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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO


TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DEMAT – DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
Coordenação de MECATRÔNICA . Coordenação de ELETROMECÂNICA

Circuitos Elétricos
em Corrente Alternada

Fundamentos para
o Ensino Técnico

Prof. André Barros de Mello Oliveira


Prof. Sandro Magalhães Malta

Campus Nova Suíça – Belo Horizonte


Departamento
 MINAS GERAIS de Engenharia
Agosto de 2021
de Materiais
Campus Nova Suíça – Belo Horizonte

Av. Amazonas 5253 - Nova Suíça - Belo Horizonte - MG - Brasil


CEP 30.421-169 - Telefone: +55 (31) 3319-7000

Circuitos Elétricos em CA CEFET-MG - Edição 2021


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Lista de alguns termos e siglas da área Eletroeletrônica

A - Abbreviation for "ampere" a unit of electrical current.


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Órgão responsável pela normalização técnica no Brasil,
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Trata-se de uma entidade privada e sem fins
lucrativos e de utilidade pública, fundada em 1940.
AC/DC - Equipment that will operate on either an AC or DC power source.
AC generator - Device used to transform mechanical energy into AC electrical power.
AC voltage - A voltage in which the polarity alternates.
AC – Alternating Current. Polarity current moving from positive to negative.
Amplitude - the strength of an electronic signal.
AOP ou Amp-Op – Amplificador Operacional.
ANSI – American National Standards Institute, Instituto de normas dos Estados Unidos que publica recomendações
e normas em praticamente todas as áreas técnicas.
AWG - Abbreviation for "American wire gauge". A gauge that assigns a number value to the diameter of a wire.
Beta - (b) The ratio of collector current to base current in a bipolar junction transistor (BJT).
Bipolar junction transistor - (BJT), A three terminal device in which emitter to collector current is controlled by base
current.
BJT – Bipolar Junction Transistor.
CA – Corrente Alternada.
CAD - Abbreviation for "computer aided design"
Center TAP - Midway connection between the two ends of a winding.
Center tapped rectifier - Circuit that make use of a center tapped transformer and two diodes to provide full wave
rectification.
Center tapped transformer - A transformer with a connection at the electrical center of a winding.
CC – Corrente Contínua.
DC – Direct Current (corrente contínua).
Direct Current / DC - consistent current that moves in one direction.
Earth - a source that grounds the rest of the electronics.
Farad - a unit of measurement used with capacitance.
GND – de Ground (terra). Potencial de referência de um circuito elétrico, tomado como nível zero (0 V).
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos)
LCD – Liquid Cristal Display (Tela de Cristal Líquido)
LDR – Light Dependent Resistor
LED - Light Emitting Diode (diodo emissor de luz)
MOSFET – Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor.
 - Rendimento.
Op-Amp – Operational amplifier.
RMS – Root Mean Square (valor médio quadrático).
RPM (ou rpm) – Rotações por minuto.
TJB - transistor (ou transistor) de junção bipolar.
VCC – Tensão Contínua (o mesmo que VDC).
RMS - acronym meaning Root Mean Squared.
Volt - unit measuring electromotive force.
Watt - unit measuring power.

Fontes:

1) Glossary / Dictionary of Electronics Terms, em http://www.hobbyprojects.com/dictionary/a.html


2) Glossary of Electronic Terms - http://www.datarecoverylabs.com/electronic-glossary.html
3) Electronic Engineering Electronic - http://www.interfacebus.com/Glossary-of-Terms.html
4) Dicionário Inglês-Português online: http://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/

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Alfabeto Grego

Nome
Maiúsculas Minúsculas
Clássico
Prefixos SI*
A  Alfa Fator Prefixo Símbolo
B  Beta 10-3 mili m
  Gamma 10-6 micro 
  Delta 10-9 nano n
E  Epsilon 10-12 pico p
Z  Zeta 103 quilo k
H  Eta 106 mega M
  Theta 109 giga G
I  Iota 1012 tera T
K  Kappa * SI: Sistema Internacional de Unidades, é um conjunto sistematizado e
  Lambda padronizado de definições para unidades de medida, utilizado em quase todo
M  Mu o mundo moderno, que visa a uniformizar e facilitar as medições e as relações
internacionais daí decorrentes.
N  Nu Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Internacional_de_Unidades
  Xi (ksi)
O  Omicrón
  Pi
P  Rho
  Sigma
T  Tau
Y  Upsilón
  Phi
X  Chi
  Psi
  Ômega

Circuito elétrico e componentes mais usuais.

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Sumário

Capítulo 1 – Corrente Alternada (CA) ..................................................................................................... 8

1.1 – Introdução ....................................................................................................................................... 8

1.2 – Gerador elementar ........................................................................................................................... 9


1.2.1 - Princípio de funcionamento de um gerador elementar .......................................................... 10
1.2.2 - Lei de Faraday – F.E.M. induzida ......................................................................................... 11

1.3 – Forma de onda, frequência e velocidade angular .......................................................................... 13


1.3.1 – Sinais CA senoidais – principais parâmetros ........................................................................ 13
1.3.2 – Identificação de grandezas elétricas variantes no tempo ...................................................... 15

1.4 − Valores médios e eficazes das grandezas alternadas .................................................................... 16


1.4.1 – Valor médio, Vmed, VCC ou Vdc ................................................................................................ 16
1.4.2 – Valor eficaz, Vef ou Vrms ......................................................................................................... 17

1.5 − Circuito resistivo puro em CA ...................................................................................................... 20

1.6 − Circuito indutivo puro em CA: reatância indutiva ........................................................................ 20

1.7 - Circuito capacitivo puro em CA: reatância capacitiva .................................................................. 22

Capítulo 2 – Fasores e álgebra fasorial................................................................................................... 26

2.1 − Representação fasorial de grandezas elétricas .............................................................................. 26


2.4.1 – Fasores .................................................................................................................................. 26
2.4.2 − Representação matemática de um fasor ................................................................................ 27
2.4.3 – Operações matemáticas com fasores..................................................................................... 28
2.4.3.1 – Fasores representados por números complexos ...............................................................................................29
2.4.3.2 – Adição e Subtração entre Fasores ....................................................................................................................30
2.4.3.3 – Multiplicação e divisão entre fasores ...............................................................................................................31
2.4.4 – Complexo conjugado de um número complexo ..................................................................... 32

2.5 − Comportamento de circuitos resistivos, indutivos e capacitivos em CA ...................................... 33


2.5.1 − Representação fasorial de circuito resistivo puro ................................................................. 33
2.5.2 − Representação fasorial de circuito capacitivo puro .............................................................. 33
2.5.3 − Representação fasorial de circuito indutivo puro ................................................................. 34

Capítulo 3 – Circuitos monofásicos em corrente alternada .................................................................. 37

3.1 – Conceito de Impedância ................................................................................................................ 37


3.1.1 – Impedância Z de um circuito em CA ..................................................................................... 37
3.1.1.1 – Lei de Ohm para a impedância Z em CA ..........................................................................................................39
3.1.1.2 – Associação de impedâncias ..............................................................................................................................39
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3.2 − Circuitos CA em série ................................................................................................................... 40
3.2.1 – Circuito RL série ................................................................................................................... 40
3.2.2 − Circuito RC série ................................................................................................................... 42
3.2.3 − Circuito RLC série................................................................................................................. 45
3.2.4 – Divisor de tensão em um circuito série CA ........................................................................... 47
3.2.5 – Resumo da análise de circuitos série CA............................................................................... 48

3.3 − Circuitos CA em paralelo e misto ................................................................................................. 48


3.3.1 – Circuitos RLC paralelo - o conceito de Admitância (Y) ........................................................ 48
3.3.1.1 – Condutância e Susceptância .............................................................................................................................49
3.3.1.2 – Diagrama fasorial de admitâncias ...................................................................................................................50
3.3.2 – Circuitos RLC mistos (série-paralelo)................................................................................... 53

3.4 − Ressonância série e paralela.......................................................................................................... 55


3.4.1 − Circuitos elétricos ressonantes.............................................................................................. 57
3.4.1.1 − Circuito elétrico ressonante em série ...............................................................................................................58
3.4.1.2 − Circuito elétrico ressonante em paralelo .........................................................................................................61

Capítulo 4 – Potência (CA) e correção do Fator de Potência ............................................................... 71

4.1 − Potência em CA: potências ativa, reativa e aparente .................................................................... 71


4.1.1 – Potência ativa ........................................................................................................................ 71
4.1.2 – Potência aparente .................................................................................................................. 72
4.1.3 – Potência reativa ..................................................................................................................... 72

4.2 – Fator de Potência (FP)................................................................................................................... 74

4.3 – O triângulo de potências e a potência complexa ........................................................................... 75


4.3.1 – Cálculo das potências P, Q e S totais de um sistema CA ...................................................... 78

4.4 − Correção do fator de potência ....................................................................................................... 82


4.4.1 − Correção do FP com introdução de elementos reativos ...................................................... 83

Capítulo 5 – Métodos de análise e teoremas de circuitos em corrente alternada ............................... 92

5.1 − Introdução ..................................................................................................................................... 92

5.2 − Métodos de análise de circuitos: análise de malhas e análise nodal ............................................. 92


5.2.1 – Método de análise de malhas ................................................................................................ 92
5.2.1.1 – Análise de malhas com fontes de tensão independentes ...................................................................................92
5.2.1.2 – Análise de malhas com fontes de tensão dependentes ......................................................................................96
5.2.1.3 – Uso do software Octave nos métodos de análise de circuitos...........................................................................96
5.2.2 – Método de análise nodal ........................................................................................................ 98

5.3 − Teoremas de Thévenin e de Norton ............................................................................................ 103

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5.3.1 − Teorema de Thévenin .......................................................................................................... 103
5.3.2 − Teorema de Norton .............................................................................................................. 103

5.4 − Teorema da Superposição ........................................................................................................... 108

5.5 − Teorema da máxima transferência de potência ........................................................................... 112

Capítulo 6 – Circuitos trifásicos ............................................................................................................ 118

6.1 – Introdução ................................................................................................................................... 118

6.2 – Geração de tensões trifásicas ...................................................................................................... 118

6.3 − Notação de duplo índice nos sistemas trifásicos ......................................................................... 119

6.4 − Sequência de fase ........................................................................................................................ 120

6.5 − Grandezas de linha e de fase ....................................................................................................... 120


6.5.1− Relação entre parâmetros de linha e de fase ....................................................................... 121

6.6 − Cargas equilibradas em estrela.................................................................................................... 124


6.6.1 − Conexão YY ......................................................................................................................... 124
6.6.2 − Conexão Y ......................................................................................................................... 126

6.6 − Cargas equilibradas em triângulo................................................................................................ 128


6.6.3 − Conexão Y ......................................................................................................................... 128
6.6.4 − Conexão  ......................................................................................................................... 130

6.7 − Potências em circuitos trifásicos ................................................................................................. 132


6.7.1 − Potência trifásica – carga equilibrada................................................................................ 132
6.7.2 − Potência e rendimento em sistemas trifásicos equilibrados ................................................ 135

6.8 − Desequilíbrio em sistemas trifásicos ........................................................................................... 139


6.8.1 – Carga em Y desequilibrada (com neutro)............................................................................ 139
6.8.2 – Carga em Y desequilibrada (sem neutro) ............................................................................ 141
6.8.3 – Carga em  desequilibrada ................................................................................................ 142

6.9 – Potência em cargas trifásicas desequilibradas............................................................................. 144

Referências Bibliográficas ..................................................................................................................... 148

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7
Capítulo
1 CORRENTE ALTERNADA (CA)

Capítulo 1 – Corrente Alternada (CA)


1.1 – Introdução

A energia elétrica, pode-se dizer, é uma das formas de energia que move a vida moderna. Diversos
equipamentos a utilizam, como telefones celulares, eletrodomésticos, equipamentos industriais, indústria
automotiva etc. No Brasil ela é produzida em grande parte nas usinas hidrelétricas (UHE) – Figura 1a, onde
ocorre a conversão de energia mecânica em elétrica. É produzido um sinal de corrente alternada (CA) pela
rotação do eixo de um gerador trifásico, através de uma turbina acionada pela força da água (Figura 1b).
Deste gerador, a energia cinética convertida em energia elétrica é enviada através de condutores ao seu
destino, através das linhas de transmissão (LT). A energia elétrica é entregue das LT às subestações de
distribuição e, a partir daí, aos consumidores.
Outras formas de se obter energia elétrica estão ilustradas na Figura 1.2, como a energia eólica (força
dos ventos para tocar o eixo do gerador) e energia solar. No Brasil encontramos também usinas de energia
nuclear, que utilizam materiais radioativos como o Urânio para produzir eletricidade. Destes materiais se
obtêm calor através de uma reação nuclear. As usinas de energia nuclear brasileiras estão localizadas em
Angra dos Reis (Angra I e Angra II), com potencial de geração de 2 mil MW.

(a) (b)
Figura 1.1 – (a) Aspecto de uma Usina Hidrelétrica (UHE) – vista de perfil. (b) Esquema de barragem de UHE com
destaque para a turbina. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hydroelectric_dam_portuguese.PNG

(a) (b) (c) (d) (e)


Figura 1.2 – Exemplos de fontes de corrente alternada: (a) usina geradora; (b) gerador CA portátil; (c) gerador eólico;
(d) painel solar; (e) gerador de sinais (BOYLESTAD, 2012).

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A Figura 1.3 mostra um zoom sobre a operação de uma turbina hidráulica. Note-se que o seu eixo é
que aciona o gerador de energia elétrica. No Brasil, estas turbinas são utilizadas nas usinas hidrelétricas de
Itaipu, de Tucuruí, de Furnas, e de Foz do Areia, dentre outras, com cerca de 100 m de queda d’água. Na
Figura 1.4 vê-se o rotor de uma turbina de um gerador da UHE de Estreito, município do Maranhão.

Figura 1.3 – Esquema de uma turbina que Figura 1.4 – Instalação da unidade geradora 1, da UHE Estreito.
aciona um gerador de uma UHE1. Fonte: http://www.pnegrao.com.br/2010/12/montagem-da-primeira-
unidade-geradora.html.

1.2 – Gerador elementar

A Figura 1.5 apresenta o esquema de um gerador elementar de uma espira, submetida à ação de um
fluxo magnético, interno à região entre os polos norte e sul de um ímã. Com a rotação desta espira, através
de alguma forma de energia mecânica (turbina, por exemplo), obtém-se um sinal alternado e senoidal nos
seus anéis coletores.

Figura 1.5 – Aspecto básico de um gerador CA (O'MALLEY, 2014).

Mas, o que é uma espira?

Numa definição simples, uma espira constitui um tipo de circuito elétrico, com aplicações na
produção de campo magnético e eletricidade. É um componente encontrado em geradores de energia
elétrica, motores elétricos, transformadores e indutores, dentre outros.

1
Fonte: http://www.eletrica.ufpr.br/~jean/Eletrotecnica/Material_Didatico/Aula03_Sistemas_Trifasicos.ppt

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Na Figura 1.6a é apresentado o aspecto construtivo de uma bobina de comprimento l com N espiras.
O seu aspecto prático é visto na Figura 1.6b. A Figura 1.7 mostra a aplicação de uma bobina na construção
de em um disjuntor, dispositivo de proteção utilizado em instalações elétricas residenciais, comerciais e
industriais.

(a) (b)
Figura 1.6 – (a) Indutor ou bobina de comprimento l formado por N espiras. (b) Aspecto de uma bobina.

O transformador é outro equipamento onde, a partir do


projeto de suas bobinas de entrada (enrolamento primário) e de
saída (enrolamento secundário), se dimensiona a amplitude dos
seus sinais de tensão e corrente – veja a Figura 1.8a.

As bobinas do transformador são enroladas em torno de


um núcleo comum. Em baixa frequência é utilizado um núcleo
de material magnético como o aço laminado e em alta Bobina
frequência, de materiais não magnéticos, como o ferrite. A
Figura 1.8b mostra um transformador de potência, trifásico
(rede de distribuição de energia elétrica).
Figura 1.7 – Aspecto de um disjuntor.
Fonte: http://www.abracopel.org.br.

(a) (b)
Figura 1.8 – (a) Esquema de um transformador monofásico. (b) Transformador trifásico conectado à rede CA.

1.2.1 - Princípio de funcionamento de um gerador elementar

O gerador elementar (Figura 1.5) contém um condutor (na prática uma bobina), o qual é girado por
uma turbina a vapor ou qualquer outra forma de energia mecânica. Tal rotação provoca uma alteração
contínua no fluxo magnético em torno do condutor e, em função disso, surge em seus terminais uma tensão
induzida sob forma senoidal, como será demonstrado a seguir.

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A Figura 1.9a mostra uma espira inclinada por um ângulo alfa () em relação às linhas de campo
⃗ . Na Figura 1.9b, esta espira gira na região de campo magnético, o que
magnético, indicadas pelo vetor 𝐵
produz uma tensão senoidal nos terminais X e Y.

Reta normal
B à superfície

(a) (b)
Figura 1.9 – (a) Espira inclinada por um ângulo  em relação às linhas do campo magnético.
(b) A mesma espira de (a), girando na região de campo magnético – produção de tensão senoidal.
Fonte: http://macao.communications.museum/images/exhibits/small/2_4_1_1_por.png

1.2.2 - Lei de Faraday – F.E.M. induzida

O fluxo magnético em uma espira (Figura 1.9), está associado à quantidade de linhas de indução
magnética que atravessa a sua superfície, como representado em (1.1), onde B é dado em Tesla [T]; A é a
área da espira, em m2 e  é o ângulo determinado entre a reta normal à superfície e a direção do vetor indução.

 = B A cos  (1.1)

A Lei de Faraday, também chamada de lei da Indução


Eletromagnética, está relacionada com a força eletromotriz induzida
(f.e.m.) em uma espira, quando há variação de fluxo magnético com o
tempo.
“A f.e.m. em volts, induzida em um circuito é igual ao negativo
da taxa de variação com que o fluxo magnético através do circuito está
mudando no tempo”. (Michael Faraday, 1791-1867 – Figura 1.10).
Matematicamente a Lei de Faraday é expressa por (1.2):

N 
 =− (1.2)
t
Figura 1.10 - Michael Faraday.

A variável N, em (1.2), é o número de espiras; o sinal negativo indica a polarização da f.e.m. induzida
(Lei de Lenz). Para uma variação infinitesimal ( e t tendendo para zero), utiliza-se a derivada, d/dt.
Para uma função cosseno, a sua derivada é dada por (1.3).

d
cos x = − sen x (1.3)
dx

Resolvendo então a função (1.2), resulta em (1.4).

Nd Nd ( BA cos  ) d ( cos  )


 =− =− = − NBA  = − k . ( − sen  )
dt dt dt

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 = k sen  (1.4)

onde k = N.B.A é o valor máximo da tensão ou f.e.m. induzida. Logo, teremos max em  = 90 graus (sen
90o = 1) e min em  = 270 graus (sen 270o = − 1).
A Figura 1.11 mostra a formação de uma senóide de acordo com um giro completo de uma espira do
gerador CA elementar. Por (1.4), determina-se o valor da f.e.m. induzida nos instantes 1, 2, 3, 4 e 5.

1 2 3 4 5
Figura 1.11 – Um ciclo completo da tensão CA com o giro de 360 graus de uma espira.

Da senóide da Figura 1.11 verifica-se que para os instantes 1, 3 e 5, a f.e.m. é nula, pois não há variação
de fluxo magnético, ou seja, d/dt = 0. A variação máxima ocorre nos intervalos entre os instantes 1 e 2 (variação
max positiva), 2 e 3 (max negativa), 3 e 4 e 4 e 5. Pela Figura 1.12, pode-se acompanhar o ciclo completo da
senóide formada pelo giro de um fasor, indicando no diagrama um ciclo de 0 a 360 graus.

90o 1 ciclo
B
,
A B C D A

C
1800 0o
A

D
2700 v(t) ¼ volta ½ volta ¾ volta 1 volta ,
B B

, , ,,
C A C A
0
A /2 
rad
3/2 2
rad
t
rad rad

,
D D
1 ciclo 1 ciclo

Figura 1.12 – Dois ciclos de tensão alternada gerados pela rotação de uma espira (GUSSOW, 2009).

Para um gerador de 2 polos (norte e sul), a rotação de uma bobina ao longo de 360º geométricos
(ou graus mecânicos) gera sempre 1 ciclo de 360º elétricos de tensão (gerador de 2 polos). Observe que,
por exemplo, para um ângulo  de 90 graus – veja a Equação (1.4), a tensão induzida na espira é máxima,
pois  = k sen  = k sen 900 = max.

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1.3 – Forma de onda, frequência e velocidade angular

Na Figura 1.13 é apresentada uma forma de onda senoidal, desenhada em um oscilograma. O instrumento
para verificar o formato e outros parâmetros de um sinal periódico é o osciloscópio – ver a Figura 1.14 (exemplo
de osciloscópio digital).

Figura 1.13 – Representação de uma senóide.

Tela do osciloscópio
Figura 1.14 – Tela de um osciloscópio digital.
Fonte: https://www.equiposylaboratorio.com/userfiles/TEKTRONIXTDS1001.jpg

Esta forma de onda, equação geral em (1.5), é obtida pela Lei de Faraday do Eletromagnetismo. Esta
equação mostra a tensão escrita no DOMÍNIO DO TEMPO, ou seja, em função do tempo t em segundos.

v(t) = Vmax sen (t  ) (1.5)

Os parâmetros desta equação serão apresentados a seguir, no item 1.3.1. Estes parâmetros são válidos
para qualquer formato de forma de onda CA: quadrada, triangular, dente-de-serra, etc. É bom recordar que, para
estes parâmetros, utiliza-se o eixo vertical dos gráficos para a representação de tensões e correntes, e o eixo
horizontal para representar o tempo.

1.3.1 – Sinais CA senoidais – principais parâmetros

 Período (T) - duração de um ciclo ou ainda o intervalo de tempo entre dois pontos da curva de mesma situação
(picos positivos ou negativos, p. ex.). É medido em segundos.
 Frequência (f) – número de repetições ou ciclos por segundo. É medida em Hertz (Hz). f = 1/T, logo, T = 1/f.
Daí Hz = 1/s ou s-1. A frequência do sistema elétrico no Brasil é de 60 Hz; em outros países se usa 50 Hz.

Curiosidade: na área de telefonia celular, os padrões de frequência de


operação atuais estão na faixa de GHz (lembre-se de que 1 G = 1 x 109).

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 v(t) é o valor instantâneo da tensão, por exemplo, representado também por v (em minúsculo e itálico).
 Vmax é o seu valor máximo (positivo ou negativo), também denominado amplitude ou tensão de pico.
 Valor de pico-a-pico, Vpp: é a distância entre os valores máximo e mínimo. Matematicamente, para um
sinal simétrico como o da Figura 1.13, este parâmetro é dado por (1.6).

Vpp = Vmax – (–Vmax) = 2Vmax (1.6)

 Ângulo  (phi, legra grega): é o ângulo de fase inicial, que indica a posição angular onde se inicia o semiciclo
positivo da forma de onda senoidal.

Exemplo 1.1 – Seja um sinal de tensão dado por v(t) = 10 sen (377t).
Para t = 0 ms, tem-se v(10ms) = 10 sen (377 rad/s  0 ms) = 0 V.

 Exercício 1.1 (BOYLESTAD, 2012) – Seja a forma de onda senoidal, apresentada na Figura 1.15.

Figura 1.15 – Forma de onda senoidal do Exemplo 1.2 (BOYLESTAD, 2012).

a) Qual é o valor máximo? E qual é o seu valor de pico-a-pico?


b) Encontre o seu valor instantâneo em 0,3 s e 0,6 s.
c) Qual é o período da forma de onda? E qual é a frequência?
d) Quantos ciclos são vistos na Figura 1.14?

Convenção de sinais

Quando a onda senoidal é ADIANTADA em relação ao instante 0 (zero), como mostra a Figura 1.16a, o
ângulo de fase  é considerado positivo ( > 0) na Equação (1.5). Neste caso, o semiciclo positivo começa
sempre antes do zero (0) no eixo t. Na Figura 1.16b o semiciclo positivo começa após o instante zero no eixo
t, ou seja, a onda senoidal está ATRASADA e o ângulo de fase é considerado negativo ( < 0).

Sinal senoidal: v(t) = Vmax sen (t  )


(a) (b)
Figura 1.16 – (a) Ângulo de fase  > 0 (onda senoidal ADIANTADA em relação a t = 0).
(b) Ângulo de fase  < 0 (onda senoidal ATRASADA em relação a t = 0).

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  = t – ver (1.7) – é um ângulo em rad, onde  (teta) é uma letra grega. Graficamente,  é representado
no eixo horizontal, utilizado também para a variável tempo.

 = t = (2/T).t (1.7)

 Frequência angular  (letra grega ômega) ou velocidade de giro angular, em rad/s. É definida
matematicamente por (1.8), ou por  = 2/T, em que f = frequência (Hz) e T = período (s).

 = 2f (1.8)

Exemplo 1.2 – Valor instantâneo de v(t). A forma de onda de tensão da Figura 1.17 tem a sua equação
dada por: v(t) = Vmax sen (t  ) = 6 mV sen (4  103)t + 400). Nota:  = 2f (rad/s).
Para o instante t = 0s, tem-se: v(t) = 6 mV sen (4  103)0 + 400) = 6 mV sen 400 = 3,85 mV.

400
Figura 1.17 – Forma de onda de v(t), para o Exemplo 1.1 (BOYLESTAD, 2012).

Exemplo 1.3 – A expressão v(t) = 5 sen (100t + 350) mostra que este sinal possui um ângulo de fase
positivo, com  = 350. Qual é o seu valor instantâneo em t = 0 ms?

Solução: o sinal v(t) está adiantado em relação ao instante 0 s (ou ao ângulo 00) de 35 graus. Para t = 0 ms, v(0
ms) = 5 sen (0 + 350) = 2,87 V. Veja a forma de onda deste sinal na Figura 1.18. Verifique este valor instantâneo
em t = 0 ms.

v()  [rad/s] v(t)

5
Vmax
V 2,87
V
V

t
35o
0o
0ms

Figura 1.18 – Exemplo 1.3.

1.3.2 – Identificação de grandezas elétricas variantes no tempo

As grandezas elétricas, quando variantes no tempo, são identificas pela letra MINÚSCULA. Por
exemplo: v(t), tensão CA e i(t), corrente CA. Quando se quer escrever/identificar os parâmetros destas
grandezas (valor máximo, valor de pico-a-pico, valor médio, valor eficaz etc.), faz-se o uso de letras
MAIÚSCULAS, como, por exemplo: Vpp ,Vmax ,VRMS , VDC etc.

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15
1.4 − Valores médios e eficazes das grandezas alternadas

1.4.1 – Valor médio, Vmed, VCC ou Vdc

O valor médio de uma função representa o resultado líquido da variação de uma grandeza física como
deslocamento, temperatura, tensão, corrente etc. (MUSSOI, 2006). Para uma grandeza em função do tempo, por
exemplo, o valor médio é dado pela soma das áreas positivas e negativas que são descritas periodicamente ao
longo do tempo, como em (1.9).

∑𝐴 ∑ Á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑠𝑜𝑏 𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎


𝑉med = 𝑉dc = = Comprimento da curva (1.9)
𝑇

Assim, por exemplo, para uma forma de onda como a da Figura 1.19, o seu valor médio é determinado
pela área total sob a curva, dividido pelo seu período T. A equação (1.9) é apropriada para funções simétricas
como a onda quadrada, onda triangular etc.

Figura 1.19 – Exemplo gráfico do valor médio de uma forma de onda (MUSSOI, 2006).

Exemplo 1.4 – Qual é o valor médio da forma de onda da Figura 1.20?

Área 1

Área 2

Figura 1.20 – (BOYLESTAD, 2012).

Solução: Área 1 Área 2


(4ms)(+3V) + (8ms - 4ms)(-1V)
Vdc =
8ms
Período T

12 V - 4 V
Vdc = =1 V
8

Exemplo 1.5 – Determine o valor médio para a forma de onda da Figura 1.21.

Solução:

Vmed =
( 2  4 ) + 2  ( −2 ) + ( 2  3) + ( 2 1)
8
8 − 4 + 6 + 2 12
= = = 1,5 V.
8 8

Figura 1.21 (MUSSOI, 2006).

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16
1.4.2 – Valor eficaz, Vef ou Vrms

O valor eficaz de uma função representa a capacidade de produção de trabalho efetivo de uma
grandeza variável no tempo entre as suas excursões positivas e negativa. Podemos identificar também o
valor eficaz de um sinal por valor RMS (Vrms), de root mean square, valor médio quadrático.
Para uma tensão senoidal, por exemplo (Figura 1.22), cuja equação no domínio do tempo é dada por
v(t) = Vmax sen t, o seu valor eficaz é obtido por (1.10).

v(t)
Tensão eficaz = 0,707 Vmax
+ Vmax

T
0 T/2 t

- Vmax
Figura 1.22 – Conceito gráfico do valor eficaz de uma senóide (MUSSOI, 2006).

Vmax
Vef = = 0, 707  Vmax (1.10)
2

O significado físico do valor eficaz para este sinal senoidal de tensão é extraído da análise da potência
elétrica fornecida a um mesmo resistor R, primeiro através de uma fonte de tensão contínua e depois de
uma fonte CA senoidal, como mostra a Figura 1.23.

I1 i2
+ A - A

V1 R v2 R
100  100 

Figura 1.23 – Circuitos para medição da potência RMS num resistor. Simulação com o software PSpice®.

No primeiro circuito da Figura 1.23, alimentado pelo sinal em CC, obtém-se:

I1 = V1/R = 127/100 = 1,27 A.


Daí, P1 = V1I1 = 127 V  1,27 A = 161,29 W.

No segundo circuito, o resistor R é alimentado por um sinal senoidal v2, ajustado para que o
amperímetro indique uma corrente eficaz de 1,27 A, a fim de que seja dissipada a mesma potência que no
primeiro circuito. Logo, P2 RMS = 127 VRMS  1,27 ARMS = 161,29 WRMS.
O valor ajustado para v2 equivale a uma tensão CC, a qual, aplicada ao resistor R, dissipa a mesma
potência (em CA) que no primeiro circuito (em CC). O circuito da Figura 1.24 mostra um outro modo
prático de se medir a energia térmica entregue por ambas as fontes ao resistor R.

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17
Figura 1.24 – Medição da energia dissipada por um resistor R
alimentado por fontes CC e CA (BOYLESTAD, 2012).

Em resumo: o valor da tensão eficaz ou da corrente eficaz é o valor que produz numa resistência o mesmo
efeito que uma tensão/corrente contínua constante desse mesmo valor.

Observações:

• Os instrumentos comuns de medição em corrente alternada (voltímetros, amperímetros e multímetros) fornecem


valores eficazes somente para sinais senoidais;
• Para medir corretamente o valor eficaz de uma forma de onda de tensão (ou de corrente) não perfeitamente senoidal
deverá ser usado um voltímetro (ou amperímetro) mais sofisticado, conhecido como True RMS (valor eficaz
verdadeiro). Este tipo de instrumento é capaz de fazer a integração da forma de onda (de qualquer formato, senoidal,
triangular etc.) e fornecer o seu valor eficaz exato.
• Para uma forma de onda contínua constante, o valor eficaz (V RMS) é igual ao valor médio (VCC ou (VDC).

Exemplo 1.6 (BOYLESTAD, 2012) – A fonte CC de 120 V na Figura 1.25a fornece 3,6 Watts à carga.
Calcular os valores máximos da tensão Em e da corrente Im para que a fonte alternada (Figura 1.25b) forneça
a mesma potência a uma carga idêntica.

Figura 1.25 – Carga alimentada por fontes CC e CA (BOYLESTAD, 2012).

Solução:
𝑃𝐶𝐶 3,6 𝑊
A potência média é dada por Pcc = Vcc Icc. Portanto, 𝐼𝐶𝐶 = = = 30 𝑚𝐴
𝑉𝐶𝐶 120 𝑉

Os valores máximos Em e Im são:

𝐼𝑚 = √2 × 𝐼𝐶𝐶 = (1,41)(30 𝑚𝐴) = 42,3 𝑚𝐴 e 𝐸𝑚 = √2 × 𝐸𝐶𝐶 = (1,41)(120 𝑉) = 169,2 𝑉.

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18
EF - Exercícios de Fixação
Série 1

1) Determinar a velocidade angular em rad/s, para uma onda cuja frequência é:

a) 60 Hz b) 2,5 MHz c) 1 GHz

2) Encontrar o valor máximo, o valor eficaz e a frequência para os seguintes sinais elétricos:

a) i = 50mA sen (500t + 600)

b) v = 180V sen (377t – 450)

3) Esboçar no oscilograma abaixo o gráfico do sinal de tensão v = 9V sen (377t + 300).

4) Seja um sinal de tensão i = 180 sen 200t. Encontre o tempo (s) necessário para que este sinal complete
meio ciclo.

5) Seja a forma de onda da Figura 1.26, onde a tensão v1 é senoidal, sobreposta a um sinal contínuo de 6 V.

Figura 1.26 – Circuito com uma fonte CA e uma fonte CC, em série (BOYLESTAD, 2012).

Determine:
a) A equação de v1(t) e de vtotal (t);
b) o período em ms e a velocidade angular , em rad/s;
c) o valor médio (VDC) da tensão vtotal (t).

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19
1.5 − Circuito resistivo puro em CA

Considere-se, na Figura 1.27, uma carga R puramente resistiva, alimentada por uma fonte de tensão
CA (vg). A potência fornecida por esta fonte será totalmente absorvida por R. Neste circuito a corrente (iR)
e a tensão (vR) estão na mesma fase, ou sincronizadas. A corrente CA no circuito é obtida em função do
valor ôhmico de R, em (1.11) e escrita em (1.12).

vR
vg vg vR
iR R iR

Figura 1.27 – Circuito CA com carga puramente resistiva.

vR Vmax sen t
iR = = (1.11)
R R

𝑖𝑅 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 (1.12)

Exemplo 1.7 (BOYLESTAD, 2002) − Dado um circuito puramente resistivo como o da Figura 1.27, obter
a equação de vg(t) e esboçar as formas de onda de vg(t) e i(t). São dados R = 2  e i(t) = 4 sen (t + 300) A.

Solução: vg
Neste circuito, a tensão na fonte vg(t) é a
mesma do resistor, vR(t).

Logo, vg(t) = R  i(t) = 2  4 sen (t + 300)


vg(t) = 8 sen (t + 300)

A Figura 1.28 mostra as formas de onda de Figura 1.28 – Formas de onda do circuito do
vg(t) e i(t), em fase (00 de deslocamento entre ambos). Exemplo 1.7 (BOYLESTAD, 2012).

1.6 − Circuito indutivo puro em CA: reatância indutiva

A Figura 1.29 mostra uma bobina alimentada


por um sinal senoidal. Devido à sua propriedade de
autoindução de tensão, um indutor oferece uma
oposição à variação de corrente i(t). Esta oposição
estabelecida por um indutor em um circuito CA
senoidal é encontrada aplicando-se a equação (1.13).

Efeito = causa / oposição Figura 1.29 – Circuito puramente indutivo


alimentado por uma fonte de tensão senoidal
→ Oposição = causa / efeito (1.13)
(MUSSOI, 2006).

