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OSTENSIVO CIAA 117-075

MARINHA DO BRASIL

APOSTILA DE ELETRÔNICA V
IV
OSTENSIVO CIAA 117-075

ÍNDICE

PÁGINAS
Folha de Rosto..................................................................................................................................... I
Ato de Aprovação.............................................................................................................................. II
Lista de verificação de controle de qualidade........ ......................................................................... III
Índice............................................................................................................................................... IV
Introdução......................................................................................................................................... V

CAPÍTULO 1- GERADORES DE ONDAS SENOIDAIS


1.1 - Conceitos básicos sobre ondas senoidais ................................................................. 1-1
1.2 - Osciladores senoidais LC ........................................................................................ 1-13
1.3 - Osciladores RC....................................................................................................... 1-25
1.4 - Osciladores à cristal ............................................................................................... 1-35

CAPÍTULO2- GERADORES DE ONDAS QUADRADAS


2.1 - Conceitos básicos sobre ondas não senoidais........... .............................................. 2-1
2.2 - Multivibradores................................................... ................................................... 2-4
2.3 - Temporizador (“Timmer”) 555 ............................................................................ 2-15
2.4 - Disparador Schimitt .............................................................................................. 2-20

CAPÍTULO 3- CIRCUITOS GERADORES DE PULSOS


3.1 - Osciladores de bloqueio .......................................................................................... 3-1
3.2 - Gerador dente de serra (GDS) ................................................................................. 3-3

CAPÍTULO 4 – CIRCUITO CONTROLADORES DE FREQUÊNCIA


4.1 - Oscilador controlado por tensão (VCO) ................................................................ 4-1
4.2 - Malha amarrada por fase (PLL) ............................................................................. 4-7
4.3 - Sintetizadores de frequência ................................................................................ 4-17

ANEXO A – Bibliografia................................................................................................... A-1

IV
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CAPÍTULO 1
GERADORES DE ONDAS SENOIDAIS

1.1 - CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ONDAS SENOIDAIS

Normalmente imaginamos um sinal como uma corrente elétrica (it) ou tensão elétrica υ(t). A
variação temporal do sinal é denominada forma de onda. Mais formalmente:

Uma forma de onda é uma equação ou um gráfico que define o sinal como uma função do tempo.

As formas de ondas que são constantes ao longo de todo o tempo são denominadas sinais CC.
A abreviação CC significa corrente contínua, mas se aplica à tensão ou à corrente. Expressões
matemáticas para tensão v(t) ou corrente i(t) CC têm a forma:

υ(t) = Vo

i(t) = Io para - ∞ < t < + ∞

Esta equação é apenas um modelo. Nenhum sinal físico pode permanecer constante indefini-
damente. Entretanto, é um modelo útil porque se aproxima dos sinais gerados por dispositivos
físicos como uma bateria.
Existem duas formas de notação e convenção que têm de ser discutidas antes de continuarmos.
Primeiro, grandezas que são constantes (não variam com o tempo) em geral são representadas
por letras maiúsculas (Va, I, To) ou letras minúsculas do início do alfabeto (a, b, ƒo). Grande-
zas elétricas que variam no tempo são representadas por letras minúsculas i, υ, p, q e ѡ. A va-
riação temporal é indicada expressamente quando escrevemos essas grandezas como υ1(t), i-
A(t) ou ѡc(t). A variação temporal está implícita quando elas são escritas como υ1, iA ou ѡc.

As formas de onda da fig. 1.1 são exemplos de sinais usados em engenharia elétrica.

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Figura 1.1 – alguns exemplos de formas de onda

1.1.1 – Forma de Onda senoidal


As funções seno e cosseno são importantes em todos os ramos da ciência e engenharia. A
correspondente forma de onda variante no tempo na fig. 1.2 cumpre um papel especial notá-
vel na engenharia elétrica.

Figura 1.2 – Senoide ilimitada no tempo.

Assim como a forma de onda CC, a senoide se estende indefinidamente no tempo nos senti-
dos positivo e negativo. A senoide não tem início nem fim. Evidentemente, os sinais reais
têm durações finitas. Verifica-se que uma senoide eterna é uma aproximação muito boa em
muitas aplicações práticas.
A senoide da fig. 1.2 é uma repetição infinita de oscilações idênticas entre picos positivos e
negativos. A amplitude VA (em volts) define os valores máximo e mínimo das oscilações.
O período To (geralmente em segundos) é o tempo necessário para completar um ciclo da
oscilação. A função senoide pode ser expressa matematicamente usando a função seno ou

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cosseno. A escolha entre as duas depende do ponto escolhido para definir t = 0. Se esco-
lhermos t = 0 no ponto em que a senoide é zero, então podemos escrever como segue:

υ(t) = VA sen(2πt/To)V (S01)

Por outro lado, se escolhermos t = 0 no ponto em que a senoide está no pico positivo, escre-
vemos a equação em termos de um cosseno:

υ(t) = VA cos(2πt/To)V (S02)

Embora qualquer uma possa ser usada, é comum escolher t = 0 no pico positivo; portanto a
equação (S02) se aplica. Assim, continuamos a chamar a forma de onda de senoide embora
seja usada uma função cosseno para descrevê-la.
A senoide geral é obtida substituindo t por (t – Ts). Inserindo esta alteração na equação (S02)
obtemos uma expressão geral para a senoide como a seguir:

υ(t) = VA cos(2πt - Ts/To)V (S03)

Em que a constante Ts é o parâmetro de deslocamento no tempo. A fig. 1.3 mostra que a se-
noide desloca para a direita quando Ts > 0 e para a esquerda quando Ts < 0. Na realidade, o
deslocamento no tempo faz com que o pico positivo mais próximo da origem ocorra em t =
Ts.
O parâmetro de deslocamento no tempo também pode ser representado por um ângulo:

υ(t) = VA cos(2πt/To + ϕ)V (S04)

O parâmetro ϕ é denominado ângulo de fase. O termo ângulo de fase é baseado na interpre-


tação da função cosseno no ciclo trigonométrico. Imaginamos o período como sendo dividi-
do em 2π em radianos ou 360º. Nesse sentido, o ângulo de fase é o ângulo entre t = 0 e o pi-
co positivo mais próximo. Comparando as equações (S03) e (S04), determinamos a relação
entre Ts e ϕ como a seguir:

ϕ = - 2π(Ts/To) = - 360º(Ts/To) (S05)

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Figura 1.3 – Efeito de deslocamento no tempo

A alteração do ângulo de fase move a forma de onda para a esquerda ou direita, revelando
diferentes fases da forma de onda oscilante (por isso ângulo de fase).
O ângulo de fase deve ser expresso em radianos, mas é mais comum fazê-lo em graus.
Deve-se ter o cuidado quando se calcula numericamente o argumento do cosseno 2πt/To + ϕ
para garantir que os dois termos tenham a mesma unidade. O termo 2πt/To tem unidade de
radianos, de modo que é necessário converter ϕ para radianos quando for dado em graus.
Uma forma alternativa da senoide geral é obtida expandindo a equação (S04) usando a iden-
tidade cos(x + y) = cos (x).cos (y) – sen (x).sen (y):

υ(t) = [VA cos ϕ]cos(2πt/To) + [-VA sen ϕ]sen(2πt/To)V (S06)


As grandezas dentro dos colchetes são constantes, portanto, podemos escrever a equação se-
noidal geral na forma:

υ(t) = a cos(2πt/To) + b sen(2πt/To)V (S07)


As duas amplitudes, como os parâmetros a e b, têm as mesmas unidades de acordo com a
forma de onda (volts neste caso) e são denominadas coeficientes de Fourier. Por definição,
os coeficientes de Fourier estão relacionados aos parâmetros de amplitude e fase pelas equa-
ções:

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a = VA cos ϕ (1ª) e b = - VA sen ϕ (2ª) (S08)

As relações inversas são obtidas elevando-se ao quadrado e somando as expressões na equa-


ção (S08):
VA = √(a2 + b2) (S09)

E dividindo a segunda expressão pela primeira na equação (S08):

ϕ = tan-1 (-b/a) (S10)

Advertência: a função inversa da tangente em uma calculadora tem uma ambiguidade de +


180º que pode ser resolvida considerando os sinais dos coeficientes de Fourier a e b.
É costume descrever a variação temporal da senoide em termos de um parâmetro de frequên-
cia. A frequência cíclica ƒo é definida como o número de períodos por unidade de tempo.
Por definição To é o número de segundos por ciclo; consequentemente, o número de ciclos
por segundo é:
ƒo = 1/To (S11)
Em que ƒo é a frequência cíclica ou simplesmente a frequência. A unidade de frequência
(ciclos por segundo) é o hertz (Hz). A frequência angular ωo em radianos por segundo está
relacionada à frequência cíclica pela relação:

ωo = 2πƒo = 2π/To (S12)

Porque existem 2π radianos por ciclo.


Existem duas formas de expressar o conceito de frequência senoidal: frequência cíclica (Hz)
e frequência angular (radianos por segundo). Quando trabalhamos com sinais, tendemos a
usar a primeira forma. A frequência em radianos é mais conveniente quando descrevemos as
características dos circuitos acionados por entradas senoidais.
Em resumo algumas formas equivalentes:
υ(t) = VA cos{[2π(t – Ts)]/To} = VA cos[(2πt/To) + ϕ] = a cos(2πt/To) + b sen(2πt/To)V
= VA cos[2πƒo(t – Ts)] = VA cos(2πƒot + ϕ) = a cos(2πƒot) + b sen(2πƒot)V
= VA cos[ωo(t – Ts)] = VA cos(ωot + ϕ) = a cos(ωot) + b sem(ωot)V

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Para usar apenas uma destas equações, precisamos de três tipos de parâmetros:
1. Amplitude: VA ou os coeficientes de Fourier a e b;
2. Deslocamento no tempo: Ts ou o ângulo de fase ϕ; e
3. Tempo/frequência: To, ƒo ou ωo.

1.1.2 – Propriedades das senoides


Em geral, diz-se que uma forma de onda é periódica se

υ(t +To) = υ(t)

para todos os valores de (t). A constante To é denominada período da forma de onda se ela
for o menor intervalo não nulo para o qual υ(t +To) = υ(t). Visto que esta igualdade tem de
ser válida para todos os valores de t, segue que os sinais periódicos têm de ter formas de on-
da eternas que se estendem indefinidamente no tempo nos dois sentidos. Os sinais que não
são periódicos são denominados aperiódicos.

υ(t +To) = VA cos [2π(t + To)/To + ϕ]


= VA cos [2π(t)/To + ϕ + 2π]
Mas cos (x + 2π) = cos (x). Consequentemente,

υ(t +To) = VA cos (2πt/To + ϕ) = υ(t)


para todo valor de t.
A Propriedade da Aditividade de senoides diz que a soma de duas ou mais senoides de
mesma frequência resulta em uma senoide com os parâmetros de amplitude e fase diferentes,
mas de mesma frequência. Para ilustrar, considere duas senoides:

υ1(t) = a1 cos (2πƒot) + b1 sen (2πƒot) V


υ2(t) = a2 cos (2πƒot) + b2 sen (2πƒot) V

A forma de onda υ3(t) = υ1(t) + υ2(t) pode ser escrita como a seguir:
υ3(t) = (a1 + a2) cos (2πƒot) + (b1 + b2) sen (2πƒot) V

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porque o cosseno e o seno são funções independentes lineares. Obtemos os coeficientes de


Fourier da soma de duas senoides somando os coeficientes de Fourier delas, desde que as
duas tenham frequências iguais.

Advertência: A soma tem que ser feita com as senoides na forma de coeficiente de Fourier.
A soma não pode ser feita somando amplitudes e ângulos de fases.
As propriedades de derivação e integração dizem que quando derivamos ou integramos
uma senoide, o resultado é outra senoide com a mesma frequência:

d(VA cos ωt)/dt = - ωVA sen ωt = ωVA cos (ωt + π/2)


∫ VA cos (ωt)dt = (VA/ω) sen ωt = (VA/ω) cos (ωt - π/2)

Estas operações mudam a amplitude e o ângulo de fase, mas não mudam a frequência. O fato
da derivação e integração preservarem o formato da onda é uma propriedade importante da
senoide. Nenhuma outra forma de onda periódica tem esta propriedade de preservar o forma-
to.

