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Fı́sica Experimental III


SALAS 413 e 415

2024
Conteúdo

I Experimentos – Roteiros 4
1 Introdução às medidas elétricas 5

2 Noções de circuitos elétricos 23

3 Transientes em circuitos RC 38

4 Circuitos RC com corrente alternada 48

5 Circuitos RC e filtros de frequência 57

6 Circuitos RL 65

7 Circuitos RLC com onda quadrada 76

8 Circuitos RLC com corrente alternada: ressonância 85

II Relatórios 103
Introdução

Esta apostila contem o material completo para o curso de Fı́sica Experimental III (FIN 231),
oferecido pelo Instituto de Fı́sica - UFRJ. O material inclui os roteiros para os procedimen-
tos experimentais, os pré-relatórios e os relatórios. O curso pretende ser complementar ao
curso de Fı́sica III, que tem como objeto de estudo os fenômenos elétricos e magnéticos.
Este curso experimental tem um escopo um pouco mais restrito (porém não menos inte-
ressante), tendo por objetivo o estudo de circuitos elétricos simples.

Ele aborda conceitos relacionados à medição de grandezas elétricas e à observação de


propriedades básicas de alguns elementos simples usados em circuitos elétricos, tais como
resistores, capacitores e indutores, bem como as caracterı́sticas básicas de circuitos resisti-
vos simples (circuitos RC, RL e RLC).

O que se espera ao final desse curso é que os estudantes sejam capazes de montar circui-
tos elétricos simples e realizar medidas sobre eles, e que tenham assimilado os principais
conceitos relacionados ao seu funcionamento, tanto do ponto de vista teórico, como do
ponto de vista experimental.

Este material faz parte de um amplo processo de reformulação das disciplinas básicas
de Fı́sica Experimental, iniciado no final de 2012 pela Coordenadoria do Ciclo Básico. A
responsável por este material é a professora Lúcia Coutinho, a quem correções e sugestões
devem ser enviadas, pelo endereço lucia@if.ufrj.br.
PARTE I

EXPERIMENTOS – ROTEIROS
Introdução às medidas elétricas
1
1.1 Material
• Osciloscópio digital;

• Gerador de funções.

1.2 Objetivos dessa aula


1. Familiarização com instrumentos de medida;

2. Operação de fontes de tensão;

3. Familiarização com o gerador de sinais e osciloscópio;

4. Aprender como realizar uma medida de voltagem;

5. Aprender como realizar uma medida de tempo;

6. Explorar alguns recursos de medida do osciloscópio.

1.3 Introdução
Ao longo desta disciplina utilizaremos diversos componentes eletrônicos, fontes de
tensão constante, geradores de sinais que variam no tempo e o osciloscópio ou multı́metro
para medir as tensões. Nesta aula teremos um breve guia prático de como efetuar medidas
no laboratório.

Utilizaremos o gerador de sinais para gerar tensões variáveis com o tempo. O osci-
loscópio digital é utilizado para observar e medir as tensões como função do tempo.
1.4 Voltagem 6

1.4 Voltagem
A voltagem, tensão ou diferença de potencial entre dois pontos, é o custo em energia, ou
seja, o trabalho necessário para mover uma carga unitária de um ponto com um potencial
elétrico mais baixo a outro de potencial elétrico mais alto.

A voltagem entre dois pontos, portanto, é a diferença de potencial elétrico que existe
entre esses pontos. Fica claro que só há sentido em definir voltagem entre dois pontos.
O trabalho realizado ao se mover uma carga de 1 coulomb através de uma diferença de
potencial de 1 volt é de 1 joule. A unidade de medida de diferença de potencial é o volt,
representado por V, e frequentemente é expressa em múltiplos, tais como o quilovolt (1
kV = 103 V), ou em submúltimplos, como o milivolt (1 mV = 10−3 V) e o microvolt (1 µV =
10−6 V).

1.4.1 A onda quadrada

Figura 1.1: Forma de onda quadrada com perı́odo T = 1 ms e amplitude V0 = 1 V.

A figura 1.1 mostra o gráfico desta forma de onda, com o tempo no eixo horizontal e a
voltagem no eixo vertical. A primeira caracterı́stica que podemos observar é que se trata
de um sinal periódico, isto é, um sinal que se repete após um dado intervalo de tempo. A
segunda caracterı́stica é que a voltagem da onda oscila entre dois valores, simetricamente
dispostos em torno de seu valor médio Vmed = 0. Uma onda quadrada pode ser inteira-
mente definida por 2 parâmetros:

- o perı́odo T : é o intervalo de tempo necessário para que a onda se repita. Sua unidade
SI é o segundo (s) e neste curso serão comuns seus submúltiplos, como o milissegundo (1
ms = 10−3 s) e o microssegundo (1 µs = 10−6 s);

- a amplitude V0 : é o valor máximo de voltagem que a onda assume, medido em relação


ao valor Vmed = 0. Sua unidade SI é o Volt (V) e neste curso será comum um de seus
submúltiplos, o milivolt (1 mV = 10−3 V).

Uma terceira grandeza, diretamente relacionada ao conceito de perı́odo, é a frequência


1.5 Gerador de sinais 7

f , o número de oscilações que ocorrem num dado intervalo de tempo. A partir desta
definição, é fácil perceber que a frequência é o inverso do perı́odo:

1
f= . (1.1)
T

A unidade SI para a frequência é o hertz (Hz), definido como 1 Hz = 1 s−1 .

Além da amplitude V0 , podemos também definir a tensão pico-a-pico Vpp como sendo
a diferença (em módulo) entre o valor máximo e o valor mı́nimo de voltagem do sinal.
Como os patamares superior e inferior da onda quadrada estão simetricamente dispostos
em torno do valor Vmed = 0 V, a tensão pico-a-pico é o dobro da amplitude da onda:

Vpp = 2V0 . (1.2)

Na figura 1.1, temos a representação gráfica de uma onda quadrada com perı́odo T = 1
ms e amplitude V0 = 1 V. Alternativamente, esta onda pode ser descrita como possuindo
uma frequência f = 1 kHz e uma tensão pico-a-pico Vpp = 2 V.

1.5 Gerador de sinais


O gerador de sinais, de ondas, ou de funções, é um aparelho que gera voltagens VG
variáveis como função do tempo t, VG (t). Nos aparelhos disponı́veis no laboratório, é
possı́vel selecionar:

• A forma de sinal desejado: triangular, senoidal ou quadrada;

• A frequência de repetição do sinal;

• A amplitude do sinal;

• O nivel ao redor do qual o sinal oscila (também chamado de DC offset).

Diversos valores de frequências e amplitudes de voltagens podem ser ajustados. Em


muitos modelos existe um visor digital que mostra o valor de frequência ajustado. A figura
1.2 mostra uma imagem do painel frontal de um gerador de sinais tı́pico, semelhante aos
que utilizaremos no curso.

1.5.1 Operação básica

Ao ligarmos o gerador de sinais devemos selecionar a forma de sinal desejado: quadrado,


senoidal ou triangular (botões 3 na figura 1.2).
1.5 Gerador de sinais 8

Figura 1.2: Painel frontal de um gerador de sinais tı́pico.

Para ajustar a frequência devemos selecionar uma faixa de valores escolhendo o botão
correspondente (botões 2 na figura 1.2), e em seguida ajustar o valor da frequência.

A variação da amplitude do sinal de saı́da é feita através de outro botão de ajuste, que
pode ser chamado “Output level” (botão 4 na figura 1.2) ou “Amplitude”.

Para conectar o sinal produzido pelo gerador a um circuito ou a um instrumento de


medida utilizamos um cabo coaxial com um conector do tipo BNC.

1.5.2 Representação do gerador em um diagrama

Num circuito, representamos o gerador de funções pelo sı́mbolo indicado na figura 1.3. O
sı́mbolo dentro do cı́rculo representa a forma de onda gerada. No exemplo da figura 1.3 a
forma de onda gerada é quadrada. GND na figura 1.3 representa o terra.

A fim de obter familiaridade com o gerador de funções e o osciloscópio, iremos conectá-


los e a partir de exemplos de aplicação os efeitos dos vários controles nas saı́das das formas
de onda fornecidos pelo gerador de funções e dos recursos de medição do osciloscópio
podem ser observados.

Figura 1.3: Representação esquemática de um gerador de funções num circuito elétrico. Neste caso
o sinal gerado é uma onda quadrada.
1.6 Osciloscópio digital 9

1.6 Osciloscópio digital


O osciloscópio é um instrumento empregado para visualizar voltagens que variam com
o tempo, mostrando um gráfico com a voltagem no eixo vertical e o tempo no eixo hori-
zontal. Ele é um instrumento de medida utilizado para a determinação de amplitudes e
frequências dos sinais de voltagem, bem como para comparação entre sinais diferentes.

A figura 1.4 mostra o esquema do painel frontal de um osciloscópio que usaremos como
exemplo. Este painel está dividido em 4 áreas importantes: a tela, os controles verticais
(voltagem), os controles horizontais (tempo) e o controles de “trigger” (gatilho).

Seletor multiuso Cursores


Ex: move os cursores Medidas Automáticas
Autoset

Patamar
de tensão
do trigger

Trigger

Controle
da posição
horizontal
do sinal

Escala
Botão seletor Escala horizontal
Entrada do canal 1: Controle da
do canal 2 vertical (tempo)
Cabo coaxial posição vertical do sinal
(tensão)

Figura 1.4: Painel frontal do osciloscópio mostrando as principais áreas funcionais.

1.6.1 Tela do osciloscópio

Além de exibir as formas de onda, a tela apresenta muitas informações sobre os sinais ob-
servados e sobre as configurações de controle do osciloscópio. Os osciloscópios utilizados
neste curso possuem 2 canais de entrada, o que significa que até 2 sinais elétricos indepen-
dentes podem ser visualizados ao mesmo tempo. Uma imagem tı́pica observada na tela
do osciloscópio está representada na figura 1.5.

A tela do osciloscópio é dividida num conjunto de retı́culos chamados de gratı́cula,


utilizados para fazer medidas sobre a forma de onda. Ao longo do eixo vertical ela é nor-
malmente composta por 8 ou 10 divisões, enquanto ao longo do eixo horizontal podemos
ver 10 divisões; nos dois eixos as divisões possuem 5 subdivisões, ou seja, representando
20% de uma gratı́cula.
1.6 Osciloscópio digital 10

Figura 1.5: Imagem tı́pica da tela de um osciloscópio.

1.6.2 Operação básica do osciloscópio

Ao conectarmos um sinal periódico qualquer numa das entradas do osciloscópio, sua tela
passará a mostrar um gráfico da voltagem do sinal em função do tempo. Os controles
verticais permitem alterar a maneira como o sinal é mostrado na tela: ele pode ser ampli-
ado ou diminuı́do, ajustando-se a escala. Os controles horizontais definem o intervalo de
tempo medido pelo osciloscópio, que deve ser ajustado conforme a medida a ser realizada.

O osciloscópio sincroniza sinais periódicos na tela através do conceito de trigger. O


trigger determina o inı́cio de uma varredura (intervalo de tempo medido) quando o sinal
medido cruza um nı́vel de voltagem ajustado pelo usuário. Desse modo, sinais periódicos
parecem “parados” na tela, pois os sinais são continuamente redesenhados a partir do
mesmo instante de referência.

Caso o nı́vel de trigger esteja mal ajustado, pode ocorrer que a tela mostre várias ondas
simultâneas (que ficam “correndo” pela tela do osciloscópio, impedindo qualquer tipo de
medida) ou que nenhuma forma de onda seja mostrada.

1.6.2.1 Controles verticais

A Figura 1.6 mostra os botões disponı́veis para o controle da escala vertical. Os controles
verticais permitem habilitar ou desabilitar a apresentação das formas de onda na tela e
1.6 Osciloscópio digital 11

ajustar a escala e a posição verticais. A forma de onda do sinal conectado ao canal 1 é


representada pela cor amarela e azul para o canal 2.

Figura 1.6: Comandos disponı́veis para controle da escala vertical.

- botão de escala: seleciona fatores de escala de voltagem e assim amplia ou reduz a re-
presentação do sinal de entrada do canal. Ao girar o botão o valor em Volts representado
por cada divisão vertical, a escala, aumenta ou diminui sendo mostrada na parte inferior
da tela do osciloscópio (figura 1.5).

- botão de posição: determina em que nı́vel horizontal será desenhada a posição de


0 V da forma de onda. Ao girar o botão para a direita ou esquerda, a forma de onda é
deslocada para cima ou para baixo, uma vez que a posição do zero volts é alterada. Cada
canal possui um indicador na tela do osciloscópio mostrando a posição de seu 0 V (seta
na lateral esquerda da tela, figura 1.5). Atenção, pois se você deslocar excessivamente a
forma de onda ela pode sair da tela do osciloscópio.

- botões “1” e “2” (Menu): a função primordial destes botões é habilitar ou desabilitar a
exibição do respectivo canal (há um menu para cada canal). Quando apertado, se a forma
de onda está sendo exibida, ela desaparece da tela.

- opções do Menu de canal:

i. Acoplamento: cada canal pode ter 3 tipos de acoplamento: CC, AC e GND.

• CC (corrente contı́nua) - o sinal é mostrado sem nenhum processamento, com todos


os componentes AC (dependentes do tempo) e DC (constantes no tempo).

• CA (corrente alternada) - o sinal é submetido a um filtro, que corta as frequências


1.6 Osciloscópio digital 12

inferiores a 10 Hz; como resultado os componentes DC do sinal são eliminados e não


são mostrados na tela do osciloscópio.

• GND - o sinal de entrada é desconectado, e um sinal de voltagem de referência (terra)


é aplicado; o osciloscópio exibe uma linha horizontal (voltagem constante de 0 V).

ii. Limite da Largura de Banda: deve estar normalmente desligado.

iii. Ganho variável: se a opção “Grosso” estiver selecionada, ao girar o botão de escala
só podemos selecionar as escalas 5 V, 2 V, 1 V, 500 mV, 200 mV, 100 mV, 50 mV, 20 mV, 10
mV, 5 mV e 2 mV. Na opção “Fino”, é possı́vel selecionar escalas intermediárias, como 1.02
V, 1.04 V, etc.

iv. Sonda: aplica um fator multiplicativo à voltagem do sinal de entrada. Pode ser
utilizado quando se deseja medir um sinal muito baixo, e é preciso estar atento com as
configurações automáticas (como aquelas obtidas usando o botão “Autoset”), já que todos
os valores de voltagem medidos estarão multiplicados pelo fator escolhido; neste curso
devemos usar sempre a opção “1X Voltagem”.

v. Inverter: quando está ligada a forma de onda é invertida em relação ao nı́vel de V =


0 V.

1.6.2.2 Controles de “Trigger” ou de gatilho

O sistema de gatilho (“trigger”) determina a condição para que o osciloscópio inicie a var-
redura para exibir uma forma de onda. O objetivo é que cada vez que a forma de onda for
desenhada na tela do osciloscópio, ela o seja da mesma maneira, de modo que as sucessi-
vas formas de ondas mostradas na tela apareçam como uma imagem parada. Para fazer
este sincronismo, utilizamos um sinal elétrico (chamado de sinal de “trigger”), que é con-
tinuamente monitorado pelo osciloscópio: ao finalizar a exibição de uma forma de onda,
a varredura só é reiniciada quando este sinal atinge um certo valor; cada vez que a varre-
dura terminar, ela só será reiniciada quando o sinal de“trigger” atingir este mesmo valor.
Desta maneira, cada varredura desenhará sempre o mesmo gráfico e a forma de onda
aparecerá “parada” na tela. Se quisermos observar um sinal periódico no osciloscópio, a
escolha natural para o sinal de “trigger” é o próprio sinal que queremos observar. Sempre
que desejarmos observar um ou mais sinais no osciloscópio, é preciso escolher um sinal
de “trigger” adequado para disparar a varredura; normalmente será um dos dois sinais de
entrada (canal 1 ou 2).

- botão de nı́vel: este é o botão que define o nı́vel do “trigger”, isto é, o valor do sinal de
“trigger” que uma vez atingido inicia a varredura. Este valor é mostrado no canto inferior
direito da tela e é também indicado por uma seta na lateral direita (figura 1.5). Se utiliza-
mos uma onda quadrada como sinal de “trigger”, o nı́vel deve estar ajustado de maneira
que fique contido entre os patamares superior e inferior da onda. Caso o nı́vel do “trig-
ger” esteja ajustado acima do patamar superior ou abaixo do patamar inferior da onda
1.6 Osciloscópio digital 13

Figura 1.7: Comandos disponı́veis para controle de “trigger”.

quadrada, a aquisição ocorrerá de maneira automática (com as formas de onda rolando na


tela) ou simplesmente não ocorrerá.

- botão do menu de “trigger”: ao apertar este botão as opções do menu do “trigger”


são exibidas na lateral direita da tela. São elas:

i. Tipo: deve ser sempre “Borda”;

ii. Origem: define qual o sinal que será utilizado como “trigger”; será o canal 1 (“CH1”)
ou o canal 2 (“CH2”). Mesmo quando este menu está desabilitado, o sinal utilizado como
“trigger” é indicado no canto inferior direito da tela (figura 1.5).

iii. Inclinação: digamos que escolhemos uma onda quadrada de amplitude V0 = 1 V


como sinal de “trigger” e colocamos o nı́vel do “trigger” exatamente na “metade” da onda
quadrada, em 0 V. Ora, num perı́odo uma onda quadrada passa pelo zero 2 vezes, quando
passa do patamar inferior para o superior e quando passa do superior para o inferior, o que
resultaria num disparo do “trigger” a cada meio-perı́odo. O ajuste de inclinação define se
o “trigger” ocorre quando o nı́vel é atingido na subida ou na descida. A opção selecionada
também é indicada no canto inferior direito da tela (figura 1.5).

iv. Modo: no modo automático, ao fim de cada varredura o osciloscópio espera por
um certo intervalo de tempo (chamado de tempo de espera ou “holdoff”); ao fim deste
perı́odo, mesmo que a condição de “trigger” não tenha sido satisfeita a varredura será
reiniciada. Neste modo, mesmo que o “trigger” esteja mal ajustado, sempre haverá uma
forma de onda sendo exibida (é claro que no caso do “trigger” mal ajustado as formas de
onda estarão “correndo” pela tela...). No modo normal, a varredura só é reiniciada quando
a condição de “trigger” for detetada; enquanto isso não ocorrer, nenhuma forma de onda
será exibida (a tela exibirá somente a última forma de onda adquirida).
1.6 Osciloscópio digital 14

v. Acoplamento: permite filtrar o sinal que será transmitido ao circuito de “trigger”. O


acoplamento CC não realiza nenhuma filtragem e deve ser utilizado sempre que possı́vel.
As opções CA, Rej. de Ruı́do e Rej. AF podem ser utilizadas caso o ajuste do “trigger” não
consiga resultar na exibição de formas de onda estáveis.

- botão “Set To 50%”: o osciloscópio ajusta automaticamente o nı́vel do “trigger” para


a metade entre os nı́veis máximo e mı́nimo do sinal utilizado como “trigger”.

- botão “Force Trig”: caso o sistema esteja aguardando um “trigger” (como no modo
“Normal”) faz a aquisição do sinal, independente de um sinal de “trigger” ter sido rece-
bido.

- botão “Trig View”: enquanto pressionado, exibe o nı́vel do “trigger” como uma linha
tracejada e o sinal utilizado para o “trigger” como uma forma de onda na cor azul escuro.

1.6.2.3 Controles horizontais

A figura 1.8 mostra os botões disponı́veis para o controle da escala horizontal. Mesmo
quando 2 formas de onda estão sendo exibidas, a escala horizontal (base de tempo) é a
mesma para ambas; não é possı́vel usar bases de tempo independentes para cada uma
delas. Os controles horizontais permitem ajustar a escala e a posição horizontais, escolher
qual parte da tela será exibida e definir o tempo de espera do “trigger”.

Figura 1.8: Comandos disponı́veis para controle da escala horizontal.

- botão de escala: similar aos botões de escala do controle vertical, este botão seleciona
fatores de escala horizontais. Desta forma, podemos mostrar na tela um intervalo mais
longo ou mais curto da evolução temporal do sinal medido: a forma de onda se “contrairá”
1.6 Osciloscópio digital 15

ou se “expandirá” em torno da posição do “trigger” (ver abaixo). Ao girar o botão para a


esquerda ou direita, veremos que o fundo de escala (o valor em segundos representado por
cada divisão horizontal da gratı́cula) aumenta ou diminui gradativamente, até os valores
máximo e mı́nimo possı́veis. A escala de tempo selecionada aparece na parte inferior da
tela (figura 1.5). O fundo de escala horizontal é também conhecido como base de tempo
ou velocidade de varredura.

- botão de posição: este botão seleciona a posição horizontal a partir de onde a forma
de onda será desenhada, ou seja, onde será o inı́cio da contagem do tempo. Tem funciona-
mento bastante intuitivo: quando girado para a direita a forma de onda é deslocada para
direita, e quando girado para a esquerda a forma de onda é deslocada para a esquerda. A
posição do “trigger” é indicada por uma pequena seta vertical no topo da tela e seu valor é
mostrado também acima da tela (figura 1.5): um valor positivo indica que o “trigger” está
à esquerda do centro da tela, enquanto um valor negativo indica que ele está à direita.

- botão de menu horizontal: ao apertar este botão as opções do menu horizontal são
exibidas na lateral direita da tela.

- botão “Set to Zero”: faz com que a posição horizontal do “trigger” volte ao centro da
tela.

1.6.3 Representação do osciloscópio em um diagrama

Num circuito, representamos o osciloscópio pelo sı́mbolo indicado na figura 1.9. Ao contrário
das medidas de voltagem realizadas com um multı́metro, em que podemos fazer medidas
entre quaisquer dois pontos do circuito, os osciloscópios sempre realizam medidas entre
um ponto e o terra do circuito (que deve estar no mesmo potencial que o terra da rede
elétrica).

Figura 1.9: Representação esquemática de um osciloscópio num circuito elétrico. As setas indicam
onde devem ser conectados os sinais dos canais CH1 e CH2.

Como exemplo de uso do osciloscópio para medidas de amplitudes e perı́odos de sinais


periódicos no tempo, considere que o mostrador do osciloscópio seja aquele apresentado
na figura 1.10, e que tenham sido utilizadas a escala vertical 1 DIV = 5 V e a escala horizon-
tal 1 DIV = 1ms. Vemos que a forma de onda é senoidal. Para determinarmos o perı́odo
e a amplitude dessa forma de onda, utilizamos o reticulado da tela do osciloscópio como
1.7 Procedimentos Experimentais 16

régua. Observe que cada retı́culo, ou seja, cada DIV está subdivido em 5 divisões menores.
Assim temos para este caso que a amplitude V0 = (1, 7 ± 0,1) DIV, ou seja, V0 = (8,5 ± 0,5)
V. Também temos que o perı́odo T = (5,1 ± 0,1) DIV, ou seja, T = (5,1 ± 0,1) ms.

Figura 1.10: Exemplo de sinal na tela do osciloscópio que é discutido no texto.

1.7 Procedimentos Experimentais


Esta seção apresenta uma série de exemplos de aplicações. Esses exemplos simplifica-
dos destacam alguns dos recursos do osciloscópio e do gerador de sinais e dão idéias de
como usá-los para solucionar seus próprios problemas de testes e medidas.

1.7.1 Procedimento I: seleção dos parâmetros da forma de onda no gera-


dor de funções e medida de amplitude

1. Monte o circuito da figura 1.11. Observe que esse circuito corresponde a escolher a
forma de onda quadrada e a ligar diretamente a saı́da do gerador de sinais ao canal
CH1 do osciloscópio. Este será o circuito utilizado para a maioria dos procedimentos
experimentais desta aula.

2. Ligue o gerador de sinais e selecione a forma de onda quadrada através do botão


correspondente.

3. Ligue o osciloscópio e selecione o botão ”Default setup”, para carregar as configurações


iniciais de fábrica. Este procedimento coloca a sonda dos dois canais em 10X. Para
voltar a sonda para 1X, selecione o botão de menu do canal (botão amarelo para o
canal 1 e botão azul para o canal 2) e escolha ”‘Sonda 1X ”.

