a Tabela 2.2. As Figura 2.30 – Produção do Campo
equações são escritas em função de  = t. Girante por meio do Sistema 3𝜙.

Tabela 2.2 – Correntes de fase do MIT e campos magnéticos correspondentes.


ia(t) = Imax sen t ha(t) = Hmax sen t
ib(t) = Imax sen (t – 120 ) o
hb(t) = Hmax sen (t – 120o)
ic(t) = Imax sen (t + 120o) hc(t) = Hmax sen (t + 120o)

Note-se que o campo magnético individual de cada bobina do motor trifásico é pulsante e não girante.
Será obtido um campo magnético girante neste motor pela interação dos campos magnéticos das suas fases
a, b e c (REZEK, 2010).

va vb vc a
+ Vmax
1 4
N

0  rad/s
 = t 6
2
S/2 S/2
b
Eixo do
− Vmax 3 rotor 5
900 1800 2700 3600
1200 2400 c
Figura 2.31 – Tensões trifásicas aplicadas aos enrolamentos do estator de um MIT.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 54 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 2.4 – Encontrar a resultante da composição vetorial dos campos magnéticos das fases a, b e c do
enrolamento trifásico mostrado na Figura 2.30, para o instante correspondente ao ângulo t = 00.

Operando com t =  em graus elétricos, ou seja, t = 00 teremos: ha (+)


ia
0 ha (-)
ℎ𝑎 (0 ) = Hmax sen (00 ) = 0

0 √3
ℎ𝑏 (0 ) = Hmax sen (00 − 120𝑜 ) = Hmax sen (− 120𝑜 ) = − ( ) 𝐻max hc ( - )
2 hc (+)
ib
0 √3
ℎ𝑐 (0 ) = Hmax sen (00 +120 𝑜) 𝑜
= Hmax sen 120 = ( ) 𝐻max hb (-)
2
ic hb (+)

Os fasores de hb e hc estão desenhados na Figura 2.32. Observa-se o sinal de h(t), negativo para o
ângulo calculado, desenhado segundo a orientação mostrada para cada bobina (Figura 2.30). O mesmo
procedimento vale para um valor instantâneo positivo, com sinal (+).
A Figura 2.33 mostra o fasor resultante ℎ⃗𝑟 , de ℎ⃗𝑏 e ℎ⃗𝑐 . Forma-se então um triângulo ABC formado
por estes fasores, visto na Figura 2.34.

Figura 2.32 − Fasores hb(t) e hc(t) em t = 00. Figura 2.33 – Campo magnético resultante das fases b e c.

→ →
hc hb hc hb


hhrr hr
⃗ 𝑟, ℎ
Figura 2.34 – Triângulo ABC formado pelos fasores ℎ ⃗𝑏 eℎ
⃗ 𝑐.

Aplica-se a este triângulo a Lei dos Cossenos, através de (2.3), para o cálculo do lado hr em função
dos outros dois lados (hb e hc) e do ângulo entre eles (). Este ângulo entre os fasores ℎ⃗𝑏 e ℎ⃗𝑐 é de 120 graus
(ver a Figura 2.33). Substituindo-se os seus módulos na Equação (2.3), obtém-se o módulo de hr.

ℎ𝑟2 = ℎ𝑏2 + ℎ𝑐2 − 2ℎ𝑏 ℎ𝑐 𝑐𝑜𝑠 𝜃 (2.3)

hr2 = hb2 + hc2 − 2.hb .hc  cos1200 =

(( ) ) + (( ) ) ( ) ( )
2 2
= 3 2 H max 3 2 H max − 2 3 2 H max  3 2 H max  ( −0,5 )

2 9 3
Módulo de hr(t): ℎ𝑟 = √4 𝐻𝑚𝑎𝑥 = 2 𝐻𝑚𝑎𝑥

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 55 Curso Técnico de MECÂNICA


Este valor para o módulo de ht(t) será o mesmo para qualquer ângulo t – verifique, por exemplo,
para t = 900 e para t = 1200. Para o instante t = 900, o fasor resultante ℎ⃗𝑟 aponta verticalmente para
cima, pois ℎ⃗𝑟 = ℎ⃗𝑎 + ℎ⃗𝑏𝑐 (Figura 2.35). Nesta sequência, 00 → 900 → 1200 será observado que o campo
magnético resultante gira no sentido horário – verifique nas Figuras 2.33, 2.35 e 2.36.

hr

Figura 2.35 – Composição dos fasores de Figura 2.36 – Composição dos fasores de
ha(t), hb(t) e hc(t) para t = 900. hb(t) e hc(t) e hr(t) para t = 1200.

Sentido de giro do campo magnético no MIT

A Figura 2.37 sintetiza o sentido de giro do


campo magnético em função das três fases do MIT.
⃗ 𝑟 , basta inverter duas
Para a reversão de rotação de ℎ
das três fases do motor.
Matematicamente, troca-se o sinal do ângulo de
fase (𝜙) em duas das equações do campo magnético
h(t), como se verifica na Tabela 2.3: sequência abc
para acb, pela troca do sinal de 𝜙 em hb(t) e hc(t).
Seguindo este raciocínio, repita o cálculo do
módulo de campo magnético resultante, para os
ângulos na sequência, 00 → 900 → 1200. Será Campo girante: instantes (1) ao (6)
constatado, após o desenho dos digramas fasoriais, que
o campo magnético resultante gira agora no sentido
anti-horário. Figura 2.37 − Campo magnético resultante, hr (t).

Tabela 2.3 – Inversão de sentido do MIT – troca de fases b e c.


Sequência de fases abc Sequência de fases acb
ha(t) = Hmax sen t ha(t) = Hmax sen t
hb(t) = Hmax sen (t – 120 )
o
hb(t) = Hmax sen (t + 120o)
o
hc(t) = Hmax sen (t + 120 ) hc(t) = Hmax sen (t − 120o)

2.4.2.2 – Velocidade síncrona (ns)

Em um motor trifásico, a velocidade síncrona corresponde à velocidade de rotação do campo girante,


que é função do seu número de polos (P) da frequência (f) da rede elétrica. A velocidade síncrona do motor em
rpm (rotações por minuto) é dada por (2.4).

120 f
ns = m mmm (2.4)
P

onde ns = velocidade síncrona do motor, em rpm (rotações por minuto); f = frequência aplicada ao motor, em
Hz e P = número de polos do motor, ou seja, são os “P” polos girantes ao longo do entreferro.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 56 Curso Técnico de MECÂNICA


Os enrolamentos do MIT podem ser construídos com um ou mais pares de polos, distribuídos
alternadamente ao longo da periferia do núcleo magnético (um “norte” e um “sul”). O campo girante
percorre então um par de polos (p) a cada ciclo e, como o enrolamento tem P polos ou p pares de polos,
obtém-se:

120 f 60 f
ns [rpm] = = (2.5)
P p

Exemplo 2.5 – Encontre a rotação de um MIT de 6 polos, alimentado por uma rede 3𝜙 onde f = 50 Hz.

(120.50)
Pela equação (2.4): 𝑛𝑠 [𝑟𝑝𝑚] = 6
= 1000 rpm.

Resolvendo por (2.5), para 3 pares de polos (p = 3), tem-se: ns = (60 50)/3 = 1.000 rpm.

Exemplo 2.6 – Um motor síncrono é alimentado por uma tensão em 60 Hz. A rotação de seu campo girante
de 3.600 rpm. Calcular o número de polos do motor.

120𝑓 120.60
Da Equação (2.5): 𝑃 = 𝑛𝑠
= 3.600
= 2 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠

2.4.2.3 – Escorregamento (s)

No motor de indução o seu eixo gira a uma velocidade diferente da velocidade síncrona (velocidade
do campo girante). O enrolamento do rotor corta então as linhas de força magnética do campo magnético
do estator. Pelas leis do Eletromagnetismo, teremos correntes induzidas no enrolamento do rotor da
máquina (FRANCHI, 2007).
A diferença entre a velocidade medida no eixo do motor (n) e a velocidade síncrona do campo girante
(ns) é definida por escorregamento (s), expresso também como um percentual da velocidade síncrona, como
em (2.6).

𝑛𝑠 −𝑛
𝑠= [adimensional]
𝑛𝑠

𝑛𝑠 −𝑛
𝑠= × 100 [%] (2.6)
𝑛𝑠

Na prática o escorregamento pode ser expresso como um percentual da velocidade síncrona,


apresentando um valor baixo, entre 1% e 7%, o que faz a rotação do motor um pouco menor que a rotação
síncrona do seu campo girante (FILHO e FILIPPO, 2014).
O escorregamento varia com a carga aplicada ao motor: com o motor trabalhando em vazio, o
escorregamento é próximo de zero. Obviamente, à medida que aumenta a carga no eixo, o escorregamento
também aumenta e daí, a rotação do eixo do motor diminui.

2.4.2.4 – Conjugado

Em um motor elétrico, quanto maior a carga, maior será o torque necessário para o seu acionamento.
O torque é definido como o esforço necessário para se girar um eixo, ou, em linhas gerais, é uma força
atuante sobre uma alavanca, dando origem a um conjugado ou momento de força.
Este “esforço” é medido pela intensidade da força (em Newtons) empregada para girar o eixo e
também pela distância (em metros) de sua aplicação ao centro do eixo.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 57 Curso Técnico de MECÂNICA


Na Figura 2.38, por experiência prática, o “esforço” para se erguer o balde é realizado em função da
força 𝐹 aplicada à manivela e do seu comprimento (distância d ao eixo do tambor). Este “esforço” é medido
pelo conjugado (denominado também por torque), e o seu módulo em N.m é encontrado pela equação (2.7).

T=Fd (2.7) Tambor Manivela F


Assim, de dobrarmos o tamanho d da d
Eixo o
manivela, a força F para erguer a carga será reduzida
à metade.
Cabo ou
T=F.d
Exemplo 2.7 – No sistema da Figura 2.38, o peso do corda

balde é de 20 N e o diâmetro do tambor, 0,20 m.


Calcular o conjugado para que a força aplicada na
Balde
corda mantenha o balde suspenso e parado (em
(carga)
equilíbrio).
Solução: a força na corda, transmitida à superfície do 20 N
tambor deve ser igual a 20 N, aplicada a 0,10 m do Figura 2.38 – Definição de conjugado.
centro do eixo (d). Adaptado de (Motores Elétricos WEG, 2006).

Nesta condição o conjugado será:

T1 = F1  d1 = 20 N  0,10 m = 2,0 Nm.

Exemplo 2.8 – Na condição de equilíbrio citado no exemplo anterior, onde o balde fica suspenso e parado,
a força para contrabalançar o peso do balde se altera, se o comprimento d do braço da manivela aumentar.
Para um mesmo conjugado (T2 = T1 igual a 2,0 Nm) e para um comprimento d2 de 0,20 m, calcule o novo
valor da força F2 na manivela.

Solução:

Se tivermos d2 = 2d1 → T1 = F1  d1
2,0 N.m = F1  0,2 m → F2 = 10 N. Logo, a força aplicada à manivela fica reduzida à metade se
aplicada a uma distância 2  maior do seu eixo.

Curva conjugado  velocidade

A curva de conjugado  velocidade de um


motor CA apresenta a variação de torque em
função das diferentes fases de sua operação –
veja o seu aspecto na Figura 2.39.
O motor de indução tem conjugado igual a
zero à velocidade síncrona (ns). À medida que a
carga vai aumentando, a rotação do motor vai
caindo gradativamente, até um ponto em que o
conjugado atinge o valor máximo que o motor é
capaz de desenvolver em rotação normal. Se o
conjugado da carga aumentar mais, a rotação do
motor cai bruscamente, podendo chegar a travar Figura 2.39 – Curva conjugado  velocidade de um
o rotor. motor CA (Motores Elétricos WEG, 2006).
Nesta curva (Motores Elétricos WEG, 2006):

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 58 Curso Técnico de MECÂNICA


− Cp (conjugado de partida ou conjugado com rotor bloqueado): conjugado mínimo desenvolvido
pelo motor bloqueado, para todas as posições angulares do rotor, sob tensão e frequência nominais.
− Cn (conjugado nominal ou de plena carga): desenvolvido pelo motor sob potência, tensão e
frequência nominais.
− Cmin (conjugado mínimo): menor conjugado desenvolvido pelo motor ao acelerar desde a
velocidade nula até a velocidade onde o conjugado é máximo. Na prática, este valor não deve ser muito
baixo, para que a partida não seja muito demorada, o que pode provocar o sobreaquecimento do motor, nos
casos de alta inércia ou partida com tensão reduzida.
− Cmax (conjugado máximo): maior conjugado desenvolvido pelo motor, sob tensão e frequência
nominal, sem queda brusca de velocidade. O conjugado máximo, na prática, deve ser o mais alto possível,
por duas razões:
1) o motor deve suportar eventuais picos de carga como pode acontecer em certas aplicações, como
em britadores, calandras, misturadores e outras.
2) o motor não deve “arriar”, isto é, perder bruscamente a velocidade, quando ocorrem quedas de
tensão, momentaneamente, excessivas.
Sobre o escorregamento, este varia com a carga aplicada ao eixo do motor. Como se observa na curva
C  n da Figura 2.39, na operação em vazio o escorregamento é próximo de zero. À medida que a carga
aumenta no eixo, o escorregamento também aumenta. Isto é óbvio, pois, quando maior a carga, maior será
o conjugado ou torque necessário para acioná-la. Para se obter o torque, a diferença de velocidade terá que
ser maior a fim de que as correntes induzidas e os campos magnéticos produzidos sejam maiores. Logo, à
medida que a carga aumenta, diminui a rotação do motor.

2.5 – Características nominais

A especificação correta de um motor elétrico CA é efetuada inicialmente com relação aos parâmetros
nominais da rede de alimentação: número de fases, potência, tensão, frequência e corrente. Em segundo
lugar, devem ser conhecidas as suas características nominais. Neste texto serão apresentados os parâmetros
nominais mais importantes de um motor elétrico CA, tomando como exemplo os dados de placa de
identificação de um MIT de 6 terminais (Figura 2.40).

Figura 2.40 – Placas de identificação de um MIT. Fonte: WEG Equipamentos Elétricos S.A.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 59 Curso Técnico de MECÂNICA


Esta placa contém as informações que determinam as suas características nominais e de desempenho,
em conformidade com as normas NBR 17094-2, de 03/2016 − Máquinas Elétricas Girantes − Parte 2:
Motores de indução monofásicos − Requisitos.

- Potência mecânica do motor (5 CV): fornece a capacidade do motor de executar o trabalho desejado.

- Tensão nominal múltipla: é a tensão de alimentação do motor (220 ou 380 V). A grande maioria dos
motores elétricos é fornecida com terminais das bobinas religáveis, de modo que possam ser conectados
em redes de pelo menos duas tensões diferentes.

- Frequência exigida da tensão alimentadora (60 Hz).

- Rendimento () = 87,5 %, que, para este motor, indica que há 12,5 % de perdas.

- Categoria do conjugado: N, indica o conjugado de partida e a corrente de partida normais − aplicação


em bombas, máquinas operatrizes etc.

- Corrente nominal: corrente nominal que o motor absorve (13 ou 7,53 A, ver novamente a placa da Figura
2.35), que depende da tensão alimentadora e do tipo de ligação (em estrela ou em triângulo). É um
parâmetro fundamental para dimensionar os condutores de alimentação e os dispositivos de proteção.

- Corrente de Partida: é uma corrente que é um múltiplo da corrente nominal do motor, na faixa de 6 a
8. Na placa do MIT tem-se a indicação Ip/In, indicando quantas vezes a corrente de partida é maior que a
nominal.

Para a placa da Figura 2.38, Ip/In = 9. Com o MIT ligado em 220 V, por exemplo, In = 13 A. Então a
corrente de partida será: In = 9  In = 9  13 = 117 A.

- Regime de Serviço: é definido como a regularidade de carga a que o motor é submetido. No caso do
regime S1 (REG = S1, na placa), este é considerado um regime contínuo, isto é, a carga é constante por um
tempo indefinido, igual à potência nominal do motor.

- Rotação nominal: é a rotação do eixo do motor sob carga nominal, em rpm (3500 rpm).

- Esquema de ligação: mostra como os terminais devem ser ligados entre si e com a rede de alimentação:
(1) em triângulo (), com tensões de linha em 220 V e em estrela (Y), com tensões de linha atingindo até
380 V.

- Classe de Isolamento: B, indicando que o limite máximo de temperatura que o isolamento do motor
suporta continuamente sem redução de sua vida útil é de 1300 C (segundo as normas atuais).

- Fator de serviço, FS (no caso do motor da Figura 2.35, FS = 1,15) – indica a sobrecarga permissível que
pode ser aplicada continuamente ao motor sobre condições específicas. Para um FS de 1,15, este indica que
o motor suporta continuamente 15% de sobrecarga acima de sua potência nominal.

- Grau de Proteção, IP (Intrinsec Protection) do motor, IP = 55. Os invólucros dos equipamentos elétricos,
conforme as características do local em que serão instalados e de sua acessibilidade devem oferecer um
determinado grau de proteção.
Por exemplo, um equipamento a ser instalado num local sujeito a jatos de água deve possuir um
invólucro capaz de suportar tais jatos sob determinados valores de pressão e ângulo de inclinação sem que
haja penetração de água. No caso dos motores elétricos, a carcaça tem a função de invólucro de proteção
do motor, mais precisamente do conjunto estator-motor. O nível do grau de IP depende diretamente do
ambiente no qual o motor está instalado.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 60 Curso Técnico de MECÂNICA


As normas IEC e ABNT, ABNT NBR IEC 60529 (Graus de proteção providos por invólucros) e
ABNT NBR IEC 60034-5 (Grau de proteção de máquinas elétricas girantes) definem em tabelas8 os graus
de proteção dos equipamentos elétricos por meio das letras características IP seguidas por dois algarismos.
O primeiro dígito indica proteção contra corpos sólidos e o segundo dígito indica proteção contra água.

• O que indica para um MIT o grau de proteção IP 55? De acordo com as Normas citadas, este grau de
proteção indica proteção que a carcaça do motor possui proteção contra poeira e contra jatos d’água.

2.6 – Motores trifásicos  motores monofásicos

Na sua configuração trifásica, o motor de indução apresenta, em relação aos motores monofásicos,
uma superioridade: é mais econômico tanto na construção como na utilização. Geralmente é o mais
utilizado para acionamento de compressores, bombas e ventiladores. O uso de MIT se justifica a partir de
2 kW. Para potências menores, indica-se o motor de indução monofásico.
Como vantagens em relação ao motor monofásico, o MIT apresenta vantagens como partida mais
simples, ruído menor e menor custo. A sua configuração mais econômica é motor de indução de Gaiola de
Esquilo (aproximadamente 90 % dos motores CA fabricados são deste tipo).
No capítulo 7 serão apresentados os fundamentos e os circuitos de acionamento do motor monofásico
de 6 terminais.

8
Ver matéria Novos requisitos de grau de proteção de invólucros de equipamentos elétricos – IP 69. Disponível em:
https://www.osetoreletrico.com.br/novos-requisitos-de-grau-de-protecao-de-involucros-de-equipamentos-eletricos-ip-69/
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 61 Curso Técnico de MECÂNICA
Capítulo
3
Capítulo 3 – Contator Magnético
CONTATOR MAGNÉTICO

3.1 – Introdução

Neste capítulo será apresentado um dos principais dispositivos utilizados em circuitos de comando
de um motor elétrico: o contator magnético. O circuitos de comando são conhecidos como “chaves de
partida”, dos quais podemos destacar:

1) Partida Direta / Reversora (projeto básico): ligação direta do motor à rede CA


2) Partida Estrela−Triângulo; 3) Partida Compensadora;
4) Partida com Soft−Starter; 5) Partida com Inversor de Frequência.

As Figura 3.1 e 3.2 apresentam um painel completo de um quadro de comando (QC) de motores elétricos
e sua etapa de montagem. No painel podem ser dispostos vários botões e sinalizadores que indicam ao operador
as diversas funções e comandos projetadas para um determinado sistema. A disposição dos dispositivos em seu
interior é feita de forma organizada e permite fácil acesso às tarefas de manutenção.

Botoeiras e
sinalizadores
Interior do
Quadro de
Comandos
(dispositivos e
circuitos)
Painel de um
quadro de
comandos Frente
do QC

Figura 3.1 – Vista de um quadro de comando. Fonte: https://www.solucoesindustriais.com.br

Figura 3.2 – Montagem de um QC. Fonte: www.heautomacao.com.br/empresas-montadoras-paineis-eletricos.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 62 Curso Técnico de MECÂNICA


Na Figura 3.3 é apresentado um circuito denominado de Partida Direta, para um MIT. Este circuito
é dividido em dois diagramas, que serão estudados mais à frente, através de alguns exemplos:
(1) Diagrama de carga, principal ou de potência e
(2) Diagrama de comando ou auxiliar.
Destaca-se o contator magnético, nesta figura identificado por K1, através do qual são comandadas
quatro chaves normalmente abertas (NA), sendo que três delas conectam o MIT à rede CA trifásica.

Chaves ou Chave ou
contatos contato
principais auxiliar

Bobina do
contator

(a) (b)
Figura 3.3 – Sistema de partida direta de um MIT. (a) Diagrama de Carga. (b) Diagrama de Comando.

3.2 – Contator magnético

Os contatores (Figura 3.4) são dispositivos de manobra


eletromecânica construídos para uma elevada frequência de
operação. São comandados a distância, e seus contatos possuem
uma única posição de repouso estável (aberto ou fechado).
Os tipos de contatores são:
(1) Eletromagnéticos – a força necessária para fechar o
circuito provém de um eletroímã;
(2) Pneumáticos – a força para efetuar a ligação provém do
ar comprimido;
(3) Eletropneumáticos – similares aos pneumáticos, mas
Figura 3.4 – Contator magnético.
com o circuito de comando governado por eletroválvulas Fonte: https://www.weg.net/
Estes dispositivos podem estabelecer, interromper e suportar correntes normais da instalação
(nominais) e ocasionalmente as de curto-circuito. Em resumo, os contatores proporcionam o controle de
correntes elevadas através de um circuito de baixa corrente (FRANCHI, 2014).
São utilizados individualmente ou acoplados a relés de sobrecarga, na proteção de sobrecorrente e
contêm chaves ou contatos principais (para os circuitos de carga) e auxiliares (para os circuitos de
comando), como mostra a Figura 3.5.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 63 Curso Técnico de MECÂNICA
3.2.1 – Componentes do contator
Contatos
principais
O aspecto construtivo do contator – aspecto interno
– é apresentado na Figura 3.6. Em função do estado de Contatos
repouso, os contatos ou chaves do contator são auxiliares
identificados pelas siglas:
- NA, para chave normalmente aberta (ou do inglês
normally open, NO) e
- NF, para chave normalmente fechada (ou NC, de
normally closed).
Nesta figura, vê-se uma bobina, alimentada por um
pulso de corrente elétrica i(t), que cria um campo Figura 3.5 – Contator: contatos principais
eletromagnético no núcleo fixo. e auxiliares. Fonte: https://www.weg.net/

Este núcleo atrai então o núcleo móvel, provocando a alteração dos contatos auxiliares NF e NA.
Assim, o contato NF fica aberto e o NA fechado. Ao cessar a alimentação da bobina, o campo
eletromagnético é interrompido e o mecanismo retorna à posição anterior (posição de repouso), bem como
as chaves do contator.

NF NA (3) e (4) Contatos auxiliares


(3) (4) (2)

(2) Contatos móveis (5) Terminais

(6) Contatos fixos

(7) Núcleo móvel

i (8) Molas
(9) Bobina
(1) Pulso de
corrente
(10) Núcleo fixo

Figura 3.6 – Esquema interno de um contator magnético.

3.2.2 – Simbologia e identificação dos contatos

Os fabricantes de contatores disponibilizam diversas configurações de contatos, como dispostos na


Figura 3.7. A Figura 3.8 mostra o esquema de um contator de 6 terminais, com 2 contatos NA e um contato
NF (VIANA, ÂNGELO e ÂNGELO, 2011).