1.1.3 – Descritores parciais de formas de onda

Uma equação ou gráfico define uma forma de onda para todos os instantes. O valor de uma
forma de onda υ(t) ou i(t) no instante t é denominado valor instantâneo da forma de onda.
Com certa frequência usamos parâmetros denominados descritores parciais que caracteri-
zam aspectos importantes de uma forma de onda. Porém não fornecem uma descrição com-
pleta. Estes descritores parciais são classificados em duas categorias: (1) os que descrevem
características temporais e (2) os que descrevem características de amplitude.

1.1.3.1 – Descritores temporais

Os descritores temporais identificam atributos da forma de onda relativos ao eixo do tem-


po. Por exemplo, as formas de onda que se repetem em intervalos de tempo fixos são de-
nominadas periódicas. Dizendo isto de maneira formal.

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Um sinal υ(t) é periódico se υ(t + To) = υ(t) para todo t, em que o período To é o menor
valor que atende a esta condição. Os sinais que não são periódicos são denominados a-
periódicos.

O fato de uma forma de onda ser periódica fornece informações importantes sobre o sinal,
mas não especificamente todas as suas características. Portanto, o fato de um sinal ser pe-
riódico é propriamente uma descrição parcial, assim como é o valor do período. Uma on-
da senoidal eterna é o primeiro exemplo de um sinal periódico. Exemplos de ondas aperi-
ódicas são as funções degrau, exponencial e senoide amortecida.
Diz-se que uma forma de onda é causal se for idêntica a zero antes de algum momento
específico. Dizendo isto de forma precisa,

Um sinal υ(t) é causal se existe um valor de T tal que υ(t) = 0 para todo t < T; caso con-
trário, ele será não causal.

Normalmente considera-se que um sinal causal seja zero para t < 0, visto que sempre po-
demos usar o deslocamento temporal para fazer com que o ponto de início de uma forma
seja em t = 0. Exemplos de formas de onda causais são as funções degrau, exponencial e
senoidal amortecida. A onda senoidal eterna é, evidentemente, não causal.
As formas de onda causais têm papel importante na análise de circuito. Quando a entrada
acionadora x(t) for causal, a resposta do circuito y(t) também tem de ser causal. Ou seja,
um circuito fisicamente realizável não pode se antecipar e responder a uma entrada antes
que ela seja aplicada. A causalidade é uma característica temporal importante, mas é ape-
nas uma descrição parcial da forma de onda.

1.1.3.2 – Descritores de amplitude

Os descritores de amplitude são escalares positivos que descrevem a intensidade de um


sinal. Geralmente, uma forma de onda varia entre dois valores extremos indicados como
Vmáx e Vmín. O valor de pico a pico (Vpp) descreve a excursão total de υ(t) e é definido
como:

Vpp = Vmáx - Vmín

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Com esta definição, Vpp é sempre positivo mesmo se Vmáx e Vmín forem negativos. O
valor de pico (Vp) é o valor máximo absoluto da forma de onda. Ou seja,

Vp = Máx {|Vmáx|,|Vmín|}

O valor de pico é um número positivo que indica a excursão absoluta máxima da forma
de onda a partir do zero. A fig.1.4 mostra exemplos destes dois descritores de amplitude.

Figura 1.4 – Valores de pico e pico a pico

Os valores de pico e pico a pico descrevem as variações da forma de onda usando os valo-
res extremos. O valor médio suaviza as coisas para revelar a linha de base subentendida
da forma de onda. O valor médio é a área sob a forma de onda ao longo do período de
tempo T, dividida pelo período de tempo. Matematicamente, definimos o valor médio
(Vméd) ao longo do intervalo de tempo T como:

Para sinais periódicos, o período To é usado como média do intervalo T.


Para algumas formas de onda periódicas, a integral na equação acima pode ser estimada
graficamente. A área resultante sob a forma de onda é a área acima do eixo do tempo me-
nos a área abaixo dele. Por exemplo, as duas formas de onda na fig.1.4 têm obviamente,
valores médios diferentes de zero. A forma de onda superior tem um valor médio negati-

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vo porque a área negativa abaixo do eixo do tempo é maior do que a área acima dele. De
modo similar, a forma de onda inferior possui, claramente, um valor médio positivo.
O valor médio indica se a forma de onda contém uma constante, que é uma componente
que não varia com o tempo. O valor médio também é denominado componente CC por-
que os sinais CC são constantes para qualquer t. Por outro lado, as componentes CA têm
valores médios nulos e são periódicas.

1.1.3.3 – Raiz do valor médio quadrático

A raiz do valor médio quadrático (VRMS) é uma medida da potência média transportada
pelo sinal. A potência instantânea fornecida a um resistor R por uma tensão υ(t) é:

P(t) = 1/R[υ(t)]2

A potência média fornecida ao resistor no tempo T é definida como

Combinando as equações anteriores obtemos:

O valor dentro das chaves, é o valor médio do quadrado da forma de onda. As unidades
do termo entre os colchetes é o volt ao quadrado. A raiz quadrada deste termo define o
descritor parcial de amplitude VRMS:

O descritor de amplitude VRMS é denominado raiz do valor médio quadrático (RMS)


porque ele é obtido tomando a raiz quadrada da média do quadrado da forma de onda. Pa-
ra sinais periódicos, o intervalo para o cálculo da média é um ciclo, pois uma forma de
onda como esta se repete a cada To segundos.
Podemos expressar a potência média fornecida a um resistor em termos de VRMS como:

Pméd = 1/R V2RMS

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A equação para a potência média em termos de VRMS tem o mesmo efeito que uma po-
tência fornecida por um sinal CC. Por esta razão o valor RMS foi originalmente denomi-
nado valor eficaz, embora este termo não seja mais comum. Se a amplitude da forma de
onda for dobrada, o seu valor RMS é dobrado e a potência média é quadruplicada.

1.1.4 - Teoria da oscilação e realimentação nos osciladores


Para se construir um oscilador precisamos de um amplificador com uma realimentação posi-
tiva, de forma que o próprio sinal de saída do amplificador seja o sinal de entrada. Se a am-
plitude deste sinal realimentado, após passar pela malha de realimentação for suficientemen-
te grande, e o sinal for alimentado com a fase correta, haverá um sinal de saída, mesmo que
não haja um sinal externo. Podemos dizer, desta maneira, que o oscilador é um amplificador
que foi modificado pela realimentação positiva para fornecer o seu próprio sinal de entrada.

1.1.5 - Ganho e fase da malha


Como vimos anteriormente para que um amplificador gere seu próprio sinal de entrada é ne-
cessário que o sinal realimentado tenha amplitude suficiente e fase correta, para que o ampli-
ficador oscile inicialmente e mantenha as oscilações após as condições iniciais serem estabe-
lecidas. Estas condições são conhecidas como critério de "Barkhausen". Vamos analisar es-
te princípio de acordo com as figuras abaixo:

Figura 1.5 a Figura 1.5 b

Figura 1.5c Figura 1.5d Figura 1.5e

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Na fig. 1.5a temos uma fonte de tensão Vin alimentando a entrada do amplificador. Esta
tensão será amplificada de acordo com a expressão abaixo:

Vout = AVin

Esta tensão alimenta a malha de realimentação que, geralmente é um circuito ressonante. Por
isso obtemos realimentação máxima em uma certa frequência. A tensão realimentada (Vf)
que volta ao ponto X é dada por:

Vf = ABVin,

Se o desvio de fase através do amplificador e do circuito de realimentação é 0º, então ABVin


estará em fase com o sinal Vin que alimenta os terminais de entrada do amplificador.
Admitamos que o ponto X é ligado ao ponto Y e simultaneamente retiramos a fonte Vin.
Então a tensão de realimentação ABVin alimenta os terminais de entrada do amplificador de
acordo com a fig. 1.5b. Vamos analisar o que acontece com a tensão de saída. Se AB for
menor que 1, ABVin será menor que Vin e o sinal de saída desvanecerá de acordo com a fig.
1.5c. Mas, se AB > 1, ABVin será maior que Vin e Vout crescerá como na fig. 1.5d. Se AB
= 1 então ABVin será igual a Vin e a tensão de saída será uma senoide estável, fig. 1.5e.
Neste caso o circuito fornece seu sinal de entrada gerando uma onda senoidal na saída.
Num oscilador, o valor do fator AB será maior que 1, logo que se estabeleçam as condições
iniciais. Uma pequena tensão de disparo é aplicada aos terminais de entrada e a tensão de sa-
ída cresce, fig. 1.5d. Depois que a tensão de saída atinge o nível desejado, AB automatica-
mente diminui até 1 e a amplitude do sinal de saída permanece como na fig. 1.5e.

1.1.6 - Tensão de disparo


Qualquer resistor contém alguns elétrons livres. Devido às variações de temperatura ambien-
te, estes elétrons deslocam-se aleatoriamente para diferentes direções e geram uma tensão de
ruído através do resistor. Este movimento é tão aleatório que contém frequências acima de
1000 GHz. Podemos imaginar, assim, que cada resistor é uma fonte de tensão CA que pro-
duz todas as frequências com baixíssimas amplitudes.
Analisando a fig. 1.5 b podemos imaginar o seguinte: logo que a fonte é ligada, todas as ten-
sões são DC e as únicas tensões CA presentes são aquelas geradas pelos resistores que com-
põem o circuito amplificador. Estes ruídos são amplificados e formam o sinal de saída. Es-
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tes ruídos amplificados alimentam o circuito de realimentação ressonante. Através dos pa-
râmetros do projeto, podemos fazer o desvio de fase ao longo do ckt = 0º , na frequência
de operação do circuito tanque. Desta forma, obtemos oscilações apenas em uma frequência
de ressonância do circuito de realimentação.

1.1.7 - Diminuindo AB até a unidade


Como sabemos o fator AB nas condições iniciais do oscilador é maior que 1 e o sinal de saí-
da se comporta como mostra a fig. 1.5d. Mas para que um oscilador tenha qualidade, ele
precisa manter a amplitude e frequência estáveis. Para manter a amplitude estável o fator
AB tem que ser igual a 1.
Para produzir AB = 1 existem duas formas: ou A diminui ou B diminui. Em alguns oscilado-
res faz-se com que o sinal de entrada aumente até atingir o corte e a saturação do amplifica-
dor, o que seria o mesmo que reduzir o seu ganho. Em outros, o sinal faz B diminuir antes
que ocorra o “ceifamento”. De qualquer maneira, duas condições têm que ser obedecidas pa-
ra que um amplificador realimentado positivamente oscile:
a) nas condições iniciais AB > 1, na frequência cujo desvio de fase é 0º; e
b) após atingida a amplitude desejada, o fator AB tem que ficar igual a 1, através da redução
de A ou de B.

1.2 - OSCILADORES SENOIDAIS LC

Estes osciladores têm um desempenho satisfatório na faixa de 1MHz a 500 MHz, sendo, por
tanto, bem utilizado para gerar sinais senoidais na faixa de HF e VHF. Geralmente a sua
construção é a partir de circuitos a TJB e FET, pois esta faixa de frequência está bem acima da
frequência útil da maioria dos amplificadores operacionais.
Com um amplificador é um circuito tanque podemos realimentar um sinal com amplitude e
fase adequadas para manter as oscilações.

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1.2.1 – Oscilador Colpitts emissor comum

Figura 1.6a Figura 1.6b

A polarização universal estabelece o POE (ponto de operação estática.). O circuito amplifi-


cador apresenta um ganho de tensão em baixa frequência de Rc’/Re, onde Rc’ é a resistência
CA vista pelo coletor. Devido aos circuitos de retardo da base e do coletor, o ganho de ten-
são em alta frequência é menor que Rc’/Re.
Analisando o CKT da fig. 1.6a e 1.6b, a corrente do ckt tanque flui através de C1 em série
com C2. Vout é a tensão desenvolvida em C1 e Vf é a tensão desenvolvida em C2. Esta ten-
são de realimentação é aplicada à base do transistor e mantém as oscilações que se desenvol-
vem através do CKT tanque, desde que haja ganho de tensão suficiente na frequência de os-
cilação. Reconhecemos o oscilador "Colpitts" através da sua realimentação que é feita atra-
vés de uma capacitância dividida.