4. Ajuste a frequência do gerador para 1 kHz. Para tanto você deve selecionar o botão
de faixa de frequência para “1K” ou “10K” e em seguida ajustar o valor desejado de
frequência. Se o gerador de sinais utilizado for equipado com um frequencı́metro
e um visor, utilize-o para fazer o ajuste inicial da frequência, mas sempre utilize a
1.7 Procedimentos Experimentais 17

Figura 1.11: Circuito a ser montado com um gerador de sinais e um osciloscópio.

leitura de frequência feita pelo osciloscópio para fazer o ajuste fino do valor desejado.
Se o gerador não possuir um visor, ajuste a frequência diretamente a partir da leitura
de seu valor na tela do osciloscópio.

5. Pressione o botão “Auto Set” do osciloscópio e espere até que a forma de onda esteja
estável na tela. O botão Auto Set é bastante útil quando se deseja visualizar rapida-
mente uma dada forma de onda no osciloscópio. O osciloscópio identifica a forma
de onda e ajusta seus controles para garantir uma exibição útil do(s) sinal (sinais) de
entrada.

6. Ajuste a amplitude do sinal de saı́da para que seu valor esteja próximo de 4 V, ob-
servando a forma de onda na tela do osciloscópio. Utilize os controles verticais de
posição e escala do canal 1 para exibir os patamares superior e inferior da onda qua-
drada na tela. Utilizando a rede de gratı́culas, meça a amplitude da onda quadrada.
Indique também a escala vertical utilizada.

7. Pressione o botão que habilita a exibição do Menu de “trigger”. A indicação do nı́vel


de “trigger” estará ajustada aproximadamente no valor médio da forma de onda do
canal 1. Com o botão de nı́vel, aumente o nı́vel do “trigger” até ele ficar acima do
patamar superior da onda quadrada. O que ocorre? Explique.
Retorne o nı́vel do “trigger” até o valor médio da forma de onda para prosseguir
com as medidas.

1.7.2 Procedimento II: execução de medidas com diferentes escalas

Com o ajuste automático, o osciloscópio define automaticamente as escalas vertical e hori-


zontal. Se você deseja alterar ou otimizar a exibição da forma de onda, ajuste manualmente
esses controles.

Utilize as escalas de voltagem de 1 V e 5 V por divisão e faça a leitura das amplitu-


des. Apresente os valores na tabela 1. Estas medidas devem ser feitas pelo sistema de
gratı́culas, através da leitura do número de divisões e posterior multiplicação pelo valor
1.7 Procedimentos Experimentais 18

da escala. Neste caso, as incertezas das medidas feitas serão calculadas como metade da
menor divisão das gratı́culas, o que na prática corresponde a 10% do valor da escala.

Tabela 1

Escala vertical V0 ± σV (V) σV /V0

1,0 V/DIV

5,0 V/DIV

Altere as escalas de tempo para 0,1 ms e 0,5 ms por divisão e apresente os valores me-
didos do perı́odo na tabela 2. Novamente as medidas devem ser feitas pelo sistema das
gratı́culas, e as incertezas serão metade da menor divisão, ou seja, 10% do valor da escala.
A partir dos valores medidos de perı́odo, calcule a frequência com sua incerteza.

Tabela 2

Escala horizontal T ± σT (ms) f ± σf (Hz) σT /T

0,1 ms/DIV

0,5 ms/DIV

Quais escalas de voltagem e de tempo proporcionam uma medida com menor incerteza
relativa?

1.7.3 Procedimento III: utilizando o menu de medidas

Uma alternativa à medida “visual”, pelo sistema de gratı́culas, é configurar o osciloscópio


para fazer medições automáticas. Há vários tipos disponı́veis de medições, tanto de volta-
gens quanto de tempo, como perı́odo, frequência, tensão pico-a-pico, amplitude, etc..

Pressionando o botão do menu de medidas automáticas, “Measure”, você poderá esco-


lher em qual sinal será feita a medida, se no do canal 1 ou no do canal 2, e que tipo de
medida será realizada. Também é possı́vel realizar medidas na forma de onda resultante
de operações matemáticas que tenham sido feitas entre as ondas dos canais 1 e 2.
1.7 Procedimentos Experimentais 19

É importante notar que as medidas são realizadas na forma de onda que aparece na
tela. Assim sendo, para medidas da estrutura temporal do sinal, é preciso que ao menos
um perı́odo da onda esteja sendo mostrado. Para medidas de voltagem, os limites inferior
e superior da forma de onda devem estar visı́veis, e para medidas de valores médios de
voltagem, é preciso ajustar na tela do osciloscópio múltiplos inteiros de um comprimento
de onda.

NOTA: se aparecer um ponto de interrogação (?) na leitura de valor, o sinal estará


fora da faixa de medição. Ajuste a escala vertical do canal adequado para ou altere a
configuração da escala horizontal, até que o ponto de interrogação deixe de ser mostrado
ao lado do valor medido, e só então realize a medida.

Meça a frequência, o perı́odo, a amplitude, a voltagem pico-a-pico e a largura positiva


do sinal quadrado inicial e complete a tabela 3 com valores medidos.

Tabela 3

Grandeza Valor ± σ

V0

Vpp

Lpos

1.7.4 Procedimento IV: usando os cursores

Os cursores são pares de linhas que podem ser exibidos na tela para facilitar a medição de
grandezas de voltagem (cursores horizontais) ou de tempo (cursores verticais). A figura
1.12 representa os cursores de amplitude e de tempo.

Como exemplo de aplicação dos cursores, vamos medir o meio perı́odo da onda trian-
gular.

1. Selecione a onda triangular no gerador de funções e ajuste a frequência para cerca de


1400 Hz. Ajuste a escala de tempo até poder observar a onda como na figura 1.13).
Ajuste a amplitude da onda para um valor que seja observável no osciloscópio.
1.7 Procedimentos Experimentais 20

Figura 1.12: cursores do tipo “Amplitude” (à esquerda) e do tipo “Tempo” (à direita).

Figura 1.13: Figura que deve ser observada para medida do meio perı́odo de oscilação.

2. Pressione o botão “Cursor” do osciloscópio. Utilizando os botões aoi lado da tela


selecione a opção “Tempo”. Note que barras verticais, como na figura 1.13 aparecem
na tela.

3. Para mover os cursores é necessário selecionar um deles de cada vez. Isso é feito
através dos botões ao lado direito da tela. Use o botão giratório seletor “multi-uso”
(acima e à direita da tela, figura 1.4), para mover cada um dos cursores. Note que o
tempo medido por cada cursor é referente ao instante de trigger.

4. Meça o tempo de subida da voltagem. Para isto posicione o cursor 1 em um vale da


oscilação, e posicione o cursor 2 no pico seguinte da oscilação (como na figura 1.13).
A leitura da diferença de tempo da leitura de cada cursor, ∆t, dará meio perı́odo,
enquanto a leitura de 1/∆t dará o valor correspondente ao dobro da frequência desta
onda triangular. Anote os valores e preencha a Tabela 4. Note que a incerteza dos
valores medidos é relativa à escolha feita ao posicionar os cursores, ou seja, pelo
usuário. Estime a incerteza usando posições do cursor que ainda são compatı́veis
com as medidas de vale e pico da onda.
1.7 Procedimentos Experimentais 21

Tabela 4

Tipo Tempo - frequência de oscilação

Cursor 1 Cursor 2 ∆t 1/∆t

5. Selecione agora o tipo “Amplitude” para os cursores. Aparecem duas linhas hori-
zontais na tela.
6. Meça a amplitude pico-a-pico (Vpp ) da onda triangular posicionando o cursor 1 no
topo de um pico e o cursor 2 em um dos vales da onda. Agora no menu “Curso-
res” faça a leitura da grandeza ∆V, a diferença de voltagem entre as duas linhas dos
cursores.
7. Anote todos este valores e preencha a Tabela 5. Não esqueça de estimar as incertezas
como na medida anterior.

Tabela 5

Tipo Amplitude - amplitude dos picos da oscilação

Cursor 1 Cursor 2 ∆V

1.7.5 Procedimento V: adicionando valores constantes aos sinais

Os geradores de funções permitem que se some um valor constante (“offset”) às formas de
onda produzidas. Normalmente o operador pode escolher o valor deste “offset”.

1. Mantendo o mesmo arranjo do procedimento anterior, selecione uma forma de onda


quadrada no gerador de funções.
2. No osciloscópio, aperte o botão de exibição do menu do canal 1 e em “Acoplamento”
selecione a opção “CC”, caso a mesma já não esteja selecionada.
3. No gerador de funções, aperte o botão “DC Offset” e varie o valor somado ao sinal
periódico com o botão giratório “DC Offset”; dependendo do modelo do gerador,
você deverá puxar o botão “DC Offset’ e então girá-lo. Ajuste o valor do “offset” de
maneira que o patamar inferior da onda quadrada esteja sobre a linha de 0 V.
4. Agora habilite a exibição do menu do canal 1 e, na opção “Acoplamento”, selecione
a opção “CA”. O que ocorre com a forma de onda? Explique.
1.7 Procedimentos Experimentais 22

1.7.6 Procedimento VI: observação de 2 formas de onda simultaneamente


(opcional)

Como mencionado anteriormente, os osciloscópios disponı́veis no laboratório têm a a ca-


pacidade de mostrar simultaneamente 2 formas de ondas independentes. Vamos utilizar
essa capacidade para observar 2 formas de onda produzidas pelo gerador de ondas.

1. Conecte com um cabo coaxial a saı́da principal do gerador de funções (pode estar
identificada como “Output” ou “Main”, dependendo do modelo utilizado) ao canal
1 do osciloscópio.

2. Conecte com um outro cabo coaxial a saı́da auxiliar do gerador de funções (pode
estar identificada como “TTL/CMOS” ou “Sync”, dependendo do modelo utilizado)
ao canal 2 do osciloscópio.

3. Selecione uma forma de onda senoidal, e ajuste a frequência e a amplitude do sinal


para 1 kHz e 4 V, respectivamente.

4. Caso as 2 formas de onda não estejam aparecendo na tela do osciloscópio, use o


ajuste automático (botão “Autoset”). O aluno deve ver 2 formas de onda diferen-
tes, cada uma mostrada com uma cor. Selecione uma base de tempo que permita a
visualização de ao menos um perı́odo completo da onda quadrada.

5. Pressione o botão que habilita a exibição do Menu de “trigger”. No lado esquerdo


da tela, veja qual sinal está sendo utilizado como “trigger” (é a opção “Origem”).
Selecione o sinal do canal 2 como o sinal do “trigger” (caso esta opção já não esteja
selecionada). Note que a seta que indica o nı́vel do “trigger” na tela tem a cor do
sinal selecionado como origem.

6. Varie o valor do nı́vel do “trigger”, sem no entanto levá-lo acima (abaixo) do pata-
mar superior (inferior) da onda quadrada. As formas de onda se deslocam horizon-
talmente na tela?

7. Selecione agora o sinal do canal 1 como o sinal do “trigger”. Novamente varie o


valor do nı́vel do “trigger”, sem no entanto levá-lo acima (abaixo) do valor máximo
(mı́nimo) da onda senoidal. Desta vez as formas de onda se deslocam horizontal-
mente na tela? Explique.
Noções básicas de circuitos elétricos e Lei de Ohm
2
2.1 Material
• multı́metro digital;

• fonte de tensão constante;

• resistores de 2,2 kΩ e 5 kΩ.

2.2 Introdução
Além da voltagem, frequentemente é necessário medir a corrente elétrica para com-
pletamente caracterizer os dispositivos eletrônicos. Assim como a voltagem, a corrente
também pode ser constante ou variar no tempo. A relação de proporcionalidade entre
voltagem e corrente é denominada de resistência. Essas quantidades são definidas mais
claramente nas próximas seções.

2.3 Corrente elétrica


Usualmente identificada pelo sı́mbolo i, a corrente é o fluxo de carga elétrica que passa
por um determinado ponto. A unidade de medida de corrente é o ampère (1 A = 1 cou-
lomb/segundo). O ampère, em geral, é uma unidade muito grande para as aplicações do
dia-a-dia. Por isso, as correntes são geralmente expressas em mili-ampères (1 mA = 10−3
A), micro-ampères (1 µA = 10−6 A) ou nano-ampères (1 nA = 10−9 A). Por convenção, os
portadores de corrente elétrica são cargas positivas que fluem de potenciais mais altos para
os mais baixos (embora o fluxo de elétrons real seja no sentido contrário).
2.4 Resistência 24

2.4 Resistência
Para que haja fluxo de cargas elétricas são necessários dois ingredientes básicos: uma
diferença de potencial e um meio por onde as cargas elétricas possam circular. Para uma
dada voltagem, o fluxo de cargas dependerá da resistência do meio por onde essas car-
gas deverão passar. Quanto maior a resistência, menor o fluxo de cargas para uma dada
diferença de potencial.

Os materiais são classificados, em relação à passagem de corrente elétrica, em três cate-


gorias básicas: os isolantes, que são aqueles que oferecem alta resistência à passagem de
cargas elétricas; os condutores, que não oferecem quase nenhuma resistência à passagem
de corrente elétrica; e os semicondutores que se situam entre os dois extremos menciona-
dos anteriormente.

Usamos a letra R para indicar a resistência de um material, e a unidade de medida desta


grandeza é o ohm (Ω). O sı́mbolo para indicar uma resistência em um circuito elétrico é
mostrado na figura 2.1.

A B

Figura 2.1: Representação esquemática de um resistor colocado entre os pontos A e B de um dado


circuito.

As diferenças de potencial são produzidas por geradores, que são dispositivos que re-
alizam trabalho de algum tipo sobre as cargas elétricas, levando-as de um potencial mais
baixo para outro mais alto. Isso é o que ocorre em dispositivos como baterias (energia
eletroquı́mica), geradores de usinas hidrelétricas (energia potencial da água armazenada
na represa), células solares (conversão fotovoltaica da energia dos fótons da luz incidente),
etc. A resistência de um material condutor é definida pela razão entre a voltagem V apli-
cada aos seus terminais e a corrente i passando por ele:

V
R= . (2.1)
i
A equação 2.1 é uma das representações da Lei de Ohm, e será muito utilizada nesta
disciplina. Através dela vemos que no SI a unidade de resistência é definida por 1 Ω = 1
V/A.

Na montagem de circuitos elétricos e eletrônicos dois tipos de associações de elementos


são muito comuns: associações em série e em paralelo.
2.4 Resistência 25

2.4.1 Associação de resistores em série

Elementos de um circuito elétrico (como por exemplo resistores) são ditos ligados em série
se conduzem a mesma corrente.

Na figura 2.2 mostramos uma associação em série dos resistores R1 e R2 . Num circuito
elétrico os dois resistores ligados em série têm o mesmo efeito de um resistor equivalente
de resistência Rs .

Na associação em série de resistores, a corrente i1 passando por R1 e a corrente i2 por


R2 são a mesma corrente i passando pela associação:

i = i1 = i2 . (2.2)

As voltagens no resistor R1 , V1 = VAB , e no resistor R2 , V2 = VBC , somadas são iguais à


voltagem da associação VAC :

VAC = VAB + VBC = V1 + V2 . (2.3)

Para a associação em série de resistores temos então:

R = R1 + R2 . (2.4)

A B C
a)
R1 R2

A C
b)
Rs

Figura 2.2: a) Associação em série de resistores. b) Resistor equivalente.

2.4.2 Associação de resistores em paralelo

Elementos de um circuito elétrico são ditos ligados em paralelo, se estão ligados entre o
mesmo par de nós, e portanto têm a mesma tensão em seus terminais.

Na figura 2.3 mostramos uma associação em paralelo dos resistores R1 e R2 . Num cir-
cuito elétrico os dois resistores ligados em paralelo têm o mesmo efeito de um resistor
equivalente de resistência Rp . Na associação em paralelo de resistores, a soma da corrente
i1 passando por R1 e da corrente i2 por R2 é a corrente total i passando pela associação:

i = i1 + i2 . (2.5)
2.5 Leis de Kirchhoff 26

As voltagens nos resistores R1 , V1 , e R2 , V2 , são a mesma voltagem da associação VAB :

VAB = V1 = V2 . (2.6)

Para a associação em paralelo de resistores, a resistência equivalente Rp será:

1 1 1
= + . (2.7)
Rp R1 R2

A
A
a) b)

R1 R2 Rp

C
B
Figura 2.3: a) Associação em paralelo de resistores. b) Resistor equivalente.

2.5 Leis de Kirchhoff


Para enunciar as leis de Kirchhoff para circuitos é necessário darmos algumas definições
da teoria de circuitos:

• Elemento de circuito – um componente que tem dois terminais e pode ser descrito em
termos de tensão e corrente. Há cinco elementos básicos ideais de circuitos: resistor,
capacitor, indutor, fonte de tensão, e fonte de corrente.

• Circuito – a ligação entre elementos de circuitos, de modo que formem pelo menos
um caminho fechado para a corrente fluir.

• Nó – o ponto em qual dois ou mais elementos se unem.

• Ramo – um caminho entre dois nós consecutivos. Segmentos de condutor não con-
tam como elementos ou ramos.

• Laço (loop) – um caminho fechado simples num circuito passando somente uma vez
em cada nó e voltando ao nó de partida.

• Malha (mesh) – um laço que não contém nenhum outro laço dentro.
2.5 Leis de Kirchhoff 27

2.5.1 Lei das correntes de Kirchhoff

A primeira lei de Kirchhoff, ou lei das correntes (LCK), afirma que a soma algébrica de
todas as correntes em qualquer nó de um circuito é igual a zero: isaı́da + ientrada = 0.

Essa lei pode ser entendida como uma lei de conservação das cargas, ou que não há
acúmulo de carga numa junção e cargas não são perdidas nem criadas: a carga total en-
trando num nó é exatamente igual à carga deixando o nó.

Vamos ilustrar a LCK usando o exemplo de nó mostrado na Fig. 2.4 a). Aqui, definimos
o sentido de referência para a corrente da seguinte maneira: às correntes que entram no nó
(i1 , i3 e i5 ) são atribuı́dos sinais algébricos positivos e às correntes que saem do nó (i2 e i4 )
são atribuı́dos sinais negativos. Logo,

i1 − i2 + i3 − i4 + i5 = 0 .

Para que a corrente flua dentro ou fora de um nó, um caminho de circuito fechado deve
existir. Nós podemos usar a LCK ao analisar circuitos em paralelo.

Figura 2.4: Exempos das Leis de Kirchhoff: a) Lei das correntes. b) Lei das tensões.

2.5.2 Lei das tensões de Kirchhoff

A segunda Lei de Kirchhoff, a lei das tensões (LTK), também chamada de lei das malhas,
afirma que a soma algébrica de todas as tensões ao longo de qualquer caminho fechado
em um circuito é igual a zero. Esta lei de Kirchhoff é baseada na conservação de energia.

Para aplicar a LTK, devemos escolher o sentido em que vamos percorrer o laço (horário
ou anti-horário). Optamos pelo sentido horário e sempre vamos percorrer os caminhos
neste sentido. Definimos o sentido de referência para as tensões: vamos atribuir sinal
positivo às quedas de tensão, e sinal negativo aos aumentos de tensão.
2.6 Uso dos equipamentos 28

No exemplo mostrado na Fig. 2.4 b), percorrendo o laço no sentido horário, a LTK dá

VAB + VBC + VCD + VDA = 0 .

Note que VDA = −VAD , ou seja, invertendo os pontos de medida, a tensão troca de sinal.

Podemos sempre usar a LTK ao analisar circuitos em série.

2.6 Uso dos equipamentos de medida da bancada


Um ponto importante, e que diz respeito diretamente à nossa disciplina, é que para
verificar as relações entre as diversas grandezas que participam de um circuito elétrico
devemos medi-las. Mais precisamente, devemos conhecer as correntes e as voltagens que
ocorrem no circuito.

Para isso, existem diversos instrumentos, como o voltı́metro e o amperı́metro, que nos
permitem realizar essas medidas. Esses instrumentos indicam o valor medido através
do movimento de uma agulha ou ponteiro em uma escala (mostradores analógicos), ou
por um mostrador digital. Um outro instrumento, mais versátil, que vamos utilizar é o
osciloscópio. Com ele podemos ver voltagens em função do tempo em um ou mais pontos
de um circuito.

Inicialmente vamos nos restringir a correntes e voltagens que não variam no tempo, ou
seja, que possuem um valor constante. Elas são classificadas como contı́nuas. Usamos o
termo genérico corrente contı́nua (CC, ou DC) quando nos referimos a voltagens e correntes
que não variam no tempo. Para as voltagens e correntes que variam no tempo damos o
nome genérico de corrente alternada (AC).

Os equipamentos disponı́veis para nossas medidas na aula de hoje são o multı́metro e


uma fonte de alimentação DC (corrente contı́nua). Há ainda uma bancada com diversos
resistores e capacitores que serão utilizados nas montagens experimentais.

2.6.1 Fonte de alimentação DC

A fonte de alimentação DC (corrente direta do termo original em inglês) na bancada é um


equipamento utilizado para transformar a corrente alternada que existe na rede normal
de distribuição em corrente contı́nua. As fontes utilizadas nesta disciplina serão fontes de
tensão variável, ou seja, a voltagem nos terminais pode ser variada entre 0 V e algumas
dezenas de volts. A voltagem desejada pode ser ajustada no painel frontal da fonte, e
pode ser usada nos circuitos apenas conectando os cabos nos conectores de saı́da da fonte,
identificados como saı́da positiva (potencial mais alto) e negativa (potencial mais baixo).

Representamos uma fonte de tensão contı́nua pelo sı́mbolo mostrado na Figura 2.5,
onde a seta inclinada indica que a tensão por ela produzida é variável.
2.6 Uso dos equipamentos 29

VB

Figura 2.5: Representação de uma fonte DC cuja tensão pode ser ajustada.

Num circuito elétrico a fonte DC é um elemento polarizado, isto significa que a corrente
sai de seu terminal positivo (B) e entra em seu terminal negativo (A). Se a polaridade não
for respeitada, alguns componentes do circuito podem ser danificados.

Veja na Figura 2.6 um diagrama esquemático de como utilizar o a fonte de tensão DC


de bancada para as medidas efetuadas no laboratório.

Figura 2.6: Diagrama esquemático da fonte de tensão de bancada. Note que o GND é um potencial
”terra”de referencia. A tensão é fornecida como uma diferença de potencial entre os terminais “+”
e “−”.
2.6 Uso dos equipamentos 30

2.6.2 Voltı́metro

O voltı́metro, como o nome diz, é um instrumento que mede voltagens ou diferenças de


potencial. Sua construção também é baseada no princı́pio do galvanômetro, em série com
uma resistência de valor alto. O voltı́metro deve ser ligado em paralelo com o elemento
de circuito cuja tensão estamos medindo.

Como sabemos, quando duas resistências são ligadas em paralelo, a diferença de poten-
cial em cada resistência é a mesma da associação e a corrente que passa em cada uma das
resistências dependerá do valor da resistência. Sendo a resistência do voltı́metro muito
alta, a corrente passando por ele será pequena e não afetará o funcionamento do circuito.
Esta corrente poderá ser medida pelo galvanômetro e convertida em tensão usando o valor
conhecido da resistência em série (usando a lei de Ohm).

+
V
-

Figura 2.7: Representação usual de voltı́metros em circuitos elétricos.

O sı́mbolo apresentado na Figura 2.7 é frequentemente utilizado para representar um


voltı́metro em circuitos elétricos.

2.6.3 Amperı́metro

Medidas de correntes elétricas podem ser feitas com o uso de amperı́metros. Os primeiros
amperı́metros construı́dos eram aparelhos analógicos e seu funcionamento se baseava em
um instrumento chamado galvanômetro.

Galvanômetro é o nome genérico de um instrumento capaz de acusar a passagem de


uma corrente elétrica. Seu princı́pio de funcionamento é baseado nos efeitos magnéticos
das correntes elétricas. Ao fazermos passar uma corrente elétrica por um condutor, gera-
mos um campo magnético à sua volta. Se este condutor for enrolado na forma de uma
espira (ou várias delas), podemos verificar que ele se comporta exatamente como um
imã, ou como uma agulha de uma bússola, causando e sofrendo forças e torques devido a
interações com outros imãs, ou campos magnéticos externos.

Este é o princı́pio de funcionamento básico do galvanômetro: uma bobina muito leve


formada por muitas espiras de fio de cobre, com diâmetro da ordem da espessura de um
fio de cabelo, é montada de tal maneira que quando passa uma corrente por ela, um tor-
que é gerado fazendo com que haja a deflexão de uma agulha. A deflexão da agulha é
proporcional à corrente elétrica que passa pela bobina.
2.6 Uso dos equipamentos 31

O amperı́metro é baseado em um galvanômetro montado em paralelo com uma re-


sistência de desvio (ou shunts, que são resistências de valor muito baixo e com capacidade
de suportar correntes mais altas). Ele é polarizado e deve ser inserido em série no ponto
do circuito onde se deseja medir a corrente. O sı́mbolo mostrado na Figura 2.8 é utilizado
frequentemente para indicar um medidor de corrente.