Figura 3.7 – Exemplos de configurações de contatos em contatores.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 64 Curso Técnico de MECÂNICA


• Simbologia do contator

O contator tem o seu símbolo na Figura 3.9,


representado em três tipos de configurações. São aí
identificados:
(1) Retângulo com dois terminais (A1 e A2) que
simbolizam a bobina do contator. Nestes terminais
é inserida a alimentação do contator, em CC ou em
CA, com valores na faixa de 24 a 660 V.
(2) Símbolos para contatos principais (no circuito de
carga), todos NA, neste caso e
(3) Símbolos para os contatos auxiliares, no circuito de
comando (no caso indicado, temos 3 contatos NA e Figura 3.8 – Contator com 2 contatos NA e 1
1 contato NF). NF (VIANA, ÂNGELO e ÂNGELO, 2011).

Figura 3.9 – (1) Símbolo para a bobina de um contator e para os seus contatos, em (2) e (3).

• Numeração padrão dos contatos

− Contatos principais
Observando novamente o esquema da Figura 3.9 como exemplo, os contatos para o circuito de carga
são numerados utilizando-se apenas 1 dígito: em (2), nesta figura, verificamos a sequência das 3 chaves,
numeradas por 1-2, 3-4 e 5-6.

− Contatos auxiliares
O padrão de numeração leva em conta a sequência e a função dos contatos. São necessário dois
dígitos: o primeiro indica a sequência da chave e o segundo a função, para a qual temos os dígitos 1-2
(normalmente fechado, NF) e 3-4 (normalmente aberto, NA), como apresentado na Figura 3.10.

X1 X3
Contatos AUXILIARES:
Botão abridor (NF):
utiliza-se 2 DÍGITOS. normalmente Botão fechador (NA):
A função é identificada fechado normalmente aberto
pelo 2º dígito X2 X4 3-4
1-2
Figura 3.10 – Padrão de numeração e função para os contatos auxiliares.

Na Figura 3.11, por exemplo, temos 5 chaves auxiliares, cada uma identificada na sequência pelo 1º
dígito. A função de cada uma se verifica pelo 2º dígito, como a chave NF 31-32 (terceira na sequência).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 65 Curso Técnico de MECÂNICA


Número de identificação
da sequência (1º dígito)
Contatos auxiliares: 53
padrão com relação
à sequência e à
função dos contatos 54
Número de identificação
da FUNÇÃO (2º dígito)
Figura 3.11 – Padrão de numeração dos contatos principais.

3.3 – Diagramas de carga e de comando

Os diagramas elétricos de carga e de comando formam o circuito completo para o acionamento de


motores elétricos e outros tipos de carga. Por uma questão didática, inicialmente será abordado o diagrama
de comando.

3.3.1 – Diagrama de comando

Como o próprio nome já diz, é o cérebro de um sistema de acionamento elétrico. Consiste de


dispositivos montados em uma sequência onde a lógica implementada define o tipo e as operações no
acionamento da carga. Para uma lâmpada, por exemplo, o seu acionamento (liga/desliga), tempo em que
vai ficar acesa (iluminação, luz de emergência, luz de sinalização); para um motor elétrico, as operações de
partida, temporização, intertravamento, reversão de rotação, parada, desligamento etc.
Os dispositivos do diagrama de comando têm a função de comando, proteção, regulação e sinalização
do sistema. Eles serão apresentados com mais detalhes ao longo deste texto.

Exemplo 3.1 – Uso de chave auxiliar em paralelo com a botoeira LIGA: contato de SELO

O circuito de comando conta com um contato de selo, uma lógica utilizada para realizar a
autoalimentação de um contator. Ele é conectado em paralelo com a botoeira pulsadora liga, como mostra
a Figura 3.12 (selo de K1, contatos 13 e 14, em paralelo com S1, em destaque).

SELO SELO

Etapa 1 Etapa 2

Circuito de comando Circuito de comando


desenergizado energizado – selo de K1
atuado (contatos 13 e 14)

Figura 3.12 – Ilustração da atuação do selo do contator K1 – etapas 1 e 2.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 66 Curso Técnico de MECÂNICA


Na etapa 1: o circuito de comando está desligado (sem energia).
Na etapa 2: atuando sobre a botoeira pulsante S1, a bobina de K1 é energizada e os seus contatos
NA se fecham. Os contatos de selo (auxiliares 13 e 14 de K1) são fechados e isto assegura a energização
permanente da bobina de K1 (terminais A1-A2). Só se pode interromper o contator K1 (e desligar o circuito
de comando) via botoeira S0 – contatos 11 e 12.
Portanto, o selo é realizado com os próprios contatos auxiliares NA do contator. Estes contatos têm
a função de manter a alimentação do circuito de comando, mesmo após a botoeira liga (S1) voltar à sua
posição original (repouso, NA).

Exemplo 3.2 – Comando local e à distância. Um comando local para um acionamento é aquele onde o
circuito de comando está muito próximo do circuito ou carga – veja na Figura 3.13, pelo acionamento da
botoeira S3. Com esta botoeira acionada, o selo do contator K1 (contatos 13 e 14) é fechado. Isto garante a
energização de sua bobina e do circuito ligado às fases R e S. Este circuito é formado por S 1, S2, S3, K1
(contator e selo) e S4.
No comando à distância, a botoeira de acionamento está em paralelo com o selo do contator, mas
distante da carga acionada. Na Figura 3.13 o comando remoto é realizado por S4.

R
23 24
11 K1
S1
12
11

S2
Comando
12 Remoto Circuito
13 13 13
ou carga
Comando K1
S3 S4
Local 13
14 14 14

A1
K1 L1
A2
S
Figura 3.13 – Circuitos de comando local e à distância.

Exemplo 3.3 – Circuito para teste simultâneo de lâmpadas. Um circuito para teste de lâmpadas com o uso
de contatores é apresentado na Figura 3.14. Ele é utilizado para testar lâmpadas de: (1) iluminação de
galpões; (2) alarmes luminosos ou (3) sinalização de painéis etc. No teste é verificado se existe(m)
alguma(s) lâmpada(s) queimada(s), para sua devida substituição.

Figura 3.14 – Circuito de teste simultâneo de três lâmpadas (L1, L2 e L3).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 67 Curso Técnico de MECÂNICA


Funcionamento:

- O que ocorre ao pressionarmos a botoeira NA B1? Esta botoeira aciona as três lâmpadas instantaneamente,
o que permite verificar se há alguma danificada (função de teste). O brilho das lâmpadas acionadas por esta
botoeira é menor, devido ao divisor de tensão formado pelo resistor e pela lâmpada em cada ramo.

- No teste a corrente circula através dos resistores, fazendo com que as lâmpadas L1, L2 e L3 acendam
independentemente do fechamento dos contatos K1, K2 ou K3.

- O acionamento de cada lâmpada pode ser descrito pela equação lógica Ln = B1 + Kn, lembrando que no
acionamento pela botoeira B1 a tensão é diferente da tensão fase-neutro, 127 V.

Para a lâmpada L2, por exemplo, vale a equação L2 = B1 + K2. Assim, L2 será acionada pela botoeira
B1 ou pela chave NA do contator K2 (acionamento independente ou individual).

3.3.2 – Diagrama de carga

O diagrama de carga ou principal de um acionamento consiste no conjunto de todas as ligações


referentes à carga acionada, a qual poderá ser uma lâmpada, um motor elétrico, um elemento aquecedor
etc. É também denominado de diagrama elétrico de potência.
Neste diagrama temos as chaves principais de um contator, mais robustas, que conduzem valores
mais altos de corrente, típicos de motores elétricos, por exemplo. Estas chaves são comumente do tipo NA
e a sua identificação se faz com números unitários de 1 a 6, como visto na Figura 3.15 (chaves de manobra
do motor M1). Nesta figura, estas chaves estão numeradas na entrada por 1, 3 e 5 e na saída, por 2, 4 e 6.

Diagrama de carga ou de potência Diagrama de comando


Figura 3.15 – Diagramas de carga e de comando − partida direta de um MIT e acionamento de lâmpadas.

O circuito de carga não funciona sem o de comando e este último não tem nenhuma aplicação se não
houver o primeiro. Assim, o circuito de carga determina o que se quer do comando e este determina a
maneira como se deve operar a carga.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 68 Curso Técnico de MECÂNICA


EF – Exercícios de Fixação – Série 3

As questões 3.1 e 3.2 estão relacionadas ao circuito da Figura 3.15.

EF 3.1 – Com relação ao diagrama de comando, responda:


a) o contator K1 é acionado em 127 V ou em 220 V?
b) a lâmpada L4 (de sinalização) indica que tipo de evento no diagrama de comando?
c) qual é a função da botoeira S0?
d) qual é a função da chave auxiliar do contator K1, a chave com os terminais 13 e 14?

EF 3.2 – Considerando-se os dispositivos de proteção F0 e F1, denominados de fusíveis, qual é a sua


função? Faça uma pesquisa na Internet.

EF 3.3 – As alternativas a seguir se referem à Figura 3.16, onde, com uma única chave (S1) pode-se acionar
em 127 V, através da ação do contator K1, várias cargas simultaneamente (por exemplo, Z1, Z2 e Z3,
iguais). Assinalar a alternativa INCORRETA.

Figura 3.16 – Diagrama de comando para as cargas Z1, Z2 e Z3.

a. ( ) A primeira chave de K1 faz a função de selo no circuito.


b. ( ) A numeração correta da terceira chave é 33-34.
c. ( ) Após energizar a bobina de K1, as impedâncias Z1 e Z2 dissiparão a mesma potência.
d. ( ) Ao se acionar S1, as três cargas ficam conectadas em paralelo.

EF 3.4 – As afirmativas a seguir descrevem corretamente um sistema de acionamentos elétricos, EXCETO:


a. ( ) Um diagrama de carga é composto por vários dispositivos, dentre eles: dispositivos de
comando, como botoeira, contator e temporizador e dispositivos de sinalização e medição
(sinaleiro, voltímetro, amperímetro etc.).
b. ( ) Os contatores, parte fundamental dos diagramas de comando e de carga, são dispositivos de
manobra eletromecânica, construídos para uma elevada frequência de operação, comandados a
distância, com uma única posição de repouso estável (aberto ou fechado).
c. ( ) Um dos critérios para selecionar um contato é o tipo de tensão de trabalho de suas bobinas, que
pode ser do tipo contínuo (CC) ou alternado (CA), dependendo da tecnologia do fabricante.
d. ( ) Considerando o esquema interno de um contator (Figura 3.17), ao cessar a alimentação de sua
bobina, o campo eletromagnético é interrompido e aí o mecanismo (núcleo móvel) volta à
posição anterior (posição de repouso).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 69 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 3.17 – Esquema e componentes de um contator magnético.

EF 3.5 – O esquema de acionamento da Figura 3.18 mostra um acionamento de um motor e uma lâmpada
via comandos local e remoto. Descrever a operação deste acionamento.

Figura 3.18 – Esquema de um comando local e remoto com sinalização.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 70 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo
4 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
Capítulo 4 – Dispositivos de Proteção

4.1 – Introdução

Os dispositivos de proteção são aqueles cuja função é garantir a segurança das instalações elétricas,
através da prevenção contra eventos de choque elétrico, sobreaquecimento, sobrecorrente e/ou sobretensão
e curto-circuito. No Brasil, as normas técnicas ABNT NBR 5410, sobre Instalações Elétricas de baixa
tensão (até 1 kV), especificam os critérios para projeto, manutenção e execução dos sistemas em baixa
tensão, e determinam que estes dispositivos de proteção são obrigatórios em um circuito de instalação
elétrica.
Serão estudados aqui os aspectos básicos e aplicações dos dispositivos de proteção utilizados em
circuito de comandos elétricos, como o fusível, o relé de sobrecarga e o disjuntor.

4.1.2 – Sobrecarga

A sobrecarga em instalações elétricas ocorre em função de:


(1) erros cometidos no projeto de uma instalação;
(2) falhas de operação e
(3) excesso de cargas conectadas em um circuito de comando ou tomada.
Por exemplo, se conectamos vários equipamentos a uma mesma tomada, a sua corrente elétrica se
torna maior do que aquela suportada pelos fios e cabos da instalação (veja a Figura 4.1).

Figura 4.1 − Uso incorreto de uma tomada (Créditos: https://www.shutterstock.com/pt/).

4.1.2 – Curto-circuito

Um curto-circuito é definido como uma ligação acidental de condutores sob tensão, como mostra a
Figura 4.2: entre duas fases, entre fase e neutro, entre fase e terra etc., provocando um excesso de corrente.
Neste tipo de falha a impedância da conexão entre os cabos envolvidos é praticamente desprezível, e então
a corrente atinge um valor muito maior que a do equipamento (corrente nominal de um motor elétrico, por
exemplo).
A corrente de curto-circuito irá provocar, tanto no equipamento quanto na instalação elétrica,
esforços térmicos e eletrodinâmicos excessivos. A forma mais segura de se proteger uma instalação contra
um curto-circuito é dimensionar fusíveis ou disjuntores por onde a corrente elétrica circula.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 71 Curso Técnico de MECÂNICA


R R R
S S S
T T T
ICC ICC ICC

Curto-circuito trifásico Curto-circuito bifásico Curto-circuito bifásico envolvendo


e simétrico sem envolver a terra a terra (através de uma conexão)
(a) (b) (c)
R R Corrente parcial de curto-
S S circuito nos condutores e
T T no fio terra
.
N
ICC ICC Corrente de curto-circuito

Curto-circuito fase-terra Curto-circuito fase-terra ICC : são as várias corrente de


(d) curto-circuito
(e)
Figura 4.2 − (a) a (e) Diferentes tipos de curto-circuito. Nota: a direção da corrente é arbitrária.

SIMULAÇÃO DE CURTO-CIRCUITO – Através do QR-Code ao lado você assiste


a um vídeo sobre a simulação de um curto-circuito em uma instalação elétrica.
Fonte: ELETRICITY − O CANAL DA ELÉTRICA
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dwUk0QqRK_E

5
4.2 – Fusíveis

1
4
O fusível tem o seu princípio de funcionamento com base na fusão e consequente abertura do seu

2
“filamento” ou elemento fusível, por efeito Joule, quando por este circula uma corrente elétrica superior ao
valor de sua especificação (corrente nominal). A ruptura ou abertura do fusível pode surgir devido a um 5

3
curto-circuito ou a uma sobrecarga, o que poderia danificar a integridade dos condutores com o risco de
incêndio ou destruição de outros elementos do circuito.
5 – Terminal
4 – Meio extintor
3 – Indicador de interrupção
2 – Corpo
1 – Elemento fusível
A Figura 4.3 apresenta o esquema interno e o aspecto básico de um fusível (FRANCHI, 2014). No
seu interior, o elemento fusível (1) é um fio ou uma lâmina de metal, como mostra a Figura 4.3a. O seu
corpo (2), de porcelana (para fusíveis industriais), é hermeticamente fechado. Os fusíveis, em sua maioria,
possuem um elemento indicador de interrupção (apontado por 3, na Figura 4.3a), cuja função é permitir a
verificação da integridade do elo fusível. Quando o fusível atua (se “queima”), o elemento indicador,
sustentado por um fio, é liberado para fora da carcaça (ou corpo) do fusível por uma mola.

1 2
5 3 1 – Elemento fusível
2 – Corpo
3 – Indicador de interrupção
4 4 – Meio extintor
5 5 – Terminal

(a) (b)
Figura 4.3 – (a) Constituição de um fusível. Adaptado de COTRIM (2009, p. 196). (b) Aspecto prático.

Continuando da Figura 4.3a, o fusível apresenta um meio extintor (4), que é um a região contendo
um material granulado, geralmente areia de quartzo. A sua função é extinguir o arco elétrico quando da
interrupção do elemento fusível. Na Figura 4.3b é apresentado o aspecto real do fusível (do tipo DIAZED).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 72 Curso Técnico de MECÂNICA


4.2.1− Operação do fusível

O elemento fusível, em função de sua corrente nominal, pode apresentar vários formatos. A sua
composição é de um ou mais fios de lâminas, conectados paralelamente. Para a sua operação, ocorre um
ponto de solda no qual a temperatura de fusão é inferior à do elemento fusível.

Operação em regime permanente

Em regime permanente (corrente estável na carga), o elemento fusível e o condutor têm a mesma
corrente elétrica, que, obviamente, produz aquecimento em ambos, como mostra a Figura 4.4 (COTRIM,
2009). Nestas condições, a temperatura do condutor alcança a temperatura 1. O elemento fusível, que
possui uma resistência elétrica mais alta, atinge uma temperatura mais elevada, 2 (o aquecimento é maior,
pelo efeito Joule). Tal temperatura ocorre no ponto médio do elemento fusível, como destacado pela linha
pontilhada.

Temperatura Temperatura mais elevada

2
A Fluxo de calor
1 1

Corrente Fusível Ponto de solda Condutor


de carga (I)
Figura 4.4 – Característica da temperatura no interior de um fusível – Adaptado de COTRIM (2009, p. 196).

Do ponto médio até as extremidades do elemento fusível, verifica-se na Figura 4.4 que a temperatura
decresce. Os pontos de conexão do fusível não estão submetidos à mesma temperatura do ponto médio,
mas a uma temperatura maior que a dos condutores (1). Esta temperatura é indicada por A, limitada a um
determinado nível estabelecido por norma, a fim de não prejudicar a vida útil da isolação dos condutores.
A corrente nominal do fusível é definida como a que circula permanentemente sem que esse valor-
limite, I(A) seja ultrapassado.

Operação em caso de sobrecorrente

Uma corrente superior à nominal em um fusível irá resultar, obviamente, na elevação da


temperatura ao longo do corpo do fusível. A abertura ou rompimento do elo fusível só ocorre na sua
temperatura de fusão. Para dimensionar um fusível, são utilizadas as suas curvas de atuação, que mostram
o tempo de fusão do elo fusível (em segundos) em função da corrente elétrica (em Ampères).

4.2.2 – Classificação em relação à atuação

De um modo geral, os fusíveis são classificados segundo:


- a tensão de alimentação, em alta ou baixa tensão;
- às características de desligamento, devido ao comportamento da corrente de partida da carga.
Temos então os fusíveis de efeito RÁPIDO e RETARDADO. Veja, por exemplo, a corrente de partida de
um motor de indução e a sua operação em regime permanente (Figuras 4.5 e 4.6).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 73 Curso Técnico de MECÂNICA


Current
i (A) i (A) Corrente (A)
Peak current
Corrente de operação
em regime permanente
Inrush current
0 t(s)
Steady-state Tempo →
current

Corrente de “inrush”
t(s)
0
Figura 4.5 – Faixa de variação da corrente de partida. Figura 4.6 – Intervalos: partida do
motor e regime permanente.

Fusíveis de efeito rápido – estes fusíveis são empregados em circuitos que não há variação considerável de
corrente entre a fase de partida e a de regime normal de funcionamento. Esses fusíveis são ideais para a proteção
de circuitos resistivos (lâmpada, fornos, etc.)

Fusíveis de efeito retardado – são utilizados em circuitos cuja corrente de partida atinge níveis muito superiores
à corrente nominal e também em circuitos sujeitos a sobrecarga de curta duração. Podemos citar como exemplos
os motores elétricos, cuja corrente de partida tem o comportamento descrito na Figura 4.6.

4.2.3 – Classificação em relação à faixa de interrupção e categoria de utilização

Podemos classificar também os fusíveis segundo a faixa de interrupção e a categoria de utilização,


utilizando duas letras, uma maiúscula e outra minúscula (FRANCHI, 2014).
Para a faixa de interrupção são utilizadas as letras minúsculas g e a, conforme descrito a seguir:
• Fusíveis tipo g − apresentam proteção contra sobrecarga e curto-circuito, com capacidade de
interrupção em toda a faixa, suportando a corrente nominal por tempo indeterminado.
• Fusíveis tipo a − se caracterizam pela capacidade de interrupção em faixa parcial (reagem a partir
de um valor elevado de sobrecorrente). Proteção somente contra a corrente de curto-circuito.

Com relação à categoria de utilização e classes de objetos protegidos, os fusíveis são classificados
com o uso de letras maiúsculas, a saber:
L− G: cabos e linhas; uso geral.
M: equipamentos eletromecânicos.
R: semicondutores.
B: instalações em condições pesadas (minas, por exemplo).

Exemplo 4.1 − Para os fusíveis listados a seguir, são identificadas a faixa de interrupção e a classe de
objetos protegidos.
a) gL/gG: fusível para proteção total de cabos e uso geral (sobrecarga e curto-circuito, veja a Figura 4.7).
b) aR: fusível especificado para proteção parcial de equipamentos eletrônicos (atuação para curto-circuito).
c) aM: fusível para proteção parcial de motores elétricos (atuação para curto-circuito).

QR Code para o vídeo


Categoria de utilização dos fusíveis, do canal
SALA DA ELÉTRICA (duração de 5 min. 17 s).
https://www.youtube.com/watch?v=2vUFIFyQS3U Figura 4.7 – Fusível gL/gG: proteção
contra sobrecarga e curto-circuito.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 74 Curso Técnico de MECÂNICA


4.2.4 – Especificação de um fusível – parâmetros básicos

- Corrente nominal: é o valor eficaz da corrente de regime permanente em que o fusível opera
continuamente sem se romper.
- Corrente de ruptura ou de interrupção (dado em kA): é relacionada com o valor máximo da corrente
de curto-circuito que o fusível é capaz de interromper operando na tensão nominal. Esta corrente deve ser
presumida e calculada para um determinado equipamento/ponto da instalação elétrica.
- Tensão nominal: é aquela indicada para a operação correta do fusível, para a qual foi projetado. Os
fusíveis de BT (baixa tensão), por exemplo, são especificados em níveis de tensão de serviço limitados a
500 V em CA (corrente alternada) e a 600 V em CC (corrente contínua).

4.2.5 – Tipos de fusíveis e aspectos construtivos

Neste item serão descritos os principais tipos de fusíveis utilizados em instalações elétricas,
especialmente em circuitos de comandos elétricos. Na Figura 4.8, por exemplo, são apresentadas as formas
construtivas dos fusíveis mais utilizados em instalações elétricas: (1) fusíveis tipo D (Diazed, Figura 4.8ª),
utilizados comumente em circuitos com motores elétricos e (2) fusíveis NH, de maior capacidade de
corrente (na Figura 4.8b).

IEC

IEEE/ANSI(EUA)
IEEE/ANSI (EUA)

IEEE/ANSI (Canadá)
(a) (b) (c)
Figura 4.8 – Fusível Diazed – aspecto construtivo9. (b) Aspecto do Fusível NH10. (c) Simbologia para o fusível.
Normas IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional) e IEEE/ANSI (americana e canadense).

• Fusíveis DIAZED

Este tipo de fusível é indicado para o uso residencial e industrial, na proteção contra sobre correntes
em cabos, motores elétricos e circuitos elétricos em geral. Assim que a corrente elétrica supera o valor
nominal da corrente indicada no corpo do fusível, a sua liga metálica se rompe e portanto cessa a circulação
de corrente no circuito elétrico. Com isto se evita a destruição ou até um incêndio no equipamento
protegido.
Parâmetros:
- Corrente nominal: valores típicos na faixa de 2 a 100 A.
- Corrente de ruptura (kA): da ordem de até 100 kA.
- Tensão nominal: máxima de 500 V.
A Figura 4.9 mostra o layout da montagem em base tipo rosca para um fusível Diazed. O material
da base e da tampa é porcelana. Um elemento com rosca helicoidal, feito de latão, proporciona o fechamento
da tampa do fusível. O contato do fusível com os cabos do circuito ocorre através dos bornes de ligação
presentes no conjunto da base. Esta base é fixada nos painéis de comando com o uso de parafusos.

