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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS


CAMPUS PALMAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL/ELÉTRICA

Hugo Leonardo Moraes Schottz

ENSAIOS A VAZIO E EM CURTO-CIRCUITO DE UM TRANSFORMADOR


TRIFÁSICO DIDÁTICO DE 1 KVA

PALMAS
2023
1

Hugo Leonardo Moraes Schottz

ENSAIOS A VAZIO E EM CURTO-CIRCUITO DE UM TRANSFORMADOR


TRIFÁSICO DIDÁTICO DE 1 KVA

Relatório Técnico apresentado à disciplina


“Práticas para Elaboração de Relatórios
Técnicos”, turma de verão. Curso de
Engenharia Civil/Elétrica da Universidade
Federal do Tocantins.
Professor Dr. Antonio Barbosa de Oliveira
Neto.

PALMAS
2023
2

RESUMO

O presente estudo objetivou a realização de dois ensaios em um transformador didático de


1kVA, a fim de checar alguns de seus parâmetros e com isso analisar suas perdas, tanto em
seus enrolamentos, quanto em seu núcleo magnético. Ainda foram analisados sua eficiência,
seu fator de potência e outros fatores que vieram a ser importantes para o desenvolvimento do
trabalho. Para realização dos ensaios o transformador foi colocado a vazio (com ausência de
carga) e em curto-circuito, respeitando as especificações do fabricante em tensões e correntes,
para que não houvesse nenhum dano ao material. Parâmetros obtidos através dos ensaios,
foram comparados aos dados do fornecedor, para comprovação de veracidade dos mesmos.
Além disso foi alcançado a eficiência do equipamento em diversas frações de cargas e com
isso, através de cálculos foi obtido um ponto de maior eficiência do transformador em função
da carga instalada, um caso ideal de trabalho, para minimização das perdas.

Palavras-chave: Curto-circuito. Eficiência. Ensaio. Transformador. Vazio.


3

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquemá tico de circuito ensaio a vazio 05


Figura 2 - Esquemático de circuito ensaio curto-circuito 05
Figura 3 - Materiais utilizados 08
Figura 4 - Circuito do ensaio a vazio (unifilar) 08
Figura 5 - Ensaio a vazio e em curto-circuito 09
Figura 6 - Circuito do ensaio em curto-circuito (unifilar) 10
Figura 7 - Comportamento do fluxo magnético no interior do núcleo 12
Figura 8 - circuito equivalente do ramo série 14
Figura 9 - Circuito equivalente do ramo série 14
Figura 10 - Circuito equivalente do ensaio curto-circuito 17
Figura 11 - Rendimento em função da fração de carga 19
4

LISTA DE TABELAS

Tabela 3 - Características do Trafo utilizado 13


Tabela 4 - Tensão sobre as bobinas 13
Tabela 3 - Tensão, correntes de linha e potência 14
Tabela 4 - Valores da corrente de magnetização e a potência por fase 15
Tabela 5 - Correntes de curto-circuito e fator de potência 17
Tabela 6 - Corrente em função da fração de carga 20
Tabela 7 - Rendimento em função da fração de carga 20
5

