Física Experimental AI
1o Semestre / 2020
Sumário
1 OSCILOSCÓPIO 1
4 FILTROS PASSIVOS RL E RC 24
6 FONTES RETIFICADORAS 32
7 DIODOS SEMICONDUTORES 37
8 HISTERESE MAGNÉTICA 44
9 CARGA MASSA 48
10 EFEITO HALL 52
OSCILOSCÓPIO
Introdução
O instrumento básico de teste eletrônico de sinais é o osciloscópio. Além de ser utilizado
para visualizar formas de onda e medir tensões e freqüências, este versátil instrumento
é largamente aplicado em meios industriais e científicos para a medição e observação de
várias grandezas físicas que são convertidas em sinais elétricos. O osciloscópio é composto
basicamente por um dispositivo de formação de imagem (tubo de raios catódicos, TRC,
nos dispositivos analógicos) e uma unidade de tratamento de sinal.
Descreveremos inicialmente o tubo de raios catódicos, cujo esquema é mostrado na
fig.1.1. O tubo é selado a vácuo e possui vários elementos internos com passantes elétricos
para o exterior. Duas destas conecções são ligadas um filamento (catodo) que emite
elétrons ao ser aquecido por passagem de corrente. A intensidade do feixe de elétrons
gerado é controlada por uma tensão aplicada a uma grade de controle. Em seguida
existe um primeiro anodo cuja função é focalizar o feixe, e a seguir, o segundo anodo
que serve para acelerar os elétrons. Os anodos são conectados a potenciais de ≈ 1000V
e ≈ 2000V , respectivamente. O conjunto catodo, grade, 1o anodo e 2o anodo forma o
canhão eletrônico. O feixe de elétrons gerado pelo canhão pode ser defletido através de
campos elétricos. Isso é realizado através de dois pares de placas provocando a deflexão
vertical e horizontal do feixe quando uma diferença de potencial é aplicada entre elas.
Finalmente o feixe eletrônico atinge a superfície interna da tela do TRC que é recoberta
por um filme de material fluorescente, gerando assim um ponto luminoso na tela.
1
EXPERIMENTO 1. OSCILOSCÓPIO 2
Figura 1.2: Imagem de (a) somente uma tensão alternada aplicada às placas de deflexão vertical
e (b) uma tensão alternada às placas de deflexão vertical e uma tensão dente-de-serra às placas
horizontais.
EXPERIMENTO 1. OSCILOSCÓPIO 3
A imagem de um círculo como na figura 1.3 é obtida quando duas ondas senoidais, de
mesma frequência e amplitude, mas defasadas de 90o , são aplicadas às placas defletoras
verticais e horizontais (correspondente ao modo XY do osciloscópio). Se a defasagem
for igual a zero o sinal será uma reta e se for diferente de zero e 90o será uma elipse.
Este método é muito usado para se medir a defasagem entre dois sinais como será visto
adiante no prática 3 (Circuitos RC). De uma forma geral, os sinais de entrada devem
ser amplificados antes de serem aplicados às placas defletoras. Isso porque a tensão
necessária para deslocar o feixe de apenas alguns centímetros é muito alta. O controle da
amplificação do sinal de entrada é chamada de ganho vertical (vertical gain), amplificador
vertical ou sensibilidade vertical. O controle de ganho do amplificador horizontal tem
denominação análoga, ou ainda, base de tempo. Os geradores de varredura geralmente
podem fornecer sinais de 20 Hz a 100 kHz, ou até mais, varia para cada osciloscópio.
O operador indiretamente altera esta frequência ao escolher uma ’base de tempo’ (dada
em geral em TEMPO/DIVISÃO) adequada para visualizar o sinal aplicado à entrada do
osciloscópio.
Figura 1.3: Imagem obtida quando as duas senóides têm a mesma amplitude e frequência, mas
estão defasadas de 90o .
O osciloscópio possui também uma chave que seleciona os modos DC e AC. No modo
DC, o sinal de entrada é aplicado diretamente. Na posição AC apenas a componente
alternada do sinal será reproduzida na tela, devido à colocação de um capacitor interno
em série com o sinal de entrada. Veremos em detalhes o funcionamento desta chave
AC-DC na Prática 2.
Mais recentemente, foram introduzidos os osciloscópios digitais, nos quais a unidade
de tratamento de sinal é um microprocessador e a imagem é mostrada em um display de
cristal líquido. Estes osciloscópios são extremamente úteis pois nos permitem digitalizar
e armazenar os sinais desejados para uma posterior análise. O osciloscópio nos permite
observar a forma de uma tensão complexa bem como medir o período T, o valor pico a
pico (Vpp ) de sinais periódicos, etc. Para um sinal senoidal o valor pico a pico corresponde
ao dobro da amplitude (Vpp = 2Vo ). Tensões ou correntes senoidais variando no tempo
(V (t) = Vo sen(ωt), i(t) = io sen(ωt)), são usualmente expressas pelos seus valores eficazes.
EXPERIMENTO 1. OSCILOSCÓPIO 4
1 T
Z
2
Vef = V (t)2 dt. (1.1)
T 0
Questão: Mostre que para o caso particular de uma tensão alternada senoidal, o valor
eficaz Vef da tensão é dado por:
Vpp
Vef = √ . (1.2)
2 2
Voltímetros e amperímetros (medida AC), sejam eles analógicos ou digitais, fornecem
leituras em valores eficazes. As tensões especificadas pelos fabricantes para eletrodomés-
ticos, por exemplo, são valores eficazes. Exemplos: uma torradeira de 127 V; um ferro
elétrico de 220 V, etc. Para uma rede elétrica de 110 V, o valor efetivo é 110 V e o valor
pico a pico é próximo de 310 V. A rede elétrica da CEMIG é de Vef = 127V , amplitude
Vo =180V, e Vpp =360V.
Parte Experimental
Objetivo : Utilizar o osciloscópio em medidas elétricas, em especial para se determinar
amplitudes e frequência de sinais periódicos
Material
1 gerador de áudiofrequência
1 osciloscópio
1 multímetro digital
1 resistor de 10 kΩ
1 década de resistências
1 painel de ligação
6 cabos banana-banana
2 cabos BNC-banana.
PROCEDIMENTO
Atenção, nos itens A e B, todas as medidas devem ser apresentadas com tolerância,
incluindo os valores previstos teoricamente.
EXPERIMENTO 1. OSCILOSCÓPIO 5
A) Medidas de Tensão
4. Faça leituras de Vpp com o osciloscópio e com o multímetro (modo Vac ) meça os
valores eficazes das tensões para as cinco resistências acima.