9
Fonte: https://static.weg.net/medias/images/h89/h3a/GLOBAL_WDC_FUSE_D_GLGG_1200Wx1200H.jpg
10
Fonte: https://static.weg.net/medias/images/hc6/he0/WDC_Fusiveis_gLgG_Acaoretardada_Tipo_NH_1200Wx1200H.jpg
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 75 Curso Técnico de MECÂNICA
Cobertura
da base
Base

Anel de
proteção

Indicador
do fusível
Tampa com Fusível
janela de Tipo D
inspeção

Figura 4.9 – Fusível Diazed montado em plataforma tipo rosca.


Fonte: https://new.siemens.com/br/pt/produtos/energia/produtos-baixa-tensao/76usíveis.html

• Fusíveis tipo D ultrarrápidos – SILIZED

Aplicados na ação rápida de proteção de curto-circuito e sobrecorrente em


circuitos conversores de Eletrônica de Potência, como retificadores e conversores
de frequência, onde dispositivos semicondutores como tiristores e diodos são
sensíveis à irregularidades da rede elétrica. Aspecto: Figura 4.10. Especificações:
- Correntes nominais na faixa de 16 a 100 A.
- Capacidade de interrupção: 8 a 50 kA.
- Tensão nominal: 500 V. Figura 4.10 – Aspecto do
fusível SILIZED.

• Fusíveis NEOZED

São de tamanho reduzido (Figura 4.11) aplicados na proteção de curto-


circuito em instalações residenciais, comerciais e industriais. Especificações:
- Correntes nominais na faixa de 2 a 63 A;
- Tensão nominal: 400 VCA / 250 VCC; Figura 4.11 – Aspecto do
- Capacidade de interrupção: 50 kA até 400 VCA e 8 kA até 250 VCC. fusível NEOZED.
A Figura 4.12 mostra um exemplo de base de montagem de fusíveis NEOZED, para aplicação em
circuitos trifásicos. Estes fusíveis são fabricados em diferentes tamanhos.

Figura 4.12 − Fusíveis Neozed e sua base de montagem.


Fonte: http://de.academic.ru/dic.nsf/dewiki/994016

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 76 Curso Técnico de MECÂNICA


• Fusíveis NH

Tais fusíveis são conhecidos por esta sigla devido aos termos em alemão “Niederspannungs
Hochleitungs”, que significam “baixa tensão e alta capacidade de interrupção”. São aplicados em
instalações elétricas industriais, na proteção de sobrecorrentes de curto-circuito e de sobrecarga. A Figura
4.13 apresenta o seu aspecto e a sua base de fixação, com contato do tipo faca (blade contact).

Base de
fixação

Figura 4.13 − Aspecto de fusíveis NH. Disponível em:


https://www.siba.com.br/downloads/CATALOGO_BAIXA_TENSAO_NH.pdf.

A ação do fusível NH pode ser retardada ou ultrarrápida.


Especificação dos fusíveis NH (valores típicos):
- correntes nominais na faixa de 6 a 1200 A;
- tensão nominal: 500 VCA;
- capacidade de interrupção ou ruptura: sempre superior a 70 kA.

4.2.6 – Curva característica de um fusível

O tempo de ação de um fusível com relação à corrente t (seg)


elétrica é determinado pela sua curva característica, cujo aspecto
é mostrado n a Figura 4.14. 100
Esta curva pode apresentar valores diferentes, para os
10
fusíveis de ação ultrarrápida, rápida, ou retardada, cada um, como
1
vimos, com uma aplicação específica.
0,1
I(A)
Exemplo 4.2 − No dimensionamento de fusíveis para motores 0 In In
elétricos e cargas capacitivas em geral (de efeito retardado), são
Figura 4.14 − Aspecto da curva
considerados os seguintes aspectos (FRANCHI, 2014): característica de um fusível.

1) Tempo de fusão virtual (para um motor elétrico, tempo  corrente de partida) – neste caso, o fusível é
projetado para suportar o pico da corrente de partida (Ip ) sem se fundir, no intervalo (transitório) de tempo
de partida do motor, tp. De posse dos valores de tp e Ip é dimensionado o fusível para cada fase do motor.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 77 Curso Técnico de MECÂNICA
2) Devemos dimensionar a sobrecorrente do motor, que corresponde a uma corrente no mínimo 20 %
superior à corrente nominal. Esta estratégia aumenta a vida útil da instalação elétrica do motor,
prevenindo, por exemplo, o envelhecimento dos cabos. A equação (4.1) é utilizada:

𝐼Fusivel = 1,2 × 𝐼Nominal (4.1)

3) Com relação aos contatores e relés de sobrecarga, estes devem ser protegidos pelos fusíveis. Os valores
limites devem ser baseados naqueles especificados pelos fabricantes.

Exemplo 4.3 − Dimensionamento de fusíveis de um motor elétrico. Efetuar os cálculos para o


dimensionamento dos fusíveis para a instalação de um motor elétrico, com os parâmetros: corrente nominal
de 13,8 A; 4 polos, 5 CV, 220 V/60 Hz e Ip/In = 8,2. Tempo de partida direta (Tp): 500 ms.

Solução: com In = 13,8 → Ip = 8,2  13,8 = 113,6 A.

De acordo com as curvas características do fusível (ver a Figura 4.14, gráfico tempo  corrente,
fusível NH / SIEMENS), com Ip = 113,6 A (corrente de partida) e Tp = 500 ms, encontra-se a região de
corrente igual a 16 A.

Figura 4.15 − Curva tempo  corrente (fusível NH SIEMENS).

Pelo ponto de interseção obtido graficamente, o fusível selecionado será de 16 A (o ponto está dentro
da área cuja corrente é de 16 A).
Adotando o segundo critério: IFusível = 1,2 × INominal = 1,2 × 13,8 = 16,56 A.

Logo, o dimensionamento do fusível pelo segundo critério fornece um resultado com o obtido
graficamente, confirmando a escolha do valor nominal de 16 A.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 78 Curso Técnico de MECÂNICA


EF – Exercícios de Fixação – Série 4

EF 4.1 – Como pode ocorrer uma SOBRECARGA em instalações elétricas?

EF 4.2 – Como pode ser definido um curto-circuito em uma instalação elétrica? Qual é a forma mais segura
de se proteger uma instalação elétrica contra um curto-circuito?

EF 4.3 – Identifique na Figura 4.16 um (ou mais) casos de curto-circuito.

Figura 4.16 – Questão EF 4.3.

EF 4.4 – Quais sãos os parâmetros de especificação de um fusível?

EF 4.5 – Como se dimensiona a corrente de um fusível?

EF 4.6 – Onde são empregados os fusíveis de efeito rápido?

EF 4.7 – Onde se emprega os fusíveis de efeito retardado?

EF 4.8 – Com relação aos fusíveis NEOZED, responder: (a) onde são aplicados? (b) qual é a sua categoria
de utilização?

EF 4.9 – Onde são utilizados os fusíveis SILIZED (ultrarrápidos)?

EF 4.10 – Considere as afirmativas abaixo e classifique-as com V (verdadeira) ou F (falsa). Em seguida,


marque a alternativa que contêm a sequência correta de classificação.

1. (.v.) O fusível é um componente que protege as linhas de alimentação e os circuitos de comando e de


carga contra o curto-circuito. O fusível, ao ser atuado, deve ser substituído.
2. (.v.) Numa definição simples, contatores são dispositivos de manobra eletrônica, construídos para
uma baixa frequência de operação.
3. (.v.) Pode-se relacionar a vida útil de um contator diretamente com a vida elétrica dos seus contatos,
que por sua vez depende do nível da corrente e é determinado pelo número de manobras.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 79 Curso Técnico de MECÂNICA
4. (.v.) os fusíveis de efeito retardado são empregados em circuitos em que não há variação considerável
de corrente entre a fase de partida e a de regime normal de funcionamento. Esses fusíveis são
ideais para a proteção de circuitos resistivos (lâmpada, fornos etc.).
5. (.v.) Os fusíveis apresentam curvas características da corrente máxima em função do tempo mínimo
de sua atuação, t (segundos).

a. ( ) (F), (F), (V), (F) e (V)


b. ( ) (V), (F), (V), (F) e (F)
c. ( ) (V), (F), (V), (V) e (F)
d. ( ) (V), (F), (V), (F) e (V)

4.3 – Relé de Sobrecarga

O relé de sobrecarga, conhecido usualmente como térmico, atua na proteção contra sobrecorrente em
equipamentos elétricos como motores e transformadores. Esta situação ocorre quando a corrente na carga é
superior ao definido no projeto de acionamento, provocando um superaquecimento na rede elétrica.
O seu princípio de funcionamento se baseia na dilatação de partes elétricas bimetálicas, como mostra a
Figura 4.17 (metais com coeficientes de dilatação linear diferentes, 1 e 2). Na Figura 4.17a, os dois materiais
têm o mesmo comprimento (AB = CD) na temperatura ambiente. Quando submetidos a uma variação de
temperatura, ocorre a deflexão do bimetal (Figura 4.17b), onde o material 1 se dilata mais que o material 2 e os
comprimentos ficam diferentes (AB > CD). A curvatura obtida no bimetal é utilizada para alterar um contato do
relé (NA ou NF).

Coeficiente 1
A Material 1 B 1 > 2 A Deflexão
C Material 2 D C B
Coeficiente 2 D
(a) (b)
Figura 4.17 – Par bimetálico. (a) Situação normal, onde os metais têm os comprimento AB e CD iguais.
(b) Deflexão do bimetal, de acordo com o coeficiente  (neste caso, 1 > 2 ).

De acordo com o princípio construtivo, encontramos dois tipos de relé térmico: (1) relés de
sobrecarga bimetálico e (2) relés de sobrecarga eletrônicos, sendo estes indicados para funções adicionais
como proteção contra falta de fase e sequência de fase.

A Figura 4.18 apresenta um esboço de seu


esquema interno, sendo os seus componentes:

1 – botão de rearme
2 – contatos auxiliares
3 – botão de teste
4 – lâmina bimetálica auxiliar
5 – cursor de arraste
6 – lâmina bimetálica principal
7 – ajuste de corrente

Na proteção de um MIT, por exemplo, este


relé o desconecta da rede elétrica, protegendo-o de
valores de corrente que possam deteriorar os seus Figura 4.18 – Esquema de um relé de sobrecarga
enrolamentos e a isolação da instalação. bimetálico. Adaptado de (FRANCHI, 2007).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 80 Curso Técnico de MECÂNICA


Na Figura 4.19 temos um modelo de relé de sobrecarga com a identificação dos seus componentes
(botões e terminais, dentre outros). Os contatos auxiliares são do tipo NF e NA.

Figura 4.19 − Relé de sobrecarga: (a) Aspecto. (b) Identificação dos terminais. Adaptado do
catálogo técnico disponível em https://www.cfweletrica.com.br/public/imgs/up/siemens_3rb2021.pdf

 No acionamento de um motor elétrico, o que poderia causar o


superaquecimento? Podemos citar:
1. Sobrecarga mecânica na ponta do eixo;
2. tempo de partida muito alto;
3. rotor bloqueado;
4. falta de uma fase;
5. desvios excessivos de tensão e frequência da rede.

4.3.1 – Símbolo e terminais

Os símbolos e contatos de um relé de sobrecarga, para os circuitos de carga e comando, são vistos
na Figura 4.20. Os seus contatos são numerados por 95-96 (NF) e 97-98 (NA). O mais utilizado é o tipo
NF – quando acionado, interrompe-se o acionamento da carga.

1L1 2T1 95
Rede 3L2 4T2 98
Carga 95 96
CA 5L3 6T3
96 97 98

Contato tipo reversor Duplo contato (1NA + 1NF)


(a) (b)
Figura 4.20 − Símbolo do relé de sobrecarga para: (a) circuito de carga e (b) circuito de comando.

Exemplo 4.4 – Conexão do relé térmico ao contator.

O relé térmico ou de sobrecarga é conectado ao contator, no circuito de carga, como mostra a Figura
4.21a, de modo didático. Esta conexão geralmente é feita acoplando-se o módulo do relé térmico
diretamente ao contator, através de seus pinos de encaixe, o que forma um só conjunto (Figura 4.21b).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 81 Curso Técnico de MECÂNICA


Fases R S T Esquema: vista parcial do circuito de carga

Conexão do Relé
térmico ao Contator
O relé térmico pode ser conectado
diretamente ao contator, através de
seus pinos de encaixe.
Contator
Motor trifásico
Cabos de ligação

Pinos de encaixe

RPM
Relé
Térmico
Para as fases do motor

(a)

(1)
1

2 (2)

Conjunto com a conexão contator (1) + relé térmico (2)


(b)
Figura 4.21 − Relé de sobrecarga − conexão ao contator: (a) através de cabos e (b) diretamente (pinos de encaixe).
Adaptado do vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=mEBWVjknl3U.

Exemplo 4.2 – Descrição da atuação de um relé térmico11

O relé térmico protege cargas contra o aquecimento indevido causado por sobrecarga ou falta de fase.
Na ocorrência de uma sobrecarga no motor (sobrecorrente), um mecanismo de disparo atua sobre o contato
auxiliar 95-96 (NF) do relé FT1, o qual desliga o circuito de comando. Logo, o motor M1 é desconectado
da rede elétrica por meio do contator K1.
O relé térmico também possui uma curva de disparo (tempo  corrente). Existe, portanto, um tempo
para o desligamento do motor, em função da corrente de disparo em relação à corrente ajustada,
devidamente representada na sua curva de atuação. Após o desarme da chave NF de FT1, deve-se aguardar
o restabelecimento de seus contatos para o seu rearme, feito de forma manual ou automática (ver o próximo

11
Adaptado de: Contatores e Relés de Sobrecarga (catálogo técnico). WEG Equipamentos Elétricos S.A. Disponível
em: www.weg.net/files/products/WEG-contatores-e-reles-de-sobrecarga-folheto-905-catalogo-portugues-br.pdf
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 82 Curso Técnico de MECÂNICA
tópico neste capítulo). Isto se justifica pelo fato de que houve a dilatação das partes do par bimetálico que
são parte do contato NF.
Na Figura 4.22 temos a aplicação do relé térmico (FT1) na proteção de um motor trifásico de indução
trifásico (M1).

Sistema
trifásico

220 V, 60 Hz F4

Fusíveis
F
(proteção) 123 Contato NF do
FT1 relé térmico
(95-96)

Chaves ou
contatos
contatos Chave ou
K1 principais contato
contato
Circuito do auxiliar
MIT
MIT K1 13-14
K1 13-14

Conexões do
relé térmico ao
circuito de carga FT1
(ao contator K1
e ao motor M1)

Motor trifásico M1 do
Bobina do
(conexão triângulo contatorK1K1
contator
ou estrela)

Figura 4.22 − Relé térmico aplicado na partida direta de um MIT.

4.3.2 – Relé térmico com botão RESET e tecla multifunções

No relé térmico existe uma tecla multifunções para os seus ajustes. A Figura 4.23 mostra um modelo
do fabricante WEG, onde temos as funções (FRANCHI, 2007): A - rearme automático; AUTO - rearme
automático e função teste; HAND - rearme manual e função teste e H - somente rearme manual.

Destaque para a
tecla multifunção A Somente rearme automático
AUTO Rearme automático e teste
A
AUTO
HAND Rearme manual e teste
R
HAND H Somente rearme manual
H

Figura 4.23 − Aspecto da tecla multifunção / botão RESET de um relé térmico (fabricante: WEG).
Disponível em: http://farm3.static.flickr.com/2580/4112623488_b8a3c6e2cf_z.jpg

O acesso às funções A, AUTO, HAND e H é feito pelo giro do botão vermelho (sem pressão) com
uma chave apropriada, posicionando o mesmo nas indicações da tecla Reset (R). Para outros modelos de
relé térmico deve ser consultado o seu manual de operação.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 83 Curso Técnico de MECÂNICA


Nas posições H (somente manual) e A (somente rearme automático), as funções de teste ficam
bloqueadas. Nas posições HAND (manual) e AUTO (automático) é possível a simulação de teste e o
desarme do relé térmico através da atuação direta na tecla Reset (R). Na mudança de HAND para AUTO
deve-se pressionar levemente a tecla Reset, simultaneamente ao giro do botão vermelho.

4.3.3 – Instalação do Relé Térmico

Para circuitos monofásicos ou bifásicos, a instalação de relés térmicos trifásicos deve passar por uma
adaptação na ligação dos fios. As ligações devem ser efetuadas como mostra a Figura 4.24, de modo que
em todos os contatos circulem a mesma corrente.
.. .. .. .. .. .. FASE 2
FASE . FASE(i)
Corrente elétrica . FASE
Corrente .
1 (i) Corrente FASEFASE
elétrica 1 .
2Corrente. .
elétrica i1 elétrica i1
1 3 5 1 3 5 1 3 5 1 3 5

2 4 6 2 4 6 2 4 6 2 4 6
i i Corrente Corrente
.. .. i1 .. .. i1 i2 .. .. elétrica i2
. . . . elétrica . .
(a) (b)
Figura 4.24 − Relé térmico de sobrecarga trifásico para serviço: (a) monofásico; (b) bifásico.

Para aplicações em circuitos monofásicos o relé térmico trifásico é conectado como na Figura 4.24a,
onde se observa que a entrada da fase se dá no terminal 1 e a saída no terminal 6, com todos os contados
ligados em série (1-2 com 3-4 com 5-6).
Nos circuitos bifásicos (Figura 4.24b) a fase 1 é conectada ao terminal 1, com saída no terminal 4
(contatos 1-2 e 3-4 em série). A outra fase (2) é conectada ao terminal 5 com saída no terminal 6.
Este procedimento evita que um ou dois dos contatos do relé térmico trifásico fiquem inutilizados, o
que provocaria um desgaste desigual no dispositivo. Por exemplo, para uma aplicação monofásica onde
fosse utilizado somente o contato 1-2, nos outros contatos sem corrente o desgaste seria nulo. Quando do
uso do componente em uma aplicação trifásica, os três contatos estariam comprometidos, pois houve maior
desgaste no primeiro (contato 1-2).

QR Code para o vídeo:

Entenda como funciona o relé de


sobrecarga – Teoria e prática
Canal ELECTRICITY – O Canal da Elétrica. Duração: 8 min. 50 s.

4.4 – Disjuntores

O disjuntor é um dispositivo eletromecânico utilizado em uma instalação elétrica, cuja função é o


seccionamento e proteção de equipamentos contra curtos circuitos e sobrecargas de longa duração. Portanto, ele
interrompe a corrente elétrica antes que os seus efeitos térmicos e mecânicos possam se tornar perigosos.
Na Figura 4.25 é apresentado um grupo de disjuntores, nos mais diversos tipos e na Figura 4.26 um
aspecto de um quadro de disjuntores, como encontramos em nossas residências.
A principal característica de um disjuntor é a sua capacidade de rearmar os seus contatos manualmente.
Por esse motivo, ele serve tanto como dispositivo de manobra como de proteção de circuitos elétricos. O
disjuntor difere do fusível – este é descartado após a sua atuação, quando ocorre uma sobrecorrente ou corrente
de curto-circuito.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 84 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 4.25 − Tipos de disjuntores, monofásicos, bifásicos e trifásicos.
Disponível em: https://www.saladaeletrica.com.br/curva-de-disjuntores/

Figura 4.26 − Aspecto de um quadro de disjuntores (SIEMENS - Catálogo de Minidisjuntores, 2018).

4.4.1 – Aspectos construtivos de um disjuntor e simbologia

Antes de apresentar a estrutura interna de um disjuntor, faremos a sua classificação, em função do


seu modo de funcionamento. Temos então os disjuntores térmico, magnético e termomagnético. Um
disjuntor mais completo (termomagnético) integra as funções de (Figura 4.27): interruptor (operação liga-
desliga), relé térmico (proteção contra sobrecarga) e relé eletromagnético (proteção contra curto-circuito).

DISJUNTOR Interruptor + relé térmico + relé eletromagnético


(funções)

Operação Proteção contra Proteção contra


Liga/desliga Sobrecarga Curto-circuito

Figura 4.27 – Visão interna de um disjuntor e funções integradas.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 85 Curso Técnico de MECÂNICA


Disjuntor Térmico – atua com sobrecarga de corrente, a qual gera aquecimento, que irá causar a deformação
de placas bimetálicas, e daí a interrupção do circuito. Este disjuntor proteger os cabos da instalação elétrica
contra o aquecimento por sobrecarga prolongada. Apesar de ser robusto, este tipo de disjuntor necessita de
um tempo maior para atuação, sendo considerado lento na proteção.

Disjuntor Magnético – diferentemente do disjuntor térmico, apresenta as características de rapidez na


atuação e interrupção instantânea do circuito.

Disjuntor Termomagnético – é o disjuntor mais utilizado, sendo a junção dos disjuntores térmico e
magnético. Logo, tem-se em um só disjuntor as proteções térmica (lento e robusto) e magnética (rápido e
preciso).

Estrutura interna do disjuntor e simbologia

A Figura 4.28 apresenta os elementos da estrutura interna de um disjuntor (no caso, do tipo
termomagnético). Alguns desses elementos são descritos na sequência.

Principais dispositivos do disjuntor:

1. Manipulador / alavanca
2. Mecanismo de conexão e desconexão
3. Atuador / disparador térmico (par bimetálico)
4. Borne de ligação superior (entrada)
5. Contato móvel
6. Contato fixo
7. Bobina
8. Câmara de extinção do arco elétrico
9. Borne de ligação inferior (saída)

Figura 4.28 – Estrutura interna de um disjuntor. Fonte: https://eletruiz.webnode.com/disjuntores/

• Manipulador/alavanca: serve para ligar ou desligar o disjuntor manualmente.

• Bornes: terminais do disjuntor onde são conectados os fios/cabos de entrada e saída. Devem ser bem
apertados para evitar o mau contato.

• Atuador / barramento bimetálico: contém as placas bimetálicas que são deformadas com a sobrecarga.

• Bobina e pistão metálico: estas peças ativam a proteção magnética do disjuntor, abrindo os contatos e
interrompendo a corrente do circuito.

• Câmara de extinção de arco elétrico: atua quando ocorrem arcos voltaicos ou elétricos na interrupção
da corrente elétrica. Evita-se, com este recurso, que faíscas escapem para fora do disjuntor.

O disjuntor é identificado nos diagramas elétricos de comando e de carga pela letra Q (sempre em
maiúscula). Quanto ao símbolo gráfico/esquemático, vemos na Figura 4.29 algumas indicações, de acordo
com as Normas ABNT.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 86 Curso Técnico de MECÂNICA


Q1

Q1 Q1 Q1

(a) (b) (c) (d)


Figura 4.29 – Simbologia para o disjuntor: (a) Seccionador-disjuntor (monofásico). (b) Disjuntor tripolar.
(c) Disjuntor com elemento magnético. (d) Disjuntor tripolar com elementos térmicos e magnéticos.

4.3.2 – Curvas de disparo do disjuntor

As curvas de disparo ou de ruptura do disjuntor indicam o tempo que o mesmo leva para interromper
a corrente quando esta ultrapassa o valor nominal. Para cada tipo de carga existe uma curva de
desligamento, como visto no exemplo da Figura 4.30 (MARTIM, 2016). Por estas curvas (designadas por
curvas B, C e D, dependendo do fabricante) é especificado o tempo em que uma corrente acima da corrente
nominal irá permanecer no circuito sem o desarme do disjuntor.

Disjuntor curva B – é estipulada uma corrente de ruptura da ordem de 3 a 5  In (corrente nominal do


disjuntor). Este tipo de disjuntor é utilizado em circuitos resistivos, pois a corrente na partida nestes
equipamentos é reduzida.

t (s)

B C D

 In (A)
Figura 4.30 – Famílias de curvas B, C e D de um disjuntor: tempo  corrente.
Fonte: http://matheusmartim.blogspot.com/2017/03/disjuntores-conceitos-004.html.

Disjuntor Curva C – empregado no acionamento de cargas indutivas, como motores elétricos e circuitos de
iluminação em geral, onde se estabelece uma corrente de ruptura de 5 a 10 vezes a sua corrente nominal.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 87 Curso Técnico de MECÂNICA


Disjuntor Curva D – esta curva estabelece uma faixa de corrente de ruptura de 10 a 20  a sua corrente
nominal. É indicado o seu uso em motores elétricos e transformadores de grande porte, com o objetivo de
proteção para curtos-circuitos de grande intensidade.