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20
Esta oposição à corrente iL é denominada reatância indutiva do indutor L (em 1.14), onde:

f é a frequência em Hertz (Hz) e L é a indutância em Henry (H).

XL = L = 2π f L (1.14)

Do circuito da Figura 1.29, obtém-se:

Vmax
VL ef V  L.I max
Oposição = X L = = 2 = max = = L
I L ef I max I max I max
2

A tensão induzida na bobina L é fornecida por (1.15).

di (t )
vL = L (1.15)
dt

Pela Figura 1.30 verifica-se por (1.15) que quando a derivada diL(t)/dt é máxima (instante A, ângulo
de 90 graus), a tensão induzida na bobina é máxima. Para o instante B, diL(t)/dt é nula e vL(t) = 0. Na Figura
1.30b vê-se o fasor VL adiantado de 900 do fasor IL.

v(t)
VL max

Figura 1.30 – Formas de onda e fasores VL e IL do circuito indutivo puro (Figura 1.29).

As formas de onda da Figura 1.31 mostram a corrente iL na referência, com ângulo de fase nulo. A
tensão em um indutor puro está sempre adiantada de 900 em relação à corrente.

Figura 1.31 – Sinais de i(t) e vL(t) para o circuito da Figura 1.29 (BOYLESTAD, 2012).

Exemplo 1.8 − Simulação de um circuito puramente indutivo. Seja o circuito indutivo RL série da Figura
1.32. O valor da reatância indutiva (XL1, devida à indutância L1), é:

XL1 = L1 = 2π  60  7,96  10-3  3 .

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21
Figura 1.32 – Circuito RL série.

Como a resistência R1 é desprezível (100 m ), a corrente eficaz no circuito será encontrada por:

I = V1 / XL1 = 127/3 = 42,33 A

Alterando-se o valor de L1 para 15 mH, a nova corrente eficaz será dada por (veja o resultado da
simulação na Figura 1.33):

127
𝐼= = 22,47𝐴
2𝜋 × 60 × 15 × 10−3

Figura 1.33 – Circuito RL série com L1 alterada.

1.7 - Circuito capacitivo puro em CA: reatância capacitiva

A oposição à passagem da corrente iC(t) em um circuito capacitivo puro (Figura 1.34, semiciclo
positivo de v(t)) é determinada pela reatância capacitiva do capacitor C, expressa por (1.16), onde:
 é a frequência angular, em rad/s;
XC é reatância capacitiva em ohms (Ω);
f é a frequência do gerador em Hertz (Hz) e
C é a capacitância em Farad (F).

iC(t)

v(t) vC(t) C

Figura 1.34 – Circuito capacitivo puro, alimentado por uma fonte de tensão senoidal.

1 1
𝑋𝐶 = 𝜔𝐶 = 2𝜋𝑓𝐶 (1.16)

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22
As formas de onda deste circuito são visualizadas na Figura 1.35. A corrente no capacitor é
encontrada por (1.17).

vc(t)

Figura 1.35 – Formas de onda e fasores de corrente e tensão em um circuito capacitivo puro.

𝑑𝑣𝐶 (𝑡)
𝑖𝐶 (𝑡) = 𝐶 𝑑𝑡
(1.17)

Analisando a Figura 1.33, observa-se que o máximo da corrente ocorre quando a derivada da tensão
no capacitor é máxima (inclinação da reta tangente na curva vc(t), em 90 graus. Assim, nos terminais de um
capacitor num circuito CA, a corrente sempre estará adiantada de 900 em relação à tensão.

LEP 1 – Lista de Exercícios e Problemas

Questão 1 – Seja a forma de onda da Figura 1, aplicada


a um resistor R de 1 ohm.

a) Qual é o seu valor eficaz?


b) Encontre o seu período em ms e a sua frequência
angular em rad/s.
c) Escreva a sua equação no domínio do tempo, v(t). Figura 1 – Questão 1 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 2 – A Figura 2 mostra um sinal de corrente, i(t),


resultado da medida em um osciloscópio digital. Com
base nos parâmetros indicados na tela (V/div. e s/div.),
encontre os valores aproximados de:

a) período em ms.
b) frequência em kHz.
c) valor máximo e valor eficaz.
d) o ângulo de fase em graus.

Figura 2 – Questão 1 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 3 – Qual é a equação de i(t) para a forma de onda da questão 2?

Questão 4 – Encontre o valor instantâneo de v(t) = 100 sen 500t em t = 1,0 ms. Resp.: v(1 ms)  100 V.

Questão 5 – Qual é o período e a frequência das seguintes formas de onda?

a) v1(t) = 10 - 5.cos (800t + 300). b) p2(t) = 5,5.sen2 10t.


Resp.: (a) T = 2,5 ms e f = 400 Hz; (b) T = 314,16 ms e f = 3,18 Hz.

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23
Questão 6 – Dada a forma de onda da Figura 3, encontre:

a) a sua equação.
b) o seu valor médio (VDC) em V.
c) o seu período em ms se  = 300 rad/s.
Resp.: (b) VDC = 15 V ; (c) T  20,94 ms.

v(t) v(t)
20 40
15
10
5
8 t (s)
0 t 0
T/2 T
Figura 3. Figura 4.

Questão 7 – Seja a forma de onda apresentada na Figura 4. Calcule o seu valor médio, sendo que

Área total de v(t) num período T


VDC =
T
Resposta: Valor médio ou VDC = 6 V.

Questão 8 – A Figura 5 mostra as formas de onda de tensão e corrente em um elemento de circuito.

a) Escrever as suas equações, v(t) e i(t), indicando os valores aproximados de Vmax e Imax.
b) Pode-se dizer que este elemento é um _________________ (capacitor / indutor).

Figura 5 – Sinais v(t) e i(t) em um elemento de circuito.

Questão 9 – Como pode ser calculada a reatância do circuito da questão 8?

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24
Questão 10 – A corrente em um indutor L de 150 m H é iL = 10 sen(377t – 60°). Esboçar no oscilograma
da Figura 6 as formas de onda de vL(t) e i(t).

Figura 6 – Oscilograma para os sinais vL(t) e iL(t) em um indutor L (questão 10).

Principais relações trigonométricas


sen x = cos (x – 90o) (1.1)
C
cos x = sen (x + 90o) (1.2)
a
tan x = sen x / cos x (1.3)
b
sen (− x) = − sen x (1.4) 
A
. B
cos (− x) = cos x (1.5) c
sen (x  y) = sen x . cos y  cos x . sen y (1.6) Figura 7.

cos (x  y) = cos x . cos y ∓ sen x . sen y (1.7)


cateto oposto b
sen θ = = (1.13)
sen x . sen y = (1/2) . [cos (x – y) – cos (x + y)] (1.8) hipotenusa a
cos x . cos y = (1/2) . [cos (x – y) + cos (x + y)] (1.9) cateto adjacente c
cos θ = = (1.14)
sen x . cos y = (1/2) . [sen (x – y) + sen (x + y)] (1.10) hipotenusa a

sen x = sen (x  N360o), para qualquer inteiro N (1.11) cateto oposto b


tan θ = = (1.15)
cateto adjacente c
cos x = cos (x  N360o), para qualquer inteiro N (1.12)

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25
Capítulo
2 FASORES E ÁLGEBRA FASORIAL

Capítulo 2 – Fasores e álgebra fasorial

2.1 − Representação fasorial de grandezas elétricas

2.4.1 – Fasores

Uma grandeza senoidal pode ser representada por um vetor que gira com velocidade  constante,
em rad/s. Se este representa uma grandeza elétrica (tensão ou corrente), é denominado de FASOR (ver a
Figura 2.1). O fasor não é como o vetor, pois possui somente módulo e sentido (horário ou anti-horário).

x(t)
+ Xmax
 [rad/s]

Fasor

0
  2 t

- Xmax
(a) (b)
Figura 2.1 – (a) Representação fasorial de uma grandeza senoidal x(t), ilustrada em (b).

Na Figura 2.2, a onda B está adiantada ou atrasada da onda seno A. O seu ângulo de fase é de 90
graus ou /2 rad (GUSSOW, 2009).

(a) (b)
Figura 2.2 – Ondas senoidais. (a) Formas de onda. (b) Diagrama de fasores (GUSSOW, 2009).

Na Figura 2.3a são apresentados dois sinais, de tensão, v(t) e de corrente, i(t), defasados de 180 graus
(sinais fora de fase). No segundo gráfico, Figura 2.3b, as grandezas estão em fase (ângulo de defasagem
nulo entre ambas as formas de onda).

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26
(a) (b)
Figura 2.3 – Sinais em contra fase (a) e em fase (b).

O oscilograma da Figura 2.4 mostra três sinais de tensão. Qual deles está mais adiantado? Os
três sinais possuem a mesma frequência? Justifique.

Figura 2.4 – Três senoides v1, v2 e v3, defasadas entre si.

2.4.2 − Representação matemática de um fasor

O FASOR ou vetor de fase é uma representação de uma função senoidal de amplitude, frequência
angular e fase invariantes no tempo. Alguns autores utilizam como comprimento do fasor o valor máximo;
outros o valor eficaz do sinal senoidal. Neste texto será adotado o valor eficaz como amplitude do fasor.
Os fasores podem ser representados nas formas polar (módulo e ângulo) e na forma complexa. Esta
última é utilizada para as operações de soma e subtração entre fasores. Para as operações de multiplicação
e divisão é recomendado a forma polar.

DOMÍNIO DO TEMPO: x(t) = X max sen ( ωt   ) FORMA POLAR: X = X eficaz  

Na notação fasorial, as grandezas envolvidas sempre variam de forma senoidal, e a frequência não é
representada. Uma observação importante: a álgebra dos fasores para grandezas senoidais é aplicada
somente a formas de onda senoidais de mesma frequência (BOYLESTAD, 2012).

Exemplo 2.1 – Seja um sinal v(t) = 180 sen (377t + 450). Qual é a sua forma polar?

Solução:

Relembrando, o valor eficaz de um sinal senoidal é 𝑉𝑒𝑓 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 ⁄√2. Na forma polar este sinal pode
então ser representado como: V = 180 ( )
2 450 V.

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27
Exemplo 2.2 (BOYLESTAD, 2012) – Escreva a expressão senoidal (domínio do tempo) para os fasores a
seguir, cuja frequência é de 60 Hz.

a) I = 10A 300.
b) V = 115V − 700.
Solução:

a) I = 10A 300 b) V = 115V − 700


𝑖 = 10√2 𝑠𝑒𝑛(2𝜋60𝑡 + 300 ) v = 115√2 𝑠𝑒𝑛(2𝜋60𝑡 − 700 )
𝑖 = 14,14 𝑠𝑒𝑛(377𝑡 + 300 ) v = 162,6 𝑠𝑒𝑛(377𝑡 − 700 )

Exemplo 2.3 – Um fasor é representado como I = 5A −150. Pede-se encontrar:


a) a expressão de i(t);
b) a queda de tensão em um resistor R de 10 ohms por onde circula esta corrente.
Solução:

a) i(t) será representado no domínio do tempo como: 𝑖(𝑡) = 5√2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 150 ).
b) Da Lei de Ohm, vR(t) = Ri(t)
𝑣𝑅 (𝑡) = 𝑅  𝑖(𝑡) = 10  5√2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 150 ).
𝑣𝑅 (𝑡) = 50√2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 150 ).
Na forma polar → 𝑉𝑅 = 50-150 𝑉.

Exemplo 2.4 (BOYLESTAD, 2012) − Seja um número complexo representado na forma polar, como visto
na Figura 2.5. O número complexo com sinal negativo, nesta figura, é oposto ao número complexo com
sinal positivo, pois ocorre um giro de 180 graus no fasor.

Forma polar:

− C = − Z

= Z  1800

-j
Figura 2.5 – Ilustrando o efeito de um sinal negativo sobre a forma polar (BOYLESTAD, 2012).

2.4.3 – Operações matemáticas com fasores

Na análise de circuitos elétricos, a representação trigonométrica (expressões trigonométricas, no


domínio do tempo) permite realizar algumas operações matemáticas entre as grandezas tensão, corrente e
potência elétricas, mas de modo trabalhoso.
A representação fasorial surge então como uma importante ferramenta, facilitando as operações
matemáticas. Isto porque os sinais senoidais podem ser representados através de fasores e estes, por sua
vez, podem ser representados por números complexos. As operações trigonométricas ficam reduzidas a
operações algébricas. Os números complexos são operados por uma álgebra própria, bem mais simples que
os cálculos envolvendo trigonometria. A Figura 2.6 explica isto de forma bastante visual.

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28
Figura 2.6 – Representação em diagrama de blocos da operação com fasores (MUSSOI, 2006).

2.4.3.1 – Fasores representados por números complexos

Um fasor é um vetor radial girante, como já foi visto, e permite realizar com facilidade operações
algébricas entre os sinais de um sistema elétrico. Basta, para isto, utilizar uma ferramenta matemática para a sua
representação, a qual faz uso dos números complexos. Um número complexo pode ser representado na forma
retangular (ou forma cartesiana), como mostra a Figura 2.7.

Im Imaginário
Componentes de Z:
b a = Z .cos 
Z b = Z . sen 

θ Real

0 a Re

Forma COMPLEXA
(ou cartesiana ou ainda retangular) ..... Z = a + jb

Forma POLAR ................................... Z = Z 

Forma TRIGONOMÉTRICA ............ Z = Z (cos θ + j sen θ)


Forma EXPONENCIAL .................... Z = Z e j

Identidade de EULER ........................ e j = (cos θ + j sen θ)


Figura 2.7 – Álgebra fasorial e números complexos.

Um número complexo é composto por uma parte real e uma parte imaginária, como descrito em (2.1),
onde temos j, um operador matemático, que desloca um fasor real de  90 graus para o eixo imaginário.

Z = a + jb (2.1)

Deste modo, o fasor b, deslocado de + 90 graus é representado por + jb e, deslocado de – 90 graus, é


representado por − jb. Portanto, o operador j é um operador rotacional. Na Equação (2.2) o operador j é
denominado operador complexo e definido:

j = −1 (2.2)

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29
Na matemática é utilizado o operador i é usado invés do j, mas em Eletricidade o fator i poderia ser
confundido com o valor instantâneo da corrente, daí o uso preferencial do j.
Na Figura 2.8 o coeficiente a representa a projeção de Z no eixo real e b representa a projeção de Z
sobre o eixo imaginário. O ângulo do fasor pode ser encontrado facilmente por (2.3).

b
 = tan −1   (2.3)
 a
Onde:

tan  = b/a;
a = cateto adjacente e
b = cateto oposto (ao ângulo teta, ). Figura 2.8 – O fasor Z e seus componentes a e b.

Concluindo, as relações apresentadas anteriormente possibilitam transformações entre as notações


RETANGULAR  POLAR.

2 2
Forma polar |𝑍| = √𝑎 + 𝑏
𝑍 = 𝑎 ± 𝑗𝑏 → {
𝑍 = |𝑍| 𝜃 Ω 𝜃 = 𝑡𝑔−1 (±𝑏)
𝑎

POLAR como I = 1A 300 será representado na forma


Exemplo 2.5 – Um fasor representado forma
RETANGULAR ou COMPLEXA como: I = (1.cos 300) + j (1.sen 300) → I = 0,87 + 0,5 j

2.4.3.2 – Adição e Subtração entre Fasores

Para estas operações, utiliza-se a forma retangular para obter o fasor resultante. Sejam os fasores Z1
= a1 + jb1 e Z2 = a2 + jb2, sobre os quais se deseja obter a soma e a subtração entre eles. A regra fundamental
para estas operações entre fasores escritos na forma complexa é:

Na operação de soma e subtração, somam-se ou subtraem-se


separadamente os coeficientes reais e os imaginários.

Para os dois fasores Z1 e Z2:

Z12( soma ) = (a1 + jb1 ) + (a2 + jb2 )


SOMA: 𝑍 = 𝑍1 + 𝑍2 →
Z12( soma ) = (a1 + a2 ) + j (b1 + b2 )

Z12( Subtr .) = (a1 + jb1 ) − (a2 + jb2 )


SUBTRAÇÃO: 𝑍 = 𝑍1 − 𝑍2 →
Z12( Subtr .) = (a1 − a2 ) + j (b1 − b2 )

Exemplo 2.6 – Determinar a resultante de Z = Z1 + Z2, onde Z1 = 5 + j2 e Z2 = 5 − j7.

𝑍 = (5 + 5) + 𝑗(2 − 7)
Solução: {
𝑍 = 10 − 𝑗5

Exemplo 2.7 – Qual é a resultante C12 dos fasores indicados na Figura 2.9?

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30
Solução:

C12 = C1 + C2 = (2 + j4) + (3 + j1)

C12 = (2 + 3) + j(4+1) → C12 = 5 + j5.

O fasor resultante está desenhado na Figura 2.10. Confira as suas coordenadas.

Figura 2.9. Figura 2.10.

2.4.3.3 – Multiplicação e divisão entre fasores

Multiplicação

A multiplicação de números complexos deve ser feita na forma polar, não sendo recomendável a
multiplicação na forma retangular, embora possa ser realizada (os cálculos ficam difíceis).
Sejam dois números complexos C1 e C2 escritos na forma polar:

𝑪𝟏 = 𝑍1 𝜃1 e 𝑪𝟐 = 𝑍2 𝜃2

A REGRA para esta operação é: multiplicam-se os módulos e somam-se algebricamente os ângulos.

A multiplicação destes entes será dada por (2.4).

𝑪𝟏 × 𝑪𝟐 = 𝑍1 × 𝑍2  𝜃1 + 𝜃2 (2.4)

Divisão

A divisão de números complexos também deve ser feita na forma polar. O processo é análogo ao da
multiplicação, porém, ao dividir C1 por C2, dividem-se os seus módulos e subtraem-se algebricamente os
seus ângulos, como descrito matematicamente em (2.5).

𝑪𝟏 𝑍1
= 𝜃1 − 𝜃2 (2. 5)
𝑪𝟐 𝑍2

Exemplo 2.8 (BOYLESTAD, 2012) Solução:


Calcular a divisão C1/C2, para:

a) C1 = 15 100 e C1 = 2 70
b) C1 = 8 1200 e C1 = 16 -500

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31
2.4.4 – Complexo conjugado de um número complexo

O conjugado Z* ou complexo conjugado de um número complexo Z pode ser definido como uma
imagem de Z em relação ao eixo real, como mostra a Figura 2.11 (EDMINISTER, 1991).
Para se obter o conjugado basta simplesmente trocar, na forma retangular, o sinal da parte imaginária.
Na forma polar basta usar o negativo do ângulo.

Z 2

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4

Z*
-j
Figura 2.11 – Representação de um complexo conjugado Z*.

Exemplo 2.9
Seja número complexo C = 5 + j5.
O conjugado de C é dado por C* = 5 – j5.
Na forma polar, C = 7,07 450 e o seu complexo conjugado é C* = 7,07 −450.

Resumo

A Tabela 2.1 mostra um resumo de parâmetros e operadores de tensão e corrente elétricas,


escritos no domínio do tempo e nas formas retangular e polar.

Tabela 2.1 – Representações matemáticas de sinais senoidais.


Descrição Tensão (V) Corrente (A)
Valor instantâneo
Domínio do tempo v(t) = Vp sen (t  v) i(t) = Ip sen (t  i)
Forma trigonométrica
Fasor
Domínio fasorial 𝑉̇ = 𝑉𝑒𝑓 v ̇ 𝐼𝑒𝑓 i
𝐼=
Forma polar
Fasor
Domínio fasorial
V̇= Vef (cos v + j sen v) İ= Ief (cos i + j sen i)
Forma retangular
(cartesiana ou complexa)
Valor eficaz
Vp Ip
(ou médio quadrático Vef = I ef =
2 2
ou RMS)

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32
2.5 − Comportamento de circuitos resistivos, indutivos e capacitivos em CA

Os componentes passivos – resistores (R), indutores (L) e capacitores (C) – possuem


comportamentos distintos quando conectados em uma fonte de CA. Todos estes tendem a fazer oposição à
passagem da corrente, porém cada qual irá provocar ou não um defasamento entre os ângulos da tensão e
o da corrente.

2.5.1 − Representação fasorial de circuito resistivo puro

A Figura 2.12 apresenta um circuito CA cuja carga é um resistor R, alimentada por uma fonte
senoidal v = Vm sen t, onde Vm = Vmax, valor de pico. Aplicando-se a este circuito a Lei de Ohm através
da álgebra fasorial, obtém-se, em (2.6):

i = Im sen t 𝑉00 𝑉
𝐼 = 𝑅𝜃 = 𝑅  00 − 𝜃𝑅 (2.6)
𝑅

Como em circuito resistivo puro a tensão e a


R v = Vm sen t
corrente estão em fase, então o ângulo R deve ser
igual a zero, para um ângulo nulo no fasor de
corrente. O fasor corrente resultante é dado então
Figura 2.12 – Circuito resistivo puro em CA. por (2.7).

𝑉00 𝑉
𝑰 = 𝑅00 = 𝑅 00 = 𝐼00 (2.7)

Exemplo 2.10 (BOYLESTAD, 2012) − Fasorialmente, os fasores de tensão e corrente em um resistor puro
R estão em fase. Neste exemplo, para o circuito da Figura 2.13a, tem-se o diagrama fasorial de V e de I, na
Figura 2.13c, referente às formas de onda na Figura 2.13b. Os módulos dos fasores V e I são encontrados
através do valor eficaz de v e de i, respectivamente.

i = 4 sen (t + 300)

(a) (b) (c)


Figura 2.13 – (a) Circuito resistivo puro. (b) Formas de onda e (c) fasores de v e de i (BOYLESTAD, 2012).

2.5.2 − Representação fasorial de circuito capacitivo puro

No circuito capacitivo puro (Figura 2.14), a corrente se adianta da tensão de 90 graus. Aplicando-se
a Lei de Ohm a este circuito, obtém-se a relação (2.8).

𝑉00 𝑉
𝑰=𝑋 = 𝑋 00 − 𝜃𝑐 (2.8)
𝑐 𝜃𝑐 𝑐

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33
i
XC = 1/C v = Vm sen t

Figura 2.14 – Circuito capacitivo puro (BOYLESTAD, 2012).

Para que o ângulo do fasor de I seja de + 90 graus, o ângulo C tem de ser igual a – 90 graus. Assim,
obtém-se o fasor de I, adiantado 90 graus do fasor da tensão V.

𝑉00 𝑉 𝑉
𝐼=
𝑋𝐶 −900
=
𝑋𝐶
 00 − (−900 ) =
𝑋𝐶
900

Exemplo 2.11 (BOYLESTAD, 2012) − A Figura 2.15a mostra as formas de onda de v e de i em um circuito
capacitivo puro. Na Figura 2.15b estão representados os seus respectivos fasores.

(a) (b)

Figura 2.15 – (a) Formas de onda e (b) diagrama fasorial de v e de i (BOYLESTAD, 2012).

Os comprimentos dos fasores V e I, na Figura 2.15b, são obtidos por:

15
𝑉𝑒𝑓 = ( 2) = 10,61 → Fasor: 𝑉 = 10,6100

15 7,5
𝐼𝑒𝑓 = ( ) = 7,5 → Fasor: 𝐼 = ( ) 900 = 5,303 900
2 √2

2.5.3 − Representação fasorial de circuito indutivo puro

No circuito indutivo puro (Figura 2.16a), a tensão e a corrente estão defasadas de 90 graus. Mas,
neste caso é a tensão que se adianta da corrente, como mostra a Figura 2.16b.

XL = L v = Vm sen t

(a) (b)
Figura 2.16 – (a) Circuito indutivo puro. (b) Diagrama fasorial de v e de i (BOYLESTAD, 2012).

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34
Exemplo 2.12 (BOYLESTAD, 2012) − Através da álgebra dos números complexos, determine a tensão v
para um circuito puramente indutivo onde XL = 4 ohms e i = 5 sen (t + 300).

𝑖 = 5 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 300 ). Na forma polar, I = 3,54 A 300.


𝑉 = 𝐼 × 𝑍𝐿 = (𝐼𝜃) × (𝑋𝐿 900 )
Solução:
𝑉 = 3,54 300 × 4900 = 14,161200
𝑣 = 14,16 √2 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 1200 ) = 20,03 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 1200 )

A equação de v(t) está apresentada graficamente na Figura 2.17a. Na Figura 2.17b é apresentado o
diagrama fasorial de v e de i.

(a) (b)
Figura 2.17 – (a) Sinais v e i no circuito indutivo. (b) Diagrama fasorial (BOYLESTAD, 2012).

EF - Exercícios de Fixação
Série 2

1) Calcule a expressão e represente o resultado na forma cartesiana para as seguintes impedâncias:

a) Z1 = (5 – j6) + (3 + j2)
b) Z2 = (2 – j5)(4 − j)
c) Z3 = 1/(12 + j7)
d) Z4 = (1 + j4)/(3 + j2)
𝑗 5𝑗
e) 𝑍5 = (4 − ) − (9 + )
2 2

2) Represente os fasores Z1, Z2 e Z3 na forma polar:

a) Z1 = 6 + j8 b) Z2 = 4 − j10 c) z3 = (z4 + z5 + z6) / z7 , onde

4 z4 = 40 + j 55  ,

Z1 2 z5 = 100 - j 33  ,
j8 
j10  z6 = - 20 - j 60  e
Z2
53,10 z7 = - 65 + j 90 .
6
Resp.: 10  53,1o Resp.: 10,77  − 68,2o Resp.: 1,13  − 143,41o

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35
3) A Figura 1 mostra elementos indutivos e capacitivos. Calcular a reatância de cada elemento, em ohms.

Figura 1 (BOYLESTAD, 2012).

4) Seja o circuito da Figura 3. Usando a leitura da tensão no resistor R2 pelo osciloscópio, determinar o valor
aproximado da resistência R1 (BOYLESTAD, 2012). Observação: R2 = 22 ohms.

vR2 (canal 1)
R1 Osciloscópio

R2 43,22 Vpp

Figura 3 (BOYLESTAD, 2012).

5) Encontre os diagramas fasoriais de i e de v para cada um dos circuitos da Figura 4.

Figura 4 (BOYLESTAD, 2012).

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36
Capítulo
3 CIRCUITOS MONOFÁSICOS
EM CORRENTE ALTERNADA

Capítulo 3 – Circuitos monofásicos em corrente alternada

3.1 – Conceito de Impedância

3.1.1 – Impedância Z de um circuito em CA

A impedância Z é dada pela relação entre tensão e corrente em um circuito série, paralelo ou misto,
contendo elementos resistivos, capacitivos e indutivos (MUSSOI, 2006). Ela representa a medida da
oposição que este circuito oferece à passagem de uma corrente alternada (CA).
Os elementos XL e XC (reatâncias indutiva e capacitiva, respectivamente), são fasores que são
posicionados no eixo imaginário, enquanto a resistência R fica posicionada no eixo real do plano complexo,
também chamado de Plano de Argand-Gauss ou Diagrama de Argand. As Figuras 3.1 e 3.2 mostram a
disposição destes fasores no plano complexo, para os elementos R, L e C associados em série.

Im Im Im
Z = R + jXL
+ jXL Z + jXL
R + R
Re Re Re
0 0 0 −
R
Z − jXLC
− jXC
ZZ==RR−−jXjX
CL
(a) (b) (c)
Figura 3.1 (MUSSOI, 2006) – (a) Reatâncias indutiva e capacitiva iguais. Impedância Z
resultante em: (b) um circuito RL série. (c) um circuito RC série.

Im
XL

R
XL − XC T
Re

XC
Figura 3.2 – Diagrama fasorial de impedância (Z).

O fasor XL está posicionado para cima, com ângulo de + 900 enquanto XC está posicionado para baixo,
com ângulo de - 900. Estes dois fasores são denominados de componentes reativas de um circuito, ou seja,
armazenam energia. Já o resistor é um elemento passivo, pois somente dissipa a energia elétrica que recebe. A
impedância complexa ou retangular, também representada na Figura 3.2, é dada por (3.1).

𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 ) (3.1)

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37
Como encontrar o módulo da impedância Z?

O módulo de Z é encontrado aplicando-se o teorema de Pitágoras no triângulo formado pelos


fasores R (cateto adjacente ao ângulo  ou T) e pela resultante XL – XC, cateto oposto ao ângulo , como
mostra o diagrama fasorial abaixo. Disto resulta (3.2).

R
Re
XL − XC T
Z

|𝑍| = √𝑅 2 + (𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )2 (3.2)

O ângulo ( ou T) da impedância é calculado por (3.3):

(𝑋𝐿 −𝑋𝐶 )
𝜃𝑇 = 𝑡𝑎𝑛−1 𝑅
(3.3)

Na forma polar, a impedância Z é dada por (3.4). Os componentes de Z podem ser encontrados em
função do ângulo T, como visto em (3.5) e em (3.6).

𝑍 = |𝑍|𝜃𝑇 (3.4)

R = Z  cos T (3.5)

X = Z  sen T (3.6)

Sendo conhecidas as equações de v(t) e i(t) em um circuito, determina-se a sua impedância Z. As


equações de tensão e corrente no domínio do tempo, onde 𝑉𝑝 = 𝑉𝑚𝑎𝑥 = √2𝑉𝑒𝑓 , são:

v(t) = Vp sen (t  v) e i(t) = Ip sen (t  i)

Exemplo 3.9
Dado o diagrama fasorial da Figura 3.3, onde o ângulo T da Im
impedância é de 60 graus, pede-se calcular:

a) o módulo da impedância Z;
b) o valor de XL (reatância indutiva); T
c) a representação de Z na forma complexa;
Re
d) a representação de Z na forma polar.
Figura 3.3.
Solução:

a) R = Z cos T → 2 = Z cos 60o. Isolando-se Z, obtém-se Z = 2/(cos 60o) = 4 .


b) XL = Z sen T → 4 sen 60o = 3,46 .
c) Na forma complexa, Z = 2 + j(3,46 – 0) = 2 + j3,46.
d) Na forma polar, Z = 4 600 ohms.

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38
A Tabela 3.1 mostra as relações físicas e matemáticas entre tensão e corrente elétrica nos elementos
passivos de um circuito RLC.

Tabela 3.1 – Relações entre Tensão e Corrente nos elementos passivos RLC (MUSSOI, 2006).

Elemento Comportamento Domínio do tempo Domínio fasorial


Corrente em fase 𝑣𝑅 (𝑡) 𝑉𝑅̇
Resistor (R) R=
𝑖𝑅 (𝑡)
(resistência elétrica) R=
com a tensão 𝐼𝑅̇
Corrente adiantada 90 dv𝐶 (𝑡) 𝑉𝐶̇
Capacitor (C)
graus da tensão
𝑖𝐶 (𝑡) = C 𝑋𝐶 = 𝐼𝐶̇
(reatância capacitiva)
dt
Indutor Corrente atrasada 90 di𝐿 (𝑡) 𝑉̇
𝑣𝐿 (𝑡) = L 𝑋𝐿 = 𝐿̇ (reatância indutiva)
(L) graus da tensão dt 𝐼𝐿
Impedância Corrente em fase (ou 𝑣(𝑡) 𝑉𝑍̇
Z= Z= 𝐼𝑍̇
(Z) não) com a tensão 𝑖(𝑡)

3.1.1.1 – Lei de Ohm para a impedância Z em CA

A Lei de Ohm relaciona a tensão e a corrente através de uma constante de proporcionalidade - oposição
entre a causa (tensão aplicada) e efeito (corrente). Em um circuito CA, a relação entre a tensão e a corrente é a
impedância Z, no domínio fasorial dada por (3.7). O seu ângulo é T = V −  I .

VV
Z T = = ( V/I ) V −  I (3.7)
I I

3.1.1.2 – Associação de impedâncias

As impedâncias, da mesma forma que as resistências, podem ser associadas, em série e em paralelo.
As Figuras 3.4 e 3.5 mostram os esquemas destas associações e as suas respectivas equações, para se
encontrar a impedância equivalente, “vista” dos terminais a e b.
n
Z1 Z2 Z3 Zn Zeq =  Zi
a b i =1

Zeq = Z1 + Z2 + Z3 + … + Zn Impedância equivalente de


uma associação em série

Figura 3.4 – Associação em série de impedâncias e sua equação de Z equivalente.

a
1 n
 1 
Z1 Z2 Z3 Zn =  
b
Z eq i =1  Z i 
Impedância equivalente de
uma associação em paralelo.

Figura 3.5 – Associação em paralelo de impedâncias e sua equação de Z equivalente.

Exemplo 3.10 − Encontre Zeq para um circuito RLC série, onde:


R = 10 , XL = 15  e XC = 5 .

Solução: Zeq = R + jXL + (−jXC) = 10 + j15 + (−j5) = 10 + j10 .

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39
Exemplo 3.11 – Mostrar que, para a situação de duas impedâncias Z1 e Z2 conectadas em paralelo, resulta
uma impedância equivalente dada pela razão entre o produto e a soma entre ambas.

1 1 1 1 𝑍 +𝑍 𝑍 ×𝑍
Solução: =𝑍 +𝑍 → = 𝑍2 ×𝑍1 → 𝑍𝑒𝑞 = 𝑍1+𝑍2
𝑍𝑒𝑞 1 2 𝑍𝑒𝑞 1 2 1 2

EF - Exercícios de Fixação
Série 3

EF 3.1 – Sejam dois componentes conectados em paralelo, cujas impedâncias, Z1 e Z2 são:

Z1 = 300  30o e Z2 = 400  − 50o

a) Qual é a impedância total desta associação?


b) Encontre a impedância resultante se a Z1 e Z2 em paralelo for conectado um resistor de 100  em série.

EF 3.2 – Considerando as impedâncias descritas no EF 3.1, alimentadas por uma fonte senoidal, na forma
polar escrita como Vi = 127 V30o, determinar os elementos do circuito e a corrente da fonte.

3.2 − Circuitos CA em série

3.2.1 – Circuito RL série

O circuito RL série tem o seu aspecto apresentado


na Figura 3.6, no intervalo em que a tensão CA senoidal
é positiva. A impedância do circuito é dada por (3.8).
Z I

Z = R + jXL (3.8)

O circuito RL série em CA apresenta a corrente i(t) Figura 3.6 – Circuito RL série em


atrasada de 900 em relação à tensão sobre o indutor, vL(t). CA com para vi(t) positiva.

Em função da presença do resistor R, a corrente se atrasa de um ângulo  menor que 900 em relação
à tensão da fonte vi(t). Este atraso da corrente em relação às tensões vi(t) e vL(t) define o comportamento
indutivo do circuito.

Exemplo 3.12 (BOYLESTAD, 2012) − Seja um circuito RL série (Figura 3.7) alimentado por uma fonte
senoidal, e(t), em 60 Hz.

Z1
I _
+ V1
+
+
_
~
EAC V2
ZT
Z2 V2
_

Figura 3.7 – Circuito RL série em CA.

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40
a) Determinar a impedância ZT do circuito, com R = 4 ohms e XL = 8 ohms.
b) Calcular a corrente eficaz no circuito, se a fonte senoidal é dada por E = 100V 00.
c) Desenhar os diagramas fasoriais de impedância e o de tensões e corrente do circuito (E, V1, V2 e I).