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

3 ϕ – 3 Fases ou trifásico
AT – Alta Tensão
BT – Baixa Tensão
I – Corrente
I 0 – Corrente a vazio
I nf – Corrente nominal de fase
I nl – Corrente nominal de linha
I cc – Corrente de curto-circuito
I mf – Corrente de magnetização de fase
I ml – Corrente de magnetização de linha
I 1 – Corrente no primário do transformador
I 2 – Corrente no secundário do transformador
I 0 q – Corrente que flui pela reatância paralela do ramo magnetizante
I 0 p – Corrente que flui pela resistência paralela do ramo magnetizante
Fp – Fator de potência
Fc – Fração de carga
Z eq 1 – Impedância equivalente vista pela BT do transformador
Z ms – Impedância paralela do ramo magnetizante
Z ( % ) - Impedância percentual
Z ms – Impedância série do ramo magnetizante
Pa – Perdas adicionais
ϕ – Por fase ou monofásico
S – Potência aparente
Pcc – Potência de curto-circuito
P – Potência real
W 0 – Potência real a vazio
Q – Potência reativa
X eq 1 – Reatância equivalente vista pela BT do transformador
X ms – Reatância paralela do ramo magnetizante
X ( % ) - Reatância percentual
X ms – Reatância série do ramo magnetizante
α – Relação de Transformação
η – Rendimento
Req 1 – Resistência equivalente vista pela BT do transformador
Rms – Resistência paralela do ramo magnetizante
R ( % ) - Resistência percentual
Rms – Resistência série do ramo magnetizante
V – Tensão
V 1 – Tensão no primário do transformador
V 2 – Tensão no secundário do transformador
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................7
1.1. OBJETIVOS...............................................................................................................8
1.1.1. Objetivo Geral.........................................................................................................8
1.1.2. Objetivo Específico.................................................................................................8
2. METODOLOGIA......................................................................................................10
2.1. Materiais ...............................................................................................................10
2.2. Métodos ...............................................................................................................10
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................13
3.1. Ensaio a vazio...........................................................................................................13
3.2. Ensaio em curto-circuito...........................................................................................17
3.3. Rendimento do transformador..................................................................................19
4. CONCLUSÃO............................................................................................................23
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................24
7

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório abordará os ensaios em vazio e em Curto-circuito de um


transformador trifásico que possui a configuração de núcleo envolvido. Ademais, quanto a
realização do ensaio a vazio em transformadores, é preciso que o secundário deste
equipamento esteja em aberto, ou seja, que não esteja ligado a nada. Dessa forma, nenhum
tipo de carga passa por este circuito do transformador. Além disso, é um procedimento
bastante importante, uma vez que determina diversos parâmetros em relação ao
funcionamento do equipamento, e evita que ele apresente qualquer problema durante seu uso.
Dessa forma, os principais parâmetros determinados com o ensaio a vazio em transformadores
são aqueles relacionados ao núcleo do transformador e à sua magnetização (FREITAS, 2022)
[1]:

Enquanto que no ensaio em curto-circuito, o transformador é submetido a curto-


circuito trifásico, e aumenta-se a tensão gradativamente até atingir a corrente nominal.
Portanto, a maior parte da corrente passa fora dele, e assim consideramos como não
desprezíveis apenas os elementos em série do modelo. Logo, este ensaio simula transformador
com carga máxima (FREITAS, 2022).

Figura 5. Esquemático de circuito ensaio curto-circuito.

Fonte. Próprio Autor (2023).


Neste contexto, os objetivos do teste a vazio do transformador trifásico busca
determinar as perdas no núcleo por histerese e Foulcault, perdas no ferro, a corrente em vazio
I 0, a relação de transformação de placa (α) e a relação do número de espiras (α n) e os

parâmetros do ramo magnetizante. Por outro lado, os objetivos no ensaio de curto-circuito


8

contemplaram as perdas no cobre, nos condutores que compõem as bobinas, a impedância,


resistência e reatância percentuais e a queda de tensão (Oliveira; Cogo; Abreu, 2018)[2].
Ainda, um outro parâmetro a ser considerado no estudo dos transformadores é o
rendimento. Dessa forma, os transformadores são projetados para operarem com alto
rendimento. Logo, os seguintes aspectos contribuem para que os transformadores apresentem
valores baixos de perdas:
 O transformador é uma máquina estática, ou seja, não tem partes rotativas, não
apresentando, portanto, perdas por atrito no eixo e por resistência do ar no
entreferro.
 O núcleo é constituído por placas laminadas e dopadas de materiais de alta
resistência elétrica, as quais têm o objetivo de minimizar as perdas por correntes
parasitas.
 Materiais com alta permeabilidade magnética são utilizados para diminuir as
perdas por histerese.
 Transformadores de alta potência apresentam rendimento maior que 99 %.
O rendimento de um transformador pode ser definido por [1]:
PSAIDA PSAIDA
η= =
P ENTRADA PSAIDA + P PERDAS

1.1. OBJETIVOS
1.1.1. Objetivo Geral

Realizar os ensaios a vazio e em curto-circuito, desta forma obter as percas a vazio e


as percas em curto-circuito.