4.4.2 – Disjuntor motor

O disjuntor motor (DM) − ver aspecto na Figura 4.31 − é um dispositivo que exerce de modo
simultâneo nos circuitos de acionamento as funções (FRANCHI, 2014):
- proteção elétrica, através da detecção de eventos de sobrecorrente e de curtos-circuitos;
- comando do circuito, através de manobras mecânicas e facultativas de abertura e fechamento sob
cargas instaladas.
A Figura 4.32 mostra para o DM a integração das funções de manobra e de proteção contra curto-
circuito e contra sobrecarga, no acionamento de motores elétricos. Nesta aplicação, este equipamento só é
recomendado em situações como (FRANCHI, 2014): comando local do motor elétrico; baixa frequência de
operação e espaço reduzido de montagem, visto que o DM tem desempenho multifunções (manobra e
proteção) já comentado acima.
Alguns modelos de disjuntor motor apresentam um mecanismo diferencial com sensibilidade a falhas
de falta de fase. Este mecanismo tem a função de seccionar o disjuntor assim que a tensão elétrica em uma
das fases for nula ou com um valor baixo que provoque uma falha na operação do motor.

Figura 4.31 – Aspecto do Disjuntor motor. Adaptado de (WEG - DISJUNTORES-MOTORES MPW, 2021).

AÇÃO DIAGRAMAS DE COMANDO


Proteção
contra Fusível
curto-circuito

Contator Disjuntor-
motor
Proteção
Relé de
contra
sobrecarga
sobrecarga

Carga (motor
elétrico)

Figura 4.32 – Atuação do Disjuntor- motor. Adaptado de (WEG - DISJUNTORES-MOTORES MPW, 2021).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 88 Curso Técnico de MECÂNICA


EF – Exercícios de Fixação – Série 5

EF 5.1 – Como podemos conectar o relé térmico ao contator, em um diagrama de carga?

EF 5.2 – O esquema da Figura 4.33 mostra os diagramas de carga e de comando para a partida direta de
um MIT. As afirmativas abaixo descrevem corretamente os dispositivos utilizados neste acionamento,
EXCETO:
a. ( ) Os dispositivos identificados por (1), (3), (5) e (6) atuam na proteção do motor, em caso de
sobrecorrente ou curto-circuito.
b. ( ) Os contatos de K1 no circuito de carga devem ser numerados na sequência 1-3-5 e 2-4-6.
c. ( ) Para a sinalização da falha de sobrecorrente no motor, pode ser utilizada a chave NA do relé
térmico (contatos 95-98), acionando uma lâmpada (L2).
d. ( ) O diagrama de comando indicado nesta figura é acionado na tensão de 127 V (fase-neutro).

1
1

3
8 10

4 5 11

Figura 4.33 – Esquema para a partida direta de um MIT – componentes.

EF 5.3 – No circuito de comando da Figura 4.33, qual interruptor é acionado no caso de atuação do relé de
sobrecarga?
a. ( ) S0 b. ( ) FT1 c. ( ) S1 d. ( ) K1 (13-14)

EF 5.4 – O circuito da Figura 4.34 é o resultado de um projeto de acionamento de dois MIT no modo
condicionado ou consecutivo, ou seja, o motor M2 só parte se o motor M1 estiver ligado. Foram utilizados
dois relés térmicos, FT1 e FT2, um para cada motor, de modo que na ocorrência de sobrecarga em um
deles, o outro motor possa continuar operando. Há um erro neste projeto, com relação ao uso dos relés FT1
e FT2. Identifique.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 89 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 4.34 – Esquema para a partida direta de dois motores de indução (modo condicionado).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 90 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo
5 Dispositivos de ACIONAMENTO E SINALIZAÇÃO
Capítulo 5 – Dispositivos de acionamento e sinalização

5.1 – Introdução

Neste capítulo serão vistos os principais dispositivos utilizados no acionamento e sinalização em


comandos elétricos, como: botoeiras, chaves de fim-de-curso, chaves seletoras, sinalizadores e tomadas de
uso industrial.

5.2 – Botão de comando

Um botão de comando ou botoeira (ver a Figura 5.1) é aquele que aciona um interruptor ou chave,
que em um circuito de comando é denominada de contato. Uma chave conecta ou desconecta dois pontos
de um circuito elétrico. Por exemplo, um de seus terminais é ligado à fonte de energia (gerador, CC ou CA)
e outro à carga (ou receptor). Os seus contatos devem ser de metal de baixa resistência elétrica, facilitando
a passagem de corrente. Além disso, deve apresentar um resistência mecânica elevada, possibilitando um
elevado número de manobras (ligar e desligar milhares de vezes).

Figura 5.1 – Tipos de botões de comando ou botoeiras. Disponível em:


https://athoselectronics.com/wp-content/uploads/2016/02/botoeira-768x528.jpeg

A área de seção transversal dos contatos de uma chave é proporcional à sua corrente elétrica, ou seja,
maiores correntes exigem maiores superfícies de contato. Através de (5.1) e (5.2), 1ª e 2ª Leis de Ohm,
obtemos em (5.3), a corrente elétrica em função da área das superfícies de contato, as quais devem ter o
menor nível de resistência elétrica possível.

𝑉
𝐼= (5.1)
𝑅

l
𝑅=𝜌 (5.2)
A

A
𝐼=𝑉 (5.3)
𝜌𝑙

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 91 Curso Técnico de MECÂNICA


5.2.1 – Tipos de contato

O contato de uma chave pode ser do tipo com trava (do tipo alavanca, nos interruptores de
iluminação) e pode ser do tipo de impulso, onde uma posição normal é mantida por mola e uma posição
contrária é mantida apenas enquanto dure o impulso de atuação do contato. Nesta situação temos os tipos
(veja a Figura 5.2):
a) Fechador: o contato é mantido aberto através da ação de Bobina
uma mola e fechado enquanto acionado. É melhor
identificado como normalmente aberto ou NA (do inglês Botão
normally open, NO).
b) Abridor: é mantido fechado por ação de uma mola e é
Mola
mantido aberto enquanto acionado. É identificado na Comum NA NF
literatura como normalmente fechado ou NF (do inglês Figura 5.2 – Esboço de uma chave com os
normally closed, NC). contatos NA e NF – mecanismo com mola.

5.2.2 – Simbologia e cores

Na Figura 5.3 é apresentada a simbologia usual para


as chaves NA e NF. Na Figura 5.4 são apresentados
símbolos para botões em comandos elétricos, alguns (a) (b)
familiares para nós, como no caso de equipamentos como Figura 5.3 – Simbologia usual para
elevadores (subir / descer). chaves do tipo (a) NA (a) e (b) NF.

Rotação Rotação
Subir Descer Direita Esquerda Direita Esquerda

Subir Descer Avançar Recuar Emergência Ligar

Cor Vermelha Cor Verde


Figura 5.4 – Sugestão de simbologia de botões para comandos elétricos.

A cor utilizada nas botoeiras tem o seu significado, como visto na Tabela 5.1. Na Figura 5.5 é
apresentado um botão de comando para emergência (veja, a cor é vermelha) e o seu diagrama interno. Este
tipo de botoeira, instalada em painéis de comandos, deve ser acionada em situações perigosas, efetuando a
parada de um motor elétrico em sobrecarga, por exemplo.

Tabela 5.1 – Relação de cores para identificação de botoeiras em comandos elétricos.


COR EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Verde/preto Ligar – exemplo: partida de um motor elétrico


Vermelho Parar, desligar, botão de emergência
Amarelo Inverter sentido de rotação, cancelar operação
Azul Qualquer função diferente das anteriores
Disponível em: https://www.saladaeletrica.com.br/as-6-principais-cores-de-botoeiras-e-sinaleiros/

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 92 Curso Técnico de MECÂNICA


1

Figura 5.5 – Botoeira de comando para emergência e seu esquema interno (WEG, 2013).

5.2.3 – Intertravamento elétrico

O intertravamento elétrico é um recurso bastante utilizado em comandos elétricos, como por


exemplo, na reversão de rotação de um MIT. Os tipos de intertravamento elétrico utilizados são:
1. Intertravamento por botoeira (Figura 5.6a);
2. Intertravamento por contatos de contatores (Figura 5.6b). Observa-se que existe uma lógica para
que cada contator seja energizado, em função dos contatos dos contatores adjacentes.

Legenda: ON: contator energizado. OFF: o oposto.


Contator K1: acionado se K2 OFF
Contator K2: acionado se K1 OFF e K3 ON
Contator K3: acionado se K1 OFF e K3 OFF
(a) (b)
Figura 5.6 – Modos de intertravamento em comandos elétricos: (a) por botoeira e (b) por contatos de contator.

Exemplo 5.1 – Conjunto de botoeiras para múltiplas funções.

As Figuras 5.7 e 5.8 mostram aspectos de botoeiras


de duas ou mais funções integradas em um mesmo Conexão de
conjunto. cabos
O primeiro botão no controle da Figura 5.8 possui a
função “emergência”, utilizado para interromper um
processo em caso de alguma falha.

Emergência
LIGA Subir
Descer
Avançar
DESLIGA Recuar

Figura 5.7 – Botoeira de 2 funções. Figura 5.8 – Botoeira de 5 funções.


Fabricante: Schneider Electric. Fabricante: Schneider Electric.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 93 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 5.2 – A Figura 5.9 mostra um aspecto de um painel didático de comandos elétricos,
utilizados para ensino e treinamento (escolas e empresas).

Figura 5.9 – Aspecto de um painel didático de comandos elétricos. Disponível em:


http://www.assimile.com.br/equipamentos/eletrotecnica/equip-didatico-de-comandos-eletricos

Exemplo 5.3 – Controle de uma ponte rolante, movimentada por um conjunto de motores elétricos
(Figura 5.10).

Neste sistema, um módulo pendente de botoeiras permite controlar os movimentos de uma carga, em 3
dimensões: (1) longitudinal; (2) vertical (elevar ou descer) e (3) lateral, onde a sua direção é alterada ao longo
de uma área como um galpão de uma indústria, por exemplo.

PONTE
ROLANTE

.....

Elevação Módulo pendente:


Elevação controle da ponte rolante

Figura 5.10 – Ponte rolante movimentada por um conjunto de motores elétricos. Fonte:
https://www.maqfort.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Movimentos-da-Ponte-Rolante.jpg

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 94 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 5.4 – Botoeiras de comando com chave. Na Figura 5.11, botão de comando com trava,
utilizado para acionar portões de garagem antigos, em que o motorista abria o portão através de
uma chave (não existia o controle remoto portátil, como rotineiramente utilizamos hoje). Na Figura
5.12, modelo de botão de emergência com trava.

Botão de empurrar com retorno por mola que


pode ser travado operado. Para destravar é preciso Travar
girar a chave (sentido anti-horário).

Figura 5.11 – Botão de comando com trava. Disponível em: http://www.kap.com.br/pdf/br/kp_c_br.pdf.

Botão de empurrar tipo Emergência com trava, sem retorno


por mola. Para destravar basta girar a chave da esquerda
para a direita (sentido horário).
Extração
Destravar
da chave

Figura 5.12 – Botão de emergência com trava. Disponível em: http://www.kap.com.br/pdf/br/kp_c_br.pdf.

5.3 – Chave de fim-de-curso

As chaves de fim-de-curso têm a maior aplicação como limitadores de deslocamento e proteção de


máquinas. Um exemplo clássico de aplicação é no acionamento de portões eletrônicos. A Figura 5.13a
mostra os símbolos (Normas ABNT) para esta chave (tipos NA e NF). Na Figura 5.13b têm se alguns
exemplos e na Figura 5.13c é apresentada um esquema com contatos NA e NF, com o recurso de
intertravamento.

(a) (b) (c)


Figura 5.13 – Chaves de fim-de-curso: (a) Esquema de circuito de comando com símbolos dos
contatos NA e NF. (b) Modelo com rolete12. (c) Exemplo com intertravamento13.

5.4 – Chaves seletoras ou comutadoras

A chave seletora possui duas ou mais posições, permitindo a seleção entre várias posições em uma
determinada aplicação, em torno de um ponto de contato comum. Possui, portanto, uma função composta,
em razão dos seus contatos NA e NF em sua construção. É conhecida também como chave comutadora.

12
Disponível em: www.siemens.com.br/medias/IMAGES/14121_20081111145533.jpg
13
Disponível em www.industry.siemens.com.br/automation/br/pt/seguranca-de-maquinas/fim-de-
curso/Documents/Catalogo3SE5-final-capa.pdf

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 95 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 5.5 – A Figura 5.14 mostra o aspecto de uma chave seletora (aspecto construtivo e vista
de perfil). Função: reversora (tripolar), para reversão de rotação de motor elétrico, ligação direta.

(a)

(b)
Figura 5.14 – Chave seletora: (a) aspecto construtivo e (b) vista de perfil. Disponível em:
https://www.schmersal.com.br/fileadmin/download/global/br/catalogos_pt/chaves_comutadoras_rotativas.pdf.

5.5 – Sinalizadores

Os sinalizadores são dispositivos que indicam o status de um circuito elétrico, possibilitando ao seu
operador reconhecer as diversas situações entre ligado (ON), desligado (OFF), sobrecarga etc. Estes
equipamentos são considerados como EPCs (de proteção coletiva), alertando neste contexto a ocorrência
de falhas ou acidentes. Eles são disponíveis em diversas cores (Tabela 5.2) e formas, sendo os mais comuns
os luminosos e os sonoros (buzinas ou campainhas).

Tabela 5.2 – Relação de cor e função para uso em sinaleiros em comandos elétricos.
COR OPERAÇÃO SIGNIFICADO (COR/FUNÇÃO)
Indicação de que a máquina está paralisada por atuação de um
Vermelho ANORMAL dispositivo de proteção. Aviso para a paralização da máquina
devido à sobrecarga, por exemplo.
ATENÇÃO ou O valor de uma grandeza (corrente elétrica, temperatura etc.)
Amarelo
CUIDADO aproxima-se de seu valor limite.
Partida normal: todos os dispositivos auxiliares funcionam e
Máquina PRONTA estão prontos para operar. A pressão hidráulica ou a tensão
Verde
para operar estão nos valores especificados. O ciclo está concluído e a
máquina está pronta para operar normalmente.
Circuitos sob tensão. Chave principal na posição LIGA.
Circuitos sob tensão
Escolha da velocidade ou do sentido de rotação.
Branco em operação
Acionamentos individuais e dispositivos auxiliares em
NORMAL
operação. Máquinas em movimento.
Azul Todas as funções para as quais não se aplicam as cores acima.
Disponível em: https://www.saladaeletrica.com.br/as-6-principais-cores-de-botoeiras-e-sinaleiros/

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 96 Curso Técnico de MECÂNICA


5.5.1 – Sinalizadores luminosos

Os sinalizadores luminosos se destacam pelo uso em painéis de comando, facilitando ao operador o


monitoramento e a rápida identificação de falhas em um circuito de comando. Hoje em dia, os sinalizadores
utilizam bastante a tecnologia LED, o que amplia bastante a sua vida útil.
Com relação às cores e respectivas condições a serem alertadas por um sinalizador luminoso, as
normas técnicas definem, em geral, os padrões vistos na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Relação de cor e função para uso em sinalizadores luminosos.


COR CONDIÇÃO
Vermelho Normal (ligado)
Verde Pronto para operar
Amarelo Atenção ou cuidado
Branco Em operação normal
Azul Outras

Exemplo 5.6 – Sinalizadores luminosos. A Figura 5.15 mostra dois tipos de botão luminoso, que
sinalizam um comando. Nestes modelos, o botão ilumina-se (ou apaga-se) quando é operado.

(a) (b)
Figura 5.15 – Botão luminoso tipo (a) saliente e (b) protegido. Fonte: Catálogo KAP
Componentes Elétricos. Disponível em http://www.kap.com.br/pdf/br/kp_c_br.pdf

5.5.2 – Sinalizadores sonoros

Os sinalizadores sonoros são utilizados em painéis de comando, elevadores e sistemas de automação


industrial, nas funções de alarmes de tempo, sinalização acústica, sensores de barreiras, alarmes contra
roubos, alerta de pânico em situações de emergência etc. Exemplo: ver a Figura 5.16, sinalizador
audiovisual para ambiente industrial.

Figura 5.16 – Exemplo de sinalizador sonoro e principais especificações. Disponível em:


https://www.montrel.com.br/bank/Catalogo_LinhaMAV_Rev6_POR_EMAIL_BAIXA.pdf

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 97 Curso Técnico de MECÂNICA


5.6 – Tomadas de uso industrial

As tomadas industriais são utilizadas para a alimentação de equipamentos de grande porte, que
demandam correntes de valores acima de 16 A (Figura 5.17). Encontramos estas tomadas em diferentes
formatos e com variado número de polos (3F + N + T, 3F + N, 2F + N etc.).
A Figura 5.17 mostra a diferença entre as tomadas (e plugues) residenciais e industriais. Utilizamos
os plugues e tomadas industriais em vários equipamentos como furadeiras de bancada, esteiras rolantes,
fresas, tornos etc.

(a) (b)
Figura 5.17 – Aspecto de uma tomada e plugue (a) residencial14 e (b) industrial15.

As tomadas e plugues industriais são construídas em tamanhos e cores diferentes, em conformidade


com a tensão de instalação. Na cor azul a tensão nominal é de 220 V e na vermelha, 380V. O tamanho da
tomada está relacionado com a sua corrente nominal, como vemos no modelo apresentado na Figura 5.18
e Tabela 5.4 (dimensões do plugue fixo de embutir).

A C

D E
B
Figura 5.18 – Dimensões do plugue fixo de embutir16. Dimensões aproximadas em mm.

Tabela 5.4 – Valores de corrente (16 A ou 32 A) em um plugue de embutir


(Figura 5.17) em função de suas dimensões e número de polos5.

A
B
C
D
E
F
G

14
Disponível em https://ipesi.com.br/ha-dois-modelos-de-tomadas-de-tres-pinos-no-brasil/
15
Disponível em https://www.metaltex.com.br/assets/img/produtos/tl2.jpg
16
Disponível em: https://bucket-site-steck.s3.sa-east-1.amazonaws.com/categories/files/pt/plugue-e-tomada-
industrial/NEWKON%2016-03-2020%20PT.pdf

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 98 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo
6 DISPOSITIVOS DE TEMPORIZAÇÃO

Capítulo 6 – Dispositivos de Temporização


6.1 – Introdução

Em circuitos de comandos elétricos, os dispositivos de temporização ocupam uma função muito


importante, permitindo o controle do tempo de operação em aplicações como partidas sequenciais de
motores elétricos, em circuitos de iluminação e outros. Neste capítulo serão apresentados os relés de tempo
ao trabalho e ao repouso e os relés de tempo cíclicos, bem como as suas principais aplicações, com
exemplos e exercícios.

6.2 – Relé de tempo

O relé de tempo ou timer é um dispositivo temporizador para controle de intervalos de tempo,


utilizados no controle de máquinas e processos industriais, em tarefas como sequenciamento, interrupções
de comandos e chaves de partida. É identificado nos diagramas de comando pelas siglas RT ou KT.
O seu princípio de funcionamento consiste na comutação de seus contatos de saída, decorrido o
tempo ajustado na sua escala. Na Figura 6.1, a primeira forma de onda mostra o sinal de alimentação
(energização do relé) e a segunda forma de onda mostra o início da temporização com a energização da sua
bobina (instante t0). O intervalo T entre os instantes t0 e t1 é o período de tempo ajustado.
A Figura 6.2a mostra um exemplo de aspecto de um relé de tempo. Os seus contatos, do tipo reversor,
são numerados por 15, 16 e 18. Os terminais 15 e 16 constituem o contato NF e 15 e 18 o contato NA. Os
terminais A1 e A2 recebem a tensão de alimentação, sendo usualmente: 24 V em CC; 127 V (ou 110 V) e
220 V em CA.

Alimentação t0 – instante da comutação


Saída
T t2 – retorno ao repouso
(contatos)
T – temporização selecionada
t0 t1 t2
Figura 6.1 – Princípio básico do relé de tempo: formas de onda.

A1 15

30
A1
20 40 A1 1515(C) (C) Comum
Comum
A1 A2
10 50
~

RT1
0 60
16
15 16 18
18 Seg 16 18
A2 (NF) (NA)
A2 (NF) (NA)
16 18 A2

(a) (b)
Figura 6.2 – (a) Aspecto frontal de um relé de tempo. (b) Símbolo e contatos comum, NA e NF.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 99 Curso Técnico de MECÂNICA


6.2.1 – Relés de tempo eletrônicos

Os relés de tempo eletrônicos ou temporizadores são uma evolução dos relés eletromecânicos, com
recursos de fonte de tensão estabilizada e funções de temporização ajustáveis, o que os torna aplicáveis a
situações mais complexas como em sistemas de automação industrial – máquinas operatrizes, máquinas de
embalagem, sistemas de ar-condicionado, elevadores, escadas rolantes, pontes rolantes etc.
Os relés de tempo e suas respectivas denominações, são descritos a seguir:
(1) relé com retardo na energização ou para ligar ou ainda relé ao trabalho (TRE) – ver o seu símbolo na
Figura 6.3a ;
(2) relé com retardo na desenergização ou para desligar ou ainda relé ao repouso (TRD), Figura 6.3b;
(3) relé cíclico, Figura 6.3c.

A1 A1 A1

A2 A2 A2
(a) (b) (c)
Figura 6.3 – (a) Relé de tempo: símbolos para os tipos (a) TRE, (b) TRD e (c) cíclicos.

6.2.1.1 – Relé de tempo ao trabalho (TRE)

A operação deste tipo de relé é explicada através das formas de onda da Figura 6.4a, que definem as
etapas descritas a seguir.

1ª etapa – intervalo de tempo entre os instantes t0 e t1

- Inicialmente o RT está em repouso, com os contatos NA (15−18) desativados (ver a Figura 6.4b);
- no instante t0 a bobina do RT é energizada pela tensão nominal Vnom, aplicada aos terminais A1 e A2;
- a partir de t0 tem início a contagem do tempo T ajustada no cursor do relé (de t0 a t1);
- decorrido o período T, o relé comuta no instante t1 os seus contatos de 15−16 para 15−18.

vA1-A2
Vnom
On A1 15 (C) Comum

vA1-A2 RT1
Off
0 16 18
t A2 (NF) (NA)
Comutação
Contatos On (b) Etapa 1: intervalo de t0 a t1.
NA e NF

Off
A1 15 (C) Comum
0 t0 t1 t2 t
T vA1-A2 RT1

Comutação Comutação 16 18
Energização para 15-16
para 15-18 A2 (NF) (NA)

(a) (c) Etapa 2: intervalo de t1 a t2.

Figura 6.4 – (a) Formas de onda do RT TRE. (b) Etapa 1: energização do RT. Contatos
em repouso. (c) Etapa 2: energização e comutação dos contatos do RT.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 100 Curso Técnico de MECÂNICA


2ª etapa – intervalo de tempo entre os instantes t1 e t2

- Do instante t1 ao instante t2 o RT está com os contatos NA (15–18) ativados – ver a Figura 6.4b;
- o fim deste intervalo (instante t2) ocorre quando a bobina do RT é desenergizada (VA1-A2 = 0V), o
que provoca a comutação dos contatos de 15–18 para 15–16;
- a partir do instante t2 o RT volta então ao estado de repouso – contatos NF 15–16 ativados,
permanecendo assim até que seja energizado novamente.

Exemplo 6.1 – Partida de um motor trifásico e desligamento temporizado – Figura 6.5.

Figura 6.5 – Circuitos de carga e de comando de um MIT com desligamento pelo RT TRE.