O osciloscópio pode ser usado também para medidas de intervalos de tempo como,
por exemplo, o período de um sinal gerado por um gerador de áudio-frequência.
2. Com o osciloscópioi meça 5 (cinco) valores de períodos diferentes para ondas senoi-
dais com frequências f quaisquer do gerador de áudio (anote sempre a tolerância).
Meça também a frequência com o multímetro no modo frequencímetro.
3. Faça uma tabela com os valores de períodos (ou freqüências calculadas, f=1/T) me-
didos com o osciloscópio e com as correspondentes leituras das frequências realizadas
diretamente no gerador de áudio e no frequencímetro do multímetro.
Para esta parte serão utilizados dois geradores, um no canal 1 e o outro no canal 2 do
oscioscópio.
2. Sabemos que, se as freqüências dos sinais alternados estiverem numa relação sim-
ples 1/2, 2/3, 3/5, etc. e estáveis, aparecerá uma Figura de Lissajous na tela do
osciloscópio. Desenhe as figuras de Lissajous para os casos de freqüência senoidal
dos canais 1 e 2 na relação de 1/1 e 1/2. Explique origem das figuras observadas.
Porque as figuras não se estabilizam na tela?
Questões
1. Desenhe a forma de onda resultante da aplicação dos sinais da fig. 1.5 nos canais X
e Y:
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
• Utilizar um osciloscópio.
Introdução
Sinais senoidais (harmônicos) são frequentemente usados para testar circuitos elétricos, no
entanto, tensões e correntes não senoidais também são bastante comuns em circuitos de
aparelhos eletrônicos e de instrumentação. Um osciloscópio permite a observação destas
formas de onda bem como a determinação de seu valor médio, ou seja de seu componente
contínuo.
Na experiência anterior, vimos a definição de valor eficaz, o qual não se deve confundir
com o valor médio. A definição de valor médio para uma função periódica f(t) de período
T é dada pela relação:
1 T
Z
< f >= f (t) dt, (2.1)
T 0
onde a integração se faz sobre todo o período. Como vamos tratar de valores médios de
tensões elétricas, denominaremos por V̄ , Vmed ou VDC , todos tem o mesmo significado,
ou seja:
1 T
Z
V̄ = V (t) dt. (2.2)
T 0
É evidente que o valor médio de qualquer onda senoidal é nulo, afinal as áreas do semi-
ciclo positivo
R T e do semi-ciclo negativo são iguais e tem sinais opostos. O valor eficaz
(Vef2 = T1 0 V (t)2 dt) por sua vez é sempre maior que zero.
8
EXPERIMENTO 2. SINAIS NÃO SENOIDAIS E VALOR MÉDIO 9
Muitas vezes um sinal é composto de uma parte contínua (VDC ) e outra oscilante, do
tipo V (t) = VDC + Vo sen(ωt) por exemplo. Quando o osciloscópio está na posição AC,
um capacitor é colocado em série na entrada do amplificador que filtra (rejeita) a tensão
contínua e permite apenas a passagem da(s) componente(s) oscilatória(s). Na fig. 2.1
pode-se ver um esquema do circuito de entrada de um canal do osciloscópio. Na posição
AC só vemos na tela do osciloscópio a componente oscilatória do sinal. Já na posição
DC, o capacitor não está mais na entrada do circuito do osciloscópio, e vemos o sinal
completo (VDC + componente oscilatória). O resultado é que ao se passar de DC para AC
o sinal se desloca verticalmente na tela. O deslocamento (em volts) será correspondente
à componente continua (valor médio ou VDC ) do sinal.
Observe que este valor médio é exatamente o medido com o multímetro na opção
’VDC ’. Nesta prática faremos medidas de valores médios de vários sinais com o auxílio do
osciloscópio (ao passar de AC para DC) e do multímetro (modo DC), que em princípio
devem apresentar valores iguais.
Nesta prática, para gerar sinais não senoidais faremos uso de um gerador de áudio
senoidal e de diodos (em série) para alterar a forma de onda original. Isso é possível
pois os diodos apresentam resistência elétrica à passagem de corrente que depende da
polarização e da amplitude da tensão aplicada. Pode-se por exemplo ’filtrar’ apenas o
ciclo positivo (ou negativo) da onda original, ou até mesmo gerar uma onda do tipo
trapézio, como veremos adiante.
EXPERIMENTO 2. SINAIS NÃO SENOIDAIS E VALOR MÉDIO 10
Questões
1. Mostre que a componente contínua de um sinal é igual ao seu valor médio. Pode-se
raciocinar de duas maneiras equivalentes:
- o sinal oscila em torno do seu valor médio, de forma que as áreas abaixo e acima
do valor médio são iguais;
- se desenvolvermos em série de Fourier uma função periódica, temos um termo
constante e uma soma de termos senoidais. O termo constante é exatamente o valor
médio.
Parte Experimental
Objetivo : Utilizar o osciloscópio em medidas de sinais periódicos não senoidais.
Material
1 gerador de áudio-frequência
1 osciloscópio
1 multímetro
1 painel de ligação
6 cabos banana-banana
1 resistor de 5 a 10 kΩ
1 diodo de silício (p. ex. 1N4007)
1 diodo zener (1N4735 ou 1N4736)
EXPERIMENTO 2. SINAIS NÃO SENOIDAIS E VALOR MÉDIO 11
PROCEDIMENTO
2. Utilizando um diodo retificador de meia onda em série com um resistor vamos agora
gerar uma forma de onda não senoidal a partir de uma tensão senoidal do gerador
de áudio. Monte o circuito da fig. 2.2 e ajuste o gerador de áudio para uma tensão
senoidal de saída com f=1 kHz e Vpp =20V.
Figura 2.2: Circuito de um retificador indicando onde a tensão será medida: de A ao terra
(entrada do retificador), e de B ao terra (saída do retificador).
5. Meça com um multímetro a tensão VDC - atenção para a escolha correta de tensão
(DC e não AC). Compare com o valor VDC medido com o multímetro com o obtido
no item anterior.
6. O valor médio medido corresponde ao esperado? Calcule o valor teórico pela equação
2.2 e discuta. Mostre que V̄ = Vpp /2π para uma meia-onda senoidal (parte positiva
da senóide).
EXPERIMENTO 2. SINAIS NÃO SENOIDAIS E VALOR MÉDIO 12
7. Acrescente o diodo Zenner à saída do retificador (ver fig. 2.3). Isto transformará
a tensão numa forma trapezoidal. Verifique e meça seu valor médio (novamente do
ponto B para o terra). Calcule também o valor médio, através da medida da área
sob a curva dividida pelo período. Compare os resultados.