Solução:

a) Fazendo Z1 = R e Z2 = XL, de acordo com a Figura 3.7, obtém-se ZT = Z1 + Z2 (impedância total).

ZT = R 00 + XL 900 → ZT = R + jXL → ZT = 4 + j8

O módulo da impedância ZT é calculado pelo teorema de Pitágoras:

ZT = R2 + ( X L ) = 42 + ( 8 ) = 16 + 64 = 8,94 ohms
2 2

𝑋 8
O ângulo ( ou T) da impedância ZT é calculado por 𝜃𝑇 = 𝑡𝑎𝑛−1 ( 𝑅𝐿 ) = 𝑡𝑎𝑛−1 (4) = 63,430
Assim, obtém-se ZT = 8,94   63,430.

b) Corrente eficaz no circuito:


Ief = I = E/ZT = 100  00 / 8,94  63,430 → I = 11,18 A ‒ 63,430.

c) Diagramas fasoriais:
j
O diagrama fasorial de impedância do circuito RL
série é apresentado na Figura 3.8. Para desenhar o
diagrama fasorial contendo a corrente I e as tensões do
circuito, é necessário calcular V1 e V2, tensões no resistor ZT
e no indutor, respectivamente. XL = 8 

Cálculos:
T
V1 = VR = RI = 4  11,18 A − 63,430
= 44,72 V− 63,430 0 R=4 +
V2 = VL = XLI = 8 900  11,18 A − 63,430 Figura 3.8 – Diagrama fasorial de
= 89,44 V  26,570 impedância – Exemplo 3.4.

Fasorialmente, a tensão da fonte é dada por E = V1 + V2, que pode ser escrita como E = V1 + jV2.
Escrevendo V1 e V2 na forma complexa:

V1 = 44,72 V − 63,430 → V1 = (44,72 cos (− 63,430)) + j(44,72 sen (− 63,430))  20 – j 40


V2 = 89,44 V  26,570 → V2 = (89,72 cos (26,570)) + j(89,72 sen (26,570))  80,24 + j 40,13

Efetuando a operação E = V1 + jV2, obtém-se:

E = V1 + jV2 = (20 + 80,24) + j(- 40 + 40,13) = 100,24 + j 0,13  100 V → E = 100 V 00

A Figura 3.9 mostra o diagrama fasorial com as tensões e a corrente do circuito RL série da Figura
3.7. Observa-se que:
- a corrente I em fase com a tensão v1 (no resistor R);
- a corrente I está atrasada 90 graus da tensão v2 (no indutor L).
- em relação à tensão da fonte, a corrente I está atrasada de 63,430.
- é comprovada fasorialmente a relação entre as tensões do circuito (LKT): E = V1 + jV2.

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41
j

+ 40

V2 = 89,44 V  26,570

E = 100 V  00
0

I = 11,18 A  - 63,430 +

V1 = 44,72 V - 63,430
- 40
50 100
Figura 3.9 – Diagrama fasorial da corrente e das tensões do circuito RL série – Exemplo 3.4.

Exemplo 3.13 – A Figura 3.10 mostra o resultado da simulação do circuito série da Figura 3.6. São
apresentadas a tensão da rede, e(t) e a corrente total, i(t). Observa-se o defasamento entre e(t) e i(t). Qual é
o defasamento em graus entre os sinais de e(t) e i(t)?

200
e(t)

i(t)

t

-200
0s 10ms 20ms 30ms 40ms
V(e:+) -I(e)*2 t1: 16.67ms Time
t2: 19.55ms
Figura 3.10 – Formas de onda de e(t) e i(t): circuito RL série da Figura 3.6.

3.2.2 − Circuito RC série

O circuito RC em CA série é apresentado na v1


Figura 3.11 (esquema utilizado em simulação para
verificação do comportamento de seus parâmetros). A i
impedância do circuito é dada por (3.9). v2
e
Z = R – jXC (3.9)

Neste circuito, a corrente i(t) adianta-se de 90


graus em relação à tensão sobre o capacitor, v2(t). Figura 3.11 – Circuito RC série em CA.

Em relação à tensão da fonte, e(t), esta corrente se adianta de um ângulo  (menor que 90 graus), em
função da presença do resistor R. Este avanço ou adiantamento da corrente em relação a estas tensões define
o comportamento capacitivo do circuito.

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42
EF − Exercícios de Fixação
Série 4

EF 3.3 – Em um circuito RC série, uma fonte de tensão v(t) = 180 sen (377t + 300) em 60 Hz alimenta os
elementos passivos Z1 = 100  0o e Z2 = 100  − 90o. Pede-se calcular:

a) a impedância total do circuito, ZT. Resp.: ZT = 141,42  - 45o;


b) a corrente da fonte e a tensão no capacitor. Resp.: IT = 0,9 A 75o e VC = 90 V - 25o;
c) desenhar nos oscilogramas os diagramas fasoriais: de impedância, de i com v e de i com vR e vC.

EF 3.4 – No circuito série da Figura 3.12, uma fonte de R XC = 8 


corrente alimenta os elementos passivos R e C, onde XC = 8 a
ohms. A impedância do circuito é dada por: + vR − + vC −
ZT = 10   -53,130.
i = 7,07 sen (t + 53,13o)
a) Qual é o valor da resistência R? Resp.: R = 6 .
b) Calcular a tensão nos terminais a e b da fonte de corrente.
b
Resp.: Vab = 50 V 00.
Figura 3.12 – Circuito RC série em
CA com fonte de corrente.

Exemplo 3.14 – Aplicação de um circuito RC como Filtro Passa-Baixos (FPB).

Este circuito, apresentado na Figura 3.13, apresenta o sinal de saída, vo(t), sobre o capacitor. Este
tipo de filtro é denominado passivo.

Operação: vo
i R
A reatância capacitiva na saída do circuito é dada por
XC = 1/(2fC), onde  = 2f [rad/s]. vi XC C
Para f → 0 (tendendo para zero), a reatância XC → 
(tende para infinito). O capacitor se comporta como um
circuito aberto e a tensão de saída tende para ser igual à tensão
de entrada vi(t). Por isso a denominação de filtro passa-baixos
(ou, do inglês, low-pass filter). Figura 3.13 – Circuito RC série em
CA como filtro passa-baixos (PB).

Para f → , a reatância XC tende para zero e o capacitor de comporta como um curto-circuito.


Portanto, este circuito permite a passagem de sinais de baixa frequência e ao mesmo tempo atenua a
intensidade de sinais de alta frequência.

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43
Exemplo 3.15 (NILSON e RIEDEL, 2009)

A Eletrocardiologia é o estudo dos sinais elétricos


produzidos pelo coração, os quais evidenciam os seus
batimentos. Estes sinais são medidos por um instrumento
denominado Eletrocardiógrafo (Figura 3.14).

Fonte:
https://www.sgntecmed.com.br/product-page/eletrocardi%C3%B3grafo- Figura 3.14 – Aspecto de um
cardioline-100l Eletrocardiógrafo portátil.

A função do eletrocardiógrafo é a detecção de sinais periódicos de frequência próximos de 1 Hz,


levando-se em conta que a taxa de batimentos cardíacos no ser humano é de cerca de 72 /min. Esse
instrumento tem de operar na presença de ruído do sinal de alimentação da concessionária (60 Hz).
Nesse contexto, um filtro PB é necessário, para minimizar a interferência do sinal elétrico da
concessionária sobre o eletrocardiógrafo.
Seja um filtro PB como o da Figura 3.13, com os seguintes parâmetros: vi(t), sinal de entrada
senoidal, com 1,0 Vef e rede passiva RC: R = 1 k e C = 22 F
A Tabela 3.2 apresenta os cálculos para a verificação da atenuação no valor eficaz da saída vo(t) para
os níveis de frequência: 60 Hz (atenuação grande), 10 Hz e 1 Hz.

Tabela 3.2 – Cálculos da tensão eficaz de vo(t) de um filtro RC PB com a variação da frequência de v i(t).

Vi (Vef) f (Hz) XC () Z () I (mA) Vo (Vef)


60 120,6 1k 1 120,6 m
1,0 10 723,4 1,23 k 0,81 586,1 m
1 7,23 k 7,3 k 0,14 999,6 m

EF - Exercícios de Fixação
Série 5

EF 3.5 – Comprove os cálculos do Exemplo 3.7 (Tabela 3.2) e justifique o comportamento do circuito.

EF 3.6 – Ainda com relação ao circuito RC série da Figura 3.13, com os dados do EF5 e com base nos
cálculos da Tabela 3.3, construir a curva Z  f (Figura 3.15). Sugestão: utilize um software com planilha
automatizada para otimizar os cálculos.

Tabela 3.3 – Cálculos da tensão eficaz de vo(t) de um filtro RC PB com a variação da frequência de v i(t).
Vi (Vef) f (Hz) XC () Z () I (mA) Vo (Vef)
50
40
30
1,0 20
10 723,4 1,23 k 0,81 586,1 m
5
1 7,23 k 7,3 k 0,14 999,6 m

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44
Z(k)
8k
7k
6k
5k
4k
3k
2k
1k
f(Hz)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Figura 3.15 – Curva Z  f do circuito RC série da Figura 3.13.

3.2.3 − Circuito RLC série

A Figura 3.16 mostra o esquema de um circuito RLC série, cuja impedância é dada por (3.10).

Z = R – j(XL – XC) (3.10)

R XL XC
O módulo de Z é dado por (3.11) e o seu
ângulo, por (3.12). a
vR(t) vL(t) vC(t)

Z = (R 2
+ ( X L − XC )
2
) (3.11) ZT

 = tan −1
( XL − XC )
(3.12) b
R
Figura 3.16 – Impedância do circuito RLC série.

Na notação polar, a impedância pode ser escrita como em (3.13).

Z = R 00 + XL 900 + XC - 900 (3.13)

Tensão da fonte, vab(t): calculada por (3.14) e escrita fasorialmente em (3.15).

vab (t) = vR (t) + vL (t) + vC (t) (3.14)

Vab = VR + VL + VC (3.15)

Exemplo 3.16 (BOYLESTAD, 2012) – O circuito RLC série da Figura 3.17 é alimentado por um sinal
senoidal, e(t) = 70,7 sen t. Pede-se determinar:

a) A sua impedância total, Z.

Z = 3 + j(7 – 3) = 3 + j4 ohms.
Z = 5  53,130.

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45
R=3 XL = 7  XC = 3 

i vR(t) vL(t) vC(t)

~ e = 70,7 sen t

Figura 3.17 – Circuito RLC série (Exemplo 3.8).

b) A corrente total, I. Solução: I = E / Z = 50 00 / 5 53,130 = 10 A -53,130.

c) As tensões VR, VL e VC, d) O diagrama fasorial de e) O diagrama fasorial de


escritas na forma polar. impedância. tensões.
j
VR = ZRI = (R0o)
(I) XL j
= (3  0o) (10 A −53,13o) VL
= 30 V −53,13o
ZT
XL = 7 

VL = ZLI = (XL90o) (I)


= (7  90o) (10 A −53,13o) 36,87o
= 70 V 36,87o XL − XC
53,13o E +
=4
VC = ZCI = (XC− 90o)
(I) T = 53,13o I
= (3  − 90o) (10 A −53,13o) VC
VR
= 30 V −143,13o R=3 +
XC = 3  Comprova-se a relação
Note-se que a soma dos 3 fasores de
tensão é igual à tensão da fonte, E. XC E = VR + V L + VC

f) Representar no domínio do tempo a corrente e os sinais de tensão.

Estas equações são representadas de (3.16) a (3.19).

i = (10) √2 sen (ωt − 53,13o ) = 14,14 sen (ωt − 53,13o ) (3.16)

vR = (30) √2 sen (ωt − 53,13o ) = 42,42 sen (ωt − 53,13o ) (3.17)

vL = (70) √2 sen (ωt − 36,87o ) = 98,98 sen (ωt − 36,87o ) (3.18)

vC = (30) √2 sen (ωt −143,13o ) = 43,42 sen (ωt −143,13o ) (3.19)

Estes sinais são representados graficamente na Figura 3.18 (BOYLESTAD, 2012).

Análise:

- Pelo diagrama fasorial do item (e) e pelas formas de onda, a corrente I está em fase com a tensão
no resistor, VR;
- esta corrente se atrasa de 90° em relação à tensão no indutor, VL, e se adianta de 90o em relação à
tensão no capacitor, VC;
- em relação à tensão da fonte, a corrente I está atrasada de 53,13o, o que evidencia o caráter indutivo
do circuito.

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46
Figura 3.18 – Sinais de tensão e corrente do circuito RLC série do Exemplo 3.8 (BOYLESTAD, 2007).

3.2.4 – Divisor de tensão em um circuito série CA

Para encontrar a tensão em um elemento de um circuito série em CA, vale a mesma regra utilizada
para os circuitos em CC, a regra do divisor de tensão, em (3.20), onde Vx é a tensão no elemento Zx do
circuito série, de impedância total ZT e tensão de alimentação VT.

𝑍𝑋 ⋅𝑉𝑇
𝑉𝑋 = (3.20)
𝑍𝑇

Exemplo 3.17 – Através da regra do divisor de tensão, calcular, para o circuito da Figura 3.19, a
tensão VX, expressando-a no domínio do tempo.

Solução:

A tensão de entrada é dada por


𝑉𝑇 = (180⁄√2)00.

A impedância total do circuito é:


ZT = 10 + j(10 − 5) = 10 + j5
ZT = 11,18  26,570 Figura 3.19 – Circuito RLC série (Exemplo 3.9).

A impedância ZX é representada por ZX = XL = 10  900. Logo, a tensão no indutor é:

10∠900 × 127∠00
𝑉𝑋 = = 113,6 𝑉∠ − 26,570
11,18∠26,570

A Figura 3.20 mostra o resultado de VX através de simulação, através do software Multisim®.

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47
11,36 A

113,60 V IT

Figura 3.20 – Simulação do circuito RLC série (Exemplo 3.9), com o software Multisim®.

3.2.5 – Resumo da análise de circuitos série CA

Após a análise de circuitos CA em série contendo elementos resistivos e reativos, podemos concluir,
em resumo (BOYLESTAD, 2012):
1. A impedância total do circuito depende da frequência da fonte.
2. Pode ocorrer que a impedância de qualquer elemento do circuito seja ser maior do que a sua
impedância total, ZT. Pense, tendo ZT = R + j(XL – XC), em uma reatância indutiva muito maior que
a resistência R
3. No diagrama de impedâncias, as reatâncias capacitiva e indutiva têm sentidos diretamente opostos.
4. O circuito, em função da frequência da fonte, pode se comportar tanto de forma
predominantemente indutiva quanto capacitiva.
5. Nas frequências altas, os elementos indutivos têm maior contribuição para a impedância total. Esta
impedância pode ter maior contribuição devido aos elementos capacitivos no caso de frequências
mais baixas.
6. Em um circuito CA série o módulo da tensão em qualquer elemento pode ser maior que a tensão
aplicada.
7. Quanto maior a impedância de um elemento, maior o módulo da tensão sobre ele.
8. No diagrama fasorial, as tensões nos indutores e capacitores estão sempre em sentidos opostos.
9. A corrente em um circuito RLC série CA tem a seguinte orientação fasorial: em fase com a tensão
em um elemento resistivo, atrasada 90° em relação à tensão em um elemento indutivo e adiantada
90° em relação à tensão em um elemento capacitivo.

3.3 − Circuitos CA em paralelo e misto

3.3.1 – Circuitos RLC paralelo - o conceito de Admitância (Y)

A Figura 3.21a mostra uma associação de N impedâncias em paralelo. A impedância equivalente ou


total ZT dessas N impedâncias é obtida por (3.21).

1 1 1 1 1
= + + +⋯+ (3.21)
𝒁𝑻 𝒁𝟏 𝒁𝟐 𝒁𝟑 𝒁𝑵

No estudo de circuitos CA em paralelo, além do uso do parâmetro impedância (Z) é muito útil
trabalhar com o parâmetro Admitância (Y). A Figura 3.21b mostra que, para cada ramo do circuito da
Figura 3.21a, existe uma admitância correspondente, p. ex., Y1 = 1/Z1 no primeiro ramo.
A partir da equação (3.17), da impedância total de um circuito em paralelo, se obtém a equação para
o cálculo de sua admitância YT, como em (3.22).

YT = 1 / ZT = Y1 + Y2 + Y3 + ... YN (3.22)

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48
Figura 3.21 – Circuito CA em paralelo, com N impedâncias, em (a) e N admitâncias, em (b).

Fisicamente, a admitância é a medida do quanto um circuito CA admite (ou permite) a passagem


da corrente elétrica. Assim, para uma mesma tensão aplicada a um elemento, quanto maior a sua
admitância, maior será a sua corrente (BOYLESTAD, 2012). A Tabela 3.4 mostra resumidamente a
impedância e a admitância de resistores, indutores e capacitores (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Tabela 3.4 − Impedância e admitância de elementos passivos R, L e C.


Elemento Impedância Admitância
R ZR = R 𝑌𝑅 = 1⁄𝑅
L ZL = jL 𝑌𝐿 = 1⁄jL = −jL
C ZC = ‒ j(1⁄ωC) 𝑌𝐶 = jC

EF - Exercícios de Fixação Série 6

EF 3.7 – Encontre a admitância equivalente do circuito paralelo da Figura 3.22a.

EF 3.8 – Qual é a admitância Yeq do circuito da Figura 3.22b? Resp.: Yeq = 0,54 + j0,3 S.

(a) (b)
Figura 3.22 – (a) Circuito do EF 3.7. (b) Circuito do EF 3.8 (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014).

3.3.1.1 – Condutância e Susceptância

A condutância (G) de um componente ou condutor é um conceito já conhecido: relembrando, é o


inverso da resistência, como definido em (3.23). A sua unidade é o siemens, S. O matemático e engenheiro
eletricista inglês Oliver Heaviside criou esse termo em setembro de 1885.

Circuitos Elétricos em CA CEFET-MG - Edição 2021


49
1 1
YR = = = G00 (3.23)
ZR R00

Não se deve confundir a condutância elétrica com condutividade elétrica. Esta última é uma
característica específica de um material, sendo recíproca da resistividade elétrica.
A susceptância (B), dada também em siemens, corresponde ao inverso da reatância, indicando a
intensidade na qual um componente é suscetível à passagem de corrente. Este termo também foi criado por
Oliver Heaviside, em1887. Para o indutor, BL = 1/XL, em (3.24). Pode-se então escrever a admitância de
um indutor como em (3.25).

1 1 1
YL = = =  − 900 (3.24)
ZL XL  900 XL

YL = BL  − 900 (3.25)

Para o capacitor, BC = 1/XC, em (3.26). Logo, a admitância de um capacitor é escrita como em (3.27).

1 1 1
YC = = = + 900 (3.26)
ZC XC −900 XC

YC = BC + 900 (3.27)

3.3.1.2 – Diagrama fasorial de admitâncias

A Figura 3.23 mostra o diagrama fasorial de admitâncias, com base nas equações (3.24) a (3.27). Ele é
construído com três admitâncias, G, BL e BC. Deste diagrama, pode-se escrever Y na forma complexa,
como em (3.28).

Y = G + j (BC − BL) (3.28)

j
BC  900

G  00
0 +
BL  − 900
Figura 3.23 – Diagrama fasorial de admitâncias.

Exemplo 3.18 (BOYLESTAD, 2012) ‒ Seja o circuito RL paralelo da Figura 3.24.

a) Calcular a impedância de entrada, ZT.


b) Construir o diagrama de impedâncias. ZT
c) Quais são as admitâncias de cada componente do
R XL
ramo paralelo, YR e YL? YYT T
10 
d) Qual é a admitância de entrada, YT?
e) Construir o diagrama de admitâncias.
Figura 3.24 – Circuito RL do Exemplo 3.10.

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50
Solução: j
a) Impedância de entrada, ZT: ZT

𝑍𝑅 × 𝑍𝐿 (20  00 ) × (10  900 )


𝑍𝑇 = =
𝑍𝑅 + 𝑍𝐿 20  + j10  ZL = 7,95   900

200  900
𝑍𝑇 = = 8,93  63,430 63,43o
22,361  26,570

𝑍𝑇 = 4,00  + j7,95  ZR = 4,00   00 +


b) Diagrama de impedâncias: Figura 3.25. Figura 3.25 – Diagrama de impedâncias.

c) Admitâncias de cada componente: e) Diagrama de admitâncias: Figura 3.26.

1 1
j
0
YR = G0 = =
R00 2000 YR = 0,05 S  00

YR = 0,05 S00 → YR = 0,05 S + j0 0 +


− 63,43o
1 1
Y𝐿 = B𝐿 − 900 = =
X𝐿 900 10900
YL = 0,1 S  − 900
0
YL = 0,1 S− 90 → YL = 0 − j0,1 S

d) Admitância total:

YT = YR + YL = 0,05 – j0,1 = G − jBL. YT


Na forma polar: YT = 0,112 S− 63,430 . Figura 3.26 – Diagrama de admitâncias.

Exemplo 3.19 (EDMINISTER, 1991) – Para o circuito da Figura 3.27, onde XC1 = 4 , pede-se:
a) Calcular as correntes nos ramos, I1 e I2, e a corrente total, IT.
(𝑍 ×𝑍 )
b) Calcular o valor de Zeq a partir da relação V/IT. Comparar o resultado com 𝑍𝑒𝑞 = (𝑍1 +𝑍2 ) ⋅
1 2
c) Escrever Zeq na forma complexa.

IT I1 I2

Figura 3.27 – Circuito RC paralelo – Exemplo 3.11.

Solução:

a) Impedâncias Z1 e Z2:

Z1 = 3 − j4 Z2 = 10 + j0
Z1 = 5  –53,13 o
Z2 = 10  0o

Circuitos Elétricos em CA CEFET-MG - Edição 2021


51
Correntes nos ramos:

𝑉 50∠00 𝑉 50∠00
𝐼1 = = 𝐼2 = =
𝑍1 5∠ − 53,130 𝑍2 10∠00

= 10𝐴∠53,130 = 6 + 𝑗8 = 5𝐴∠00 = 5 + 𝑗0

A corrente total do circuito é encontrada por

IT = I1 + I2 = 6 + j8 + 5 = 11 + j8 = 13,6 A36,03o.

b) Calculando Zeq por V/IT e por 𝑍𝑒𝑞 = (𝑍1 × 𝑍2 )/(𝑍1 + 𝑍2 )obtém-se, respectivamente, (1) e (2):

50∠00
(1) 𝑍𝑒𝑞 =
13,6∠36,030
= 3,67 Ω ∠ − 36,030

5∠ − 53,130 × 10∠00 50∠ − 53,130 50∠ − 53,130


(2) 𝑍𝑒𝑞 = = = = 3,68 Ω ∠ − 36,030
(3 − 𝑗4) + (10 + 𝑗0) 13 − 𝑗4 13,6∠ − 17, 10

c) Na forma complexa, Zeq = (3,68 cos –36,030) +j(3,68 sen –36,030) = 2,98 – j2,16.

EF - Exercícios de Fixação
Série 7

EF 3.9 (EDMINISTER, 1991) – Determine as impedâncias R e XL no circuito da Figura 3.28, se as


correntes eficazes I1, I2 e IT são, respectivamente, 18, 15 e 30 A. Resp.: R = 5,13 ohms e XL = 4,39 ohms.

Figura 3.28 – Circuito RL paralelo – EF 3.9.

EF 3.10 (EDMINISTER, 1991) – Seja o circuito paralelo da Figura 3.29, onde VT = 150 V 450. Calcular
a sua impedância equivalente, a corrente total e a potência eficaz dissipada no resistor de 15 ohms.

IT
5

VAC j5
T 15 - j 10
j 8,66

Figura 3.29 – Circuito CA paralelo – EF 3.8.

Respostas: Yeq = 0,12 – j0,19 S ou Yeq = 0,22 S -580. Corrente: IT = 4,55 A -580. Potência RMS em R15: 1500 W.

Circuitos Elétricos em CA CEFET-MG - Edição 2021


52
3.3.2 – Circuitos RLC mistos (série-paralelo)

Define-se um circuito elétrico misto como aquele onde componentes são conectados em paralelo e
em série, e associados a uma ou mais fontes de alimentação (fontes de tensão ou de corrente). Neste item
serão estudados circuitos mistos conectados a somente uma fonte de energia. As topologias de circuitos CA
com mais de uma fonte serão estudados um pouco mais à frente, com o uso de métodos e teoremas já vistos
em circuitos CC. De acordo com (BOYLESTAD, 2012), utiliza-se a seguinte metodologia para a análise e
solução de circuitos mistos em CA (4 etapas):

1. Redesenhar o circuito através de impedâncias em bloco, combinando elementos que estejam


obviamente em série ou em paralelo, o que simplificará o circuito revelando claramente a estrutura fundamental
do sistema.
2. Estudar o problema e elaborar um rápido esboço mental de todo o procedimento a seguir, resultando
em economia de esforço e de tempo.
3. Após as etapas (1) e (2), recomenda-se resolver cada ramo separadamente. Para encontrar a impedância
total do circuito, calcula-se a impedância dos ramos em série primeiro, em seguida as impedâncias em paralelo,
partindo do extremo oposto à fonte.
4. Após encontrar a impedância da fonte, calcula-se a corrente total do circuito. A partir daí determina-se
as correntes nos elementos do circuito.
5. Verificar se a solução é razoável, checando as respostas ou realizando uma simulação com algum
software específico. Se não for, repetir os cálculos ou resolver o circuito através de outro método.

Exemplo 3.20 (BOYLESTAD, 2012) – Considere o circuito misto da Figura 3.30a. Calcular os parâmetros:
IS, VR, IC e VC. São dados: E = 120 V00, R = 1 ohm, XC = 2 ohms e XL = 3 ohms.

Is + VR − + VC −
Is
+ ZT IC XC

E ZT
− XL

(a) (b)
Figura 3.30 – (a) Circuito CA misto e (b) suas impedâncias nos blocos Z1 e Z2 (BOYLESTAD, 2012).

Solução:

- Primeiro passo: representar as impedâncias do circuito na forma de blocos – ver a Figura 3.30b.

- Calcula-se a impedância de cada bloco e obtém-se a impedância total, ZT = Z1 + Z2.

Impedância Z1: Z1 = 1  00


Impedância Z2: Z2 = (2  − 900) // (3  00)

2∠ − 900 × 3∠900 6∠00


𝑍2 = = = 6 𝛺∠ − 900
−𝑗2 + 𝑗3 1∠900

Impedância total do circuito: ZT = Z1 + Z2 → 𝑍𝑇 = 1 − 6𝑗 → 𝑍𝑇 = 6,08 Ω ∠ − 80,540

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53
𝐸 120∠00
- A corrente IS pode agora ser calculada: 𝐼𝑆 = 𝑍 = 6,08∠−80,540 = 19,74 𝐴∠80,540
𝑇

- A tensão VR é encontrada por: 𝑉𝑅 = 𝑅 × 𝐼𝑆 = 1 𝛺∠00 × 19,74 𝐴∠80,540 = 19,74 V∠80,540

- Cálculo da corrente IC

VC = VZ2 = Z2  IS = 6− 900  19,74 80,540 = 118,44 V− 9,460

𝑉𝐶 118,44∠ − 9,460
𝐼𝐶 = = = 59,22 𝐴 ∠80,540
𝑋𝐶 2∠ − 900

Exemplo 3.21 (BOYLESTAD, 2012) – Considere o circuito da Figura 3.31. Pede-se:

a) Calcular a corrente total, I.


b) Determinar as correntes I1, I2 e I3.
c) Verificar a lei de Kirchhoff para correntes, demonstrando que I1 + I2 + I3.
d) Calcular a impedância do circuito (ZT).

Figura 3.31 – Circuito CA misto (BOYLESTAD, 2012).

Solução:

O circuito é redesenhado, conforme a Figura 3.32. Note-se a simplicidade desta estrutura, com três
blocos em paralelo, onde Z1 = R1, Z2 = R2 + jXL1 e Z3 = R3 + j(XL2 – XC).

Figura 3.32 – Impedâncias do circuito representadas nos blocos Z1, Z2 e Z3 (BOYLESTAD, 2012).

Assim:
Z1 = R1 = 10  00
Z2 = R2 + jXL1 = 3  + j4 
Z3 = R3 + jXL2 − jXC = 8  + j3  − j9 = 8  − j6

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54
A admitância total do circuito é encontrada por YT = Y1 + Y2 + Y3
1 1 1 1 1 1
𝒀𝑻 = 𝒀𝟏 + 𝒀𝟐 + 𝒀𝟑 = + + = + +
𝒁𝟏 𝒁𝟐 𝒁𝟑 10 3 + 𝑗4 8 − 𝑗6
1 1
= 0,1 S + +
553,13 0 10−36,870
= 0,1 S + 0,2 S −53,130 + 0,1 S36,870
= 0,1 S + 0,12 S − j0,16 S + 0,08 S + j0,06 S
𝒀𝑻 = 0,3 S − j0,1 S = 0,316 S−18,440

a) Corrente total do circuito:

I = EYT = (200 V 00) (0,316S V −18,440) = 63,2 A −18,440

b) Como vimos do circuito da Figura 3.32, a tensão da fonte E é a mesma para os três ramos de
impedâncias, Z1 a Z3. As correntes nestes ramos são facilmente encontradas:
𝐸 200 𝑉00 𝐸 200 𝑉00 𝐸 200 𝑉00
𝐼1 = = 𝐼2 = = 𝐼3 = =
𝑍1 10 00 𝑍2 5 53,130 𝑍3 10 −36,870

= 20 𝐴00 = 40 𝐴 − 53,130 = 20 𝐴36,870

c) Verificação da LKC:
I = I1 + I2 + I3 → 60 – j20 = (20 + j0) + (24 – j32) + (16 +j12)
60 – j20 = 60 – j20 (verificação)

1 1
d) Impedância do circuito: 𝑍𝑇 = 𝑌 = 0,316 𝑆−18,440 → 𝑍𝑇 = 3,17  18,440
𝑇

3.4 − Ressonância série e paralela

No nosso dia-a-dia, a noção de ressonância é utilizada com referência às repercussões que um


acontecimento produz, por exemplo, visto em algum site na internet: “os discursos do presidente francês
tiveram uma grande ressonância no nosso país”, “pensei mesmo que este e-mail provocasse mais
ressonância na repartição, mas passou quase despercebido”.
A ressonância, em uma definição física, é o fenômeno em que um sistema vibratório ou força externa
conduz outro sistema a oscilar com maior amplitude em frequências específicas, conhecidas como
frequências ressonantes ou frequências naturais do sistema, que o caracterizam, de acordo com a sua
construção. Nessas frequências, até mesmo forças periódicas pequenas podem produzir vibrações de grande
amplitude, pois o sistema armazena energia vibracional.
Um exemplo muito conhecido do fenômeno da ressonância ocorreu com a ponte de Tacoma
Narrows, nos Estados Unidos, que se rompeu em 7 de novembro de 1940 (ver a Figura 3.31). Esta ponte
tinha uma frequência natural de oscilação. Num determinado momento, o vento soprou com frequência
bem próxima à natural de oscilação da ponte, o que provocou o aumento da amplitude das suas vibrações.
A superposição dos efeitos das oscilações do vento e da ponte, na mesma frequência, alterou a energia de
seu sistema – a ponte foi oscilando com amplitudes cada vez maiores até a sua estrutura se romper.
A Figura 3.32 mostra um circuito elétrico simples para a simulação desta situação – foi utilizado o
software PSpice. As fontes senoidais representam a vibração da ponte e do vento (valores hipotéticos em
sinal de tensão, em mV). As medidas destes sinais estão na Figura 3.33, onde a terceira forma de onda é a
soma das duas primeiras.

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55
Figura 3.33 – Sequência do rompimento da estrutura da ponte de Tacoma Narrows, em 1940 (EUA).
Fonte: https://sites.lsa.umich.edu/ksmoore/research/tacoma-narrows-bridge/

100mV

0V

-100mV
V(v_ponte:+)
100mV

0V

-100mV
V(v_vento:+)
Sinais: 200mV

v_vento: 50 mV sen t e 0V
v_ponte: 100 mV sen t, com f = 1 Hz. SEL>>
-200mV
Sinal resultante: no 2º resistor de 1 k. 0s 1.0s 2.0s
v(R_ressonancia): 150 mV sen t, com f = 1 Hz. V(R_Ressonancia:2)
Time
Figura 3.34. Figura 3.35.

Uma aplicação muito importante da ressonância ocorre na Medicina, com os exames de ressonância
magnética (Figura 3.34). Estes exames fornecem detalhes da estrutura interna de órgãos e tecidos do corpo
humano, não observados em exames mais usuais, como a tomografia ou raios-x.

Figura 3.36 – Vista de um exame de ressonância magnética.


Fonte: Revista HCor Saúde - Edição n°15 (2017), disponível em: www.hcor.com.br/revistas/edicao-15/

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56
3.4.1 − Circuitos elétricos ressonantes

Um circuito elétrico ressonante (ou sintonizado) é uma combinação de elementos R, L e C, em série ou


em paralelo, que apresenta uma resposta em frequência característica como mostra a Figura 3.37. Neste circuito
é necessária a presença tanto da indutância quanto da capacitância. Na ressonância o efeito do capacitor é anulado
pelo efeito do indutor − o circuito se comporta como circuito puramente resistivo. Porém, a resistência elétrica
estará sempre presente, pois não existem capacitores e indutores ideais. O resistor é utilizado para controlar a
forma da curva de ressonância do circuito, podendo modificar a sua amplitude (do sinal de corrente ou de tensão).

v, i
Valor máximo
na ressonância

0 fr f
Figura 3.37 – Aspecto da curva de ressonância em um circuito elétrico (BOYLESTAD, 2012).

Como se observa na Figura 3.37, os circuitos RLC ressonantes possuem uma característica fundamental:
apresentam uma resposta de forma mais efetiva a uma determinada frequência, denominada ressonante, ou seja,
o circuito “ressoa” ou responde melhor a esta frequência.
Exemplos clássicos de equipamentos que seguem esta curva de resposta são a TV ou o rádio (no formato
analógico). Para cada emissora existe uma curva de resposta de frequência e o canal ou a “rádio” é sintonizada
para a sua frequência ressonante.

TV Analógica  TV Digital: diferenças


A TV digital permite, além de uma qualidade de imagem e som muito superior à televisão convencional, a
possibilidade de interatividade e o oferecimento de novos serviços (ver a Figura 3.38). Apesar dessa diferença
fundamental com relação à TV analógica, a TV digital continua, da mesma forma, a lidar com informações de
áudio e vídeo. A diferença básica é que agora os dados passam a ser manipulados na forma digital. Um sistema
digital que manipula fluxos de áudio e vídeo costuma ser chamado sistema multimídia.
Fonte: https://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialvsbtvd/pagina_3.asp

Figura 3.38 – TV digital  analógica. Fonte: https://www.lanota-latina.com/wp-content/uploads/2015/09/tvdigital2.png

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57
3.4.1.1 − Circuito elétrico ressonante em série

A Figura 3.39a mostra um circuito série RLC, onde a sua resistência é composta dos seguintes
elementos, desprezando-se a resistência do capacitor C: resistência da fonte CA (Rs); resistência de ajuste
para o controle do formato da curva de resposta (Raj.) e resistência da bobina do circuito (Rbob.). A
resistência total deste circuito será, portanto, R = Rs + Raj + Rbob.