Operação do circuito (descrição):

- A partida do MIT é realizada diretamente pela botoeira S1;


- o contator K1 e o RT1 são energizados;
- o selo de K1 é fechado (contatos 23-24);
- os contatos 15-16 de RT1 estão inicialmente em repouso;
- inicia-se o tempo T ajustado no RT, por exemplo, 10 segundos;
- vencido este tempo, ocorre a comutação dos contatos do RT1 de 15-16 para 15-18;
- com isto abre-se o ramo onde está o contator K1;
- o selo de K1 abre (contatos 23-24);
- o relé RT1 é desenergizado, ou seja, vA1-A2 = 0 em seus terminais;
- ocorre comutação nos contatos do RT1: de 15-18 para 15-16 (posição de repouso);
- o circuito pode ser acionado novamente (novo acionamento do MIT em partida direta).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 101 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 6.2 – Circuito de teste de lâmpadas com relé TRE. A Figura 6.6 apresenta um circuito para
o teste simultâneo e temporizado de um grupo de 3 lâmpadas. Acionando a botoeira B1, o relé RT1 e o
contator K1 são energizados. O contato K1 (13-14) é fechado e após 5 segundos o contato 15-16 de RT1
comuta para 15-18, encerrando o teste das lâmpadas. Este teste é feito com tensão abaixo de 127 V, pois,
com K2 aberto, cada lâmpada fica conectada em série com um resistor.

Figura 6.6 – Circuito de teste simultâneo de lâmpadas com o uso de relé TRE.

6.2.1.2 – Relés de tempo ao repouso (TRD)

O relé eletrônico do tipo TRD ou ao repouso é apresentado na Figura 6.7 – formas de onda e etapas
de operação. Ele apresenta um retardo ou tempo de atraso para desligar. Etapas de operação:

1ª etapa – intervalo de tempo entre os instantes 0 e t0

Inicialmente o RT está desenergizado e em repouso − os contatos NF (15−16) e NA (15−18) estão


desativados, como se verifica na Figura 6.7b.

A1 15 (C) Comum
vA1-A2 (V)
RT1
Vnom On
16 18
A2 (NF) (NA)
Off
(b) Etapa 1: intervalo de 0 a t 0.
0 t
A1 15 (C) Comum
T
vcomutação vA1-A2 RT1
On 16 18
A2 (NF) (NA)

Off (c) Etapa 2: intervalo de t 0 a t1.

0 t0 t1 t2 t A1 15 (C) Comum

Energização e Comutação para RT1


comutação para 15-16 (NF) 16 18
15-18 (NA) A2 (NF) (NA)

(a) (d) Etapa 3: intervalo de t1 a t2.


Figura 6.7 – (a) Formas de onda do RT TRD. (b) Etapa 1: relé em repouso. (c) Etapa 2: energização
do RT e comutação dos contatos. (d) Etapa 3: desenergização e comutação dos contatos no instante t 2.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 102 Curso Técnico de MECÂNICA


2ª etapa – intervalo de tempo entre os instantes t0 e t1

No instante t0 a bobina do RT é energizada pela tensão Vnom e o relé TRD comuta os seus contatos de
15−16 para 15−18 (Figura 6.7c). Inicia-se a contagem do tempo T ajustado no cursos do relé.

3ª etapa – intervalo de tempo entre os instantes t1 e t2

Nesta etapa (Figura 6.7d) a carga fica acionada pelo RT entre os contatos 15−18, a partir do instante t1,
quando a tensão nos terminais A1 e A2 foi desativada (vA1-A2 = 0). Decorrido o período T, o relé comuta os seus
contatos 15−18 (NA) no instante t2 de volta para 15−16 (NF).

Exemplo 6.3 – Partida de um MIT com o uso de um RT ao repouso (Figura 6.8, simulação com o CADe
SIMU). Com o tempo ajustado no relé RT1 a lâmpada de sinalização H1 fica acionada durante um tempo
adicional.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 6.8 – Simulação (CADe SIMU): (a) Esquema com RT1 em repouso. (b) Acionamento de RT1
e contator K1. (c) Chave fim-de-curso FC1 desliga K1 e RT. (d) Posição de repouso.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 103 Curso Técnico de MECÂNICA


EF – Exercícios de Fixação – Série 6

EF 6.1 – Explicar a sequência de operação para o circuito de comando da Figura 6.9, Partida sequencial
de dois motores de indução trifásicos, com o uso do RT ao trabalho (RTE).

Figura 6.9 – Circuito de simulação com o relé TRE na partida sequencial de dois MIT.

EF 6.2 – Considere o esquema da Figura 6.10, para o comando de três lâmpadas, L1, L2 e L3. O relé de
tempo RT1 é ajustado com ton = 30 segundos. Qual é a alternativa CORRETA a respeito deste circuito?

Figura 6.10 – Sistema de acionamento de três lâmpadas.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 104 Curso Técnico de MECÂNICA


a. (.f.) Neste circuito de comando as lâmpadas são acionadas em modo condicionado.
b. (.f.) Ao acionar a botoeira S2, as lâmpadas L1 e L2 são acionadas.
c. (.f.) O contator K4 é acionado por pelo contator K1.
d. (.f.) O relé de tempo RT1 permite ligar o circuito após 30 s.

EF 6.3 – No circuito apresentado na Figura 6.11, são comandados um motor elétrico M1, uma lâmpada L1
e um forno elétrico R1. Assinalar a alternativa INCORRETA a respeito de sua operação.

Figura 6.11.

a. ( ) Com a chave S1 acionada, o motor elétrico M1 é ligado e decorridos 10 s, são acionadas as


cargas L1 e R1.
b. ( ) Com o relé de tempo RT1 em falha de alimentação (sem energia), não é possível acionar as
cargas L1 e R1.
c. ( ) Se o relé térmico atuar, ainda é possível ligar as cargas L1 e R1.
d. ( ) As cargas L1 e R1 são alimentadas em 127 V.

EF 6.4 – As alternativas a seguir se referem à Figura 6.12, onde um contator K1 permite acionar 2
lâmpadas, L1 e L2 e um motor monofásico. O barramento LN é monofásico, em 110 V eficazes. A
respeito da operação deste sistema, assinalar a alternativa que o descreve de forma INCORRETA.

a. ( ) Com o selo de K1 acionado, a lâmpada L2 é desligada.


b. ( ) Acionando a botoeira S1, a lâmpada L1 e o motor são ligados imediatamente.
c. ( ) O relé de tempo é ao repouso – logo, o motor é acionado imediatamente com S1 acionada.
d. ( ) Acionando a botoeira S0, o motor continua operando indefinidamente e L2 não acende.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 105 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 6.12 – Diagrama de comando e carga – exercício EF 5.4.

EF 6.5 – O relé de tempo no circuito da Figura 6.12 atua no sentido de (marque a alternativa
INCORRETA):

a. ( ) Ligar o motor M1 logo após o selo de K1 ser acionado.


b. ( ) Ligar a lâmpada L2 quando na posição de repouso.
c. ( ) Acionar a lâmpada L2 por 5 segundos imediatamente.
d. ( ) Acionar e manter o motor M1 operando por 5 segundos, após a botoeira S0 acionada.

EF 6.6 – Sistema de iluminação de emergência. O esquema da Figura 6.12 mostra o acionamento de um


motor trifásico e de um conjunto de lâmpadas, em um laboratório. Este sistema conta com um circuito de
iluminação de emergência (bateria e lâmpada L4), acionado pelo contator K2 e pelo relé de tempo RT2.

Figura 6.13 – Diagramas de carga e de comando, com um circuito de iluminação de emergência.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 106 Curso Técnico de MECÂNICA


a) Desenhar e simular os diagramas de carga e comando da Figura 6.12 no CADe SIMU, para verificar a
sua operação. Ajustar um tempo de 5 segundos para o relé RTD.

Sequência do acionamento:

1 - Acionar a operação normal do sistema, através da botoeira S 1. Descreva o que ocorre.

2 - Acionar a botoeira SF, a qual simula uma situação de “falta de energia elétrica”, desconectando as cargas
da rede CA. O que ocorre?

3 - Acionar novamente a botoeira S1, simulando um retorno da energia elétrica. O que ocorre com o circuito
de iluminação de emergência?

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 107 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo
7
Capítulo 7 – Comando do Motor Monofásico
Comando do
MOTOR MONOFÁSICO

7.1 – Introdução

Os motores elétricos monofásicos de CA constituem uma


alternativa quando não se dispõe da rede elétrica trifásica. Este é
um contexto presente em pequenas comunidades rurais ou urbanas,
onde só existe a rede monofásica em 110 V. Estes motores são
recomendados para acionamentos em baixas potências – acima de
10 CV o motor de indução trifásico é mais indicado. Na Figura 7.1
é apresentado o seu aspecto com 6 terminais, para o qual serão
apresentados neste capítulo os diagramas de carga e comando. Figura 7.1 – Aspecto de um motor
monofásico de 6 terminais17.

7.1.1 – Características do Motor Monofásico

Os motores monofásicos são de baixa potência, operando em redes CA de frequências de 50 Hz ou


60 Hz. A sua velocidade é limitada a 3600 rpm (rotações por minuto).
Destacam-se, dentre os diversos tipos de motores elétricos desta categoria, os motores monofásicos
com rotor em gaiola de esquilo, devido à simplicidade de fabricação, à robustez, à confiabilidade e à menor
necessidade de manutenção (FRANCHI, 2014).
Pelo fato de só haver uma fase de alimentação, nestes motores não há formação do campo magnético
girante, como ocorre nos motores trifásicos e, portanto, não há conjugado de partida. No enrolamento do
rotor são induzidos campos magnéticos alinhados ao campo magnético do enrolamento do estator. Ao invés
de girar, o campo magnético apenas pulsa e varia em intensidade, em uma mesma direção (CHAPMAN,
2013).
É bastante utilizado o motor monofásico de 6 terminais, que contém um enrolamento auxiliar
utilizado somente na sua partida, em série com um capacitor e uma chave centrífuga. Isto possibilita, de
acordo com o seu dimensionamento e posição a criação de uma segunda fase fictícia e a formação do campo
girante para a partida.
Para melhor empregar o motor monofásico é importante conhecer as suas desvantagens/limitações,
em comparação com o motor de indução trifásico (MIT):

1) para uma mesma potência, é sempre maior e mais caro;


2) apresenta maior volume e peso para potências e velocidades iguais (em média 4 vezes);
3) necessita de manutenção mais apurada devido ao circuito de partida e seus acessórios;
4) possui menor conjugado de partida;
5) é difícil de encontrar comercialmente para potências mais elevadas (acima de 10 CV);
6) alcança apenas 60 a 70 % da potência do motor trifásico do mesmo tamanho;
7) apresenta rendimento e fator de potência menores − em razão disso apresenta maior consumo de
energia elétrica (em média 20% a mais);
8) não é possível inverter diretamente o sentido de rotação de seu eixo.

17
Fonte: Catálogo de Motores Elétricos WEG. WEG Equipamentos Elétricos S. A. Jaraguá do Sul, 2005.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 108 Curso Técnico de MECÂNICA
7.2 – A partida em um motor monofásico

A Figura 7.2 mostra o circuito equivalente de um motor monofásico de 6 terminais, constituído de


um enrolamento principal, com as bobinas L1 e L2 e um enrolamento secundário, com a bobina L3. Em série
a esta bobina são conectados um capacitor auxiliar (C1) e um interruptor centrífugo (S1), simbolizada na
figura por uma chave mecânica.

Fase 1 3 5

S1

Secundário ou auxiliar
Enrolamento
C1
127 VRMS L1 L2
60 Hz
L3

Neutro 2 4 6
Enrolamento principal

Figura 7.2 – Circuito equivalente de um motor monofásico: enrolamentos principal e auxiliar.

No circuito equivalente simplificado da Figura 7.3a temos o capacitor de partida C1 em série com o
enrolamento auxiliar. Este capacitor cria um ângulo de defasagem entre as correntes dos enrolamentos
principal e auxiliar, elevando o torque de partida.
Este torque ou conjugado pode atingir até 4 vezes o valor do conjugado nominal. O motor monofásico
com capacitor de partida é bastante utilizado em potências na faixa de ¼ CV até 15 CV.

S1 C1

Fonte: Picswave
Enrolamento
Rotor
principal

Enrolamento auxiliar
(a) (b)
Figura 7.3 – (a) Enrolamentos de um motor monofásico – esquema simplificado. (b) Aspecto da chave centrífuga.

>> QR Code: Motor monofásico por dentro:


veja o funcionamento na prática (6 min. 34 s)
Destaque para o a operação da chave centrífuga
ELECTRICITY – O Canal da Elétrica

Curva conjugado  rotação

A Figura 7.3b mostra o aspecto construtivo da chave centrífuga S1, uma chave mecânica que desliga
o enrolamento auxiliar após o motor ter atingido uma certa velocidade (próxima de 80% da nominal), como
se verifica na Figura 7.4.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 109 Curso Técnico de MECÂNICA


Conjugado
C (N.m)
(N.m)
Enrolamentos principal e auxiliar
400%

300%

200%

100% Velocidade
n (rpm)
n (rpm)

0 Apenas o enrolamento Desconexão ns


principal da fase auxiliar
Figura 7.4 – Curva conjugado  rotação de um MM com capacitor de partida. Adaptado de (CHAPMAN, 2013).

7.3 – Ligação do motor monofásico em 127 V e em 220 V

Neste item serão apresentados os motores monofásicos de 2, 4 e 6 terminais, de acordo com o número de
bobinas que formam o seu circuito equivalente. O número de terminais influencia nos níveis de tensão de
alimentação bem como na possibilidade de reversão de rotação. É importante observar que cada enrolamento é
projetado para a tensão de alimentação de 110 V ou 127 V eficazes. Se as suas bobinas forem conectadas em
série, o motor deverá ser alimentado em 220 V.

7.3.1 – Motor monofásico de 2 terminais

- São destinados apenas a um valor de tensão: 110 V (ou 127 V) ou em 220 V.


- Neste tipo de motor não é possível a reversão do seu sentido de rotação.

7.3.2 – Motor monofásico de 4 terminais

- Opera com dois valores de tensão: 110 V e 220 V. É possível inverter o sentido de rotação.
- Os esquemas de ligação dos cabos de alimentação no seu painel frontal são vistos na Figura 7.5.
- Na Figura 7.6 vemos as bobinas L1 e L2 do motor ligadas em paralelo e na Figura 7.7, em série. Nestes
circuitos estão presentes os instrumentos de medida de corrente e tensão do motor (valores eficazes).

F N F1 F2

1 2 3 4 1 2 3 4

(a) (b)
Figura 7.5 – (a) Ligação em 110 V (bobinas em paralelo). (b) Ligação das bobinas em 220 V (conexão série).

F A
1 2
Irms
127 Vrms V L1 L2

3 4
N
Figura 7.6 – Circuito do motor monofásico alimentado em 127 V.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 110 Curso Técnico de MECÂNICA


F1 A
1
IRMS
L1 V 110 Vrms

3
220 Vrms V
2

L2

4
F2

Figura 7.7 – Circuito do motor monofásico alimentado em 220 V.

7.3.3 – Motor monofásico de 6 terminais

Neste tipo de motor monofásico, assim como no motor de 4 terminais, temos dois tipos de alimentação
diferentes, uma o dobro da outra (110 V e 220 V). Pode-se inverter o sentido de giro do motor. O seu circuito
em 110 V ou em 127 V é representado na Figura 7.8.

1 3 5
F
S1
Tensão
Fase-neutro C1
L1 L2
110 Vef ou
127 Vef L3

N
2 4 6

Figura 7.8 – Circuito do motor monofásico em 110 V (ou 127 V).

As conexões de seus enrolamentos podem ser realizadas manualmente e/ou através de contatores18. Em
220 V (Figura 7.9), observa-se a bobina L1 em série com a combinação paralela da bobina L2 com o enrolamento
auxiliar. A tensão em cada bobina é de 110 V.

Fase 1 1

L1 110 Vrms V

2
Tensão 5
Fase-fase
3 S1
220 Vef
L2 C1

4 L3

Fase 2 6

Figura 7.9 – Circuito do motor monofásico em 220 V.

18
A sequência 1-3-5 e 2-4-6 não é um padrão fixo, dependendo do fabricante do motor monofásico.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 111 Curso Técnico de MECÂNICA


Exemplo 7.1 – Partida direta de um motor monofásico conectado a uma rede de 127 V.

Os diagramas de carga e comando deste acionamento são apresentados na Figura 7.10, onde se
destaca a adaptação do relé térmico e do contator trifásico para o sistema monofásico, com a ligação em
série dos contatos 3-4 e 5-6. Este procedimento garante que uma mesma corrente circula por todos os
terminais destes dispositivos.
Estão inseridos nestes diagramas os instrumentos para medição da corrente do motor (amperímetro,
na fase R) e da tensão dos terminais dos enrolamentos principal e auxiliar (voltímetro).

R R
S S
T T

N N
Fase 1 Fase 2 F3 F4
F3 F4
F1 F2 F1 F2
95 95
1 3 5 FT1 1 3 5 FT1
K1 96
96 K1 96
1
2 4 6 1
2 4 6
S0
S0 S0
IFase A IFase A
2
1 3 5 1 3 5
3 13 3 13
FT1 FT1
2 4 6 S1 K1 2 4 6 S1 K1
4 14 4 14
V
V VFF
VFN
A1 A1
1-3 2-4 1 2-3
5 K1 L1 K1 L1
A2 5 A2
M1 M1
1~ 6 1~ 4-6

Figura 7.10 – Diagramas de carga e de comando para o Figura 7.11 – Diagramas de carga e de comando
motor monofásico acionado em 127 V. para o motor monofásico acionado em 220 V.

Exemplo 7.2 – Partida de um motor monofásico conectado a uma rede de 220 V – Figura 7.11. Observar
as ligações dos terminais do motor, tendo como base do circuito da Figura 7.12.

Fase 1 1 >> QR Code

Motor monofásico com capacitor de


L1
partida. Componentes, Terminais e
2 Dados de Placa.
Tensão 5
Fase-fase Prof. Marco Aurélio A. Castro – UFJF
3 S1 Canal CAMPO GIRANTE – Youtube
220 Vef
L2 C1

4 L3

Fase 2 6
Figura 7.12 – Motor monofásico alimentado em 220 V.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 112 Curso Técnico de MECÂNICA


7.4 – Reversão de rotação

Para a reversão de rotação do motor monofásico, basta inverter a ligação dos bornes 5 e 6 do
enrolamento auxiliar para os terminais 1-3 e 2-4 do enrolamento principal, o que garante a inversão do
sentido da corrente e, obviamente, do campo magnético. A mudança nesta ligação deve ser feita com o
motor parado ou em uma rotação baixa o suficiente para que a chave centrífuga seja novamente fechada,
para um novo evento de partida (NASCIMENTO, 2011).
Neste texto serão apresentadas as etapas para a reversão de rotação do motor monofásico alimentado
em 127 V. A reversão com alimentação em 220 V fica proposta como exercício – sugestão: efetuar este
acionamento em simulação, inicialmente.

Na Figura 7.13, são utilizados 3 1 3 5


F
contatores no circuito de carga do motor K1 K3
monofásico em 127 V. Os bornes 1-3 e 2-4 são
conectados entre si por cabos, no painel de L3
K2
ligações. O acionamento do contator K1 liga 127 Vrms L1 L2
estes bornes à fase e ao neutro da rede de C1
alimentação CA. Os contatores K2 e K3,
K2 S1
acionados em modo complementar, efetuam a
troca de ligação dos terminais 5 e 6 ao N
K1 2 4 K3 6
enrolamento principal.
Figura 7.13 – Circuito com somente o contator K1 acionado.

 Etapas de funcionamento do motor monofásico com reversão de rotação (em 127 V)

Etapa 1− Acionamento do contator K1

A Figura 7.14 mostra os estados dos contatores e o caminho da corrente, o que permite energizar as
bobinas L1 e L2 (ver o barramento energizado, em destaque).
• Contator K1: acionado (o enrolamento principal é energizado).
• Contatores K2 e K3: desligados.
O enrolamento auxiliar não recebe energia da fonte CA.

Barramento energizado

1 3 5 1 3 5
F F
K1 K3 K1 K3

L3 L3
K2 K2
127 Vrms L2 127 Vrms
L1 L1 L2
C1 C1

K2 S1 K2 S1

N N
K1 2 4 K3 6 K1 2 4 K3 6
Figura 7.14 – Etapa 1: somente o contator K1 acionado. Figura 7.15 – Etapa 2: contatores K1 e K3 acionados.

Etapa 2 − Acionamento dos contatores K1 e K3 (Figura 7.15)

• Contator K1 e K3 acionados − enrolamento principal energizado e conexão dos terminais 5 e 6 do motor


à rede CA de 127 V;
• contator K2: desligado.
Ocorre nesta etapa a partida do motor monofásico, com rotação em sentido horário (ou anti-horário).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 113 Curso Técnico de MECÂNICA


Etapa 3− Reversão de rotação: acionamento dos contatores K1 e K2

A reversão do motor é realizada com os seguintes estados dos contatores K1, K2 e K3 na Figura 7.16:
• contator K1 acionado (enrolamento principal energizado);
• contator K3 desligado e contator K2 ligado.
Ocorre a troca de ligação dos terminais 5 e 6 ao enrolamento principal e a reversão de rotação.

1 3 5
F
K1 K3

L3
K2
127 Vrms L1 L2
C1

K2 S1

N
K1 2 4 K3 6
Figura 7.16 – Circuito com os contatores K1 e K3 acionados.

7.5 – Partida do motor monofásico com reversão temporizada em 127 V

Este acionamento é denominado na prática de reversão de rotação semi-automática, devido ao uso


dos relés de tempo (no caso, do tipo TRE, ao trabalho). Estes dispositivos são ajustados para 10 segundos,
por exemplo (ou um tempo menor). Uma proposta para a reversão semi-automática do motor monofásico
em 127 V é apresentada nas Figuras 7.17a (diagrama de carga) e 7.17b (diagrama de comando).

R
S R

T S

N
F3
F1 F2
95
FT1
96

1
1 3 5 1 3 5 1 3 5
S0
K1 K2 K3 2
2 4 6 2 4 6 2 4 6

RT1 15 RT2 15
3 13

S1 K3
16 18 16 18
1 3 5 4 14

FT1 11 11
2 4 6 K2 K1
12 12
1−3 2−4 A1 A1 A1 A1 A1
K3 RT1 K1 RT2 K2
M1 5 A2 10 s A2 A2 10 s A2 A2
1~
6
(a) (b)
Figura 7.17 – Motor Monofásico: circuitos de acionamento para partida direta e
reversão semi-automática: (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 114 Curso Técnico de MECÂNICA


Descrição da operação

Etapa 1 − Partida do motor: acionamento dos contatores K1 e K3 e do relé RT1

- Ao acionar a botoeira S1, o contator K3 é energizado e o seu selo (contatos 13-14) é fechado e o relé de
tempo RT1 é imediatamente energizado.
- O contator K1 é energizado e por 10 s o motor opera em um sentido (horário ou anti-horário). Neste
intervalo o contator K2 não pode ser energizado, pois existe um contato NF de K1 ativo no seu ramo.
- Observar no diagrama de carga que os contatos 5 e 6 do motor monofásico estão conectados
respectivamente aos terminais 1-3 e 2-4.

Etapa 2 − Parada do motor: interrupção do contator K1 e acionamento do relé RT2

- Decorrido o tempo ajustado em RT1 (10 s), o seu contato NF comuta para a posição 15-18.
- O relé RT2 é acionado e ocorre a interrupção de operação do motor por 10 s, pois o contator K1 é
desativado e o motor é acionado neste intervalo somente pelo contator K3.
- Dependendo da inércia do eixo do motor, a sua rotação pode ser interrompida (motor parado).

Etapa 3 − Reversão de rotação: acionamento do contator K2

- Após o tempo ajustado no relé de tempo RT2 (10 s, na Figura 7.17b), o seu contato NF comuta para a
posição 15-18 e o contator K2 é acionado.
- O motor agora opera com K2 e K3 acionados, girando no sentido contrário ao anterior, indefinidamente.
Os contatos 5 e 6 estão agora conectados aos contatos 2-4 e 1-3 respectivamente.
- O motor só pode ser desligado manualmente, via botoeira S0.