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
13
EXPERIMENTO 3. DEFASAGEM EM CIRCUITOS RLC 14
Figura 3.1: (a) Circuito AC resistivo. (b) Forma de onda da tensão e da corrente no resistor e
diagrama de fasores mostrando a relação de fases.
Como explicado no experimento 1, o valor efetivo de uma corrente (ou tensão) alter-
nada é equivalente ao valor que uma corrente contínua dissiparia em uma resistência a
mesma potência. O valor efetivo é, naturalmente, um valor constante. A energia dissipada
W da corrente alternada através de um resistor R em um período T será dada por:
Z T
W =R i2o sen2 (ω.t)dt. (3.3)
0
W = Ri2ef T. (3.4)
Figura 3.2: (a) Circuito AC indutivo. (b) Forma de onda da tensão e da corrente no indutor; e
diagrama de fasores mostrando a relação de fases.
No indutor é criada uma f.e.m. que tende a fazer a corrente fluir no sentido oposto (da
direita para a esquerda). Assim, o "lado esquerdo"do indutor fica positivo em relação ao
"lado direito". O efeito resultante será uma queda de potencial através do indutor igual
a:
diL
VL = L (3.8)
dt
diL
VL = L = L[ω.io cos(ωt)] (3.9)
dt
VL = ωL.io sen(ωt + 90o). (3.10)
Comparando as equações (3.1) e (3.10), vemos que há uma diferença de fase de 90o entre
a tensão e a corrente no indutor, sendo assim, a tensão indutiva está sempre adiantada
em relação a corrente. O raciocínio para a corrente fluindo no sentido contrário leva ao
mesmo resultado. As formas de onda da tensão e corrente no circuito, assim como o
diagrama de fasores, para um circuito indutivo puro estão representados na figura 3.2b.
EXPERIMENTO 3. DEFASAGEM EM CIRCUITOS RLC 16
Figura 3.3: (a) Circuito AC capacitivo. (b) Forma de onda da tensão e da corrente no capacitor;
e diagrama de fasores mostrando a relação de fases.
nos dando:
V = Vr sen(ω.t) + (VL − VC )cos(ω.t) (3.16)
Exercício 1: Mostre que estas tensões podem ser tratadas como vetores. Neste caso os
módulos destas tensões complexas podem ser tanto os valores eficazes quanto os valores
pico-a-pico. A representação fasorial da tensão aplicada e da corrente no circuito é vista
na figura 3.5. O valor do módulo da tensão total é dado por:
q
V = VR2 + (VL − VC )2 (3.17)
Exercício 2: Verifique se a tensão nos extremos de um elemento pode ser maior que a
tensão aplicada. No circuito RLC, a corrente complexa é dada pela expressão:
V
I= (3.18)
Z
onde Z é a impedância complexa do circuito, que é uma grandeza complexa análoga
à resistência. De fato, sempre se tem I = V /R em um circuito puramente resistivo,
entretanto, se houver indutâncias e capacitâncias em série com R, sempre se terá Z.
Exercício 4: Verifique que nos extremos do indutor ou capacitor tem-se sempre que:
V VL VC
I= = = (3.20)
Z XL XC
Como visto acima, em um circuito série RLC de corrente alternada, a tensão VR no resistor
e a corrente estão em fase; a tensão no capacitor VC se atrasa 90o ; e a tensão no indutor
VL adianta 90o em relação a corrente. Além disto, estas tensões, bem como a corrente a a
tensão total no circuito, podem ser representadas na forma de fasores, ou vetores em um
plano complexo.
XL − XC
tan δ = (3.21)
R
Introdução
Esta prática se destina ao estudo de circuitos RC. Na primeira parte, a determinação
experimental da diferença de fase entre a corrente e a tensão em um circuito RC será
realizada. Este método vale também para circuitos RL e RLC. Na segunda parte será
construído um circuito RC diferenciador.
A seguir descrevemos dois métodos para a determinação da diferença de fase em cir-
cuitos de corrente alternada.
Figura 3.6: Tensão e corrente em função do tempo. ∆t é a diferença de tempo entre os dois
máximos.
EXPERIMENTO 3. DEFASAGEM EM CIRCUITOS RLC 20
Método da Elipse
Parte Experimental
Objetivos:
Medir a diferença de fase entre a tensão e a corrente em circuitos RC;
Medir a diferença de fase entre a tensão e a corrente em circuitos RLC;
Estudar um circuito RC diferenciador.
Material:
1 gerador de áudio-frequência;
1 osciloscópio;
1 painel de ligação
6 cabos banana-banana
2 cabos BNC-banana
2 Resistores (1 de 80 a 120Ω, 1 de 390 a 680Ω)
1 Década de resistência
2 Capacitores (1 de 22nF e 1 de 2,2nF)
1 Indutor (200 mH < L < 500 mH)
1 Diodo retificador 1N4007
1 Diodo Zenner de 3.9V
PROCEDIMENTO
A) Circuito RC (R ≪ XC )
3) Mude agora para o modo X-Y do osciloscópio. O sinal aplicado ao eixo Y corresponde
à tensão total (B), e o eixo X (medida em A) corresponde ao sinal da corrente, ou seja
VX ≡ R·I e VY ≡ VT OT . Ajuste a tensão do gerador e os ganhos dos canais do osciloscópio
de modo a obter uma elipse na tela. Discuta a forma da figura de Lissajous obtida e pelo
segundo método (método da elipse) determine a defasagem.
4) Qual é a defasagem (δ) esperada entre a tensão total VT OT e a corrente I? (Veja equação
3.21).
B) Circuito RC
• calcule a diferença de fase esperada e compare com os resultados dos dois métodos
experimentais;
C) Circuito RLC
8) Repita todo o procedimento do item (7), mas agora com um circuito RLC em série,
adicionando um indutor (200 mH < L < 500 mH) entre o ponto B e a década. Discuta
todos os resultados obtidos.
EXPERIMENTO 3. DEFASAGEM EM CIRCUITOS RLC 23
D) Circuito Diferenciador
10) Verifique a relação entre a forma da tensão de entrada (VIN ) e a tensão no resistor
(VOU T ). Analise e desenhe para cada trecho de um período: VIN e VOU T em função do
tempo. Procure entender o resultado obtido em função da relação entre a carga (e tensão)
no capacitor com a corrente (e tensão) no resistor.
11) Mostre porque para R ≪ XC este circuito é conhecido como um circuito diferenciador.