1.1.2. Objetivo Específico

1- Entender o funcionamento do transformador;


2- Realizar os ensaios em curto-circuito e a vazio;
3- Manter a filosofia de segurança durante a realização dos experimentos;
4- Calcular as perdas no cobre e no núcleo;
5- Provar a relação de transformação estabelecida pelo fornecedor;
6- Descobrir se o transformador testado tem uma boa eficiência;
7- Discutir a respeito dos resultados apresentados.
9
10

2. METODOLOGIA

2.1. Materiais

● 1 Transformador de distribuição trifásico didático;


● 1 Varivolt trifásico;
● 3 Voltímetros;
● 3 Amperímetros;
● 1 Wattímetro;
● Cabos de conexão.

Figura 3. Materiais utilizados

Fonte. Próprio Autor (2023).

2.2. Métodos

A princípio partimos para confecção do ensaio a vazio, para extração das: perdas no
núcleo e correntes de magnetização. Com isso, através de cálculos, a obtenção do coeficiente
de transformação, da resistência e impedância a vazio. Sabíamos que nosso circuito tomaria a
seguinte forma:
Figura 4. Circuito do ensaio a vazio (unifilar).

Fonte. Próprio Autor (2023).


11

Para facilitação do experimento, utilizamos a bancada XXXXXXX, desta forma


economizaríamos tempo e recursos, já que a bancada forneceria o wattímetro, os 3
amperímetros e os 3 voltímetros acoplados a mesma.
Logo para a energização do nosso varivolt, conectamos o mesmo ao disjuntor geral do
sistema. Com ele já energizado, puxamos cabos de conexão do varivolt até a bancada, pois a
mesma ficaria responsável pela leitura de todos os dados. Da bancada já partimos para o
transformador, onde realizamos a conexão com fechamento DELTA-ESTRELA, e por se
tratar de um ensaio a vazio, a parte de delta ficaria na baixa tensão, e a de estrela na alta.
Nosso circuito tomou a seguinte forma:

Figura 5. Ensaio a vazio e em curto-circuito.

Fonte. Próprio Autor (2023).

Com o circuito montado, partimos para realização do experimento, onde, para


respeitar as limitações de nosso transformador, e pensando que iríamos trabalhar com tensão
nominal, precisaríamos de 110V em cada bobina do mesmo. Como a parte em que
injetaríamos a tensão era fechada em delta, a tensão por fase, ou por bobina, seria a mesma
tensão de linha que veríamos em nossa bancada, desta forma pudemos manusear
tranquilamente nosso varivolt até os 110V.
Após a realização do experimento, todos os dados de corrente, potência ativa e fator de
potência foram anotados, e serão futuramente discutidos. Também foi anotado o valor da
tensão no terminal secundário, desta forma poderíamos obter o valor do coeficiente de
transformação do nosso transformador.
12

Em seguida, fomos para o ensaio em curto-circuito, para a extração das perdas no


cobre, tensão de curto-circuito e através de cálculos, das resistências e impedâncias dos
enrolamentos. Logo, nosso circuito tomaria a seguinte forma:

Figura 6. Circuito do ensaio em curto-circuito (unifilar).

Fonte. Próprio Autor (2023).