EF – Exercícios de Fixação – Série 7

EF 7.1 – Quais são as desvantagens do motor monofásico em relação ao MIT?

EF 7.2 – Represente o esquema dos enrolamentos do motor monofásico de 6 terminais, para as conexões
em 110 V e em 220 V.

EF 7.3 – A respeito dos motores monofásicos, é correto afirmar, EXCETO:


a. ( ) Pelo fato de possuírem apenas uma fase de alimentação, não há a formação do campo magnético
girante, característica principal dos motores trifásicos.
b. ( ) Devido ao baixo torque de partida, além do enrolamento principal utiliza-se um enrolamento
auxiliar (que defasa corrente em 90º).
c. ( ) Os motores monofásicos de 4 terminais operam somente com um valor de tensão.
d. ( ) Para a operação em 220 V, as bobinas do enrolamento principal são ligadas em série.

EF 7.4 – A Figura 7.18 mostra o circuito de um motor elétrico monofásico de 6 terminais. Dentre as opções
a seguir, assinalar a opção INCORRETA, a respeito deste motor.
a. ( ) Este tipo de motor monofásico permite dois tipos de alimentação diferentes, uma o dobro da outra (110
V e 220 V), como no motor de 4 terminais.
b. ( ) Pode-se inverter o sentido de giro do motor, através do terceiro ramo (terminais 5 e 6), que contém
uma chave centrífuga e um capacitor auxiliar de partida.
c. ( ) Este tipo de motor monofásico permite dois tipos de alimentação diferentes, uma o dobro da outra (110
V e 220 V), como no motor de 4 terminais.
d. ( ) Pode-se inverter o sentido de giro do motor, através do terceiro ramo (terminais 5 e 6), que contém
uma chave centrífuga e um capacitor auxiliar de partida.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 115 Curso Técnico de MECÂNICA


Fase 1 3 5

S1

Secundário ou auxiliar
Enrolamento
C1
127 VRMS L1 L2
60 Hz
L3

Neutro 2 4 6
Enrolamento principal
Figura 7.18.

EF 7.5 – A Figura 7.19 mostra a curva de conjugado  velocidade de um motor de indução monofásico,
descrita pelas afirmações a seguir. Qual delas é CORRETA?
Conjugado
C (N.m)
(N.m)
Enrolamentos principal e auxiliar
400%

300%

200%

100% Velocidade
n (rpm)
n (rpm)

0 Apenas o enrolamento Desconexão ns


principal da fase auxiliar

Figura 7.19 – Curva de conjugado  velocidade de um motor monofásico com capacitor de partida.

a. ( ) A curva tracejada indicada por (2) identifica a atuação apenas do enrolamento auxiliar.
b. ( ) Em (1) identifica-se a curva devida somente ao enrolamento principal.
c. ( ) Em (3), na velocidade n3, a chave centrífuga é fechada no enrolamento auxiliar.
d. ( ) Com o uso do capacitor de partida não se altera o torque inicial deste motor.

EF 7.6 – A Figura 7.20 mostra o esquema


de ligação de um motor monofásico de 6
terminais em 127 V, para a reversão de sua
rotação, com o uso de contatores.

Qual das afirmativas a seguir é


INCORRETA a respeito deste esquema?

Figura 7.20.

a. ( ) O contator K1 liga o motor à rede CA de alimentação.


b. ( ) Os pares de contatores K2 e K3 não devem ser acionados simultaneamente.
c. ( ) Os pares de contatores K2 e K3 são utilizados para a reversão de rotação.
d. ( ) Este esquema é para a alimentação do motor monofásico em 220 V .

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 116 Curso Técnico de MECÂNICA


EF 7.7 – Considere-se ainda o circuito da Figura 7.20, da questão anterior. Foi projetado para este circuito
o uso de uma função lógica S com sinais digitais para o acionamento dos contatores K1, K2 e K3, onde o
nível alto significa contator acionado e o nível baixo, desligado.

Por Exemplo, 𝑆 = 𝐾1. 𝐾2 (lê-se K1 and K2) significa que os contatores K1 e K2 estão acionados.
A função lógica para o acionamento da Figura 7.18 é CORRETAMENTE representada por:

a. ( ) 𝑆 = 𝐾1. (𝐾2 + 𝐾3)


b. ( ) 𝑆 = 𝐾1. (𝐾2. ̅̅̅̅
𝐾3 + ̅̅̅̅
𝐾2)
c. ( ) 𝑆 = 𝐾1. (𝐾2. ̅̅̅̅
𝐾3 + ̅̅̅̅
𝐾2. 𝐾3)
d. ( ) 𝑆 = 𝐾1. (𝐾2. 𝐾3 + ̅̅̅̅
𝐾2. ̅̅̅̅
𝐾3)

EF 7.8 – O diagrama de comando da Figura 7.21 representa uma das etapas de operação de reversão semi-
automática de um motor monofásico – ver as Figuras 7.17a e 7.17b. As linhas em tom de cinza indicam um
circuito aberto (não circula corrente elétrica).

a) Identifique corretamente os dispositivos e suas funções neste diagrama.


b) Descreva esta etapa de operação do motor monofásico.

R
S

95
FT1
96

S0

RT1 15 RT2 15

S1 16 18 16 18

K1

K3 K1 K2

Figura 7.21.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 117 Curso Técnico de MECÂNICA


Capítulo 8 Comando do MOTOR TRIFÁSICO
Capítulo 8 – Comando do Motor Trifásico

8.1 – Comando local e à distância

O comando local de um acionamento elétrico é aquele onde o circuito de comando está muito
próximo do circuito de carga. No circuito da Figura 8.1, o contator K1 é acionado pelo interruptor S1 (local).
O seu contato de selo (13-14) é fechado, mantendo a energização da bobina do contator K1. A carga ligada
às fases R e S permanece acionada pela ação deste selo. A estratégia de usar um comando local é
interessante, pois possibilita o comando da máquina ou carga do local onde se está realizando a sua
manutenção, por exemplo, facilitando a realização de testes.

Fase R 23 K1 24 1

S01
2
1
S02 Comando Comando
Circuito 2 Local Remoto
ou carga 3 13 3

S1 K1 S2
13
4 14 4

A1
K1
Fase S A2

Figura 8.1 – Exemplo de um comando local e remoto.

No comando à distância ou remoto a chave de acionamento (S2, na Figura 8.1) também está em
paralelo com o selo de K1, mas distante da carga acionada. Neste tipo de comando a carga pode ser acionada
de um ou mais locais diferentes.
É recomendável sinalizar/identificar, por segurança, cada ponto de acionamento de uma instalação,
local e remoto(s), utilizando, por exemplo, lâmpadas de cores diferentes no painel de comando.
Alguns exemplos de acionamento remoto: equipamentos como bombas, exaustores, centrais de ar-
condicionado, aquecedores etc. Neste contexto o controle à distância é realizado a partir de uma central
instalada longe dos equipamentos, como por exemplo, uma sala de manutenção de uma indústria, um painel
de portaria de um condomínio etc.

8.2 – Partida direta e indireta do MIT

8.2.1 – Partida Direta

Um sistema de partida de motor elétrico é comumente chamado de “chave de partida”. O modo mais
simples de ligar ou dar a partida a um motor elétrico de indução é o de ‘partida direta’, onde o motor é
ligado diretamente à rede CA através de um contator, como mostra a Figura 8.2.
As concessionárias de energia elétrica recomendam este método de partida para motores elétricos
com potência até 10 CV, devido aos valores elevados de corrente de partida, de 6 a 10 vezes maior do que
a corrente nominal, como mostra a curva i  t (Figura 8.3).
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 118 Curso Técnico de MECÂNICA
Conforme algumas concessionárias de energia, é consenso adotar os limites de potência para os
motores de indução trifásicos:
- 5 CV nas redes de 220 V/127 V e
- 7,5 CV nas redes de 380 V/ 220 V.

Figura 8.2 – Exemplo de um comando local e remoto.

i(t)
Corrente de operação
em regime permanente

0
t(ms)

Corrente na partida
6 a 10  Inominal

Figura 8.3 – Aspecto da corrente no MIT durante a partida e em regime permanente.

A partida direta apresenta como vantagens:


- facilidade de instalação e baixo custo;
- rápida aceleração;
- maior conjugado de partida do motor.
Os principais inconvenientes da partida direta são:
- a corrente de partida, muito elevada, inviabiliza a sua aplicação com motores de maiores
potências, podendo ocasionar a uma elevada queda de tensão na rede CA de alimentação;
- os cabos, contatores, fusíveis e disjuntores terão de ser superdimensionados, ocasionando um
aumento nos custos de instalação;
- maior desgaste do motor: nos mancais (mecânico), e nos enrolamentos do rotor e do estator
(devido aos elevados picos de corrente na partida).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 119 Curso Técnico de MECÂNICA


8.2.2 – Partida Indireta

Existem outros métodos de acionamento de motores elétricos em que a ideia consiste em reduzir a
tensão aplicada sobre as suas bobinas e, consequentemente, os elevados níveis de corrente e conjugado
durante a sua partida. Estes métodos são conhecidos como de “partida indireta”.

A Figura 8.4 mostra a relação entre Ip/In


PARTIDA DIRETA (curva 1)
a corrente de partida e a nominal (Ip/In), Corrente sem redução
100 %
nos métodos de partida direta (curva 1) e
indireta (curva 2). Na partida indireta
PARTIDA INDIRETA (curva 2)
observa-se que: Ocorre a troca das tensões
Corrente com redução
- existe um instante de comutação das
tensões do MIT, a partir do qual ele opera
em condições nominais;
- a relação Ip/In é bastante reduzida.
Podemos citar como exemplos de
n (rpm)
chave de partida indireta: 0 50 % 100 %
Figura 8.4 – Curvas Ip/In  rotação: partidas direta e indireta.

- partida Estrela-Triângulo (Y-), para MIT que operam em dupla tensão (127V/220V; 220V/380V
e 380V/660V);
- partida com o uso de autotransformador (também chamada de chave compensadora);
- partida suave (soft-starter), utilizando equipamentos de Eletrônica de Potência, como por exemplo
através da conexão do motor a um inversor de frequência.
Os sistemas de partida indireta são mais caros e complexos. Obviamente é preciso projetar os custos
de realização. O método de partida com Soft-starter, por exemplo, é bem mais caro que uma chave Estrela-
Triângulo, para uma mesma potência no motor.
No nosso curso estudaremos a partida indireta via chave Estrela-Triângulo e suas características.

8.3 − Reversão de rotação (manual e semi-automático)

Nos motores elétricos a reversão de rotação é utilizada em diversas situações no dia-a-dia, como por
exemplo no acionamento de elevadores, de esteiras e escadas rolantes etc.
Como estudamos no capítulo 2, o campo magnético H (campo girante), obtido através da interação
das correntes de alimentação trifásicas, determina o sentido de rotação do eixo do motor. Vimos também
que para reverter a rotação deste eixo, basta reverter o sentido do campo girante, através da troca de duas
das três fases da fonte de alimentação CA, como se verifica na Figura 8.5.

(a) Rotação no sentido horário. (b) Rotação no sentido anti-horário.


Figura 8.5 − Mudança no sentido de rotação de um motor CA (inversão na ligação de duas das três fases).

A reversão de rotação em motores elétricos pode ser realizada nos seguintes modos:
- manual, como vemos, por exemplo, na Figura 8.6 (furadeira de impacto, acionada por motor
monofásico, universal) e na Figura 8.7 (através do uso de chaves reversoras);
- semi-automático, com o uso de contatores.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 120 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 8.6 – Furadeira de impacto.
Figura 8.7 − Chave reversora manual19.
Fonte: www.tramontina.com.br.

8.3.1 – Chave reversora de comando manual

A chave reversora de comando manual, denominada também de chave comutadora, geralmente


possui três posições: direita (D), desligada (0) e esquerda (E) ou (1), (0) e (2), como em outros modelos.
Na Figura 8.8 temos o seu esquema com a manopla na posição zero (0), na qual não ocorre a conexão da
alimentação trifásica com os enrolamentos do motor. As fases R, S e T não são ligadas aos seus terminais
1, 2 e 3 e, portanto, o motor está desligado.

É importante ressaltar que na sua 0


E D
construção mecânica os contatos possam abrir
e fechar simultaneamente, para evitar falhas de R S T

falta de fase, sobrecorrentes e desgastes por


1 R
arco elétrico. M 2
2 1
Ajustando a manopla do dispositivo para 3~ 3
a posição (D), ocorrem as conexões vistas na S
Figura 8.9, onde as fases R, S e T estão 3 T
conectadas aos terminais 1, 2 e 3 do MIT,
respectivamente. O eixo do motor gira no Figura 8.8 – Chave reversora ajustada na
sentido horário. posição “0” (SENAI-SP, 2006).

0
E D

R S T

1 R
M 2
2 1
3~ 3
S

3 T

Sentido horário: sequência RST → Terminais 1-2-3 do MIT

Figura 8.9 – Chave reversora ajustada na posição “D” (SENAI-SP, 2006).

19
Fabricante: Margírius. Disponível em: https://www.eletrosul.com.br/img/products/chave-para-motor-reversora-30a-7-5cv-
trifasica-cr-830-margirius_1_1200.jpg
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 121 Curso Técnico de MECÂNICA
Reversão de rotação 0
E D
Para a reversão de rotação, basta alterar a R S T
manopla para a posição E (ver a Figura 8.10).
Observa-se nesta figura que as conexões são 1 R
alteradas em duas das três fases: a fase R é M 2
2 1
conectada ao borne 2, a fase S ao borne 1 e a 3~ 3
ligação da fase T com o borne 3 do motor se S

mantém. 3 T
A reversão instantânea de rotação não é
recomentada, pois pode provocar danos, como por Sentido anti-horário: sequência SRT → Terminais 1-2-3 do MIT
exemplo, aos rolamentos do eixo, aos mancais e à Figura 8.10 – Chave reversora ajustada na
sua instalação elétrica. posição “E” (SENAI-SP, 2006).

8.3.2 – Chave reversora com o uso de contatores

A Figura 8.11 mostra um acionamento com reversão de rotação para um motor de indução trifásico
(MIT), no modo MANUAL, através de contatores. São utilizados os seguintes dispositivos:
- contatores K1 e K2 e seus contatos principais e auxiliares;
- botoeira S0 (desliga geral),
- botoeiras S1 e S2 (intertravadas);
- fusíveis (F123 e F4);
- relé térmico (FT1);
- lâmpadas de sinalização (L1 e L2).
O MIT está conectado em estrela (ver a conexão em comum dos terminais 4, 5 e 6).

Figura 8.11 – Diagramas de carga e de comando para a reversão MANUAL de rotação de um MIT.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 122 Curso Técnico de MECÂNICA


Operação do circuito de acionamento

- O MIT M1 pode ser ligado através das botoeiras S1 ou S2. O intertravamento elétrico destas botoeiras
impede um curto-circuito nos enrolamentos do motor.
- Acionando S1, por exemplo, ocorre a partida direta do motor via contator K1. O ramo de K2 permanece
aberto neste intervalo, devido à abertura da chave NF de K1 (contatos 11-12).
- Pode-se inverter a rotação do motor pressionando S2 no ramo de K1 ou no de K2, devido ao
intertravamento.
- As lâmpadas de sinalização identificam qual contator está operando e o respectivo sentido de rotação do
motor. Para K1 acionado, lâmpada L1 acesa: o eixo do motor gira no sentido horário. Para K2 acionado, lâmpada
L2 acesa: o eixo do motor gira no sentido anti-horário.
- Existe outro intertravamento elétrico na Figura 8.9, devido à ação dos contatos NF de K1 e de K2: o
contato NF de K2 no ramo de K1, por exemplo, é acionado com o contator K2 ligado, via botoeira S2.

8.3.3 – Chave reversora de comando semi-automático

Este tipo de comando possui muitas aplicações. É muito utilizado, por exemplo, no acionamento de
portões de garagem, conhecido como “portão eletrônico”, onde, através de um controle remoto, o usuário abre
e fecha um portão (Figura 8.12). Neste acionamento ocorrem os seguintes eventos:
- partida do motor (abertura do portão, sequências 1 para 2 na Figura 8.12);
- parada (pausa) do motor, para entrada/saída de veículos;
- reversão de rotação, para o fechamento/desligamento do portão.
A seguir é apresentado como um exercício a proposta de um projeto para o acionamento de um sistema
de “portão eletrônico”. No lugar do controle remoto e das chaves de fim de curso deverá ser utilizado um
conjunto de botoeiras. No último guia de aula prática, no Apêndice II, será apresentada uma ideia para este tipo
de acionamento elétrico, tão comum no nosso dia-a-dia.

Chave de
fim de curso

Abertura

Controle
remoto

Posição da chave de Posição da chave de


fim de curso (portão fechado) fim de curso (portão aberto)
Figura 8.12 – Portão eletrônico e posições das chaves de fim-de-curso.

PROJETO
Acionamento de portão eletrônico de garagem

Para o projeto de um “portão eletrônico” acionado por um motor de indução trifásico, podem ser
utilizados os seguintes componentes, dentre outros:
- chaves de fim-de-curso;
- botoeiras (NA e NF);
- fusíveis Diazed;
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 123 Curso Técnico de MECÂNICA
- relé térmico;
- contatores e relé de tempo.
O tempo de ajuste do relé de tempo deve ser o suficiente, para a entrada/saída de um veículo, com
segurança. Recomenda-se utilizar lâmpadas de sinalização, para indicar os eventos “portão em movimento”
e “motor em modo de espera, antes de fechar”.
Projetar, desenhar e explicar este sistema de acionamento, desde a abertura até o fechamento do
portão eletrônico.

8.4 – Comando condicionado de motores elétricos

O comando condicionado ou subsequente é aquele que ocorre entre, pelo menos, duas cargas, onde
uma carga só é acionada após o acionamento da anterior. Vejamos esta situação no Exemplo 8.1.

Exemplo 8.1 – Sejam dois motores elétricos M1 e M2 (Figura 8.13), onde o objetivo é acionar
inicialmente o motor M1 e após, o motor M2 (manualmente). Na sequência ao acionamento destes
motores, o sistema deve ser mantido ligado por 30 segundos.

Figura 8.13 – Portão eletrônico e posições das chaves de fim-de-curso.

Este acionamento obedece à seguinte sequência:


- partida do motor M1, pelo acionamento da botoeira S1;
- partida do motor M2, através da botoeira S2 e acionamento do relé de tempo RT1, ligado em paralelo
com o contator K2;
- comutação dos contatos do relé de tempo RT1, de 15-16 para 15-18, interrompendo a alimentação
do circuito de comando;
- desligamento dos dois motores.
Observar, para este acionamento, que:
- a partida do motor M2 só é possível pela conexão de seu barramento ao contato 14 do selo do
contator K1 – é esta conexão que condiciona a operação de M2 ao motor M1;
- com o selo de K1 fechado, o barramento de K2 será energizado pela ação da botoeira S2 e,
consequentemente, o seu selo. Esta operação pode ser temporizada, como vimos, pelo uso do relé RT1.
COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 124 Curso Técnico de MECÂNICA
Exemplo 8.2 – Sistema de esteiras transportadoras (Figura 8.14). O modo condicionado ocorre
da seguinte forma: primeiro, ocorre o acionamento da esteira 1, que transporta o material, pela
ação do motor M3, até o moinho (acionado pelo motor M2).

O material processado neste moinho é despejado em uma segunda esteira, acionada pelo motor M1 e
transportado até o recipiente no final do processo. Nesta instalação é necessário que os motores entrem em
funcionamento sucessivo pela seguinte ordem: M1, M2 e M3. Tente explicar o motivo.

Moinho M2 M3

Esteira 2
M1
Recipiente

Figura 8.14 – Comando condicionado de três motores – esteira rolante.

• Se o leitor não conseguiu responder, vai aqui uma explicação: na sequência indicada, M1 → M2
→ M3, evitar-se-á o acúmulo do material transportado, pois a esteira 2 (acionada por M1) só deve ser ligada
com o moinho em operação (motor M2) e este, por sua vez, se a esteira 1 estiver transportando material
(acionada por M3).
E para desligar os motores? Qual deve ser desligado primeiro?
Para evitar o acúmulo de material nas esteiras e no moinho, é coerente a sequência:
1 - desligar o motor M3 (um sensor pode ser utilizado, indicando a esteira 1 sem material);
2 - a seguir, após o moinho M2 esvaziar, desligar M2 e,
3 - desligar o motor M1, após a esteira 2 também sem material.

Exercícios de Fixação
Série 8

EF 8.1 – A Figura 8.15 mostra um diagrama de comando muito utilizado em acionamento de motores
elétricos. Assinalar a alternativa que o descreve de forma INCORRETA.

Fase R 23 K1 24 1

S01
2
1
S02 Comando Comando
Circuito 2 Local Remoto
ou carga 3 13 3

S1 K1 S2
13
4 14 4

A1
K1 L1
Fase S A2

Figura 8.15.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 125 Curso Técnico de MECÂNICA


a. ( ) No comando remoto ou à distância, a botoeira de acionamento está em série com o selo do
contator, mas distante da carga acionada.
b. ( ) O contator K1, ao ser energizado, permite que a sua chave auxiliar (K1 13-14) se mantenha
fechada enquanto os terminais A1 e A2 estiverem polarizados pela tensão de linha.
c. ( ) Este diagrama de comando pode ser desligado por dois interruptores.
d. ( ) A lâmpada L1 é utilizada para sinalizar que a chave K1 (selo) foi acionada.

EF 8.2 – A Figura 8.16 mostra um sistema de acionamento de um motor CA trifásico. Assinalar a única
alternativa CORRETA sobre este circuito.

a. ( ) O motor CA é trifásico e está ligado em estrela, como indicadas nas conexões 1-6, 2-4 e 3-5.
b. ( ) Este sistema é uma partida direta com opção de reversão.
c. ( ) A lâmpada L2 sinaliza que o motor foi ligado.
d. ( ) Neste acionamento, a situação em que o motor de indução está ligado é indicada pela lâmpada
de sinalização L1 acesa.

Figura 8.16.

EF 8.3 – No circuito da Figura 8.17, são comandados um motor elétrico M1, que atua em uma esteira
transportadora como a da Figura 8.18, uma lâmpada L1 e um forno elétrico R1. Qual é a alternativa
INCORRETA a respeito dos diagramas de carga e de comando?

a. ( ) Neste acionamento, com a botoeira S1 acionada, o motor M1 é ligado e após 10 s, a lâmpada L1


e o forno R1.
b. ( ) Com o relé de tempo em falha de alimentação (sem energia da rede CA), não é possível acionar
as cargas L1 e R1.
c. ( ) Se o relé térmico atuar, ainda é possível ligar as cargas L1 e R1.
d. ( ) As cargas L1 e R1 são alimentadas em 127 V.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 126 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 8.17 – Comando de um motor elétrico (M1), uma lâmpada (L1) e um forno elétrico (R1).

Figura 8.18 – Exemplo de esteira transportadora industrial, transportando caixas.


Fonte: https://www.siembra.com.br/projetos/esteiras-transportadoras/

EF 8.4 – Acionamento de uma bomba para controle de nível (caixa d’água)

Na Figura 8.19 é apresentado um esquema onde uma bomba (motor M1) é acionada em um processo
de controle do nível de uma caixa d’água. O processo pode ser controlado nos modos (1), manual e (2),
automático, definidos pela ação da botoeira Sb, uma chave intertravada.
São utilizados sensores de nível máximo (Nmax) e de nível mínimo (Nmin), representados
respectivamente pelas botoeiras NF Nmax (para desligar M1) e NA Nmin (para ligar M1). Para completar o
volume da caixa são necessárias 2 horas, com vazão constante da bomba, tempo este ajustado no relé de

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 127 Curso Técnico de MECÂNICA


tempo RT1, do tipo TRE (ao trabalho). O modo de operação temporizado é utilizado para a interrupção da
vazão da bomba M1 de forma independente do sensor Nmax (o qual pode falhar).