Rs Raj. Rbob L R L
V C V C

Z
Fonte CA
(a) (b)
Figura 3.39 – Circuito RLC série: (a) com as resistências da fonte, da bobina e de ajuste e (b) modelo simplificado.

Definida a resistência R do circuito da Figura 3.39a, resulta o circuito com apenas três elementos passivos,
na Figura 3.39b. A impedância deste circuito é dependente da frequência da fonte de tensão, como em (3.30).

Z = R + jXL – jXC (3.29)

Z = R + j(L) – j(1/C) (3.30)

Na frequência ressonante 0, a intensidade da corrente i(t) no circuito da Figura 3.39b será máxima. Isto
ocorre na impedância mínima do circuito, que ocorre quando as reatâncias XL e XC são iguais, como se comprova
na Figura 3.40. A partir de (3.29), para XL = XC, obtemos Zmin = R e desta igualdade resulta:

1
ωL = → 2LC = 1
ωC

X() []

XL(L)
Curva X()
Capacitivo

XL
Indutivo
0 0
XC
 [rad/s]

1
− XC = −
C

Figura 3.40 – Gráfico das reatâncias XL e XC em ohms em função da


frequência  (rad/s) (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014).

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58
Isolando o parâmetro , obtém-se em (3.31), a frequência angular 𝜔𝑜 , na qual o circuito estará em
ressonância. Como a frequência angular é dada por  = 2f, podemos escrever: 2𝜋𝑓 = 1⁄√𝐿𝐶 .

1
𝜔𝑜 = (3. 31)
√𝐿𝐶

Em (3.32) obtém-se a frequência ressonante f0 em Hertz de um circuito RLC série.

1 (3.32)
f0 =
2 LC

Exemplo 3.22

Represente graficamente a variação dos parâmetros XL e XC de um circuito RLC série, em função da


frequência angular . A variação de  será definida de 0,10 a 1,40 (a frequência ressonante do circuito).
O circuito é alimentado por um sinal senoidal de 127 VRMS. Os seus parâmetros são:

R = 47 , L = 10 mH e C = 12,5 F.

Solução:

A frequência ressonante do circuito é calculada de acordo com (3.31). Na Tabela 3.5 estão listados
os valores (em módulo) de R, XL e XC para a variação definida acima para a frequência angular (primeira
coluna, iniciando como 0,10).
Frequência ressonante:

1
𝜔0 =
√LC

1
𝜔0 = = 2.828,43 rad/s
√10 × 10−3 × 12,5 × 10−6

Tabela 3.5 − Reatâncias e impedância em função de .


 R XL XC Z
282,843 47 2,83 282,84 283,93
565,685 47 5,66 141,42 143,67
848,528 47 8,49 94,28 97,83
1131,37 47 11,31 70,71 75,74
1414,21 47 14,14 56,57 63,32
1697,06 47 16,97 47,14 55,85
1979,9 47 19,80 40,41 51,32
2262,74 47 22,63 35,36 48,69
2545,58 47 25,46 31,43 47,38
2828,43 47 28,28 28,28 47,00
3111,27 47 31,11 25,71 47,31
3394,11 47 33,94 23,57 48,13
3676,96 47 36,77 21,76 49,34
3959,8 47 39,60 20,20 50,84

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59
Na Figura 3.41 é apresentada, em função da frequência angular , a variação da impedância Z e de
componentes, R, XL e XC. As reatâncias indutiva e capacitiva se igualam em  = 0, como se vê em
destaque na Figura 3.42.

300
Impedância Z e parâmetros R, XL e XC ()

200

100 Z
R = 10 

0
XL
XC
-100

-200

-300

 rad/s

Figura 3.41 – Variação de XL, XC e Z com a frequência , para o circuito RLC série.

100

50 + j 28,28
XL
Parâmetros XL e XC ()

-50 - j 28,28
XC
-100

-150

-200

-250

-300
2.828,43
282,84

565,69

848,53

1.414,21
1.131,37

1.697,06

1.979,90

2.262,74

2.545,58

2.828,43

3.111,27

3.394,11

3.676,96

3.959,80

 rad/s
Figura 3.42 – Variação de XL, XC e Z com a frequência , para o circuito RLC série.

Corrente máxima na ressonância

Como o módulo de Z é dado por |𝒁| = √𝑅 2 + 𝑋 2 , tem-se, na ressonância, Z = R. Nesta situação a


impedância do circuito é mínima e a corrente é máxima, como em (3.33).

𝑉
𝐼𝑚𝑎𝑥 = 𝑍 (3.33)
𝑚𝑖𝑛

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60
Considerando ainda os parâmetros do circuito do Exemplo 3.13, a Figura 3.43 mostra a variação da
sua corrente eficaz para três valores de resistência: R1 = 10 ohms, R2 = 15 ohms e R3 = 22 ohms.

14,0
I1 max = 12,70 A

12,0

R1 = 10 
10,0
I2 max
Corrente eficaz (A)

8,47 A
8,0 R2 = 15 

I3 max
5,77 A
6,0

4,0

R3 = 22 
2,0

0,0 0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
I1(A) I2(A) I3(A) Frequência angular (rad/s)
Figura 3.43 – Variação da corrente eficaz do circuito RLC série, com a frequência .

Exemplo 3.23 – Determine para o circuito da Figura 3.44 o valor ajustado no capacitor variável para se
obter a ressonância do circuito em f = 1 kHz. Qual é a corrente eficaz nesta condição?

i Na ressonância,

R=5 L = 20 mH C=? X L = X C → 2 fL =
1
→C =
1
2 fC (2 f ) 2 L
~ e = 180 sen t
C=
1
= 1, 27  F
(2  1000) 2  20 10 −3

𝐸𝑅𝑀𝑆 180⁄√2
Figura 3.44 – Circuito ressonante, Exemplo 3.14.
𝐼𝑅𝑀𝑆 = 𝑅
= 5
= 25,46 𝐴

3.4.1.2 − Circuito elétrico ressonante em paralelo

O circuito RLC ressonante em paralelo é visto


na Figura 3.43. A fonte é de corrente, senoidal, definida
i(t) = Imax sen t. Este circuito é dual do circuito RLC
ressonante em série. A admitância deste circuito é, em
(3.34): Figura 3.45 – Circuito RLC em paralelo
(ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Y = I⁄V = 1/R + jωC + 1/jωL (3.34)

A equação 3.34 pode ser reescrita como em (3.35), onde G é a condutância, parte real da admitância
e B é a sua parte imaginária, a susceptância. O módulo da admitância é encontrado por (3.36).

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61
Y = G + jB = 1/R + j(ωC− 1/ωL) (3.35)

|Y| = √G2 + B2 (3.36)

A ressonância no circuito RLC em paralelo ocorre quando a parte imaginária da admitância Y em (3.35)
é zero, ou seja, (ωC − 1/ωL) = 0. Fazendo-se ωC = 1/ωL e isolando-se , obtém-se a frequência de ressonância
o (angular, em rad/s) e fo (em Hz), que são as mesmas para o circuito RLC série, já apresentadas anteriormente
– ver a Tabela 3.6.

Tabela 3.6 − Frequência ressonante - circuito RLC em paralelo.


Na ressonância: 1 (rad/s) 1 (Hz)
ω0 = f0 =
C = 1/L →  LC = 1
2
LC 2 LC

Exemplo 3.24 – A Tabela 3.7 apresenta uma planilha (do software editor de planilhas Excel) para o cálculo da
admitância Y do circuito da Figura 3.43, em função da variação de , definida por  = k  0. O parâmetro k
varia em intervalos fixos de 0,1, de 0,1 a 2,5. Os parâmetros do circuito são os mesmos do Exemplo 3.13: R =
47 , L = 10 mH e C = 12,5 F.

Para a 1ª linha, por exemplo,

𝒀𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 1 = G + jB = (1/22) + j(𝐵𝐶 − 𝐵𝐿 ) = 0,045 + j(0,0035 − 0,3536) = 0,045 − j(0,3501)


𝑌𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 1 = 0,35296 Siemens

Tabela 3.7 − Cálculo da admitância para o circuito RLC em paralelo (Exemplo 3.24).
 R L C  XL XC G = 1/R BC = 1/XC BL = 1/XL B = BC - BL Y
282,8427 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 2,83 -282,84 0,04545 0,0035 0,3536 -0,3500 0,35296
565,6854 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 5,66 -141,42 0,04545 0,0071 0,1768 -0,1697 0,17569
848,5281 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 8,49 -94,28 0,04545 0,0106 0,1179 -0,1072 0,11648
1131,371 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 11,31 -70,71 0,04545 0,0141 0,0884 -0,0742 0,08706
1414,214 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 14,14 -56,57 0,04545 0,0177 0,0707 -0,0530 0,06985
1697,056 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 16,97 -47,14 0,04545 0,0212 0,0589 -0,0377 0,05906
1979,899 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 19,80 -40,41 0,04545 0,0247 0,0505 -0,0258 0,05225
2262,742 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 22,63 -35,36 0,04545 0,0283 0,0442 -0,0159 0,04816
2545,584 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 25,46 -31,43 0,04545 0,0318 0,0393 -0,0075 0,04606
2828,427 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 28,28 -28,28 0,04545 0,0354 0,0354 0,0000 0,04545
3111,27 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 31,11 -25,71 0,04545 0,0389 0,0321 0,0067 0,04595
3394,113 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 33,94 -23,57 0,04545 0,0424 0,0295 0,0130 0,04727
3676,955 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 36,77 -21,76 0,04545 0,0460 0,0272 0,0188 0,04918
3959,798 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 39,60 -20,20 0,04545 0,0495 0,0253 0,0242 0,05152
4242,641 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 42,43 -18,86 0,04545 0,0530 0,0236 0,0295 0,05417
4525,483 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 45,25 -17,68 0,04545 0,0566 0,0221 0,0345 0,05705
4808,326 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 48,08 -16,64 0,04545 0,0601 0,0208 0,0393 0,06009
5091,169 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 50,91 -15,71 0,04545 0,0636 0,0196 0,0440 0,06326
5374,012 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 53,74 -14,89 0,04545 0,0672 0,0186 0,0486 0,06652
5656,854 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 56,57 -14,14 0,04545 0,0707 0,0177 0,0530 0,06985
5939,697 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 59,40 -13,47 0,04545 0,0742 0,0168 0,0574 0,07323
6222,540 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 62,23 -12,86 0,04545 0,0778 0,0161 0,0617 0,07664
6505,382 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 65,05 -12,30 0,04545 0,0813 0,0154 0,0659 0,08009
6788,225 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 67,88 -11,79 0,04545 0,0849 0,0147 0,0701 0,08357
7071,068 22 1,00E-02 1,25E-05 2828,43 70,71 -11,31 0,04545 0,0884 0,0141 0,0742 0,08706

A Figura 3.46 mostra o gráfico da admitância Y (em Siemens) em função da frequência angular 
(em rad/s). Observa-se que na frequência ressonante ( =  rad/s) a admitância do circuito é mínima.

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62
0,40000

0,35000

0,30000

0,25000
Admitância Y (S)

0,20000

0,15000

0,10000
0,04545

0,05000

0,00000

Frequência angular (rad/s)

Figura 3.46 – Variação da admitância Y com a frequência  - circuito RLC paralelo.

Curva da corrente em função da ressonância

A corrente total I no circuito ressonante RLC em paralelo (Figura 3.47) é dada por (3.37). Esta
corrente, I = V/Z = VY, em (3.38) pode ser calculada por em função dos parâmetros do circuito por (3.39).
Na ressonância, Y = 1/R ou Z = R. Logo, o circuito se comporta como resistivo puro e a corrente I é mínima,
como visto em (3.40).

I = IR + IL + IC (3.37)

Figura 3.47 – Correntes no circuito RLC em paralelo (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

I = VY = V[1/R + j(C – 1/L)] (3.38)

I = Vθ V  (1 / R ) + ( ωC − 1 / ωL )
2 2
(3.39)

V θ V
I(ω0 ) = I min. = (3.40)
R

Exemplo 3.25 – Seja o circuito RLC paralelo da Figura 3.48, alimentado por uma fonte de corrente
senoidal. Encontre a sua frequência ressonante em rad/s (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014).

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63
Solução:
A admitância de entrada do circuito é:
1 1 2 − 𝑗𝜔2
𝒀 = 𝑗𝜔0,1 + + = 0,1 + 𝑗𝜔0,1 +
10 2 + 𝑗𝜔2 4 + 4𝜔 2

Figura 3.48 – Circuito RLC paralelo 1 1


= (0,1 + 2
) + 𝑗𝜔 (0,1 − )
(SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014). 2 + 2𝜔 2 + 2𝜔 2

Na ressonância, a parte imaginária de Y é nula, ou seja, Im(Y) = 0.

ω0
Assim, 0,1ω0 ‒ 2 + 2ω20
= 0 → 0 = 2 rad/s.

Exemplo 3.26 – Calcular o valor do capacitor C variável no circuito da Figura 3.49, que o torna ressonante
em  = 5000 rad/s (EDMINISTER, 1991).

Figura 3.49 – Circuito RLC paralelo (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014).

Pela LKC encontra-se a admitância deste circuito.


A corrente total é IT = I1 + I2.
A partir de IT = Vab/Z, podemos escrever I = VabY.
Logo, IT = VabY = VabY1 + VabY2, sendo Y1 = Yramo1 e Y2 = Yramo2.
Assim, Y = Yramo 1 + Yramo 2 e, substituindo-se os parâmetros, obtém-se a admitância do circuito:

1 1
𝒀= +
8 + 𝑗6 8,34 − 𝑗𝑋𝐶

Separando na equação de Y as partes real e imaginária, obtém-se:

8 8,34 𝑋𝐶 6
𝒀= ( + 2 )+𝑗( 2 − )
100 69,5 + 𝑋𝐶 69,5 + 𝑋𝐶 100

Na frequência ressonante a admitância Y é um número real.

𝑋 6 𝑋𝐶 6
Desta forma, (69,5+𝐶 𝑋 2 − 100
) =0 → 69,55+𝑋𝐶2
= 100 → 𝑋𝐶2 − 16,7𝑋𝐶 + 69,55 = 0
𝐶

Resolvendo a equação de 2º grau para XC, obtém-se XC = 8,35 ohms.


Substituindo XC e  = 5000 rad/s em XC = 1/C, temos:
C = 1/(  XC) = 1/(5000  8,35)

C = 23,95 F

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64
EF - Exercícios de Fixação
Série 8

EF 3.11 – Em um circuito série RLC (ver a Figura 3.50), onde C é uma capacitância variável, aplica-se uma
tensão senoidal, dada por ES = 127 V  00. Os parâmetros do circuito são: R = 10 , L = 47 mH e C = 22 mF.

a) O capacitor C foi ajustado em um valor a fim de se obter a ressonância série no circuito. Qual foi a
frequência angular 0 ajustada para esta situação?
b) Encontre o valor das reatâncias deste circuito na i
ressonância, XL0 e XC0.
Rs
c) Na ressonância a Rcorrente
aj. Rbob L é máxima?
no circuito R L
Encontre o seu valor e justifique. C C
V V

Respostas: Z
a) 0 = 31,1 rad/s.
Fonte CA
b) XL0 = XC0 = 1,46 . Figura 3.50 – Circuito ressonante RLC
c) Corrente na ressonância: I = 12,7 A. em série (BOYLESTAD, 2012).

EF 3.12 – Um circuito série RLC apresenta a sua curva de corrente  frequência na Figura 3.51. Qual é o
valor aproximado da resistência deste circuito? Este circuito é alimentado por um sinal senoidal de 10 VRMS.

Figura 3.51 – Curva i   do circuito RLC série, para o EF 3.12 (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014).

EF 3.13 – O circuito da Figura 3.52 é ressonante em


0 = 4000 rad/s. Calcule:

a) o valor ajustado no capacitor C em 0;


b) a impedância do circuito em 0;

A corrente io (0) é máxima ou mínima? Justifique. Figura 3.52 – Circuito ressonante RLC paralelo.

EF 3.14 (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014)

a) Qual é a frequência ressonante do circuito da


Figura 3.53? Resposta: 0 = 2,23 rad/s.

b) Nesta frequência a tensão da fonte é máxima ou


mínima? Justifique. Figura 3.53 – Circuito ressonante RLC misto.

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65
LEP 2 – LISTA DE EXERCÍCIOS E PROBLEMAS

ASSUNTOS: Circuitos RL, RC e RLC (em série e em paralelo). Circuitos RLC mistos.

Questão 1 – Na Figura 1, os fasores X1 e X2 representam grandezas elétricas de um circuito série RL em


CA. Responda:

a) Qual destes fasores configura o fasor tensão da fonte? E qual representa o fasor corrente?

Fasor

Fasor

Figura 1 – Diagrama fasorial e formas de onda de um circuito série RL em CA.

b) Se adotarmos para o comprimento dos fasores desta figura o módulo (valor eficaz) de 1 V para a tensão
e de 1 A para a corrente, qual seria a impedância complexa deste circuito RL?
c) Qual é o valor da resistência deste circuito?

Respostas: b) Z = 1300 Ω. c) R = 0,87 ohms.

Questão 2 – A resistência de uma bobina é 150 Ω e a sua indutância é 1,4 H. A bobina é ligada à rede
elétrica com tensão máxima de 325 V e frequência de 50 Hz. Encontre a expressão para a corrente na bobina
em função do tempo t.

Resposta: corrente na bobina (expressão senoidal) → i(t) = 0,67 sen (314,16t – 71,160).

Questão 3 – Seja uma bobina L1, de 0,1 H. Calcular a expressão da tensão nesta bobina, para as seguintes
correntes circulando sobre a mesma: (a) i = 10 sen 377t. (b) i = 7 sen (377t − 70°).
Respostas: a) v = 377 sen (377t + 90°). b) v = 263,9 sen (377t + 20°).

Questão 4 – Um circuito RC série tem as seguintes formas de onda indicadas na Figura 2, para a fonte de
tensão CA que o alimenta e para a corrente, em 1 kHz.
a) Encontrar os parâmetros de sua impedância.
b) Calcule o valor do capacitor deste circuito.
c) Desenhar os diagramas fasoriais de impedância, de tensão e de corrente.

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66
Figura 2 – Formas de onda: tensão da fonte, v(t) e corrente, i(t) − circuito RC série (BOYLESTAD, 2007).

Respostas: a) R = 1,53 ohms e X = – 1,29 ohms. b) C = 123,4 F

Questão 5 – Um circuito série RL, onde R = 20 ohms e XL = 40 ohms é alimentado por um sinal senoidal
dado por VT = 180300 V, em 60 Hz. Pede-se determinar:

a) A impedância do circuito na forma polar.


b) O valor da indutância do circuito.
c) A corrente eficaz no circuito.
d) As tensões VR e VL.
e) O diagrama fasorial de VT, VR e VL.
Respostas: a) Z = 44,72  63,43o Ω. b) L = 106,1 mH. c) Ief = 4,03 A. d) VR = 80,6 V e VL = 161,2 V.

Questão 6 – Em um circuito RC paralelo são conhecidos: a tensão da fonte, 10000 V, em 100 Hz e a


corrente total, 5600 A. Determinar:

a) a impedância do circuito;
b) o valor do capacitor em F.
Respostas: a) Z = 10 – j 17,32 ohms. b) C = 91,89 F.

Questão 7 – Seja o circuito série CA apresentado na Figura 3, onde Z1 é um resistor. O seu diagrama fasorial
de impedância é apresentado na Figura 4.

a) Quais são os elementos do circuito, Z1 e Z2?


b) Qual é a corrente no circuito na forma polar, se E = 180 00 V? Obs.: na forma polar, E = Eef E.
c) Qual é a potência máxima dissipada em Z1, em kW?

Figura 3 – Circuito CA série (BOYLESTAD, 2012). Figura 4 – Diagrama fasorial do circuito da Figura 3.

Respostas: b) I = 36 - 53,130 A. c) PRmax = 7,78 kW.

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67
Questão 8 (BOYLESTAD, 2007) – Calcule, usando a
regra do divisor de tensão, as tensões RMS V1 e V2 para
o circuito da Figura 5.

Respostas: V1 = 14,14 V e V2 = 28,29 V


Figura 5 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 9 (BOYLESTAD, 2007) – Tomando como


base a leitura do osciloscópio apresentada na Figura
6, pede-se determinar:

a) o valor RMS da corrente no circuito em série.


b) a capacitância C.

Respostas: (a) 292,4 mA. (b) 100 pF. Figura 6 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 10 – Seja o circuito misto da Figura 7, onde VT = 180 Vef 00 (em 60 Hz) e as impedâncias são:
Z1 = 10 + j30, Z2 = 25 – j25 e Z3 = – j20.

a) Qual é a impedância equivalente ZT deste circuito?


b) Qual é a corrente eficaz em Z2?
ZT Z1
Respostas:
VTAC Z2 Z3
a) ZT = 13,78 + j16,79 Ω.
b) IZ2 = 3,22 A.

Figura 7.

Observação: a Figura 8 mostra o circuito da Figura 7, com os parâmetros das impedâncias e as


medidas das correntes nas impedâncias Z1, Z2 e Z3, obtidas via simulação com o software Multisim.

Figura 8 – Circuito da questão 10 com a descrição de seus parâmetros.

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68
Questão 11 – Seja o circuito RLC misto, da Figura 9a, redesenhado na Figura 9b. Os resultados de
simulação deste circuito estão apresentados nas Figuras 10 e 11 (software MULTISIM).

a) Calcule a tensão VC ef usando a regra dos divisores de tensão.


b) Calcule a corrente eficaz, da fonte E, Is ef.
c) Qual é a corrente de curto-circuito no capacitor?

Respostas: (a) VC ef = 18,46 V. (b) IS ef = 1,23 A. (c) ISC ef = 4 A 200.

(a) (b)
Figura 9 (BOYLESTAD, 2012) – (a) Circuito misto RLC e (b) representação das impedâncias na forma de blocos.

Figura 10 – Simulação do circuito da questão 11 – Corrente eficaz da fonte: 1,23 A.

Corrente de curto-circuito no capacitor (ISC)

Figura 11 – Simulação do circuito da questão 11 – Corrente eficaz da fonte: 1,23 A.

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Questão 12 – Seja o circuito RLC misto, da Figura 12a, cujos parâmetros são representados em forma de
blocos na Figura 12b. Calcular a impedância ZT e as correntes I, I1 e I2. A Figura 13 mostra os resultados
de simulação deste circuito (software MULTISIM).

Resp.: ZT = 10,24 1,570 Ω; I = 9,76 A −1,570; I1 = 5,35 A 38,870 e I2 = 6,1 A −35,870

(a) (b)
Figura 12 – (a) Circuito misto RLC e (b) sua representação na forma de blocos (BOYLESTAD, 2012).

Figura 13 – Simulação do circuito da questão 12 – correntes eficazes nos ramos.

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70
Capítulo
4 POTÊNCIA (CA) E CORREÇÃO
DO FATOR DE POTÊNCIA

Capítulo 4 – Potência (CA) e correção do Fator de Potência


4.1 − Potência em CA: potências ativa, reativa e aparente

A potência elétrica é, como sabemos, uma grandeza física que possibilita medir a quantidade
de trabalho realizado em um intervalo de tempo. Em outras palavras, constitui a taxa de variação da energia
elétrica, de forma análoga à potência mecânica (BOYLESTAD, 2012).
Para os circuitos puramente resistivos em CA, a tensão e a corrente elétricas estão em fase. No caso
de circuitos contendo também elementos indutivos e/ou capacitivos, ocorre o defasamento entre estas
grandezas. Isto é verificado pelo ângulo  da impedância Z, visto no triângulo de impedâncias (Figura 4.1a).

j j

XL QL = XL I2

Z S = ZI2
X = XL − XC Q = XI2
 . 
0 0
.
R + P= RI2 +
XC
QC = XC I2

(a) (b)
Figura 4.1 – (a) Triângulo de impedância - circuito série RLC. (b) Triângulo de potência.

As três parcelas da potência elétrica, descritas fasorialmente e graficamente, são derivadas do triângulo
de impedâncias. Ao se multiplicar cada um de seus lados pela corrente elevada ao quadrado, obtém-se o
“triângulo de potências”, apresentado na Figura 4.1b, cujos lados representam os três tipos de potências em CA:
(1) potência ativa ou real (P), em kW;
(2) potência reativa (Q), em kVAr e
(3) potência aparente (S), em kVA.

4.1.1 – Potência ativa

A potência ativa, também conhecida como potência média, efetiva ou eficaz (RMS), ou ainda
potência real ou útil, é a potência que realmente produz trabalho. O termo real é associado ao fato de a
potência média ser plotada no eixo real do plano complexo, no semieixo positivo (ver novamente a Figura
4.1b, P = RI2).
Em outras palavras, a potência ativa é a potência de fato aplicada na conversão de energia elétrica
em outras formas, como a mecânica, luminosa, térmica etc. Nos motores elétricos, por exemplo, é a parcela
da potência absorvida da fonte de energia elétrica que realmente é transferida para o eixo do motor sob
forma de potência mecânica.
Em sinais de CA, a potência elétrica é o produto entre os valores instantâneos de corrente e de tensão,
como em (4.1). Para um resistor R alimentado por uma fonte de tensão v(t) = Vmax sen t, irá circular no
mesmo uma corrente senoidal i(t) = Vmax sen t. Estes sinais estão em fase, como mostra a Figura 4.2.
Nesta mesma figura vê-se a curva da potência elétrica ativa, pR(t)  t.

p(t) = v(t).i(t) (4.1)

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71
Figura 4.2 – Curva da potência elétrica ativa para uma carga puramente resistiva (BOYLESTAD, 2012).

Como se verifica neste gráfico, para uma carga resistiva, toda a potência da fonte é dissipada na mesma,
em forma de calor – um exemplo simples do cotidiano é o chuveiro elétrico.

4.1.2 – Potência aparente

Considere o circuito da Figura 4.3. Nem sempre o produto VI


corresponde à potência fornecida pela fonte a uma carga. Isso só ocorre I +
+
quando a corrente e a tensão da fonte estão em fase, ou seja, com o ângulo AC V Z
 = 00 (para um circuito puramente resistivo). Aparentemente, a potência -
fornecida à carga Z, independentemente de sua natureza, seria determinada -
pelo simples produto VI (valores eficazes). Porém o teor da carga (resistiva,
indutiva, capacitiva ou mista) influi na potência dissipada sobre a mesma, Figura 4.3 – Potência aparente
em Watts. fornecida a uma carga Z.

Define-se Potência Aparente S, em (4.2), como o simples produto da tensão eficaz pela corrente eficaz
numa impedância genérica Z, ou como a potência total fornecida ou recebida por um equipamento.

S = VI (kVA) (4.2)

4.1.3 – Potência reativa

A potência reativa (Q), em kVAr, é a parcela da potência aparente que “não” realiza trabalho. Apenas é
transferida e armazenada nos elementos passivos (capacitores e indutores) do circuito. A equação (4.3) descreve
matematicamente este tipo de potência elétrica. No sistema elétrico prevalecem as cargas indutivas, devido ao
grande número de motores elétricos utilizados nas indústrias – tração e processos de produção.

Q = VI sen  (kVAr) (4.3)

Para ilustrar o conceito de potência reativa, vamos analisar o comportamento dos circuitos puramente
indutivo e puramente capacitivo, alimentados por uma fonte de alimentação CA senoidal.

Circuito puramente indutivo

Seja um indutor puro conectado a uma fonte de alimentação CA senoidal (Figura 4.4a). Observa-se que
o sinal da tensão no indutor está adiantado de 90 graus do sinal de corrente (Figuras 4.4b e 4.4c).

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72
Figura 4.4 – (a) Circuito CA − carga puramente indutiva. (b) Fasores de v(t) e i(t).
(c) Curva de potência instantânea no indutor (BOYLESTAD, 2012).

Equação geral da potência instantânea em circuitos CA

Para entender o sinal resultante da potência elétrica no indutor da Figura 4.4a, é necessário obter a
equação geral de potência para uma carga genérica (resistiva, indutiva ou capacitiva) alimentada por um
sinal CA senoidal. Os sinais de corrente e tensão nesta carga são descritos respectivamente por (4.4) e (4.5),
onde o ângulo  é a defasagem entre estes sinais. A equação da potência instantânea nesta carga é dada em
(4.6). Aplicando algumas identidades trigonométricas, reescreve-se p(t), em (4.7).

i(t) = Imax sen t (4.4)

v(t) = Vmax sen (t + ) (4.5)

p(t) = v(t)  i(t) = [Vmax sen (t + )]  [Imax sen t] (4.6)

p(t) = VI cos  (1 − cos 2t) + VI sen  (sen 2t) (4.7)

Na equação (4.7), os parâmetros V e I são os valores eficazes de v(t) e i(t). Esta equação pode ser
reescrita como em (4.8). Desta equação observa-se que (BOYLESTAD, 2012):

p(t ) = VI cos  − VI cos   cos 2t + VI sen   sen 2t


(4.8)
Média Pico 2x Pico 2x

(1) a potência média, no primeiro termo, é independente do tempo.


(2) os outros dois termos apresentam uma variação de frequência a qual é o dobro da frequência dos
sinais de tensão e da corrente, com valores de pico em formatos similares.
No circuito puramente indutivo,  = 900, que, na equação (4.8), resulta em (4.9).

Para  = 900 → pL(t) = VI cos 900 (1 − cos 2t) + VI sen 900 (sen 2t) = VI sen 900 (sen 2t)

pL(t) = VI sen 2t (4.9)

Em (4.9), VI sen 2t é uma senóide cuja frequência é o dobro da frequência dos sinais de entrada (v
ou i). O seu valor de pico é VI e nela não existe um termo correspondente a um valor médio ou de uma
constante. Observa-se na Figura 4.4c que o período de pL (T2) é a metade do período dos sinais v e i (T1).

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73
Fluxo de potências entre a fonte e a carga

Da Figura 4.4c, verifica-se pelo ciclo completo de pL (T2), que as áreas acima e abaixo do eixo
horizontal são iguais. Isso mostra que em um ciclo completo da curva de potência pL, a potência
fornecida pela fonte CA ao indutor e a potência devolvida à fonte pelo indutor são exatamente iguais.
Em outras palavras:

Para um indutor puro (ideal), o fluxo de potência entre a fonte e a carga


durante um ciclo completo é nulo, e não havendo perda no processo.

Circuito puramente capacitivo

Na Figura 4.5 são apresentados os sinais de tensão, corrente e potência em um capacitor puro,
alimentado por um sinal CA senoidal. Neste capacitor, a corrente i se adianta da tensão v de 90 graus, então
 = − 900 em v(t). A potência instantânea no capacitor, pC(t), é obtida em (4.10).

T2

t

T1
Figura 4.5 – Formas de onda de um circuito CA com carga puramente capacitiva (BOYLESTAD, 2012).

pC(t) = [VI cos − 900]  (1 − cos 2t) + [VI sen − 900]  (sen 2t) = VI (− 1) (sen 2t)

pC(t) = − VI (sen 2t) (4.10)

Na equação (4.10), − VI sen t constitui uma senóide negativa que apresenta o dobro da frequência dos
sinais de entrada (v ou i). O seu valor de pico é o produto V  I. Mais uma vez, não está presente um termo
associado a um valor médio ou constante, como ocorreu também na equação (4.9).
Da Figura 4.5 se conclui que a troca de potência entre a fonte e a carga (capacitor puro, ideal) é nula em
um ciclo completo (período T2, indicado), ou seja, nenhuma energia se perde no processo.

4.2 – Fator de Potência (FP)

O Fator de Potência de um circuito ou de uma instalação é a razão entre a potência média (ou ativa) e a
potência aparente e indica a eficiência do uso da energia elétrica. Matematicamente é definido em (4.11), onde
 = v − i, o ângulo de defasagem entre a tensão v e a corrente i.

P Potência ativa
Fator de Potência (FP) = cos  = = (adimensional) (4.11)
S Potência aparente

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74
Para uma carga puramente resistiva (R), o ângulo  é igual a zero (veja novamente o triângulo de
impedâncias, na Figura 4.1a). Logo, FP = cos 00 = 1 (FP unitário).
Um motor elétrico, por sua vez, é uma carga essencialmente indutiva (carga RL, onde a indutância L
predomina). Logo o FP de um motor é sempre menor do que a unidade. Para uma carga monofásica, a equação
(4.11) é melhor escrita em (4.12):

𝑃 𝑃(𝑘𝑊)×1000
𝑐𝑜𝑠 𝜃 = = (4.12)
𝑆 𝑉⋅𝐼

De (4.12), se deduz obviamente que a potência real ou ativa é, no triângulo de potências, a “projeção” da
potência aparente no eixo real, podendo ser escrita por (4.13).

P = S cos  = VI cos  (4.13)

Segundo (SCARPIN, 2017),

Uma analogia muito usada para compreender melhor essa relação é um copo de
cerveja com colarinho (Figura 4.6). Pode-se dizer que a potência aparente é a altura
inteira do copo. Essa é a potência que se mede com os medidores convencionais. A
potência reativa é a espuma, ou seja, ocupa espaço no copo mas não mata a sede; e a
potência ativa é o líquido, que é o mais importante e mata a sede.

j
kVAr
QL

kVA
S
Q
kW  .
0
P +
QC

Figura 4.6 – Analogia entre o FP de um sistema Figura 4.7 – O triângulo de potências.


elétrico e um copo de cerveja (SCARPIN, 2017).

4.3 – O triângulo de potências e a potência complexa

Anteriormente, definimos as potências ativa, aparente e reativa no domínio do tempo. Vamos defini-
las agora fasorialmente, a partir do triângulo de potências (Figura 4.7, já apresentada no início do capítulo).
A equação da potência aparente, escrita na forma complexa, é dada por (4.14), onde Q = QL − QC.

S = P + jQ (4.14)

Se a carga for indutiva (RL), S = P + jQL, onde QL = XL  I2.


Para uma carga capacitiva (RC), S = P − jQC, onde QC = XC  I2.
Em um circuito RLC série, por exemplo, tem-se a potência aparente complexa dada por (4.15).

S = P + j(QL − QC) (4.15)

A partir desta equação, se conclui que a carga será predominantemente indutiva, se QL > QC ou
predominantemente capacitiva, para QC > QL.

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75
A potência aparente na forma polar

A partir do triângulo de potências, obtém-se a potência aparente de um circuito CA por (4.16), onde:
𝑆 = √𝑃2 + 𝑄2 (módulo do fasor) e  = tan-1 (Q/P) (ângulo do fasor S).

S = S  (4.16)

Potência complexa

Por último, podemos escrever S como o produto de V por I*, em (4.17). O fator I* é o complexo
conjugado da corrente eficaz. Esta equação mostra que o ângulo de S é o mesmo da impedância Z.

S = V I* (4.17)

A potência complexa S em kVA é utilizada na especificação de equipamentos, como geradores e


transformadores, por exemplo (MOURA, MOURA e ROCHA, 2018). Os motores elétricos de CA são
especificados pela tensão de alimentação e potência mecânica no eixo (dada em cavalo vapor (CV) ou
horse-power (HP)). As relações entre as potências mecânica e elétrica são:

1 CV = 736 W e 1 HP = 746 W

Exemplo 4.1 (BOYLESTAD, 2012) – Seja o circuito RL série


da Figura 4.8. Calcular as potências ativa, reativa e aparente e
construir o seu triângulo de potências.