1.2.2 - Frequência de ressonância (Fo)


A maioria dos osciladores LC utiliza circuitos tanque com um fator de qualidade (Q) da bo-
bina maior que 10. Isto nos dá a comodidade de calcular a frequência de ressonância (Fo) pe-
la fórmula padrão do circuito série ressonante que é:
fo = 1/(2π√LC) onde Ceq = (C1.C2)/(C1+C2)

a) Condição Inicial - A condição inicial exigida para qualquer oscilador é que AB>1, na
frequência de ressonância do circuito tanque. Isto equivale a dizer que A >1/B.
O ganho de tensão A, nesta expressão, é o ganho de tensão na frequência de ressonância do
circuito tanque.
Analisando o circuito da fig. 1.6a VCout = VC1 e Vf = VC2. Como a corrente nos dois ca-
pacitores é comum:
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Portanto, podemos concluir que nas condições iniciais A > C 2 / C1.


As considerações que foram anteriormente feitas são aproximações que não levam em conta
a impedância de entrada do circuito amplificador.
O valor exato de A, dependerá das frequências de corte superiores do amplificador. Como
existem circuitos “defasadores” na base e no coletor do transistor bipolar, se as frequências
de corte destes circuitos “defasadores” forem maiores que a frequência de operação, então A
é aproximadamente igual a Rc’/Re . Se as frequências críticas forem mais baixas que a Fo, o
ganho de tensão é menor que Rc’/Re e há uma defasagem adicional através do amplificador.
Isto complica tudo, logo o oscilador pode não funcionar ainda. Se alguma vez você encontrar
um oscilador que não esteja em funcionamento, você saberá procurar o defeito. Ele não osci-
la porque o ganho do circuito é menor que 1 no momento em que o desvio de fase for 0º.
b) Tensão de saída - Com uma realimentação leve (B pequeno), o valor de A é apenas ligei-
ramente maior que 1/B e a operação é aproximadamente classe “A”. Logo que ligamos o
circuito, as oscilações crescem e o sinal oscila bem além da reta de carga CA. Com esta osci-
lação aumentada do sinal, a operação varia de sinal pequeno para grande sinal. Quando isto
acontece, o ganho de tensão diminui ligeiramente com a realimentação leve e o fator AB di-
minui até um, sem o “ceifamento” excessivo.
Com a realimentação forte (B grande), o sinal de realimentação grande leva a base do ampli-
ficador à saturação e ao corte. Isto carrega C4 produzindo o “grampeamento” negativo CC
na base. Este “grampeamento” ajusta automaticamente o valor de AB em 1. Se a realimen-
tação for forte demais poderemos perder um pouco da tensão de saída devido às perdas de
potência de dispersão.
O ideal, na construção de circuitos osciladores, é ajustar a quantidade de realimentação para
que esta não seja fraca, nem forte demais, para que tenhamos um sinal de saída sem perdas
desnecessárias.

c) Acoplamento - A frequência real de oscilação (fr) depende do Q do circuito tanque e é


dada por:

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2
1 Q
fr 
2 LC
2
1 Q

na maioria dos casos Q > 10 e a equação da fr é simplificada para o valor ideal (fo).
Se Q < 10 a frequência de oscilação fica menor que a frequência ideal. Além disso, um baixo
Q pode levar o oscilador a não operar, visto que o ganho em alta frequência ficará abaixo de
1/B.
A fig. 1.7a mostra como acoplar a resistência de carga (R L). Se a resistência de carga for
grande, então não sobrecarregará demais o circuito ressonante e o Q será maior que 10. Por
outro lado, se RL for pequena, o Q cai abaixo de 10 e as oscilações podem não ter início,
como foi explicado anteriormente. Uma solução para este problema é usar o capacitor de a-
coplamento C5, com um baixo valor, de forma que a sua reatância Xc, seja grande em rela-
ção à RL, para a frequência de operação. Isto evitará a carga excessiva no circuito tanque, po-
rém a amplitude do sinal acoplado será pequena.
A fig. 1.7b mostra o acoplamento indutivo, que usa um transformador de RF como abaixa-
dor, pois a relação de espiras entre primário e secundário é grande (Np/Ns). Embora tenha
uma pequena amplitude no sinal de saída acoplado para R L, o acoplamento indutivo garante
a não influência de baixos valores de RL no Q do CKT tanque. O problema da baixa ampli-
tude é resolvido pela amplificação em classe A. O que se pode notar é que tanto um, quanto
outro tipo de acoplamento, reduz a amplitude do sinal de saída, mas garante um alto Q no
circuito tanque, o que garante uma saída senoidal não distorcida com um início confiável pa-
ra as oscilações.

Figura - 1.7a Figura 1.7b

OSTENSIVO 1-16 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

1.2.3 - Oscilador "Colpitts" base-comum (BC)


Quando o sinal de realimentação alimenta a base do amplificador aparece uma capacitância
"Miller" grande através da entrada, o que produz uma frequência de corte baixa. Isto pode
levar o ganho de tensão a ser reduzido na frequência de operação do circuito tanque. Para
que se obtenha uma frequência de corte mais alta, o sinal de realimentação pode ser aplicado
ao emissor, de acordo com fig. 1.8.

Figura 1.8 - Oscilador "Colpitts" base-comum (BC)

O oscilador BC pode oscilar em frequências mais altas que o oscilador EC.


C3, faz um terra CA para a base, desta forma o amplificador está na configuração BC. Com
esta alteração o circuito poderá oscilar em frequências mais altas, porque o ganho de tensão
do BC, em altas frequências, é mais alto que o de EC. Com o acoplamento indutivo, garante-
se um alto Q e a frequência de operação pode ser calculada pela fórmula da frequência ideal.
A tensão de realimentação sofrerá uma pequena alteração, pois a tensão de saída se desen-
volve através de C1 e C2 em série, e a parcela a ser realimentada é a queda de tensão sobre
C2, logo:

Para que comecem as oscilações A > 1/B, logo A > ( C1 + C2)/C1. Esta aproximação não
leva em conta a impedância de entrada do amplificador.

OSTENSIVO 1-17 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

1.2.4 - Oscilador "Colpitts" com FET


No circuito da fig 1.9 temos um oscilador "Colpitts" controlado a FET na configuração fonte
comum. Como a porta de um FET representa uma altíssima impedância, o efeito de carga no
ckt tanque é muito menor que o de um TJB (fig. 1.7b), logo a aproximação B = C1/C2 é
muito mais precisa. A condição inicial para o amplificador à FET é que A > C2/C1. Em um
oscilador à FET o ganho de tensão em baixa frequência é GmRd, onde Gm é a transcondu-
tância e Rd a resistência de dreno. Acima da frequência de corte do amplificador à FET, o
ganho de tensão cai, na expressão A > C2/C1, sendo “A” o ganho de tensão do amplifica-
dor na fo. Para que o oscilador funcione temos que manter a frequência de oscilação menor
que a frequência de corte do amplificador. Caso contrário, haverá uma defasagem maior no
amplificador, o que faz com que a fase do sinal realimentado seja diferente do 0º e isto fará
com que o oscilador não entre em operação.

Figura 1.9 - Oscilador "Colpitts" com FET

Figura 1.10 - Oscilador "Colpitts" com TJB

OSTENSIVO 1-18 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Exercício proposto:
Analise o circuito da figura 1.10 e determine:
1) Qual a frequência de oscilação?
2) Qual o ganho da malha de realimentação?
3) Qual o ganho do amplificador para que fique garantido o início das oscilações?

1.2.5 – Oscilador Clapp


O oscilador Clapp da fig. 1.11, é uma sofisticação do oscilador Colpitts. O divisor de tensão
capacitivo produz o sinal de realimentação como antes. Um capacitor adicional C3 está em
série com o indutor. Como a corrente de circulação do circuito-tanque flui através de C1, C2
e C3 em série, a capacitância equivalente usada para calcular a frequência de ressonância é:

Ceq. = [ 1/(1/C1) + (1/C2) + (1/C3)]

Fig. 1.11 - Oscilador Clapp com TJB

Em um oscilador Clapp, C3 é muito menor de que C1 e C2. Como consequência, Ceq é


aproximadamente igual a C3 e a frequência de ressonância é dada por:

fo = 1/2π√LC3

Por que isto é importante? Porque C1 e C2 são colocados em paralelo pelas capacitâncias do
transistor e pelas parasitas. Estas capacitâncias extras alteram ligeiramente os valores de C1
e C2. Num oscilador Colpitts, a frequência ressonante depende até certo ponto das capaci-
tâncias do transistor e das parasitas. Mas no oscilador Clapp, as capacitâncias do transistor e
OSTENSIVO 1-19 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

de dispersão não tem nenhum efeito sobre C3, o que significa que a frequência de oscilação
é mais estável e mais precisa. É por isso que você ocasionalmente vê o oscilador Clapp sen-
do utilizado no lugar de um oscilador Colpitts.

1.2.6 - Oscilador "Armstrong"


Pode-se construir um oscilador usando um transformador no circuito de realimentação. Para
isto deve-se usar um capacitor em paralelo com a indutância do primário do trafo para que se
sintonize o circuito na frequência desejada. A fig.1.12 mostra um amplificador a FET com
realimentação positiva produzida pelo transformador e sintonizado por um ckt LC.

Figura 1.12 - Circuito oscilador de dreno sintonizado

A fig. 1.13 representa o circuito equivalente CA. Como o circuito de entrada está ligado à
porta, cuja resistência de entrada é supostamente muito alta, representa-se pelo circuito aber-
to. O FET tem como equivalente uma fonte de corrente com o valor dado por gm Vgs em pa-
ralelo com a resistência de saída rd. O trafo pode ser representado por uma indutância L no
primário e um fator de acoplamento M. A resistência série do trafo (que representa as per-
das) pode ser considerada como uma resistência efetiva em paralelo com o primário
Reff=Qs2.Rl. No circuito Qs é o fator Q-série do trafo que é definido como:

QS = (2πƒL)/Rs

OSTENSIVO 1-20 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 1.13- Equivalente CA para o oscilador "Armstrong"

A frequência do oscilador é determinada pelo circuito tanque. Às vezes esta relação é um


pouco modificada devido às não linearidades e resistências, capacitâncias ou outros fatores.
Apesar disto é uma boa aproximação considerar a frequência de operação como sendo a fre-
quência ideal do circuito ressonante.

fo = 1/(2π√LC)

A transcondutância mínima do FET necessária, depende da Reff do trafo, da resistência de


saída do FET, da indutância e do acoplamento mútuo, ou seja o valor do gm do FET deverá
ser maior que o valor mínimo necessário para a oscilação. Então podemos dizer que:

O transformador deve ter os enrolamentos construídos de forma que garanta a defasagem de


180º entre o sinal do primário e do secundário, para que se consiga a realimentação positiva.
O efeito de carga externa, o valor de rd mais baixo, ou o valor da Reff mais baixo, quando o
circuito oscilador é conectado a um outro circuito, resulta um valor de R mais baixo, logo
torna-se necessário um FET de gm maior, para que o ganho da malha seja suficiente para
manter as oscilações.

Exercício
1) Calcular a fo e a transcondutância mínima (gm) do FET para o oscilador da figura 1.7,
que tem como valores: rd=40 K, L=4mH, M=0,1 mH, Rs=50 e C=1pF.