Seguindo o exemplo do primeiro ensaio, continuamos com o uso da bancada, e por se


tratar de um transformador unitário, pudemos manter o mesmo esquem33a de fiações e
conexões, uma vez que o lado de alta e baixa possuem a mesma corrente nominal.
Mas, para realização do experimento, deveríamos nos atentar às limitações de nosso
transformador, lembrando que o mesmo tem tensão nominal de 110V por fase, e uma
capacidade trifásica de 1KVA, dividindo essa capacidade em 3 fases, sabemos que cada
bobina suportará 333,33VA, logo a corrente nominal por fase é dada em [1]:
S ϕ 333,33
I nf =I cc= = =3,03 A ( eq .1 )
Vϕ 110
Todavia, devido ao fechamento em delta no primário, enxergaríamos em nossa
bancada a tensão de linha e não a de fase, partimos então para obtenção desta tensão de linha,
da seguinte forma [1]:
I nl =I nf ∗√ 3=3,03∗¿ √ 3=5,25 A ( eq .2 )
Desta forma, bastou manusear nosso varivolt com muita delicadeza, até que a corrente
mostrada pela bancada chegasse em 5,25A.
Após a realização do experimento, todos os dados de corrente, tensão, potência ativa e
fator de potência foram anotados, e serão futuramente discutidos.
13

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Ensaio a vazio


Para realização do ensaio, o transformador utilizado possui as seguintes
características:

Tabela 1. Características do Trafo utilizado.


Potência Nominal Tensão A.T. Tensão B.T. Frequência Ligação Ligação
(VA) (V) (V) (Hz) A.T. B.T.
1000 110 110 60 Triângulo Estrela
Fonte. Próprio Autor (2023).

Como já é conhecido, no ensaio a vazio, deve-se aplicar a tensão nominal em um dos


circuitos do transformador e por isso é aconselhável, por questões de segurança, que o
enrolamento escolhido seja o de baixa tensão. Pelo fato de que o primário e o secundário do
Trafo possuem tensão de 110V, o ensaio poderia ser realizado em qualquer lado. Por isso, o
lado escolhido foi o que estava ligado em delta. Por convenção, a tensão de fase no lado em
delta será representada por V BT .
Inicialmente, com objetivo de verificar se a relação de transformação do Trafo
utilizado no ensaio de fato é 1:1, como informado pelo fabricante, foi coletado os valores de
tensão por fase informados pelos equipamentos de medição dispostos na bancada.
Onde esses valores são:

Tabela 2. Tensão sobre as bobinas.


V1f V2f V3f
(V) (V) (V)
110,6 112,2 110,1
Fonte. Próprio Autor (2023).

Para efetuar o cálculo da relação de transformação, a tensão do lado de baixa será


igual ao valor obtido através de uma média aritmética entre os valores dispostos na tabela 2.
Assim, temos V BT , como [1]:
110,6+112,2+110,1
V BT = =110,97 V ( eq .3 )
3
Portanto, a relação de transformação através dos valores ensaiados, é [1]:
14

V 1 V BT 110,97
α= = = =1,008 ( eq .4 )
V 2 V AT 100
Quando comparado ao valor fornecido pelo fabricante, o erro associado é de apenas
0,8%, indicando a validade da informação descrita na placa do Trafo.
Coletado os dados sobre as tensões de fase, outros valores importantes foram obtidos
através dos equipamentos de medição. Estes resultados estão dispostos na tabela abaixo.

Tabela 3. Tensão, correntes de linha e potência.


Vn Io1 Io2 Io3 Wo1 Wo2 fp
(V) (A) (A) (A) (W) (W) a vazio
110 0,42 0,45 0,61 12,5 10 0,23
Fonte. Próprio Autor (2023).

Onde I 01, I 02 e I 03 são as correntes de linha de cada fase indicada pelo índice.
Algo que chama atenção é o fato da corrente I 03 ter um valor discrepante quando
comparada com I 01 e I 02. Isso ocorre pelo fato de que na parte central do núcleo, o fluxo
resultante é igual à soma dos fluxos das partes laterais. Por consequência, o fluxo na parte
central é maior e ocasiona uma corrente maior.
Na figura 7 abaixo, temos uma representação esquemática do fluxo no interior do
núcleo.
Figura 7. Comportamento do fluxo magnético no interior do núcleo.