Solução:
A corrente eficaz do circuito é I = V/Z, com Z = 3 + j4.
Na forma polar, Z = 5  53,130.
1000 Figura 4.8 – Exemplo 4.1.
Assim, 𝐼 = = 2𝐴  − 53,130
553,130
j
Cálculo das potências: S
20 VA
A Potência real (P) é obtida por P = R I2 = 3  22 = 12 W. QL = 16 VA
O cálculo da Potência reativa (QL) é realizado por
QL = XL  I2 = 4  22 = 16 VAr.
53,130 .
A potência reativa QL é plotada no eixo imaginário do plano 0
complexo, no semieixo positivo (veja a Figura 4.9, triângulo P = 12 W +
de potências). Figura 4.9 – Triângulo de potências.

Finalmente, a potência aparente (S) é obtida por S = R + jXL = 12 + j16 → S = 20 VA 53,130.

(1) A potência aparente neste exemplo pode ser calculada também por (4.17).
Notas: S = V I* → S = 10 V 00  2 A 53,130 = 20 VA 53,130
(2) O módulo de S pode ser encontrado também por S = Z  I2 = 5  (2)2 = 20 VA.

Comentários finais
− Em função da natureza (ou impedância) da carga, classifica-se o FP como adiantado ou atrasado.
− O ângulo do fator de potência é o mesmo da impedância Z − visto nos triângulos de impedância e de
potência (Figura 4.1).

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76
A Tabela 4.1 resume as três situações para o FP de uma carga: unitário, atrasado e adiantado.

Tabela 4.1 – Classificação do fator de potência (FP) de uma carga.


Característica Resistiva Predominantemente Predominantemente
da carga Z=R indutiva: Z = R + jX capacitiva: Z = R − jX
Situação da corrente
em fase Corrente atrasada Corrente adiantada
em relação à tensão

Ângulo  (v − i) (v − i) = 0 (v − i) > 0 (v − i) < 0

Fator de Atrasado (em referência ao Adiantado (corrente


1 (unitário) atraso da corrente em adiantada em relação à
Potência (FP)
relação à tensão) tensão)

Im
Im
Z = R + jX
Triângulo Z + jX R
de impedâncias
+ 0 − Re
0
R Re Z − jX

Obs.: com XL = XC ou Z = R − jX
com XL e XC ausentes

Im Im
Im
S = P + jQ
+ jQL
Triângulo S + jQ
P
S=P
de potências Re + 0 − Re
0
0 Z − jQ
P Re
− jQC S = P − jQ

EF - Exercícios de Fixação
Série 9

EF 4.1 – Seja novamente o circuito da Figura 4.8, alimentado por uma fonte CA V1 = 127 V00.
a) Qual é o seu FP?
b) Este FP se enquadra na legislação brasileira? Justifique.

EF 4.2 – Calcular as potências ativa, reativa e aparente de um circuito série RC, onde R = 30 ohms e XC =
40 ohms, alimentado por um sinal senoidal dado por VT = 100 V 300 V, em 60 Hz.
Resp.: P = 120 W; Q = 160 VAr e S = 200 VA.

EF 4.3 – No circuito série da Figura 4.10, tem-se vi(t) = 127√2 V (377t + 300). Se a potência ativa do
circuito é de 1100 W e o FP é de 0,6 adiantado, quais são os valores dos componentes Z1 e Z2 deste circuito?
Obs.: Z1 é uma resistência e Z2 é uma reatância.
Resp.: Z1 = 5,28 ohms e Z2 = 7,04 ohms.

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77
Z1

Z2
Z I

Figura 4.10 – Circuito CA do EF 4.3

EF 4.4 – Determinar as potências do circuito da Figura 4.11, se IT = 35 Aef 00. São dados: R1 = 10 ,
XC1 = 8  e R23 = 3,75 . A Figura 4.12 mostra o circuito deste exercício, em simulação com o software
Multisim®.
Resp.: S = 3700 VA, P = 3660 W, Q = 545 VAr.

IT I1

VT
I2

Figura 4.11 – Circuito CA do EF 4.4.

Figura 4.12– Simulação do circuito CA do EF 4.4 com o Multisim®.

4.3.1 – Cálculo das potências P, Q e S totais de um sistema CA

Em qualquer sistema elétrico, é possível calcular as potências ativa (kW), reativa (kVAr) e aparente
(kVA) e o fator de potência (FP), procedendo da seguinte forma (BOYLESTAD, 2012):
1. Determinar no circuito, a potência ativa (ou real) e a potência reativa para todos os ramos,
sendo:
- PT a potência ativa total, a soma das potências médias fornecidas a todos os ramos;
- QT a potência reativa total, a diferença entre as potências reativas das cargas indutivas e
capacitivas.
2. Calcular a potência aparente do sistema, através de (4.18).

𝑆𝑇 = √𝑃𝑇2 + 𝑄𝑇2 (4.18)

3. Com o valor de ST, determina-se o fator de potência, através de 𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 𝑃𝑇 ⁄𝑆𝑇

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78
A respeito deste método, deve-se destacar que:
(1) a potência aparente total só pode ser encontrada a partir das potências ativa e reativa total,
não podendo ser calculada com as potências aparentes dos vários ramos do circuito, como
será demonstrado no próximo exemplo.
(2) o cálculo das potências totais (real, reativa ou aparente) é independente do tipo de
conexão das cargas do circuito (em série, em paralelo ou em série-paralelo).

Exemplo 4.2 (BOYLESTAD, 2012) – Calcular, para o circuito da Figura 4.13:

a) o número total de watts (PT), de volts-ampères reativos (QT) e de volts-ampères (ST);


b) o fator de potência.
Em seguida, desenhar o triângulo de potências e determinar I na forma fasorial.

Figura 4.13 – Circuito do Exemplo 4.2. Adaptada de (BOYLESTAD, 2012).

Solução:
a) o cálculo das potências PT, QT e ST fica facilitado através da Tabela 4.2, onde são anotados os seus
valores por carga.

Tabela 4.2 – Potências ativa, reativa e aparente do circuito do Exemplo 4.2.


Carga W VAr VA
1 100 0 100
2 200 700 (L) √2002 + 7002 = 728,0
3 300 1500 (C) √3002 + 15002 = 1529,71
PT = 600 QT = 800 (C) ST = √6002 + 8002 = 1000
Potência reativa Obs.: ST  soma dos três ramos !
Potência total dissipada
resultante do circuito 1000  100 + 728 + 1529,71
Adaptada de (BOYLESTAD, 2012).

b) O fator de potência é encontrado por: PT = 600 W

53,130
𝑃𝑇 600
𝐹𝑃 = = 1000 = 0,6 (adiantado) QT
𝑆𝑇 ST
800 VAr (C)
1000 VA
O FP é adiantado em razão da corrente total ser também
adiantada, pois a impedância do circuito é predominantemente
capacitiva. O triângulo de potências do circuito, com base na Figura 4.14 – Diagrama fasorial
Tabela 4.2 é apresentado na Figura 4.14. de potências – Exemplo 4.2.

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79
Exemplo 4.3 (BOYLESTAD, 2012) – Para o circuito RLC série da Figura 4.15, pede-se:

a) Calcular os valores aproximados da corrente I e da tensão VL1 que serão lidos no amperímetro e no
voltímetro, respectivamente.
b) Calcular o número total de W, VAr e VA e também o fator de potência FP.
c) Desenhar o triângulo de potências.

6
XL1 = 7  XC1 =15  I

VL1

Figura 4.15 – Circuito do Exemplo 4.3.

Solução:

a) A corrente total é encontrada pela relação IT = E/ZT, onde E = 100 V 00 e ZT = 6 – j8 ohms, escrita na
forma polar como ZT = 10   − 53,13o.

𝐸 10000 10000
𝐼= = = = 10𝐴 53,130
𝑍𝑇 6 + 𝑗7 − 𝑗15 10−53,130

Tensão VL1: VL1 = (10 A 53,13o) (7  90o) = 70 V 143,13o

b) Potências no circuito e FP:

𝑃𝑇 = 𝐸𝐼 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = (100 𝑉)(10 𝐴) 𝑐𝑜𝑠 5 3,13𝑜 = 600 𝑊 𝑆𝑇 = 𝐸𝐼 = (100 𝑉)(10 𝐴) = 1000 VA


= 𝑅𝐼 2 = (6 Ω)(10𝐴)2 = 600 𝑊 = 𝑍𝑇 𝐼 2 = (10 Ω)(10𝐴)2 = 1000 VA
𝑉𝑅2 (60 𝑉)2 𝐸 2 (100 𝑉)2
= = = 600 𝑊 = = = 1000 VA
𝑅 6 𝑍𝑇 10 Ω

𝑄𝑇 = 𝐸𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = (100 𝑉)(10 𝐴)𝑠𝑒𝑛 53,13𝑜 = 800 VAr

= 𝑄𝐶 − 𝑄𝐿 = 800 VAr
= (𝑋𝐶 − 𝑋𝐿 )𝐼2 = (15 Ω − 7 Ω)(10 𝐴)2 = 800 VAr

O FP é encontrado por PT = 600 W

𝑃 600 W 53,130
𝐹𝑃 = = 1000 VA = 0,6 (adiantado)
𝑆
QT
ST
O circuito é predominantemente capacitivo (XC > XL). 800 VAr (C)
c) O triângulo potência do circuito é mostrado na Figura 4.16. Vale 1000 VA
observar mais uma vez que o ângulo do triângulo de potências é
originado do triângulo de impedâncias do circuito. Figura 4.16.

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80
Exemplo 4.4 (BOYLESTAD, 2012) – O sistema da Figura 4.17 é alimentado por uma tensão senoidal de
208 VRMS, em 60 Hz. A carga ZC é capacitiva.

Aquecedores Motor ZC
I
 = 82 %
R
12
E 9
lâmpadas 6,4 kW 5 HP
208 V 00
60 W XC
FP = 0,72
atrasado 12 

Figura 4.17 – Circuito paralelo (adaptado de BOYLESTAD, 2012).

a) Quais são os valores das potências média, aparente e reativa, e do FP para cada ramo?

Ramo 1: 12 lâmpadas Ramo 4: carga capacitiva


P1 = 12  60 W = 720 W
Q1 = 0 VAr 𝐸 208 ∠0𝑜 208 ∠0𝑜
𝐼= = =
S1 = P1 = 720 VA. Logo, o FP = cos 00 = 1. 𝑍 (9 − 𝑗12) 15 ∠ − 53,13𝑜

Ramo 2: aquecedores (FP = 1) = 13,87𝐴 ∠53,13𝑜


P2 = 6.4 kW
Q2 = 0 VAr 𝑃4 = 𝑅𝐼 2 = 9 × (13,87)2 = 1.731,39 𝑊
S2 = P2 = 6,4 kVA
𝑄4 = 𝑋𝐶 𝐼 2 = 12 × (13,87)2 = 2.308,52 𝑉𝐴𝑟 (𝐶)
Ramo 3: motor elétrico – FP 0,72 atrasado

𝑃𝑜 𝑃𝑜 5 × (746 𝑊) 𝑆4 = √𝑃42 + 𝑄42 = √1.731,392 + 2.308,522


𝜂= → 𝑃𝑖 = =
𝑃𝑖 𝜂 0,82
= 2.885,65 𝑉𝐴
𝑃3 = 4.458,78 𝑊
𝑃3 4.548,78 𝑃4 1.731,39 𝑊
𝑆3 = = → 𝑆3 = 6.317,75 𝑉𝐴 𝐹𝑃 = = = 0,6 adiantado
𝑐𝑜𝑠 𝜃3 0,72 𝑆4 2.885,65 𝑉𝐴

b) Calcule, para este sistema, a potência total em kW, em kVAr e em kVA.

𝑃𝑇 = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 + 𝑃4
= 720 + 6400 + 4.548,78 + 1731,39 = 13,4 𝑘𝑊

𝑄𝑇 = ± 𝑄1 ± 𝑄2 ± 𝑄3 ± 𝑄4
= 0 + 0 + 4.384,71 𝑉𝐴𝑟(𝐿) + (−2.308,52) 𝑉𝐴𝑟(𝐶) = 2,08 𝑘𝑉𝐴𝑟(𝐿)

Cálculo de ST:

𝑆𝑇 = √𝑃𝑇2 + 𝑄𝑇2 = √(13,4 𝑘𝑊)2 + (2,08 𝑘𝑉𝐴𝑟)2 = 13,56 𝑘𝑉𝐴

c) Calcule o seu FP do sistema e desenhe o seu triângulo de potências.

𝑃𝑇 13,4 𝑘𝑊
𝐹𝑃 = 𝑆𝑇
= 13,56 𝑉𝐴 = 0,99 atrasado

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81
→ 𝜃 = 𝑐𝑜𝑠 −1 0 , 99 = 8,11𝑜

O triângulo de potências está apresentado na Figura 4.18.

QT = 2,08
8,11o kVAr (L)
PT = 13,4 kW

Figura 4.18 – Triângulo de potências.

d) Qual é o valor da corrente eficaz fornecida pela fonte?

I = ST/E = 13,56 kVA/208 V = 65,19 A.

4.4 − Correção do fator de potência

Em muitas aplicações encontramos cargas elétricas que não são resistivas puras (Figura 4.19a), mas
sim reativas, como os capacitores e os indutores (Figura 4.19b). Nos indutores, por exemplo, a potência
reativa não é usada na produção de trabalho, pois ela apenas tem por função estabelecer os campos
magnéticos.
Essa potência não aproveitada poderia ser usada com finalidades melhores numa instalação
industrial. Enquanto a potência ativa ocorre sempre na produção de trabalho, a potência reativa, além de
não realizar trabalho, circula entre a fonte de alimentação e a carga, o que pode acarretar perdas de energia
em condutores, quedas de tensão e incidência de ônus nas contas de energia.

(a)

(b)
Figura 4.19 – Ilustrando as potências (a) ativa e (b) reativa (WEG - RECURSOS E FERRAMENTAS, 2009).

Eficiência do uso da energia elétrica

O fator de potência, já definido anteriormente, constitui a razão entre a potência ativa e a potência
aparente. Este fator, adimensional, indica o grau de eficiência do uso da energia elétrica – um FP alto indica
uma eficiência alta e vice-versa.
Em termos qualitativos, o FP indica a representatividade da energia ativa (ou útil, em W) em face da
energia total (aparente, em VA) absorvida por um equipamento ou instalação. Este fator, reescrito em
(4.19), varia entre 0 (zero) e 1 (um) indutivo ou capacitivo, isto é, entre zero e 100% (SILVA, 2009).

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82
Potência realmente utilizada P(kW)
FP = = (4.19)
Potência total requerida S(kVA)

Exemplo 4.5 (SILVA, 2009) – Transformação de energia.

Determinadas cargas, como as lâmpadas incandescentes ou os fornos resistivos, por exemplo,


transformam toda a energia elétrica consumida (em VA) em outras formas de energia. No caso das lâmpadas
incandescentes, resulta a energia luminosa e térmica, e, no caso dos fornos resistivos, resulta a energia
térmica – calor por convecção e por radiação.
Em outras cargas, tais como os motores de indução, uma parte da energia consumida é utilizada para
a sua operação (na manutenção de seus campos magnéticos internos) e outra parte para a transformação
em trabalho útil e para o suprimento de suas perdas internas.

4.4.1 − Correção do FP com introdução de elementos reativos

Em muitas aplicações são predominantes as cargas indutivas, onde a corrente se atrasa em relação à
tensão aplicada. Nestas cargas a potência ativa recebida da fonte de energia constitui a capacidade de
trabalho útil que esta pode executar (lembrando, Watts = Joules/segundo). Esta potência é transmitida às
cargas por linhas de distribuição/transmissão e transformadores (EDMINISTER, 1991).
Seja um sistema de transmissão (LT) de energia elétrica, como o da Figura 4.20. Um dos
principais parâmetros da LT é a corrente, que depende das cargas conectadas a este sistema. Um
aumento na corrente i(t) implica no aumento das perdas de potência na LT, por um fator quadrático,
pois P = RI2, onde R representa a sua resistência (BOYLESTAD, 2012). Isto requer um aumento na
seção dos condutores, e, consequentemente, no volume de cobre na construção da LT e na capacidade
de geração de energia pela concessionária.

R1/2 L1/2 R

i(t)
vf(t) ~ vo(t) L

R1/2 L1/2

Fonte Linha de Transmissão Carga (consumidor)

Figura 4.20 – Modelo simplificado de um sistema de LT de energia elétrica.

Deve-se, portanto, manter os níveis de corrente nesta LT a um valor limite necessário. Sendo a tensão
nas LT mantida constante, a potência aparente S é diretamente proporcional à corrente (S = VI). Logo, se
a corrente drenada pela carga é menor, menor é o valor de S e esta corrente será mínima quando tivermos
S = P e a potência reativa nula.
Na Figura 4.21 observa-se o efeito da diminuição da potência reativa Q (de Q1 para Q2) sobre o
módulo da potência aparente S para a mesma potência real P. Nesta figura foi realizada correção do
FP para uma carga onde a corrente I2 é menor que a corrente I1 (situação inicial).
Com isso tem-se S2 <S1 e o ângulo do novo FP (2) se aproxima de zero grau e,
consequentemente o FP se aproxima da unidade. Esta carga torna-se cada vez mais resistiva nos seus
terminais de entrada.

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83
S1
Q1

S2 < S1 Q2

1 2 < 1
P1
Figura 4.21 – Influência da correção do FP sobre o triângulo de potências de um sistema elétrico.

A introdução de elementos reativos para que o FP seja aumentado a um valor mais próximo da unidade é
denominado de correção de Fator de Potência. Geralmente as cargas de diversos sistemas, principalmente os
industriais, são indutivas, logo este processo envolve naturalmente a introdução de elementos capacitivos para a
melhoria do FP. Serão apresentados a seguir alguns exemplos ilustrativos com cálculos demonstrando este
método, conhecido como método de correção passiva. Nos métodos de correção ativa, são utilizados circuitos
de eletrônica de potência (mais leves e menos volumosos, dependendo da potência do sistema). Estes métodos,
mais complexos, porém mais eficientes, são estudados em tópicos avançados da Eletrônica de Potência.

Em resumo:

⚫ O FP mostra o percentual da potência total fornecida pela concessionária em kVA que é utilizado
efetivamente como potência ativa ou real (em kW). Isto fornece a ideia da eficiência do uso da energia
elétrica pelo equipamento ou instalação elétrica.
⚫ Valores de FP (ou cos ) próximos de 1,0 indicam uso eficiente da energia elétrica.
⚫ Para valores baixos de FP, o diagnóstico é um aproveitamento ruim da energia elétrica e a
consequente sobrecarga do sistema elétrico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O FP

1. O fator de potência de um circuito determina que parcela da potência aparente é potência real, podendo variar
entre 0 e 1.
2. Um baixo FP causa problemas à instalação elétrica, como sobrecarga nos cabos e transformadores, aumento
das quedas de tensão, distorções de corrente e tensão (harmônicos) etc. A Figura 4.22a mostra um exemplo de
carga RL (com potência ativa de 100 kW) onde o FP está abaixo da norma brasileira. A Figura 4.22b mostra esta
mesma carga com uma melhoria/correção do FP, de 0,7 para 0,92.

FP1  0,7 FP2  0,92

1 2 .
.
0 0
P1 = 100 kW P2 = 100 kW
(a) (b)
Figura 4.22 – Diminuição da potência aparente S de uma carga RL com a melhoria do FP.

3. O FP de uma carga é um dos indicadores que afetam a eficiência da transmissão e geração de energia elétrica.
4. É possível corrigir o FP para um valor próximo ao unitário. Tal procedimento é conhecido como correção do
fator de potência. A maneira mais simples é a conexão de bancos de indutores ou capacitores, com uma potência
reativa Q contrário ao da carga, tentando ao máximo anular essa componente. Por exemplo, o efeito indutivo de
motores pode ser anulado com a conexão em paralelo de um capacitor (ou banco de capacitores) junto ao
equipamento.

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84
5. No Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL - estabelece que o FP de referência nas unidades
consumidoras deve ser superior a 0,92. Para o consumidor que descumpre tal limite, aplica-se uma espécie de
multa que leva em conta o fator de potência medido e a energia consumida ao longo de um mês. A ANEEL
estabelece uma exigência de medição do fator de potência pelas concessionárias, obrigatória para unidades
consumidoras de alta tensão (supridas com mais de 1 kV) e facultativa para unidades consumidoras de baixa
tensão (abaixo de 1 kV, como residências em geral). A cobrança em baixa tensão, na prática, raramente ocorre,
pois o fator de potência deste tipo de unidade consumidora geralmente está acima de 0,92.

Exemplo 4.6 – Uma carga indutiva com Z = 30 + j40 ohms é alimentada por uma fonte de tensão senoidal
Vi = 220 V 30o, em 60 Hz.
a) Calcule as potências ativa, reativa e aparente desta carga e também o seu fator de potência.
b) A esta carga foi conectado um banco de capacitores em paralelo, o que alterou o FP para 0,9. Desenhar
os triângulos de potência desta carga, para FP = 0,6 e para FP = 0,9.
c) Qual é a variação percentual na corrente da fonte, após a correção do FP?

Solução:
a) Z = 30 + j40 → Z = 50  53,13o A potência aparente S pode ser encontrada também por
I = (Vi v)/(Z1)
= (220 30o) / (50 53,13o) = 4,4 A −23,13o 𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2
Potências: = √580,82 + 774,42 = 968 𝑉𝐴
P = RI2 = 30 (4,4)2 = 580,8 W
Q = XI2 = 40 (4,4)2 = 774,4 VA O FP desta carga, em função do ângulo 1, é:
S = VI = 220 (4,4) = 968 VA FP = cos 1 = P/S = 580,8/968 = 0,6 (atrasado).

b) Para o novo FP, teremos um novo ângulo, 2.


FPnovo = cos 2 = 0,9 → 2 = cos-1 0,9 = 25,84o. Logo, a partir de P = S cos , teremos:
S2 = P / cos 2 = 580,8 / 0,9 = 645,33 VA
De Q2 = S2 sen 2 obtém-se Q2 = 645,33 (sen 25,84o) = 281,27 VAr.

Na Figuras 4.23a e 4.23b são apresentados, respectivamente, os triângulos de potência para as situações:
(1) FP = 0,6 e (2) para FP = 0,9.

FP1  0,6 FP2  0,9


FP1  0,6
FP2  0,9
Q1 = 774,4 VAr

Q2 = 281,27 VAr

Q
Q1

1
1 2 Q2
. . 2 .
0 0 0
P1 = 580,8 W P2 = P1 = 580,8 W P 2 = P1
(a) (b) (c)
Figura 4.23 – De (a) para (b): variação do FP, de 0,6 para 0,9. (c) Variação da potência reativa, Q.

Na Figura 4.23c observa-se a variação na potência reativa, Q. Esta variação é devida à inserção do
grupo de capacitores em paralelo com a carga Z = 30 + j40 ohms. Ela é calculada por:

Q = Q1 – Q2
= 774,4 VAr – 281,27 VAr = 493,13 VAr.

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85
c) Cálculo da variação percentual na corrente da fonte, após a correção do FP.
Para o FP original, S1 = V  I1 = 220  4,4 = 968 VA.
Com a correção do FP, tem-se S2 = V  I2 → I2 = S2/V = 645,33/220 = 2,93 A.
A variação percentual de corrente é obtida por:

(𝐼2 − 𝐼1 ) (2,93 − 4,4)


Δ𝐼% = | | × 100 = | | × 100 = 33,41 %
𝐼1 4,4

Exemplo 4.7 (BOYLESTAD, 2012) – Um motor de 5 HP com um fator de potência atrasado 0,6 e com
rendimento de 92 por cento está conectado a uma fonte CA de 208 V e 60 Hz. Dado: 1 HP = 746 W.
a) Estabelecer o triângulo de potências para a carga.
b) Calcular os parâmetros do motor, resistência (RM) e indutância (LM).
c) Determine o valor do capacitor que, ligado em paralelo com a carga, aumenta-se seu o FP para 1,0.

Solução:

a) a potência em W do motor é obtida em função de sua potência mecânica e de seu rendimento.

→ Po (potência de saída) P 5  746


Potência ativa, P1 = Pi = → Pi = o = = 4.054,35 W
Pi (potência de entrada)  0,92

Sendo o FP = 0,6 → Calcula-se 1 − ângulo inicial do triângulo de potências desta carga.


1 = cos-1 0,6 = 53,13o

Potência aparente, S1
De P1 = S1 cos 1 → S1 = P1/cos 1 = 4.054,35/0,6 = 6.757,25 VA
Q1 = S1 (sen 1) = 6757,25 sen 53,13o = 5.405,79 VAr.

O triângulo de potências é apresentado na Figura 4.24.

b) Cálculo dos parâmetros do motor (circuito da Figura 4.25).

S = VI → 6.757,25 = 208 I → I = 32,49 A


P = RI2 → RM = 3,84 
Q = XL.I2 → XLM = 5,12 .
LM = XLM / (2f) = 13,58 mH

FP1  0,6
Q1 = 5.405,79 VAr

1
.
0
P1 = 4.054,35 W
Figura 4.24. Figura 4.25 (BOYLESTAD, 2012).

c) Cálculo do capacitor ligado em paralelo com a carga, para o aumento de seu FP para 1,0.

Para o FP = 1,0
→ QC = QL = 5.405,79 VAr. Calcula-se a reatância capacitiva do capacitor e a sua capacitância de
acordo com a tabela:

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86
Reatância capacitiva Capacitância
De XC = 1/C encontra-se:
𝑉𝐶2 2082
𝑋𝐶 = = =8Ω 1 1
𝑄𝐶 5.405,79 𝐶= = = 331,57 𝜇𝐹
2𝜋. 𝑓. 𝑋𝐶 2𝜋. 60.8

Exemplo 4.8 – Considerando a carga e os parâmetros do sistema do Exemplo 4.7, calcular a variação da
corrente da fonte, após a correção do FP.

Solução:

Para um FP de 0,6

I1 = S1/V1 = 6.757,25/208 = 32,49 A → I1max = 32,49 √2 = 45,95 A.

Após a correção do FP, para 1,0:


S2 = P2 cos 0o, com P2 = P1 = 4.054,35 W.

Assim, de S2 = V2 I2
→ I2 = S2/V2 = 4.054,35 /208 = 19,49 A → I2max = 19,49 √2 = 27,56 A.

A variação de corrente na fonte (iFN) será:

IFN = I2 – I1 = 27,56 – 45,95 = 18,39 A.

Simulação do circuito

A Figura 4.26 mostra o esquema para a simulação


deste circuito, onde um interruptor (S1) é utilizado para
inserir o capacitor em paralelo com a carga. Na Figura 4.27
são apresentadas as formas de onda da tensão fase-neutro,
vFN, e da corrente da fonte, iFN.
Observa-se que:
- após o instante t = 60 ms, a corrente iFN em fase
com a tensão vFN;
Figura 4.26 – Esquema para simulação do
- isto que comprova o FP unitário da carga. Exemplo 4.7 (software PSpice).

400V

0V

-400V
V(VFN:+)

50A

0A

SEL>>
-60A
0s 20ms 40ms 60ms 80ms 100ms 120ms
-I(VFN)
Time
Figura 4.27 – Resultados de simulação do circuito do Exemplo 4.7.

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87
Exemplo 4.9 – Uma pequena usina geradora alimenta as seguintes cargas monofásicas, conectadas em paralelo:
10 kW de aquecedores e 20 kVA de motores de indução (Figura 4.28). Os aquecedores são considerados
puramente resistivos (FP = 1). O fator de potência (atrasado) dos motores é igual a 0,7 (BOYLESTAD, 2012).

− Qual é a capacitância em paralelo


IT
necessária para aumentar o fator de
potência deste sistema para 0,95? Motores de
Gerador CA Indução Aquecedores
AC E M P = 10 kW
1 kV, 60 Hz 20 kVA
− Após os cálculos em (a), compare FP = 0,7 FP = 1,0
(atrasado)
os valores de corrente drenados da
fonte de alimentação CA.
Figura 4.28.

Motores de indução:

SM = VI = 20 kVA e cos M = 0,7


PM = SM cos M = (20  103 VA) (0,7) = 14 kW
M = cos-1 0,7 = 45,570 → sen 45,570 = 0,71
QM = VI sen M = (20  103) (0,71) = 14,28 kVAr

Aquecedores: PA = 10 kW (FP = 1,0).


O triângulo de potências da carga da usina é visto na
Figura 4.29, onde SL é a potência aparente drenada da
fonte CA e PL = 14 kW é a sua componente real. Figura 4.29 – Triângulo de potências.

O FP da carga é encontrado a partir do ângulo do triângulo de potências formado por SL, QM e PL. Resulta:
PL = 10 kW + 14 kW = 24 kW → L = tg-1(QM/PL) = tg-1(14,28 kVAr/24 kW) = 30,75o.
O FP da carga da usina é FPUSINA = cos 30,75o = 0,86.
Do valor de PL e do cálculo da potência reativa QL resulta o valor da potência aparente SL:

SL = √(24 kW)2 + (14,28 kVAr)2 = 27,92 kVA

Para um FP de 0,95, resulta em um ângulo entre S e P, dado por 2 = cos-1 0,95 = 18,190. O novo
triângulo de potências é visto na Figura 4.30, com PT = PL = 24 kW e com uma nova potência aparente, ST.
A potência reativa deste triângulo é: QL2 = PT  tg 2 = 24  103 (tg 18,190) = 7,89 kVA.r

SL
QM
14,28 kVAr

L 45,570

QL2 (kVAr)
22 == 18,19o .
PPTT == 24 kW
Figura 4.30 – Novo triângulo de potências (segundo triângulo), com FP = 0,95.

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88
Variação da potência reativa e cálculo do capacitor

A capacitância necessária para aumentar o fator de potência da carga para 0,95 provoca uma variação
na potência reativa em kVAr.
Assim, pode-se escrever:

QC = QL = QL – QL2

= (14,28 − 7,89) kVAr = 6,31 kVAr

A reatância capacitiva será encontrada a partir de QC = E2/XC.

Isolando XC:

E2 E2 10002
QC = → XC = =
6,31 × 103
= 158,48 
XC QC

A capacitância é obtida por

1 1
𝐶= = = 16,74 𝜇𝐹
2𝜋. 𝑓. 𝑋𝐶 2𝜋. 60.158,48

Uma observação importante:

Se QC fosse igual QL, teríamos um FP unitário nesta carga.

Variação da corrente da fonte com a correção do FP

– Para o FP inicial da carga: cos 30,75o = 0,86.

Potência aparente: SL = 27,92 kVA.

A corrente do gerador é calculada por:

𝑆𝐿 27,82 kVA
𝐼T1 = = = 27,92 A
𝐸 1000 V

Com o novo valor de FP ocorre uma redução da corrente drenada da fonte CA.

ST = √(24 kW)2 + (7,89 kVAr)2 = 25,26 KVA

𝑆𝑇 25,26 kVA
→ 𝐼T2 = = = 25,26 A
𝐸 1000 V

IT (variação da corrente drenada do gerador)

IT = 27,92 – 25,26 = 2,66 A.

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89
LEP 3 – Lista de Exercícios e Problemas

Assuntos: Potência real, reativa e aparente. Correção do Fator de Potência.

Questão 1 (BOYLESTAD, 2012) – Seja um equipamento elétrico de 7,5 kVA e 127 V com um FP atrasado 0,65.
Encontrar a impedância do equipamento em coordenadas retangulares e desenhar o esquema do seu circuito.

Questão 2 (EDMINISTER, 1991) – Em um circuito série de dois elementos, a potência é de 1 kW e o FP de 0,85


adiantado. A tensão da fonte é dada por v(t) = 100 sen (5000 t + 45 0). Quais são os componentes do circuito?

Questão 3 (BOYLESTAD, 2012) – Dado o sistema


da Figura 1, pede-se:

a) a) Calcular as potências totais do sistema, PT, QT e ST


e determinar o seu fator de potência, FP.
b) Desenhe o triângulo de potências.
c) Calcule o valor eficaz de IS.

Figura 1 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 4 – Um transformador de 450 kVA opera a plena carga, com um FP de 0,65.


a) Faça o desenho do seu triângulo de potências.
b) Calcular quantos kVAr capacitivos são necessários para melhorar o FP deste transformador 0,95, após a ligação de
um banco de capacitores em paralelo. Calcule também a redução na potência em kVA solicitada da rede CA.

Questão 5 (EDMINISTER, 1991) – Um motor de indução monofásico de 2 CV tem rendimento de 87 %. Com esta
carga, o fator de potência é 0,8 atrasado. Determine as potências de entrada em kVA e em kVAr.

Questão 6 (BOYLESTAD, 2012) – Para os circuitos ou sistemas a seguir (Figuras 2, 3 e 4), pede-se:
a) Calcular PT, QT e ST e o fator de potência (FP).
b) Desenhar o triângulo de potências e calcular a corrente I S.

Figura 2 (BOYLESTAD, 2012). Figura 3 (BOYLESTAD, 2012).

Figura 4 (BOYLESTAD, 2012).

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90
Questão 7 (BOYLESTAD, 2012) – Dado o circuito visto na Figura 5, pede-se:

a) Calcular a potência total em kW, kVAr e kVA, bem como o FP.


b) Quais são os valores eficazes das corrente IS, I1 e I2?
c) Encontrar, para cada retângulo, o tipo dos componentes (e suas impedâncias). Considerar os elementos dentro
de cada retângulo conectados em série.

Figura 5 (BOYLESTAD, 2012).

Questão 8 (BOYLESTAD, 2012) – A iluminação e os motores de uma pequena fábrica estabelecem uma
demanda de potência igual a 10 kVA para um FP atrasado 0,7 com uma fonte de 208 V e 60 Hz.
a) Construa o triângulo de potência para a carga.
b) Determine o valor do capacitor que deve ser colocado em paralelo com a carga para elevar o FP para 1.
c) Determine a diferença entre as correntes da fonte no sistema não compensado e no sistema compensado.
Repita os itens (b) e (c) para um fator de potência de 0,9.

Questão 9 (BOYLESTAD, 2012) – A carga de um gerador de 120 V e 60 Hz é de 5 kW (resistiva), 8 kVAR


(indutiva) e 2 kVAR (capacitiva).
a) Calcule um número total de kilovolts-ampères e determine o FP das cargas combinadas.
c) Calcule a corrente fornecida pelo gerador.
d) Calcule a capacitância necessária para estabelecer um fator de potência unitário.
e) Encontre a corrente fornecida pelo gerador com um fator de potência unitário e compare com o valor obtido
no item (c).

Questão 10 (BOYLESTAD, 2012) – As cargas de uma fábrica ligada a um sistema de 1.000 V, 60 Hz, são as
seguintes:

20 kW para aquecimento (fator de potência unitário);


10 kW (Pi) para motores de indução (fator de potência 0,7 atrasado) e
5 kW para iluminação (fator de potência 0,85 atrasado)

a) Desenhe o triângulo de potência para a carga total na fonte.


b) Determine a capacitância necessária para tornar o fator de potência total igual a 1.
c) Calcule a diferença entre as correntes totais no sistema compensado e no sistema não compensado.