OSTENSIVO 1-21 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

1.2.7 - Oscilador "Armstrong" a transistor

Figura 1.14- Oscilador "Armstrong" a transistor

O circuito da fig. 1.14 é um exemplo do oscilador "Armstrong" a transistor de junção. Note


que o circuito não é muito diferente do oscilador a FET. A diferença está no circuito de pola-
rização do FET. Quanto à parte de realimentação o ckt se comporta exatamente da mesma
maneira. A análise deste circuito é muito simplificada, pois os critérios já foram explicados
no oscilador a FET, logo, todas as considerações quanto à frequência de operação, ganho do
amplificador e Q da bobina, anteriormente citados, estão mantidos.
Da mesma maneira que o FET, o circuito de saída do TJB, alimenta um circuito tanque. Um
pequeno enrolamento no secundário do transformador realimenta a base. O desvio de fase
entre primário e secundário é de 180º, o que faz a fase total do sinal realimentado igual a 0º
em relação ao circuito de base. Ignorando o efeito de carga provocado pelo circuito de base o
ganho da malha de realimentação é dado pela expressão:

B = M/L

onde M é a indutância mútua do transformador M = K√L1.L2 , e L é a indutância do primá-


rio. Como em todo o oscilador o ganho do amplificador tem que ser 1/B logo:

A = L/M
O enrolamento do secundário do transformador, neste tipo de oscilador, também é conhecido
como bobina de realimentação. A frequência de operação do oscilador é a frequência de res-
OSTENSIVO 1-22 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

sonância ideal do circuito tanque fo = 1/(2π√LC), se o Q da bobina do primário for maior


que 10.
Em projetos de osciladores esta configuração, "Armstrong", não é muito encontrada, pois
evita-se o uso de transformadores nestes tipos de circuitos por questão de espaço.
O amplificador Armstrong EC a transistor apresenta um sinal de saída do coletor com uma
defasagem de 180°, porém o secundário do transformador inverte novamente o sinal colo-
cando este em fase com o sinal na base do transistor.

1.2.8 - Oscilador "Hartley"

Figura 1.15a e 1.15b - Oscilador "Hartley"

O circuito da fig. 1.15a representa um oscilador do tipo "Hartley". Note que os indutores L1
e L2 têm um acoplamento mútuo que deve ser levado em consideração na hora do cálculo da
frequência de ressonância. Já vimos que M (indutância mútua) é dada pela expressão M = K
√L1.L2, onde K é a constante que depende do núcleo do transformador, normalmente de
ferrite. O conjunto L1, L2, M e C, formam o circuito ressonante que é o circuito responsável
pela malha de realimentação B.
OSTENSIVO 1-23 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

Ao analisar o circuito da fig 1.15b vemos que ele representa o equivalente CA do circuito da
fig 1.15a. Os capacitores Cg e Cc, são calculados como curto para a frequência de operação,
assim como CRF é circuito aberto. O FET foi substituído pelo seu equivalente. O circuito
tanque é formado pelos indutores L1e L2, acoplados por M e pelo capacitor C. Estes compo-
nentes têm como equivalente um circuito tanque formado por C e a indutância equivalente
do circuito indutivo Leq = L1 + L2 + 2M. Desta forma a frequência de operação do circuito
é dada, aproximadamente pela expressão:

fo = 1/(2π√LeqC)

Esta mesma configuração de oscilador pode ser conseguida com um amplificador a TJB, e-
missor comum, como mostrado no circuito da fig. 1.16.

Figura 1.16 - Oscilador Hartley com TJB

Quando o circuito está em ressonância, a corrente flui através de L1 em série com L2 logo o
Leq = L1+L2+2M.
A realimentação é desenvolvida pelo divisor indutivo formado por L1 e L2, a tensão de saída
se desenvolve em L2 e a realimentação em L1, logo:

OSTENSIVO 1-24 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Estas expressões são aproximações “grosseiras” pois despreza-se os efeitos do circuito de


base. A ação das bobinas e do acoplamento mútuo garantem a fase 0º do sinal realimentado.
O ganho do amplificador, para que se mantenham as oscilações tem que ser 1/B, logo A =
L2/L1.

1.3 - OSCILADORES RC (Baixa frequência – até 1MHZ)


1.3.1 - Oscilador por deslocamento de fase ou rotação de fase
Analisando o modelo representado na fig. 1.17, consideramos que a malha de realimentação
está sendo alimentada por uma fonte ideal (Zo = 0) e que a saída da malha alimenta, tam-
bém, uma carga ideal (Zin = ). Usamos o modelo abaixo para facilitar o desenvolvimento
teórico que explica a operação do circuito. Temos que ter em mente que na prática o raciocí-
nio é diferente.

Figura 1.17 - Oscilador por deslocamento de fase

O oscilador é composto de um amplificador inversor de fase e uma rede RC de realimenta-


ção. A preocupação com a malha de realimentação é saber qual a atenuação, pois quando
um circuito é composto por elementos passivos, o ganho do circuito (Vout/Vin) é menor que
a unidade, logo, a malha do circuito deslocador de fase atenua o sinal de entrada. Além da
atenuação também temos que saber qual a fase do sinal, para que sejam respeitados o critério
de "Barkhausen". Quanto à fase, devemos usar valores de R e C que provoquem uma defa-

OSTENSIVO 1-25 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

sagem de 180º. Como sabemos, o circuito RC introduz uma defasagem no sinal que é pro-
porcional aos valores de R, C e a frequência de operação (fo). Como a malha de realimenta-
ção é composta por 3 redes RC, é fácil deduzir, que cada rede terá que defasar 60º. Mas este
raciocínio é errado, pois temos que levar em conta que uma rede carrega a outra. Utilizando
os conceitos de análise de circuitos, aplicando o teorema de Maxwell:

a) i1(r – jXC) – i2R = Ei (malha 1);


b) – i1R + i2(2R – jXC) – i3R = 0 (malha 2); e
c) – i2R + i3(2R – jXC) = 0 (malha 3).

Para determinar a tensão de saída Eo precisamos conhecer o valor de i3. Esta corrente é de-
terminada resolvendo o sistema com três incógnitas usando, por exemplo, determinantes.
Assim:
i3 = Ei.R2/[R3 – 5R X2C + j(X3C – 6R2. XC)]

i3 = Eo/R

Eo/R = Ei.R2/[R3 – 5R X2C + j(X3C – 6R2. XC)]

Eo/Ei = R3/[R3 – 5R.X2C + j(X3C – 6R2. XC)] – função transferência.

Como a função de transferência deve ser um número real a parte imaginária deve ser nula.

X3C – 6R2.XC = 0
XC = 6R2 | XC/R = √6 | XC = R√6 | 1/2πfC = R√6

Então:
fo = 1/ 2πRC√6
Obs: para um sistema em que amplificador tenha uma impedância de saída tendendo a zero.
Nessa frequência:
Eo/Ei = R3/(R3 – 5R.X2C)
Como B = Eo/Ei e AB = 1

OSTENSIVO 1-26 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Então:
(Eo/Ei).A = 1 | Eo/Ei = 1/A
Então:
1/A = R3/(R3 – 5R.X2C)
A = (R3 – 5R.X2C)/ R3
Mas, XC = R√6, substituindo:

A = (R3 – 5R.( R√6)2/ R3 = R3 – 5R.R2.6/R3 = (R3 – 30R3)/R3


A = 1 – 30 | A = - 29 ou |A| = 29
Logo: B = 1/A ou B = |1/29|
Essa é a atenuação provocada pela malha, na frequência de oscilação.
Estes valores são constantes do circuito. Logo para que se faça o circuito oscilar o ganho do
amplificador terá que ser 29 para que o produto AB seja igual à unidade, obedecendo assim
o critério de "Barkhausen".

a) Oscilador de deslocamento de fase a FET - A configuração deste oscilador


implementado com FET está representada pelo circuito da fig. 1.18.
O circuito foi desenhado de forma que mostra claramente o amplificador e a malha de reali-
mentação.

Figura 1.18 - Oscilador de deslocamento de fase a FET


O circuito de polarização é feito pelos resistores R D e Rs . O capacitor Cs faz o bypass do
resistor de sourse. Os parâmetros do FET que influenciam na operação do oscilador são o r d
e o gm. Do estudo de amplificadores a FET sabemos que: A = gm.RL onde RL é o resultado
da associação paralela de RD e rd. Ou seja:

OSTENSIVO 1-27 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

RL = [(RD.rd)/RD+rd)]

Podemos considerar que a Zin do amplificador é infinita (carga ideal). Mas para isto ser ver-
dadeiro a frequência de operação tem que ser suficientemente baixa, para que as capacitân-
cias do FET não influenciem a Zin. Outra consideração que se faz necessária é que R L tem
que ser baixa se comparada com a impedância da malha de realimentação, para que o efeito
de carga seja evitado.
Exercício: Desejamos fazer um circuito oscilador para a frequência de 1KHz, usando um
FET cuja gm = 5000 S e rd = 40K. Para o circuito de realimentação os resistores serão de
10K. Determine o valor de C para a malha de realimentação e o valor de R D do amplificador
para que haja oscilação em 1KHz quando A > 29.
b) Oscilador de deslocamento de fase a TJB - Se um TJB for usado como elemento ativo
do estágio amplificador, a saída do circuito de realimentação será consideravelmente
carregada, pela baixa impedância de entrada (hie) do transistor. É claro, se usarmos estágios
ampificadores casadores de impedância e isoladores, corrigiremos o problema, mas, isto
encareceria o circuito e complicaria o projeto. Então, o ideal é trabalharmos com apenas um
estágio amplificador. Analisemos o circuito da fig. 1.19.

Figura 1.19 - Oscilador de deslocamento de fase a TJB

Nesta configuração, o sinal realimentado é acoplado através do resistor de realimentação R’


que está em série com a impedância de entrada (Zin) do estágio amplificador. Da análise AC
do circuito podemos concluir que:

OSTENSIVO 1-28 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

onde R é o valor de um dos resistores da malha de realimentação. Para que o produto AB >
1 é necessário que o ganho de corrente do transistor atenda ao seguinte requisito:

c) Oscilador por deslocamento de fase com AMP-OP - O circuito da fig. 1.20 representa
um oscilador por deslocamento de fase usando um Amp-Op como elemento ativo. A malha
de realimentação é formada por um circuito RC de três estágios que defasa do sinal da fo
em 180º e, como já sabemos, o ganho desta malha (B) é igual a 1/29. Se o Amp-Op produz
um ganho (Rf/Ri) maior que 29, o produto AB será maior que 1 e o circuito passará a oscilar
na freqüência determinada pela expressão:
fo = 1/ 2πRC√6

Figura 1.20 - Oscilador por deslocamento de fase com AMP-OP


1.3.2 - Oscilador com Ponte de Wien
Este oscilador é padrão para frequências na faixa de 5 Hz até 1 MHz. É quase sempre usado
em geradores de áudio comerciais e é geralmente preferido em outras aplicações de baixa
frequência.
Para fazermos a análise da operação deste tipo de oscilador e entendermos a sua operação,
antes vamos fazer uma revisão sobre rede de avanço e rede de atraso, que são circuitos que
atuam diretamente na fase do sinal de saída, em relação ao sinal de entrada.

OSTENSIVO 1-29 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

a) Circuito de atraso

Figura 1.21a Figura 1.21b

Analisando o circuito da fig. 1.21a sobre o aspecto do ganho do circuito que também é cha-
mado de função transferência, podemos dizer que:

Convertendo em magnitude temos que:

O ângulo de fase desta relação será

O sinal negativo na expressão do angulo , significa que a tensão de saída estará atrasada
em relação tensão de entrada, o que “bate” com os conceitos adquiridos quando estudamos
circuitos capacitivos. Isto está representado na fig. 1.21b, diagrama fasorial entre entrada e
saída. Este ângulo de fase de saída está na faixa de 0 a 90º em relação ao fasor de entrada.

b) Circuito de Avanço

Figura 1.22a Figura 1.22b

OSTENSIVO 1-30 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Da mesma forma:

O angulo de fase é dado por:

Neste caso o angulo de fase é positivo o que caracteriza uma rede de avanço, pois o sinal de
saída está adiantado em relação ao sinal de entrada como mostra o diagrama fasorial da fig.
1.22b.

c) Circuito de Avanço-atraso
O circuito de realimentação do oscilador com Ponte de Wien é formado por um circuito de
avanço-atraso:

Figura 1.23 - Circuito de Avanço-atraso

Figura 1.24 Figura 1.25 Figura 1.26

OSTENSIVO 1-31 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Analisando o circuito da fig. 1.23, verificamos que, se a frequência de operação for muito
baixa o capacitor C1 torna-se um circuito aberto e o sinal de saída cai a níveis muito baixos;
para as frequências muito altas, C2 aproxima-se de um curto circuito, e da mesma forma a
tensão de saída assume um valor, também, muito baixo. Se o valor da tensão de saída cair a
70% do valor da tensão de entrada, atingiremos o corte do circuito, o que é conhecido como
ponto de queda de 3 dBs.
Entre estes extremos, a tensão de saída atinge um valor máximo, fig. 1.24. A frequência des-
te ponto é chamada de frequência de operação ou frequência de ressonância do circuito, onde
o desvio de fase é 0º.
Verificando o gráfico fasorial representado pela fig. 1.25, podemos ver que em frequências
muito baixas o angulo de fase é positivo o que caracteriza o avanço. Em frequências muito
altas o angulo de fase é negativo, o que caracteriza o atraso. Entre estas frequências existe
uma em que a relação de fase é 0º. Esta é a frequência de ressonância. A fig. 1.26 mostra o
diagrama fasorial entre as tensões de entrada e saída. A extremidade do fasor pode estar em
qualquer ponto do circuito tracejado, por isso, o angulo de fase pode variar entre -90º e +90º.
Podemos afirmar então que o circuito da fig. 1.23 se comporta como um circuito ressonante
quando f = fr, a fração de realimentação, atinge um valor máximo de 1/3 e o angulo de fase é
de 0º. Acima ou abaixo de fr o ganho da malha B é menor que 1/3 e o angulo de fase não é
0º.