Fonte. Próprio Autor (2023).

Pela ausência de carga no secundário do transformador, sabe-se que a única corrente


presente no circuito primário do mesmo é a chamada corrente de magnetização. Essa pode ser
calculada através da média aritmética dos valores de correntes dispostos na tabela 3. Portanto,
a corrente de magnetização ( I m) para este transformador, é [2]:
15

I 01 + I 02+ I 03 0,42+ 0,45+ 0,61


I m= = =0,4933 A ( eq .5 )
3 3
Como a média foi realizada utilizando valores de linha, por consequência o valor I m
encontrado, também é um valor de linha. Para obter o valor da corrente de magnetização que
flui pelas bobinas (valor de fase), basta utilizar a relação entre valores de linha e de fase.
Então, temos que Im de fase, pode ser obtido da seguinte forma [1]:
I ml 0,4933
I mf = = =0,2848 A ( eq .6 )
√3 √3
Outros dados importantes que puderam ser obtidos através da bancada, foram os
valores de potência ativa. Pelo fato do método utilizado para a coleta desses dados foi o dos
dois wattímetros, a potência ativa total (trifásica) solicitada pelo transformador (W0), consiste
em uma soma algébrica da leitura do primeiro wattímetro (W1) e do segundo (W2), valores
que estão dispostos na tabela 3. Tem-se então [1]:
W 0 =W 01 + W 02=12,5+10=22,5W ( eq .7 )
Já encontrado W 0 , o valor da potência ativa solicitada por fase pode ser definido como
sendo um terço desse valor. Assim, W 0 -fase= 7,5W.
Com objetivo de deixar os dados obtidos mais organizados, os mesmos estão dispostos
na tabela abaixo.

Tabela 4. Valores da corrente de magnetização e a potência por fase.


Im Im-fase Io3 Wo- Wo2 fp
Wo-fase
(Media) (Media) (A) fase (W) a vazio
0,4933 A 0,2848 A 7,5 W 0,61 12,5 10 0,23
Fonte. Próprio Autor (2023).

Através dos resultados obtidos tanto pelos instrumentos de medição quanto pelos
cálculos, nos permite calcular os parâmetros do ramo magnetizante, por fase, para a
representação série e paralela do circuito equivalente.
Para o circuito equivalente série [2]:
W 0−fase 7,5
Rms= 2
= =92,46 Ω ( eq .8 )
I −fase
0 ( 0,2848 )2
V fase 110
Z m= = =386,23 Ω ( eq .9 )
I 0 −fase 0,2848
1 1
X ms=( Z ms−Rms ) 2 = ( 386,23 −92,46 ) =374,99 Ω ( eq .10 )
2 2 2 2 2
16

A figura abaixo representa o circuito equivalente do ramo série considerando somente


a parte magnética.

Figura 8. circuito equivalente do ramo série.

Fonte. Próprio Autor (2023).

Para o circuito equivalente em paralelo [2]:


W 0−fase 7,5
I 0 p= = =68,18 mA ( eq .11 )
V fase 110
1 1

I 0 q=( I 2
0 fase −I 0p) =(0,2848 −( 68,18∗10 ) )
2 2 2 −3 2 2
=0,2796 A ( eq .12 )

Onde I 0 p é a corrente que flui pelo resistor Rmp (resistência do ramo magnetizante em
paralelo) e I 0 q a corrente que flui pela reatância Xmp (reatância do ramo magnetizante em
paralelo).
Portanto, temos os seguintes resultados [2]:
V fase 110
Z mp= = =386,23 Ω ( eq .13 )
I 0 fase 0,2848
W 0−fase 7,5
Rmp = 2
= 2
=1613,42 Ω ( eq .14 )
I 0p ( 68,18∗10−3)
V fase 110
X mp= = =374,99 Ω ( eq .15 )
I 0 q 0,2796
A figura abaixo representa o circuito equivalente do ramo paralelo considerando
somente a parte magnética.