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91
Capítulo
5 MÉTODOS DE ANÁLISE E TEOREMAS DE
CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA

Capítulo 5 – Métodos de análise e teoremas de circuitos em corrente alternada

5.1 − Introdução

Neste capítulo são apresentados, em corrente alternada, os métodos de análise de malhas e de nós e
os teoremas de circuitos. O estudo e a aplicação destes métodos e técnicas são muito importantes para
qualquer profissional das áreas de eletrônica, eletrotécnica e eletromecânica. Com este conhecimento, é
possível solucionar problemas práticos com facilidade, contando, inclusive, com os meios computacionais
hoje disponíveis.
Serão abordados neste capítulo os teoremas de Thévenin, Norton, Superposição e da Máxima
transferência de potência. Estes teoremas simplificam a solução de circuitos mais complexos, quando o uso
dos métodos de análise de malhas e nodal se mostra ineficiente ou com o uso de cálculos repetitivos.

5.2 − Métodos de análise de circuitos: análise de malhas e análise nodal

Anteriormente, foram estudados circuitos com apenas uma fonte ou com mais fontes conectadas em
série ou em paralelo. A técnica utilizada nestes circuitos consistia na sua redução para o cálculo da
impedância equivalente e da corrente total. Para outro contexto, onde existe um número qualquer de fontes
em qualquer arranjo, foram desenvolvidos outros métodos de análise, mais abrangentes, podendo ser
aplicados sem a alteração da estrutura original do circuito. Estes métodos são: (1) método da análise de
malhas, uma aplicação da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) e (2) método da análise de nós ou análise
nodal, uma aplicação da Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC).

5.2.1 – Método de análise de malhas

5.2.1.1 – Análise de malhas com fontes de tensão independentes

Para a análise de malhas, são necessários os seguinte passos (BOYLESTAD, 2012):

1. Associar uma corrente para cada malha independente do circuito (no sentido horário ou anti-
horário). Recomenda-se adotar o mesmo sentido para as malhas do circuito, para estabelecer uma
uniformidade e nos condicionar a seguir um método sistemático e para se evitar uma troca de
sinal incorreta na montagem das equações.
2. Indicar as polaridades para cada impedância dentro de cada malha, conforme o sentido
convencionado para a sua respectiva corrente.
3. Aplicar a LKT e escrever a equação de cada malha. É importante observar que:
a) Se uma impedância for atravessada por duas ou mais correntes, a corrente total nessa
impedância é a corrente da malha em que a LKT está sendo aplicada mais as correntes das outras
malhas que a atravessam no mesmo sentido e menos as correntes que a atravessam no
sentido oposto.
b) A polaridade de uma fonte de tensão não é afetada pelo sentido das correntes associadas às
malhas.

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92
A análise de malhas é aplicada a todos os circuitos com fontes independentes ou com fontes
dependentes onde a variável de controle não faz parte do circuito sob investigação. Caso a variável de
controle fizer parte do circuito examinado, é utilizado um outro método, descrito mais à frente.

Exemplo 5.10 – Seja o circuito CA com 2 malhas (Figura 5.1). Calcular a corrente I1 e a potência eficaz
entregue pela fonte E1 ao circuito.

Solução:

Inicialmente, redesenhamos o circuito com as impedâncias representadas por blocos, Z 1, Z2 e Z3 –


veja Figura 5.2.

Figura 5.1 – Circuito do Exemplo 5.1 Figura 5.2 – Circuito do Exemplo 5 em


(BOYLESTAD, 2012). blocos (BOYLESTAD, 2012).

Estas impedâncias são:

Z1 = + jXL = + j2 ohms Z2 = R = 4 ohms Z3 = − jXC = − j1 ohm

Equações das malhas, através da aplicação da LKT – ver novamente a Figura 5.2, onde estão
indicadas as correntes de cada malha, em sentido horário.

Malha 1: E1 – I1.Z1 – I1.Z2 + I2.Z2 = 0 → I1.Z1 + I1.Z2 − I2.Z2 = E1

Malha 2: – I2.Z2 + I1.Z2 − I2.Z3 – E2 = 0 → I1.Z2 − I2.Z2 − I2.Z3 = E2

Agrupando nestas equações os coeficientes das variáveis I1 e I2, obtém-se (5.1) e (5.2).

I1.(Z1 + Z2) − I2.Z2 = E1 (5.1)

I1. Z2 − I2.(Z2 + Z3) = E2 (5.2)

Com as equações (5.1) e (5.2) montamos o sistema linear dado por (5.3).

I . (Z + Z2 ) − I2 . Z2 = E1
{1 1 (5.3)
I1 . Z2 − I2 . (Z2 + Z3 ) = E2

Esta equação, escrita na forma matricial Ax = B, é representada em (5.4).

(𝑍 + 𝑍2 ) − 𝑍2 𝐼 𝐸
[ 1 ] [ 1] = [ 1] (5.4)
𝑍2 − (𝑍2 + 𝑍3 ) 𝐼2 𝐸2

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93
𝐷𝑛
Pela regra de Cramer, a corrente In de um sistema matricial Ax = B é calculada por 𝐼𝑛 = , onde:
𝐷
Dn representa o determinante da n-ésima incógnita, o qual é formado substituindo-se a n-ésima
coluna da matriz de D (determinante do denominador) pelos termos da matriz B.
D é o determinante formado pelos coeficientes das incógnitas (termos da matriz A).
Desta forma, com base em (5.4), escrevemos para a corrente I1:

𝑏11 𝑎12 𝐸 − 𝑍2
𝐷1 [𝑏21 ] [ 1 ]
𝑎22 𝐷1 𝐸2 − (𝑍2 + 𝑍3 )
𝐼1 =
𝐷
= 𝑎
11 𝑎12 → 𝐼1 =
𝐷
=
(𝑍 + 𝑍2 ) − 𝑍2
[𝑎 𝑎22 ] [ 1 ]
21 𝑍2 − (𝑍2 + 𝑍3 )

Substituindo os valores numéricos dos parâmetros do circuito:

2 00 −4
[ ]
𝐷1 6 00 − (4− 𝑗1) 2 × (− 4 + 𝑗)−(−4) × 6 16,127,130
𝐼1 = = = = → 𝐼1 = 3,61 A 123,70.
𝐷 (𝑗2 + 4) −4 (𝑗2 + 4) × (− 4 + 𝑗) − (−4) × (4) 4,47−116,570
[ ]
4 − (4− 𝑗1)

Exemplo 5.11 – Determine a corrente Io no circuito da Figura 5.3, usando análise de malhas (ALEXANDER
e SADIKU, 2013).

+ −
+ _

_ +
− +
+ −
_ + _

+ _ +

Figura 5.3 – Circuito do Exemplo 5.2 (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

Solução:

Neste circuito, as três correntes foram postadas no sentido horário e estabelecem as polaridades de tensão
indicadas em cada componente. O primeiro passo consiste em aplicar as LKT às malhas de I1, I2 e I3 e então
obter as suas respectivas equações.

Malha 1: − 8.I1 – j10.I1 – (− j2).I1 + j10.I3 + (−j2).I2 = 0


(− 8 – j10 + j2).I1 −j2.I2 + j10.I3 = 0 → (8 + j8).I1 + j2.I2 = j10.I3

A corrente I3 é de 5 A. Logo, se obtém a equação (5.5) – verifique!

(8 + j8).I1 + j2.I2 = j50 (5.5)

Malha 2: − (− j2).I2 – (− j2).I2 – 4.I2 − 20900 + (− j2).I1 + (− j2).I3 = 0


− j2.I1 + (– 4 + j4). I2 – j2.I3 = j20

Com I3 = 5 A, resulta (5.6): − j2.I1 + (– 4 + j4). I2 = j20 + j10  (− 1)

j2.I1 + (4 – j4). I2 = – j30 (5.6)

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A partir do sistema linear formado por (5.5) e (5.6), escrevemos estas equações no formato matricial
Ax = B, em (5.7).

(8 + j8). I1 + j2. I2 = j50


{
j2. I1 + (4 – j4). I2 = – j30

(8 + j8) j2 𝐼 j50
[ ] [ 1] = [ ] (5.7)
j2 (4 – j4) 2 𝐼 – j30

Cálculo da corrente Io

Como a corrente Io está na malha de I2, calculam-se os determinantes D e D2. Aplica-se a regra de
Cramer, pela qual 𝐼2 = 𝐷2⁄𝐷. O determinante D da matriz A é dado por:

(8 + j8) j2
𝐷=| | = 32(1 + 𝑗)(1− 𝑗) + 4 = 68
j2 (4 – j4)

Determinante D2:

(8 + j8) j50
𝐷2 = | | = 340 − 𝑗240 = 416,17−35, 220
j2 – j30

416,17−35, 220
𝐼2 = 𝐷2 ⁄𝐷 = = 6,12 𝐴 −35, 220
68

A corrente I0 é igual a – I2, fasorialmente. Assim, I0 = 6,12 A 144,780.

EF - Exercícios de Fixação Série 10

EF 5.1 – Encontrar a potência dissipada no


resistor de 8 ohms, no circuito da Figura 5.4.

Resp.:
IR1 = 3,86 A − 34,550.
PR1 = 119,2 W.
Figura 5.4 – Circuito do EF 5.1.

EF 5.2 – Calcular as correntes das malhas do circuito da Figura 5.5.

Resp.: I1 = 1,26 A 10,60; I2 = 4,63 A 30,90 e I3 = 2,25 A −28,90.

Figura 5.5 – Circuito do EF 5.1.

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95
5.2.1.2 – Análise de malhas com fontes de tensão dependentes

A aplicação do método de análise de malhas para circuitos com fontes de tensão dependentes não
possui grandes alterações (BOYLESTAD, 2012). Veja a seguir:

1. Os passos 1 e 2 são não se alteram (ver os passos aplicados para circuitos com fontes de tensão
independentes);

2. O passo 3 é modificado: tratar as fontes dependentes como independentes na aplicação da LKT em cada
malha independente. Porém, após escrever as equações, substituir a grandeza controlada pela sua expressão,
a fim de garantir que as incógnitas estejam restritas somente às correntes de malha escolhidas.

3. Resolver o sistema de equações lineares resultantes para obter as correntes de malha. De preferência,
escrever estas equações no formato matricial, Ax = B.

Exemplo 5.12

Seja o circuito mostrado na Figura 5.6, onde existe uma FTDT (fonte de tensão dependente de
tensão), identificada por Vx, com a sua polaridade já definida. Obter as correntes de malha e montar o
sistema linear desta estrutura.

Figura 5.6 – Circuito com fonte dependente (BOYLESTAD, 2012).

Solução:

Malha 1: E1 – I1 R1 – R2 (I1 – I2) = 0 Malha 2: R2 (I1 – I2) + Vx – I2 R3 = 0

Da análise de malhas, resulta um sistema linear de duas equações e duas incógnitas:

I1 (R1 + R2) – I2 R2 = E1

I1 [R2 (1 + )] – I2 [R2 (1 + ) + R3] = 0

5.2.1.3 – Uso do software Octave nos métodos de análise de circuitos

O Octave é um software livre, disponível no link octave-online.net – veja o aspecto de sua página na
Figura 5.7. Também é facilmente utilizado no sistema operacional Android.
Através dos coeficientes do sistema matricial Ax = B, encontramos os valores das variáveis do
circuito – as correntes para o método de análise de malhas e as tensões para o método de análise nodal.

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96
Figura 5.7 – Aspecto da página do Octave.

Exemplo 5.13

Vamos encontrar através do Octave os valores das correntes I1 e I2 do circuito da Figura 5.2 – veja
novamente o Exemplo 5.1.

Solução:

Matricialmente, o circuito da Figura 5.1 é representado por:

a11 a12 𝐼1 b11


𝑨𝒙 = 𝑩 → [a a22 ] [𝐼2 ] = [b21 ]
21

−4 𝐼
] [ 1 ] = [ 2  00 ]
(4 + 𝑗2) 0
𝑨𝒙 = 𝑩 → [
4 (− 4 + 𝑗1) 𝐼2 6 0

Entrada de dados:

Matriz A: A = [4+2i -4;4 -4+i]

- Os coeficientes da matriz A são inseridos um a um, linha por linha.


Na primeira linha, digitar: o valor de a11, espaço e em seguida, o valor de
a12.Em seguida, digitar o ponto e vírgula, para inserir os dados da 2ª linha.
Digitar os coeficientes da segunda linha da matriz A, a21 e a22.

Matriz B:

- Digitar o coeficiente da 1ª. linha, b11, em seguida o ponto e vírgula e o


coeficiente da 2ª linha, b21, neste formato:

B = [b11; b21]
B = [2;6]

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97
Após a entrada dos coeficientes de A e B, calcula-se os valores da matriz x, I1 e I2, através do
comando x = A\B (ver a sequência apresentada na Figura 5.8.

Figura 5.8 – Entrada de dados e solução do sistema Ax = B pelo Octave.

Desta forma, teremos os resultados apresentados na Tabela 5.1:

Tabela 5.1 – Correntes das malhas 1 e 2 do Exemplo 5.1.

Corrente Forma retangular ou complexa Forma polar


I1 − 2 + j3 3,61 A 123,690
I2 − 4 + j2 4,47 A 153,430

5.2.2 – Método de análise nodal

A análise nodal é um meio sistemático para a solução de circuitos elétricos, com fundamento na lei das
correntes de Kirchhoff (LKC). Neste método as tensões de nó são as incógnitas a serem determinadas.

Um nó é um ponto de uma estrutura V1 V2


comum a dois ou mais elementos do
circuito, chamado de nó principal ou junção
se a ele estão unidos três ou mais elementos
(EDMINISTER, 1991). Vi
A cada nó de um circuito podemos
atribuir uma letra, acompanhada de um
subscrito – observe a Figura 5.9, por
exemplo, onde os nós principais 1 e 2 são Nó de referência (GND)

identificados respectivamente por V1 e V2. Figura 5.9 – Nós de um circuito (BOYLESTAD, 2012).

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Os procedimentos para aplicar o método de análise nodal na solução de um circuito são:
1 – Determinar o número de nós no circuito;
2 – Selecionar um nó do circuito que será o nó de referência2;
3 – Associar uma tensão de nó aos outros nós do circuito, em relação ao nó de referência e nomeá-lo com um
valor subscrito de tensão: p. ex., V1, V2, Vn etc.
4 – Escolher a polaridade de um nó de tal maneira que a tensão de cada nó seja positiva em relação ao nó de
referência. Para isto, basta fazer na, aplicação da LKC, as correntes saindo do nó.
5 – Aplicar a LKC e escrever as equações de cada nó, exceto para o nó de referência.
Por último, o número de equações necessárias para uma estrutura com o método de análise nodal é definido
por (5.8), onde E = número de equações e N = número de nós principais. O nó principal de um circuito é aquele que
conecta pelo menos três elementos.

E=N−1 (5.8)

Para um circuito com três malhas, p. ex. (Figura 5.9), teremos três nós principais (V1, V2 e GND).
Portanto, são suficientes duas equações para descrever este circuito. Esta é uma vantagem deste método em
relação ao do método de análise de malhas, pois é utilizada uma equação a menos para a solução do circuito.

Exemplo 5.14 (O'MALLEY, 2014) – Encontre o valor da tensão Vx para o circuito da Figura 5.10. As tensões
V1 e V2 são, na forma polar: V1 = 10 V −400 e V2 = 12 V 100.

(a) (b)
Figura 5.10 – (a) Circuito do Exemplo 5.5 e (b) versão com blocos de impedância.

Solução:

- Neste circuito temos dois nós principais (N = 2). Portanto, uma equação somente é necessária, de acordo
com (5.8), para a aplicação do método de análise nodal:

E=N−1=2−1=1

- Adotando o sentido das correntes como indicado na Figura 5.10 (nó de Vx), teremos, pela LKC:

I1 + I2 + I3 = 0

𝑉𝑥 − 𝑉1 𝑉𝑥 − 𝑉2 𝑉𝑥
+ + =0
𝑍1 𝑍2 𝑍3

Onde
V1 = 10 V −400 e V2 = 12 V 100.

2
Um nó de referência é aquele no circuito que possui o maior número de ramos conectados. Geralmente o nó de referência possui
o potencial de 0 (zero) volt. É denominado de terminal de terra (ground em inglês) e identificado com a sigla GND nos esquema
de circuitos elétricos.
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Z1 = 8 – j14  → Z1 = 16,12  − 60,250
Z2 = 4  → Z2 = 4  00
Z3 = 6 + j10  → Z3 = 11,66  59,040

Operações para obter a tensão Vx:

𝑉𝑥 −𝑉1 𝑉𝑥 −𝑉2 𝑉𝑥
+ + =0
𝑍1 𝑍2 𝑍3

𝑉𝑥 −10−400 𝑉𝑥 −(−12100 ) 𝑉𝑥
+ + =0 → Vx = 7,35 V −169,20
16,12 − 60,25 0 4 00 11,66 59,04 0

A Figura 5.11 mostra o resultado da simulação deste circuito, através do software Multisim®. São
apresentadas as medidas da corrente na fonte V1 e da tensão do nó de Vx.

0.997 A

7.346 V

Figura 5.11 – Simulação do circuito do Exemplo 5.4.


Exemplo 5.15 (BOYLESTAD, 2012) – Encontrar a tensão eficaz (V1) no indutor do circuito da Figura
5.12, utilizando a análise nodal.

V1 V2

GND

Figura 5.12 – Esquema do circuito do Exemplo 5.5 (BOYLESTAD, 2012).

Solução:

- Passos 1 e 2: número de nós principais no circuito. Este circuito possui 2 nós principais, V1 e V2. O nó
de referência é o nó GND, de ground (terra).

- Passo 3: aplicar a LKC aos nós principais, V1 e V2. Inicialmente redesenhamos o circuito da Figura 5.12
utilizando blocos, que representam as suas impedâncias (Z1 a Z4) – ver a Figura 5.13.

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Figura 5.13 – Esquema com diagrama de blocos para o circuito do Exemplo 5.6 (BOYLESTAD, 2012).

- Passo 4: resolver as equações resultantes, em função de V1 e V2, aplicando a LKC no nó de V1, de acordo
com o esquema da Figura 5.14a.

(a) (b)
Figura 5.14 – Determinando pela LKC a equação do nó de V1 em (a) e do nó de V2
em (b), no circuito do Exemplo 5.5 (BOYLESTAD, 2012).

𝑉1 −𝐸 𝑉1 𝑉1 −𝑉2
I1 + I2 + I3 = 0 → + + =0
𝑍1 𝑍2 𝑍3

Se reagruparmos os termos em função de V1 e V2, obtemos a equação do nó de V1, em (5.9).

1 1 1 1 𝐸
𝑉1 (𝑍 + 𝑍 + 𝑍 ) − 𝑉2 (𝑍 ) = 𝑍 (5.9)
1 2 3 3 1

Pelo esquema da Figura 5.14b, aplicando a LKC e reagrupando os termos de V1 e V2 obtemos (5.10).

𝑉2 −𝑉1 𝑉
I3 + I4 + I = 0 → + 𝑍2 + 𝐼 = 0
𝑍3 4

1 1 1
𝑉1 (𝑍 ) − 𝑉2 (𝑍 + 𝑍 ) = 𝐼 (5.10)
3 3 4

De posse de (5.9) e (5.10), podemos representar este circuito no formato matricial, Ax = B, em (5.11).

1 1 1 1
(𝑍 + 𝑍 + 𝑍 ) − (𝑍 ) 𝑉 𝐸 ⁄𝑍1
[ 1 2 3 3
] [ 1] = [ ] (5.11)
) 𝑉2
1 1 1 I
(𝑍 ) − (𝑍 + 𝑍
3 3 4

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De posse dos valores dos parâmetros das impedâncias e das fontes do circuito, encontramos
numericamente os coeficientes de V1 e V2, substituídos em (5.11). Resulta em (5.12).

1 1 1 1 1 1
+ + = + + = 2,5 𝑚𝑆 − 2,290
𝑍1 𝑍2 𝑍3 0,5 𝑘 𝑗10 𝑘 2 𝑘

1 1 1 1
+ = + = 0,539 𝑚𝑆21,800
𝑍3 𝑍4 2 𝑘 −𝑗 5 𝑘

1 1
= = 0,5 𝑚𝑆00
𝑍3 2 𝑘

E/Z1 = 12 V 00 / 0,5 k = 24 mA 00 → Logo, I = 4 mA 00.

2,5 𝑚𝑆 − 2,290 −0,5 𝑚𝑆00 𝑉1 24 mA 00


[ ] [ ] = [ ] (5.12)
0,5 𝑚𝑆00 −0,539 𝑚𝑆21,800 𝑉2 4 mA 00

Pela regra de Cramer, V1 = 1/ em (5.13), onde b11 e b21 são os coeficientes da matriz B.

24 mA 00 −0,5 𝑚𝑆00 𝑏 𝑎12


[ ] [ 11 ]
4 mA 00 −0,539 𝑚𝑆21,800 𝑏21 𝑎22
𝑉1 = = 𝑎11 𝑎12 (5.13)
2,5 𝑚𝑆−2,290 −0,5 𝑚𝑆00 [𝑎 ]
[ ] 21 𝑎22
0,5 𝑚𝑆00 −0,539 𝑚𝑆21,800

Encontra-se 𝑉1 = 9,95 𝑉1,880 .

EF - Exercícios de Fixação Série 11

EF 5.3 (O'MALLEY, 2014) – Encontrar os valores das tensões V1 e V2 para o circuito CA da Figura
5.15. Utilize o software Octave, representando este circuito no formato matricial Ax = B. A resposta é:

Figura 5.15 – Circuito do EF 5.3.

a. ( ) V1 = − 51,9 V −19,10 e V2 = 58,7 V 73,90.


b. ( ) V1 = 51,9 V 160,90 e V2 = 32,5 V 45,40.
c. ( ) V1 = − 51,9 V 160,90 e V2 = 58,7 V 73,90.
d. ( ) V1 = 75,2 V 19,10 e V2 = 35,6 V 73,90.

EF 5.4 (EDMINISTER, 1991) – Determine a tensão no resistor de 4 ohms do circuito da Figura 5.16 (V12).
Em seguida, calcule a potência dissipada neste resistor. Encontra-se, respectivamente:

a. ( ) 12,84 V e 41,22 W. b. ( ) 12,84 V e 35 W. c. ( ) 28,4 V e 40,5 W. c. ( ) 24,8 V e 14,22 W.

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Figura 5.16 – Circuito do EF 5.4.

5.3 − Teoremas de Thévenin e de Norton

Os circuitos equivalentes de Thévenin e Norton são circuitos simplificados que apresentam o mesmo
comportamento que o circuito original, do ponto de vista de um par específico de terminais e portanto, são
extremamente úteis para a análise de circuitos.

5.3.1 − Teorema de Thévenin

O enunciado do teorema de Thévenin para circuitos de CA com fontes senoidais é modificado


apenas pela substituição do termo resistência pelo termo impedância (BOYLESTAD, 2012). Ou seja, um
circuito CA linear de dois terminais a e b é representado por um circuito equivalente, o qual é constituído
por uma fonte de tensão VTh em série com uma impedância ZTh – veja a Figura 5.17.

Figura 5.17 – Circuito equivalente de Thévenin (BOYLESTAD, 2012).

Uma observação importante: sabendo que as reatâncias de um circuito ocorrem em função da sua
frequência, deve-se considerar que o seu circuito equivalente de Thévenin é válido exclusivamente na sua
frequência de operação.

Parâmetros do circuito equivalente de Thévenin

ZTh: é a impedância vista por trás dos terminais da carga quando todas as fontes independentes são desativadas:
fontes de tensão substituídas por um curto-circuito e fontes de correntes abertas.

VTh: é a tensão que aparece nos terminais da carga (a e b) quando se desconecta a impedância ZL. É chamada
também de tensão de circuito aberto.

5.3.2 − Teorema de Norton

Este teorema é o dual do teorema de Thévenin, ou seja, é uma fonte de corrente em paralelo com uma
impedância ZN, igual à ZTh – veja a Figura 5.18.

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103
Figura 5.18 – Circuito de Norton, dual ao de Thévenin – adaptado de (BOYLESTAD, 2012).

A corrente de Norton é uma corrente de curto-circuito a uma carga de impedância ZL, conectada aos
terminais A e B do circuito de Thévenin (veja a Figura 5.19a). No circuito de Norton (Figura 5.19b), basta curto-
circuitar os terminais A e B. A corrente que circula por estes terminais é a corrente IN.

ZL

(a) (b)
Figura 5.19 – (a) Circuito de Thévenin. (b) Significado da corrente de Norton.

Exemplo 5.16 (BOYLESTAD, 2012) – Qual é o


circuito de Thévenin para a parte do circuito
externa à carga resistiva R, mostrado na Figura
5.20?

Solução:

- Passo 1: cálculo da impedância equivalente de


Thévenin, vista dos terminais a e b, com a carga R Figura 5.20 – Circuito do Exemplo 5.7
desconectada e com a fonte senoidal desativada. (BOYLESTAD, 2012).

O circuito para este contexto é apresentado nas Figuras 5.21a e 5.21b.

a a

Thévenin
b b
(a) (b)
Figura 5.21 – Visualizando em (b) a impedância ZTh para o circuito original em (a) (BOYLESTAD, 2012).

𝑍 ×𝑍
A impedância ZTh vista dos terminais a e b é: 𝑍𝑇ℎ = 𝑍1 + 𝑍2
1 2

8900 × 2−900 1600


Com Z1 = j8  e Z2 = − j2 , tem-se 𝑍𝑇ℎ = 𝑗8−𝑗2
= 6900
= 2,67  −900

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104
- Passo 2: cálculo da tensão de Thévenin, VTh a

A tensão VTh é a tensão de circuito aberto nos terminais a


e b, ou seja, a carga ZL está desconectada (Figura 5.22).
Aplicando o divisor de tensão a estes terminais:

𝑍2 × 𝐸 b
𝑉𝑇ℎ =
𝑍1 + 𝑍2 Figura 5.22 – Encontrando o parâmetro
VTh para o circuito da Figura 5.21.

Substituindo os valores de E, Z1 e Z2:


a
2−900 × 1000
𝑉𝑇ℎ = = 3,33 𝑉  − 1800
𝑗8 + (−𝑗2)
ZL
O circuito equivalente de Thévenin é apresentado na Figura
5.23. Veja que o circuito original, de duas malhas, foi b
simplificado para um circuito série equivalente, de uma só
malha. Figura 5.23.

Exemplo 5.17 (BOYLESTAD, 2012) – Encontrar o circuito equivalente de Thévenin para a parte externa
ao ramo 𝑎 − 𝑏 da rede CA da Figura 5.24.

Figura 5.24 – Circuito CA do Exemplo 5.9 (BOYLESTAD, 2012).

Solução: representando este circuito com as impedâncias em forma de blocos, temos um esquema
visivelmente mais simples, como mostra a Figura 5.25, com Z1 = 6 + j8 , Z2 = 3 − j4  e Z3 = j5 .

Figura 5.25 – Circuito da Figura 5.24: representação das impedâncias em blocos (BOYLESTAD, 2012).

- Cálculo do parâmetro ZTh:

Desativando a fonte E1 e substituindo a mesma por um curto-circuito, resulta o esquema da Figura


5.26, de onde se verifica que

ZTh = Z3 + (Z1 // Z2) → ZTh = Z3 + [(Z1 × Z2)/(Z1 + Z2)]

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Figura 5.26 – Esquema: cálculo da impedância ZTh, do circuito da Figura 5.24 (BOYLESTAD, 2012).

1053,130 ×5−53,130
Efetuando-se os cálculos: 𝑍𝑇ℎ = 𝑗5 + 6 + j8+ 3 − j4
= 5,49 32,360

- Cálculo do parâmetro VTh:

Este cálculo se baseia no circuito da Figura 5.27, onde a tensão de Thévenin é a tensão de circuito
aberto nos terminais a e b. Com isso, a corrente na impedância Z3 é nula. Fica claro que a tensão VTh é
então a tensão sobre a impedância Z2.

Figura 5.27 – Circuito para o cálculo de VTh, do circuito da Figura 5.24 (BOYLESTAD, 2012).

𝑍2 𝐸
Usando o divisor de tensão em Z2: 𝑉𝑇ℎ =
𝑍1 + 𝑍2

𝑍2 𝐸 (5   − 53,130 ) × 10 V 00 (50  − 53,130 )


𝑉𝑇ℎ = = = = 5,08 V − 77,090
𝑍1 + 𝑍2 (6 + j8) + (3 − j4) 9,85 23,960

Exemplo 5.18 (BOYLESTAD, 2012) – Seja o circuito da Figura 5.28, onde C2 é uma carga capacitiva
conectada aos terminais de saída a e b. Qual é a corrente de curto-circuito nesta carga, IN, indicada pelo
amperímetro?

Figura 5.28 – Circuito do Exemplo 5.9 (BOYLESTAD, 2012).

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Solução: a corrente de curto-circuito é a corrente de Norton, IN. O primeiro passo é redesenhar o circuito
com blocos de impedância, como visto na Figura 5.29a. Através deste esquema fica mais fácil visualizar a
configuração do circuito para o cálculo do seu parâmetro ZTh e da corrente IN (apresentada na Figura 5.29b).

I1 I1
IN

(a) (b)
Figura 5.29 – Circuito do Exemplo 5.9 (a) Diagrama de blocos de impedâncias.
(b) Corrente de curto-circuito nos terminais da carga, IN (BOYLESTAD, 2012).

• Cálculo do parâmetro ZTh

Desativando a fonte de corrente, obtém-se o circuito visto na Figura 5.30a, que, redesenhado, resulta
no esquema da Figura 5.30b. As impedâncias Z1 e Z2 ficam conectadas em série, do terra até o ponto a,
conectado a Z3. O ponto b, o outro terminal da carga e de Z3, está conectado ao terra do circuito. A
impedância ZTh, vista dos terminais a e b abertos, é calculada por:

ZTh = Z3 // (Z1 + Z2)

(b) (b)
Figura 5.30 – (a) e (b) Visualizando a impedância de Norton, a mesma de Thévenin (circuito da Figura 5.28).

Levando em conta que Z1 = 2 – j4 ohms, Z2 = 1 ohm e Z3 = j5 ohms, obtém-se:


ZTh = j5 // (2 – j4 + 1) = j5 // (3 – j4) → ZTh = 5900 // 5−53,130

5900 × 5−53,130 2536,870


𝑍𝑇ℎ = = → ZTh = ZN = 7,91  18,440
𝑗5 + 3 − 𝑗4 3,1618,430

• Cálculo da corrente de Norton, IN

O cálculo da corrente de Norton é efetuado por divisor de corrente no ponto c – veja o esquema da
Figura 5.31. Assim,

𝐼1 × 𝑍1 3𝐴 × (2 − 𝑗4) 6 − 𝑗12
𝐼𝑁 = → 𝐼𝑁 = =
𝑍1 + 𝑍2 2 − 𝑗4 + 1 3 − 𝑗4

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Na forma polar:

13,4  − 63,430
𝐼𝑁 = → 𝐼𝑁 = 2,68 A  − 10,30
5  − 53,130

O circuito equivalente de Norton para o circuito da Figura 5.28 é apresentado na Figura 5.32.

I1
IN ZN = ZTh
IN
b

Figura 5.31 – Esquema para o cálculo da corrente Figura 5.32 – Circuito de Norton para
de Norton por divisor de corrente. o Circuito da Figura 5.28.

5.4 − Teorema da Superposição

O teorema da Superposição é um interessante teorema de Circuitos Elétricos, que permite considerar


separadamente os efeitos de cada uma das fontes de energia, sem a necessidade de resolver um sistema
de equações lineares simultâneas. Para este procedimento, mantem-se uma fonte e remove-se as outras,
desativando-se as fontes de tensão, substituindo-as por curtos-circuitos, assim como as fontes de
corrente, substituindo-as por circuitos abertos. Assim, para obter a tensão ou a corrente de uma parte
do circuito, adicionamos algebricamente as contribuições de cada uma das fontes.
Na Figura 5.33, temos um exemplo de circuito a
com duas fontes, V1 e V2. A corrente na carga RL é R1 R2
calculada pelo Teorema da Superposição, em (5.14),
V1 RL IL V2
onde IL,V1 é a corrente devido ao efeito somente da tensão
V1 e a corrente IL,V2 é a corrente devido ao efeito somente
da tensão V2.
b
Figura 5.33 – Cálculo da corrente no resistor
IL = IL,V1 + IL,V2 (5.14) RL pelo Teorema da Superposição.

Cálculo de IL,V1: considera-se somente a atuação da fonte de tensão V1. A fonte V2 é desativada (substituída
por um curto-circuito), como mostra a Figura 5.34.

Figura 5.34 – Cálculo da corrente IL,V1 – circuito equivalente para esta condição.

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A corrente da fonte V1 para esta situação é IT,V1, encontrada conhecendo-se a resistência equivalente,
Req(V1). Esta resistência é, em (5.15), a associação de R1 em série com a associação de RL e R2 em paralelo,
RL2. A corrente IT,V1 é calculada por (5.16).

Req(V1) = R1 + (RL // R2) = R1 + RL2 (5.15)

V1
IT,V1 = (5.16)
R 1 + R L2

Por divisor de corrente no ponto X, encontra-se IL,V1, em (5.17). O cálculo de IL,V2 seque o mesmo
raciocínio, ou seja, ela é devida somente à atuação da fonte V2. Logo, a fonte V1 deve ser desativada.

IT,V1 × R 2
IL,V1 = (5.17)
R L +R 2

Exemplo 5.19 (BOYLESTAD, 2012) – Determinar a corrente IT no circuito da Figura 5.35, através do
teorema da Superposição, onde E1 = 10 V00 e E2 = 5 V00.

IT IE1 IT,E1
Z1 Z3
Z2
E1 E2 E1 10 00

Figura 5.35 – Circuito do Exemplo 5.10. Figura 5.36 – Circuito para o cálculo de IT,E1.

Solução: pelo teorema da Superposição, a solução é: IT = IT,E1 + IT,E2.

Cálculo de IT,E1, devido ao efeito da fonte E1

Desativa-se a fonte E2 e obtém-se a corrente IT,E1, a qual ocorre com a contribuição da fonte E1
somente. A Figura 5.36 mostra o circuito equivalente para esta situação, onde os blocos representam os
seus parâmetros: Z1 = j4 ohms, Z2 = j4 ohms e Z3 = − j3 ohms.
O efeito da fonte de tensão E1 é calculada inicialmente pela sua corrente, IE1:

𝐸1
𝐼𝐸1 =
𝑍1 + 𝑍23

Nesta equação, Z23 é a impedância equivalente da associação em paralelo de Z2 e Z3:

Assim, a impedância equivalente para o circuito da Figura 5.36, 𝑍123 , é encontrada por:

𝑍123 = 𝑍1 + 𝑍23 = 𝑗4 + (−𝑗12) = −𝑗8 → 𝑍123 = 8  − 0

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A corrente IE1 é:

Aplicando-se a regra do divisor de corrente ao circuito da Figura 5.36, encontra-se:

𝐼𝐸1 × 𝑍3
𝐼𝑇,𝐸1 =
𝑍2 + 𝑍3

Logo, 𝑰𝑻,𝑬𝟏 = 3,75 𝐴 − 900 .