As alternativas a seguir descrevem corretamente o funcionamento deste projeto, EXCETO:

a. ( ) Para o desligamento da bomba M1 após 2 horas de operação, o terminal N (neutro) no diagrama


de comando deve ser conectado ao terminal 18 do relé RT1.

b. ( ) Caso o sensor Nmax seja acionado, a bomba M1 é desligada antes do tempo ajustado no relé RT1,
tRE = 2 horas, no modo automático.

c. ( ) Com a chave Sb fechada no modo 2, M1 só pode ser acionada através de Nmin.

d. ( ) A bomba M1 só pode ser acionada em modo manual (1) se a botoeira S1 estiver na posição NF
(contatos 11-12, posição de repouso).

Figura 8.19 – Diagramas de carga e de comando: acionamento de uma


bomba (motor M1) para o controle de nível em uma caixa d’água.

8.5 – Chave de partida estrela-triângulo

Esta chave de partida é amplamente utilizada, sendo indicada para partida sem carga (a vazio), como
ocorre em fresadoras, tornos, retificadoras e furadeiras. Também é aplicada no acionamento de cargas ou
máquinas onde o conjugado resistente é baixo – podemos citar, por exemplo, os exaustoras e as máquinas
dobradeiras.
A sua principal característica é a redução da tensão nas bobinas do motor no evento de sua partida,
com a ligação em estrela. Nesta conexão, a tensão é reduzida a 58% da tensão nominal. Após um
determinado tempo, em função da rotação do motor, é realizada a mudança para a conexão em triângulo
em suas bobinas e assim o motor assume a tensão nominal.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 128 Curso Técnico de MECÂNICA


A chave estrela-triângulo pode ser realizada nos modos manual ou automático, sendo interligada aos
enrolamentos do motor, os quais que devem ser desmembrados em seis terminais disponíveis (ver a Figura
8.20a). Nas Figuras 8.20b e 8.20c verificamos a mudança nas conexões do MIT de Y para .
Um modo de verificar se a conexão foi efetuada corretamente é através da medição da tensão em
uma das bobinas do motor. Por exemplo, na bobina de terminais 1-4, se o motor é ligado a uma rede de 220
V, teremos:

220𝑉
- na partida do motor (conexão Y) → 𝑉𝐵𝑜𝑏𝑖𝑛𝑎 1−4 = 𝑉𝐹𝑁 = 127 𝑉 =
√3

- na partida do motor (conexão ) → 𝑉𝐵𝑜𝑏𝑖𝑛𝑎 1−4 = 𝑉𝐹𝐹 = 220 𝑉

Terminais de entrada R R
1
1 6
R S T V VFN
5 4 VFF V
1 2 3 N
6 4 3
2
S 3
S
2 5
4 5 6
T T

(a) (b) (c)


Figura 8.20 – (a) Enrolamentos do MIT. (b) Conexão Y: tensão de fase. (c) Conexão Y: tensão de linha.

Portanto, na conexão estrela ocorre menor tensão nas bobinas, e consequentemente uma diminuição
da corrente de partida, juntamente com seu conjugado.

8.5.1 − Vantagens e desvantagens da partida Y-

Vantagens:

▪ é muito utilizada, devido ao seu custo reduzido;


▪ não tem limites quanto ao seu número de manobras;
▪ os componentes ocupam pouco espaço;
▪ a corrente de partida fica reduzida para aproximadamente 1/3 da nominal (veja a Figura 8.21).

Ip/In
6
Partida direta
5

Partida
3
Estrela-Triângulo

0 n/ns
0 0,25 0,50 0,75 1
Figura 8.21 – Corrente de partida na chave Y-. Adaptado de (FRANCHI, 2014).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 129 Curso Técnico de MECÂNICA


Desvantagens:

▪ a tensão de linha da rede deve coincidir com a tensão da ligação triângulo do motor;
▪ se o motor não atingir em torno de 90% (noventa por cento) da velocidade nominal no momento da troca
de ligação, o pico de corrente na comutação será quase como se fosse uma partida direta, o que não
justifica o seu uso;
▪ para ser possível a ligação em Y−Δ, faz-se necessário que os motores tenham a possibilidade de serem
ligados em dupla tensão (220 V / 380 V ou 380 V / 660 V ou 440 V / 760 V), além de terem no mínimo,
seis bornes de ligação.

Comentários – chave de partida Y−Δ

• Através desta manobra o motor realiza uma partida mais suave: como vimos na Figura 8.21, a corrente de
partida é reduzida a aproximadamente 1/3 do seu valor em acionamento via partida direta. Outra alteração
neste método é a redução do torque de partida a 33% do torque nominal, como mostra a Figura 8.22.

Cp/Cn
3,0

2,5 Partida direta

2,0
Partida
1,5 Estrela-Triângulo

1,0
CR: conjugado
resistente (carga)
0,5
CR
0 n/ns
0 0,25 0,50 0,75 1
Figura 8.22 – Alteração do conjugado de partida na chave Y-. Adaptado de (FRANCHI, 2014).

• Esta chave, portanto, deve ser utilizada em aplicações com uma curva de conjugado resistente (CR, conjugado
de carga) que se situe abaixo da curva Y-. Na Figura 8.22 destaca-se o ponto de conjugado de partida em
Y-, superior ao ponto de conjugado de partida da curva CR.
• No modo manual, utilizam-se chaves comutadoras especificas Y-Δ (Figura 8.23) e contatores.
• No modo semi-automático, a passagem de ligação Y para Δ é controlada por um relé temporizador.

(a) (b) (c)


Figura 8.23 – (a) Chave comutadora Y−Δ manual. (b) Conexão efetuadas Y. (c) Conexão em .

• No relé de tempo, recomenda-se ajustar o tempo para a mudança de conexão Y para Δ com base no tempo
que o motor leva para atingir em torno de 90% de sua velocidade nominal, em RPM. O uso de um tacômetro
é essencial nesta tarefa, para se determinar bem este tempo.
• Na passagem da conexão estrela para a conexão triângulo é recomendável um atraso de 30 a 100 ms para se
evitar um curto-circuito entre as fases do motor (FRANCHI, 2007).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 130 Curso Técnico de MECÂNICA


8.5.2 – Chave de partida estrela-triângulo no modo manual

Um exemplo de diagrama de carga e de comando para a partida Y-Δ em modo manual é apresentado
na Figura 8.24, cuja operação é descrita a seguir.

Figura 8.24 − Partida Estrela-Triângulo no modo manual.

Sequência de operação:

- Ao se pressionar a botoeira S1, energiza-se o contator K1. O seu selo se fecha e a lâmpada L1 é acesa. Os
contatos de força de K1 no circuito de carga, à esquerda, se fecham.
- Ao mesmo tempo, a bobina de K2 é energizada, seus contatos de força são acionados e a chave K2 NF se
abre no ramo de K3 (o que impede a energização da bobina deste contator). Deste modo, o motor está
operando na ligação estrela, com K1 e K2 energizados.
- Pressionando a chave S2 (com contatos intertravados NA e NF), o ramo de K2 é aberto, o que desfaz a
ligação Y. A chave K2 NF volta a se fechar no ramo de K3, energizado pela ação do contato NA de S2. O
selo e os contatos de força de K3 se fecham. O contato NF de K3 está aberto no ramo de K2.
- Agora os contatores K1 e K3 estão energizados e o motor opera na conexão triângulo.

8.5.3 – Chave de partida estrela-triângulo no modo semi-automático

A Figura 8.25 mostra uma solução para uma chave de partida no método estrela−triângulo no modo
semi-automático. A sequência de eventos neste acionamento é assim descrita:

- Através da botoeira S2, os contatores K1 e K2 são energizados, bem como o relé de tempo RT1 – veja a
Figura 8.26a. O MIT parte ligado em estrela. Note que o ramo de K3 está aberto (a chave NF de K2 atuou).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 131 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 8.25 – Partida Y- semi-automática. (a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de Carga.

- Decorrido o tempo ajustado no relé de tempo RT1, a sua chave comuta de 15-16 para 15-18. Este evento
faz com que sejam desligados o contator K2 e o próprio relé RT1 (acompanhe pela Figura 8.26b).
- Com isto, no ramo de K3 a chave NF de K2 volta à sua posição de repouso (fechada). No mesmo ramo
observamos a chave de K1 fechada em paralelo com a chave de selo de K3.

(a) (b)
Figura 8.26 – Circuito de comando para a operação em (a) estrela e (b) triângulo.

- Nesta condição o contator K3 está energizado e está realizada a transição da conexão estrela para triângulo.
A chave NF de K3 no ramo de K2 agora está aberta, o que não permite a energização de K2.
- Observe no diagrama de carga a ligação dos bornes 1-6, 2-4 e 3-5 no MIT, através dos contatores K1 e K3.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 132 Curso Técnico de MECÂNICA


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Partida estrela triângulo
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8.5.4 – Dimensionamento dos contatores para a chave de partida estrela-triângulo

Para dimensionar as correntes dos contatores da chave estrela-triângulo, tomaremos como base o
diagrama de carga apresentado nas Figura 8.27, onde o contator K1 é utilizado para a conexão direta do motor
3 à rede elétrica, o contator K2 efetua a conexão em Y e o contator K3 efetua a conexão em . Nesta figura, o
motor está conectado em triângulo, pois estão fechadas somente os contatos de força de K 1 e K3.

PE
R
S
T

F123

ILinha K3: conexão 

K2: conexão Y

1 3 5 1 3 5 1 3 5

IK1 K1 IK3 K3 K2
2 4 6 2 4 6 2 4 6

FT1

2
PE
1 3

M1
3 ~
5 6
4

Figura 8.27 – Diagrama de carga da partida Y-: conexões dos contatores K1, K2 e K3.

Correntes na conexão triângulo

Na Figura 8.27 a corrente de linha (IL) é a corrente nominal do motor (In) e as correntes nos contatores
K1 e K3 são IK1 e IK3, respectivamente.
A conexão triângulo das bobinas do motor é representada na Figura 8.28, onde a corrente em cada
fase é calculada em função da corrente de linha, como em (8.1).

𝐼𝐿
𝐼𝐹 = 𝐼∆ = (8.1)
√3

𝐼𝐿
Assim, podemos dimensionar: 𝐼𝐾1 = 𝐼𝐾3 = 𝐼𝛥 = → 𝐼𝛥 = 0,58 × 𝐼𝑛
√3

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 133 Curso Técnico de MECÂNICA


A impedância de cada fase do motor é K1 K3 IK3 ()
dada por (8.2), a partir da qual se obtém (8.3),
K3
observando-se que na ligação , a tensão de linha R
é igual à tensão de fase. K1 1 6
IK1 ()
IL
4 3
𝑉𝐹
𝑍𝐹 = (8.2) S
K3
𝐼𝐹
K1 2 5

𝑉𝐹 𝑉𝐿 𝑉𝐿 ×√3
𝑍𝐹 = 𝐼𝐹
= 𝐼𝐿 = 𝐼𝑛 (8.3)
√3

Correntes na conexão estrela T K3

K1
Na conexão Y (Figura 8.29), a corrente em Figura 8.28 – Conexões das bobinas do motor em
cada chave do contator K2 é obtida por: triângulo. Adaptado de (FRANCHI, 2007).

𝑉𝑛 𝑉𝑛
√3 √3 𝐼𝑛
𝐼𝑌 = = 𝑉𝑛 ×√3
= = 0,33. 𝐼𝑛 (8.4)
𝑍𝐹 3
𝐼𝑛

A corrente nos contatores K1 e K2 é a mesma, portanto podemos escrever IK1 = IK2 = 0,33 In.

K1
IK2 (Y)
R

4
S K2

5 6

2 3

T
Figura 8.29 – Conexão em estrela: dimensionamento da corrente IK2. Adaptado de (FRANCHI, 2007).

8.5.5 – O conjugado de partida da chave estrela-triângulo

Como já mencionamos antes, a chave de partida Y-∆ é empregada para a partida do motor a vazio
(sem carga) ou para os casos em que o conjugado resistente de partida é limitado até 1/3 do conjugado
nominal. Inicialmente apresentamos o conjugado em  e depois na conexão Y, para efeito de comparação.

Conjugado na conexão 

Sendo Vn a tensão nominal de cada uma das fases do enrolamento do motor, o conjugado
desenvolvido pelo mesmo na conexão triângulo é obtido por (8.5), onde T é o torque na ligação , k é uma
constante do motor e Vn é a tensão nominal em cada uma das fases do MIT. A equação (8.5) pode ser
reescrita como em (8.6).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 134 Curso Técnico de MECÂNICA


TΔ = k . Vn2 (8.5)

2
TΔ = k . VL2 = k . VRede (8.6)

Conjugado na conexão Y

Na partida em conexão Y, a tensão em cada fase do motor é dada por 𝑉𝐹 = 𝑉𝐿 ⁄√3 . O torque de
partida na conexão Y, TY, é dado por (8.7).

𝑉𝐿(Rede) 2
𝑇𝑌 = 𝑘. 𝑉𝐹2 = 𝑘. ( ) (8.7)
√3

Desenvolvendo esta equação (verifique), obtém-se o valor de 𝑇𝑌 em função do torque 𝑇∆ , em (8.8),


o que comprova que, na partida do MIT em Y, o seu conjugado fica reduzido a 33% do seu valor nominal
em triângulo.

𝑇𝑌 = 𝑇∆ /3 (8.8)

8.5.6 – Uso do relé específico Y-∆

Um relé específico para a chave Y-∆ é visto na Figura 8.30. Energizando-se os contatos A1 e A2,
este relé comuta seus contatos para a posição de trabalho (15-18) e após o intervalo de tempo (t1) ajustado
na escala do temporizador, retornam para a posição de repouso (15-16).

Alimentação

(15/18)
Saída 1
Y (15/16)

(25/28)
Saída 2
 (25/26)

0 t1 ti
(a) (b) (c)
Figura 8.30 – Relé específico Y-∆. (a) Aspecto construtivo. (b) Conexões. (c) Formas de onda.
Fonte: http://www.digimec.com.br/produtos/202/temporizadores-eletronicos-para-partida-estrela-triangulo

Com um atraso fixo (ti) de aproximadamente 100 ms, ocorre a comutação dos contatos na saída 2 do
relé (25-26) para (25-28). Esta situação permanece até que o relé de tempo seja desenergizado. Em resumo:
- A saída 1 aciona o contator que liga o motor em Y;
- a saída 2 aciona o contator que conecta as bobinas do motor em .

8.5.7 – Comando com partida estrela-triângulo temporizada com reversão

A partida estrela-triângulo com reversão proporciona, além da redução da corrente de partida, melhor
eficiência e baixo custo em determinadas aplicações, a possibilidade de alterar o sentido de giro do motor.
Nas Figuras 8.31a e 8.31b são apresentados os diagramas de carga e comando respectivamente como uma
ideia para este acionamento. Fica aqui o desafio para o leitor de interpretar e simular este acionamento,
identificando: (1) quais contatores são envolvidos na partida Y-? (2) através de qual botoeira se realiza a
reversão?

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 135 Curso Técnico de MECÂNICA


(a)

(b)
Figura 8.31 – Chave de partida Y-∆ com reversão temporizada. (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 136 Curso Técnico de MECÂNICA


EF – Exercícios de Fixação – Série 9

EF 9.1 – As características da partida Y- são corretamente descritas abaixo, EXCETO:

a. ( ) Neste método de partida, o MIT parte com menor tensão nas bobinas, diminuindo assim a corrente de
partida juntamente com seu conjugado.
b. ( ) Ocorre também uma perda considerável de torque na partida.
c. ( ) A corrente de partida fica reduzida para aproximadamente 1/3 da nominal (partida mais suave).
d. ( ) O MIT parte em ligação triângulo, com uma tensão de 58% da tensão nominal. Após um certo tempo
a ligação é convertida em estrela, assumindo o valor da tensão nominal.

A questão EF 9.2 se referente ao circuito da Figura 8.30 – partida estrela-triângulo de um motor de


indução trifásico (MIT).

Figura 8.32 – Diagrama de carga e comando: partida Y-.

EF 9.2 – Após a análise da Figura 8.30 e das afirmativas a seguir, assinale a que for INCORRETA.
a. ( ) Os contatores K1 e K2 são acionados juntos logo após acionarmos S1.
b. ( ) O contator K3 liga o MIT em estrela.
c. ( ) O relé térmico F7, se acionado, desliga o acionamento do MIT.
d. ( ) O relé de tempo RT1 é acionado juntamente com o contator K3.

EF 9.3 – O esquema da Figura 8.31 diz respeito aos diagramas de carga e de comando de um motor de
indução trifásico (MIT) – método de partida em Estrela-Triângulo.

a) Para os diagramas apresentados, descrever a sequência de operação do MIT.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 137 Curso Técnico de MECÂNICA


b) A corrente do contator K2 é igual à corrente nominal do motor? Justifique.

Figura 8.33 – Questão EF 9.3.

c) Como é calculada a corrente no contator K3? Justifique.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 138 Curso Técnico de MECÂNICA


ANALOGIA ENTRE CIRCUITOS LÓGICOS
Apêndice I E CIRCUITOS DE COMANDO ELÉTRICO
Apêndice I – Analogia entre circuitos lógicos e circuitos de comando elétrico
Neste apêndice serão apresentados alguns exemplos de circuitos elétricos construídos a partir das
funções lógicas binárias e teoremas da Álgebra de Boole. São apresentadas técnicas para o projeto de alguns
circuitos elétricos de comando com o uso de chaves e de contatores, com o objetivo de automatizar
processos simples.
Um problema na área de automação é chamado de combinatório quando os estados das saídas para
os elementos de comando são dependentes somente da combinação lógica dos estados lógicos (binários)
das entradas (BONACORSO, 2008). A seguir são apresentadas as funções lógicas com o uso de chaves ou
interruptores (variáveis de entrada) e de uma lâmpada (variável de saída).

1 – Função lógica SIM (afirmação)

Esta função, também chamada de identidade, mostra que a saída estará em nível alto somente se a(s)
entrada(s) estiver(em) em nível alto. No caso do circuito da Figura 1, a lâmpada L só será acionada se a
chave S estiver acionada também.

Função Lógica: Tabela-verdade:


Entrada Saída
Chave Lâmpada
L=S
S L=S
0 0
A lâmpada L é acesa somente
1 1
Figura 1. se a chave S é acionada.

2 – Função lógica NÃO ou NOT (negação)

Nesta função, ocorre o oposto do circuito da Figura 1: a lâmpada L só é acionada (L = 1) se a chave


S NÃO estiver acionada (S = 0). A saída terá um estado lógico inverso ao da entrada (ver a Figura 2).

Função Lógica: Tabela-verdade.


L = S̅ Entrada Saída: Lâmpada
__
Chave S L=S
A lâmpada L SERÁ acesa somente 0 1
se a chave S NÃO estiver acionada. 1 0
Figura 2.

3 – Função lógica E ou AND (associação em série)

Na função lógica E, ou AND, representada na Figura 3, só temos a lâmpada acesa (nível lógico 1) se
as chaves S1 e S2 estiverem acionadas (veja esta situação na tabela-verdade, última linha).

Função Lógica: Tabela-verdade:


S1 S2 L = S1.S2
L = S1.S2 0 0 0
A lâmpada L SERÁ acesa 0 1 0
somente se as chaves S1 e S2 1 0 0
Figura 3. estiverem acionadas. 1 1 1

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 139 Curso Técnico de MECÂNICA


Utilizando um circuito elétrico com contatores, temos a representação da função E na Figura 4, onde
A e B são contatores acionados pelos interruptores SA e SB (NATALE, 1995). Os contatos A e B de seus
respectivos contatores estão em série com uma lâmpada (S). Verificamos que somente na Figura 4d, onde
SA e SB estão acionados (e, consequentemente, os contatores A e B), a lâmpada S está acesa.

OFF: para interruptor desligado e para lâmpada S apagada.


Convenções:
ON: para interruptor ligado e para lâmpada S acesa.

S0 S0
S0 S0

SA SB SA SB
SA SB SA SB

(a) (b)
(a) (b)

S0 S0
S0 S0

SA SB SA SB
SA SB SA SB

(c) (d)
(d)e B. (a) SA OFF E SB OFF →
(c) E com um circuito de comando com dois contatores, A
Figura 4 – Analogia da função
S OFF. (b) SA ON E SB OFF → S OFF. (b) SA OFF E SB ON → S OFF. (b) SA ON E SB ON → S ON.

4 – Função lógica OU (OR) − associação em paralelo

Neste tipo de função lógica, teremos nível alto na saída quando qualquer das entradas estiver em
nível alto. Então, a lâmpada L do circuito da Figura 5 estará acesa (nível lógico 1) se qualquer uma das
chaves estiver fechada ou com ambas fechadas (ou acionadas, nível lógico 1).

Função Lógica: Tabela-verdade.


S1 S2 L
L = S1 + S2 0 0 0
A lâmpada L SERÁ acesa 0 1 1
somente se a chave S1 ou S2 ou 1 0 1
Figura 5. ambas estiverem acionadas. 1 1 1

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 140 Curso Técnico de MECÂNICA


Na Figura 6 temos uma representação da função OU com três interruptores acionando uma lâmpada,
resultando na função lógica S = A + B + C, ou seja, a lâmpada S é acesa com qualquer um dos contatores
energizados (no caso da Figura 6, a lâmpada S foi acionada com o contator C).
Faça o teste com o CADe Simu e verifique o acionamento da lâmpada com os contatores A ou B.
Obviamente a lâmpada também poderá ser acesa com:
- dois contatores energizados ou
- todos energizados.

Figura 6 – Analogia da função OU com um circuito de comando com três contatores, A, B e C.


Simulação realizada com o CADe SIMU, etapa em que o contator C está energizado.

5 – Função lógica não E (ou NAND)

A função lógica NAND apresenta a saída em nível alto quando pelo menos uma das entradas estiver
em nível baixo (ver a tabela-verdade). Um circuito para realizar esta função está mostrado na Figura 7.

Tabela-verdade.
Função Lógica: L = ̅̅̅̅̅̅̅
S1 . S2 S2 S1.S2 L = S̅̅̅̅̅̅̅
S1 1 . S2
0 0 0 1
A lâmpada L SERÁ acesa se 0 1 0 1
S1 ou S2 ou ambas não estiverem 1 0 0 1
em nível baixo ou não acionadas. 1 1 1 0
Figura 7.

6 – Função lógica não OU (ou EXOR)

Nesta função lógica, a saída possui nível alto (L = 1) somente se as entradas estiverem em nível
baixo, ou não-acionadas. O circuito para realizar esta função é visto na Figura 8.

Função Lógica: Tabela-verdade:


S1 S2 S1 + S2 L
L = ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
S1 + S2 = S̅1 . ̅̅̅
S2 0 0 0 1
0 1 1 0
A lâmpada L será acesa se S1 e
1 0 1 0
S2 não estiverem acionadas.
Figura 8. 1 1 1 0

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 141 Curso Técnico de MECÂNICA


7 – Função lógica OU exclusivo (EXOR)

A função EXOR (ou exclusivo) funciona da seguinte forma: a


lâmpada L só será acesa quando a chave S1 estiver acionada (nível alto) e
a outra (S2) não estiver e vice-versa.
O seu circuito equivalente é mostrado na Figura 9. Note que as
chaves S1 e S2 têm contatos intertravados, o que possibilita obter a seguinte
função lógica:

L = S1 ̅̅̅
S2 + S2 S̅1

L = S1  S2 Figura 9.

Tabela-verdade: função EXOR.


__ __ __ __
S1 S2 S1 S2 S1  S2 S2  S1 L = S1  S2
0 0 1 1 0 0 0
1 0 0 1 1 0 1
0 1 1 0 0 1 1
1 1 0 0 0 0 0

Exemplo A.1 – Expressão lógica para uma carga acionada por dois contatores

O circuito da Figura 10 com os contatores X


e Y equivale a um “circuito lógico”, onde temos as
seguintes convenções, válidas para os interruptores
A, B, C, X e Y:
S = 1 significa que a chave S (NA, normalmente
aberta) foi fechada, com comando em nível lógico
alto, igual a 1) e
S̅ ou S = 0 significa chave S NF não tem comando
para abrir (nível lógico baixo, igual a 0). Figura 10.