Figura 9. Circuito equivalente do ramo série.

Fonte. Próprio Autor (2023).


17

Por fim, com objetivo de verificar o valor do fator de potência informado pela
bancada, o mesmo foi calculado e o resultado é apresentado logo abaixo [1].
W0 22,5
fp= = =0,239 ( eq .16 )
S √ 3∗110∗0,4933
Analisando o valor encontrado, é possível constatar que quando o transformador não
possui carga ou até mesmo em situações com cargas que solicitam um valor de potência muito
abaixo da potência nominal do Trafo, resultará em um baixo fator de potência. Indicando
assim, que há um consumo elevado de energia reativa. Portanto, através do ensaio a vazio,
também é possível descobrir que o transformador operando no limite da sua capacidade é
melhor para o sistema elétrico de energia.

3.2. Ensaio de Curto-Circuito

O transformador utilizado para este ensaio, foi o mesmo em que ocorreu o ensaio a
vazio. Por isso, as características do mesmo, se mostram dispostas na tabela 1.
Como já dito, o variador de tensão foi ajustado de tal maneira que o amperímetro da
bancada indicasse a corrente de 5,24A. Esse valor foi obtido quando a tensão de linha
fornecida pelo variador foi de 24,8V, resultado que é justamente a tensão de curto-circuito
(Vcc).
Quando comparado a tensão primária nominal, Vcc corresponde a aproximadamente
22,54% da mesma.
Outros dados importantes obtidos através dos equipamentos de medição dispostos na
bancada, foram a corrente de curto-circuito de cada fase e o fator de potência. Estes se
encontram na tabela abaixo.

Tabela 5. Correntes de curto-circuito e fator de potência.


Icc1 Icc2 Icc3 Fato de
(A) (A) (A) Potência
4,65 5,38 5,84 0,53
Fonte. Próprio Autor (2023).

A título de confirmação do valor do fator potência informado pela bancada, o mesmo


foi calculado [1]:
P3 ϕ 119
fp= = =0,52888 ( eq .17 )
S3 ϕ √3∗24,8∗5,24
18

O erro entre o valor informado e o calculado foi de aproximadamente 0,21%. Portanto,


pode-se confirmar a validade do dado cedido pelo equipamento de medição.
Em relação as perdas, a perda de curto-circuito trifásica (Pcc3Φ) foi de 119 W. Como
cada fase é responsável por um terço desse valor, a perda de curto-circuito por fase (Pcc) é de
39,67 W. Sobre as perdas nos enrolamentos (Pe), sabe-se que a mesma é a diferença entre Pcc
de fase e Pa (perdas adicionas). Já que no ensaio a vazio foi possível encontrar W0-fase e Pa é
igual à 20% desse valor, temos [1]:
Pa=0,2W 0 fase =0,2∗7,5=1,5 W ( eq .18 )
Assim, através da relação matemática citada anteriormente, Pe pode ser obtido da
seguinte forma [1]:
Pe =Pcc −P a=39,67−1,5=38,17 W ( eq .19 )
Tendo conhecimento desses resultados, é possível realizar o cálculo dos parâmetros
equivalentes e também da impedância, resistência e reatância percentual do Trafo.
Para a resistência percentual, a mesma é calculada através da seguinte fórmula [1]:
P cc
R ( % )= ∗100 % ( eq .20 )
Pn
Onde a potência nominal por fase (Pn) do transformador é 333,33VA, portanto [1]:
39,67
R ( % )= =11,90 % ( eq .20 )
333,33
No caso da impedância percentual, a fórmula utilizada para o cálculo da mesma, é [1]:
V cc
Z ( % )= ∗100 % ( eq .21 )
Vn
Com Vn sendo a tensão nominal do lado ligado em delta do transformador.
Substituindo os valores, temos [1]:
24,8
Z ( % )= ∗100 %=24,54 % ( eq .21 )
110
Tendo conhecimento dos valores de impedância e resistência percentual, a relação
utilizada para encontrar a reatância percentual, será a seguinte [1]:
Z ( % ) =R ( % ) + X ( % ) ∴ X ( % )= √ Z ( % ) −R ( % ) ( eq .22 )
2 2 2 2 2