Figura 2.8: Representação esquemática de um medidor de corrente, ou amperı́metro.

Uma maneira indireta de realizar medidas de corrente sem um amperı́metro, é usando


um voltı́metro e uma resistência de baixo valor. Inserimos a resistência em série no circuito,
no ponto onde queremos conhecer o valor da corrente, e medimos a diferença de potencial
entre os seus terminais com um voltı́metro. O cálculo indireto da corrente é feito com o
uso da Lei de Ohm (2.1), dividindo a voltagem medida sob o resistor pelo valor de sua
resistência.

2.6.4 Multı́metro digital: medidas de tensão e corrente

Os voltı́metros e amperı́metros das formas descritas acima apresentam muitas limitações,


e por isso estão sendo substituı́dos gradualmente por aparelhos digitais que apresentam
algumas vantagens extremamente importantes. Em primeiro lugar, a resistência interna
do voltı́metro passa de algumas dezenas de kΩ para alguns TΩ (T significa tera, 1 tera =
1012 , além do prefixo tera usamos também com frequência o giga = 109 e o mega = 106 ),
o que o torna um instrumento ideal para as medidas usuais de diferenças de potencial.
O princı́pio de medida também é diferente, pois ao invés de interações entre correntes
e campos magnéticos, como no caso dos instrumentos analógicos, usam-se conversores
analógico-digitais para detectar diferenças de potencial.

Veja na Figura 2.9 um diagrama esquemático de como utilizar o multı́metro digital de


bancada para as medidas efetuadas no laboratório.

O multı́metro digital é um instrumento que permite medir digitalmente voltagens, cor-


rentes e diversas outras grandezas derivadas, com alto grau de precisão e acurácia. Trata-
se de um equipamento sensı́vel e com o qual se deve tomar, na sua utilização, os mesmos
cuidados observados com os instrumentos analógicos. Com este instrumento podemos
medir voltagem contı́nua, voltagem alternada, corrente contı́nua e alternada, resistência
elétrica, capacitância, entre outros.

Por questões de segurança, quando vamos efetuar uma medida de uma grandeza des-
conhecida, temos que tomar um certo cuidado para não submeter o aparelho a grandezas
cujas intensidades sejam demasiadamente grandes e que podem danificá-lo. Por isso, uma
2.7 Procedimentos Experimentais 32

Figura 2.9: Diagrama esquemático do multı́metro digital de bancada.

boa regra é mantermos o aparelho ligado sempre na MAIOR escala possı́vel e irmos dimi-
nuindo o valor da escala até obtermos a medida com menor incerteza possı́vel.

2.6.5 Protoboard

Um dos equipamentos que vamos utilizar durante todo a disciplina será o protoboard. É
nele que ligamos os componentes eletrônicos e os instrumentos de medição. O protobo-
ard contém alguns pontos que são interligados entre si e outros pontos independentes.
Os pontos independentes servem para inserir um componente de um ponto ao outro do
circuito e desta maneira completar a ligação. Veja a Figura 2.10.

2.7 Procedimentos Experimentais


2.7.1 Procedimento I: Lei de Ohm

O objetivo desse experimento é confirmar a lei de Ohm, comprovando a relação:

V = Ri (2.8)
2.7 Procedimentos Experimentais 33

Figura 2.10: Diagrama esquemático do protoboard.

Vamos montar um circuito formado por um resistor (R1 = 5 kΩ ), uma fonte de tensão, um
amperı́metro e um voltı́metro (com multı́metros digitais).

Figura 2.11: Circuito a ser montado para o Procedimento I.

1. Ligue a fonte de tensão. O valor da voltagem é fornecido entre os terminais “+” e


“−”. Certifique-se que a tensão é 0 (zero).

2. Monte o circuito indicado na Figura 2.11. Conecte o voltı́metro entre os terminais do


resistor de modo a medir a voltagem entre os pontos A e B. Conecte o amperı́metro
ao circuito de modo a medir a corrente que passa por R1 no ponto B. O resistor não
possui polaridade e poderá ser usado sem preocupação quanto ao sentido da cor-
rente que o atravessa. A montagem realizada corresponde ao diagrama do circuito
representado na Figura 2.12 (a).
2.7 Procedimentos Experimentais 34

3. Vamos variar a voltagem fornecida pela fonte, medir a voltagem VAB no resistor
R1 com o voltı́metro e medir a corrente passando pelo circuito com o amperı́metro.
Ajuste a voltagem da fonte para 1 V. Meça os valores de i e VAB e anote-os na Tabela
1.
4. Caso o amperı́metro tivesse sido conectado ao circuito no ponto A, antes do resistor
R1 , a corrente medida teria sido diferente? Por quê?
5. Utilize a fonte regulável (botão giratório) para variar a voltagem no resistor. Escolha
valores de voltagem entre 1 e 2 V. Anote o valor de VAB medido pelo voltı́metro e
o correspondente valor de corrente i medido pelo amperı́metro. Não se esqueça de
anotar também os valores das incertezas de suas medidas. Complete a Tabela 1 com
outros cinco pares de pontos (i, VAB ).
6. Meça o valor da resistência de R1 e sua incerteza usando um multı́metro digital.
7. Faça um gráfico de VAB (eixo y) contra i (eixo x). Determine graficamente (isto é, sem
o uso de computadores) o coeficiente angular da reta que melhor se ajusta aos seus
pontos experimentais, e a partir dele o valor da resistência R1 . Estime também a sua
incerteza σR .

Figura 2.12: (a) Diagrama do circuito montado para medidas com amperı́metro; (b) diagrama do
circuito para medida indireta da corrente, medindo a voltagem em um resistor RA .

Alternativa para medidas de corrente sem amperı́metro

Quando você necessita conhecer a corrente que passa em um determinado ramo de


um circuito, mas não conta com um amperı́metro para medi-la diretamente, é possı́vel
fazer uma medida indireta. Para isto, substitua o amperı́metro por um resistor de baixa
resistência (10 Ω, por exemplo) e meça a diferença de potencial entre seus terminais com
um voltı́metro. A corrente será obtida indiretamente com o uso da Lei de Ohm, fazendo
i=V/R. Lembre-se que neste caso será necessário calcular a incerteza na corrente a partir
das incertezas da voltagem e da resistência. A Figura 2.12 (b) mostra como deve ser a
montagem do circuito deste procedimento, neste caso.
2.7 Procedimentos Experimentais 35

2.7.2 Procedimento II: Lei das tensões de Kirchhoff e associação em série

Vamos verificar experimentalmente a lei das tensões de Kirchhoff fazendo medidas de


voltagem e corrente numa montagem de resistores em série.

Figura 2.13: Circuito a ser montado para o procedimento 2.7.2.

No circuito da Figura 2.13 temos que:

VAB + VBC + VCA = 0 ,

já que a soma de todas as tensões num circuito fechado deve ser nula. Dessa mesma forma,
a corrente que atravessa todos os elementos desse circuito deve ser a mesma. Note que
VCA = −VAC , o que depende do ponto de medida do multimetro. Para comprovar esta
suposição vamos realizar o procedimento abaixo.

1. Ligue a fonte de tensão e ajuste a voltagem para VB = 0 V antes de iniciar a montagem


do circuito. Monte o circuito mostrado na Figura 2.13 com R1 = 5 kΩ e R2 = 2,2 kΩ.
Tome como exemplo o diagrama do protoboard da Figura 2.14.

2. Ajuste o valor da voltagem na fonte para VB = 4,0 V, usando o voltı́metro.

3. Meça as correntes nos pontos A e B e as voltagens VAB (entre A e B), VBC (entre B e
C) e VAC (entre A e C). Complete as Tabelas 2 e 3 com estes valores e suas respectivas
incertezas.

Se a sua bancada não contar com um amperı́metro, faça a medida indireta da corrente
usando o mesmo método descrito no Procedimento I. Neste caso, anote na Tabela 2 a vol-
tagem medida no resistor de baixa resistência utilizado para este fim. Anote também o
valor medido desta resistência.
2.7 Procedimentos Experimentais 36

2.7.3 Procedimento III: Lei das correntes de Kirchhoff e associação em


paralelo

Vamos verificar experimentalmente a lei das correntes de Kirchhoff fazendo medidas de


voltagem e corrente numa montagem de resistores em paralelo.

1. Ligue a fonte de alimentação e ajuste a voltagem para VB = 0 V antes de iniciar a


montagem do circuito. Monte o circuito mostrado na Figura 2.15, com R1 = 5 kΩ e R2
= 2,2 kΩ. Tome como exemplo o diagrama do protoboard da Figura 2.16.

2. Ajuste o valor da voltagem na fonte para VB = 2 V, usando o voltı́metro.

3. Meça as correntes nos pontos A, B e D e as voltagens VAC , VBC e VDE . Complete as


Tabelas 4 e 5 com estes valores e suas respectivas incertezas.

Se a sua bancada não contar com um amperı́metro, faça a medida indireta da corrente
usando o mesmo método descrito no Procedimento I. Neste caso, anote na Tabela 4 a vol-
tagem medida no resistor de baixa resistência utilizado para este fim. Anote também o
valor medido desta resistência.

Figura 2.14: Guia de montagem do procedimento 2.7.2. Nesta montagem será medida a corrente no
ponto B. Note que ao inverter o lugar do amperı́metro com o de R1 , medimos a corrente no ponto
A. Da mesma forma, trocando a posição do amperı́metro com R2 , medimos a corrente no ponto C.
2.7 Procedimentos Experimentais 37

Figura 2.15: Circuito a ser montado para o procedimento 2.7.3.

Figura 2.16: Guia de montagem do procedimento 2.7.3. Os elementos J1 , J2 , J3 são conectores


de junção para fechar o circuitoNessa montagem o amperı́metro está medindo apenas iD . O que
acontece se invertermos as posições dos resistores?
Transientes em circuitos RC: Tempo de carga de um
3
capacitor

3.1 Material
• capacitores de 10 nF e 1 µF;

• resistores de 100 Ω e 10 kΩ.

3.2 Introdução
O objetivo desta aula é estudar o comportamento de capacitores acoplados a circuitos
resistivos em tensão constante. Serão realizadas medidas das constantes de tempo para o
circuito RC (resistor e capacitor em série).

3.3 Capacitores
Sabemos que podemos armazenar energia sob a forma de energia potencial de diversas
formas. Podemos armazenar em uma mola estendida, comprimindo um gás ou elevando
um objeto com uma determinada massa. Uma outra maneira de armazenar energia na
forma de energia potencial é através de um campo elétrico, e isso se faz utilizando um
dispositivo chamado capacitor.

O capacitor (ou condensador) é um dispositivo formado por duas placas condutoras,


contendo um material dielétrico entre elas, cuja caracterı́stica principal é o fato que quando
aplicamos uma dada diferença de potencial entre estas placas, há o acúmulo de uma quan-
tidade de cargas elétricas nelas, positivas (+q) em uma e negativas (−q) na outra. A quan-
tidade de carga elétrica acumulada q é proporcional à diferença de potencial aplicada. A
constante de proporcionalidade entre a carga adquirida e a diferença de potencial aplicada
é chamada de capacitância, e depende das dimensões do capacitor (como a área das placas
3.4 Circuitos RC 39

condutoras e a separação entre elas) e da permissividade elétrica do isolante. Podemos


então escrever a equação caracterı́stica do capacitor como:

q = CVC . (3.1)

Essa definição pode ser considerada como uma definição estática ou instantânea, rela-
cionando a voltagem no capacitor em um dado momento e o módulo da carga acumulada
em cada uma de suas placas. Como, em geral, medimos voltagens e correntes, podemos
reescrever a equação acima em função da corrente que passa no circuito do capacitor. Basta
lembrarmos que
dq
i= . (3.2)
dt

Substituindo a equação 3.1 na equação 3.2 temos:

dVC
i=C . (3.3)
dt

A equação 3.3 mostra que somente teremos corrente no circuito se houver uma variação
da voltagem no capacitor VC . Dito em outros termos, se o capacitor estiver se carregando
ou descarregando teremos corrente circulando. Num circuito elétrico, usamos dois seg-
mentos de reta paralelos, representando duas placas paralelas condutoras, como sı́mbolo
do capacitor (figura 3.1).

Figura 3.1: Representação esquemática de um capacitor.

A unidade de capacitância no sistema internacional é o farad, representado pela letra F.


O farad é uma unidade muito grande, e por isso os dispositivos disponı́veis comercial-
mente são designados por submúltiplos do farad, como o picofarad (1 pF = 10−12 F), nano-
farad (1 nF = 10−9 F), o microfarad (1 µF = 10−6 F) e o milifarad (1 mF =10−3 F).

3.4 Circuitos RC
Como foi mencionado anteriormente, se conectarmos uma bateria aos terminais de um
capacitor, aparecerá uma corrente elétrica no circuito enquanto a diferença de potencial
aplicada ao capacitor estiver variando no tempo, ou seja, enquanto o capacitor estiver se
carregando (equação 3.3). Isso ocorrerá durante o breve intervalo de tempo em que a
3.4 Circuitos RC 40

bateria estiver sendo conectada. Esse tempo no jargão da eletrônica consiste de um “tran-
siente”. Após o transiente, a voltagem se torna constante e a corrente será nula.

Isso corresponde ao caso ideal. Na prática, um capacitor nunca é utilizado isolada-


mente, sempre existe um resistor associado em série com ele, mesmo que seja a resistência
interna da bateria ou da fonte de alimentação. Por isso, o capacitor não se carregará “ins-
tantaneamente”, mas levará um certo tempo, que dependerá das caracterı́sticas elétricas
do circuito. Aliás, a utilidade prática do capacitor baseia-se no fato de podermos controlar
o tempo que ele leva para se carregar totalmente e a carga que queremos que ele adquira.
Esse controle é obtido associando-se um resistor em série no circuito do capacitor, como
mostrado na figura 3.2.

+ B R

VB C
-

Figura 3.2: Diagrama de um circuito RC.

Se conectarmos a chave na posição “A”, o capacitor se carregará. Pela lei das tensões de
Kirchhoff, que é equivalente à lei da conservação da energia no circuito, teremos:

VB = VR + VC . (3.4)

Qualitativamente ocorrerá o seguinte: se o capacitor estiver completamente descarre-


gado no instante inicial (o instante em que a chave é virada para a posição “A”), VC = 0 V
e, portanto, VB = VR = R i0 , onde i0 é a corrente no circuito no instante t = 0 s. À medida
que o tempo passa VC vai aumentando, pois o capacitor estará se carregando, e VR conse-
quentemente vai diminuindo (equação 3.4). Isso significa que no instante inicial (t = 0 s),
o valor de VC é mı́nimo (VC = 0 V) e o valor de VR é máximo (VR = VB ). Essa defasagem
entre voltagem e corrente no capacitor tem um papel fundamental na teoria dos circuitos
elétricos, o que ficará claro quando estudarmos circuitos com excitação senoidal.

Se a chave ficar ligada na posição “A” por um tempo relativamente longo (o signifi-
cado de “relativamente longo” logo ficará claro), ao final desse tempo o capacitor estará
totalmente carregado e teremos VC = VB , VR = 0 V e a corrente cessará de passar. Se nesse
momento passarmos a chave para a posição “B”, haverá um refluxo das cargas acumula-
das no capacitor, a corrente inverterá o sentido e o capacitor se descarregará. Nesse caso,
como não existe bateria ligada no circuito, VB = 0 V e, pela lei das malhas, VR + VC = 0, ou
VR = − VC . A voltagem no capacitor, no caso, variará de VB até zero.
3.4 Circuitos RC 41

Substituindo as expressões para VR e VC por suas equações caracterı́sticas, a equação 3.4


se torna:
q dq q dVC
VB = Ri + = R + = RC + VC , (3.5)
C dt C dt
que pode ser integrada, tendo como solução geral
t
VC (t) = VC (∞) + [VC (0) − VC (∞)] e− τ , (3.6)

onde VC (∞) é a voltagem no capacitor quando o tempo tende a infinito (capacitor comple-
tamente carregado), VC (0) é a voltagem no capacitor no instante t = 0 e τ = RC. No caso
da equação diferencial descrita pela equação 3.5, VC (∞) = VB . Assumindo que a voltagem
nas placas do capacitor é nula em t = 0, encontramos
 t

VC (t) = VB 1 − e− τ , (3.7)

onde novamente
τ = RC . (3.8)

A equação 3.7 mostra que o tempo necessário para o capacitor se carregar dependerá do
produto RC. Quanto maior for esse produto, mais longo será esse tempo. O produto RC é
conhecido como constante de tempo do circuito RC e inclui todas as resistências presentes
no mesmo.

Usando a lei das tensões de Kirchhoff, obtemos o valor de VR :


t
VR (t) = VB − VC = VB e− τ . (3.9)

Para o estudo da descarga do capacitor temos que resolver a equação diferencial descrita
na equação 3.5, fazendo VB = 0 e assumindo que o capacitor está completamente carregado
no instante inicial t = 0. Encontramos:
t
VC (t) = VB e− τ (3.10)

e
t
VR (t) = −VB e− τ . (3.11)

A constante de tempo que caracteriza o circuito pode ser obtida experimentalmente de


algumas maneiras diferentes. A primeira delas decorre diretamente da sua definição: é o
tempo necessário para o argumento da exponencial se tornar “−1”, e teremos para a carga:

VC (τ ) = VB (1 − e−1 ) = VB (1 − 0, 37) = 0, 63 VB , (3.12)


ou seja, τ é o tempo necessário para que a voltagem em um capacitor, inicialmente descar-
regado, atinja 63 % do valor final da tensão da fonte que o carrega.
3.4 Circuitos RC 42

Para a descarga, teremos algo semelhante:

VC (τ ) = VB e−1 = 0, 37 VB . (3.13)

Isto significa que na descarga τ é o tempo necessário para o capacitor atingir 37% do valor
inicial da voltagem (isto é, em t = 0).

Somente podemos determinar a constante de tempo no processo de carga se o capacitor


estiver descarregado para t = 0 s e conhecermos a priori o valor de VB . Caso contrário, seria
necessário esperar um tempo muito longo para VC chegar até VB , tempo esse que, eventu-
almente, não dispomos. O processo é bastante simplificado na descarga do capacitor, pois
nesse caso podemos definir a origem do tempo (t = 0) e VB é a voltagem que o sistema
possui naquele momento. Por isso, em geral usamos a equação 3.13 para a determinação
de τ .

Uma outra maneira de obtermos τ consiste em determinarmos um outro tempo carac-


terı́stico, que ocorre em todos os processos exponenciais, chamado de meia-vida do sis-
tema, t1/2 . Ele é definido como o tempo necessário para a grandeza medida cair à metade
do seu valor inicial. No caso presente, será o tempo necessário para a voltagem do capa-
citor atingir, tanto na carga como na descarga, a metade do valor de VB . Por exemplo, no
processo de carga teremos:

VB  t1/2 
VC (t1/2 ) = = VB 1 − exp(− ) (3.14)
2 τ
ou
1 t1/2
= exp(− ). (3.15)
2 τ

Aplicando-se logaritmos naturais a ambos os lados dessa equação, encontramos:

t1/2 = τ ln 2 . (3.16)

A constante de tempo também pode ser obtida no processo de descarga, determinando-


se o tempo necessário para o valor inicial da voltagem cair à metade, ou seja:

VB t1/2
VC (t1/2 ) = = VB exp(− ) (3.17)
2 τ
ou
t1/2 = τ ln 2, (3.18)
e a equação 3.16 é novamente obtida, mostrando que tanto na carga como na descarga a
constante de tempo pode ser obtida a partir do tempo de meia-vida a partir da equação
t1/2
τ= . (3.19)
ln 2

Utilizaremos elementos de circuito com valores de capacitância e resistência que levam


3.5 Procedimentos experimentais 43

a tempos de relaxação da ordem de milissegundos. Assim, para observarmos a variação da


voltagem será necessário chavear o circuito da posição “A” para a posição “B”, e vice-versa,
com uma frequência muito grande, da ordem de kilohertz. Isso é possı́vel se utilizarmos
um gerador de sinais, escolhendo a forma de onda quadrada para simular o chaveamento
do circuito. Nesse caso, de acordo com a figura 3.2, o patamar superior da onda quadrada
(VB = V0 ) irá representar o circuito com a chave na posição “A”, e o patamar inferior (VB =
0 V) irá representar o circuito com a chave na posição “B”.

3.5 Procedimentos experimentais


3.5.1 Procedimento I: medidas de τ e t1/2

1. Monte o circuito da figura 3.3 a seguir com C = 10 nF e R = 10 kΩ. Ajuste no gerador


de sinais uma onda quadrada de frequência f = 190 Hz e tensão pico-a-pico Vpp = 6
V. Através da função “DC Offset” do gerador de sinais, ajuste a onda quadrada para
que seu patamar inferior corresponda a 0 V. Você consegue isto somando um sinal
constante de 3 V à onda quadrada inicial, que oscila entre −3 V e +3 V. Você deverá
obter uma imagem semelhante à da figura 3.4 na tela do osciloscópio.

Figura 3.3: Montagem de um circuito RC simples usando um gerador de sinais e um osciloscópio.


Essa montagem permite a medida da voltagem na fonte (VG ) e no capacitor (VC ), ambas em relação
ao terra. Para isso devemos ligar o canal 1 (CH1) do osciloscópio no ponto “A” e o canal 2 (CH2)
no ponto “B” do circuito.

2. Ajuste agora as escalas do osciloscópio de modo a colocar na tela um perı́odo com-


pleto da onda quadrada, e meça os valores de t1/2 e τ , como indicado na figura 3.5.
Vimos que t1/2 é o tempo necessário para que a voltagem no capacitor durante a
descarga atinja a metade do valor que tinha no inı́cio do processo, (tempo definido
como t = 0 s), enquanto τ é o tempo necessário para VC chegar a 37% desse valor
inicial. Você pode fazer estas medidas usando os cursores do osciloscópio. Com os
cursores de amplitude meça a voltagem máxima no capacitor, em relação aos 0 V
3.5 Procedimentos experimentais 44

Figura 3.4: Imagem semelhante à que você deve obter na tela do osciloscópio.

definidos na onda quadrada. Em seguida, com os cursores de tempo, meça o tempo


transcorrido entre o inı́cio da queda desta voltagem e o momento em que ela atinge
50% de seu valor máximo para obter t1/2 , e o tempo transcorrido entre o inı́cio da
queda da voltagem no capacitor e o momento em que a voltagem atinge 37 % de seu
valor máximo para obter τ . Note que você deverá medir um tempo relativo a partir
do inı́cio da descarga conforme indicado na figura 3.5.

t1/2
V


0,5 V

0,37 V

Figura 3.5: Voltagem no capacitor mostrando, na descarga do capacitor, como medir a constante de
tempo τ e o tempo de meia-vida t1/2 .

3. Compare os valores que obteve para a constante de tempo τ , através da medida


direta de seu valor e através da medida de t1/2 (equação 3.19).

3.5.2 Procedimento II: tensão no resistor

1. Monte o circuito da figura 3.6, ele corresponde ao circuito da figura 3.3 com as posições
do capacitor e do resistor trocadas. Com isto podemos fazer medidas simultâneas da
3.5 Procedimentos experimentais 45

tensão no gerador e no resistor. Use os mesmos valores de C = 10 nF e R = 10 kΩ.


Ajuste no gerador de sinais uma onda quadrada semelhante à do procedimento ante-
rior, variando entre 0 V e + 6 V, mas com frequência f = 100 Hz. Nesta configuração
medimos no canal 2 do osciloscópio a voltagem VR no resistor. Com o auxı́lio de um
multı́metro meça os valores de R e C. Você deverá obter uma imagem semelhante à
da figura 3.7 na tela do osciloscópio.

Figura 3.6: Montagem de um circuito RC simples usando um gerador de sinais e um osciloscópio.


Essa montagem permite a medida da voltagem no resistor em relação ao terra (VR ). Para isso
devemos ligar o canal 1 (CH1) do osciloscópio no ponto “A” e o canal 2 (CH2) no ponto “B” do
circuito.

Figura 3.7: Imagem semelhante à que você deve obter na tela do osciloscópio.