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
FILTROS PASSIVOS RL E RC
Introdução
Em um circuito de corrente alternada, a reação à passagem de cargas em resistores puros,
ou seja a sua resistência R, independe da frequência da tensão que alimenta o circuito. No
caso de indutores, esta reação é proporcional à frequência e é chamada reatância indutiva
XL . Nos capacitores, a reação é inversamente proporcional à frequência e é chamada
reatância capacitiva XC . Matematicamente tem-se
XL = 2πf L (4.1)
1
XC = (4.2)
2πf C
em que L é a indutância do indutor, C é a capacitância do capacitor e f é a frequência do
sinal.
Estas características dos indutores e capacitores podem ser usadas para se rejeitar
ou selecionar sinais de diferentes freqüências de circuitos eletrônicos. A esta função dá-
se o nome de filtragem de sinais, e à combinação de capacitores/indutores e resistores
que exercem esta função, de filtros passivos. Filtros que rejeitam altas freqüências são
conhecidos como passa-baixas enquanto que aqueles que rejeitam baixas freqüências são
conhecidos como passa-altas. Nas figuras 4.1(a) e 4.1(b) podem ser vistos dois exemplos
de filtros passivos, um passa-baixa, e outro passa-alta, respectivamente.
24
EXPERIMENTO 4. FILTROS PASSIVOS RL E RC 25
Figura 4.1: (a) Filtro passa-baixa capacitivo; (b) Filtro passa-alta indutivo.
Figura 4.2: Resposta em frequência de filtros passivos: (a) RC passa-baixa, e (b) RL passa-alta,
respectivamente aos circuitos das Figs. 4.1(a) e 4.1(b).
EXPERIMENTO 4. FILTROS PASSIVOS RL E RC 26
Questões
1) Explique a dependência da queda do sinal de saída em um filtro passivo em função da
frequência, seja RC ou RL.
4) Mostre como filtros passa-alta podem ser construídos com capacitores, e passa-baixas
com indutores.
5) Um circuito RLC pode ser encarado como filtro passa-faixa? Por quê?
Parte Experimental
Objetivo:
Montar e caracterizar filtros passivos de sinais baseados em circuitos capacitivos e indu-
tivos
Material
1 gerador de áudio-frequência
1 osciloscópio
1 painel de ligação com 6 cabos
Resistor, R = 2 a 4kΩ
Capacitor, C = 10 a 33 nF
Indutor, L = 100 a 300 mH
Cabos
PROCEDIMENTO
A) Filtro passa-baixa RC
1) Monte o circuito da Fig. 4.1(a) com os valores R e C sugeridos acima. Calcule o valor
esperado para a frequência de corte, ele deve estar entre 1 e 5 kHz.
3) Varie a freqüência a partir de 50Hz, e meça Vo (pico-a-pico) para uma ampla faixa de
frequências, no mínimo 30 pontos, e como regra geral:
EXPERIMENTO 4. FILTROS PASSIVOS RL E RC 27
B) Filtro passa-alta RL
6) Repita os itens (1) a (5) para o circuito da Fig. 4.1(b) com o indutor escolhido.
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
Introdução
Um circuito RLC (veja fig. 5.1) está em ressonância quando a corrente no circuito é
máxima. Isso ocorre quando a tensão aplicada ǫ e a corrente resultante i estão em fase.
Na ressonância, portanto, a impedância complexa equivalente do circuito é exatamente o
28
EXPERIMENTO 5. RESSONÂNCIA EM CIRCUITO RLC 29
Observa-se uma inteira analogia entre a ressonância de circuitos RLC forçados e oscila-
dores mecânicos forçados. A energia armazenada num circuito RLC é constante, uma vez
que, quando a tensão no capacitor é máxima, a corrente no indutor é nula, e vice-versa.
A fig.5.2 mostra a variação da potência efetiva com a frequência do gerador de áudio para
um circuito RLC. A frequência de ressonância fo neste caso está em torno de 500Hz.
A razão Q = 2πfo L/R é denominada fator de qualidade do circuito. Ela é uma figura
de mérito do circuito. Valores grandes de Q implicam em ressonâncias intensas e estreitas.
Os circuitos de sintonia de receptores de rádio, por exemplo, são do tipo RLC. Em geral, a
sintonia do receptor se faz variando o valor da capacitância C de um capacitor variável até
que a frequência de ressonância ωo do circuito se iguale à frequência ω da onda portadora
enviada pela emissora. Os melhores receptores de rádio têm fator de qualidade da ordem
de 108 . O fator de qualidade também pode ser calculado através da relação:
ωo fo
Q= = (5.2)
∆ω ∆f
onde fo é a frequência de ressonância e ∆f é a largura do pico de ressonância para uma
potência efetiva correspondente a:
∆ω Pef (ωo ) M ax
Pef (ωo ± )= = 50% · Pef (5.3)
2 2
Questão: Mostre que a potência média Pef (ω) e a corrente são máximas na freqüência
de ressonância.
0 500 1,000
100
80
Potência efetiva
60
40
20
0 0
0 200 400 600 800 1,000 1,200
Frequẽncia (1/s)
Parte Experimental
Objetivo:
Estudar o fenômeno de ressonância em circuitos RLC em série.
Material:
1 gerador de áudio-frequência
1 osciloscópio
1 painel de ligação com 6 cabos
Resistor
Capacitor
Indutor
PROCEDIMENTO
1) Monte o circuito RLC da fig. 5.3, escolhendo os componentes cujos valores estejam
dentro das faixas especificadas na tabela (use os indutores com base de madeira).
3) Com os dados obtidos em 2), calcule a frequência de ressonância (fo ) e fator de quali-
dade (Q) esperados para o circuito.
4) Ajuste o gerador para uma tensão de 6 Vpp (lidos no osciloscópio) e meça os valores
EXPERIMENTO 5. RESSONÂNCIA EM CIRCUITO RLC 31
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
• “Fundamentos de Física”, D. Halliday, R. Resnick and John Merril, vol.4, Cap. 39.
EXPERIMENTO 6
FONTES RETIFICADORAS
• Funcionamento de diodos.
Introdução
A grande maioria das tensões e correntes elétricas utilizadas no dia a dia é alternada
(AC), em geral de forma senoidal. Isto é uma consequência da maneira que se gera energia
elétrica em larga escala, ou seja, aplicação da lei de Faraday a bobinas na presença de
campo magnético, com movimento relativo entre campo e espiras.
Existe um número enorme de aplicações em que o sinal elétrico (tensão e/ou corrente)
tem que ser contínuo (DC). Assim, é muito comum se retificar o sinal senoidal de entrada.
Retificar uma tensão elétrica é converter a tensão alternada em uma tensão contínua. Este
processo é usado na alimentação de computadores, eletrodomésticos, rádios, instrumentos
científicos, etc..