Logo o valor da reatância percentual para o transformador utilizado, é obtido logo


abaixo:
X ( % )=√ 22,54 −11,9 =19,14 % ( eq .22 )
2 2

Já para os parâmetros equivalentes, temos que Req1(resistência equivalente) pode ser


calculada da seguinte forma [1]:
19

P cc
Req 1= 2
( eq .23 )
I nfase
Como o valor informado pelo amperímetro na bancada é o valor nominal da corrente
de linha (In), In-fase é obtida dividindo In por √ 3 . Assim, temos que In-fase é igual à 3,02A.
Conhecido tal valor e substituindo na fórmula, temos que Req1, é:
39,67
Req 1= 2
=4,33 Ω ( eq .23 )
3,02
A reatância equivalente (Xeq1), pode ser obtida da seguinte forma [1]:
Qcc
X eq 1= ( eq .24 )
I 2nfase
Onde Qcc é a potência reativa e S a potência aparente consumida durante o ensaio de
curto-circuito. Em vista disso, temos:
1

( ( 24,8∗3,02 ) −39,67 )
2 2 2
X eq 1= =6,96 Ω ( eq .24 )
3,022
Por fim, utilizando a relação básica para o cálculo da impedância através de Req1 e
Xeq1, a impedância equivalente, é [1]:
Z eq1=√ R2eq 1 + X 2eq 1=√ 4,33 2+6,96 2=8,2 Ω ( eq .25 )
Calculado todos os parâmetros, o circuito equivalente elétrico do ensaio de curto-
circuito, é mostrado abaixo.

Figura 10. Circuito equivalente do ensaio curto-circuito.

Fonte. Próprio Autor (2023).

3.3. Rendimento do Transformador

O rendimento de um transformador é dado pela seguinte equação [2]:


V 2 I 2 fp
η= ( eq .26 )
V 2 I 2 fp+ R eq 2 ( I 2 )2 + P0
20

Com V2 sendo a tensão do secundário que o Trafo irá fornecer a carga. No caso do
ensaio realizado, V2 é igual a 110V. O termo fp, representa o fator de potência da carga
instalada e como indicado no roteiro do ensaio, o mesmo assumirá valor unitário.
Req2 é valor da resistência equivalente vista pelo secundário. Pelo fato da relação de
transformação ser unitária, Req2 é igual a Req1. P0 é o valor das perdas no núcleo por fase,
esse dado foi obtido no ensaio a vazio e vale 7,5W.
Por fim, I2 é a corrente que circula pelo secundário. Porém, o valor da corrente muda
de acordo com a carga instalada. A mesma pode ser calculada da seguinte forma [1]:
fcS
I 2= ( eq .27 )
√3 V n
3,Onde Vn é a tensão de linha do circuito secundário e Fc (fração de carga) representa
quantos por centos a carga instalada vale quando comparada a carga nominal.
Na tabela abaixo é possível ver alguns valores de corrente para 5 diferentes valores de
Fc.

Tabela 6. Corrente em função da fração de carga.


Fração de Carga I2
(fc) (A)
0,15 0,45
0,35 1,06
0,5 1,51
0,7 2,12
1 3,03
Fonte. Próprio Autor (2023).

Conhecido o valor da corrente para cada fração de carga especificada na tabela 7, é


possível calcular o rendimento do transformador para as mesmas frações de carga.
Assim, temos que o rendimento (η) para cada Fc estão dispostas na tabela a seguir.

Tabela 7. Rendimento em função da fração de carga.


Fração de Carga Rendimento
(fc) (%)
0,15 85,62
0,35 90,41
0,5 86,98
0,7 89,63
1 87,59
21

Fonte. Próprio Autor (2023).