2. Para obtermos uma curva de VR em função de t com boa resolução, devemos fazê-la
ocupar a maior região possı́vel da tela do osciloscópio. Para isso devemos ajustar os
controles do osciloscópio e do gerador de sinais para que apareça na tela apenas o
intervalo de tempo correspondente à carga do capacitor.
Para tanto você deve efetuar os seguintes passos:
3.5 Procedimentos experimentais 46

a) diminua a escala de tempo de modo a observar apenas meio-perı́odo da onda qua-


drada e desloque a posição horizontal do sinal de voltagem para que o decaimento
comece na linha vertical mais à esquerda da tela;
b) ajuste o nı́vel “zero” da voltagem VR de forma que ele coincida com a linha inferior
da tela, e diminua a escala do canal 2 para o menor valor em que ainda seja possı́vel
ver o máximo da curva. É possı́vel que você tenha que utilizar a opção “Ganho
variável: fino”. Deverá aparecer na tela do osciloscópio uma figura semelhante à
figura 3.8. Se for necessário ajuste um pouco a frequência do gerador.

Figura 3.8: Maximização na tela do osciloscópio da voltagem VR na carga do capacitor.

3. A partir da curva ajustada no canal 2 do osciloscópio, escolha seis pares de valores de


t e VR , usando os cursores ou fazendo leitura direta na tela (método das gratı́culas).
Anote os valores medidos com suas respectivas incertezas. Anote também as escalas
de tempo e voltagem utilizadas.

4. Faça um gráfico de VR versus t no retı́culo milimetrado disponı́vel na folha de seu


relatório, marcando os pontos medidos e suas barras de erro, e traçando à mão livre
a curva que melhor se ajusta aos pontos experimentais. A partir da curva traçada no
retı́culo milimetrado, obtenha o valor de τ , utilizando o mesmo método do Procedi-
mento I.

3.5.3 Procedimento III: medida da resistência interna do gerador

Além dos parâmetros do sinal de saı́da, toda fonte de alimentação (como a fonte de tensão
DC ou o gerador de funções) é também caracterizada por uma grandeza chamada im-
pedância interna. Seu significado ficará claro na segunda parte do curso, mas por en-
quanto basta dizermos que trata-se de uma grandeza complexa cujo valor pode variar
com a frequência do sinal produzido, com a parte real correspondendo a um componente
resistivo, enquanto a parte imaginária representa o efeito de componentes capacitivos e
indutivos.
3.5 Procedimentos experimentais 47

Os geradores de função (como este que utilizamos no curso) normalmente tem uma
impedância interna real e independente da frequência, com valor de 50 Ω. Por estas razões
a impedância interna corresponde a uma resistência interna; o gerador de funcões pode
ser representado como um gerador “ideal” em série com uma resistência RG de 50 Ω.

Vamos agora utilizar um circuito RC para medir a resistência interna do gerador, através
da medida de τ . Monte um circuito RC com um resistor com R = 100 Ω e um capacitor
com C = 1 µF . Calcule qual o valor de τ esperado para este circuito, lembrando que
RG = 50 Ω. Para fazer a medida de τ , desejamos que o tempo de aplicação da tensão (isto
é, T /2) seja aproximadamente igual a 3 vezes o valor de τ . Utilize o valor esperado para τ
para calcular a frequência da onda quadrada.

Alimente agora o circuito com uma onda quadrada com amplitude de 4 V (oscilando
entre Vmin = 0 V e Vmax = 8 V) e com a frequência calculada acima. Utilize um dos métodos
descritos acima (no procedimento I ou II) para medir τ e a partir deste valor calcule o valor
de RG , comparando com o valor esperado.
Circuitos RC com corrente alternada
4
4.1 Material
• resistor de 5 kΩ;

• capacitor de 100 nF.

4.2 Introdução
Como vimos na aula sobre capacitores, a equação caracterı́stica do capacitor ideal é
dada por
d
i(t) = C VC (t). (4.1)
dt

Se aplicarmos uma voltagem alternada VG = V0 sen(ωt) a este capacitor, ele se carregará


com uma corrente i(t) dada por

d  π
i(t) = C [V0 sen(ωt)] = ωCV0 cos(ωt) = ωCV0 sen ωt + . (4.2)
dt 2

A corrente então pode ser escrita como


 π  π
i(t) = ωCV0 sen ωt + = i0 sen ωt + , (4.3)
2 2

onde definimos a amplitude de corrente i0 como

i0 ≡ ωCV0 . (4.4)
4.3 Circuitos RC 49

Dessa forma, a relação entre as amplitudes de tensão e corrente pode ser escrita como

1
V0 = i0 = XC i0 . (4.5)
ωC

A equação 4.5 é o equivalente da Lei de Ohm para capacitores com correntes alternadas.
A grandeza definida por
1
XC ≡ (4.6)
ωC
tem dimensão de resistência e é chamada de reatância capacitiva; ela desempenha um
papel semelhante à resistência na Lei de Ohm, com a importante diferença de ser inver-
samente proporcional à frequência. Para frequências muito altas o capacitor se comporta
como um curto-circuito (resistência nula), o que significa que sinais de alta frequência pas-
sam pelo capacitor sem serem atenuados. Já para frequências muito baixas o valor da
reatância aumenta e sinais de baixa frequência serão fortemente atenuados. Esta proprie-
dade dos capacitores é utilizada para a construção de filtros de frequência.

A equação 4.3 mostra que em um capacitor ideal, a corrente e a voltagem estão defasa-
das de π/2 radianos: para uma tensão do gerador dada por

VG = V0 sen(ωt) , (4.7)

temos a corrente dada pela expressão


 π
i(t) = i0 sen ωt + , (4.8)
2
mostrando que a corrente está adiantada de π/2 radianos em relação à voltagem da fonte.

4.3 Circuitos RC
Para circuitos RC como o mostrado na figura 4.1, a aplicação da lei das tensões de Kir-
chhoff leva a

VG (t) = VC (t) + VR (t) (4.9)


q(t)
V0 sen(ωt) = + Ri(t), (4.10)
C
sendo VG (t) a tensão produzida pelo gerador.

Como este circuito é composto apenas de componentes lineares, espera-se que a cor-
rente também varie senoidalmente com o tempo e com a mesma frequência de VG (t), tendo
como forma geral
i(t) = i0 sen (ωt + ϕ) , (4.11)
onde ϕ representa a diferença de fase entre a voltagem do gerador e a corrente no circuito.
Derivando a equação 4.10 em relação ao tempo e fazendo uso da equação 4.11, encontra-
4.3 Circuitos RC 50

 
Figura 4.1: Circuito RC alimentado por uma fonte de tensão senoidal.

mos que
i0
ωV0 cos(ωt) = sen(ωt + ϕ) + ωRi0 cos(ωt + ϕ) . (4.12)
C

A equação 4.12 pode ser reescrita expandindo-se as funções sen(ωt + ϕ) e cos(ωt + ϕ)


e em seguida reagrupando os termos que envolvem cos(ωt) e sen(ωt). Após algumas
manipulações algébricas obtemos
   
i0 i0
cos(ωt) ωV0 − (ωRi0 ) cos ϕ − sen ϕ + sen(ωt) (ωRi0 ) sen ϕ − cos ϕ = 0 . (4.13)
C C

Como a equação 4.13 deve valer para qualquer instante de tempo, os coeficientes dos
termos cos(ωt) e sen(ωt) devem ser individualmente nulos, o que significa que duas equações
devem ser satisfeitas simultaneamente:
 
i0
(Ri0 ) cos ϕ + sen ϕ = V0 , (4.14)
ωC
e  
i0
(Ri0 ) sen ϕ − cos ϕ = 0 . (4.15)
ωC

Da equação 4.15 obtemos diretamente a expressão para o ângulo de fase ϕ:

1 XC
tan ϕ = = . (4.16)
ωCR R

A Figura 4.2 mostra o comportamento da diferença de fase ϕ (em radianos) em função


da frequência angular (em rad/s), para um circuito RC com R = 10 Ω e C = 2, 2 µF.
O gráfico possui escala semi-logarı́tmica para permitir uma melhor visualização da de-
4.3 Circuitos RC 51

 
Figura 4.2: Variação da diferença de fase entre corrente e tensão em função da frequência angular
em um circuito RC.

pendência de ϕ. Para valores de ω tendendo a zero, a diferença de fase tende a π/2 radi-
anos; já para valores de ω tendendo a infinito, a diferença de fase tende a zero (corrente e
tensão em fase).

Já a equação 4.14 pode ser resolvida utilizando-se as seguintes relações trigonométricas:
tan ϕ
sen ϕ = p , (4.17)
1 + tan2 ϕ
e
1
cos ϕ = p . (4.18)
1 + tan2 ϕ

Após utilizarmos as equações 4.17 e 4.18 na equação 4.14 e utilizarmos a equação 4.15,
obtemos a relação entre as amplitudes de corrente e de tensão do gerador:

V0
q
= R2 + XC2 . (4.19)
i0

Definimos então uma grandeza chamada impedância do circuito RC (Z) como sendo
esta razão entre amplitudes:
V0
q
Z≡ = R2 + XC2 . (4.20)
i0

Note que Z tem dimensão de resistência e, como V0 = Zi0 , num circuito com corrente
alternada a impedância desempenha um papel análogo ao da resistência em circuitos com
corrente contı́nua. Observe também que a impedância do circuito não é simplesmente a
soma de R e XC , mas sim a raiz quadrada da soma dos quadrados de R e XC .

As equações 4.16 e 4.20 nos permitem imaginar uma representação gráfica na qual a
4.3 Circuitos RC 52

 
Figura 4.3: Representação da impedância Z de um circuito RC como o módulo de um número
complexo Ze = R − jXC .

impedância do circuito RC é representada por dois eixos ortogonais no plano: o eixo ho-
rizontal representa o valor de R enquanto o eixo vertical representa o valor de XC , como
se fossem as duas componentes de um vetor ou as partes real e imaginária de um número
complexo (veja figura 4.3). Nesse caso a impedância Z definida na equação 4.20 representa
o módulo da impedância complexa Ze ≡ R − jXC . Note que se tivéssemos definido Ze
como R + jXC a analogia permaneceria válida, mas a razão para termos escolhido o sinal
negativo para a parte complexa ficará clara abaixo.

Note que utilizamos a letra j para representar o valor −1; isso é feito para que não
haja confusão com a corrente no circuito, representada pela letra i.

Essa analogia com grandezas complexas tem uma boa razão para ser feita, pois circuitos
com correntes alternadas podem ser tratados utilizando o formalismo de números comple-
xos. Considere um circuito composto apenas por um gerador e um capacitor; a tensão do
gerador é dada por
VG (t) = V0 sen(ωt) . (4.21)

De acordo com a fórmula de Euler, qualquer número complexo obedece a relação ejθ =
cos θ + j sen θ, e a tensão do gerador pode ser escrita como
h i
VG (t) = Im VeG (t) , (4.22)

onde definimos a voltagem complexa VeG (t) como

VeG (t) = V0 ejωt . (4.23)

Como vimos na seção 4.2, para este circuito com apenas o gerador e o capacitor a cor-
4.3 Circuitos RC 53

rente é dada por  π


i(t) = i0 sen ωt + , (4.24)
2
com i0 = ωCV0 . Da mesma forma que fizemos com a voltagem, podemos representar a
corrente em termos de uma grandeza complexa:
h i
i(t) = Im ei(t) , (4.25)

onde a corrente complexa ei(t) é dada por

ei(t) = i0 e j(ωt+π/2) . (4.26)

A grande vantagem do uso do formalismo de números complexos é que, uma vez que
as grandezas complexas estejam definidas, basta utilizarmos uma relação análoga à Lei de
Ohm para resolvermos o circuito:

Ve (t) = Ze ei(t) . (4.27)

Como já temos as expressões para Ve (t) e ei(t), podemos encontrar a impedância com-
plexa para este circuito puramente capacitivo:

VeG (t) V0 ejωt 1 1


ZeC = = = = = −jXC . (4.28)
ei(t) ωCV0 e j(ωt+π/2) ωCejπ/2 jωC

Fica clara portanto a razão de termos escolhido a componente capacitiva da impedância


complexa do circuito RC como sendo −XC : o sinal negativo decorre do comportamento
do capacitor, que sempre adianta a corrente em relação à tensão da fonte.

A partir das expressões para a amplitude de tensão no circuito RC, podemos expressar a
diferença de fase ϕ e a amplitude de tensão do gerador em termos dessas grandezas. Pela
Lei de Ohm, sabemos que a amplitude de tensão no resistor é dada por

V0R = R i0 , (4.29)

enquanto a amplitude de tensão no capacitor é dada pela equação 4.5:

V0C = XC i0 . (4.30)

Portanto as equações 4.14 e 4.15 podem ser re-escritas na forma

V0R cos ϕ + V0C sen ϕ = V0 , (4.31)

e
V0R sen ϕ − V0C cos ϕ = 0 . (4.32)
4.4 Procedimentos experimentais 54

 
Figura 4.4: Circuito a ser utilizado no procedimento I.

Tomando o quadrado de cada equação e somando membro a membro, obtemos:

V0 2 = V0C2 + V0R2 . (4.33)

E uma simples manipulação algébrica da equação 4.32 nos permite obter uma expressão
alternativa para a diferença de fase:

V0C
tan ϕ = . (4.34)
V0R

4.4 Procedimentos experimentais


4.4.1 Procedimento I: verificação do análogo da lei de Ohm para capaci-
tores

Queremos verificar a validade da relação V0C = XC i0 , verificando o comportamento da


reatância capacitiva com a frequência.

1. O circuito será montado com R = 5kΩ e C = 100 nF. Meça com o multı́metro digi-
tal os valores de R e C e em seguida monte o circuito da figura 4.4; ligue os equi-
pamentos e ajuste o gerador para alimentar o circuito com uma tensão senoidal de
frequência próxima de f = 200 Hz. Com o osciloscópio meça o perı́odo e frequência
do sinal com suas respectivas incertezas.

2. Ajuste o gerador para que a amplitude de tensão sobre o resistor (V0R , medida no
canal 2 do osciloscópio) seja próxima a 1,0 V. Lembre-se de utilizar no osciloscópio a
escala que permita a medida com a maior precisão.
4.4 Procedimentos experimentais 55

 
Figura 4.5: Ilustração da medida da diferença de fase no circuito RC. A linha contı́nua representa
a voltagem da fonte VG e a linha tracejada representa a voltagem no resistor VR . Nessa figura VR
(que é um sinal proporcional à corrente, pois num resistor tensão e corrente estão em fase) está
adiantada em relação a VG , como deve sempre ser num circuito RC.

3. Observe que existe uma diferença de fase ϕ entre os dois sinais, o que fica claro pela
diferença de tempo entre 2 pontos similares em cada forma de onda (veja a figura 4.5).
A diferença de fase pode ser medida a partir da medida dessa diferença temporal ∆t:
escolha 2 pontos similares em cada forma de onda, meça ∆t e sua incerteza. Como
exemplo, na figura 4.5 ∆t é a diferença de tempo entre 2 pontos onde as formas de
onda passam pelo zero. Em seguida calcule a diferença de fase entre a tensão no
resistor VR e a tensão do gerador VG como ϕ = 2πf ∆t; calcule também sua incerteza.
Não se esqueça de utilizar o valor de f medido no item anterior.

4. A partir do valor obtido para ϕ, calcule o valor da reatância capacitiva XC para a


frequência f .

5. Meça agora a amplitude de tensão sobre o resistor V0R e sua incerteza. Calcule a
amplitude de corrente no circuito, utilizando a Lei de Ohm: i0 = V0R /R (lembre-se
de utilizar o valor de R medido com o multı́metro). Sem alterar o ajuste do gerador,
meça a amplitude de tensão do gerador (V0G , medida no canal 1 do osciloscópio).
Com os valoresp de V0R e V0G , calcule o valor da amplitude de tensão no capacitor
como: V0C = V0G − V0R2 . Anote todos os valores na primeira linha da Tabela 1.
2

6. Repita o procedimento para outros valores de V0R e complete a tabela 1. Sugestão:


use valores de V0R entre 1,0 e 2,0 V.
4.4 Procedimentos experimentais 56

Tabela 1
V0R ±σV0R i0 ± σi0 (A) V0G ± σV0G (V) V0C (V) σV0C (V)
(V)

7. A partir dos dados da Tabela 1, faça um gráfico de V0C vs. i0 e obtenha o valor da
reatância capacitiva XC para a frequência f . Compare com o valor obtido a partir da
diferença de fase e com o valor nominal.

8. Calcule de maneira alternativa, a partir da equação 4.34 e das amplitudes V0R e V0C
da primeira linha da tabela, a diferença de fase ϕ e sua incerteza. Compare o valor
com o valor obtido na questão 3 deste procedimento. Os valores são compatı́veis?
Circuitos RC e filtros de frequência
5
5.1 Material
• resistor de 2,2 kΩ;
• capacitor de 10 nF.

5.2 Introdução
Vimos que a reatância capacitiva depende da frequência: quanto maior a frequência
do sinal que alimenta um capacitor, menor será a resistência que o componente oferecerá
à passagem da corrente. Essa propriedade pode ser utilizada para a confecção de filtros
de frequência que atenuem sinais com certos valores de frequência num dado circuito
elétrico. Os filtros que cortam os sinais com frequências abaixo de um certo valor são
chamados de “filtros passa-alta”, ao passo que aqueles que cortam sinais com frequências
acima de um dado valor chamam-se “filtros passa-baixa”. A combinação dos dois tipos de
filtros pode resultar num outro tipo de filtro (chamado de passa-banda) que deixa passar
somente sinais com frequências próximas de um certo valor, atenuando todos os sinais com
frequências acima e abaixo deste valor; desta forma o filtro define uma banda passante.

Aplicando as definições de reatância capacitiva e impedância discutidas anteriormente,


as amplitudes das voltagens no capacitor (V0C ) e no resistor (V0R ) em um circuito RC em
série podem ser escritas como:
XC
V0C = V0 (5.1)
Z
e
R
V0R = V0 , (5.2)
Z
onde V0 é a amplitude da voltagem p de alimentação do circuito, XC = 1/ωC é a reatância ca-
2 2
pacitiva, R é a resistência e Z = R + XC a impedância do circuito. Observe que o termo
“resistência” aplica-se somente ao resistor. Para o capacitor utiliza-se o termo “reatância
5.3 Filtros usando circuitos RC 58

capacitiva” e para a “resistência total do circuito” empregamos o termo “impedância”. Os


filtros deixarão passar certas faixas de frequência dependendo da escolha de qual disposi-
tivo será usado para obter o sinal de saı́da do filtro, capacitor ou resistor, e de seus valores
de capacitância e resistência.

5.3 Filtros usando circuitos RC


Quando alimentamos um circuito RC em série com uma voltagem alternada de frequência
angular ω e amplitude V0 , as amplitudes das voltagens no capacitor (V0C ) e no resistor (V0R )
serão dadas por:
XC 1
V0C = V0 = p V0 , (5.3)
Z 1 + (ωRC)2
e
R ωRC
V0R = V0 = p V0 . (5.4)
Z 1 + (ωRC)2

Vemos então que V0C e V0R dependem da frequência ω, mas de maneira oposta. No ca-
pacitor, a amplitude V0C → V0 quando a frequência angular ω → 0. Conforme a frequência
aumenta, a razão V0C /V0 vai diminuindo, e no limite em que ω → ∞, V0C → 0.

No resistor observamos o comportamento oposto. Para frequências baixas a ampli-


tude V0R é baixa. Esta amplitude aumenta com o aumento da frequência, e no limite de
frequências muito altas, V0R → V0 . Assim, de acordo com a faixa de frequências que quere-
mos eliminar do sinal de entrada, escolhemos o dispositivo de onde iremos extrair o sinal
de saı́da. Para eliminarmos frequências altas, devemos utilizar o sinal de tensão no capa-
citor como saı́da (filtro passa-baixa), e se quisermos eliminar frequências baixas, usamos o
sinal do resistor como saı́da (filtro passa-alta).

5.3.1 Filtro passa-baixa

Vamos analisar um circuito RC em série atuando como um filtro passa-baixa. Para isto
devemos comparar o sinal de entrada, fornecido pelo gerador de funções, com o sinal de
saı́da, extraı́do do capacitor. Isto é feito montando o circuito mostrado na figura 5.1.

Para este circuito apresentado, a amplitude da voltagem no capacitor V0C é dada pela
equação 5.3. A razão entre as amplitudes V0C e V0 será chamada de APB , representando a
razão entre as amplitudes de tensão de entrada e saı́da, e será expressa como:

V0C 1
APB ≡ =p . (5.5)
V0 1 + (ωRC)2

A equação 5.5 mostra que para frequências próximas de zero, a voltagem no capacitor
tem a mesma amplitude que a voltagem do gerador (APB ∼ = 1), ou seja, o sinal não é
5.3 Filtros usando circuitos RC 59

Figura 5.1: Representação esquemática de um filtro passa-baixa construı́do a partir de um circuito


RC em série, alimentado com corrente alternada.

atenuado. Por sua vez, à medida que a frequência cresce, a voltagem no capacitor diminui,
o que significa que esta voltagem apresenta uma atenuação em relação ao sinal do gerador.
Se tomarmos o limite da frequência tendendo a infinito, a amplitude APB tende a zero e
neste caso a voltagem no capacitor é totalmente atenuada. Portanto, somente sinais com
frequências muito baixas não terão suas amplitudes diminuı́das.

5.3.2 Filtro passa-alta

Figura 5.2: Representação esquemática de um filtro passa-alta construı́do a partir de um circuito


RC em série, alimentado com corrente alternada.

Vamos analisar agora um circuito RC em série atuando como um filtro passa-alta. De-
vemos agora comparar o sinal fornecido pelo gerador de funções com o sinal de saı́da
extraı́do do resistor. Isto será feito montando o circuito mostrado na figura 5.2. Ele é ob-
tido a partir do circuito da figura 5.1 simplesmente invertendo as posições do resistor e do
capacitor.

Para este circuito a amplitude da voltagem no resistor V0R será dada pela equação 5.4.
5.3 Filtros usando circuitos RC 60

Definimos a razão entre as amplitudes V0R e V0 como sendo APA , que pode ser expressa na
forma:
V0R ωRC
APA ≡ =p . (5.6)
V0 1 + (ωRC)2

A equação 5.6 mostra que o filtro passa-alta tem uma dependência com ω oposta àquela
observada no caso do filtro passa-baixa. Sinais com frequências baixas são fortemente
atenuados enquanto os sinais com frequências muito altas são transmitidas com pequena
(ou nenhuma) atenuação.

5.3.3 Frequência de corte

Nas seções anteriores, falamos de frequências “muito altas” e “muito baixas”, mas ao
utilizarmos este tipo de expressão devemos especificar em relação a qual valor é feita a
comparação. É costume definir para estes filtros uma frequência, chamada de frequência
angular de corte, que especifica a faixa de frequências a ser filtrada. Esta frequência (ωc )
é definida como aquela que torna a reatância capacitiva igual à resistência do circuito, ou
seja, o valor de ω que satisfaz a condição XC = R. Usando esta definição encontramos

1
XC = = R, (5.7)
ωc C
o que nos leva a:
1
ωc = . (5.8)
RC

A partir da equação 5.8 obtemos a frequência linear de corte, ou simplesmente frequência


de corte, dada por:
1
fc = . (5.9)
2πRC

Na frequência de corte, tanto APB quanto APA tem o mesmo valor:



2∼
APA = APB = = 0, 707 . (5.10)
2

Na frequência de corte a voltagem do sinal no capacitor ou no resistor atinge 70,7% do


seu valor máximo. Isto pode ser visto na figura 5.3 onde mostramos o comportamento de
APA e APB com a frequência angular para um circuito RC, com R = 1 kΩ e C = 100 nF. Este
tipo de gráfico é denominado curva caracterı́stica do filtro.
5.3 Filtros usando circuitos RC 61

Figura 5.3: Curvas caracterı́sticas dos filtros passa-alta (APA ) e passa-baixa (APB ) construı́dos com
um circuito RC que utiliza R = 1 kΩ e C = 100 nF. VB representa V0R para o filtro passa-altas e V0C
para o passa-baixas. A frequência angular de corte para este caso é ωc = 104 rad/s. Note que o eixo
x está em escala logarı́timica.