Numa fonte retificadora, os componentes principais são diodos de silício, os quais
impõem um sentido único para a corrente (detalhes sobre diodos serão abordados em
outro experimento). O retificador mais simples é o de meia onda, mostrado na fig. 6.1(a).
Nesse caso, uma tensão elétrica senoidal de entrada, Vent = (Vpp /2)sen(ωt), é aplicada
a um circuito contendo um resistor (ou carga) R em série com um diodo D. Durante
o meio-ciclo positivo, isto é quando a tensão do anodo do diodo é positiva com relação
ao catodo, o diodo permite a passagem de cargas, logo, permite que haja corrente. Na
outra metade do ciclo, o diodo bloqueia a corrente, como se apresentasse uma resistência
infinita. Assim, a tensão medida no resistor é pulsada e sempre positiva. A figura 6.1(b)
32
EXPERIMENTO 6. FONTES RETIFICADORAS 33
ilustra o retificador de onda completa: a configuração dos quatro diodos faz com que uma
metade do sinal seja invertida e a tensão de saída tenha o dobro de pulsos.
A tensão de saída do retificador de meia onda será uma sequência de pulsos, com
uma variação periódica entre zero e a amplitude do sinal de entrada Vo = Vpp /2. Ela
corresponde a uma tensão contínua, cujo valor médio é VDC = Vpp /2π (veja experimento
sobre uso de osciloscópio).
Um processo simples de se melhorar a retificação é introduzir um capacitor C em
paralelo com o resistor R (ou carga), como ilustrado na figura 6.2.
Figura 6.2: Fonte retificadora de meia-onda com capacitor em paralelo com a carga.
Figura 6.3: Forma do sinal na saída de um retificador de meia onda com capacitor.
A tensão V(t) continua a cair até que a tensão de saída do diodo seja igual àquela
do capacitor (em T2 ) quando, então, volta a subir senoidalmente. E o processo se repete,
como ilustrado na figura 6.3.
O decaimento da tensão entre a chegada de dois pulsos que passam pelo diodo depende
da constante de tempo τ = RC. Assim, o valor do ripple pode ser modificado modificando-
se o resistor e/ou o capacitor no circuito. A tensão de ripple é dada por Vr = V (T1 )−V (T2 ).
Em T2 :
(T2 −T1 )
V (T2 ) = VS e− RC (6.2)
VS Vo − 0.7V
Vr = = (6.4)
f RC 60Hz.RC
Desta equação, fica claro que a tensão do ripple deve ser dimensionada pelo capacitor C
do filtro e que ela depende também da resistência da carga.
EXPERIMENTO 6. FONTES RETIFICADORAS 35
Parte Experimental
Objetivo:
-Montar uma fonte retificadora de meia-onda usando um diodo de silício.
-Medir a oscilação de tensão (ripple) em cima do valor contínuo para este tipo de fonte e
relacioná-la à resistência da carga do circuito.
Material:
- Diodo tipo 1N4007 (D)
- Capacitor eletrolítico de 470µF (C)
- Década de resistências (Rd )
- Resistência de 100Ω(RL )
- Transformador de 120V / 2x12V
- Cabos e mesa de contatos
PROCEDIMENTO:
1. Monte o circuito da fig.6.3 e chame o professor para conferir antes de ligar o circuito.
A resistência RL = 100Ω é apenas para limitar a corrente na carga.
2. Sem RL e Rd no circuito, i.e. sem carga, meça com o osciloscópio e com um multímetro
(DC) a tensão contínua no capacitor. Lembre-se que a tensão DC é equivalente à tensão
média.Compare e explique as possíveis diferenças.
EXPERIMENTO 6. FONTES RETIFICADORAS 36
Questões
-Mostre que para a fonte retificadora de onda completa (com dois diodos de silício), a
tensão de ripple é dada por:
VS Vs − 0.7V
Vr = = (6.5)
2f RC 120Hz.RC
-Calcule o valor de um capacitor a ser usado em uma fonte retificadora de onda completa
em que a tensão de ripple seja 1% da tensão da fonte para uma carga de 2kΩ.
Bibliografia
• “R. Boylestad, Cap. 2, Seções 2.7 e 2.8 (retificadores).
DIODOS SEMICONDUTORES
Introdução
Dispositivos baseados eletrônicos baseados em materiais semicondutores incluem, dentre
outros, transistores, retificadores (diodos), moduladores, detectores, termistores, fotocé-
lulas. De um modo geral, o que se“controla” em um dispositivo semicondutor é a sua
resistividade. O exemplo mais simples seria o diodo semicondutor, o qual apresenta
uma resistência muito baixa quando polarizado numa direção e resistência muito elevada
(comportando-se como isolante) quando polarizado inversamente.
Um semicondutor altamente puro é conhecido por semicondutor intrínseco. A con-
dutividade intrínseca (para distingui-la da condutividade provocada por impurezas) é
praticamente nula a temperaturas próximas do zero absoluto. À medida que a tempera-
tura aumenta, os elétrons ficam termicamente excitados e passam da banda de valência
para a banda de condução. Tanto os elétrons da banda de condução quanto os buracos
deixados na banda de valência contribuem para a condutividade elétrica. Nos metais, a
banda de valência não é completamente cheia, e a existência de estados desocupados na
imediata vizinhança energética dos elétrons de mais alta energia na banda leva a uma alta
condutividade. Os isolantes, por outro lado, têm alta resistividade, pois o gap de energia
é grande demais para ser vencido por excitação térmica.
Os semicondutores mais utilizados pela indústria eletro-eletrônica são o germânio (Ge)
e o silício (Si) do grupo IV da tabela periódica. Os quatro elétrons de valência destes
materiais se ligam fortemente (ligação covalente) aos dos átomos vizinhos, e à temperatura
ambiente somente alguns se tornam elétrons livres. A concentração intrínseca de cargas
37
EXPERIMENTO 7. DIODOS SEMICONDUTORES 38
livres (de condução) numa dada temperatura é mais elevada no germânio do que no silício,
porque a largura da banda de energia proibida (Eg ) é mais estreita no germânio (0,67 eV)
do que no silício (1,14 eV).
Figura 7.1: (a) Semicondutor tipo N com a banda de energia Ed próxima ao fundo da banda
de condução; (b) Semicondutor tipo P com a banda de energia Ed próxima à banda de valência.
Figura 7.2: Esquema de uma junção P-N com gráficos esquemáticos para a distribuição de
cargas, campo elétrico, potencial ao longo da junção.
O diodo do estado sólido é um dispositivo obtido quando num mesmo cristal é criada
uma região P e outra N adjacentes, se configurando a junção PN (fig. 7.2). Através da
interface da junção haverá a difusão de cargas negativas na direção N → P e de buracos
na direção P → N, com uma distribuição de cargas como mostrado na fig. 7.2. Essa
distribuição gera um campo elétrico e potencial descritos pelos gráficos da mesma figura.