Através dos dados calculados, foi possível traçar a curva de rendimento do


transformador em função da fração de carga. Portanto, o gráfico obteve a seguinte forma:
Figura 11. Rendimento em função da fração de carga.

Fonte. Próprio Autor (2023).

Através do gráfico é possível concluir que mesmo com uma baixa fração de carga, o
transformador possui rendimento acima dos 80%. Na situação em que a fração de carga varia
entre 0,4 e 0,5, ou seja, o transformador se encontra com aproximadamente meia carga, é o
momento em que o mesmo possui maior rendimento.
Para sabemos com qual Fc o Trafo ensaio possui maior rendimento, deve-se igualar as
perdas fixas com as perdas variáveis (Freitas, 2022). Portanto:

P0=R eq2 ( I 2 )2 ∴ I 2=
√ P0
R eq2
( eq .28 )

Como esses valores já são conhecidos graças ao ensaio de curto-circuito e a vazio,


substituindo os mesmos na equação acima, temos que o máximo rendimento irá ocorrer na
seguinte situação:

I 2=
√ 7,5
4,33
=1,316 A ( eq .28 )

Ou seja, teremos máximo rendimento quando a corrente que circula pelo secundário
for igual a 1,316A.
Calculando o rendimento para tal corrente, temos:
110∗1,316∗1
η= =0,9061 ( eq .26 )
110∗1,316∗1+ 4,33 ( 1,316 )2 +7,5
22

Portanto, o transformador utilizado para a realização do ensaio possui o rendimento


máximo de 90,61%.
A fração de carga que fará com que esse rendimento seja obtido, é dada pela
manipulação da equação 27, logo teremos:
S 110∗1,316
fc= = =0,4343 ( eq .29 )
S1ϕ 333,33
Resultado já esperado, pois como dito, o gráfico assume valor máximo quando Fc
varia entre 0,4 e 0,5. Imaginando que este transformador viesse a ser utilizado para uma
aplicação real, o engenheiro responsável deveria recomendar que o mesmo operasse com um
regime de carga próximo a metade da carga nominal, pois como visto através do gráfico e por
cálculos, é a situação em que se apresenta o melhor rendimento. (4)1
Já na situação em que Fc tende a 1, existe um leve declínio no gráfico, porém o
rendimento ainda é maior do que 86%. Então, podemos afirmar que o transformador de fato
possui um excelente rendimento independentemente do valor de Fc (descartando quando o
mesmo é nulo).

1
23

4. CONCLUSÃO

Por meio do experimento, a aplicação dos ensaios à vazio e em curto-circuito foi


realizada. Parâmetros do ramo magnetizante do trafo em série e em paralelo, a relação de
transformação (α), e as perdas no núcleo, foram encontradas no ensaio à vazio executado no
lado de baixa tensão. O baixo valor da corrente encontrada, refletida a ausência de carga se
deve as características construtivas das dimensões do núcleo. Nesse ensaio foi possível
determinar também em virtude das perdas de Foucault, à importância do núcleo laminado, o
qual diminuirá a corrente parasita que circula, atenuando a energia perdida pelo aquecimento.
Mediante a isso nota- se a importância do dimensionamento correto do transformador
para uma carga prevista, pois as perdas serão constantes. No ensaio de curto-circuito feito no
lado de alta tensão, as perdas no primário e no secundário foram contabilizadas, estimou-se
também a resistência, reatância e impedância equivalentes além da potência dissipada nos
enrolamentos de cobre do transformador.
O rendimento também foi especificado, permitindo que eventuais problemas e erros
de funcionamento nos transformadores pudessem ser identificados.
24

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Profa. Dra. Stefani Freitas. MÓDULOS DA DISCIPLINA “Conversão de Energia”.


2022
[2] OLIVEIRA, José, COGO, João, ABREU, José. TRANSFORMADORES - TEORIA E
ENSAIOS. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2018.

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