5.3.4 Transmitância e diagrama de Bode

O funcionamento de um filtro pode ser descrito por sua curva caracterı́stica, mas também
pode ser representado por uma grandeza chamada função de transferência. Esta é uma
função complexa, definida como a razão entre a tensão (complexa) de saı́da (a voltagem
sobre o resistor ou sobre o capacitor, dependendo do filtro utilizado) e a tensão (complexa)
de entrada (a voltagem do gerador). Como toda grandeza complexa, há informação tanto
em seu módulo (que será simplesmente a razão entre as amplitudes dos sinais) quanto em
sua fase (que será a diferença de fase entre os sinais).

Muitas das vezes estamos mais interessados nas amplitudes do que na diferença de
fase. A partir da função de transferência definimos então a transmitância de um filtro
T (ω) (também chamada de resposta em potência) como sendo o quadrado da razão entre
as amplitudes de saı́da (V0S ) e de entrada (V0E ):
 2
V0S (ω)
T (ω) = . (5.11)
V0E (ω)

Grandezas como a transmitância (que é uma razão entre voltagens ao quadrado) são
comumente expressas em termos de decibéis (dB) da seguinte maneira:

TdB (ω) = 10 log[T (ω)]. (5.12)


5.3 Filtros usando circuitos RC 62

Para os filtros passa-baixa e passa-alta baseados no circuito RC, as transmitâncias são


dadas respectivamente por:
1
TPB (ω) = , (5.13)
1 + (ωRC)2
e
1
TPA (ω) = . (5.14)
1
1+
(ωRC)2

Tomemos como exemplo o filtro passa-baixa; este filtro possui transmitância máxima
Tmax = 1 para ω = 0 e cai para zero como 1/(ωRC)2 na medida em que ω → ∞. Na
frequência de corte, ωc = 1/RC, a transmitância cai à metade do máximo.

Figura 5.4: Diagrama de Bode para filtros passa-baixas.

Este comportamento é mais fácil de ser visualizado em um gráfico que apresenta a trans-
mitância em decibéis (ver equação 5.12) em função do logaritmo de ωRC, chamado dia-
grama de Bode, como o mostrado na figura 5.4. Há três caracterı́sticas a serem observadas
neste diagrama para um filtro passa-baixas:

• Para ω  ωc , a resposta do filtro é praticamente plana e a transmitância é de 0 dB;


• para ω = ωc , a transmitância é −3 dB (10 log(1/2) ∼
= −3, 010). Neste ponto temos
log(ωc RC) = log(1) = 0;
• para ω  ωc , a transmitância cai a uma taxa de −20 dB/dec (decibéis por década),
com 10 log[1/(ωRC)2 ] = −20 log(ω) + const.

A faixa de frequências entre 0 e ωc é chamada largura de banda do filtro. No diagrama


de Bode a dependência com 1/ω 2 em alta frequência (para o filtro passa-baixas) é muito
mais evidente do que em um gráfico em escala linear.
5.4 Procedimentos Experimentais 63

Figura 5.5: Diagrama de Bode para filtros passa-altas.

Diagramas de Bode para filtros passa-alta terão caracterı́sticas semelhantes, mas inver-
sas em relação à frequência de corte. O filtro passa-altas também apresenta transmitância
de −3 dB em ω = ωc . Para ω  ωc a transmitância sobe a uma taxa de 20 dB/dec, e para
ω  ωc ela é aproximadamente constante com valor TdB = 0 dB (ver figura 5.5).

5.4 Procedimentos Experimentais


5.4.1 Procedimento I: filtro passa-alta

Neste procedimento vamos montar um filtro passa-alta, realizar medidas para traçar sua
curva caracterı́stica e a partir dela obter o valor da frequência de corte, comparando com
seu valor nominal.

1. Monte o circuito da figura 5.2, utilizando um resistor de 2,2 kΩ e um capacitor de 10


nF. Meça com o multı́metro os valores de R e C.

2. Ligue os equipamentos e ajuste o gerador para que ele alimente o circuito com um si-
nal senoidal com uma frequência de cerca de 1500 Hz e amplitude próxima a V0 = 4 V.
Meça a frequência do sinal do gerador, anotando o valor na Tabela 1. Lembre-se que
o valor de frequência mostrado no gerador é apenas uma indicação, para medı́-lo
deve ser utilizado o osciloscópio.

3. Meça a amplitude de tensão no resistor (V0R , medido no canal 2) e a amplitude de


tensão no gerador (V0 , medido no canal 1), anotando ambos os valores na Tabela 1.
Complete a primeira linha da tabela calculando o valor de log(f ) e calculando o valor
de APA (experimental) a partir das amplitudes medidas. Calcule também o valor
esperado para APA (modelo), utilizando os valores de f , R e C medidos.
5.4 Procedimentos Experimentais 64

4. Mude a frequência do sinal do gerador para 2500 Hz e verifique se a amplitude de


tensão do gerador permanece igual a 4 V. Caso esta amplitude tenha se alterado,
ajuste o gerador para que ela volte a ter o valor inicial. Com a amplitude ajustada,
repita as medidas e os cálculos realizados no item anterior.

5. Repita este procedimento para as frequências de 4,5 kHz, 6,5 kHz, 8,5 kHz, 12,5 kHz,
16,5 kHz e 24,5 kHz.

6. No retı́culo milimetrado do seu relatório, faça o gráfico dos valores medidos de APA
vs. log(f /Hz) e obtenha o valor da frequência de corte para este filtro. Inclua no
gráfico também uma outra curva para os valores esperados de APA (modelo). Com-
pare os valores experimentais com os valores esperados.

5.4.2 Procedimento II: filtro passa-baixa

Neste procedimento vamos montar um filtro passa-baixa utilizando os mesmos compo-


nentes do procedimento I, realizar medidas para traçar sua curva caracterı́stica e a partir
dela obter o valor da frequência de corte, comparando com seu valor nominal e com o va-
lor obtido no procedimento anterior. A partir destes mesmos dados, traçaremos também o
diagrama de Bode, obtendo os valores da frequência de corte e da inclinação da curva de
transmitância para ω  ωc .

1. Monte o circuito da figura 5.1, utilizando os mesmos componentes do procedimento


anterior.

2. Ligue os equipamentos e ajuste o gerador para que ele alimente o circuito com um
sinal senoidal com uma amplitude próxima a V0 = 4 V.

3. Repita o procedimento utilizado com o filtro passa-alta. Para cada frequência suge-
rida abaixo, meça: a frequência da tensão do gerador (f ), a amplitude de tensão no
capacitor (V0C ) e a amplitude de tensão no gerador (V0 ), e anote os valores na Ta-
bela 2. Calcule o valores de log(f ), log(ωRC), de APB experimental e de TdB (eq. 5.12).
Lembre-se que toda a vez que a frequência for alterada deve-se verificar que a am-
plitude de tensão do gerador continua em 4 V, alterando sua tensão de saı́da se ne-
cessário. Valores sugeridos para a frequência: 1,5 kHz, 2,5 kHz, 4,5 kHz, 6,5 kHz, 8,5
kHz, 12,5 kHz, 16,5 kHz e 24,5 kHz

4. No mesmo retı́culo milimetrado onde foi feito o gráfico de APA , faça o gráfico de APB
vs. log(f /Hz) e obtenha o valor da frequência de corte para este filtro. Compare este
valor com seu valor nominal e com o valor obtido para o filtro passa-alta.

5. A partir dos valores de log(ωRC) e de TdB da Tabela 2, faça o diagrama de Bode


(gráfico de TdB vs. log[ωRC]) para este circuito. Obtenha os valores da frequência de
corte (comparando com o valor obtido a partir da curva caracterı́stica) e da inclinação
da curva para ω  ωc (comparando com o valor esperado).
Circuitos RL com onda quadrada e corrente alternada
6
6.1 Material
• resistores de 1 kΩ e 100 Ω;

• indutor de 23,2 mH.

6.2 Introdução
O objetivo desta aula é estudar o comportamento de indutores acoplados a circuitos
resistivos com corrente constante e com corrente alternada. Serão realizadas medidas das
constantes de tempo para os circuitos RL (resistor e indutor em série) com CC e medidas
da diferença de fase e da reatância indutiva com AC.

6.3 Indutores
Um indutor é um solenóide ou bobina, construı́do por várias voltas (ou espiras) de fio
de metal condutor enrolado em uma forma que permite a geração de campos magnéticos
axiais. O uso do indutor em circuitos elétricos está baseado na lei de Faraday-Lenz que diz
que quando ocorre uma variação do fluxo magnético Φ através das espiras do solenóide,
aparece uma voltagem induzida nos seus terminais, de modo a se opor a essa variação de
fluxo. Isto é expresso pela equação caracterı́stica do indutor:

dΦ di
VL (t) = =L . (6.1)
dt dt

Nessa equação VL é a voltagem induzida pela taxa de variação do fluxo Φ(t) = Li(t) no
interior do solenóide. Observe que, neste caso, a taxa de variação do fluxo está associada à
taxa de variação da corrente que passa pelo indutor. A constante de proporcionalidade en-
6.4 Circuitos RL com corrente constante 66

tre Φ(t) e i(t) é chamada de auto-indutância – ou simplesmente indutância – do indutor. O


sinal negativo representa o fato da voltagem induzida gerar um fluxo magnético de forma
a se opor à variação do fluxo original. A unidade de indutância no sistema internacio-
nal é o henry (H) que, assim como no caso de capacitores, é uma unidade muito grande.
Por isso, em geral os indutores que aparecem nos equipamentos do nosso dia-a-dia são
representados por sub-múltiplos do henry: mili-henry (mH) e micro-henry (µH).

Como pode ser verificado a partir da equação caracterı́stica do indutor (equação 6.1), a
voltagem induzida (também chamada de força eletromotriz) somente estará presente no
circuito enquanto a corrente elétrica estiver variando. No caso de correntes alternadas,
como veremos mais adiante, o indutor está sempre atuando como tal. Já no caso de cor-
rentes contı́nuas, a lei de Faraday atuará apenas durante o transiente correspondente ao
tempo que o sistema gasta para entrar em equilı́brio na nova voltagem aplicada. Como os
indutores são fabricados com fios condutores, após esse transiente o efeito da indutância
desaparece e ele se comporta apenas como um condutor ôhmico, em geral com resistência
bastante baixa, correspondendo à resistência do fio condutor com o qual ele é fabricado.
Num circuito elétrico representamos o indutor pelo sı́mbolo mostrado na figura 6.1.

Figura 6.1: Representação esquemática de um indutor em circuitos elétricos.

6.4 Circuitos RL com corrente constante


No caso real, o fato do indutor possuir uma resistência ôhmica, faz com que ele possa
ser pensado como um indutor ideal (resistência nula) em série com um resistor. Generali-
zando, podemos associar qualquer outro resistor em série com a resistência do indutor, e
teremos a situação real representada pelo circuito da figura 6.2, onde R pode ter qualquer
valor a partir do valor da resistência interna do indutor.

No caso representado na figura 6.2, quando ligamos a chave na posição “A”, a lei das
malhas nos diz que
VB = VR + VL (6.2)
e, utilizando as expressões para a queda de voltagem no resistor e no indutor, obtemos que

di(t)
VB = Ri(t) + L . (6.3)
dt
6.4 Circuitos RL com corrente constante 67

Figura 6.2: Diagrama de um circuito RL.

Esta equação diferencial para a corrente é semelhante à equação diferencial que encon-
tramos para a carga q nas placas do capacitor (equação 3.5). Sua solução, assumindo que
para t = 0 a corrente também é igual a zero (i(0) = 0), é dada por:

VB  t

i(t) = 1 − e− τ , (6.4)
R
onde
L
τ= , (6.5)
R
o que nos mostra que a evolução da corrente no circuito depende do valor da razão L/R,
que será a constante de tempo do circuito RL.

A equação 6.4 é análoga ao caso do capacitor e, portanto, todos os resultados obtidos


para os capacitores se aplicam também aos indutores. Também neste caso, τ é o tempo
necessário para o argumento da exponencial chegar a −1. Nesse intervalo de tempo, a
corrente atinge 63% do seu valor máximo quando a chave da figura 6.2 é comutada para a
posição “A” e a voltagem da fonte passa de zero volt a VB . Em função desses resultados e
usando também a lei das tensões de Kirchhoff obtemos:
 t

VR (t) = VB 1 − e− τ (6.6)

e
t
VL (t) = VB − VR (t) = VB e− τ . (6.7)

As equações 6.6 e 6.7 nos mostram que para tempos próximos de zero, a voltagem no
resistor é próxima de zero, enquanto no indutor ela tem valor próximo de VB , a voltagem
da fonte. Após um intervalo de tempo muito maior que τ , VL cai a zero e VR se torna igual
a VB . Se nesse momento, a chave da figura 6.2 for comutada para a posição “B”, uma nova
6.5 Indutores com corrente alternada 68

equação diferencial passa a governar o comportamento do circuito:

di(t)
0 = R i(t) + L . (6.8)
dt

A condição inicial neste caso passa a ser i(0) = VB /R e a solução da equação diferencial
descrita na equação 6.8 será dada por:

VB − t
i(t) = e τ . (6.9)
R

Teremos então neste caso:


t
VR (t) = VB e− τ (6.10)
e
t
VL (t) = −VB e− τ . (6.11)

Como no caso do circuito RC, utilizaremos elementos de circuito com valores de in-
dutância e resistência que levam a tempos de relaxação muito pequenos, da ordem de
milissegundos. Assim, para observarmos a variação da voltagem será necessário chavear
o circuito da posição “A” para a posição “B”, e vice-versa, com uma frequência muito
grande, da ordem de kilohertz. Isso é possı́vel se utilizarmos um gerador de sinais, esco-
lhendo a forma de onda quadrada para simular o chaveamento do circuito.

A determinação dos tempos caracterı́sticos de um circuito RL pode ser feita de ma-


neira análoga à de um circuito RC. A voltagem no indutor descrita na equação 6.7 tem
a mesma expressão que a voltagem no capacitor quando o mesmo está descarregando
(equação 3.13). Assim, podemos determinar τ :

a) diretamente a partir da tela do osciloscópio, observando o intervalo de tempo que


leva para a voltagem no resistor atingir 63% do valor máximo ou a voltagem no indutor
cair a 37% de seu valor inicial;

b) medindo diretamente o tempo de meia-vida t1/2 e utilizando sua relação com τ


(equação 3.19);

c) utilizando medidas de VL em função de t, uma linearização e uma regressão linear.

6.5 Indutores com corrente alternada


Para entendermos o papel dos indutores em circuitos RL alimentados com tensões al-
ternadas, seguiremos o mesmo procedimento utilizado no estudo dos circuitos RC com
corrente alternada. Veremos que as soluções formais das equações do circuito RL e RC são
as mesmas.
6.5 Indutores com corrente alternada 69

Considere um circuito composto apenas de um gerador de ondas e um indutor. O in-


dutor é um componente linear, o que significa que se aplicarmos uma voltagem senoidal
de uma dada frequência a ele, esperamos que a corrente que o atravessa também seja uma
função senoidal, oscilando na mesma frequência da voltagem. Isso significa que se a tensão
do gerador for descrita como VG = V0 sen(ωt), a corrente, em sua forma mais geral, pode
ser expressa como
i(t) = i0 sen(ωt + ϕ) . (6.12)

Note que estamos deixando aberta a possibilidade de haver uma diferença de fase ϕ
entre a corrente e a tensão. Substituiremos então essa expressão para i(t) na equação 6.1,
lembrando que como só temos esses dois elementos no circuito, VL (t) = VG (t):

V0 sen(ωt) = ωLi0 cos(ωt + ϕ) . (6.13)

Escrevendo cos(ωt + ϕ) como cos(ωt)cosϕ − sen(ωt)senϕ, podemos comparar os dois


lados da equação termo a termo, e obtemos duas equações:

ωLi0 cosϕ = 0 ; (6.14)


V0 = −(ωLi0 ) senϕ . (6.15)

A equação 6.14 mostra que ϕ = ± π/2, enquanto que a equação 6.15 indica que ϕ deve
ter o valor − π/2, uma vez que V0 , L, i0 e ω são todas grandezas positivas. Portanto a
corrente num indutor ideal é dada por

i(t) = i0 sen(ωt − π/2) , (6.16)

com
V0
i0 = . (6.17)
ωL

Note que a corrente está atrasada de π/2 radianos em relação à voltagem.

A partir da equção 6.17 obtemos que a relação entre as amplitudes de tensão e corrente
pode ser escrita como
V0 = ωL i0 = XL i0 . (6.18)

A equação 6.18 é o equivalente da Lei de Ohm para indutores com correntes alternadas.
A grandeza chamada de reatância indutiva é definida por

XL ≡ ωL, (6.19)

tem dimensão de resistência e desempenha papel análogo ao da resistência na lei de Ohm,


mas com valor diretamente proporcional à frequência angular do sinal.

Vamos agora aplicar o formalismo de números complexos a este mesmo circuito, com-
6.6 Circuitos RL com corrente alternada 70

posto apenas de um indutor ideal e um gerador. Se a tensão do gerador é dada por


VG (t) = V0 sen(ωt), podemos definir uma tensão complexa VeG (t) como

VeG (t) ≡ V0 ejωt , (6.20)

de maneira que a tensão que tem sentido fı́sico (ou seja, a grandeza que pode ser medida)
VG (t) pode ser obtida como h i
VG (t) = Im VeG (t) . (6.21)

Para esse circuito vimos que a corrente é dada por

i(t) = i0 sen(ωt − π/2) , (6.22)

com i0 = V0 /(ωL). Como no caso da voltagem, podemos definir uma grandeza complexa
associada à corrente. Essa corrente complexa é

ei(t) ≡ i0 ej(ωt−π/2) , (6.23)

e a corrente que tem sentido fı́sico pode ser obtida como


h i
i(t) = Im ei(t) . (6.24)

Assim como vimos no caso dos circuitos capacitivos, este formalismo de números com-
plexos nos permite escrever uma relação análoga à Lei de Ohm, mas para circuitos alimen-
tados com correntes alternadas:
VeG (t) = Ze ei(t) , (6.25)
onde Ze é a impedância complexa. Como já temos as expressões para Ve (t) e ei(t), podemos
encontrar Ze para este circuito puramente indutivo:

VeG (t) V0 ejωt ωL ωL


ZeL = = j(ωt−π/2)
= −jπ/2 = = jXL . (6.26)
ei(t) (V0 /ωL) e e −j

Vemos portanto que para um indutor a impedância complexa é um número imaginário


puro positivo, resultado do comportamento do indutor, que sempre causa um atraso de
fase da corrente em relação à voltagem da fonte.

6.6 Circuitos RL com corrente alternada


Aplicando a lei das tensões de Kirchhoff ao circuito mostrado na figura 6.3 obtemos:

VG (t) = VL (t) + VR (t) (6.27)


di(t)
V0 sen(ωt) = L + Ri(t). (6.28)
dt
6.6 Circuitos RL com corrente alternada 71

 
Figura 6.3: Circuito RL com gerador de sinal senoidal.

Como o circuito possui apenas componentes lineares, quando é alimentado por uma
tensão VG (t) = V0 sen(ωt), esperamos que a corrente tenha como forma mais geral

i(t) = i0 sen(ωt + ϕ) , (6.29)

onde ϕ representa a diferença de fase entre a corrente e a tensão da fonte. Substituindo a


expressão para i(t) na equação 6.28 encontramos

V0 sen(ωt) = ωLi0 cos(ωt + ϕ) + Ri0 sen(ωt + ϕ) . (6.30)

Mas a equação 6.30 pode ser reescrita após aplicarmos identidades trigonométricas sim-
ples, e obtemos
h i h i
sen(ωt) Ri0 cosϕ − ωLi0 senϕ − V0 + cos(ωt) ωLi0 cosϕ + Ri0 senϕ = 0. (6.31)

Para que a equação seja satisfeita, é necessário que os coeficientes dos termos em sen(ωt)
e cos(ωt) sejam nulos, o que nos leva a duas igualdades:

(Ri0 ) cos ϕ − (ωLi0 ) sen ϕ = V0 , (6.32)

e
(ωLi0 ) cos ϕ + (Ri0 ) sen ϕ = 0 . (6.33)

Resolvendo a equação 6.33, obtemos que a diferença de fase entre a corrente e a volta-
gem é dada por
ωL XL
tan ϕ = − =− . (6.34)
R R

A figura 6.4 mostra a variação da diferença de fase com a frequência angular para um
certo par de valores R e L. Pode-se observar que ϕ pode assumir valores entre − π/2
(frequências mais altas) e 0 (frequências mais baixas), mostrando que num circuito RL a
corrente sempre está atrasada em relação à tensão da fonte.
6.6 Circuitos RL com corrente alternada 72

 
Figura 6.4: Variação da diferença de fase entre corrente e tensão com a frequência angular, para um
circuito RL com R = 10 Ω e L = 10 mH.

Já a equação 6.32 pode ser simplificada escrevendo sen ϕ e cos ϕ em função de tan ϕ
utilizando as relações
tan ϕ
sen ϕ = p , (6.35)
1 + tan2 ϕ
e
1
cos ϕ = p . (6.36)
1 + tan2 ϕ

Substituindo essas relações na equação 6.32 e fazendo uso de 6.34, obtemos

V0 p 2
= R + XL 2 . (6.37)
i0

Esta razão entre as amplitudes de tensão e de corrente é o que definimos como a im-
pedância do circuito RL:
V0
q
Z≡ = R2 + XL2 . (6.38)
i0

Assim como no caso do circuito RC, a impedância do circuito RL tem a dimensão de


resistência; e novamente vemos que a impedância desempenha, em circuitos com corrente
alternada, um papel análogo ao da resistência em circuitos com corrente contı́nua. Por
último, note que a relação entre Z, R e XL é uma equação que tem a mesma forma da
relação entre o módulo de um número complexo e suas componentes real e imaginária.

Isso sugere que postulemos a existência de uma impedância complexa, com a parte real
igual à resistência e a parte imaginária igual à reatância indutiva (veja a figura 6.5):

Ze = R + jXL . (6.39)
6.7 Procedimentos experimentais 73

 
Figura 6.5: Componentes real e imaginária da impedância complexa Z.
e

As equações 6.34 e 6.38 nos permitem obter uma relação entre as amplitudes de tensão
nos três componentes do circuito (gerador, resistor e indutor)

V0 2 = V0R2 + V0L2 . (6.40)

e uma forma alternativa para calcular a diferença de fase a partir das amplitudes de tensão:
V0L
tan ϕ = − . (6.41)
V0R

6.7 Procedimentos experimentais


6.7.1 Procedimento I: medidas de τ e t1/2 com onda quadrada

Vamos estudar um circuito RL com onda quadrada e obter experimentalmente o valor de


sua constante de tempo τ .

1. Monte o circuito da figura 6.6 utilizando um resistor R = 1 kΩ e um indutor de L =


23, 2 mH. Ajuste no gerador de sinais uma forma de onda quadrada de frequência
f = 5 kHz e com tensão pico-a-pico Vpp = 6 V, variando entre Vmin = 0 V e Vmax = 6 V.

2. Faça a medida de t1/2 e τ para o circuito RL montado usando o mesmo método dos
circuitos RC, ou seja, através da medida do tempo necessário para a tensão no indu-
tor, VL , cair à metade e a 37% de seu valor inicial, respectivamente. Anote os valores
obtidos com suas incertezas.

3. A partir do valor medido de t1/2 e usando a expressão 3.19, calcule o valor de τ com
sua incerteza. Compare com o valor obtido através da medida direta da constante de
tempo.
6.7 Procedimentos experimentais 74

Figura 6.6: Montagem a ser realizada para medidas da constante de tempo do circuito RL. Observe
que o sinal da fonte de tensão, VB , será visualizado no canal 1 do osciloscópio e o sinal da tensão
no indutor, VL , será visualizado no canal 2.

6.7.2 Procedimento II: medida de τ do gráfico de VL

1. Utilizando o mesmo circuito utilizado para o Procedimento I, figura 6.6, ajuste nova-
mente o osciloscópio para apresentar na tela uma imagem semelhante à que é mos-
trada na figura 3.8.

2. Utilize um dos métodos de medida, gratı́cula ou cursor, para medir sete pares de
valores de t e VL . Anote os valores obtidos em uma tabela, com suas respectivas
incertezas. Anote também os valores das escalas de tempo e voltagem utilizadas nas
medidas. Meça os valores de R e L usando um multı́metro.

3. Os pontos obtidos correspondem à função 6.7. Queremos, a partir de um gráfico


desta função, obter o valor da constante de tempo τ através de um ajuste. Para fa-
cilitar este trabalho, vamos linearizar a equação 6.7, isto é, fazer uma mudança de
variáveis que irá torná-la uma equação linear, com a seguinte forma:
t
ln(VL ) = ln(VB ) − . (6.42)
τ

4. Faça o gráfico de ln(VL /Volt) versus t e obtenha o valor de τ fazendo um ajuste linear.
Os valores de VL são divididos por 1 volt para que o argumento do logaritmo seja
uma grandeza adimensional.