Cálculo de IT,E2, devido ao efeito da fonte E2

Desativando-se a fonte de tensão E1, obtém-se


IT,E2
somente a contribuição da fonte E2, para a corrente IT,E2.
A corrente da fonte, IE2, é encontrada por:

5 00 E2

IE2
Onde Z12 = Z1 // Z2 = j4 // j4 = j2.
Figura 5.37 – Circuito para o cálculo de IT,E2.

𝐼𝐸2
Como Z1 e Z2 são iguais, a corrente IT,E2 é a metade da corrente IE2. Logo, 𝐼𝑇,𝐸2 = = 2,5 𝐴  900 .
2
A corrente resultante na impedância Z2 é IT = IT,E1 + IT,E2, lembrando que estas correntes têm sentidos
opostos. Logo, tendo 𝐼𝑇,𝐸1 = 3,75 𝐴 − 900 e 𝐼𝑇,𝐸2 = 2,5 𝐴 900, teremos:
IT = 3,75 −900 + (− 2,5 900) = 6,25 A −900.

Exemplo 5.20 (BOYLESTAD, 2012) – Determinar as componentes contínua e alternada na tensão v3(t) no
circuito da Figura 5.38, pelo teorema da Superposição.

v3(t)

Figura 5.38 – Circuito do Exemplo 5.11, com fontes CC e CA.

A tensão no resistor R3 contém as componentes DC (devido à fonte E1) e AC, devido à fonte alternada
E2. Esta tensão é então representada por (5.18).

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110
v3 = V3 DC + v3 AC (5.18)

Por superposição, teremos, em (5.19):

v3 = v3,E1 + v3,E2 (5.19)

Componente contínua de v3(t) − Em (5.18), V3 DC equivale à v3,E1 em (5.19), quando somente a fonte contínua
E1 está atuando – veja a Figura 5.39. Nesta situação, o capacitor é um circuito aberto e a bobina é um curto-
circuito ( = 0 rad/s, para um sinal contínuo).

Efeito da fonte E1: v3,E1 E1 = + 12 V


Efeito da fonte E1: V3,E1

→ Desativamos E2

→ O capacitor C1 é +
um circuito aberto C1 v33,E1
_
→ O indutor L1 é
um curto-circuito

Figura 5.39 – Circuito do Exemplo 5.11, com fontes CC e CA.

IT

Figura 5.40 – Redução do circuito da Figura 5.38 para o cálculo de v 3,E1.

A corrente total, devido à fonte E1 é calculada pela Lei de Ohm:

IT = 12 / (1k + 0,5k//3k) = 8,4 mA

A tensão v3,E1 é a tensão Vx, encontrada por

v3,E1 = E1 − (IT × R2) = 12 V − (8,4 mA × 1k) = 3,6 V

O componente AC de v3 (v3,E2) é encontrado desativando-se a fonte E1 (E1 = 0 V), resultando no


circuito da Figura 5.41a, alimentado somente com a fonte alternada E2. Este circuito é redesenhado em na
Figura 5.41b em blocos de impedâncias, definidas por:

Z1 = 0,5 k 00
Z2 = R2 00 // XC  −900 = 1 k 00 // 10 k  −900 → Z2 = 0,995 k  − 5,710
Z3 = R3 + jXL = 3 k + j2 k → Z3 = 3,61 k  33,690

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111
Z1 Z3
IS I3 I3
v3,E2
IS
Z2 vv3,E2
3,E2

ZT

(a) (b)
Figura 5.41 – (a) Redução do circuito da Figura 5.38: cálculo de v3,E2
com E1 = 0 e (b) sua representação em blocos de impedâncias.

A impedância vista pela fonte E2 é ZT = Z1 + Z2//Z3

ZT = Z1 + (Z2//Z3) = 0,5 k + (0,995 k  − 5,710 // 3,61 k  33,690) = 1,31 k  1,570


Corrente da fonte: IS = E2/ZT → (4V 00) / (1,31 k  1,570) = 3,1 mA  − 1,570
Pela regra do divisor de corrente: I3 = (Z2  IS)/ (Z2 + Z3).
Substituindo-se os parâmetros, obtém-se I3 = 0,69 mA  − 32,740.

Cálculo de v3,E2: v3,E2 = (I3)(R300) = (0,69 mA  − 32,740) × (3 k  00) = 2,1 V  − 32,740.

Finalizando este exemplo, a tensão v3, obtida por v3 = v3,E1 + v3,E2, será escrita no domínio do tempo,
como em (5.20), onde o valor máximo de v3,E2 é encontrado por v3,E2 max = 2,1  √2 = 2,97 V.

v3 = 3,6 + 2,97 sen (t – 32,740) (5.20)

5.5 − Teorema da máxima transferência de potência

A Figura 5.42 mostra o modelo de Thévenin para uma fonte CA, utilizado no estudo do teorema da
máxima transferência de potência. Segundo este teorema, a potência fornecida por uma fonte CA a uma
carga é máxima quando a impedância da carga é o conjugado da impedância de Thévenin entre os
terminais da fonte (BOYLESTAD, 2012).

Impedância
da fonte
I
a
ZTh Th_Z
VTh = VTh VTh Impedância = ZL L
da carga
Fonte CA
b

Figura 5.42 – Modelo de Thévenin para uma fonte CA alimentando uma carga (BOYLESTAD, 2012).

Isto significa que 𝑍𝐿 = 𝑍𝑇ℎ e que 𝐿 =  𝑇ℎ_𝑧 . Sendo ZTh = RTh  jXTh e ZL = RL  jXL, podemos
escrever, para este teorema, RL = RTh e  j XL = ∓ jXTh, representadas Fasorialmente na Figura 5.43a.
Denominando RTh e RL de R, e XTh e XL de X, temos o circuito da Figura 5.42 redesenhado na Figura
5.43b, onde a impedância total será, após o seu cálculo, dada por (5.21).

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112
R  jX
*
ZTh ZTh
RL = RTh = R ZT

~

VTh = VTh VTh ZL = R ∓ jX
0 − Fonte CA Imax

Z L = ZTh*

(a) (b)
Figura 5.43 – (a) Fasores das impedâncias de Thévenin e da carga para a máxima transferência de potência
em CA. (b) Circuito com as impedâncias de Thévenin e da carga para a máxima potência em Z L.

ZT = ZTh + ZL = (R  jX) + (R ∓ jX) → ZT = 2R (5.21)

A corrente neste circuito será máxima, dada por Imax = VTh/(2R).

Potência máxima na carga

2
A potência na carga será máxima para ZT = 2R, obtida por 𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑅 × 𝐼𝑚𝑎𝑥 . Podemos escrever,
então, em (5.22):

𝑉 2 𝑉𝑇ℎ 2
𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑅 × 𝐼2𝑚𝑎𝑥 = 𝑅 × ( 2𝑅
𝑇ℎ
) → 𝑃𝑚𝑎𝑥 = (5.22)
4𝑅

Exemplo 5.21 (BOYLESTAD, 2012)


a
Determine a impedância da carga no circuito da
Figura 5.44, para que a potência na mesma seja máxima.
Calcule o valor dessa potência. Fonte: E = 9 V00. Z1
E

Solução: Z2
A partir dos blocos de Z1 e Z2, determina-se a impedância
b
ZTh, vista dos terminais a e b. O cálculo de ZTh é verificado
graficamente na Figura 5.45a. Figura 5.44 – Circuito do Exemplo 5.12
(BOYLESTAD, 2012).

a a

ZTh VTh

b b
(a) (b)
Figura 5.45 – Circuito do Exemplo 5.12: determinação de ZTh.

Tendo Z1 = 6 – j8  e Z2 = + j8 , a impedância ZTh, vista dos terminais a e b é encontrada por:

𝑍1 × 𝑍2 (10 − 53,130 ) × (8 900 )


𝑍𝑇ℎ = =
𝑍1 + 𝑍2 6 − 𝑗8 + 𝑗8

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113
= 13,33   36,870 → ZTh = 10,66 + j8 ohms

A tensão VTh, tensão de circuito aberto nos terminais a e b (ver a Figura 5.45b) é a tensão na
impedância Z2, obtida pela regra do divisor de tensão. Assim, VTh = (Z2  E)/(Z1 + Z2).

𝑍2 × 𝐸 (8 900 ) × (9 00 )
𝑉𝑇ℎ = =
𝑍1 + 𝑍2 6 − 𝑗8 + 𝑗8

(72 900 )
= → 𝑉𝑇ℎ = 12 𝑉 900
6 00

Para a máxima transferência de potência da fonte VTh para a carga ZL, a sua impedância deve ser

igual ao complexo conjugado de ZTh. Logo, 𝑍𝐿 = 𝑍𝑇ℎ .

𝑍𝐿 = 13,33   − 36,870 → ZL = 10,66 − j8 ohms.

𝑉𝑇ℎ 2 122
A potência máxima na carga será: 𝑃𝑚𝑎𝑥 = 4𝑅
= 4(10,66) = 3,38 𝑊

Exemplo 5.22 – Simulação do circuito de Thévenin do


exemplo 5.12 (Figura 5.46 – Software PSpice) para a
situação de máxima transferência de potência. Verifica-se a
variação da carga resistiva e de sua potência máxima, através
da curva PL  RL. Com a ferramenta PARAMETERS deste
simulador, configura-se a variação em RL (de 0,1 a 30 ohms),
como mostra a Figura 5.47, através do menu Analysis setup
>> DC Sweep. O resultado da simulação é apresentado na
Figura 5.48, com destaque para o ponto de potência máxima
Figura 5.46 – Circuito do Exemplo 5.12.
no resistor RL.

Figura 5.47 – Configuração da faixa de variação da carga, resistiva (RL).

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114
PL (W)
5.0W

(10,66 , 3,38 W)
PLmax

2.5W

0W
0 10 20 30
V(VL) * I(RL) RL_val RL (ohms)

Figura 5.48 – Curva PL  RL para o circuito da Figura 5.46, obtida em simulação.

EF - Exercícios de Fixação Série 12

EF 5.5 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Qual é a impedância de Thévenin vista a partir dos terminais
a e b do circuito da Figura 5.49?

Figura 5.49.

a. ( ) 5 ohms b. ( ) 13 – j2 ohms c. ( ) 15 ohms d. ( ) 20 + j 15 ohms

EF 5.6 (ALEXANDER e SADIKU, 2013) – Para o


circuito da Figura 5.50, a corrente de curto-circuito
nos terminais a e b é dada por, aproximadamente:

a. ( ) 2,71 A
b. ( ) 5,43 A
c. ( ) 10,86 A
d. ( ) 16,29 A
Figura 5.50.

EF 5.7 – No circuito da Figura 5,51, V1 representa o valor eficaz da tensão de uma rede CA, senoidal. A
carga ZL, nos terminais a e b, é um potenciômetro, ajustado inicialmente em 5 ohms. O que ocorre com a
corrente eficaz nesta carga, se ela for alterada de 5 para 10 ohms?

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115
Figura 5.51.

a. ( ) Aumenta 20 % b. ( ) Dobra de valor c. ( ) Diminui 20 % d. ( ) Cai para a metade

EF 5.8 – Aos terminais a e b do circuito da Figura 5.52, foi conectado uma carga resistiva, variável, ajustada
em 6 ohms. A sua corrente, medida pelo instrumento XMM1 no esquema, é de 2,3 A eficazes, com ângulo
de – 61,07 graus. Encontre, dentre as opções a seguir, a que fornece respectivamente os valores RMS da
tensão de circuito aberto nos terminais a e b (com RL = 0) e da corrente de curto-circuito em RL.

Figura 5.52.

a. ( ) 10,55 V; 2,7 A b. ( ) 13,22 V; 3,3 A c. ( ) 31,64 V; 4 A d. ( ) 20,55 V; 4 A

EF 5.9 – Utilizado o teorema da superposição, calcular o valor RMS da corrente no resistor de 4 ohms
do circuito da Figura 5? O valor encontrado é:

Figura 5.53.

a. ( ) 1,74 A b. ( ) 2,5 A c. ( ) 3,32 A d. ( ) 5,91 A

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116
EF 5.10 (O'MALLEY, 2014) – Para o circuito da Figura 5.54, qual é o valor da impedância ZL que absorve
a máxima potência da fonte de 240 Vef? Qual é esta potência máxima?

( ) 8,45 + j0,41; ( ) 5,84 + j0,89; ( ) 4,5 + j2,5; ( ) 3,45 + j1,2;


1,67 kW 1,67 kW 1,67 kW 1,67 kW

~ 240 V 30o

Figura 5.54 –Figura


Circuito
1. do EF 5.10.

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117
Capítulo
6 CIRCUITOS TRIFÁSICOS

Capítulo 6 – Circuitos trifásicos


6.1 – Introdução

A geração, a transmissão e a utilização em grande escala de energia elétrica CA envolve, quase


invariavelmente, um tipo de sistema ou circuito denominado sistema ou circuito polifásico.
Um sistema trifásico (3𝜙) emprega fontes de tensão que consistem geralmente em três tensões
basicamente iguais em módulo e deslocadas entre si por ângulos de fase de 120°. Como possui importantes
vantagens econômicas e operacionais, o sistema trifásico é de longe o mais comum.
A Figura 6.1 mostra um gerador trifásico nas conexões estrela (Y) e triângulo (), com as fases
denominadas de a, b e c (denominadas também por R, S e T). Na ligação estrela pode ser utilizado um fio a
mais, o neutro (n). Quanto aos níveis de tensão, entre quaisquer das fases tem-se a tensão eficaz de 220 V, por
exemplo e, entre qualquer fase e o neutro a tensão eficaz de 127 V (monofásica, obtida pela divisão da tensão
fase-fase por raiz de 3).

Ia
a
Ia
a a
Va Vca Vab Iba
n Vca Vab Ib
Vc Vb Iac b
b
Ib
b Vbc Ic
Icb
Vbc c c
Ic
c
Figura 6.1 – Conexões em estrela e em triângulo, para um gerador trifásico (FITZGERALD e KINGLSEY, 2014).

Os sistemas trifásicos apresentam vantagens, como:


1) a potência, entre motores e geradores elétricos de mesmo tamanho, é maior nos geradores trifásicos do que nos
geradores CA monofásicos e nos geradores CC (maior densidade de potência);
2) as linhas de transmissão (LT) trifásicas transportam o triplo de potência ativa do que as LT monofásicas, para o
mesmo nível de tensão. Portanto, utilizam menor quantidade de cobre e alumínio para fornecer a mesma potência que
um sistema monofásico;
3) apresentam maior flexibilidade de uso que os sistemas CC e outros sistemas CA polifásicos – mais níveis de tensão
disponíveis, podendo ser utilizadas para a alimentação de cargas monofásicas;
4) os motores trifásicos produzem um torque constante, sendo por isso menos sujeitos à vibrações, ao contrário do
que ocorre com os motores monofásicos;
5) o sistema trifásico constitui a forma mais eficiente de distribuição de energia elétrica a longas distâncias e garante
maior eficiência na alimentação de grandes equipamentos industriais.

6.2 – Geração de tensões trifásicas

Um gerador CA projetado para desenvolver uma única tensão senoidal para cada rotação do eixo
(rotor) é denominado gerador CA monofásico.
Se forem usados três enrolamento no rotor, posicionados de uma determinada maneira, o resultado
será um gerador trifásico, que gera mais de uma tensão CA para cada volta completa do rotor. As Figuras
Circuitos Elétricos em CA CEFET-MG - Edição 2021
118
6.2a e 6.2b mostram, respectivamente, um gerador trifásico e suas bobinas, defasadas de 120 graus umas
das outras. Se conectadas com o ponto neutro (N) em comum, tem-se a ligação Y (Figura 6.3).

(a) (b)
Figura 6.2 – (a) Gerador trifásico e (b) suas bobinas, defasadas entre si de 120 (BOYLESTAD, 2012).
0

6.3 − Notação de duplo índice nos sistemas trifásicos a1

c2
a2
Em Circuitos Elétricos, a notação de duplo índice inferior
n 
(subscrito) mostra que o primeiro índice inferior correspondente ao
ponto de maior potencial. Exemplo: para a tensão VAB (veja a Figura c1
6.4) o ponto A (1º índice) possui potencial elétrico maior que o ponto neutro
B (2º índice).
Nos sistemas trifásicos a notação de duplo índice é muito útil b2 b1

para indicar, entre dois pontos de um circuito, a referência tomada Figura 6.3 – Gerador CA trifásico –
para a tensão elétrica e também o caminho da corrente elétrica. conexão em estrela (Y).

IAN = IA
A

VAB VAN ZA

N ZC
N
B ZB

C
Figura 6.4 – Notação de duplo índice em uma conexão trifásica em Y.

Por exemplo, na Figura 6.4:


VAN indica a tensão no ponto A (fase A) em relação ao ponto N (neutro, referência do circuito);
IAN indica a corrente que flui do ponto A para o ponto N.
Mas estas grandezas poderiam ser escritas com apenas um subscrito. Em que situação? Se o terminal
de neutro estiver conectado ao de terra (GND, de ground), o seu potencial é nulo. Se o neutro constitui o
segundo subscrito para a tensão ou corrente, então na Figura 6.4 a tensão VAN poderá ser escrita como VA
e a corrente IAN apenas como IA.

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119
6.4 − Sequência de fase

Em um sistema trifásico o que significa a sequência de fase? Este termo indica a ordem com que as
tensões de fase passam, por exemplo, pelo valor máximo. Na Figura 6.5a a sequência de fases é abc, pois
temos o valor máximo destas tensões de fase na ordem abc: primeiro, a tensão van, em seguida vbn e após
esta, vcn. A Figura 6.5b mostra a representação fasorial destas formas de onda.

vcn
van vbn vcn
 rad/s

van

vbn
(a) (b)
Figura 6.5 – (a) Sequência de fase abc (direta ou positiva). (b) Representação fasorial.

Como se verifica nesta figura, a sequência de fase abc é determinada pela ordem na qual os fasores que
representam as tensões de fase passam por um ponto fixo do diagrama fasorial quando se faz girar todo o
diagrama no sentido anti-horário. Esta sequência é denominada direta ou positiva.
Ocorrendo uma alteração na sequência abc, de modo que tenhamos uma sequência acb, por exemplo,
podemos denominá-la de sequência de fase inversa ou indireta ou negativa.

A sequência de fases é importante, pois determina, por exemplo,


o sentido de rotação de um motor conectado à rede elétrica.

Embora a sequência de fases de uma instalação trifásica não pareça ter importância, é fundamental que
seja sempre mantida com relação ao seu projeto. Por exemplo, se necessitamos interligar duas redes trifásicas, é
imprescindível que a sequência de fases em ambas seja a mesma.
A sequência de fases ocorre também na operação de um motor elétrico. Em uma sequência pré-
estabelecida, o motor gira no sentido horário (p. ex., sequência abc). Invertendo-se a sequência de fases (no caso
é feita entre duas fases), o sentido de rotação do motor se inverte. Por fim, a inversão do sentido da sequência
de fases pode indicar uma falha em um sistema elétrico, detectada por um relé eletrônico de sequência de fases.
Este relé é um dispositivo destinado à proteção de sistemas trifásicos contra inversão da sequência direta das
fases (R−S−T), sendo conectado diretamente à rede elétrica trifásica a ser monitorada.

6.5 − Grandezas de linha e de fase

A tensão de linha em um sistema trifásico é aquela que ocorre entre duas fases, sendo utilizada, na sua
identificação, a notação de duplo índice subscrito ou de um único índice. Assim, escrevemos:

VL (tensão de linha) = VFF (tensão fase-fase)

Para um sistema monofásico como o da Figura 6.6, a tensão de linha é a tensão entre as fases 1 e 2 do
secundário do transformador com tap central (neste circuito, em 220 V RMS). A tensão de fase é a tensão entre
cada fase com o neutro (vfase 1-neutro e vfase 2-neutro, indicadas por vs), no valor de 110 V RMS.

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120
2:1 Fase 1

110 V
VFF = VL
neutro
= 220 V
110 V

Fase 2
Figura 6.6 – Tensões de fase e de linha em um transformador com tap central.

Para um sistema trifásico em Y (Figura 6.7), a IL = IF


tensão de linha é a tensão entre as fases R e S (VRS), R R
e T (VRT) ou S e T (VST). A tensão de fase é a tensão
entre qualquer terminal de fase e o terminal de neutro.
Temos, nesta figura, as tensões de fase VRN, VSN e VTN.
VL = VFF VRN = VF ZR

N
6.5.1− Relação entre parâmetros de linha e de fase N

No sistema trifásico, a relação entre os valores S ZS ZT


fase-fase (ou de linha) e de fase (ou fase-neutro, para a
conexão estrela a 4 fios) para tensão e corrente é
T
determinada pelo fator √3. Este fator é deduzido da
Figura 6.7 – Tensões de fase e de linha em uma
representação fasorial destas grandezas trifásicas.
conexão trifásica em Y (estrela).

Cálculo do módulo da tensão de linha ou tensão fase-fase

Na Figura 6.8a estão apresentadas, por exemplo, tensões de fase de mesmo módulo, defasadas entre
si de 120 graus. Inicialmente obteremos a tensão de linha fasorialmente, através da resultante de duas
tensões de fase. Para obter a tensão de linha vbc, por exemplo, basta aplicar a regra do paralelogramo aos
fasores Vbn e Vcn.

Vbc

Vcn Vcn − Vbn


 rad/s  rad/s

1200

1200 Van Van


1200

Vbn Vbn
(a) (b)
Figura 6.8 – Soma fasorial das tensões de fase Vbn e Vcn para se obter a tensão de linha Vbc.

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121
A tensão Vbc é obtida fasorialmente por (6.1) e representada na Figura 6.8b. Nota: podemos escrever
Vbn e Vcn como Vb e Vc (o neutro é a referência comum). O fasor – Vcn em (6.1) é obtido facilmente: basta
desenhar o mesmo com defasamento de 180 graus.

→ → → → → → →
𝑉𝑏𝑐 = 𝑉𝑏 − 𝑉𝑐 = 𝑉bn − 𝑉cn = 𝑉bn + (−𝑉cn ) (6.1)

Como sabemos, da interação entre duas tensões de fase resulta uma tensão fase-fase ou de linha, cujo
módulo é calculado através da aplicação da Lei dos Cossenos. Veremos o resultado deste cálculo no
Exemplo 6.1.

Exemplo 6.1 – Seja o diagrama fasorial da Figura 6.9, onde se destaca a soma fasorial 𝑽𝒂𝒃 = 𝑽𝒂𝒏 − 𝑽𝒃𝒏 .

Figura 6.9 – Diagrama fasorial de um sistema 3𝜙: tensão de linha Vab,


obtida fasorialmente através das tensões de fase Van e Vbn.

Para o cálculo do módulo da tensão de linha vab, encontra-se o fasor resultante das duas tensões de
fase que o compõe, os fasores 𝑽𝒂𝒏 e 𝑽𝒃𝒏 . A equação fasorial de 𝑽𝒂𝒃 é vista em (6.2).

→ → → → →
Vab = Van − Vbn = Van + ( − Vbn ) (6.2)

Na Figura 6.8, 𝑽𝒂𝒏 (lado superior do paralelogramo) e − 𝑽𝒃𝒏 formam um ângulo de 120 graus. Para
calcular o módulo da tensão resultante 𝑽𝒂𝒃 (diagonal do paralelogramo), aplica-se a Lei dos Cossenos,
fazendo os lados do triângulo Van e Vbn iguais a VF, o que permite obter (6.3).

2
𝑉ab 2
= Van 2
+ Vbn − 2.Van . 𝑉bn . cosα → Vab
2
= V𝐹2 + V𝐹2 − 2(V𝐹 )(𝑉𝐹 ).cos1200

𝑉𝐿2 = V𝐹2 + V𝐹2 − 2V𝐹 (𝑉𝐹 )(−0,5) → V𝐿2 = V𝐹2 + V𝐹2 + V𝐹2 = 3V𝐹2

𝑉𝐿 = √3.V𝐹 (6.3)

Assim, a tensão VF é igual à tensão VL dividida por raiz de 3 e não por 2, como ocorre, por exemplo
no secundário de um transformador com tap central (Figura 6.6), onde a bobina do secundário é dividida
ao meio pela ligação de um fio com a função de neutro. A tensão do secundário, p. ex., 220 V RMS, é
obtido pela soma escalar 110 V RMS + 110 V RMS, pois as senoides (identificadas por vs) se encontram
em fase.

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122
Para correntes trifásicas em um sistema equilibrado e defasadas de 120 graus, a corrente de linha será
dará por (6.4), válida para a conexão triângulo, que será estudada na sequência. A Tabela 6.1 sintetiza as
relações entre os valores de linha e de fase para as tensões e correntes nas conexões Y e .

𝐼𝐿 = √3.I𝐹 (6.4)

Tabela 6.1 – Relações entre as correntes de linha e de fase nas conexões Y e .

Tipo de conexão Tensões Correntes

Estrela (Y) Tensão de fase: VF Corrente de fase: IF

IL = IF É a tensão em cada bobina ou É a corrente que circula em


impedância da conexão estrela. cada bobina da fonte CA ou
A Com o fio de neutro, é impedância da conexão Y.
denominada de VFN (tensão
VFN ZF fase-neutro) Corrente de linha: IL
VAC = VL
N
Tensão fase-fase: VFF É igual à corrente de fase − está
ZF ZF ou tensão de linha (VL) no mesmo caminho da fonte
B
CA para a carga.
C 𝑉𝐿 = √3 𝑉𝐹
Figura 6.10. 𝐼𝐿 = 𝐼𝐹

Triângulo () Tensão de fase: VF Corrente de fase: IF

IL Tensão presente em cada Corrente que circula em cada


A
IF = IAC ... bobina (da fonte CA) ou em bobina (da fonte CA) ou em
cada impedância por fase da cada impedância por fase da
_ conexão . conexão .
+
VCA
VAB Correntes
De Linha Não existe o fio de neutro nesta
VF VF Corrente de linha:
_ conexão.
+
IF = IBA É a soma fasorial das correntes
VF IL
_
+ Tensão fase-fase: VFF de fase, em cada vértice do .
C ... Para o nó A da Figura 6.11:
VBC B IL
IF = ICB Ou tensão de linha, é igual à
... tensão de fase IBA = IAC + IL

Figura 6.11. 𝑉𝐿 = 𝑉𝐹 𝐼𝐿 = √3 𝐼𝐹

EF - Exercícios de Fixação Série 13

EF 6.1 (GUSSOW, 2009) – Uma carga trifásica é composta pela conexão em  de três ramos, os quais são
formados pela associação série de um resistor R de 16 ohms e de uma reatância indutiva de 12 ohms. Esta
carga é alimentada por um gerador 3𝜙 de 220 Vef, também conectado em  (sequência de fase ABC).

a) Desenhar o esquema deste sistema .


b) Qual é a impedância por fase nesta carga, na forma polar? Resp.: ZF = 20  36,870.
c) Encontre a corrente de fase na carga. Resp.: IF = 11 A.
d) Calcular a corrente de linha deste sistema. Resp.: IL = 19,05 A.

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123
EF 6.2 – Seja o sistema 3𝜙 da Figura 6.12. As carga 1 e 2 são motores de indução trifásicos (MIT),
conectado em Y e em , respectivamente. São indicadas as suas impedâncias por fase, ZF1 e ZF2. Calcular
a corrente a ser indicada no amperímetro A1 (corrente de linha do MIT1, ILM1).

VL = 220 VRMS, 60 Hz
R
S

IL M1 = ?
A1 A2 IL M2 = ? R
1

VL VFN 1 6
ZF1

N 4 ZF2 ZF2
ZF1 4 3
5 6
ZF1 3 ZF2
2
2 5
T S

Carga 1: MIT ligado em .


Carga 1: MIT ligado em Y. ZF1 = 0,01 + j 10 . ZF2 = 0,02 + j 22 
Figura 6.12 – Sistema trifásico com dois motores de indução trifásicos alimentados em Y e em .

EF 6.3 – Considerando-se ainda o sistema da Figura 6.12, qual será o valor da corrente de fase do motor
conectado em ? E qual será o valor de sua corrente de linha, a ser indicado no amperímetro A2?

6.6 − Cargas equilibradas em estrela

Nesta seção será apresentada a conexão de uma carga trifásica equilibrada em estrela. O termo
equilíbrio, que será também utilizado para cargas conectadas em triângulo, se deve a dois parâmetros:
- parâmetro impedância: neste caso, uma carga equilibrada possui impedâncias iguais por fase;
- parâmetro tensão de alimentação: as tensões trifásicas são iguais e simétricas, mantendo entre si o
defasamento de 120 graus.
Uma carga equilibrada em estrela pode ser alimentada por um gerador trifásico ligado em estrela ou
em triângulo.

6.6.1 − Conexão YY

Esta conexão, com o gerador e a carga ligados em Y (estrela) é apresentada na Figura 6.13, também
denominada de sistema YY de quatro fios (presença do neutro).
Nesta conexão em YY:
- as impedâncias da carga serão denominadas de ZF;
- as correntes de linha são iguais às correntes de fase, tanto no gerador CA 3𝜙 (trifásico) como na
carga. Logo, podemos escrever:

IL = IF (6.5)

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124
A IL = IAa a Carga
Gerador CA equilibrada
3 em Y em Y
+
IA VAN ZA IF = Ian
_ VAB = VL
IC N n
IB
IL = IBb
+ VCN VBN
C + ZB ZC c
B IL = ICc b

IN = In

Figura 6.13 – Sistema YY de quatro fios – carga equilibrada em Y.

- as tensões de cada fase do gerador são as mesmas para cada fase correspondente da carga, devido
à conexão comum do neutro (nós N e n do circuito) e dos nós A-a, B-b e C-c. Assim, temos as tensões de
fase deste sistema:

VAN = Van (6.6)

VBN = Vbn (6.7)

VCN = Vcn (6.8)

- Para a carga equilibrada em estrela, a corrente no condutor (IN) é nula, o que será demonstrado mais
à frente em um exemplo resolvido. Aplicando-se a LKC para o nó N deste circuito, obteremos (6.9).

IN = IAa + IBb + ICc = 0 (6.9)

Exemplo 6.2 – Para o sistema 3 YY equilibrado da Figura 6.14, onde:


- a sequência de fase é ABC, ou seja, a tensão VBN está atrasada de 1200 de VAN e VCN 120 graus de VBN;
- as impedâncias de fase são iguais a ZF = 3 + j4 ohms.
a) Calcular as correntes de linha.
b) Mostrar que a corrente no condutor de NEUTRO é igual a zero.

A a
Gerador CA Carga
IL = IAa equilibrada
em Y
VAN 127V00 ZF

127V3 N n
127V2
IL = IBb
VCN VBN
C ZF ZF c
B IL = ICc b

IN = In

Figura 6.14 – Circuito do Exemplo 6.2.

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125
Solução:

a) Para uma sequência de fase ABC, temos o diagrama fasorial da Figura 6.15, onde os ângulos de fase são:

2 = − 1200 e 3 = − 2400 ou ainda, + 1200.

VCN = 127 V +1200

1200
1200 VAN = 127 V 00
1200

VBN = 127 V −1200


Figura 6.15 – Diagrama fasorial das tensões de fase, na sequência ABC.

As correntes de linha são iguais às correntes de fase, tanto nas bobinas do gerador CA quanto nas
impedâncias da carga, pois a conexão é YY. A única diferença entre elas é com relação ao ângulo de fase.
Como a carga é equilibrada, teremos, em cada fase:

𝑉𝑎𝑛 12700 12700


Corrente de linha IAa 𝐼𝐴𝑎 = 𝐼𝐿 = = = = 25,4 𝐴 −53,130
𝑍𝐹 3 + 𝑗4 553,130

𝑉𝑏𝑛 127−1200
Corrente de linha IBb 𝐼𝐵𝑏 = 𝐼𝐿 = = = 25,4 𝐴 −173,130
𝑍𝐹 553,130

𝑉𝑐𝑛 1271200
Corrente de linha ICc 𝐼𝐶𝑐 = 𝐼𝐿 = = = 25,4 𝐴 66,870
𝑍𝐹 553,130

b) Para a carga equilibrada em estrela, a corrente IN deve ser nula. Escrevendo estas correntes na forma
retangular, obtém-se a Tabela 6.2 (ver a 2ª. coluna).

Tabela 6.2 – Correntes de linha – circuito da Figura 6.13.


𝐼𝐴𝑎 = 25,4𝐴 −53,130 𝐼𝐴𝑎 =15,24 − j 20,32

𝐼𝐵𝑏 = 25,4𝐴 −173,130 𝐼𝐵𝑏 = −25,22 − j 3,04

𝐼𝐶𝑐 = 25,4𝐴 66,870 𝐼𝐶𝑐 = 9,98 + j 23,36

Aplicando-se a LKC ao nó n:

IN = IAa + IBb + ICc = 0 → ∑(𝐼𝐴𝑎 + 𝐼𝐴𝑎 + 𝐼𝐴𝑎 ) = 0,03 + j 0  0.

Logo, a corrente IN de fato é igual a zero, como era de se esperar. Ela pode ser utilizada como medida
de diagnóstico para a certificação de que o sistema da Figura 6.11 é equilibrado.

6.6.2 − Conexão Y

Nesta conexão, o gerador CA é ligado em triângulo e o circuito tem a configuração mostrada na


Figura 6.16. Um sistema triângulo-estrela equilibrado é formado por uma fonte conectada em triângulo
equilibrada alimentando uma carga conectada em estrela equilibrada (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

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126
Correntes de Linha
A a
Gerador CA Carga
IAa equilibrada
_
+ em Y
VCA Tensão
ZF IF
VAB
VF VF de Linha
_ IF IF
+
IF = IAC IF = IBA n
_ VF IBb
+ ZF ZF
C c
VBC B b
IF = ICB ICc

Figura 6.16 – Sistema Y – gerador CA em  e carga equilibrada em Y.

Nos enrolamentos do gerador CA conectado em , a tensão de linha VL e a tensão de fase VF são


iguais e as correntes de linha IL e de fase IF são diferentes. Podemos escrever, em (6.10) e (6.11):

VL = VF (6.10)

𝐼𝐿 = √3.I𝐹 (6.11)

Exemplo 6.3 – Seja o circuito trifásico da Figura 6.16 (conexão Y), com os parâmetros:
 ZF (impedância de fase) = Zan = Zbn = Zcn = 6 – j8 ohms. Na forma polar, ZF = 10  − 53,130.
 Correntes de linha: IAa = Ian = 2A 00; IBb = Ibn = 2A −1200 e ICc = Icn = 2A +1200.

a) as tensões de cada fase conectada à carga;


b) o diagrama fasorial das tensões e correntes de fase na carga;
c) o módulo das tensões de linha.

Solução:
a) As tensões de fase são obtidas por:
Van = Ian Zan = 2A 00  10  − 53,130 = 20 V − 53,130.
Vbn = Ibn Zbn = 2A −1200  10  − 53,130 = 20 V − 173,130.
Vcn = Icn Zcn = 2A +1200  10  − 53,130 = 20 V + 66,870.

b) O diagrama fasorial das tensões e correntes de fase é apresentado na Figura 6.17.