Frequência de ressonância para o circuito de Avanço-atraso.

A saída do circuito da fig. 1.23 é:

Simplificando a expressão de Vout, chegamos a:

Estas expressões produzem os gráficos das fig. 1.24 e 1.25.


OSTENSIVO 1-32 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

A equação de B, tem um valor máximo quando R = Xc, para esta condição, B = 1/3 e  = 0º.
Este resultado representa a fr do circuito de avanço-atraso. Como Xc = R, podemos dizer
que:
1/(2π frC) = R então: fr = 1/(2πRC)

1.3.3 - Operação do circuito oscilador


A fig. 1.27 mostra um oscilador Ponte de Wien. Notamos que o amplificador utiliza os dois
tipos de realimentação, a positiva e a negativa, pois há dois caminhos para a realimentação.
A entrada não inversora está ligada ao circuito ressonante e a entrada inversora recebe a rea-
limentação negativa, através de um divisor de tensão.

Figura 1.27a e 1.27b - Oscilador Ponte de Wien


Inicialmente Vf positiva > Vf negativa, isto ajuda a crescer o sinal do oscilador ao se estabe-
lecer as condições iniciais. Após o sinal de saída atingir a amplitude de operação do oscila-
dor, a realimentação negativa reduz o ganho para 1, pois ao se ligar o circuito, a lâmpada de
tungstênio tem baixa resistência, logo a Vf é pequena. Por isto, o ganho do ckt é maior que 1
e as oscilações podem crescer até que f = fr. À medida que a tensão de realimentação au-
menta, a lâmpada aquece e a resistência interna aumenta. No valor de Vout alto, a resistência
da lâmpada atinge o valor R’, o ganho de tensão da malha não inversora, cai. (Fig 1.27b)

OSTENSIVO 1-33 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Como o circuito de avanço-atraso tem o ganho de 1/3 para fr, o ganho de tensão da entrada
não inversora é maior que 3 ao se estabelecerem as condições iniciais de operação, logo o
AB>1. Conforme cresce a oscilação, a resistência da lâmpada cresce, quando R lampada = R’,
AB=1, então o oscilador fica estabilizado com
fr = 1/(2πRC)

NOTA: Desvio de fase do amplificador - A defasagem introduzida pelo circuito deve ser
de 0º. No Ponte de Wien, a fase será 0º quando as oscilações atingirem a uma fr = 1/(2RC).
Logo podemos ajustar a fr variando os valores de R ou C, considerando que a defasagem in-
troduzida pelo amplificador é 0º. Para que isto aconteça é necessário haver um compromisso
entre a fr e a frequência critica do amplificador (fc).

fc > fr

EXERCÍCIO:
Para o circuito abaixo determine:

Figura 1.28 - Oscilador Ponte de Wien

OSTENSIVO 1-34 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

1.4 - OSCILADORES A CRISTAL


1.4.1 - Conceitos básicos
Quando o fator determinante da qualidade do oscilador for a estabilidade de frequência, é
importante que a rede de realimentação seja constituída através de um cristal. Nos equipa-
mentos cuja frequência de transmissão ou de recepção é fixa, normalmente os osciladores
são controlados a cristal. O exemplo mais latente é o circuito clock de um computador, pois
toda a operação da CPU é executada através do que se conhece como ciclo de máquina, que
nada mais é que um pulso do clock. O clock é um oscilador, gerador de onda quadrada que,
mais a frente, conhecermos como multivibrador Astável.
Notamos que se houver uma pequena variação da frequência deste oscilador, o tempo do ci-
clo de máquina poderá ser alterado, logo, comprometida toda a operação da CPU e, logica-
mente, a operação de todo um sistema computacional. Para que não haja nenhuma alteração
na frequência de operação, o oscilador clock de todo o computador é controlado a cristal.

1.4.2 - Tipos de Cristais


Alguns cristais na natureza apresentam o que se chama de Efeito Piezoelétrico. As principais
substâncias são: quartzo, sais de rochelle e turmalina.

a) Sais de Rochelle - Maior atividade Piezoelétrica, vibram mais que outros, quando a eles é
aplicada uma tensão AC. Mecanicamente são mais frágeis. Muito utilizados em microfones,
toca discos, cabeçotes e alto-falantes.
b) Turmalina - Menor atividade Piezoelétrica, mais forte mecanicamente e de custo mais al-
to. Sua utilização é para frequências muito altas.
c) Quartzo - Compromisso entre a atividade Piezoelétrica dos sais e a rigidez mecânica da
turmalina, torna o custo baixo e é facilmente encontrado na natureza. Amplamente usado em
osciladores de RF e filtros.

OSTENSIVO 1-35 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

1.4.3 - Cortes no cristal

A fig. 1.29 mostra a forma natural de um cristal de quartzo.

Figura 1.29 - Cristal de quartzo

Para utilização, o cristal é cortado como uma fatia retangular com espessura ‘t’, como apre-
sentado na fig. 1.30.

Figura 1.30 - Fatia retangular do cristal.

Existem diversas maneiras de se executar o corte em um cristal: X, Y, XY ou AT. Cada tipo


de corte tem a sua propriedade piezoelétrica. Para conseguirmos mais informações sobre os
cortes devemos consultar os manuais dos fabricantes.
Para sua aplicação em eletrônica esta fatia é montada entre duas placas metálicas, fig.1.31.

Figura 1.31 - Montagem de uma fatia de cristal.

OSTENSIVO 1-36 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

A quantidade de vibração depende da frequência do sinal de entrada (fin). Ao variarmos a


fin, poderemos encontrar frequências em que as vibrações do cristal atingem um valor má-
ximo.

1.4.4 - Frequência fundamental e sobretons


Todo cristal é cortado para ter a maior vibração em uma frequência chamada de frequência
fundamental ou frequência mais baixa (f).
As frequências mais altas são múltiplos da fundamental conhecidos como sobretons = n f,
sendo “n” um número inteiro positivo. A frequência fundamental do cristal é:
fo = k/t

K – constante que depende do corte, anteriormente abordado


t – a espessura do cristal
Isto nos leva a imaginar que existe um limite para o sobreton, pois quanto menos espesso o
cristal, mais fácil de se romper. Os cristais de quartzo funcionam bem até 10 MHz. Para fre-
quências maiores são usados cristais de turmalina.

1.4.5 - Equivalente CA de um cristal


Um cristal visto por um fonte CA tem como equivalente elétrico o circuito mostrado na fig.
1.32.

Figura 1.32 - Equivalente elétrico de um cristal.

OSTENSIVO 1-37 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Quando o cristal está vibrando, comporta-se como um circuito sintonizado como mostra a
fig. 1.32. Dependendo do corte e espessura do cristal, os valores dos componentes equivalen-
tes podem variar. Como exemplo, um cristal pode ter as seguintes características:
L = 3 H, Cs = 0,05pF , R = 2 K e Cm =10 pF
Os cristais possuem valores de Q altíssimos. Para os valores acima podemos calcular um Q
acima de 3000, porém os cristais apresentam geralmente valores acima de 106. Estes altos
valores de Q determinam frequências estáveis nos osciladores.
Analise a expressão da fr exata:
2

fr 
1 Q
2 LC
2
1 Q

Comparados com um oscilador LC, notamos que os osciladores a cristal têm uma tolerância
na fr muito pequena.

1.4.6 - Ressonância série e ressonância paralela


Além do Q, L, Cs, R e Cm precisamos conhecer mais duas características do cristal. A pri-
meira, a “fS”, que é a frequência do ramo série. Nesta frequência a ressonância acontece en-
tre L e Cs (corrente de ramo) na fig. 1.32 e a sua expressão se reduz a:

fS = 1/ 2π√LCS

A segunda, a fP (ressonância paralela), a corrente em consideração é a corrente de malha


(loop), representada na fig. 1.32, que atinge o seu valor máximo. Como a capacitância total é
a associação série de Cs e Cm (Cloop), é expressa como:

Consequentemente, a frequência de ressonância paralela será:

fP = 1/(2π√LCLoop)

OSTENSIVO 1-38 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Considerando os valores de capacitância, veremos nas características do cristal que


Cm>>Cs, logo Cloop será ligeiramente menor que Cs (associação série de capacitores), logo,
podemos concluir que fP é ligeiramente maior que fS.
Como exercício verifique fS e fP para o cristal cujas características foram discriminadas ante-
riormente.
Isto quer dizer que quando usarmos um cristal num circuito equivalente, como o da fig. 1.33,
todas as capacitâncias adicionais do circuito aparecem em paralelo com Cm.

Fig. 1.33 - Circuito equivalente de um cristal.

Por isso a frequência de oscilação deverá estar entre fS e fP; estas fixam os limites inferior e
superior para a frequência do oscilador a cristal.

1.4.7 - Estabilidade do cristal


Todo oscilador tende a apresentar variações de frequência ao longo do tempo de operação.
Estas variações acontecem devido às condições climáticas, em termos de temperatura,
pressão atmosférica e umidade relativa e o próprio desgaste dos componentes por
envelhecimento. No cristal esta variação é muito pequena em termos 1 PPM por dia, sendo
muito aproveitada nos osciladores de relógios de pulso.
Quando se utiliza osciladores a cristal acondicionados em câmaras térmicas de precisão, com
condições climáticas controladas, a variação de freqüência do oscilador diminui para 1 em
1010 por dia. Em termos de padrão de tempo de freqüência significa que um relógio que usa
este padrão de variação levaria 300 anos para adiantar ou atrasar 1 segundo.

OSTENSIVO 1-39 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

1.4.8 - Tipos de osciladores a cristal


a) Oscilador a cristal Colpitts

Figura 1.34 - Oscilador a cristal Colpitts

O divisor de tensão formado por C1 e C2 produz a tensão de realimentação para o amplifica-


dor, da mesma maneira como acontece no circuito LC. A frequência de oscilação estará entre
a fS e a fP do cristal.

Figura 1.35 - Oscilador a cristal Colpitts

Nesta variação do circuito Colpitts a realimentação é aplicada ao emissor e não na base. Esta
variação permite que o oscilador opere em frequências mais altas.

OSTENSIVO 1-40 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

b) Oscilador a FET do tipo CLAPP

Figura 1.36 - Oscilador a Fet do tipo CLAPP

O oscilador do tipo “Clapp” é usado para melhorar ainda mais a estabilidade de frequência,
reduzindo sobremaneira o efeito das capacitâncias parasitas.

OSTENSIVO 1-41 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

CAPÍTULO 2
GERADORES DE ONDAS QUADRADAS

2.1 - CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ONDAS NÃO SENOIDAIS


Cada forma de onda não senoidal pode ser vista como a soma das amplitudes de ondas senoi-
dais espalhadas em uma banda de frequência. O espalhamento da banda depende da forma de
onda. Assim, o desenvolvimento de um sinal não senoidal através de um circuito linear é uma
função de espectro de frequência (espalhamento da banda) e das características do circuito.
No estudo da técnica de pulsos, consideramos a relação entre o sinal não senoidal e o espectro
de frequência da seguinte maneira: se (t) é uma função periódica de "t" com um período T e
(t) existe no período de 0 a T, então para qualquer forma de onda não senoidal teremos:

sendo que:


1 T
A0 = (t) dt
T 0

onde esta expressão representa o valor médio ou nível DC de qualquer sinal.