5. Compare o valor medido da constante de tempo com seu valor nominal, dado pela
equação 6.5.
6.7 Procedimentos experimentais 75

6.7.3 Procedimento III: medida da diferença de fase e da reatância indu-


tiva de um circuito RL com corrente alternada

Vamos caracterizar um circuito RL, verificando a diferença de fase entre a corrente que flui
no circuito e a tensão aplicada pelo gerador. Poderemos então calcular a reatância indutiva
para a frequência escolhida e comparar com seu valor esperado.

1. Monte o circuito da figura 6.3 utilizando um resistor R = 100 Ω e um indutor de


L = 23, 2 mH. Meça com um multı́metro os valores de R e L.

2. Ajuste o gerador para que ele alimente o circuito com uma tensão senoidal com
frequência próxima a f = 500 Hz e uma amplitude próxima a 4 V. Com o osciloscópio
meça a frequência do sinal com sua respectiva incerteza.

3. Observe que existe uma diferença de fase ϕ entre o sinal do canal 1 (tensão do ge-
rador) e o sinal do canal 2 (tensão sobre o resistor). Utilizando o mesmo método
empregado no circuito RC, meça a diferença de fase entre a corrente e a tensão do
gerador, com sua incerteza. Não esqueça de utilizar o valor de f medido no item
anterior.

4. A partir do valor obtido para ϕ, calcule o valor da reatância indutiva XL para a


frequência f e compare com o valor nominal.

5. Meça no osciloscópio as amplitudes das voltagens do gerador (V0 ) e do resistor (V0R ).


A partir da equação 6.40 calcule a amplitude da tensão no indutor, V0L e sua incer-
teza.

6. Calcule de maneira alternativa, a partir da equação 6.41 e das amplitudes medidas


e calculadas na pergunta anterior, a diferença de fase ϕ e sua incerteza. Compare o
valor com o valor obtido no item 3 deste procedimento. Os valores são compatı́veis?
Circuitos RLC alimentados com onda quadrada
7
7.1 Material
• capacitor de 5,6 nF;

• resistor de 270 Ω;

• indutor de 23,2 mH;

• potenciômetro.

7.2 Introdução
Nos experimentos anteriores estudamos o comportamento da voltagem em circuitos RC
e RL quando alimentados por uma voltagem constante que muda subitamente de valor.
Vimos que o capacitor e o indutor possuem comportamentos opostos quando um transi-
ente positivo de tensão é aplicado. A voltagem no capacitor (inicialmente descarregado) é
zero e vai aumentando à medida que o tempo passa, enquanto que a voltagem no indu-
tor começa com o valor máximo e vai caindo à medida que o tempo passa. A taxa com
que a voltagem (ou a corrente) varia em cada circuito depende de sua constante de tempo
caracterı́stica.

O que vamos estudar agora é o que se passa quando colocamos um resistor, um capaci-
tor e um indutor em série em um circuito, como o mostrado na figura 7.1 a seguir.

No instante que viramos a chave para a posição “A”, uma voltagem VB é aplicada ao
circuito e quando a chave vai para a posição “B”, a fonte é desconectada. Neste caso, as
cargas se movem usando a energia que foi armazenada no indutor e no capacitor, quando
a fonte estava ligada.
7.2 Introdução 77

Figura 7.1: Circuito RLC em série.

Quando a chave é colocada na posição “A”, pela lei das malhas temos que:

di q
VB = L + Ri + . (7.1)
dt C

Substituindo i = dq/dt na equação 7.1, encontramos:

d2 q dq q
L + R + = VB . (7.2)
dt2 dt C

Como se trata de uma equação diferencial não-homogênea, sua solução geral será a
soma da solução geral qh (t) da equação homogênea associada, com uma solução particular
qp (t) da equação completa:
q(t) = q h (t) + q p (t) . (7.3)

A solução particular da equação 7.2 é q p = aVB , que ao ser substituı́da na equação 7.2
leva a a = C, ou seja:
q p (t) = CVB . (7.4)

A equação homogênea associada à equação diferencial 7.2 é:

d2 q dq q
L + R + = 0. (7.5)
dt2 dt C

Para encontrarmos a solução desta equação diferencial, observemos que ela envolve
funções cujas derivadas primeira e segunda são proporcionais a elas mesmas. As funções
que satisfazem a essas condições são a função exponencial e as funções seno e cosseno.
Como podemos representar as funções seno e cosseno por exponenciais complexas, vamos
supor uma solução geral do tipo:
q h (t) = b ert , (7.6)
7.2 Introdução 78

onde b e r são constantes, de forma que:

dq h
= r q h (t) (7.7)
dt
e
d2 q h
= r2 q h (t) . (7.8)
dt2

Assim, para que a equação diferencial descrita na equação 7.5 seja satisfeita devemos
ter
r2 + 2αr + ω02 = 0, (7.9)
onde definimos os parâmetros
R
α≡ (7.10)
2L
e
1
ω0 ≡ √ . (7.11)
LC

O parâmetro α é chamado de constante de amortecimento (seu significado se tornará


óbvio nas páginas seguintes), enquanto ω0 é chamado de frequência natural (ou frequência
de ressonância) do circuito RLC (sua relevância será compreendida quando estudarmos
circuitos RLC alimentados com tensões senoidais).

Resolvendo a equação 7.9, encontramos para r os seguintes valores:


q
r1 = −α − α2 − ω02 (7.12)

e q
r2 = −α + α2 − ω02 . (7.13)

Temos, portanto, três regimes diferentes de operação, dependendo dos valores de α e


ω0 :

• regime super-crı́tico: neste caso α > ω0 e a solução corresponde à soma de duas


exponenciais que decaem com o tempo;

• regime crı́tico: neste caso α = ω0 , r1 = r2 e a solução corresponde à soma de uma


exponencial que decai com o tempo com uma função linear em t;

• regime sub-crı́tico: neste caso α < ω0 , as raı́zes r1 e r2 são complexas, e a solução


corresponde a oscilações amortecidas.

Para o caso sub-crı́tico podemos escrever a solução geral da equação 7.2 como:
0 0
q(t) = CVB + e−αt (c1 ejω t + c2 e−jω t ), (7.14)
7.2 Introdução 79


com j = −1 e q
ω0 = ω02 − α2 . (7.15)

Apenas no regime sub-crı́tico oscilações são observadas no sistema. Na equação 7.14


o termo CVB corresponde ao valor da carga para um tempo muito grande e, portanto,
podemos associá-lo à carga máxima que o capacitor pode acumular. As constantes c1 e
c2 são determinadas a partir das condições iniciais do problema, por exemplo, q(0) = 0 e
i(0) = 0. Para t → ∞, podemos escrever q = CVB . Tomando a parte real da equação 7.14 e
substituindo as condições iniciais, a solução pode ser escrita como:

q(t) = CVB [1 − e−αt cos(ω 0 t)]. (7.16)

Como a voltagem VC no capacitor é proporcional à carga (equação 7.1), podemos escre-


ver também:
VC (t) = VB [1 − e−αt cos(ω 0 t)]. (7.17)

A equação 7.16 nos mostra que a carga no capacitor é composta de duas partes. Uma
parte é oscilante, chamada de transiente, cuja frequência f 0 = ω 0 /2π tem um valor próximo
do valor da frequência de ressonância, modulada por uma função exponencial decrescente,
que tende a zero. A outra parte é fixa, que é a carga que o capacitor terá após cessado o
efeito do transiente.

Como no caso dos circuitos RC e RL, para observarmos as oscilações no regime sub-
crı́tico devemos usar um gerador de sinais, que ao invés de gerar uma voltagem no circuito
variando de V = 0 a V = VB , como assumimos em toda a discussão do problema, gera uma
onda quadrada com amplitude variando de − V0 a + V0 . O efeito dessa mudança altera a
condição inicial do problema. A nova condição inicial para a carga do capacitor quando
o circuito é chaveado para a posição “B” passa a ser q(0) = − CV0 e não “zero”, como
assumimos na discussão anterior. Isto faz com que a solução descrita pelas equações 7.14
e 7.15 seja modificada para:

q(t) = CV0 [1 − 2e−αt cos(ω 0 t)] (7.18)

e
VC (t) = V0 [1 − 2e−αt cos(ω 0 t)]. (7.19)

Na figura 7.2 mostramos uma imagem aproximada do que deve ser visto na tela do
osciloscópio quando utilizamos uma onda quadrada alimentando um circuito RLC. Per-
cebemos por essa figura que a voltagem oscilante corresponde aos máximos e mı́nimos
das oscilações em torno da voltagem do gerador de sinais. Esta figura mostra um aspecto
muito interessante, próprio de circuitos RLC operando em regime sub-crı́tico. à medida
que o capacitor se descarrega, parte de sua energia é transferida para o indutor e parte é
dissipada pelo resistor. Depois que o capacitor é completamente descarregado, o indutor
descarrega a energia armazenada no ciclo anterior, carregando novamente o capacitor e
dissipando parte dessa energia através do resistor. Dessa forma, temos uma transferência
7.2 Introdução 80

Figura 7.2: Figura aproximada que deve ser obtida na tela do osciloscópio para um circuito RLC
operando em regime sub-crı́tico com os valores de R, L, C indicados na mesma.

periódica de energia entre o capacitor e o indutor, que é amortecida pelo resistor. Durante
um certo tempo a carga do capacitor mostra um comportamento oscilante que decai ex-
ponencialmente. Após esse tempo, o circuito sai do regime transitório e entra no regime
permanente, com o capacitor carregado com o valor máximo de carga.

A determinação experimental de α pode ser feita usando-se os mesmos métodos em-


pregados para a determinação dos tempos de decaimento de circuitos RC e RL: quando
t = 1/α, a voltagem (em módulo) terá caı́do a 0,37 de seu valor inicial ∆V . Por isso α é
chamado de constante de amortecimento.

A parcela da carga total que oscila no tempo, nos pontos de máximo ou mı́nimo da
função “cosseno”, é dada em módulo por:

q oscilante (t) = q0 e−αt , (7.20)

onde q0 = 2CV0 e os instantes de tempo tn são aqueles que fazem cos(ω 0 tn ) = ±1, ou seja:

T0
tn = n (n = 0, 1, 2, 3, . . .), (7.21)
2
com

T0 = . (7.22)
ω0

Note que T 0 é o perı́odo das oscilações da voltagem no capacitor. Assim, para os instan-
tes de tempo tn , podemos escrever:

|VC (tn )| = ∆V e−αtn , (7.23)

com ∆V = 2V0 . A figura 7.3 mostra a representação dos instantes de tempo tn .


7.2 Introdução 81

Figura 7.3: Representação esquemática de tn .

Um outro parâmetro também é utilizado para caracterizar o comportamento do circuito


RLC. Conhecido como fator Q, ou fator de mérito, este fator é definido como sendo:
Energia armazenada
Q = 2π . (7.24)
Energia dissipada por ciclo

Quanto maior o fator Q, menor a perda fracionária de energia por ciclo. Para o circuito
RLC em série pode ser mostrado que:

L
Q = ω0 (7.25)
R
ou, escrevendo de outra forma,
1
Qα = ω0 (7.26)

e portanto ω’ também pode ser definido em função deste fator:
r
1
q
0
ω = ω02 − α2 = ω0 1 − . (7.27)
4Q2

Se o fator de mérito Q > 1/2 (regime sub-crı́tico) o circuito oscila com a frequência
natural de oscilação ω’. Note que ω’ é sempre menor que a frequência ω0 . As oscilações
são amortecidas exponencialmente com a constante de tempo τ ≡ 1/α.

Se o fator de mérito Q < 1/2 (regime super-crı́tico) então ω’ é imaginário, e não há
oscilações.

Se Q = 1/2 temos o caso do amortecimento crı́tico e ω’ é nulo.

A figura 7.4 mostra as voltagens sobre o resistor, capacitor e indutor nos três regimes
7.3 Procedimentos experimentais 82

(sub-crı́tico, super-crı́tico e crı́tico). É interessante notar que no caso de amortecimento


sub-crı́tico, o número de oscilações dentro de uma constante de tempo τ é Q/π. Podemos
então escrever que
QN = N × π, (7.28)
onde N é o número de oscilações contadas dentro do intervalo de tempo τ . Este fato é
muitas vezes utilizado para estimar rapidamente o Q do circuito.

No caso de amortecimento sub-crı́tico a voltagem no capacitor oscila, excedendo a vol-


tagem da fonte. Para amortecimento crı́tico o capacitor se carrega em tempo mı́nimo sem
exceder a voltagem de entrada em nenhum instante. A voltagem no indutor é sempre
descontı́nua em t = 0. Esta é uma caracterı́stica de todo circuito excitado por uma função
degrau. Como a soma das voltagens sobre todos os elementos do circuito em série deve ser
igual à voltagem da fonte, pelo menos uma das voltagens da soma deve ser descontı́nua.

Figura 7.4: Transientes no circuito RLC em série para os casos de amortecimento sub-crı́tico (es-
querda), amortecimento crı́tico (direita, Q = 0, 5) e super-crı́tico (direita Q = 0, 3). pp é a voltagem
pico a pico da onda quadrada.

7.3 Procedimentos experimentais


7.3.1 Procedimento I: constante de tempo e frequência de oscilação do
circuito RLC

1. Monte o circuito da figura 7.5 com um resistor de R = 270 Ω, um capacitor de C = 5,6


nF e um indutor de L = 23,2 mH. Ajuste no gerador de funções uma onda quadrada
com amplitude de V0 = 4 V e frequência aproximada f = 750 Hz. Você deve ser capaz
7.3 Procedimentos experimentais 83

de visualizar na tela do osciloscópio o circuito operando no modo sub-crı́tico, com


ao menos 5 ciclos de oscilações da voltagem no capacitor (semelhante à figura 7.2).

Figura 7.5: Circuito RLC a ser montado para o Procedimento I.

2. Ajuste as escalas de tempo e tensão do osciloscópio de modo a maximizar a imagem


de meio perı́odo da onda quadrada na tela. Coloque o patamar superior da onda
quadrada do canal 1 no meio da tela e aumente a sua duração de modo a obter apenas
o primeiro semi-ciclo da onda quadrada.

3. Meça o perı́odo T’ das oscilações da voltagem no capacitor. Compare com o valor


nominal.

4. Preencha a tabela 1 com os valores de |VC (tn )| e tn . Indique as escalas utilizadas.


Meça os valores de R e C usando um multı́metro e anote o valor nominal de L para
a bobina utilizada.

Tabela 1
tn ± σtn |VC (tn )| ± σ|VC (tn )| (V) ln(|VC (tn )| /1V ) σln(|VC (tn )|)

5. Determine a partir das medidas tabeladas os valores dos parâmetros:

• α e ∆V da equação 7.23;
• número de oscilações N dentro de um intervalor τ = 1/α e o fator de mérito Q
(equações 7.24, 7.25, 7.26 e 7.28).
7.3 Procedimentos experimentais 84

Figura 7.6: Circuito RLC com um potenciômetro a ser montado no Procedimento II.

7.3.2 Procedimento II: transição do regime sub-crı́tico para o regime super-


crı́tico.

1. No circuito montado para o Procedimento I, substitua o resistor por um potenciômet-


ro (R pot = 5 kΩ), como mostrado na figura 7.6. O potenciômetro é um elemento de cir-
cuito com resistência variável. Ele é muito utilizado em situações que se deseja variar
a corrente e, por conseguinte, a potência fornecida a determinado circuito elétrico.

2. Varie a resistência do potenciômetro de modo a identificar o valor crı́tico de re-


sistência para o qual o circuito passa do regime sub-crı́tico ao regime super-crı́tico.
Meça R crı́tica usando um multı́metro.

3. Ajuste o potenciômetro de modo que ele tenha resistência nula. Descreva o que acon-
tece com a voltagem no capacitor. O amortecimento persiste? Neste caso não deveria
haver amortecimento e o circuito deveria ser um oscilador hamônico simples. Expli-
que porque isto não ocorre.
Circuitos RLC com corrente alternada: ressonância e
8
filtros passa-banda e rejeita-banda

8.1 Material
• resistores de 560 Ω e 2,2 kΩ;

• capacitor de 5,6 nF;

• indutor de 23,2 mH.

8.2 Introdução
A ressonância é um fenômeno caracterı́stico de sistemas oscilatórios sujeitos a uma
perturbação periódica. Quando a frequência desta perturbação se aproxima de uma das
frequências preferenciais de oscilação do sistema, observa-se um significativo aumento da
amplitude de oscilação. As frequências para as quais observa-se este aumento na resposta
do sistema são chamadas de frequências de ressonância. Se uma perturbação excita o sis-
tema numa destas frequências, mesmo forças de baixa intensidade são capazes de produzir
oscilações de grande amplitude.

A ressonância se manifesta em diversos sistemas fı́sicos, sejam eles mecânicos, acústicos


ou eletromagnéticos. Neste experimento (dividido em duas aulas) veremos como a res-
sonância se apresenta num sistema elétrico em particular, o circuito RLC alimentado com
tensão senoidal. Faremos medidas para caracterizar o comportamento ressonante do cir-
cuito e mediremos (de diferentes maneiras) sua frequência de ressonância, comparando
com as previsões teóricas. Na primeira aula nos concentraremos no comportamento da
amplitude dos sinais, e discutiremos como calcular a potência elétrica transmitida em cir-
cuitos; veremos também que, dependendo de como o circuito for montado, ele poderá se
comportar como um filtro passa-banda ou rejeita-banda. Já na segunda aula o foco será a
identificação do comportamento ressonante pela observação das diferenças de fase.
8.3 Circuitos RLC em série 86

Figura 8.1: Representação esquemática de um circuito RLC em série.

8.3 Circuitos RLC em série


A figura 8.1 mostra o esquema de um circuito RLC em série, ao qual conectamos um
osciloscópio para medir a tensão do gerador (no canal 1) e a tensão sobre o resistor (no
canal 2). Aplicando a lei das malhas ao circuito, obtemos

VG (t) = VL (t) + VC (t) + VR (t), (8.1)

com VL (t), VC (t) e VR (t) dados por:

di(t)
VL (t) = L , (8.2)
dt

q(t)
VC (t) = , (8.3)
C
e
VR (t) = R i(t). (8.4)

Com a voltagem de excitação dada por

VG (t) = V0 sen(ωt), (8.5)

esperamos que a corrente no circuito seja também uma função senoidal que oscila na
frequência angular ω, tendo como forma geral

i(t) = i0 sen(ωt + ϕ). (8.6)

Precisamos encontrar i0 e ϕ a partir da equação do circuito, dada pela equação 8.1.


Podemos proceder de duas maneiras:

• substituir a expressão para i(t) nas equações 8.2, 8.3 e 8.4, e então na equação 8.1, e
resolver a equação diferencial resultante;
• usar o formalismo de números complexos, determinando a impedância do circuito.
8.3 Circuitos RLC em série 87

Deixamos como exercı́cio a determinação de i0 e ϕ a partir da primeira opção, e seguire-


mos a segunda opção. De acordo com a√fórmula de Euler, ejθ = cos θ + jsen θ (lembre que
usamos j para representar o complexo −1), e a tensão do gerador pode ser escrita como
h i
VG (t) = Im VeG (t) , (8.7)

isto é, ela é a parte imaginária de uma tensão complexa dada por

VeG (t) = V0 ejωt . (8.8)

A corrente i(t) também pode ser escrita como a parte imaginária de uma grandeza com-
plexa: h i
i(t) = Im i(t) ,
e (8.9)
com
ei(t) = i0 ej(ωt+ϕ) . (8.10)

Seguindo esta notação, a expressão análoga à lei de Ohm será

VeG (t) = Ze ei(t), (8.11)

onde Ze é a impedância total do circuito.

No circuito mostrado na figura 8.1 os três elementos estão associados em série. A


associação de impedâncias complexas do circuito é feita da mesma forma que a associação
de resistências. Assim, lembrando que para o resistor temos ZeR = R, para o capacitor
ZeC = −jXC e para o indutor ZeL = jXL , temos:

1
Ze = ZeR + ZeC + ZeL = R + j(XL − XC ) = R + j(ωL − ). (8.12)
ωC

Como a impedância total Ze é um número complexo, podemos escrevê-la na forma polar,


Ze = Zejθ , onde p
Z = R2 + (XL − XC )2 , (8.13)
e
(XL − XC ) (ωL − 1/ωC)
tan θ = = . (8.14)
R R

Substituindo as equações 8.8 e 8.13 na equação 8.11, encontramos:


jωt j(ωt−θ)
ei(t) = V0 e = V0 ej(ωt−θ) = r V0 e (8.15)
Zejθ Z  1 2
R2 + ωL −
ωC
8.3 Circuitos RLC em série 88

Como a corrente i(t) é a parte imaginária de ei(t) (equação 8.9), temos que:

V0
i0 = , (8.16)
Z
e
ϕ = −θ. (8.17)

Ou seja,
V0
i0 = p , (8.18)
R + (XL − XC )2
2

e
(XL − XC ) (XC − XL )
tan ϕ = − = . (8.19)
R R

A equação 8.19 nos dá a diferença de fase entre a voltagem do gerador e a corrente no
circuito.

O fato novo introduzido pelo circuito RLC é que a impedância terá um comportamento
diferente dependendo da frequência:


• para baixas frequências (ω < 1/ LC), teremos XC > XL , o circuito terá caracterı́stica
predominantemente capacitiva;

• para altas frequências (ω > 1/ LC), teremos XC < XL , e o circuito terá caracterı́sticas
indutivas;

• na frequência em que as reatâncias são iguais (XC = XL ), elas se cancelam mutua-


mente, fazendo com que o circuito apresente propriedades puramente resistivas; esta
frequência é chamada de frequência angular de ressonância e é dada por:

1
ωR = √ . (8.20)
LC

A frequência linear de ressonância, ou simplesmente frequência de ressonância, é então


escrita como:
1
fR = √ . (8.21)
2π LC

Sabemos que a amplitude da voltagem no resistor está em fase com a corrente. Isto
significa que medir VR (t) é observar o comportamento da corrente no circuito. Assim, para
este circuito temos:
RωC
V0R = s V0 , (8.22)
2 2
 ω
(RωC)2 + 1 − 2
ωR
8.3 Circuitos RLC em série 89

e
1  ω2 
tan ϕ = 1− 2 . (8.23)
RωC ωR

Quando a frequência angular ω é muito maior ou muito menor do que ωR , a amplitude


V0R tende a zero. Conforme ω se aproxima de ωR , V0R se aproxima de V0 . Já para a diferença
de fase ϕ, quando a frequência angular tende a zero, a diferença de fase tende a +π/2,
ou seja, o circuito tem comportamento capacitivo. Quando a frequência angular tende a
infinito, a diferença de fase tende a −π/2, ou seja, o circuito tem comportamento indutivo.
Finalmente, quando ω = ωR , ϕ = 0, neste caso o circuito assume um caráter puramente
resistivo.

Na figura 8.2 mostramos o comportamento esperado para a amplitude de VR em função


da frequência angular do sinal do gerador. Na figura 8.3 é mostrado o comportamento
esperado para a diferença de fase em função da frequência angular.
V0R

Figura 8.2: Comportamento esperado para a amplitude de VR em função da frequência angular do


sinal do gerador, para um circuito RLC com R = 1 Ω, L = 10 mH, C = 10 nF e a voltagem de pico do
gerador V0 = 5 V. Para este caso temos ωR = 100 krad/s e fR = 15,9 kHz.

8.3.1 Potência média

A potência elétrica transmitida num circuito (isto é, a energia transmitida por unidade de
tempo) é dada por P = V i. No caso de tensões e correntes constantes, este é o número que
nos interessa. Mas no caso de circuitos alimentados por tensões alternadas, teremos P (t) =
V (t) i(t) e a potência será um função que oscila (rapidamente, na maioria das vezes) em
função do tempo. Ao calcular P (t0 ) para um dado instante de tempo teremos a potência
instantânea, que não traz informação sobre o comportamento periódico do sistema.
8.3 Circuitos RLC em série 90

Figura 8.3: Comportamento esperado para a diferença de fase φ em função da frequência angular
do sinal do gerador, para o mesmo circuito da figura 8.2.