 Encontrar a expressão lógica resultante que explique os estados das chaves A, B, C, X e Y.

Solução:

Inicialmente, temos uma expressão booleana resultante em (I.1) para a lâmpada L acionada, onde as
̅eY
variáveis lógicas X ̅ indicam que os respectivos contatores X e Y não foram energizados.

̅+Y
L = CX ̅ (I.1)

̅:
Na parcela CX C = 1 significa que a chave C NA foi fechada e
̅
X = 0 significa que a chave X NF não foi aberta.

A parcela ̅
Y indica que o contator Y não atuou (Y = 0).
̅ e Y=A
Podemos escrever para os contatores X e Y, respectivamente: X = A + B ̅ B.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 142 Curso Técnico de MECÂNICA


Substituindo as variáveis X e Y na Equação (I.1):

L = C ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
(A + B ̅ ) + ̅̅̅̅
̅B
A

L =C̅
A .B ̅ →L=̅
̿+B
̿+ A ̅
ACB+A+B

̅Y, e fazendo N = BC, obtém-se:


Através da propriedade X + Y = X + X
̅N+A+B
L=A ̅
̅
L =A+N+B
̅
L = A + BC + B
̅ + BC, obtém-se:
̅Y na parcela B
Aplicando novamente X + Y = X + X

̅+C
L =A+B (I.2)

̅ ou pela chave C. A Figura 11


Logo, a lâmpada L pode ser acionada pela chave A, ou pela chave B
mostra o circuito de comando referente à Equação (I.2) simulado no CADe Simu.

̅ + C.
Figura 11 – Simulação no CADe Simu para a função lógica L = A + B

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 143 Curso Técnico de MECÂNICA


GUIAS DE AULAS PRÁTICAS
Apêndice II
Apêndice II – Guias de Aulas Práticas

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 144 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula COMANDO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO
Prática 1 PARTIDA DIRETA
Aula Prática 1 − Comando do Motor de Indução Trifásico – Partida Direta
1.1 – Introdução ao uso do laboratório de Comandos Elétricos

Instruções
1. As montagens devem ser realizadas em grupos de pelo menos 2 alunos (as) por bancada. Não é permitida, por
segurança, a realização de montagens em bancada por apenas um aluno (a).
2. É extremamente importante o cuidado com o material utilizado nas aulas de Comandos Elétricos. Manter a
bancada organizada, utilizando os cabos e dispositivos de modo consciente.
3. Se houver qualquer dispositivo ou cabo com defeito, comunicar ao professor.

1.2 – Partida direta de um MIT − Conexões Y e 

1.2.1 – Operação do motor na conexão Estrela (Y)

a) Montar os circuitos dos diagramas de comando e de carga para a partida direta do MIT, conforme os
esquemas da Figura 1.1. A primeira montagem será a do diagrama de comando (Figura 1.1b)20.

Ligar o motor em estrela (Y) – veja as conexões das bobinas e dos cabos no painel do motor, nas Figuras
1.2 e 1.3, respectivamente.

R
S

T
F4
N

F123

Chaves ou
contatos Chave ou Figura 1.2 – Motor ligado em Y.
principais contato
Circuito do auxiliar
MIT K1 13-14
Painel do motor
M1 ligado em Y
R S T

1 2 3

Bobina do
M1 contator K1

4 5 6
(a) (b)
Figura 1.1 – Partida direta do Motor de indução trifásico: Figura 1.3 – Motor ligado em Y
(a) diagramas de carga e (b) de comando. (painel de ligações)

b) Conferir com o auxílio do professor:


Circuito de comando: ligação à rede de entrada de alimentação trifásica em 220 V, fusível, relé térmico
FT1, ligações das botoeiras S0 e S1 e do contator (selo e retorno à fase R).

20
Por convenção, é recomendado montar primeiro o diagrama de comando e em seguida, o de carga.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 145 Curso Técnico de MECÂNICA


Circuito de carga: conexões com a rede de entrada de alimentação trifásica em 220 V, fusíveis, contator
K1 , relé térmico FT1 e conexões do motor M1.

c) Energizar a bancada e dar a partida ao motor M1, pela botoeira S1. O que ocorre?

.. .. .. ..
d) Medir as seguintes grandezas na conexão Y − veja . . . .
a conexão do multímetro na Figura 1.4. 1 3 5
FT1
Medidas: 2 4 6
Tensão de Tensão fase Corrente de
IL V
linha (V): neutro (V): linha (A): A
VL
VL VFN IL = IF
1 2 3

Observações: M1 V VFN

4 5 6 Neutro

Figura 1.4 – Medidas: corrente e tensão - conexão Y.

1.2.2 – Operação na conexão Triângulo ()

a) Refazer as conexões do motor para a operação em triângulo. Veja as conexões na Figura 1.5 e 1.6, onde, nesta
última, são conectados os instrumentos para a medição das grandezas de fase e de linha.

IL .. .. ..
. . .
R
1 3 5
1 6
FT1
VFF 2 4 6
4 3
IF V
S VL
2 5 IL A
T
Figura 1.5. 1 2 3

Medidas:
Corrente de Corrente de Tensão de IF A
linha (A): fase (A): linha (V): 4 5 6
IL IF VL = VF
Figura 1.6 – Medidas: corrente e tensão (motor em ).

1.3 – Questões

1) No circuito da Figura 1.1, qual é a função do contato de SELO, K1 com a numeração 13-14?
2) A lâmpada de sinalização L1 pode ser conectada de outro modo?
3) É possível acionar este MIT em modo local e remotamente?

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 146 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula PARTIDA DE UM MIT COM
Prática 2 COMANDO DIRETO E INTERMITENTE

Aula Prática 2 − Partida de um MIT com Comando Direto e Intermitente

2.1 – Comando Direto e Intermitente – Interpretação do Circuito

Tendo como base os diagramas da Figura 2.1, completar as linhas para acionamento do MIT (ligado
em estrela) para a sua partida em modo direto e intermitente. No lugar do disjuntor Q1 pode ser utilizado
um conjunto de fusíveis. Conferir com o professor as conexões.

Figura 2.1 – Diagramas de carga e comando (direto e intermitente) de um MIT.

a) Com o uso da chave S1, o comando é ___________________ (direto/intermitente).


b) Com a chave S2 acionada, o comando é _________________ (direto/intermitente).

Nota: no comando intermitente é possível acionar o motor com partidas e paradas frequentes. No
diagrama de comando da Figura 3.1, verifica-se que o motor ameaça partir, dando pequenos arranques.
Uma aplicação pode ser realizar pequenos ajustes, como por exemplo, um torque rápido para apertar um
parafuso, ou deslocar uma carga de um ponto a outro em um galpão através de uma ponte rolante (ver a
Figura 2.2).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 147 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 2.2 – Aspecto de uma ponte rolante empilhadeira. Disponível em
https://www.rangersms.com.br/nr-11-como-ser-operador-de-ponte-rolante/

2.2 – Montagem e verificação

a) Montar primeiramente o diagrama de comando da Figura 2.1. Após conferir a montagem com a ajuda do
professor ou do técnico, energizar a mesma. Conferir o funcionamento e observar o que ocorre.

b) Montar o diagrama de carga e verificar o comando intermitente do motor.

c) Interromper o motor utilizado pelo relé térmico, explicando a sua atuação no circuito (verificar a sua
atuação através do botão AUTO-HAND).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 148 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula COMANDO CONDICIONADO DE
Prática 3 DOIS MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS
Aula Prática 3 − Comando condicionado de dois MIT

3.1 – Comando em modo condicionado

A Figura 3.1 mostra um de diagrama de comando para o qual se projeta a operação em modo
condicionado de dois motores elétricos, M1 e M2. O diagrama está incompleto.

a) Completar o esquema elétrico para este modo de operação, para a sequência: partida do motor M1 e
partida de M2, somente com M1 ligado.
b) Completar, onde falta, a numeração que identifica cada dispositivo.
c) Montar o circuito em bancada (inicialmente o diagrama de comando) e dar a partida através da botoeira
S1. Os motores podem ser montados na conexão Estrela (Y).

O que ocorre?

Figura 3.1 – Diagrama de comando para o comando condicionado de dois motores elétricos.

c) Descreva a operação do circuito se a partida for efetuada inicialmente pela botoeira S2.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 149 Curso Técnico de MECÂNICA


3.2 – Simulação: sistema de controle de nível de SILO, para dosagem e transporte de grãos

Seja um sistema de dosagem e transporte de grãos em uma indústria de alimentos (Figura 3.2). Na Figura
3.3 é apresentado um diagrama elétrico de acionamento para este sistema, onde o receptáculo CX é transportado
até o ponto 1. O nível de CX é completado até o seu nível máximo, de 30 kg. A seguir, CX é transportado para
a etapa de mistura (misturador, acionado pelo motor M2), final do processo.

SILO

Sensor
capacitivo (SC1) Nmin
min

(K2)
Válvula
solenóide (FC1)
V
Motor
Motor elétrico (M1)
elétrico (M1) Sensor capacitivo (SC2)
CX Nmax (CX)

1
Misturador
Misturador
Ponto 1 (M2)
Esteira (M2)
B1 B0 Sensor de proximidade
(SP1), indutivo

SC1: sensor capacitivo de nível


mínimo no silo K1: contator para o acionamento
SENSORES do motor M1
SC2: sensor capacitivo de nível
UTILIZADOS máximo no recipiente CX K2: válvula solenoide – abertura do
SP1: sensor de proximidade (indutivo) silo para enchimento do receptáculo CX

Figura 3.2 – Sistema de transporte de grãos. Fonte: elaborado pelo Autor.

Figura 3.3 – Diagrama de acionamento para um sistema de dosagem e transporte de grãos.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 150 Curso Técnico de MECÂNICA


Lógica do acionamento:

A operação de transporte e enchimento do receptáculo CX é descrita pelas Figuras 3.4 e 3.5.

SILO Se o nível do SILO estiver acima


Sensor
do nível mínimo a saída do sensor
capacitivo
capacitivo estará em nível alto.
(SC1) N min

Se SC1 = 1 (nível  Nmin):


Válvula Ligar o motor M1 via contator K1
solenóide (K2)
Motor elétrico (M1) Figura 3.4 – Etapa 1: com nível suficiente no silo, ligar o motor M1.
CX Sensor capacitivo (SC2): Nmax em CX

1
O motor M1, acionado, transporta CX através da esteira transportadora. O sensor de proximidade SP1
detecta a passagem de CX no ponto 1 da esteira (ver a Figura 3.5). Com SP1 em nível alto, o motor M1 é
desligado e a válvula solenoide K2 ligada, para encher o receptáculo. Misturador
Esteira (M2)
B1 B0 Sensor de proximidade
(SP1), indutivo

Figura 3.5 – Etapa 2, com CX no ponto 1 da esteira: motor M1 deligado e válvula solenoide K2 ligada.

A válvula solenoide fica acionada até o ponto em que o receptáculo CX é cheio com a dosagem
máxima de grãos, Nmax. Este nível é detectado pelo sensor capacitivo SC2, em nível lógico alto (1).
Com SC2 = 1 (CX cheio) inicia-se a etapa 3: a válvula K2 é fechada e o motor M1 é novamente ligado.
O receptáculo CX deve ser transportado até o final da esteira, onde está o misturador de grãos.

PROJETO:

- Alterar o projeto de acionamento elétrico da Figura 3.3, simulando a situação em que o misturador M2
seja ligado assim que o receptáculo CX atinja o ponto final da esteira transportadora.
- Pode ser inserido também um temporizador no processo, para que o motor M2 opere durante 10 minutos.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 151 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula PARTIDA DIRETA E REVERSÃO
Prática 4 MANUAL DE UM MIT
Aula Prática 4 − Partida Direta e Reversão Manual de um MIT

4.1 – Introdução

Nesta aula faremos o acionamento de um MIT com a partida direta, via contator (K1) e a sua reversão
de rotação, via contator (K3). Será utilizado um contator intermediário na montagem (K2), através do qual
teremos a parada do motor. Com isto, a reversão ocorre com segurança, sendo realizada manualmente pelo
operador deste sistema, a qualquer instante.

4.2 – Montagem

a) Sejam os diagramas de carga e comando, apresentados na Figura 4.1. Montar inicialmente em bancada
o DIAGRAMA DE COMANDO e, após conferir as suas ligações com o professor, energizar a bancada.

Figura 4.1 – Diagramas de carga e comando para partida direta e reversão manual do MIT.

b) Acionando a botoeira S1, o que ocorre?

c) Após o acionamento de S1, acionar a botoeira S2. Qual é a alteração nos contatores K1 e K2?

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 152 Curso Técnico de MECÂNICA


d) Acionar a botoeira S3 e verificar a operação dos contatores. Energizar o diagrama de carga e explicar a
sequência de operação do motor M1.

4.3 – Simulação: reversão temporizada de um MIT

A Figura 4.2 apresenta uma outra opção de acionamento para o MIT, com reversão instantânea de
rotação. São utilizados apenas dois contatores. Esta montagem foi simulada e comprovada com o software
CADe SIMU. Ajustar um tempo de 5 segundos para o relé RT1.

(a) (b)
Figura 4.2 – Opção de reversão temporizada de um MIT utilizando somente dois contatores.
(a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

Após simular a operação deste circuito descreva o seu funcionamento.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 153 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula PARTIDA DO MOTOR MONOFÁSICO
Prática 5 EM 127 V COM REVERSÃO TEMPORIZADA

Aula Prática 5 − Partida do Motor Monofásico em 127 V com Reversão Temporizada

5.1 – Chave de partida do motor monofásico com reversão temporizada em 127 V

A Figura 5.1 mostra os enrolamentos de um motor monofásico (MM) de 6 terminais e as conexões


dos contatores K1, K2 e K3 para a sua reversão de rotação. Na Figura 5.2 é apresentado o diagrama de carga.
Observe nestas figuras as conexões dos contatores e as mudanças que ocorrem nos enrolamentos do motor,
com sua atuação.

Chave
centrífuga

Capacitor
de partida

Enrolamento Enrolamento
principal auxiliar
(a)

(b)
Figura 5.1 – (a) Enrolamentos do MM. Figura 5.2 – Diagrama de carga
(b) Conexões de contatores K1, K2 e K3. para reversão de rotação.

5.2 – Diagramas de comando e de carga

Para o MM operar em 127 V com reversão de rotação, observa-se a sequência: (1) partida com os
contatores K1 e K3 acionados (Figura 5.3). Para a reversão de rotação (Figura 5.4), K3 é desligado e K2
ligado, para a inversão das conexões dos terminais 5 e 6 (enrolamento auxiliar) aos terminais 1-3 e 2-4.

Figura 5.3 – MM operando no sentido horário (K1 e K3). Figura 5.4 – MM com reversão de rotação (K1 e K2).

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 154 Curso Técnico de MECÂNICA


5.3 – Parte prática

O diagrama completo para o comando do MM é apresentado na Figura 5.5. São utilizados três
contatores e dois relés de tempo do tipo TRE (ao trabalho), ajustados para 10 segundos, por exemplo.

Observar o uso de todos os contatos NA dos contatores K1, K2 e K3


no diagrama de carga (ligação do borne 4 com o 5).

(a) (b)
Figura 5.5 – Motor Monofásico: (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando – reversão automática.

a) Montar os diagramas de comando e de carga apresentados na Figura 5.5. Observar que o retorno de todos
os contatores deve ser feito a outra fase (para contatores energizados em 220 V).

b) Conferir as ligações e energizar a bancada. Descrever a sequência completa do acionamento do motor


monofásico, de acordo com o esquema de diagrama de comando apresentado.

c) Projetar um diagrama de acionamento para o diagrama de carga da Figura 5.5a, com partida direta e
reversão, que seja diferente do apresentado na Figura 5.5b.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 155 Curso Técnico de MECÂNICA


5.4 – Simulação com o CADe_SIMU

Para a simulação do sistema da Figura 5.5 será utilizado o software CADe_SIMU, no qual existe um
MM com fase auxiliar, mas com 4 enrolamentos, como mostra a Figura 5.6.

(a) (b)
Figura 5.6 – (a) MM com fase auxiliar no CADe_SIMU (4 terminais). b) Representação com 6 terminais.

Para as conexões do diagrama de carga da Figura 5.5, basta associar para U1 os terminais 1 e 3 e
para V1 os terminais 2 e 4. Os terminais U2 e V2 são do enrolamento auxiliar, com capacitor de partida,
correspondentes aos terminais 5 e 6. Assim, o MM de 6 terminais será representado por um MM de 4
terminais existente no menu de componentes do software.
• Diagramas para a simulação do MM com o CADe_SIMU: Figuras 5.7 e 5.8.
• Simular o arquivo da simulação enviado pelo professor: Lab 5 CE - Aciona MM 127 V e
reversao.cad
• Nota: no diagrama da Figura 5.8, acionar antes os disjuntores (F2, antes do fusível, F4).

Figura 5.7 – Diagrama de carga.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 156 Curso Técnico de MECÂNICA


Figura 5.8 – Diagrama de comando do MM de 4 terminais no CADe_SIMU.

Questões sobre o acionamento

a) Na simulação em andamento após acionar a botoeira S1, o que ocorre se você clicar sobre o relé térmico
(FT), para identificar uma falha de sobrecorrente?

b) Após a reversão de rotação (via contator K2), o que deve ser feito no diagrama de comando para o motor
ser desligado?

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 157 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula CHAVE DE PARTIDA
Prática 6 ESTRELA-TRIÂNGULO SEMI-AUTOMÁTICA
Aula Prática 6 − Chave de partida Estrela-Triângulo semi-automática

6.1 – Montagem

a) Montar, inicialmente, o diagrama da Figura 6.1a (diagrama de COMANDO). Ajustar para o relé de
tempo um intervalo de 5 (cinco) segundos. VERIFICAR junto ao professor se as conexões estão corretas e
em seguida, energizar a bancada.

(a) (b)
Figura 6.1 – Partida Y- semi-automática. (a) Diagrama de carga. (b) Diagrama de comando.

b) Ao apertar a botoeira S1, o contator ____ é energizado inicialmente, juntamente com o contator ____. O
motor parte ligado inicialmente em _______________.

c) Decorridos aproximadamente 5 segundos (tempo ajustado para o relé RT1), o que ocorre?

d) Após a verificação do diagrama de comando, montar o diagrama de CARGA (Figura 6.1b). Verificar
atentamente a numeração dos contatos de K1, K2 e K3, bem como dos terminais do MIT. Energizar a
bancada e observar a partida do motor e a conversão estrela para triângulo.

6.2 – Verificação das tensões e correntes

Após a montagem e verificação, utilizar nas conexões em ESTRELA e em TRIÂNGULO um


voltímetro, para medir a tensão em uma das bobinas do MIT, e um amperímetro alicate, para medição da
corrente de linha, seguindo o roteiro:

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 158 Curso Técnico de MECÂNICA


a) Medição da tensão em uma das bobinas do MIT

Através desta medição se comprova a correta conversão da ligação Y para  nas bobinas do MIT.
Em Y os terminais 4, 5 e 6 do MIT são interligados através do contator K2 (veja as Figuras 6.1a e 6.2a).

R R
1
1 6
V VFN
5 4 VFF V
N 3
6 4
2
S 3 S
2 5

T T
(a) (b)
Figura 6.2 – Motor de 6 terminais: formação das conexões em estrela (a) e em triângulo (b).

Para a medida de tensão, ajustar a chave do multímetro para leitura de TENSÃO CA, no maior calibre
(recomenda-se maior de 300 V).
A tensão fase-neutro (VFN) pode ser medida em qualquer ramo da conexão Y, como mostra a Figura
6.2a – neste caso mostra-se a medida da tensão na bobina de terminais 1 e 4. Um terminal do voltímetro é
conectado em um dos pontos de entrada da conexão Y e o outro terminal no “ponto de neutro” – ver os pontos
1 e 4, respectivamente, na Figura 6.2b.
Quando da mudança de conexão de Y para , a bobina 1-4 recebe a tensão de linha (fases R e S
conectadas, ver a Figura 6.2b). Nesta conexão o voltímetro mede tensão de linha, VFF.

• Medições de tensão: VFN (partida em Y): ______ V. VFF = VL (conexão em ): _____ V.

• Medições de corrente:

Conexão em Estrela

Utilize um amperímetro alicate, configurando-o corretamente para medir CORRENTE CA. Medir o valor
da corrente de partida na conexão Y. Esta corrente circula nos contatores K1 e K2 (veja as Figuras 6.3 e 6.4).

IK1 (partida em estrela) = Ilinha = Ifase = _________ A.

K1
IK2 (Y)
R

4
S K2

5 6

2 3

T
Figura 6.3 – Correntes nos contatores, para partida do motor elétrico em Y.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 159 Curso Técnico de MECÂNICA


PE
R
S
T

F123

ILinha K3: conexão 

K2: conexão Y

1 3 5 1 3 5 1 3 5
IK1 (Y)
IK1
IK1 ()
K1 IK3 K3 K2
2 4 6 2 4 6 2 4 6

FT1

2
PE
1 3

M1
3 ~
IK2 (Y) 5 6
4
IK3 ()

Figura 6.4 – Representação do amperímetro alicate para a leitura das correntes do MIT nas conexões em Y e .

Conexão em Triângulo

Nesta conexão estão acionados os contatores K1 e K3. As bobinas do MIT estão conectadas como
mostra o esquema da Figura 6.5.

• Medições de corrente: K1 K3

K3
ILinha : _______ A. IK1 (): ______ A. R
K1 1 6 IK3 ()
IK1 ()
IL
6.3 - Questões 4 3
K3
a) Verificar e comparar (por escrito), através das S
2 5
K1
medidas efetuadas, as relações entre as tensões e
correntes do MIT nas conexões estrela e triângulo.
b) Anotar os dados de placa do MIT utilizado para
calcular as correntes de K1, K2 e K3. Utilizar a
equação a seguir para encontrar IL nominal, em função K3
T
da potência mecânica em CV, do rendimento () do K1
motor em % e do fator de potência (cos ). Figura 6.5 – Conexão das bobinas do MIT em .

𝑃𝑆𝑎𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑜 736 × 𝑃(𝐶𝑉) 1000 × 𝑃(𝑘𝑊)


Rendimento () do motor em %: 𝜂= = = =
𝑃𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑖 √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑐𝑜𝑠 𝜃 √3 ⋅ 𝑉𝐿 ⋅ 𝐼𝐿 ⋅ 𝑐𝑜𝑠 𝜃

c) Qual é a relação Ip/In no MIT utilizado nesta aula prática?

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 160 Curso Técnico de MECÂNICA


Aula CHAVE DE PARTIDA PARA O
Prática 7 COMANDO DE UM PORTÃO DE GARAGEM

Aula Prática 7 − Chave de partida para o comando de um Portão de Garagem

7.1 – Introdução

Nesta aula será montado um comando com duplo sentido de rotação com inversão direta e
temporizada, aplicada ao acionamento de um portão de garagem.
A Figura 7.1 mostra um circuito de acionamento (chave de partida) de um motor CA trifásico, com
reversão realizada através do contator K2. O componente F2 no esquema é um disjuntor, podendo ser
substituído por fusível.

Figura 7.1 – Diagrama de acionamento para um MIT com reversão de rotação temporizada.

O relé de tempo RT1 tem a função de reverter a rotação do motor (fechar o portão) somente após o
tempo de ajuste (em torno de 30 segundos, para a entrada/saída de veículos). As chaves de fim de curso
definem a parada do portão nos dois sentidos, abertura e fechamento.

7.2 – Montagem

(a) Realizar as ligações deste circuito e conferir com o professor.


(b) Verificar a operação deste acionamento e descrever a seguir as suas etapas.

COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 161 Curso Técnico de MECÂNICA


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COMANDOS ELÉTRICOS – Ed. 2022 163 Curso Técnico de MECÂNICA

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