O resultado é que nesta região de depleção da junção PN o esquema de níveis de energia
ficará como mostrado na fig. 7.3a.
Se polarizarmos a junção PN na direção P → N, como na fig. 7.3(b), ou seja, aplicar-
mos um potencial positivo no lado P em relação ao lado N, criaremos um campo externo
que tende a desfazer a distribuição de cargas da fig. 7.2. A largura da região de depleção
será diminuída, assim como, a diferença de altura (energia) entre os lados P e N. Neste
caso, o fluxo de portadores minoritários não muda, porém a redução na largura da região
de depleção causa um fluxo majoritário intenso através da junção. O fluxo de portadores
majoritários aumentará exponencialmente com o aumento da polarização direta, como
será verificado experimentalmente.
A polarização será reversa como na fig. 7.3(c) se aplicarmos um potencial negativo
no lado P e positivo no lado N. Neste caso a largura da região de depleção aumenta, se
estabelecendo uma grande barreira para os portadores majoritários vencerem e o fluxo de
corrente cai a quase zero.
EXPERIMENTO 7. DIODOS SEMICONDUTORES 40
Figura 7.3: Diodo (a) sem tensão aplicada (b) em polarização direta (c) e em polarização inversa.
Na figura 7.4a mostra o símbolo usado para representar um diodo. Quando operando
em polarização dita direta (positivo no anodo e negativo no catodo) apresenta uma baixa
resistência (R=0 para um diodo ideal) e uma corrente id atravessa o dispositivo. Um
diodo ideal tem uma curva característica de corrente em função da tensão aplicada, I × V
como representado na fig. 7.4b. Um diodo real apresenta uma pequena queda de tensão
Vd quando em polarização direta. A figura 7.5 mostra mostra o comportamento I × V de
um diodo real em polarização direta e reversa.
I = IS (ekV /T − 1) (7.1)
onde:
Is - corrente de saturação inversa
T - Temperatura (K)
k = 11.600/η com η = 1 para o Ge e 2 para o Si.
Questões:
1) Quais diferenças você encontra entre esse diodo real (fig.7.5) e o diodo ideal (fig. 7.4)?
3)Que fatores influenciam a forma da curva I(V) de um diodo? Use a relação 7.1 para
sua discussão.
EXPERIMENTO 7. DIODOS SEMICONDUTORES 42
Parte Experimental
Objetivo
Caracterização elétrica de diodos baseados em materiais semicondutores.
Material
Há diversos tipos de diodo, cada qual com sua função: retificador, retificador controlado
(SCR), Zener, emissor de luz (LED), de capacitância variável (varicap), túnel etc. Nesta
aula serão vistos os seguintes diodos:
- diodo de silício;
- diodo de germânio;
- diodo emissor de luz – LED;
- diodo Zener.
Procedimento
2) Monte o circuito em série da fig. 7.6 com um diodo de silício e um resistor de 1 kΩ.
Aplique uma tensão senoidal de um gerador de áudio. Não ultrapasse 5 V.
3) Com auxílio do medidor PASCO de aquisição de dados, obtenha as curvas I(t) e V(t),
aplicando no CANAL A, a tensão do diodo e no CANAL B, a tensão do resistor. Na
dúvida consulte o professor. Observe e discuta. Lembre-se que a tensão no resistor é
diretamente proporcional à corrente que passa no circuito.
5) Levante a curva I(V) para os três outros diodos acima: Ge, LED e Zener.
7) Faça um ajuste da função I(V) segundo a equação empírica 7.1 para o diodo de silício
e determine o fator η.
Bibliografia
• Capítulo 14 do vol. III de "Lectures on Physics", R. P. Feynman.
HISTERESE MAGNÉTICA
Introdução
Um material é dito ferromagnético quanto este apresenta momento magnético espontâneo,
ou seja, mesmo em campo aplicado igual a zero (H = 0) exibe momento magnético
diferente de zero. Neste tipo de material os spins dos elétrons, e consequentemente seus
momentos magnéticos, estão arranjados de uma maneira regular.
O comportamento de um material ferromagnético submetido a um campo magnético
externo tem peculiaridades de grande interesse científico e tecnológico. Vários metais,
como o Fe, Ni e Co, e um grande número de ligas contendo estes e outros elementos,
apresentam uma alta magnetização à temperatura ambiente, mesmo quando submetidos
a um pequeno campo externo. Nestes materiais, chamados de ferromagnéticos, existe um
tipo especial de interação entre átomos vizinhos chamado de acoplamento de troca que
faz com que os seus momentos magnéticos fiquem alinhados.
Consideremos um material ferromagnético inicialmente não imantado e vejamos o seu
comportamento sob aplicação de um campo magnético externo H’. Na fig.8.1 mostramos
uma curva de histerese para o ferro-doce, que mostra a variação do campo B, proporcional
a sua magnetização, em função do campo aplicado. O campo B cresce muito rapidamente
com H’ (curva a), inicialmente sendo cerca de 104 vezes maior do que o campo aplicado.
O valor de B, entretanto, tende a saturar em um valor um pouco maior do que 15.000 G
(Gauss) ou 1,5 T. Se o campo aplicado H’ é, então, gradualmente decrescido, o campo B
não refaz a curva de subida, mas decresce mais lentamente do que cresceu, pela curva b.
44
EXPERIMENTO 8. HISTERESE MAGNÉTICA 45
podemos escrever:
~ r = µo M
B ~r (8.2)
onde Mr é a magnetização residual. Se o campo aplicado é gradualmente intensificado
na direção oposta à inicial, assim, o campo B somente se anulará ao aplicar um campo
igual a Hc′ , denominado campo coercivo ou coercividade. Continuando o processo de
variação do campo aplicado, o campo B percorre o ciclo fechado indicado na figura. O
ciclo de histerese varia muito sensivelmente de um material ferromagnético para outro, e
esta diversidade é muito útil em aplicações tecnológicas.
Figura 8.1: Curva de histerese para o ferro-doce. Observe-se que o eixo horizontal representa o
campo aplicado H ′ = µo H, que pode ser medido nas mesmas unidades do campo B.
Parte Experimental
Objetivo:
Medir a curva de histerese magnética de um material ferromagnético e determinar os
parâmetros característicos do mesmo.