É muito mais instrutivo calcular a potência média trasmitida num ciclo de oscilação
hP i. Para tensões e correntes senoidais que oscilam com frequência angular ω, a potência
média transmitida do gerador para o circuito é função de ω e pode ser escrita como

hP i(ω) = Vef ief cos ϕ, (8.24)

onde Vef e ief são, respectivamente, a tensão eficaz do gerador e a corrente eficaz no circuito,
enquanto ϕ é diferença de fase entre a corrente e a tensão no gerador.

Num circuito RLC, esta potência transmitida pelo gerador deve ser igual à potência
dissipada no resistor (através do efeito Joule), já que não há dissipação no capacitor e no
indutor (se desprezarmos a resistência interna deste último). A potência dissipada pode
ser escrita como  V 2 (V )2
ef R 0R
hPR i(ω) = R i2ef = R = , (8.25)
R 2R
onde utilizamos a expressão para a tensão eficaz no resistor

V0R
Vef R = √ . (8.26)
2

A expressão para hPR i(ω) pode ser escrita em função da resistência R e das reatâncias
capacitiva XC e indutiva XL :

R Vef2 1 R V02
hPR i(ω) = R i2ef = = . (8.27)
2
R + (XL − XC )2 2
 1 2
R2 + ωL −
ωC
8.3 Circuitos RLC em série 91

É fácil verificar que o gráfico de hPR i(ω), mostrado na figura 8.4, apresenta um máximo
em ω = ωR , ao reescrever esta última expressão em termos da frequência de ressonância:

1 R V02 ω 2
hPR i(ω) = . (8.28)
2 ω 2 R2 + L2 (ω 2 − ωR2 )2

Figura 8.4: Potência média transferida por um gerador de Vef = 1 V para um circuito RLC com
diferentes valores de R.

Na ressonância o circuito apresenta as seguintes caracterı́sticas:

• um comportamento puramente resistivo;

• sua impedância é mı́nima, ou seja

Z(ωR ) = R; (8.29)

• a reatância total X = XC − XL é nula, isto é

X(ωR ) = 0; (8.30)

• a corrente que passa no circuito é, portanto, máxima, ou seja,

V0R
i0 (ωR ) = ; (8.31)
R
• a potência transferida ao circuito é máxima e dada por

V02
hPR imax = . (8.32)
2R
8.3 Circuitos RLC em série 92

A largura de banda da ressonância é definida como o intervalo de frequências dentro


do qual a potência hPR i(ω) é maior ou igual à metade do valor máximo, ou seja, ∆ω cor-
responde à amplitude à meia-altura da curva hPR i vs. ω. Isso significa que pode ser escrita
como
R
∆ωsérie = . (8.33)
L

O fator de mérito Q do circuito em série ressonante caracteriza a curva de ressonância e


é dado por: r
ωR L 1 L
Qsérie = = ωR = . (8.34)
∆ωR R R C

A figura 8.5 mostra dois filtros ressonantes em série com as suas respectivas curvas de
transmitância.

Figura 8.5: Curvas de transmitância para circuitos RLC: (a) transmitância quando a saı́da é tomada
no resistor; (b) transmitância quando a saı́da é tomada no capacitor.

Quando a saı́da é no resistor (figura 8.5a) temos um filtro passa-banda. Longe da res-
sonância a transmitância cai a uma taxa de 20 dB por década. Quando a saı́da é no capaci-
tor temos um filtro passa-baixas. Este filtro rejeita as altas frequências melhor que o filtro
RC passa-baixa. Para uma melhor comparação entre os filtros passa-baixas RLC e o RC,
na linha tracejada da curva inferior da figura 8.5 representamos também a transmitância
de um filtro RC com a mesma frequência de corte. No filtro RLC a transmitância cai com
o logaritmo da frequência a uma taxa de −40 dB/dec, enquanto que no RC a queda é de
−20 dB/dec.
8.4 Circuitos RLC em paralelo 93

8.4 Circuitos RLC em paralelo

Figura 8.6: Representação esquemática do circuito RLC paralelo.

Um circuito RLC em paralelo está representado na figura 8.6. Para este circuito a im-
pedância complexa da associação LC em paralelo é:

ωL
ZeLC = j( ), (8.35)
1 − ω 2 LC
onde ω é a frequência angular do gerador. A impedância complexa total do circuito resso-
nante RLC paralelo é

L/C  ωL 
Ze = R + =R+j , (8.36)
1 1 − ω 2 LC
jωL +
jωC

e podemos deduzir que a corrente complexa é dada por:


jωt
ei(t) = V0 e = V0 ej(ωt−θ) = s V0 ej(ωt−θ)
2 , (8.37)
Z ejθ Z 
ωL
R2 +
1 − ω 2 LC

onde V0 é a amplitude de voltagem no gerador e a fase da impedância Z é dada por:

ωL
tan θ = . (8.38)
R(1 − ω 2 LC)
8.4 Circuitos RLC em paralelo 94

Para este circuito a potência média hP i(ω) dissipada no resistor será:

1 R V02
hPR i(ω) = Vef ief cos ϕ = R i2ef = i2 . (8.39)
2 2
h ωL
R +
1 − ω 2 LC

A condição de ressonância é a mesma do circuito RLC em série, ou seja:

1
ωR = √ . (8.40)
LC

Na condição de ressonância no circuito RLC em paralelo verificamos que:

• sua impedância é máxima, Z(ωR ) → ∞;

• a reatância total X é infinita, X(ωR ) → ∞;

• a corrente que passa no circuito é mı́nima, i(ωR ) = 0;

• a potência transferida ao circuito é mı́nima,

hPR imin = 0; (8.41)

Para ω = 0 ou ω → ∞ a potência dissipada no resistor é máxima e igual a

V02
hPR imax = . (8.42)
2R

Se ω → 0 toda a corrente passa pelo indutor, e se ω → ∞ toda a corrente passa pelo


capacitor.

A largura de banda da ressonância é definida como o intervalo de frequências dentro


do qual a potência média hP i(ω) é menor ou igual à metade do valor máximo. Esta largura
pode ser escrita como:
1
∆ωparalelo = . (8.43)
RC

O fator de mérito Q do circuito em paralelo ressonante caracteriza a curva de res-


sonância, e é dado por:
ωR
Qparalelo = ωR RC = . (8.44)
∆ωparalelo

É interessante notar que o fator de mérito do circuito em paralelo é o inverso do fator


8.5 Procedimentos experimentais 95

Figura 8.7: Potência normalizada para diferentes valores de Q em um circuito RLC em paralelo.

de mérito para o circuito em série:

1
Qparalelo = . (8.45)
Qsérie

A figura 8.7 mostra o gráfico da potência média normalizada em função de ω, para dife-
rentes valores de Q. A partir desse gráfico fica claro que o circuito RLC em paralelo (com
voltagem de saı́da no resistor) corresponde a um filtro rejeita-banda: a potência de saı́da
tem um valor constante para todos os valores de frequência, exceto para valores próximos
de ωR , faixa na qual a potência transmitida decai rapidamente, indo a zero quando ω = ωR .

8.5 Procedimentos experimentais


8.5.1 Procedimento I: Circuito RLC em série

Vimos que a ressonância ocorre quando as reatâncias capacitiva e indutiva se anulam mu-
tuamente (XC = XL ). Nesta situação, para o circuito em série, a impedância do circuito
é mı́nima e a amplitude de corrente atinge seu valor máximo. Dessa forma, variamos a
frequência do gerador e observamos no osciloscópio para qual valor da mesma a ampli-
tude V0R é máxima (V0R = V0 ). Esse valor de f será a frequência de ressonância do circuito.

Com relação à diferença de fase, vimos que no caso de um circuito capacitivo (RC), a
corrente se adianta em relação à voltagem, enquanto que para um circuito indutivo (RL)
ela se atrasa; já circuitos puramente resistivos não apresentam diferença de fase alguma.
Quando o circuito RLC possui caracterı́sticas capacitivas, XC é maior que XL , enquanto
o contrário ocorre quando o circuito tem caracterı́sticas indutivas. A ressonância ocorre
quando XC = XL , e a diferença de fase ϕR é nula.
8.5 Procedimentos experimentais 96

Figura 8.8: Diferença de fase entre a tensão do gerador e a corrente no circuito.

Observando os sinais senoidais de corrente e tensão através do gerador, a diferença de


fase, em radianos, entre os dois sinais é dada por:

2π∆t
ϕ= = 2πf ∆t, (8.46)
T
onde T e f são o perı́odo e a frequência do sinal do gerador, respectivamente, e ∆t é o
deslocamento relativo entre os sinais i(t) − proporcional a VR (t) − e V (t). Na figura acima,
∆t é o atraso temporal (diferença de tempo) entre dois máximos.

1. Com o auxı́lio do osciloscópio, ajuste a tensão de saı́da do gerador para uma onda
senoidal com amplitude V0 = 4,0 V e frequência f = 9 kHz.

2. Monte o circuito da figura 1 com R = 560 Ω, C = 5,6 nF e L = 23,2 mH. Meça e anote
os valores de R, L e C utilizados, com suas respectivas incertezas.

3. Calcule o valor nominal da frequência angular de ressonância a partir dos valores


anotados para L e C. Calcule também o valor nominal da frequência linear de res-
sonância.

4. Complete a tabela 1 com os valores das amplitudes de voltagem no resistor (V0R )


e com o atraso temporal ∆t entre a voltagem no gerador e a voltagem no resistor,
obtidos para cada frequência utilizada. Escolha cerca de 10 valores de frequência,
metade deles abaixo da frequência linear de ressonância nominal calculada, e metade
acima.
Antes de começar a anotar os resultados, certifique-se também que as amplitudes de
voltagens no resistor (V0R ) no primeiro e no último valores escolhidos para f sejam
muito menores do que na ressonância, e parecidos entre si. Faça medidas num inter-
valo de frequências suficientemente amplo para mostrar nitidamente o máximo da
curva de hPR i vs. f (por exemplo, entre 9 kHz e 21 kHz).
Certifique-se que a amplitude do sinal do gerador permaneça constante (V0 = 4,0 V)
para todos os valores de frequência utilizados. A amplitude da voltagem do gerador
deve ser monitorada pelo canal 1 do osciloscópio.
8.5 Procedimentos experimentais 97

Tabela 1
f (Hz) V0R ± σV0R ∆t ± σ∆t
(V) (µs)

5. Para cada linha de dados da tabela 1, calcule os valores de potência média hPR i pela
equação 8.25 e coloque-os na tabela 2. Repita a coluna com os valores de frequencia.

6. Calcule os valores teóricos para a potência média hPR i empregando a equação 8.27
para os três pontos indicados na tabela 2. Utilize para isto os valores medidos de f
pelo osciloscópio, e de C e L medidos pelo multı́metro.

7. Complete a tabela 2 com os valores de log[ω/(rad/s)].


8.5 Procedimentos experimentais 98

Tabela 2
f (Hz) log [ω/(rad /s)] PR ± σPR (mW) PR (mW) Discr. (%)
experimental equação 8.27
- -
- -

- -
- -

- -
- -

- -
- -

8. A partir dos dados da tabela 2 trace a curva da potência média (dados experimentais)
dissipada no resistor em função do logaritmo da frequência angular ω.

9. Determine a partir do gráfico traçado os seguintes parâmetros:

• a frequência angular de ressonância, ωR ;


• a largura de banda, ∆ω;
• o fator de mérito, Q;
• a potência média no máximo, hPR imax .

10. Compare os resultados obtidos no item 8 com os valores nominais esperados, considerando-
se os valores de R, L e C usados. Escreva seus resultados na tabela 3.

Tabela 3
Parâmetro Experimental Modelo Discrepância
ωR
∆ωsérie
Q
hPR imax
8.5 Procedimentos experimentais 99

11. A partir do valores medidos para ∆t na tabela 1, calcule os valores da diferença de


fase ϕ e apresente-os na tabela 4. Complete esta tabela com os valores esperados (no-
minais) da diferença de fase, calculados a partir da equação 8.19, usando os valores
medidos de frequência, R, C e L.

Tabela 4
f (Hz) log(f /Hz) ϕ ± σϕ ϕN
(rad) (rad)

12. Lembre-se que no resistor a corrente está em fase com a voltagem e que para frequências
abaixo da ressonância, 0 < ϕ < +π/2 e para frequências acima da ressonância
−π/2 < ϕ < 0. Todos os resultados experimentais devem ser apresentados com
suas respectivas incertezas.

13. Faça o gráfico da diferença de fase ϕ versus log(f /Hz). Obtenha do gráfico traçado a
frequência de ressonância fR .

8.5.2 Procedimento II: análise da amplitude de corrente no circuito RLC


em paralelo

1. Com o auxı́lio do osciloscópio, ajuste a tensão de saı́da do gerador para uma onda
senoidal com amplitude V0 = 4 V e frequência f = 1 kHz.

2. Monte o circuito da figura 8.6 com R = 2, 2 kΩ, C = 5, 6 nF e L = 23, 2 mH. Meça e


anote os valores de R, L e C utilizados.
8.5 Procedimentos experimentais 100

3. Faça uma varredura rápida em frequência abrangendo a faixa entre 5 e 30 kHz, e pela
observação da voltagem no resistor (canal 2 do osciloscópio) determine a frequência
de ressonância para este circuito.
4. Faça um esboço da curva da voltagem no resistor (V0R ) em função da frequência para
este circuito. Para isto faça medidas rápidas de V0R para alguns valores de frequência,
tendo o cuidado de tomar pontos ao redor da ressonância medida no item anterior.

Certifique-se que a amplitude do sinal do gerador permanece constante (V0 = 4 V) para


todos os valores de frequência utilizados. A amplitude da voltagem do gerador deve ser
monitorada pelo canal 1 do osciloscópio.

8.5.3 Procedimento III: determinação da frequência de ressonância e da


diferença de fase pelas figuras de Lissajous

Os osciloscópios digitais utilizados nesse curso possuem 2 canais, permitindo a observação


simultânea de 2 sinais independentes. Mas além de permitir a observação de gráficos
de voltagem versus tempo (configuração chamada de modo Y-T), o osciloscópio também
pode mostrar em sua tela o gráfico da voltagem no canal 2 em função da voltagem do canal
1 (configuração conhecida como modo X-Y). Quando os sinais medidos pelo osciloscópio
são senoidais, as figuras geométricas observadas na tela são o resultado da composição de
2 movimentos oscilatórios, um no eixo horizontal (canal 1) e outro no eixo vertical (canal
2): essas figuras são chamadas de figuras de Lissajous. Se esses sinais senoidais possuem
a mesma frequência e uma diferença de fase não-nula, a figura observada será uma elipse,
como pode ser visto na figura 8.9. E é possı́vel determinar a diferença de fase entre esses
sinais a partir da geometria da figura de Lissajous observada.

Figura 8.9: Figura de Lissajous (elipse) resultante da composição de 2 sinais senoidais defasados.

Para o caso do circuito RLC, aplicaremos a voltagem do gerador ao canal 1 (eixo x) e a


voltagem do resistor ao canal 2 (eixo y). Sendo Vx a voltagem do gerador e Vy a voltagem
no resistor, temos:
Vx = V0 sen(ωt), (8.47)
8.5 Procedimentos experimentais 101

e
R
Vy = V0 sen(ωt + ϕ). (8.48)
Z

Escrevendo Vy como função de Vx encontramos:


 
R
q
2 2
Vy = cos(ϕ)Vx + sen(ϕ) V0 − Vx . (8.49)
Z

Para ϕ = 0, a equação 8.49 se reduz à equação de uma reta, com uma inclinação dada
por R/Z:
R
Vy = Vx . (8.50)
Z

Para ϕ = ±π/2, a equação 8.49 se reduz à equação de uma elipse com os eixos maior e
menor ao longo dos eixos x e y, respectivamente:
 2  2
ZVy Vx
+ = 1. (8.51)
RV0 V0

Para valores de ϕ diferentes de 0 ou ± π/2, a elipse se torna excêntrica; sua excentrici-


dade será máxima quando ϕ = 0, e a figura de Lissajous observada será uma reta. Nessa
situação o sistema se encontra em ressonância. Na figura 8.10 mostramos a figura de Lissa-
jous esperada para um circuito RLC para 2 situações diferentes: diferença de fase arbitrária
e diferença de fase nula.

Na figura 8.10 mostramos também 2 parâmetros (a e b) que podem ser utilizados para
medir a diferença de fase usando a figura de Lissajous. Usando a equação 8.49, observamos
que quando Vx = V0 temos b = V0 e quando Vy = 0 temos a = V0 |sen(ϕ)|. Assim, podemos
determinar o módulo da diferença de fase entre a voltagem do gerador e a corrente pela
expressão:
a
|sen(ϕ)| = , (8.52)
b
onde a e b são parâmetros representados na figura 8.10. Para a situação mostrada, temos
|sen(ϕ)| = 3, 5/5 = 0, 7 ⇒ ϕ = 0, 8 rad.

1. Com o auxı́lio do osciloscópio, ajuste a tensão de saı́da do gerador para uma onda
senoidal com amplitude V0 = 4 V e frequência f = 1 kHz.
2. Monte o circuito RC em série da figura 8.1 com R = 560 Ω, C = 5, 6 nF e L = 23, 2
mH.
3. Utilizando o método da figura de Lissajous identifique a condição de ressonância do
circuito. No modo de operação X-Y, varie a frequência até que a elipse na tela do os-
ciloscópio se transforme numa reta. A partir dessa condição determine a frequência
de ressonância fR e sua respectiva incerteza.
8.5 Procedimentos experimentais 102

Figura 8.10: Circuito RLC com R = 1 kΩ, L = 10 mH, C = 10 nF e amplitude de tensão do


gerador V0 = 5 V. Linha contı́nua: figura de Lissajous para frequência diferente da frequência de
ressonância. Linha tracejada: figura de Lissajous observada para frequência igual à frequência de
ressonância.

4. Ajuste a saı́da do gerador de funções para uma frequência f = 10 kHz e meça os


parâmetros a e b da figura de Lissajous formada (vide figura 8.10). A partir destes
valores determine o módulo da diferença de fase para esta frequência.
PARTE II

RELATÓRIOS
Relatório: Experimento 1

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I: seleção dos parâmetros da forma de onda no gerador


de funções e medida de amplitude
Monte o circuito da figura 1.11 do roteiro desta aula, ligue o gerador de sinais e
selecione a forma de onda quadrada. Ligue também o osciloscópio.

(a) Selecione no osciloscópio o botão ”Default setup”.


(b) Acesse o menu do canal 1 e ajuste ”Sonda 1X”.
(c) Ajuste no gerador de funções uma onda quadrada com frequência de aproxi-
madamente 1 kHz.
(d) Pressione o botão “Auto Set” do osciloscópio e espere até que a forma de onda
esteja estável na tela.
(e) Ajuste no gerador a amplitude para aproximadamente 4 V.

Esta onda quadrada de 1 kHz e 4 V de amplitude será utilizada nos Procedimentos I


a III.
Q1 (0,5 ponto) Anote a escala vertical da voltagem e a base de tempo selecionadas
automaticamente no osciloscópio.
Escala vertical:
Escala horizontal:
Q2 (0,5 ponto) Utilizando a rede de gratı́culas, meça a amplitude da onda quadrada.
Indique também a escala vertical utilizada.

V0 = ( ± )

Escala vertical:
2

Q3 (1,0 ponto) Utilizando a rede de gratı́culas, meça o perı́odo da onda quadrada.


Indique também a escala horizontal utilizada.

T0 = ( ± )

Escala horizontal:
A partir do perı́odo calcule a frequência e sua incerteza. Esse valor é compatı́vel ao
mostrado pelo gerador?
Q4 (1,0 ponto) Pressione o botão que habilita a exibição do Menu de “trigger”. Au-
mente o nı́vel do “trigger” até ele ficar acima do patamar superior da onda quadrada.
O que ocorre? Explique. O que ocorreria se o nı́vel do “trigger” ficasse abaixo do pa-
tamar inferior?

Retorne o nı́vel do “trigger” até o valor médio da forma de onda para prosseguir
com as medidas.

Procedimento II: execução de medidas com diferentes escalas


Q5 (1,5 ponto) Utilize as escalas de voltagem de 1 V e 5 V por divisão e faça a leitura
das amplitudes. Apresente os valores na tabela 1 e calcule os valores das incertezas
relativas.

Tabela 1

Escala vertical V0 ± σV (V) σV /V0

1,0 V/DIV

5,0 V/DIV

Altere as escalas de tempo para 0.1 ms e 0.5 ms por divisão e apresente os valores do
perı́odo e da incerteza relativa na tabela 2.
3

Tabela 2

Escala horizontal T ± σT (ms) f ± σf (Hz) σT /T

0,1 ms/DIV

0,5 ms/DIV

Q6 (0,5 ponto) Quais escalas de voltagem e de tempo proporcionam uma medida


com menor incerteza relativa?

Procedimento III: utilizando o menu de medidas


Q7 (1,5 ponto) Meça a frequência, o perı́odo, a amplitude, a voltagem pico-a-pico e a
largura positiva do sinal quadrado inicial e complete a tabela 3 com valores medidos.

Tabela 3

Grandeza Valor ± σ

V0

Vpp

Lpos
4

Procedimento IV: usando os cursores


Leia o procedimento descrito na Seção 1.7.4. Este procedimento deve ser realizado
com onda triangular com frequência de 1400 Hz e amplitude de 4 V.
Q8 (2,0 pontos) Posicione os cursores de “tempo” para medir tempo relativo entre
o vale e o pico de uma onda triangular de f ≈ 1400 Hz. A diferença ∆t representa
meio perı́odo, enquanto a leitura de 1/∆t dará o o dobro do valor da frequência desta
oscilação. Preencha a Tabela 4 lembrando de estimar as incertezas.

Tabela 4

Tipo Tempo

Cursor 1 Cursor 2 ∆t 1/∆t

Posicione os cursores do tipo “Amplitude” para medir a amplitude pico-a-pico da


onda triangular, selecionando os cursores horizontais e ajustando suas posições entre
o mı́nimo e o máximo da onda, conforme descrito na Seção 1.7.4. Faça a leitura da
grandeza ∆V, equivalente à amplitude pico a pico. Anote os valores e suas incertezas
na Tabela 5.

Tabela 5

Tipo Amplitude

Cursor 1 Cursor 2 ∆V

Procedimento V: adicionando valores constantes aos sinais


Leia o procedimento descrito na Seção 1.7.5. Este procedimento deve ser realizado
com onda quadrada.
Q9 (0,5 ponto) Desenhe no espaço abaixo o sinal obtido na tela do osciloscópio após a
adição do potencial constante pelo ”DC offset”. Inclua as escalas vertical e horizontal.
5

Q10 (1,0 ponto) O que ocorre com a forma de onda (a qual foi adicionado um valor
constante) quando escolhemos a opção “CA” para o acoplamento do canal? Explique.

Procedimento VI: observação de 2 formas de onda simultaneamente


(opcional)
Q11 Selecione o sinal do canal 2 como o sinal do “trigger”. Varie o valor do nı́vel
do “trigger”, sem no entanto levá-lo acima (abaixo) do patamar superior (inferior)
da onda quadrada. As formas de onda se deslocam horizontalmente na tela?

Q12 Selecione agora o sinal do canal 1 como o sinal do “trigger”. Novamente varie o
valor do nı́vel do “trigger”, sem no entanto levá-lo acima (abaixo) do valor máximo
(mı́nimo) da onda senoidal. Desta vez as formas de onda se deslocam horizontal-
mente na tela? Explique.
Relatório: Experimento 2

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I: Lei de Ohm


Q1 (0,5 ponto) Monte o circuito indicado na Figura 2.11 do roteiro de experiências.
Conecte o amperı́metro ao circuito de modo a medir a corrente que passa por R1
(ponto B), e conecte o voltı́metro para medir a diferença de potencial a que o resistor
está submetido, VAB . Veja como fazer as ligações do amperı́metro e do voltı́metro
na Figura 2.12 (a). Caso sua bancada não tenha amperı́metro, faça a montagem da
Figura 2.12 (b). Faz alguma diferença na medida de corrente inserir o amperı́metro
no ponto A ou no ponto B? Justifique sua resposta.