2 T
An = Cos nt dt
T
0
Esta expressão representa as amplitudes das harmônicas em Cos de uma frequência funda-
mental


2 T
Bn = Sen nt dt
T
0

representando as amplitudes das harmônicas em Sen de uma onda fundamental.

OSTENSIVO 2-1 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Também podemos afirmar que na expressão de (t), se (t) for par os termos Bn=0 e, se (t)
for ímpar, os termos An=0.
A expressão de (t) anteriormente mostrada é o que em matemática chamamos de série de
Fourier, que é um modelo matemático que transforma uma função que está no domínio do
tempo, para o domínio da frequência.

(t) no domínio do tempo (t) no domínio da frequência

Quando observamos um sinal complexo no domínio do tempo, com o auxílio do osciloscópio,


estaremos visualizando na tela da VRC o somatório instantâneo de todas as componentes se-
noidais que formam um sinal complexo. Se por outro lado, se desejarmos visualizar este sinal
no domínio da frequência, deveremos lançar mão do auxílio de um Analisador de Espectro.

Osciloscópio Analisador de Espectro

Podemos formar ondas não senoidais com elementos ativos como, TJB, válvulas ou CIs e com
elementos passivos como resistores e capacitores ou resistores e indutores. Estes circuitos res-
pondem expressões imediatas como integração e diferenciação.
Os sinais não senoidais ou complexos possuem uma infinidade de formas possíveis, porém as
mais amplamente usadas são: quadrada, dente de serra ou rampa e os pulsos ou impulsos.
OSTENSIVO 2-2 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

2.1.1 - Onda quadrada


Quando se aplica a série de Fourier em uma função chamada “degrau unitário”, verifica-se
que este sinal é formado pela composição de uma onda senoidal fundamental e todas as am-
plitudes das harmônicas ímpares em fase com esta onda fundamental, cujas amplitudes, logi-
camente, são menores.

2.1.2 - Onda dente de serra


Da mesma forma o sinal complexo da forma de rampa ou dente de serra é formado pelo so-
matório das amplitudes de uma onda fundamental com amplitudes das harmônicas pares e
ímpares em fase com a fundamental.

2.1.3 - Pulsos ou impulsos


A composição deste sinal complexo é feita pelo somatório das amplitudes senoidal funda-
mental e das amplitudes de todas as suas harmônicas ímpares defasadas de 180º da onda
fundamental, em relação ao harmônico ímpar anterior.

OSTENSIVO 2-3 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Nas representações que foram apresentadas, estão apenas representadas poucas harmônicas,
mas a série de Fourier apresenta o somatório infinito das amplitudes para que o sinal resul-
tante fique igual ao sinal, quando analisado matematicamente. As representações apresenta-
das mostram apenas uma aproximação grosseira.

2.2 - MULTIVIBRADORES
São circuitos eletrônicos que geram em sua saída um sinal complexo de onda quadrada. Os
circuitos multivibradores (Fig. 2.1) são formados por dois amplificadores polarizados no
mesmo POE (ponto de operação estática), com a saída do amplificador A1 acoplado à entrada
do amplificador A2. Podemos dizer que estes dois amplificadores são polarizados de forma
que operem no corte e na saturação. Com relação à estabilidade do estado de saída, estes po-
derão ser classificados como: Biestáveis, Monoestáveis ou Astáveis.

A1

A2

Figura 2.1 - Multivibrador

2.2.1 - Multivibrador Biestável


São circuitos que possuem duas posições de operação estáveis.
Par que este multivibrador faça a mudança do seu estado inicial, há a necessidade da ocor-
rência de uma excitação externa, para que o circuito saia da inércia. Para cada troca de esta-
do, um novo pulso externo deverá ser aplicado.

OSTENSIVO 2-4 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Representação em bloco Diagrama de estados


Figura 2.2 - Multivibrador Biestável

a) Diagrama temporal ("timming")

b) Aplicações para o Biestável


I) Célula básica das memórias S-RAM
II) Divisor de freqüência
III) Circuito de comutação
IV) Circuitos contadores e registros, etc...

OSTENSIVO 2-5 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

c) Circuito discreto

Figura 2.3 - Multivibrador Biestável

I) Condições iniciais - Ao se ligar o circuito, o transistor mais sensível aos sinais de ruídos
presentes no circuito conduzirá primeiro, provavelmente aquele que apresentar um  maior.
Estabelecida a condução de um dos TJBs, imediatamente o seu Vce cai, fazendo com que a
tensão de base do outro caia, elevando o seu Vce, que aumenta o Vb do transistor, que
começa a conduzir. Esta ação é cumulativa até que o transistor que conduziu primeiro atinja
a saturação, Vce=0 e o outro, o corte, Vce=Vcc.
Esta condição é estável pois o circuito, por meios próprios, jamais sairá desta condição.
Nesta condição um dos transistores terá o seu Vce=0, saída baixa, e o outro terá Vce=Vcc,
saída alta, como visto no diagrama de estados.
Ao se aplicar um pulso de disparo, note que um dos diodos estará polarizado diretamente e
conduzirá. Este diodo será o que está ligado à base do transistor que está cortado. Esta
condução do diodo, tirará momentaneamente o transistor do corte, o que provocará uma
nova ação cumulativa, o que resultará na troca do estado de saída.
II) Período do sinal de saída - O período do sinal de saída de um biestável é o dobro do
período do sinal de disparo, consequentemente, a sua freqüência será a metade.

OSTENSIVO 2-6 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

EXERCÍCIOS
1) Determine e represente as formas de onda do sinal de saída de um biestável cujo sinal de
disparo tem uma FRI (freqüência de repetição de impulsos) de 800 pps.

2) Sabendo-se que a freqüência do sinal de saída de um Biestável é uma FRI de 500Hz,


determine a TRI (tempo de repetição de impulsos) do sinal de disparo e represente as formas
de onda do sinal de saída do multivibrador e do sinal de disparo.

2.2.2 - Multivibrador Monoestável


São circuitos que podem operar em duas posições sendo uma instável e outra estável.
Ao se ligar o circuito a saída assume um nível lógico, o qual só será trocado com a
ocorrência de um sinal de disparo externo (como no Biestável). A troca do estado de saída é
momentanea e depende das constantes do circuito. Decorrido este tempo o circuito volta à
condição inicial, automaticamente:
A => Q=1 => Vout = Vcc
B = Q = 0 => Vout = 0V

disparo t=t
Q
t=t A B
Q

Representação em bloco Diagrama de estados

a) Diagrama temporal ("timming")

Figura 2.4 -Diagrama temporal ("timming")

OSTENSIVO 2-7 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

b) Aplicações
I) Regenerador ou restaurador de pulsos;
II) Circuito de retardo;
III) Circuito de disparo automático;
IV) Circuito temporizador em alarmes; e
V) Aplicações diversas em circuito digitais.

c) Circuito discreto

Figura 2.5 - Circuito discreto.


Note que na fig. 2.5, na forma em que o circuito está polarizado, garante-se que ao se estabe-
lecer as condições iniciais Q1 estará OFF e Q2 estará ON, o que nos coloca como estado es-
tável Q=0 e Q’=1.
Ao se aplicar o disparo com a polaridade correta, este pulso tirará momentaneamente Q2 do
estado ON, o que elevará o potencial de coletor, e fará com que a tensão de base de Q1 se e-
leve, fazendo com que este entre em saturação; quando Vce de Q1 vai a zero volt, a fonte
carrega C1 através de R3, fazendo a tensão de base de Q2 se elevar, até que a tensão no ca-
pacitor tire este transistor do corte, fazendo-o saturar, o que novamente o coloca na situação
anterior, ou seja, VceQ1=0 e VceQ2=1.
O período de instabilidade do circuito depende dos valores de R3 e C1 para o circuito, e de
uma constante que depende do tipo de componente a ele associado, ou seja: transistor, FET
ou CI. Para o caso do circuito discreto apresentado, o período de instabilidade será:
T = 0,69 R3C1
Genericamente, para o circuito transistorizado com TJB; T = 0,69 RC

OSTENSIVO 2-8 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

d) Ciclo de trabalho ("Duty Cicle")


O ciclo de trabalho é definido pela relação matemática abaixo:

DC% = TON/(TON + TOFF) x 100

O "Duty Cicle" ou ciclo de trabalho é uma característica do multivibrador Mono-estável


("One Shot") que não deve ser excedida, pois correremos o risco de o sinal de saída não ter a
duração para a qual o circuito foi projetado. Observe a figura abaixo:

ton é o tempo de instabilidade do One Shot, e toff é o tempo necessário para que o circuito
restabeleça as suas condições iniciais de operação. Logicamente se esta condição for excedi-
da, o circuito não poderá executar a sua função acertadamente. Para cada tipo de One Shot
(transistor, FET, AmpOp ou CI) haverá um DC correspondente. O DC limita a frequência de
repetição de impulso (FRI).
Atualmente com o advento dos circuitos integrados digitais esta característica está sendo
posta de lado pelos circuitos conhecidos como “Retrigáveis”, cujo DC é ilimitado. Como e-
xemplos, podemos citar o 74122 (Fig. 2.6) que é um One Shot Retrigável da família TTL e
o 4098 (Fig. 2.7) que é um Dual One Shot Retrigável, da família C-MOS.

Figura 2.6 - " one shot retrigável " (CI-74122)

OSTENSIVO 2-9 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Para se obter a temporização externamente, deve-se ligar um capacitor do pino 11 ao pino 13


e do pino 13 um resistor ao Vcc. “R” deve estar situado entre 5 e 25 K e C não deve ser
menor que 10pF.

e) 4098 – ("Dual retriggable one shot")

Figura 2.7 – “dual shot retrigável” (CI4098)

Para este CI da família C-MOS as características do pulso de disparo e do pulso de saída são
as seguintes:

Tout = RC

I) Duração do pulso de entrada: Tmin = 70 ns para Vdd = 5V


Tmin = 30 ns para Vdd = 10V
II) Duração do pulso de saída: Tmin = 550 ns para Vdd = 5V
Tmin = 330 ns para Vdd = 10V
Obs:
Podemos verificar que dependendo da alimentação teremos tempos diferentes.

EXERCÍCIOS
1) Sabendo-se que um “one shot” (Fig 2.5) está sendo disparado por um trem de impulsos
cuja FRI é de 1600 pps, e que os componentes determinadores do período de instabilida-
de são: R=10K e C = .02 F, faça um gráfico da forma de onda de saída, admitindo que
em condições iniciais de operação Q=0 e Q’=1.

OSTENSIVO 2-10 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

2) Para o exercício anterior, determine o DC do “one shot”.

2.2.3 - Multivibrador Astável ou circuito "clock"


São circuitos que operam com duas posições instáveis permanecendo determinados interva-
los de tempo em cada uma delas.
Este circuito é um oscilador, não depende de disparo externo, que gera um sinal de saída não
senoidal. Como as amplitudes do sinal de saída são constantes e os elementos amplificadores
operam em corte e saturação, o sinal de saída deste oscilador é uma onda muito próxima da
onda quadrada. A fig. 2.8 ilustra a operação do circuito Astável.

Figura 2.8 – Operação do Astável


a) Astável com elementos discretos

Figura 2.9 - Astável com elementos discretos

Analisando a operação do circuito da fig. 2.9 notamos que ao estabelecermos as condições


iniciais de operação, o transistor mais sensível aos ruídos presentes no circuito (maior Beta)
entrará no estado de condução. O transistor que começa a conduzir irá rapidamente à satura-
ção, levando o outro ao corte. O transistor saturado irá carregar o capacitor ligado ao seu co-
letor, em direção ao Vcc, através do seu resistor. Decorrido T = 5, a tensão do capacitor se-
rá tão alta que tirará o outro transistor do corte, levando-o à saturação. Esta variação será a-
coplada à base do transistor que inicialmente estava saturado, o que provocará o seu corte, e

OSTENSIVO 2-11 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

o processo se repete, agora na malha do outro transistor. Esta ação é cumulativa e estará se
repetindo enquanto o circuito estiver alimentado.
Normalmente os dois transistores estarão operando de modo que o DC (ciclo de trabalho) de
cada um seja de 50%. Neste caso teremos a simetria da forma de onda pois Ton=Toff. Se
por acaso o DC > 0,5, então Ton > Toff. Caso contrário, se DC < 0,5, então Ton < Toff.