Material:
1 gerador de áudiofrequência da Pasco
1 osciloscópio
Sistema de aquisição - Pasco
Transformador (1000/10000 espiras)
Núcleo de material magnético desconhecido
Resistores: R1 = 56Ω, R2 = 680kΩ
Capacitor: C = 10µF
Procedimento:
1) Monte o circuito da fig.8.2 com as bobinas, o núcleo magnético fornecido e os resistores
e capacitores indicados. Aplique uma tensão senoidal com máxima amplitude e freqüência
entre 0,5 e 1 Hz.
Figura 8.2: Circuito a ser utilizado para medida da curva de histerese em núcleo magnético.
4) Mostre que o campo criado por um solenóide de raio r com N espiras, pode ser apro-
ximado por:
Nµo I
H′ = (8.3)
2r
6) Demonstre que:
VC R2 C
B= (8.4)
NS A
onde A é a área da seção reta do núcleo ferromagnético. Dica: Lembre-se que a tensão
induzida na bobina secundária VS faz circular uma corrente IS no circuito R2 C1 (R2 =
680KΩ, C1 = 10µF ), onde:
∂ΦB ∂B
VS = −NS ∝ . (8.5)
∂t ∂t
Sabe-se também que o fluxo do campo magnético é dado por:
Z
ΦB = BdA = BA (8.6)
A
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
• “Medidores e Provadores Eletrônicos”, Joseph A. Risse.
• “ABC da Eletrônica”, Farl J. Waters.
• “Física”, D. Halliday, R. Resnick and John Merril - Vol. 3 - Cap. 37. - Propriedades
Magnéticas da Matéria
• “Física”, Alaor S. Chaves, vol. 2 - Cap. 22, Materiais Magnéticos.
EXPERIMENTO 9
CARGA MASSA
• Força de Lorentz;
Introdução
A razão carga/massa do elétron foi determinada pela primeira vez por J. J. Thomson em
1897 utilizando-se um tubo de raios catódicos. Através de uma diferença de potencial, ele
acelerou elétrons gerados por um filamento aquecido dentro do tubo e mediu a deflexão no
feixe gerada por um campo magnético. Por ser muito difícil medir diretamente a massa
do elétron, a descoberta de Thomson mostrou-se de considerável importância.
A força magnética (F~m ) que atua em uma partícula com carga q movendo-se com
velocidade ~v dentro de um campo magnético uniforme B ~ é dada pela equação:
onde F~m , ~v e B
~ são vetores. Considerando um feixe de elétrons perpendicular a um campo
magnético, a equação 9.1 pode ser escrita como:
Fm = evB, (9.2)
Fm = Rc (9.3)
48
EXPERIMENTO 9. CARGA MASSA 49
mv 2 eBr
evB = ⇒v= (9.4)
r m
em que Rc é a resultante centrípeta, m é a massa do elétron, v é sua velocidade e r o raio
da trajetória.
Os elétrons são acelerados através de um potencial V , ganhando assim energia cinética.
Desta forma:
1
eV = mv 2 (9.5)
2
Substituindo o valor de v da equação 9.4 na equação 9.5, obtemos:
2
1 eBr
eV = m . (9.6)
2 m
Parte Experimental
Objetivo:
Material:
-bobina de Helmholtz
-tubo de raios catódicos (válvula)
-fontes de tensão para valvula (internas ao aparato)
-fonte de corrente para bobina (interna ao aparato)
-displays de corrente (bobina) e tensão (de aceleração)
Aparato
A razão carga/massa (e/m) de elétrons pode ser determinada quantitativamente utili-
zando um tubo de raios catódicos como o da fig. 9.1, semelhante ao usado por J. J.
Thomson. Esta câmara esférica de vidro contem eletrodos para a a produção de um
feixe eletrônico. Uma fonte fornece uma tensão (AC) para aquecimento do filamento,
que aquece indiretamente o catodo (óxido com baixo valor de função trabalho) emissor
de elétrons. É aplicado um potencial no anodo que contem um furo para passagem dos
elétrons e o foco é ajustado por um segundo catodo (Wehnelt) intermediário, este último
não altera a energia cinética dos elétrons.
A câmara possui ainda um gás neon com pressão parcial de 1.3 Pascal. Desta forma
o gás é inonizado ao longo do feixe de elétrons emitindo luz. Através das bobinas de
Helmholt (modelo: KA6021) que produzem um campo magnético relativamente uniforme
no centro das mesmas, o feixe é defletido formando um circulo cujo raio pode ser medido.
EXPERIMENTO 9. CARGA MASSA 50
Figura 9.1: Tubo (câmara) do experimento carga/massa com passantes elétricos para eletrodos.
O aparato utilizado possui uma unidade de controle (veja fig. 9.2) com ajustes, através
de potenciômetros, da tensão de aceleração (entre anodo e catodo) e da corrente nas
bobinas de Helmhotz, com displays para estes valores, em [V] e [A] respectivamente.
Também existem controles de foco e para o filamento. Graduações equidistantes de 2cm
(veja hastes metálicas) no interior do tubo permitem uma medida, livre de paralaxe, do
diâmetro da trajetória dos elétrons. O tubo é encaixado na base do aparato para se
estabelecer as conecções elétricas para as fontes de tensão e corrente internas à unidade
de controle.
Figura 9.2: Aparato carga/massa com controles de tensão de aceleração [V] do feixe e corrente
[I] para as bobinas de Helmhotz.
EXPERIMENTO 9. CARGA MASSA 51
Questão: Demonstre que o campo magnético B produzido no meio das bobinas é dado
por:
Nµo i
B= (9.8)
(5/4)3/2 a
onde N é o numero de espiras da bobina de Helmholtz, µo é a permeabilidade magnética
do ar, i é a corrente elétrica na bobina e a é o raio da bobina.
Procedimento:
1) Ligue a unidade de controle e aguarde cerca de 1min até que o filamento aqueça o
catodo. Com corrente nula nas bobinas observe se o feixe de elétrons tem uma trajetória
linear (horizontal).
2) Atue no potencial de aceleração do feixe e na corrente das bobinas para obter diferentes
diâmetros/raios da trajetória circular. Variando [V] e [I] faça uma série de medidas para
diâmetros entre 4 e 10cm, pelo menos 5 medidas para cada diâmetro.
Bibliografia
• “Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos”, R. Boylestad e Louis Nashelsky –
Cap. 18.
EFEITO HALL
• Força de Lorentz;
Introdução
A medida quantitativa das concentrações de portadores e sua mobilidade é de vital im-
portância para o conhecimento de materiais, em particular os semicondutores. Um dos
métodos mais bem estabelecidos para isso é baseado no Efeito Hall, descoberto por Edwin
Hall em 1879, quando trabalhava em sua tese de doutorado.