Q2 (1,5 pontos) Ajuste a voltagem de saı́da da fonte para 1 V. Varie o valor da tensão
entre 1 a 2 V para tomar seis pares de pontos (i,VAB ) e suas incertezas. Complete a
Tabela 1 com seus dados. Se usou a montagem da Figura 2.12 (a), complete apenas
as duas colunas da direita; se usou a montagem da Figura 2.12 (b), complete todas
as colunas, além do valor medido de Ramp . Meça também o valor de R1 usando um
multı́metro digital.
2

Tabela 1

N Vamp ± σV (V) i ± σi (mA) VAB ± σV (V)

Ramp = ( ± )

R1(multı́metro) = ( ± )

Q3 (2,0 pontos) Faça um gráfico de VAB versus i no retı́culo milimetrado disponı́vel na


página seguinte. Não se esqueça de incluir as incertezas das grandezas representa-
das em ambos os eixos. Determine graficamente (isto é, sem o uso de computadores)
os coeficientes angular e linear da reta que melhor se ajusta aos seus pontos experi-
mentais, e a partir deles o valor da resistência R1 . Estime também a sua incerteza σR
e compare os 2 valores obtidos para R1 . Comente os resultados obtidos.
Tenha atenção com as unidades de medida dos valores usados no ajuste da reta.
Será feito o ajuste da função V = Ri, onde V deve estar em volts e i em ampères,
para que tenhamos R em ohms.

a=( ± ) b=( ± )

R1(gráfico) = ( ± )
3
4

Procedimento II: Lei das tensões de Kirchhoff e associação em série


de resistores
Ligue a fonte de alimentação e ajuste a voltagem para VB = 0 V antes de iniciar a
montagem do circuito. Monte o circuito mostrado na Figura 2.13 do roteiro. Veja
como fazer isso na Figura 2.14. Ajuste o valor da voltagem na fonte para VB = 4,0 V,
medindo seu valor com o voltı́metro.

Q4 (1,5 pontos) Meça as correntes nos pontos A e B e as voltagens VAB , VBC e VAC .
Complete as Tabelas 2 e 3 com estes valores e suas respectivas incertezas. A coluna
Vamp na Tabela 2 só deve ser preenchida se a medida da corrente foi feita indireta-
mente, medindo a diferença de potencial em um resistor de 10 Ω. Neste caso, anote
o valor medido da resistência utilizada.

Tabela 2

Ponto no circuito Vamp ± σV (V) i (mA) σi (mA)

Tabela 3

Pontos no circuito V (V) σV (V)

AB

BC

AC

Q5 (0,5 ponto) A partir de suas medidas, o que podemos dizer sobre as correntes
e voltagens nos elementos de uma associação em série de resistores? A corrente é
maior ou menor que na situação com apenas 1 resistor do Procedimento I?
5

Q6 (1,0 ponto) A partir dos valores medidos da corrente total que atravessa o cir-
cuito e a tensão aplicada, utilize a lei de Ohm para obter a resistência equivalente do
circuito.

Procedimento III: Lei das correntes de Kirchhoff e associação em pa-


ralelo de resistores
Monte o circuito mostrado na Figura 2.15 do roteiro. Veja como fazer isso na Figura
2.16. Ajuste o valor da voltagem na fonte para VB = 2 V, medindo seu valor com o
voltı́metro.
Q7 (1,5 pontos) Meça as correntes nos pontos A, B e D e as voltagens VAC , VBC e
VDE . Complete as tabelas 4 e 5 com estes valores e suas respectivas incertezas. A
coluna Vamp na Tabela 4 só deve ser preenchida se a medida da corrente foi feita
indiretamente, medindo a diferença de potencial em um resistor de 10 Ω. Neste caso,
anote o valor medido da resistência utilizada.
6

Tabela 4

Ponto no circuito Vamp ± σV (V) i (mA) σi (mA)

Tabela 5

Pontos no circuito V (V) σV (V)

AC

BC

DE

Q8 (0,5 ponto) A partir de suas medidas, o que podemos dizer sobre as correntes e
voltagens nos elementos de uma associação em paralelo de resistores?

Q9 (1,0 ponto) A partir dos valores medidos da corrente total que atravessa o circuito
e a voltagem aplicada, utilize a lei de Ohm para obter a resistência equivalente do
circuito.
7
Relatório: Experimento 3

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I
Q1 (1,0 ponto) Apresente os valores experimentais encontrados para τ e t1/2 do cir-
cuito RC, com suas respectivas incertezas:

τ =( ± )

t1/2 = ( ± )

Q2 (1,0 ponto) A partir do valor encontrado para t1/2 , determine o valor de τ do


circuito RC com sua incerteza. Apresente também a expressão utilizada para calcular
a incerteza.

τ =( ± )

Expressão para στ =

Q3 (0,5 ponto) Compare os valores que obteve para a constante de tempo τ , através
da medida direta de seu valor e através da medida de t1/2 .
2

Procedimento II
Q4 (1,0 ponto) Com o auxı́lio de um multı́metro meça os valores de R e C. Calcule o
valor nominal de τ , isto é, o valor calculado a partir dos valores medidos de R e C.
Indique também a expressão utilizada para calcular a incerteza.

R=( ± ) C=( ± )

τ =( ± ) Expressão para στ =

Q5 (1,0 ponto) Meça seis pares de valores de t e VR , usando os cursores ou fazendo


leitura direta na tela. Anote os valores medidos com suas respectivas incertezas na
Tabela 1. Anote também as escalas de tempo e voltagem utilizadas.

Escala vertical: Escala horizontal:

Tabela 1

N t ± σt (µs) VR ± σV (V)

Q6 (2,0 ponto) Faça um gráfico de VR versus t no retı́culo milimetrado abaixo, mar-


cando os pontos medidos e suas incertezas, e traçando à mão livre a curva que me-
lhor se ajusta aos pontos experimentais. A partir da curva traçada obtenha o valor
de τ e sua incerteza, utilizando o mesmo método do Procedimento I.

τ =( ± )

Q7 (1,0 ponto) Preencha a Tabela 2 com os valores encontrados para τ do circuito RC


nas questões 1, 2, 4 e 6 (com suas respectivas incertezas), assim como as incertezas
relativas e as discrepâncias relativas (no cálculo das discrepâncias, considere o valor
nominal como o valor de referência).
3

Tabela 2

Questão τ ± στ (ms) στ /τ (%) Discrep. rel. (%)

Q1

Q2

Q4 −

Q6
4

Compare os 4 valores obtidos para τ e comente sobre as vantagens e desvantagens


de cada medida. Qual a medida mais precisa? Qual a mais acurada?

Procedimento III
Q8 (1,0 ponto) Anote os valores medidos de R e C usados para montar o circuito.
Calcule o valor de τ esperado para o circuito RC montado e sua incerteza, lembrando
que RG = 50 Ω. Utilize este valor para calcular a frequência da onda quadrada a ser
utilizada.

R=( ± ) C=( ± )

τesperado = ( ± )

f=
5

Q9 (1,5 ponto) Utilize um dos métodos utilizados acima (no procedimento I ou II)
para medir τ e a partir deste valor calcule o valor de RG , comparando com o valor
esperado.

τmedido = ( ± )

RG = ( ± )
Relatório: Experimento 4

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I: verificação do análogo da lei de Ohm para capacito-


res
Q1 (0,5 ponto) Anote os valores medidos para R e C.

R=( ± ) C=( ± )

Q2 (1,5 ponto) Anote os valores medidos para o perı́odo, a frequência e para o atraso
temporal, com suas respectivas incertezas. A partir desses valores calcule a diferença
de fase e sua incerteza. Indique a expressão para a incerteza de ϕ:

T =( ± ) f =( ± )

∆t = ( ± ) ϕ=( ± )

Expressão para σϕ :

Q3 (1,0 ponto) A partir do valor obtido para ϕ, calcule o valor da reatância capacitiva
XC para a frequência f .

XC = ( ± )

Expressão para σXC :


2

Q4 (2,0 ponto) Apresente os resultados obtidos na Tabela 1, para as medidas feitas


na frequência f . Indique também as expressões utilizadas para calcular as incertezas
σi0 e σV0C .

Expressão para σi0 = Expressão para σV0C =

Tabela 1

Valores V0R ± σV0R (V) i0 ± σi0 (A) V0G ± σV0G (V) V0C (V) σV0C (V)
sugeri-
dos para
V0R

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Q5 (1,5 ponto) Faça um gráfico de V0C versus i0 no retı́culo milimetrado a seguir.

Q6 (1,0 ponto) Utilizando um dos programas de regressão linear disponı́veis, obte-


nha os valores dos coeficientes linear e angular e, a partir destes valores, obtenha o
valor de XC .

a=( ± ) b=( ± )

XC = ( ± )
Q7 (1,0 ponto) Compare os valores de XC obtidos nas questões 3 e 6 com o valor no-
minal, comentando seu resultado. Calcule as discrepâncias relativas e as incertezas
relativas, e anote os valores na Tabela 2. Qual a medida mais precisa? Qual a medida
mais acurada?
3
4

Tabela 2

Questão XC ± σXC (Ω) σXC /XC (%) Discrep. rel. (%)

Q3

Q6

Nominal −

Q8 (1,0 ponto) Calcule das amplitudes V0R e V0C da primeira linha da Tabela 1, a
diferença de fase ϕ e sua incerteza.

ϕ=( ± )

Expressão para σϕ :

Compare o valor com o valor obtido na questão 3 deste procedimento. Os valores


são compatı́veis?

Q9 (0,5 ponto) Se esse experimento for realizado a uma frequência diferente de f , o


valor obtido para XC se alteraria? Caso sim, quantifique a variação deste valor.
Relatório: Experimento 5

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Q1 (1,5 ponto) Apresente os valores medidos e calculados para o filtro passa-alta na


Tabela 1. Os valores sugeridos para a frequência são: 1,5 kHz, 2,5 kHz, 4,5 kHz, 6,5
kHz, 8,5 kHz, 12,5 kHz, 16,5 kHz e 24,5 kHz.

Tabela 1

f ± σf log(f /Hz) V0 ± σV0 V0R ± σV0R APA ± σAPA APA

(Hz) (V) (V) (experimental) (modelo)

Apresente também a expressão utilizada para calcular σAPA .

σAPA =
2

Q2 (0,5 ponto) Anote os valores medidos para R e C.

R=( ± ) C=( ± )

Q3 (1,5 ponto) Apresente os valores medidos e calculados para o filtro passa-baixa


na Tabela 2. Os valores sugeridos para a frequência são: 1,5 kHz, 2,5 kHz, 4,5 kHz,
6,5 kHz, 8,5 kHz, 12,5 kHz, 16,5 kHz e 24,5 kHz.

Tabela 2

f ± σf log(f /Hz) V0 ± σV0 V0C ± σV0C APB ± σAPB TPB

(Hz) (V) (V) (experimental) (dB)

Q4 (2,0 ponto) Utilizando o retı́culo milimetrado na página seguinte, apresente os


gráficos de APA versus log(f /Hz) e APB versus log(f /Hz) (coloque as 2 curvas no
mesmo gráfico). Adicione a este gráfico também os valores de APA calculados a partir
do modelo. Identifique claramente no gráfico cada uma das curvas. Explique por que
os circuitos utilizados podem ser vistos como filtros de passa-alta e passa-baixa.
3

Q5 (1,0 ponto) A partir do gráfico da questão Q4, determine as frequências de corte


para os filtros passa-alta e passa-baixa e estime suas incertezas; explique como foi
4

estimada/calculada a incerteza.

fcPA = ( ± ) fcPB = ( ± )

Q6 (1,0 ponto) Determine o valor nominal da frequência de corte (fcnominal ) e sua


respectiva incerteza a partir da equação 5.9, utilizando os valores medidos de R e
C. Coloque todos os valores medidos e calculados na Tabela 3, calculando o erro
relativo e discrepância relativa. Faça também uma comparação entre os valores.

fcnominal = ( ± )

Expressão para σfcnominal

Tabela 3

Frequência fc ± σfc (Hz) σfc /fc (%) Discrep. rel. (%)

fcPA

fcPB

fcnominal −

Q7 (1,0 ponto) Apresente no retı́culo milimetrado abaixo o diagrama de Bode (gráfico


de TPB (em dB) versus log[ωRC]) para o circuito passa-baixa.
Q8 (1,0 ponto) A partir do gráfico da questão Q7, determine a frequência angular
de corte ωcPB e a inclinação α da curva para ω  ωc (esta última pode ser calculada
graficamente ou utilizando um dos programas de ajuste linear). Anote abaixo os
5

valores obtidos e uma estimativa das incertezas. Compare os valores obtidos com
os valores esperados, calculando as discrepâncias relativas e apontando as prováveis
causas para possı́veis discrepâncias.

ωcPB = ( ± )

α=( ± )
6

Q9 (0,5 ponto) A partir do princı́pio de funcionamento de filtros utilizando circuitos


RC, como podemos utilizar filtros passa-alta e passa-baixa para montar um filtro
passa-banda? Desenhe o diagrama do circuito.
Relatório: Experimento 6

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I
Q1 (1,0 ponto) Apresente os valores experimentais encontrados para τ e t1/2 do cir-
cuito RL, com suas respectivas incertezas, utilizando os cursores.

τ =( ± )

t1/2 = ( ± )

Q2 (0,5 ponto) A partir do valor encontrado para t1/2 , determine o valor de τ do


circuito RL com sua respectiva incerteza. Apresente também a expressão utilizada
para calcular a incerteza e compare com o valor obtido através da medida direta da
constante de tempo.
τ =( ± )
Expressão para στ =

Procedimento II
Q3 (1,0 ponto) Meça sete pares de valores de t e VL e anote-os na Tabela 3, com suas
respectivas incertezas. Calcule os valores de ln(VL /Volt) e suas incertezas, e anote-
os também na tabela. Não se esqueça de anotar os valores das escalas de tempo e
voltagem utilizadas nas medidas.
2

Escala vertical: Escala horizontal:

Tabela 3

N t ± σt (s) VL ± σV (V) ln(VL /Volt) ± σlnV

Q4 (0,5 ponto) Meça os valores de R e L usando um multı́metro. Apresente esses


valores e calcule o valor nominal de τ , com sua incerteza. Apresente também a ex-
pressão utilizada para calcular στ .

R=( ± ) L=( ± )

τ =( ± ) Expressão para στ =

Q5 (1,0 ponto) Faça o gráfico de ln(VL /Volt) versus t no retı́culo milimetrado a seguir.
Note que este gráfico corresponde a uma linearização da equação 6.7 do roteiro desta
aula, que tem como resultado
t
ln(VL ) = ln(VB ) − .
τ

Q6 (0,7 ponto) Utilizando um dos programas de regressão linear disponı́veis, obte-


nha os valores dos coeficientes linear e angular e, a partir destes valores, obtenha o
valor de τ
3

a=( ± ) b=( ± )

τ =( ± )

Q7 (1,0 ponto) Preencha a Tabela 4 com os valores encontrados para τ do circuito RL


nas questões 1, 2, 4 e 6 (com suas respectivas incertezas), assim como as incertezas
relativas e as discrepâncias relativas (no cálculo das discrepâncias, considere o valor
nominal como o valor de referência).
4

Compare os 4 valores obtidos para τ e comente sobre as vantagens e desvantagens


de cada medida. Qual a medida mais precisa? Qual a mais acurada?

Tabela 4

Questão τ ± στ (s) στ /τ (%) Discrep. rel. (%)

Q1

Q2

Q4 −

Q6

Procedimento III: medida da diferença de fase e da reatância indu-


tiva de um circuito RL com corrente alternada
Q8 (0,3 ponto) Anote os valores medidos para R e L usando um multı́metro.

R=( ± ) L=( ± )

Q9 (1,0 ponto) Anote os valores medidos para o perı́odo, a frequência e para o atraso
temporal, com suas respectivas incertezas. A partir desses valores calcule a diferença
de fase e sua incerteza. Indique a expressão para a incerteza de ϕ:

T =( ± ) f =( ± )

∆t = ( ± ) ϕ=( ± )

Expressão para σϕ :
5

Q10 (1,0 ponto) A partir do valor obtido para ϕ, calcule o valor da reatância indutiva
XL para a frequência f .

XL = ( ± )

Expressão para σXL :

Q11 (1,0 ponto) Meça as amplitudes de V0 e V0R . Calcule a partir delas a amplitude
da tensão no indutor, V0L e sua incerteza.

V0 = ( ± ) V0R = ( ± )

V0L = ( ± )

Expressão para σV0L :

Q12 (0,5 ponto) Calcule das amplitudes na pergunta anterior, a diferença de fase ϕ e
sua incerteza.

ϕ=( ± )

Expressão para σϕ :

Compare o valor com o valor obtido na questão 9. Os valores são compatı́veis?

Q13 (0,5 pontos) Se esse experimento for realizado a uma frequência diferente de f ,
o valor obtido para XL se alteraria? Caso sim, quantifique a variação deste valor.
6
Relatório: Experimento 7

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I
Q1 (1,0 ponto) Qual foi o valor medido para o perı́odo T 0 das oscilações de voltagem
no capacitor e sua respectiva incerteza? Explique como foi realizada a medida através
de um simples diagrama.

T0 = ( ± )

Diagrama:

Q2 (1,0 ponto) Apresente os valores medidos com o multı́metro para R, L e C.

R=( ± ) L=( ± )

C=( ± )

Q3 (1,0 ponto) Apresente os dados obtidos para |VC (tn )| e tn na Tabela 1. Anote
também as escalas utilizadas.

Escala vertical: Escala horizontal:


2

Tabela 1

tn ± σtn (µs) |VC (tn )| ± σ[|VC (tn ]| (V) ln(|VC (tn )| /1V ) σ(ln(|VC (tn )|)

Q4 (1,5 ponto) A função que descreve o decaimento das oscilações da tensão no ca-
pacitor num circuito RLC é dada por:

|VC (tn )| = ∆V e−αt .

Essa função pode ser linearizada, obtendo-se a relação

ln(|VC (tn )|) = ln(∆V ) − αt.

A partir dos dados da Tabela 1, faça um gráfico de ln(|VC (tn )| /Volt) em função de tn .
Q5 (1,0 ponto) Utilizando um programa de regressão linear, faça um ajuste linear do
gráfico da questão 4, determinando seus coeficientes linear e angular, assim como
suas incertezas. Não se esqueça das unidades.

a=( ± ) b=( ± )

Q6 (1,0 ponto) A partir dos resultados da Questão 5, determine os valores de α e


∆V , com suas respectivas incertezas. Indique também as expressões utilizadas para
calcular as incertezas.

α=( ± ) ∆V = ( ± )

Exp. para σα = Exp. para σ∆V =

Q7 (1,0 ponto) A partir dos valores de R, L e C, determine o valor nominal de α (αN )


e sua incerteza. Indique a expressão utilizada para calcular a incerteza. Compare
3

este valor nominal com o valor obtido na Questão 6: os valores são compatı́veis?
Calcule a discrepância relativa. Ao calcular αN você considerou a resistência total do
circuito?

αN = ( ± )

Expressão para σαN =


4

Q8 (1,0 ponto) A partir do valor experimental de α obtido na Questão 6, calcule a


constante de tempo τ = 1/α e sua incerteza. A partir da imagem na tela do osci-
loscópio, meça o número N de oscilações da função cosseno que ocorrem dentro do
intervalo de tempo τ , e calcule o fator de mérito Q. Alternativamente, N pode ser
calculado de N = τ /T 0 .
Calcule também o fator Q por outras 2 maneiras: a partir dos valores de ω0 e α e
a partir dos valores de ω0 , L e R. Apresente todos os valores e as discrepâncias na
Tabela 2 (considere o último valor como sendo o valor de referência).

τ =( ± )

N=

Tabela 2

Parâmetro para o cálculo Q Discrepância (%)

ω0 , α

ω0 , L, R -

Procedimento II
Q9 (1,0 ponto) Qual foi o valor medido para a resistência crı́tica e sua respectiva
incerteza? Compare com o valor esperado (lembre que no regime crı́tico α = ω0 ).
Explique o significado fı́sico da resistência crı́tica.

Valor medido: R crı́tica = ( ± )

Valor esperado: R crı́tica = ( ± )


5

Q10 (0,5 ponto) O quê você observou na tensão do capacitor quando ajustou o po-
tenciômetro para resistência nula? Era isso que você esperava? Explique!
Relatório: Experimento 8

Nome 1: Assinatura 1:
Nome 2: Assinatura 2:
Nome 3: Assinatura 3:
Turma: Horário:

Procedimento I: Circuito RLC em série


Q1 (0,3 ponto) Anote os valores medidos para R, L e C.

R=( ± ) C=( ± )

L=( ± )

Q2 (0,5 ponto) Calcule o valor nominal das frequências de ressonância angular e


linear utilizando os valores de C e L anotados no item anterior. Calcule também as
incertezas e indique a expressão utilizada para o cálculo da incerteza da frequência
angular.

ωR = ( ± )

fR = ( ± )

Expressão para σωR :

Q3 (1,0 ponto) Meça a amplitude de tensão no resistor, V0R , e o atraso temporal,


∆t, para onze valores de frequências, sendo um deles a frequência de ressonância
calculada no item anterior, cinco valores abaixo e cinco acima deste (consulte o roteiro
para explicações sobre estas medidas). Apresente os resultados que você obteve na
Tabela 1.
2

Tabela 1

f (Hz) V0R ± σV0R (V) ∆t ± σ∆t (µs)

Q4 (1,0 ponto) A partir dos dados da tabela 1, complete a tabela 2 (consulte o roteiro,
se necessário)
3

Tabela 2
f (Hz) log (ω/(rad /s)) PR ± σPR (mW) PR (mW) Discr. (%)
experimental equação 8.27
- -
- -

- -
- -

- -
- -

- -
- -

Q5 (0,5 ponto) Houve concordância entre os valores experimentais e os previstos


pelo modelo na tabela 2? Justifique.

Q6 (1,2 ponto) A partir dos valores experimentais obtidos na Tabela 2, faça um


gráfico PR × log[ω/(rad/s)]. A partir desse gráfico, obtenha os valores da frequência
angular de ressonância ωR , da largura de banda ∆ω e da potência média no máximo
hPR imax . Calcule a partir desses valores o fator de mérito Q do circuito.
4

ωR = ( ± )

∆ω = ( ± )

hPR imax = ( ± )

Q=( ± )

Q7 (0,5 ponto) Compare os resultados obtidos na questão 6 com os valores nominais


esperados, considerando-se os valores de R, C e L medidos. Escreva seus resultados
na tabela 3.
5

Tabela 3

Parâmetro Experimental Modelo Discrepância

ωR

∆ωsérie

hPR imax

Q8 (1,0 ponto) A partir dos valores de frequência e atraso temporal medidos na tabela
1, calcule os valores de diferença de fase pedidos na tabela 4. Complete a tabela com
os valores nominais da diferença de fase, ϕn , calculados usando os valores de R, C e
L medidos.

Tabela 4

f (Hz) log(f /Hz) ϕ ± σϕ ϕN

(rad) (rad)
6

Q9 (1,0 ponto) A partir dos dados da tabela 4, faça um gráfico de ϕ versus log(f /Hz)
no retı́culo milimetrado a seguir. Nesse mesmo retı́culo milimetrado, faça também
o gráfico de ϕN em função de log(f /Hz). Não se esqueça de representar o erro na
variável y do gráfico, e de identificar claramente as duas curvas.

Q10 (0,6 ponto) - A partir do gráfico traçado em Q9 obtenha o valor experimental


para a frequência de ressonância do circuito e sua respectiva incerteza. Este valor
está em concordância com o calculado na questão 2? Comente.

fR = ( ± )
7

Q11 (0,4 ponto) O circuito RLC em série corresponde a que tipo de filtro? Justifique.

Procedimento II: análise da amplitude de corrente no circuito RLC


em paralelo
Q12 (0,3 ponto) Apresente os valores medidos para R e C utilizados no procedi-
mento, e o valor encontrado para a frequência de ressonância no circuito RLC em
paralelo estudado.

R=( ± ) C=( ± )

L=( ± ) fR = ( ± )

Q13 (0,4 ponto) Faça um esboço do comportamento da amplitude da voltagem no


resistor em função da frequência para o circuito RLC em paralelo montado.

Q14 (0,3 ponto) - O circuito RLC em paralelo corresponde a que tipo de filtro? Justi-
fique.
8

Procedimento III: determinação da frequência de ressonância e da


diferença de fase pelas figuras de Lissajous
Q15 (0,5 ponto) Qual foi valor encontrado para a frequência de ressonância fR usando
a figura de Lissajous? Apresente o gráfico da figura de Lissajous para a frequência
de ressonância.

fR = ( ± )

Q16 (0,5 ponto) - Quais os valores medidos dos parâmetros a e b da figura de Lissa-
jous para a frequência de 10 kHz? A partir desses valores, calcule a diferença de fase
para esta frequência.

a=( ± ) b=( ± )

ϕ=( ± )

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