Figura 2.10 – (“ duty cicle “)

Período do sinal de saída.


Para o circuito anteriormente analisado podemos dizer que:
Tq1 = 0,69 R2C1 e que Tq2 = 0,69 R3C2,
Logo podemos dizer que o período do sinal de saída é:

T = Tq1 + Tq2 => T = 0,69 (R2C1 + R3C2) => fo = 1/0,69(R2C1 + R3C2)

Isto para qualquer valor de DC

Para DC=0,5, ou seja, o sinal de saída é simétrico, logo:


Tq1 = Tq2 => 0,69 R2C1 = 0,69 R3C2 => R2 = R3 = R e C2 = C1 = C

T = 0,69 [ 2 (RC) ] => T = 1,38 RC => => fo = 1/1,38 RC

Exercício:
No circuito analisado considere R1=R2=30K e C1=C2=20 nF. Determine a frequência de
operação.

Varie o valor de R para DC=0,25

Altere o valor dos capacitores para um DC=0,75

OSTENSIVO 2-12 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

b) Astáveis com circuitos digitais


Podemos também construir oscilador a partir de circuitos integrados TTL ou C-MOS.
Quando a estabilidade de freqüência não é muito importante (áudio, por exemplo),
utilizamos osciladores RC. Se a estabilidade é um fator preponderante o controle da Fo deve
ser feito através de cristais.

Figura 2.11 - Astáveis com circuitos digitais


I) Operação do CKT
Estabelecidas as condições iniciais G2=H e G1=L. Esta polarização provocará a carga de C
através de R. Quando Vc > 0,5 Vcc, a tensão de saída de G2 passa para L (G2=L) e a de G1
passa para H (G1=H). Sabemos que Vc não se altera instantaneamente, a tensão na entrada
G2 aumenta mais ainda, o que realimenta ainda mais a mudança de estado de G2. O
capacitor carrega-se agora no sentido contrário. Quando a tensão de entrada voltar para 0,5
Vcc, a tensão de saída voltará novamente para H, logo, G2=L. Esta variação negativa é
acoplada à entrada de G2, reiniciando o processo. Veja o “timming” abaixo:

O período do sinal de saída é: T = 2,2 RC => fo = 1/2,2 RC


OSTENSIVO 2-13 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

Este oscilador apresenta a saída simétrica, ou seja, DC=0,5.


Em muitas aplicações necessita-se de um circuito oscilador assimétrico, ou seja, que Ton 
Toff
ou ainda DC  0,5.
A solução é fazer com que a carga do capacitor siga um caminho diferente da descarga.
c) - Oscilador digital com saída assimétrica

Figura 2.12 - Oscilador digital com saída assimétrica


Quando a saída G2 é alta a carga de C é feita através do paralelo entre R1 e R2, pois D1 está
conduzindo. Mas na descarga a corrente inverte e o diodo corta, o que faz com que o
caminho de descarga do capacitor se faça apenas através de R2. Se invertermos o diodo a
ação será ao contrário.

TLO = 1,1 (R1//R2)C e THI = 1,1 R2C fo = 1/(TLO + THI)

d) - Oscilador digital controlado a cristal


Usando o CI 4001 (Fig. 2.13), a gate G1 opera como amplificador e G2 como “buffer”
(isolador). A Fo é determinada pela freqüência do cristal, C2 permite um pequeno ajuste em
torno de 1KHz em 1 MHz. R1 e C1 permitem a rotação de fase adequada no elo de
realimentação.

Figura 2.13 - Oscilador digital controlado a cristal


OSTENSIVO 2-14 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

2.3 - TEMPORIZADOR (TIMMER) 555


Este CI associa dois comparadores, um FF-RS e um transistor de descarga. Este conjunto é
muito versátil e é um padrão industrial.
2.3.1 - Circuito temporizador básico
O circuito da fig. 2.14 representa o diagrama esquemático de um circuito temporizador
básico formado por um comparador, um Flip Flop e um transistor de descarga.

Figura 2.14 - Circuito temporizador básico

Admitindo que Q=HI. Logo, o transistor de descarga está saturado, o que faz a tensão do
capacitor C se igualar a 0V. A tensão da entrada não inversora do AmpOp é chamada de
“tensão de limiar” e a tensão de entrada inversora é chamada de “tensão de controle”. Com
Q=HI e o transistor saturado, a tensão de limiar é mantida em 0V. A tensão de controle é
fixada em 10V.
Aplicando uma tensão HI em R, a saída Q=LO, isto faz o transistor cortar, o que acarreta a
carga no capacitor através de R. Conforme o capacitor aumenta sua carga a tensão de limiar
cresce na mesma proporção. Quando a tensão de limiar for levemente maior que a tensão de
controle, a saída do AmpOp [(Vout = (Vin1 – Vin2) A)] torna-se HI fazendo com que Q=HI,
saturando o transistor e fazendo com que a tensão no capacitor caia rapidamente. Vide a
forma de onda representada na fig. 2.14.

2.3.2 - Diagrama em bloco do 555


A fig. 2.15 representa o diagrama em blocos do circuito simplificado do timmer 555, que é
um CI de 8 pinos cujo fabricante é a Signétics.

OSTENSIVO 2-15 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 2.15 - Diagrama em bloco do 555

O comparador superior tem uma entrada de tensão de limiar (pino 6) e uma entrada de tensão
de controle (pino 5), normalmente a entrada de controle não é utilizada de modo que a tensão
de controle é igual a 2/3 Vcc. Sempre que a tensão de limiar exceder à tensão de controle a
saída do comparador ativa o flip flop. O transistor de descarga está ligado ao pino 7.
Quando a este pino é ligado um capacitor de descarga, toda vez que Q=HI, satura o transistor
e descarrega o capacitor. Quando Q=L, o transistor entra no corte e o capacitor pode ser
carregado. A saída do dispositivo está ligado ao pino 3. O pino 4 tem a função de desativar o
dispositivo toda vez que a ele for aplicado um nível de tensão LO. Para liberar a operação,
conecta-se o pino 4 ao pino de alimentação 8.

O comparador inferior, tem na sua entrada invertida (pino 2) o potencial de disparo


(“trigger”). Devido ao divisor resistivo, a entrada não inversora tem um potencial fixo de
Vcc/3. Quando a tensão de disparo se torna ligeiramente menor que Vcc/3, a saída do
AmpOp se torna HI e desativa o flip flop, ou seja Q=LO. Finalmente o pino 1 é a referencia
(GND) e o pino 8 é o pino de alimentação, que pode ser ligado a tensões de 4,5 a 16 V.

OSTENSIVO 2-16 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

2.3.3 - Operação Monoestável


A fig. 2.16 mostra o timmer 555 conectado numa configuração Monoestável (one shot).

Figura 2.16 - Operação Monoestável

Quando a entrada de disparo é ligeiramente menor que Vcc/3, o comparador tem uma saída
alta e desativa o flip flop, cortando o transistor e permitindo que o capacitor se carregue.
Quando a tensão do capacitor é ligeiramente maior que 2/3 Vcc o comparador superior tem
uma saída HI que faz Q=HI; o transistor satura, descarregando rapidamente o capacitor. A
fig. 2.17 mostra o diagrama temporal do circuito.

Figura 2.17 - Diagrama temporal

OSTENSIVO 2-17 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

O capacitor se carrega através de R. Quanto maior a constante de tempo, maior é o tempo


para que Vc = 2Vcc/3, logo RC controla a largura do pulso de saída:

T = 1,1 RC
Normalmente o 555 não é mostrado com suas conexões internas e sim como um bloco único,
apenas mostrando a pinagem do CI. Por isso é importante guardarmos a função de cada pino
deste CI, pois sua aplicação é cada vez mais comum em todos os circuitos que envolvam
temporização de sistemas.
Note que existe um capacitor de pequeno valor ligado do pino 5 ao potencial de terra. Este
capacitor faz a filtragem do ruído da tensão de controle. Lembre-se que um pulso baixo (LO)
no pino 4 desativa o flip flop, logo deveremos ligá-lo para Vcc para evitar disparos
aleatórios. A fig. 2.18 mostra um Monoestável (one shot) com o 555 representado em um
circuito reduzido.

Figura 2.18 - Monoestável com 555

Este CI tem um DC de aproximadamente 80%, em sua operação Monoestável.


Resumindo, nesta configuração o 555 produz um pulso único cuja duração depende dos
valores de RC, e este pulso é gerado a partir da aresta de descida do pulso de disparo.

2.3.4 - Operação Astável (oscilador)


A fig. 2.19 mostra como devemos ligar os pinos do 555 para que este gere uma onda
quadrada de período T e freqüência F em sua saída.

OSTENSIVO 2-18 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 2.19 - Operação Astável ( oscilador )


Neste tipo de ligação notamos que o caminho de carga do capacitor é um resistor formado
por RA + RB, e o caminho de descarga é apenas RB. Como o tempo de carga é maior que o
tempo de descarga, teremos uma operação assimétrica do circuito, pois o estado HI é maior
que o estado LO. Como :

DC = TON/(TON + TOFF)

Dependendo dos valores de RA e RB o DC poderá variar entre 50 e 100%.

O ciclo de trabalho em função dos dois resistores fica:

DC% = (RA + RB)/(RA + 2RB) X 100

Se RA << RB -> DC = 50%

fo = 1,44/(RA +2RB) C

OSTENSIVO 2-19 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

A fig. 2.20 mostra o diagrama simplificado do oscilador 555 e as formas de onda resultantes.

Figura 2.20 - Diagrama simplificado do 555

2.4 - DISPARADOR SCHIMITT


Este circuito é muito usado como restaurador de formas de onda, tendo em vista uma
característica especial que este circuito tem chamada “histerese”. A fig. 2.21 ilustra o circuito
do Disparador Schimitt com componentes discretos e mostra também formas de onda de
entrada e saída que esclarecem o seu funcionamento

Figura 2.21 - Disparador Schimitt


Estabelecidas as condições iniciais, Q1=OFF e Q2=ON. Quando Vin atinge UTP (Upper
Trigger Potential), Q1 -> ON e a realimentação do circuito faz Q2 -> OFF, a tensão de saída
assume o valor Vcc. Quando Vi diminui, até atingir o valor LTP (Lower Trigger Potential),
Q1 -> OFF e Q2 -> ON, de modo que a tensão de saída assume um valor próximo de Ve.

OSTENSIVO 2-20 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Este circuito é projetado de forma que UTP  LTP a diferença entre estes dois potenciais
(UTP - LTP) é conhecida como histerese do circuito, por analogia ao que acontece no
fenômeno da magnetização do ferro. A fig. 2.22 ilustra a curva de transferencia Vout = f
(Vin), para um Disparador Schimitt.

PGI = LTP e PGS = UTP


Figura 2.22 - Curva de transferência

Uma das características inerentes ao Disparador Schimitt é a maior imunidade ao ruído, de


corrente da histerese. Observando a fig. 2.22, vemos que, uma vez a tensão de entrada tenha
atingido UTP (Upper Trigger Potential) a saída se manterá HI, mesmo que haja um ruído
superposto à forma de onda, desde que a amplitude deste ruído seja menor que a histerese
(UTP - LTP). Do mesmo modo uma vez que a tensão de entrada tenha atingido LTP, a saída
se manterá em LO, ignorando um ruído de amplitude menor que a histerese do circuito.
Num circuito digital as entradas devem possuir tempos de subida e descida relativamente
curtos. Caso contrário, o circuito pode ficar instável, devido aos transistores internos ao CI
ficarem muito tempo na região ativa, e elementos que respondem a transição do sinal de
entrada (Edge Sensitive) podem deixar de operar. A realimentação positiva existente no
Disparador Schimitt permite converter variações lentas na entrada em transições rápidas na
saída, conforme foi ilustrado na análise do circuito discreto. Assim, o Disparador Schimitt é
indicado para interfaceamento entre sinais de variação lenta e circuitos lógicos.