Foi observado que quando uma corrente atravessa um condutor, imerso em um campo
magnético perpendicular à direção do fluxo de carga, um campo elétrico é gerado, o
qual por sua vez também é perpendicular a ambos: à corrente e ao campo magnético.
Esse campo elétrico pode ser detectado como uma diferença de potencial entre eletrodos
adequadamente colocados (medindo-se com um voltímetro). A tensão elétrica gerada é
proporcional às magnitudes da corrente e do campo magnético. Este fenômeno, conhecido
como efeito Hall é ilustrado no esquema da figura 10.1.
O efeito Hall surge porque, se uma partícula de carga q se move com velocidade v
em um campo magnético de densidade de fluxo B, ~ ela experimenta uma força (força de
Lorentz) perpendicular ao campo e à velocidade, com magnitude F~ = q~v × B. ~ Para o
caso particular das direções indicadas na fig.10.1, considerando-se elétrons (q = −e) como
portadores de carga majoritários, e B~ no sentido +z, e tendo em mente que v é no sentido
~
de −x, para um elétron, F será na direção de −y, e com magnitude Fy = evx Bz .
52
EXPERIMENTO 10. EFEITO HALL 53
Figura 10.1: Ilustração geométrica dos campos e dos contatos na amostra para a medida do
efeito Hall.
Q1) Mostre que de maneira análoga se os portadores majoritários forem buracos (q = +e),
Fy também será no sentido de −y.
A força Fy leva a trajetória dos elétrons (e dos buracos) a se curvar, como mostrado pela
linha tracejada na fig.10.1, concentrando os elétrons na superfície da “frente” da amostra
(face 1), se o semicondutor for tipo-n (ou buracos se for tipo-p). Como resultado, surge
um campo elétrico Ey (o campo Hall) a apontar para frente para elétrons (ou seja, Ey
é negativo), e vice-versa para o caso dos portadores serem buracos. Esse campo gera
uma nova força qEy em cada elétron (ou buraco), apontando para “trás”. O equilíbrio é
alcançado quando a força magnética Fy e a força elétrica gerada pelo campo Hall (qEy )
se igualam, i.e.:
Ey = vx Bz (10.1)
O campo Hall (Ey ) gera um potencial entre as faces 1 e 2 que pode ser medido exter-
namente, chamado potencial Hall,
UH = Ey a. (10.2)
Desde que portadores de carga negativos e positivos em semicondutores movem-se em
direções opostas, ambos são defletidos na mesma direção. O tipo de portador de carga
causador do fluxo de corrente pode ser, portanto, determinado a partir da polaridade
da tensão Hall. Para isto basta conhecer a direção da corrente e a direção do campo
magnético.
Segundo o modelo de Drude, pode-se supor que os elétrons têm uma velocidade de
deslocamento uniforme na direção x, vx. Assim, a densidade de corrente na direção x é
dada por:
Jx = qe vx n (10.3)
sendo n a densidade de portadores por unidade de volume.
A razão entre o campo Hall e o produto da densidade de corrente pelo campo magnético
EXPERIMENTO 10. EFEITO HALL 54
Q2) Mostre que o coeficiente Hall também pode ser escrito como:
UH .d
RH = (10.5)
B.I
Tal relação indica que a constante Hall, RH , pode ser obtida de duas maneiras; a
partir da medida da dependência linear da tensão Hall em função da corrente aplicada,
mantendo-se o campo B aplicado fixo; ou então, fixando-se a corrente aplicada e medindo-
se a dependência da tensão Hall com o campo B aplicado.
Além do sinal e densidade dos portadores, a medida do potencial Hall (UH ) pode
fornecer um parâmetro importante que é a mobilidade dos portadores, que está associada
a facilidade de deslocamento dos portadores sob a ação de um campo elétrico externo. A
mobilidade µ é definida como a razão entre velocidade média dos portadores e o campo
externo aplicado. No caso da fig.10.1, para os elétrons temos que:
vx = −µEx (10.6)
Por outro lado, segundo a lei de Ohm, sabemos que a densidade de corrente depende do
campo externo como
J = σE, (10.7)
onde σ é a condutividade do material, que pode ser calculada a partir do comprimento
da amostra (l), de sua seção transversal (A) e de sua resistência R0 , via
l
σ= (10.8)
R0 A
Q3) A partir das equações acima, demonstre que em uma medida Hall a mobilidade pode
ser determinada por
µ = σRH (10.9)
EXPERIMENTO 10. EFEITO HALL 55
Parte Experimental
Objetivo:
- Estudar o efeito Hall em um material semicondutor;
- Determinar parâmetros como mobilidade e concentração de portadores - em um material
semicondutor.
Material:
-sensor Hall
-milivoltímetro
-voltímetro
-cabos
-capacitor eletrolítico, resistores, potenciômetro
-fontes de tensão
-eletroimã
Aparato
Um esquema da montagem experimental a ser utilizada é mostrada na fig. 10.2. O sensor
Hall deve ser cuidadosamente colocado no interior da bobina magnética. A corrente
de controle vem da saída de tensão alternada da unidade de controle, através da ponte
retificadora de diodos. Para se fazer isto, o retificador é conectado por um lado ao soquete
inferior da fonte e por outro ao soquete marcado “15V“ sobre o seletor acima dele.
Um capacitor eletrolítico é conectado à saída do retificador para suavização do sinal
(note a polaridade). A corrente de controle é aplicada com a ajuda do potenciômetro
ao cristal semicondutor. Uma resistência de 330Ω é conectada em série para limitar a
corrente no cristal semicondutor e assim prevenir uma sobrecarga de corrente acima do
máximo permitido de 10mA no sensor.
Procedimento:
Nesta parte da experiência será medida a tensão Hall do cristal de arseneto de gálio,
GaAs (sensor Hall KSY 14), em função do campo magnético (B) à temperatura ambiente,
mantendo-se constante a corrente de controle em 5mA.
Tabela 10.1: Características do cristal do sensor Hall KSY 14. Ver fig 10.1.
EXPERIMENTO 10. EFEITO HALL 57
3) Agora meça a tensão Hall em função da corrente para um campo magnético constante
à temperatura ambiente (escolha um campo magnético alto, 200mT por ex.).
4) Faça um gráfico da tensão Hall versus corrente de controle. Também a partir destes
dados calcule mobilidade Hall µH e a concentração de portadores, de acordo com os dados
da 10.1.
5) Compare os valores de µH obtidos pelos dois métodos (ítens 2 e 4) e também com o valor
tabelado para o GaAs (Ver artigo colocado sobre a bancada, ou procure na literatura).
Discuta.
Bibliografia
• P. B. Allen, Electrical conductivity. Physics Teacher, 17, 362 (1977).
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