Vcn = 20V 66,870


Icn = 2A  + 1200

 rad/s
Ian = 2A 00
Vbn = 20V −173,130

Ibn = 2A − 1200

Van = 20V − 53,130


Figura 6.17 – Diagrama fasorial das tensões e correntes de fase na carga, para o sistema Y da Figura 6.16.

c) Tensões de linha (módulo):


Utilizando a relação 𝑉𝐿 = √3 𝑉𝐹 , obteremos 𝑉𝐿 = √3  20 = 34,64 𝑉.

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127
6.6 − Cargas equilibradas em triângulo

Nesta situação, não existe o condutor de neutro na carga. As impedâncias da conexão da carga em
triângulo são iguais e, em cada nó do triângulo há uma soma fasorial de correntes, incluindo uma corrente de
linha que vem da fonte CA de alimentação. Serão apresentadas as conexões em Y e em .

6.6.3 − Conexão Y

Esta conexão é apresentada na Figura 6.17, onde a fonte CA 3𝜙 está conectada em Y e a carga em . As
tensões de fase na carga são iguais às tensões de linha do gerador CA, mesmo no caso de uma carga não é
equilibrada. Por exemplo, a tensão Vca na carga é igual à tensão de linha VCA no gerador. Assim:

VFASE (carga) = VLINHA (gerador)

IAa Correntes
A de Linha a
IAN
Gerador CA + Carga
Ligação em Y _
VAN ~ Vca
+ equilibrada
em 
_ Vab
ZF ZF _
VCN _ _ VBN +
Iac
+ ~ N
~ + _ ZF
Iba

C B ICc c
+ b
ICN IBN Vbc
Icb
IBb

Figura 6.18 – Sistema Y – gerador CA em Y e carga equilibrada em .

As correntes de linha (IL) IAa, IBb e ICc têm um módulo maior que as correntes de fase (IF) em cada
braço da conexão triângulo, calculado por 𝐼𝐿 = √3 𝐼𝐹 .

Cálculo das correntes de fase na carga em 

Supondo positiva a sequência de fase das tensões do gerador (ABC), e adotando a tensão VAN como
referência, podemos escrever: VAN = VF 00; VBN = VF −1200 e VCN = VF +1200.
As tensões de linha do sistema são dadas em (6.12). A partir delas, são calculadas as correntes de
fase na carga, em (6.13), onde Z é a impedância por fase na carga em .

𝑉𝐴𝐵 = √3 𝑉𝐹 300

𝑉𝐵𝐶 = √3 𝑉𝐹 − 900 (6.12)

𝑉𝐶𝐴 = √3 𝑉𝐹 − 1500

𝑉𝐴𝐵 𝑉𝐵𝐶 𝑉𝐶𝐴


𝐼𝑏𝑎 = 𝐼𝑐𝑏 = 𝐼𝑎𝑐 = (6.13)
𝑍∆ 𝑍∆ 𝑍∆

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128
Cálculo das correntes de linha

As correntes de linha IAa, IBb e ICc da IA Correntes


conexão Y (Figura 6.18) podem ser de Linha a
A
calculadas fasorialmente, com a aplicação da Iba
LKC aos nós a, b e c da carga, ligada em
triângulo. Na Figura 6.19 é apresentada Vca Vab
somente a conexão , onde estas correntes Z Z
foram renomeadas por IA, IB e IC. Iac
IC
Z
Estas correntes são em (6.14): C b
c Vbc
IB Icb
IA = Iac − Iba
IB = Iba − Icb (6.14) B

IC = Icb − Iac Figura 6.19 – Sistema Y: correntes de linha IA, IB e IC.

Exemplo 6.4 (EDMINISTER, 1991) – Seja uma carga equilibrada ligada em , como na Figura 6.18, cujas
impedâncias por fase são Z = 20  450. As tensões de linha são: VAB = 100 V 1200, VBC = 100 V 00
e VCA = 100 V 2400. Quais são as correntes de linha deste sistema, IA, IB e IC?

Solução: as correntes de fase são calculadas por:

𝑉𝐴𝐵 100 V 1200


𝐼𝑏𝑎 = = = 5A 750
𝑍∆ 20  450

𝑉𝐵𝐶 100 V 00


𝐼𝑐𝑏 = = = 5A −450
𝑍∆ 20  450

𝑉𝐶𝐴 100 V 2400


𝐼𝑎𝑐 = = = 5A 1950
𝑍∆ 20  450

Cálculo das correntes de linha, a partir das correntes de fase na carga em :

IA = Iac − Iba = 5A 1950 − 5A 750 = 8,66A −1350


IB = Iba − Icb = 5A 750 − 5A −450 = 8,66A 1050
IC = Icb − Iac = 5A −450 − 5A 1950 = 8,66A −150

Exemplo 6.5 – Desenhar o diagrama fasorial das tensões e correntes para a conexão Y do Exemplo 6.4.

Solução:

Correntes de fase: Iba = 5A 750 Icb = 5A −450 Iac = 5A 1950


Correntes de linha: IA = 8,66A −1350 IB = 8,66A 1050 IC = 8,66A −150
Tensões de linha: VAB = 100 V 1200 VBC = 100 V 00 VCA = 100 V 2400

O diagrama fasorial das tensões de linha é apresentado na Figura 6.20 e o diagrama fasorial das
correntes de linha e de fase, na Figura 6.21.

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129
vAB IB 900

Iba
 rad/s

vBC 1800 00
Iac
IC
Icb
IA

vCA 2700
Figura 6.20. Figura 6.21.

6.6.4 − Conexão 

Nesta configuração, a carga 3𝜙 ligada em  é alimentada por uma fonte 3𝜙 também ligada em  –
veja a Figura 6.22. O cálculo das correntes de linha e de fase é o mesmo da conexão Y.

IAa
A a
Gerador CA
Ligação em  _
Carga
_
+ + equilibrada
VCA VAB Vca Vab em 
~ ~ _ ZF ZF _
+ +
Iac Iba
N
_
ZF
_
C ~ + B c + b
VBC ICc Vbc
Icb
IBb

Figura 6.22 – Sistema  com carga equilibrada – diagrama de ligação.

Como se verifica neste circuito, as tensões de fase na carga são iguais às tensões de fase do gerador
CA, mesmo na situação de uma carga não equilibrada. A tensão Vab na carga, por exemplo, é igual à tensão
de linha VAB no gerador. Assim:

VFASE (carga) = VFASE (gerador)

EF - Exercícios de Fixação Série 14

EF 6.4 (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014) – Para o sistema trifásico YY da Figura 6.23, calcular:

a) As correntes de linha Ia, Ib e Ic.


b) As quedas de tensão nas impedâncias de linha (5 – j2 ohms).

Resp.: (a) Ia = 6,81A −21,80; Ib = 6,81A −141,80 e Ic = 6,81A −261,80. (b) V5 − j2 = 36,71 V.

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130
Ia

Ib

Ic

Figura 6.23 – Carga equilibrada – conexão YY (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014).

EF 6.5 – Uma carga equilibrada de três resistores (47 ohms cada) é conectada em Y a um gerador trifásico
de 220 V RMS (tensão de linha). (a) Qual é a tensão RMS em cada resistor deste circuito? (b) Qual é a
corrente de fase e a potência dissipada em cada resistor?

Resp.: (a) 127 V RMS. (b) IF = 2,7 A; PR = 342,63 W.

EF 6.6 (BOYLESTAD, 2012) – Seja o sistema trifásico equilibrado da Figura 6.23, onde o gerador conectado
em triângulo tem a sequência de fase ACB e, portanto, 2 = 1200 e 3 = − 1200. Parâmetros deste circuito:
Tensões de linha (60 Hz): VAB = 120 V 00; VCA = 120 V 3 e VBC = 120 V 2.
Impedâncias de fase: Zab = Zac = Zbc = 5 − j5 ohms. Logo, R1 = R2 = R3 e C1 = C2 = C3 = 1/(2..60.5) F.

Os valores RMS aproximados da corrente Iab e das correntes de linha são, respectivamente:
a. ( ) 16,95 A e 67,81 A.
b. ( ) 33,90 A e 67,81 A.
c. ( ) 33,90 A e 58,72 A.
d. ( ) 58,72 A e 33,90 A.

Figura 6.24 – Carga equilibrada – conexão  (BOYLESTAD, 2012).

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131
6.7 − Potências em circuitos trifásicos

Um carga trifásica alimentada por um gerador 3𝜙 tem a sua especificação, em geral, através da
potência total, desenvolvida nas suas três impedâncias. Seja uma instalação elétrica com várias cargas
monofásicas. Para calcular a energia elétrica e o rendimento de cada uma é necessário identificar os seus
níveis de potência e tensão (MARKUS, 2001).
No capítulo 4 analisamos as potências ativa, reativa e aparente. Neste capítulo faremos esta análise
em sistemas trifásicos, constituídos por cargas conectadas em estrela e em triângulo.

6.7.1 − Potência trifásica – carga equilibrada

Potência Ativa (kW)

A potência ativa (P), em kW, como já foi definida, é a parcela da potência aparente que realiza
trabalho, ou seja, transformada em energia. Em (6.15) temos o cálculo da potência ativa trifásica, onde o
ângulo  é a defasagem entre a corrente e a tensão por fase e cos  é o fator de potência.

𝑃3𝜙 = √3 . 𝑉𝐿 . 𝐼𝐿 . 𝑐𝑜𝑠 𝜃 (6.15)

Demonstração:

Seja uma carga equilibrada 3𝜙, na conexão Y (Figura 6.25a) e na conexão  (Figura 6.25b). A
potência ativa por fase é calculada por (6.16) e a potência total da carga por (6.17).

𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 (6.16)

𝑃3𝜙 = 3 𝑃𝐹 (6.17)

IL = IF IL Correntes
de Linha a
R A
IF

VL = VFF VRN = VF ZR VF VF
N Z Z
N IF
IL
Z
S
ZS ZT C b
c VF
IL IF

T B

(a) (b)
Figura 6.25 – Carga equilibrada nas conexões (a) estrela e (b) triângulo.

Para a conexão Y: a corrente de linha é igual à corrente de fase (IL = IF) e a tensão de linha é maior
que a de fase (VL = √3 VF). Para a conexão : a corrente de linha é maior que a de fase (IL = √3 IF) e a
tensão de linha (VL) e a de fase (VF) são iguais.
Substituindo estes parâmetros em (6.16) para a conexão Y por exemplo e utilizando (6.17),
obteremos a potência trifásica:
𝑉𝐿
𝑃3𝜙(𝑌) = 3 𝑃𝐹(𝑌) = 3𝑉𝐹 𝐼𝐹 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 3 𝐼 𝑐𝑜𝑠 𝜃
√3 𝐿

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132
Multiplicando-se, na equação anterior, o numerador e o denominador por √3, obtém-se

Portanto, em (6.18):

𝑃3𝜙 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑐𝑜𝑠 𝜃 (6.18)

Esta equação também é válida para a conexão da carga 3𝜙 em , na Figura 6.25 (demonstre!). O
mesmo vale para a potência reativa e aparente – equações (6.19) à (6.22), na sequência.

Potência Reativa (kVAr)

A potência reativa é obtida através do triângulo de potências. Esta potência por fase é representada
por (6.19). A potência trifásica reativa total da carga é dada por (6.20).

𝑄𝐹 = 𝑉𝐹 𝐼𝐹 𝑠𝑒𝑛 𝜃 (6.19)

𝑄3𝜙 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑠𝑒𝑛 𝜃 (6.20)

Potência Aparente (kVA)

Finalmente, a potência aparente em sistemas trifásicos é obtida através dos valores medidos da tensão
e corrente de linha. Por fase, a potência aparente é representada por (6.21). A potência aparente total para
uma carga trifásica é obtida em (6.22).

𝑆𝐹 = 𝑉𝐹 𝐼𝐹 (6.21)

𝑆3𝜙 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 (6.22)

Conclusão:

− Usando os valores de tensão e corrente de linha, podemos construir a Tabela 6.3, que apresenta
as equações das potências trifásicas ativa, reativa e aparente.
− Num sistema simétrico e equilibrado com carga equilibrada (qualquer que seja o tipo de ligação)
as fórmulas de potência ativa, reativa e aparente são as mesmas.

Tabela 6.3 – Parâmetros de corrente, tensão e potência – conexões estrela e triângulo.


Parâmetros Ligação estrela Ligação triângulo
Corrente e tensão de linha 𝐼𝐿 = 𝐼𝐹 ; 𝑉𝐿 = √3  𝑉𝐹 𝐼𝐿 = √3  𝐼𝐹 ; 𝑉𝐹 = 𝑉𝐿
Potência ativa (kW) 𝑃3𝜙 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑐𝑜𝑠 𝜃
Potência reativa (kVAr) 𝑄3𝜙 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑠𝑒𝑛 𝜃
Potência ativa (kVA) 𝑆3𝜙 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿

− O fator de potência de uma carga trifásica equilibrada é o cosseno do ângulo de defasagem entre
a tensão e a corrente numa fase.

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133
Exemplo 6.6 – Seja a carga conectada em Y da Figura 6.26. Calcular:

a) A potência ativa ou média por fase e a potência ativa total, P3𝜙.


b) A potência reativa por fase e a potência reativa total, Q3𝜙.
c) A potência aparente por fase e a potência aparente total, S3𝜙.

Figura 6.26 – Carga equilibrada na conexão Y – Exemplo 6.6.

Solução:

a) A potência ativa por fase é igual a 𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃.

Impedância por fase: ZF = 30 + j40 ohms.


40
Angulo de fase: 𝜃 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 53,130.
30

O fator de potência da carga é igual a cos 53,130 = 0,6.

Logo, teremos:

𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = (220⁄√3) ∙ 20 ∙ 0,6 = 1.524,20 𝑊.

𝑃3𝜙 = 3𝑃𝐹 = 4.572,6 𝑊.

b) Potência reativa por fase: 𝑄𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜃

𝑄 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = (220⁄√3) ∙ 20 ∙ 0,8 = 2.032,27 𝑊

𝑄3𝜙 = 3𝑄𝐹 = 6.096,81,6 𝑉𝐴𝑟.

c) A potência aparente por fase é dada por:

𝑆𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 = 127  20 = 2.540 𝑉𝐴.

𝑆3𝜙 = 3𝑆𝐹 = 7.620 𝑉𝐴.

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134
EF - Exercícios de Fixação Série 15

EF 6.7 – No circuito da Figura 6.27, a tensão de


linha é de 220 Vrms e o fator de potência da carga
é de 0,75. A impedância por fase e a potência
total dissipada no circuito em kW são,
respectivamente:

a. ( ) 1,59 ohms; 22,86 kW.


b. ( ) 1,59 ohms; 30,61 kW.
c. ( ) 1,19 ohms; 45,7 kW.
d. ( ) 2,75 ohms; 52,33 kW. Figura 6.27 – Carga equilibrada em Y – Exemplo 6.7.

EF 6.8 – Uma carga conectada em triângulo (Figura 6.28) consome 600 kW de uma linha de 5 kV RMS,
com um fator de potência indutivo. Se em cada fio a corrente eficaz é de 75 A, qual é o fator de potência
desta carga?

a. ( ) 0,6. b. ( ) 0,71. c. ( ) 0,8. d. ( ) 0,92.

IL = 75 A
IF
VF VF
Z1 Z2
VL VL = 5 kV

IF IF
Z3

VL VF
Figura 4.
Figura 6.28 – Carga equilibrada (conexão ) – Exemplo 6.7.

EF 6.9 (SADIKU, M. e ALEXANDER, 2014) – Uma carga balanceada conectada em estrela absorve 50
kVA com fator de potência 0,6 atrasado, com uma tensão de linha de 440 V. Calcule a corrente de linha e
a impedância por fase desta carga. Resp.: 65,61 A; 2,323 + j 3,098 ohms.

6.7.2 − Potência e rendimento em sistemas trifásicos equilibrados

Neste item será apresentado um interessante exemplo de sistema 3𝜙 equilibrado, onde uma carga é
alimentada por um gerador e é considerada a impedância da linha de transmissão (LT). Esta impedância
provoca uma perda e, consequentemente, a eficiência do sistema não será de 100%.
As LT – ver o seu aspecto na Figura 6.29 – transportam a energia elétrica dos geradores (usinas
hidrelétricas, geradores eólicos, fotovoltaicos etc.) até os consumidores – residenciais, comerciais,
industriais, hospitais etc. Nas Figuras 6.30a e 6.30b são apresentadas as LT em um sistema de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica.

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135
Figura 6.29 – Aspecto de uma linha de transmissão. Fonte:
http://atlanticenergias.com.br/como-funciona-a-linha-de-transmissao/

Geração

Transformador
Transmissão Usina Hidroelétrica
Subestação
Transmissora

Subestação
Distribuidora
Consumidores Comerciais
e Industriais Distribuição

Dispositivos de
automação da
distribuição

Consumidores residenciais
Fonte: http://engenharianodiaadia.blogspot.com.br/2012/02/o-desenvolvimento-dos-sistemas.html.

(a)

Fonte: http://abiape.com.br/wp-content/uploads/2018/10/img2.jpg
(b)
Figura 6.30 – (a) e (b) Sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

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136
Exemplo 6.7 (BOYLESTAD, 2012) – A Figura 6.31 apresenta um sistema onde três LT de um sistema trifásico
de três fios fornecem uma potência total de 160 kW em 12 kV para uma carga trifásica equilibrada, com um FP
atrasado de 0,86. As LT apresentam uma impedância de 15 + j20 ohms por fase.

A a
Gerador CA Carga
3 em Y equilibrada
+ 15  j20  em Y
IA VAN Z1
_ VAB 12 kV
IC N n
IB

+ VCN VBN
C + B c Z2 Z3 b
15  j20 

IN = In 15  j20 

Figura 6.31 – Sistema 3f com LT, alimentando uma carga equilibrada em Y.

a) Qual é o módulo da tensão de linha VAB do gerador?


b) Encontre o FP da carga total aplicada ao gerador trifásico.
c) Calcule a eficiência deste sistema.

Solução:

a) Cálculo da tensão de linha, VAB


𝑉𝐿 12 𝑘𝑉
A tensão de fase na carga é encontrada por 𝑉𝐹 = = = 6,93 𝑘𝑉.
√3 √3

A potência total da carga é encontrada por PT(carga) = 3 VF IF cos . Isolando a corrente de fase nesta
equação, encontra-se:

𝑃𝑇(𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎) 160.000
𝐼𝐹 = → 𝐼𝐹 = = 8,95 A.
3. 𝑉𝐹 . cos 𝜃 3 . 6,93 𝑘𝑉. 0,86

Atribuindo à tensão de uma das fases um ângulo de 00, ou seja, fazendo VF = VF 00, o FP de 0,86
em atraso implica em IF = 8,95 A −30,680
O circuito equivalente para cada uma das fases é apresentado na Figura 6.32, onde, pela LKT:

VAN – IF Zlinha –VF = 0

Figura 6.32 – Circuito equivalente por fase para o sistema da Figura 6.31 (BOYLESTAD, 2012).

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137
A impedância da LT é Zlinha = 15 + j20 ohms. Na forma polar, Zlinha = 25 ohms 53,130.

Do circuito da Figura 6.32, isolando a tensão de fase no gerador:

VAN = IF Zlinha + VF → VAN = (8,95 A −30,680) (25  53,130) + (6,93  103 V 00)
= 223,75 V 22,450 + 6,93  103 V 00
= 206,79 + j85,44 V + 6,93  103 V = 7.139,79 + j85,44 V
= 7.139,79 + j85,44 V

Na forma polar: VAN = 7.140,30 V 0,680


A tensão de linha será, portanto: VAB = √3 VAN

VAB = √3  7.140,30 V → VAB = 12,38 kV.

b) Cálculo do FP da carga total aplicada ao gerador trifásico

Podemos escrever para este sistema:

PT = Pcarga + PLinhas
PT = 160 kW + 3 Rlinha (IL)2
PT = 160 kW + 3  15  (8,95)2
PT = 160.000 W + 3.604,61 W
PT = 163.604,61 W

A potência total pode ser calculada também por 𝑃𝑇 = √3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos 𝜃𝑇 .


O FP será obtido por:

𝑃𝑇 163.604,61
FP = cos 𝜃𝑇 = = = 0,85
√3 𝑉𝐿 𝐼𝐿 √3 × 12,38 × 103 × 8,95

c) Cálculo da eficiência do sistema

A eficiência é calculada pela relação (6.23). A potência de saída é igual a 160 kW (na carga trifásica).
As perdas em W ocorrem no elemento resistivo da LT, já calculadas anteriormente: Pperdas = 3.604,61 W.

Po Potência de saída Po
= = = (6.23)
Pi Potência de entrada Po + Pperdas

Substituindo estes parâmetros em (6.23):

Po 160.000
= = = 0,98
Pi 160.000 + 3.604,61

Percentualmente, a eficiência do sistema será de 98 %.

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138
6.8 − Desequilíbrio em sistemas trifásicos

Um sistema trifásico desequilibrado se deve a:


- fontes de tensão desequilibradas, sem simetria: as amplitudes das tensões de fase não são as mesmas
e/ou os seus fasores não se encontram defasados igualmente de 120 graus entre si;
- diferença nos módulos/parâmetros das impedâncias de fase: o desequilíbrio ocorre na carga.
Vamos apresentar o estudo do desequilíbrio de um sistema trifásico inicialmente uma carga em Y,
com e sem neutro. Em seguida serão estudadas as cargas conectadas em triângulo.

6.8.1 – Carga em Y desequilibrada (com neutro)

Este sistema, também denominado de conexão em Y a 4 fios, está apresentado na Figura 6.33. Vamos
considerar um desequilíbrio devido às impedâncias diferentes: ZA  ZB  ZC. As correntes de fase são
obtidas pelas equações (6.24) a (6.26).

VAN VBN VCN


I AN = (6.24) I BN = (6.25) ICN = (6.26)
ZA ZB ZC

IAN = IA
A

VAB VAN ZA

N ZC
IN N
B ZB
IB IC
C
Figura 6.33 – Circuito 3𝜙: carga desequilibrada conectada em estrela.

A corrente no neutro é obtida por (6.27):

𝐼𝑁 = 𝐼𝐴 + 𝐼𝐵 + 𝐼𝐶 (6.27)

Com a carga desequilibrada, existe uma corrente no neutro, ao contrário de um sistema equilibrado
em Y, onde IN = 0. Podemos resumir:

 Em um sistema com uma carga 3𝜙 ligada em Y a 4 fios, a corrente medida no condutor de neutro
possibilita comprovar uma situação de desequilíbrio. Nas impedâncias as correntes são as próprias correntes
de linha, desiguais e sem simetria.

 Existe uma ferramenta especial aplicada a sistemas trifásicos desequilibrados: consiste no método das
componentes simétricas, que está fora do escopo dos nossos estudos.

 A respeito do cálculo da potência total em circuitos desequilibrados como o da Figura 6.33, a mesma é
obtida pela soma das potências das fases e não simplesmente multiplicando por 3 a potência de cada fase.

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139
Exemplo 6.8 – A Figura 6.34 mostra um sistema 3𝜙 YY inicialmente equilibrado, onde as fases da carga têm
uma impedância de 47 . Este circuito foi simulado com o PSpice, com uma condição de desequilíbrio no
instante t = 50 ms, ao se abrir a chave S1 − a impedância Z2 se torna indutiva: Z2 = 47 + j47 . As formas de
onda das tensões e correntes nas fases estão na Figura 6.35 – verifica-se a presença de corrente no neutro (IRN)
a partir de t = 50 ms.

VR = 127 Vef 0o

N n

Neutro

VS = 127 Vef  − 120o

VT = 127 Vef  +120o


Chave S1

Figura 6.34 – Simulação de uma carga desequilibrada em Y.

200V

0V

-200V
V(VR:+) V(VS:+) V(VT:+)
4.0A

0A

-4.0A
-I(R1)
4.0A

0A
SEL>>
-4.0A
I(R2)
4.0A

0A

-4.0A
I(R3)
A partir de 50 ms: sistema desequilibrado
4.0A
De 0 a 50 ms: o sistema está equilibrado
0A

-4.0A
0s 50ms 100ms
I(RN)
Time
Figura 6.35 – Formas de onda: carga desequilibrada conectada em Y – Exemplo 6.8.

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140
Este mesmo circuito foi simulado também com o software Multisim. Na Figura 6.36 verificamos as
corrente nas fases e no neutro (com a chave S2 fechada).

SIMULAÇÃO: MULTISIM
A corrente IZ2 é diferente das
correntes IZ1 e IZ3
A corrente no neutro é diferente
de zero e igual à corrente na fase
desequilibrada.

Figura 6.36 – Resultado da simulação do circuito da Figura 6.34 com o software Multisim.
21/08/2021 Prof. André Barros de Mello Oliveira 13
Cálculo da corrente no neutro com o desequilíbrio:

IN = IZ1 + IZ2 + IZ3 → IN = 2,7 00 + 1,91 750 + 2,7 −1200 = 1,91 A − 14,960.

6.8.2 – Carga em Y desequilibrada (sem neutro)

Para a situação em que não é utilizado o condutor de neutro, teremos um sistema trifásico a três fios.
Calculamos as correntes de linha utilizando a análise de malha. Vejamos com um exemplo numérico.

Exemplo 6.9 – Seja o circuito desequilibrado da Figura 6.37. Determinar as correntes de linha Ia, Ib e Ic.

Ia
A a
+
Gerador CA Carga 3
3 em Y 120 Vef 00 Za = j5  desequilibrada
I1
_
N n
120 Vef +1200 120 Vef −1200 Zc = − j10 
Ib
+
C + Zb = 10  c
B b
Ic
I2

Figura 6.37 – Circuito do Exemplo 6.9.

Solução:
Resolvendo por análise de malhas, determinamos a equação da malha 1:

120 V 00 − (10 + j5) I1 + 10 I2 − 120 V − 1200 = 0

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141
Agrupando os termos, obtém-se (6.28):

− (10 + j5) I1 + 10 I2 = 207,85 V − 1500 (6.28)

Para a malha 2, obteremos a equação (6.29).

− 120 V + 1200 + 120 V − 1200 − (10 − j10) I2 + 10 I1 = 0

− 10 I1 + (10 − j10) I2 = 207,85 V − 900 (6.29)

Utilizando as equações (6.28) e (6.29) montamos o sistema linear dado por (6.30).

−(10 + j5) I1 + 10 I2 = 207,85 V − 1500


{ (6.30)
−10 I1 + (10 − j10) I2 = 207,85 V − 900

Esta equação, escrita na forma matricial Ax = B, é representada em (6.31).

− (10 + j5) +10 𝐼 207,85 V − 1500


[ ] [ 1] = [ ] (6.31)
− 10 (10 − j10) 𝐼2 207,85 V − 900

A solução é: I1 = 56,79 A 0,010 e I2 = 42,75 A 24,90.

Observando o esquema da Figura 6.37, obtêm-se as correntes de linha:

Ia = I1 = 56,79 A;
Ib = I2 − I1 = 25,46 A;
Ic = − I2 = 42,75 A −155,10.

6.8.3 – Carga em  desequilibrada

Para calcular os parâmetros de um circuito trifásico com uma carga desequilibrada em triângulo, o
primeiro passo é calcular, através das LKC, as corrente de fase e, em seguida, as de linha. A Figura 6.38
mostra a configuração de um sistema 3𝜙 , onde as cargas têm impedâncias Z1, Z2 e Z3, distintas entre si.

A a
Gerador CA Carga
Ligação em  IA _
desequilibrada
_ + em 
+
VBA VAC Vab Vca
~ ~ _ _ Z1 Z2
+ +
Iab Ica
N
Z3 _
_ +
B ~ + C b c
VCB IB Vbc Ibc
IC

Figura 6.38 – Sistema 3𝜙 , com carga desequilibrada.

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142
• Correntes de fase na carga:
𝑉𝑎𝑏 𝑉𝑏𝑐 𝑉𝑐𝑎
𝐼𝑎𝑏 = (6. 32) 𝐼𝑏𝑐 = (6. 33) 𝐼𝑐𝑎 = (6. 34)
𝑍1 𝑍3 𝑍2

• Correntes de linha:
IA = Iab − Ica (6.35) IB = Ibc − Iab (6.36) IC = Ica − Ibc (6.37)

Exemplo 6.10 Impedâncias do circuito:


𝑍𝑎𝑏 = 𝑍1 = 100 + 𝑗100√3  = 200600
Seja a carga desequilibrada em  vista na Figura
𝑍𝑏𝑐 = 𝑍3 = 100 − 𝑗100  = 100√2− 450
6.38. Pede-se:
𝑍𝑐𝑎 = 𝑍2 = 150  = 15000
Tensões de linha:
a) Calcular as correntes de linha deste sistema. Vab = 230 V 00;
b) Desenhar o diagrama fasorial completo das Vcb = 230 V 1200 e
tensões e correntes. Vac = 230 V −1200.

Solução:

a) Cálculo das correntes de fase e de linha:

𝑉𝑎𝑏 23000
𝐼𝑎𝑏 = = 200600 = 1,15 𝐴 − 600
𝑍1
𝑉𝑏𝑐 2301200
Correntes de fase: 𝐼𝑏𝑐 = = 100√2−450 = 1,63 𝐴 1650
𝑍3
𝑉𝑐𝑎 230−1200
𝐼𝑐𝑎 = = = 1,53 𝐴 − 1200
𝑍2 15000

𝐼𝐴 = 𝐼𝑎𝑏 − 𝐼𝑐𝑎 = 1,38 𝐴− 166,100


Correntes de linha* 𝐼𝐵 = 𝐼𝑏𝑐 − 𝐼𝑎𝑏 = 2,57 𝐴− 33,430
𝐼𝐶 = 𝐼𝑐𝑎 − 𝐼𝑏𝑐 = 1,92 𝐴114,700
* Verifique os cálculos.

A Figura 6.39 mostra o diagrama fasorial completo para este circuito (tensões e correntes).

Vcb

IC

Ibc
Vab
IA
Ica Iab IB

Vac
Figura 6.39 – Diagrama fasorial para o circuito do Exemplo 6.10.

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143
6.9 – Potência em cargas trifásicas desequilibradas

Com fases onde as impedâncias são diferentes, ocorrerão correntes diferentes. Disto decorre que teremos
potências diferentes por fase, seja na conexão Y ou em .
Para o cálculo da potência total da carga desequilibrada, Calcula-se a potência por fase e somam-se as
componentes P (potências ativa, em W) e Q (reativa em VAr). Exemplificando, seja o circuito da Figura 6.40,
uma carga desequilibrada em triângulo e a Tabela 6.4 mostra as suas potências P e Q.

Figura 6.40 – Carga desequilibrada em triângulo.

Tabela 6.4 – Parâmetros P e Q da potência de uma carga 3 (Figura 6.40).


Potência ativa ou real Potência reativa
PFA = VAB . IAB . cos 𝜙A [W] QFA = VAB . IAB . sen 𝜙A [VAr]
PFB = VBC . IBC . cos 𝜙B [W] QFB = VBC . IBC . sen 𝜙B [VAr]
PFC = VCA . ICA . cos 𝜙C [W] QFC = VCA . ICA . sen 𝜙C [VAr]
PT = PFA + PFB + PFC [W] QT = QFA + QFB + QFC [VAr]

De posse de PT e QT, obtém-se ST = PT + jQT [VA], mostrada graficamente na Figura 6.41.

ST = PT + jQT [VA] Fator de potência:

ST
QT

PT
Figura 6.41 – Triângulo de potências referente à Tabela 6.4.

EF - Exercícios de Fixação Série 16

EF 6.10 – Um sistema ABC, 220 V trifásico a três fios (ver


a Figura 6.42) alimenta uma carga resistiva em Y, com: IA
~
Z1 = 100 ohms; Z2 = 50 ohms e Z3 = 45 ohms.
Considere VAB = 220 V na referência (sequência ABC). IB
Utilizando o método das correntes nas malhas para obter as
correntes de linha, encontre valor aproximado da corrente ~
eficaz IA. Encontra-se:

( ) 5,75 A ( ) 4,41 A ( ) 2,41 A ( ) 10,62 A IC


Figura 6.42.

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144
EF 6.11 – A carga desbalanceada em estrela da Figura 6.43 é suprida por tensões de 208 V na
sequência positiva, ABC. Encontre o valor aproximado da corrente no neutro, In. O resultado é:

( ) 5,7 A ( ) 3,4 A ( ) 1,5 A ( )0

Figura 6.43 – Adaptado de (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

EF 6.12 – Encontre a potência real em kW absorvida pela carga desequilibrada em  (Figura 6.44).

Figura 6.44 – Adaptado de (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

a. ( ) 4,84 b. ( ) 6,9 c. ( ) 11,3 d. ( ) 27,5

EF 6.13 – Seja o sistema triângulo-triângulo mostrado na Figura 6.45. As impedâncias da carga são:
Z1 = 8 + j6 ; Z2 = 4,2 – j2,2  e Z3 = 10 + j0 . Encontre o valor eficaz da corrente IbB.

Figura 6.45 – Adaptado de (ALEXANDER e SADIKU, 2013).

a. ( ) 30,3 b. ( ) 45,85 c. ( ) 59,22 d. ( ) 74,58

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145
EF 6.14 – O sistema trifásico equilibrado da Figura 6.46, onde o gerador conectado em triângulo tem a
sequência de fases ACB e, portanto, 2 = 1200 e 3 = - 1200. Os valores RMS aproximados da corrente Iab
e da corrente de linha são, respectivamente:

Iab

Figura 6.46 – Circuito do EF 6.14 (BOYLESTAD, 2012).

a. ( ) 16,95 A e 67,81 A.
b. ( ) 33,90 A e 67,81 A.
c. ( ) 33,90 A e 58,72 A.
d. ( ) 58,72 A e 33,90 A.

EF 6.15 – Uma carga conectada em triângulo (Figura 6.47) consome 900 kW de uma linha de 6,9 kV RMS,
com um fator de potência indutivo. Se em cada fio a corrente eficaz é de 100 A, qual é o fator de potência
desta carga?

75 AA
IL = 100
IF
VF VF
Z1 Z2
VL VL = 6,9
5 kVkV

IF IF
Z3

VL VF
Figura 4.
Figura 6.47 – Circuito do EF 6.15.

a. ( ) 0,4 b. ( ) 0,52 c. ( ) 0,6 d. ( ) 0,75

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146
EF 6.16 – A carga em estrela da Figura 6.48 é alimentada por tensões de 127 VRMS. Encontre o valor
aproximado da corrente no neutro (IN) para a chave S1 aberta. O resultado é:

Figura 6.48 – Circuito do EF 6.16.

( ) 4,7 A ( ) 3,4 A ( ) 1,5 A ( ) 0,54 A

EF 6.17 – Seja o sistema trifásico Y- da Figura 6.49. Este circuito apresenta uma falha de interrupção
entre as fases a e b, com a abertura da chave S1.

Figura 6.49 – Circuito do EF 6.17 (BOYLESTAD, 2012).

A respeito deste sistema, todas as afirmativas abaixo estão corretas, EXCETO:

a. ( ) Com a chave S1 fechada, a carga é equilibrada.


b. ( ) A potência dissipada no ramo bc é de 1350 W.
c. ( ) A corrente ICc é igual à Ica, com S1 aberta.
d. ( ) A corrente IBb é igual à corrente Ibc, com S1 aberta.

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Referências Bibliográficas

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Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE)
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