2.4.1 - Circuitos disparadores schimitt usando CIs TTL ou CMOS


A fig. 2.23, mostra dois Disparadores Schimitt construídos com portas lógicas TTL e
CMOS, indicando também os pontos de gatilhamento correspondentes:
OSTENSIVO 2-21 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

Circuitos TTL Circuito CMOS

Figura 2.23 - Circuitos Disparadores Schimitt usando CIs TTL ou CMOS

No CI 7404 - TTL
UTP = 0,95 V e LTP = 0,7 V

No CI 40 50 - CMOS

UTP = (Vcc/2) . [1 + (RI/RH)]


LTP = (Vcc/2) . [1 – (RI/RH)]

No circuito TTL, é necessário que o sinal de entrada provenha de uma fonte de baixa
impedância de saída. No circuito CMOS a impedância da fonte está limitada ao valor de
RI.( Fig. 2.23)
Apesar dos circuitos anteriores operarem relativamente bem dentro dos limites impostos, é
mais conveniente usarmos circuitos Schimitt Trigger já disponíveis na forma de CIs. Na
série TTL encontramos o 7413 que é um Dual Nand Gate four Input Schimitt Trigger ou o
7414 que é um Hex inverter Schimitt Trigger. Em ambos os casos LTP=0,9V e UTP=1,7V
com histerese de 0,8V.

Na série CMOS, podemos citar o 4093 que é um Quad Two input Nand Gate Schimitt
Trigger. Neste circuito teremos duas faixas de histerese.
Para alimentação de 5V : LTP = 2,3V e UTP = 2,9V e histerese de 0,6V
Para alimentação de 10V: LTP = 3,9V e UTP = 5,9V e histerese de 2,0V.

OSTENSIVO 2-22 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

A impedância de entrada é praticamente infinita.


A utilização dos disparadores Schimitt digitais alcança melhores resultados em termos de
velocidade e impedância de entrada, dispensando o uso de resistores externos, sendo porisso
preferível aos circuitos discretos.

OSTENSIVO 2-23 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

CAPÍTULO 3
CIRCUITOS GERADORES DE PULSOS

3.1 – OSCILADORES DE BLOQUEIO


3.1.1 - Oscilador de bloqueio livre(bloqueio astável)
Este tipo de oscilador é usado quando se quer prover um sistema de um pulso de
sincronismo entre seus diversos equipamentos. É capaz de gerar impulsos de duração muito
curta e com alta amplitude.

Figura 3.1 - Oscilador de bloqueio livre

No circuito da fig. 3.1 quando é aplicada a alimentação ao coletor do transistor, este começa
a conduzir, fluindo uma corrente de coletor através dos terminais 3 e 4 do transformador de
pulsos, o que provoca o aparecimento de um campo magnético que ali se desenvolve,
induzindo uma tensão nos outros dois enrolamentos. Isto faz com que no terminal 1 apareça
uma tensão positiva, que é acoplada através de Cf para a base de Q1, saturando-o, o mesmo
ocorrendo com relação ao terminal 5 do transformador.
Analisando o circuito podemos deduzir que a constante de tempo de carga de Cf é muito
pequena, por que se faz através da junção base-emissor de Q1, que está diretamente
polarizada. Quando o transistor atinge a saturação plena e sua corrente se torna constante,
deixa de existir a tensão induzida, pois o campo magnético do transformador começa a
diminuir (Lei de Lenz Em = - L . i/t). Não havendo mais aumento na carga de Cf este
começa a descarregar, agora, por outro caminho, através de Rf. A descarga do capacitor
torna a base negativa, o que faz o transistor ir ao corte. Esta descarga é feita de forma lenta
devido ao valor de Rf ser muito maior que a resistência de base do transistor. Quando a
tensão no capacitor atingir um valor que tire a polarização reversa da base, um novo ciclo se
reinicia.

OSTENSIVO 3-1 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

A fig. 3.2 mostra a forma de onda resultante da operação do oscilador de bloqueio.

Figura 3.2 - Forma de onda do oscilador de bloqueio livre


3.1.2 - Oscilador de bloqueio disparado(monoestável de bloqueio)
A fig. 3.3 mostra o diagrama esquemático de um oscilador de bloqueio do tipo monoestável,
ou seja, para que gere o pulso de saída é necessário que haja um pulso de disparo aplicado à
base do amplificador, que pode ser um TJB ou um FET.

Figura 3.3 - Oscilador de bloqueio disparado

Note que a diferença entre o oscilador de bloqueio livre e o monoestável é que, no livre, a
polarização de base é feita de modo que o amplificador esteja operando em sua região ativa,
ou seja, em Classe A ou AB. No monoestável, a polarização é feita de maneira a operar em
Classe B.
No circuito da fig. 3.3 o transformador fornece a realimentação positiva para desestabilizar o
amplificador e ao mesmo tempo acopla o sinal de saída. O capacitor Cf acopla o sinal de

OSTENSIVO 3-2 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

realimentação enquanto o capacitor Cc acopla o sinal de disparo para o oscilador. O resistor


Rb polariza a base. Ao aplicarmos o pulso indicado à base do transistor, o transistor conduz,
fazendo com que exista o campo magnético em 3 e 4 do transformador, induzindo em 1 e 2
uma tensão de polaridade oposta, fazendo com que a condução aumente até a saturação do
transistor. Crescendo a variação da corrente de coletor, cresce a realimentação, logo a fonte
de polarização corta o transistor. Quando Ic=0, cessa o campo magnético em 1 e 2, isto induz
em 3 e 4 uma tensão reversa, a qual será maior que Vcc. Esta tensão pode exceder à tensão
de ruptura do transistor.
O tempo em que o transistor conduz na saturação, cria um efeito indesejado que é o
armazenamento de portadores minoritários. A fig. 3.4 mostra um ciclo de saída para um
oscilador de bloqueio disparado.

Figura 3.4 - Ciclo de saída para o osc. de bloqueio

3.2 - GERADOR DENTE DE SERRA (GDS)

É comum em sistemas eletrônicos a necessidade de sinais cuja variação da amplitude, em de-


terminados intervalos, seja proporcional ao tempo. Uma das aplicações mais comuns dos GDS
é na implementação de geradores de varreduras, para osciloscópios, radares ou aparelhos de
TV. Mas também podem ter outras aplicações como, na determinação da largura de pulsos, na
construção de conversores A/D, na construção de subsistemas de amostragem, na determina-
ção de pequenos intervalos de tempo, no delineamento de voltímetros digitais, etc...
Vamos tomar como exemplo a visualização de uma f (t) periódica na tela de um osciloscópio.
Vamos considerar que esta f (t) foi aplicada no amplificador vertical, de modo que os deslo-
camentos verticais na tela sejam proporcionais à f (t). Para criarmos na direção horizontal da
tela um eixo de tempo, temos que aplicar no amplificador horizontal um sinal que cresça line-
armente com o tempo, de acordo com a fig. 3.5.

OSTENSIVO 3-3 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 3.5 - Eixo de tempo horizontal

Assim procedendo temos deslocamentos horizontais na tela proporcionais ao tempo, e desta


forma um “eixo de tempo”.
Na prática, não basta ter um eixo de tempo na horizontal e um deslocamento proporcional à f
(t) na vertical, para termos, na tela, a forma de onda do sinal.
Também se faz necessário que o período T1 do sinal dente de serra fig. 3.5, seja um múltiplo
inteiro do período T da função f (t). Se esta condição não for satisfeita a correspondência entre
os eixos de tempo e os valores de f (t) na vertical não será unívoca e, fixando o valor de f (t), a
cada período da varredura, em uma posição diferente no eixo horizontal. O resultado disto é
que a forma de onda não se fixa na tela do osciloscópio. O processo de fixar-se o período de
varredura horizontal, de tal modo que este seja um múltiplo inteiro do período de f (t) apli-
cado ao eixo vertical, é denominado de sincronização do sinal de varredura.
Consideremos um sinal de varredura sincronizado de tal forma que o seu período T1 seja 3
vezes mais que o período T do sinal vertical. Dentro do período T1, a partir do ponto em que a
tensão de varredura tem o valor 0V, podemos afirmar que: V = Kt, onde K é uma constante
que depende do gerador linear de varredura. Considerando a deflexão unitária do feixe de elé-
trons na VRC, no sentido horizontal da esquerda para a direita de A, e que a sua unidade será
dada em cm/V, a deflexão total em um dado instante dentro do intervalo T1 será:

D = A. Kt
Nesta relação, se fizermos AK=1 teremos a escala horizontal do osciloscópio diretamente ca-
librada no tempo. Nos osciloscópios mais modernos, nesta escala horizontal, o produto AK é
dado desde cm/s até cm/ns.
Com o eixo horizontal calibrado em tempo e a deflexão vertical proporcional à f (t), se a per-
sistência luminosa da tela for suficiente, a forma de onda de f (t) aparecerá na tela, como por
exemplo T1= 3T, teremos 3 ciclos de f (t).

OSTENSIVO 3-4 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

3.2.1 – Geradores Dente de Serra de Tensão

3.2.1.1 - Gerador de rampa


Uma rampa se caracteriza por ter uma taxa de variação da tensão ou corrente constante
em relação ao tempo. Quando se carrega um capacitor através de um resistor, gera-se no
capacitor uma forma de onda aproximada a uma rampa. Mas a carga em um capacitor
não tem uma taxa de crescimento constante, e sim acompanha as variações determinadas
pela exponencial  -t/RC. O trabalho do gerador de rampa é corrigir as variações da tensão
no capacitor.(Fig. 3.6)

Figura 3.6 - Carga no capacitor x saída no gerador de rampa

O circuito da fig. 3.7 representa um gerador de rampa a partir de um one shot 555

Figura 3.7 - Gerador de rampa


OSTENSIVO 3-5 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

A idéia é substituir o resistor por uma fonte de corrente constante, para que o capacitor se
carregue através dela. Para o transistor do circuito teremos:

Vcc  Ve
Ic 
Re

por exemplo, se Vcc= 15V, Re=20K, R1=5K, R2=10K e Vbe=0,7V, então:

15V  10,7
Ve=10V + 0,7V = 10,7V ; Ic  = Ic = 0,215 mA
20 K

Quando o “timmer” recebe um pulso de disparo (Vin) (Fig. 3.8), a fonte de corrente força
a passagem de uma corrente de carga constante pelo capacitor, portanto a tensão de carga
do capacitor é uma rampa (Vout) e a inclinação da rampa é dada por:

Ic
S 
C

Figura 3.8 – Saída x entrada no gerador de rampa.

“S” é uma unidade que mostra qual a variação da tensão em relação ao tempo. Se a cor-
rente da fonte for de 215 mA e a capacitância de 22F, a rampa terá uma inclinação de :
S = I / C = 215 mA / 22 uF = 9,77 V / ms

OSTENSIVO 3-6 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

3.2.1.2 - Circuitos básicos de varredura linear (GDS linear)


Analisando o circuito da fig. 3.9 verificamos que com ‘S’ aberta o capacitor se carrega a-
través de R segundo a expressão Vc=Va (1 - e-t/RC), até o valor da fonte Vcc. Quando a
chave se fecha, este se descarrega instantaneamente através de S.

Figura 3.9 ( GDS )


Sabemos que um transistor pode funcionar como chave quando passa da saturação ao cor-
te e depois do corte à saturação. Substituindo a chave pelo transistor, temos o circuito da
fig. 3.10.

Figura 3.10 - GDS com transistor

Se aplicarmos na entrada um pulso de largura , se R1C1 >> , o transistor é levado ao


corte por um período de tempo , permitindo a carga de C através de R2, durante este in-
tervalo. Para que o circuito apresente uma linearidade aceitável, é necessário usar um Vcc
elevado que nem sempre é compatível com as características do transistor.

OSTENSIVO 3-7 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

O problema pode ser contornado se, ao invés de usarmos como carga do coletor do tran-
sistor de saída um elemento passivo (R2 no circuito anterior), ligarmos o coletor ao Vcc
através de uma fonte de corrente constante, como mostra o circuito da fig. 3.11

Figura 3.11- GDS com fonte de corrente constante


Como a corrente de carga do capacitor é forçadamente mantida por ação da fonte, cons-
tante, podemos dizer que a tensão υ(t) é determinada pela expressão abaixo:


1
υ(t) = I dt
C2

I
resolvendo a integral temos: υ(t) = t
C2

Ao examinarmos a relação matemática acima, chegamos à conclusão que Vout independe


da tensão de alimentação. Se o transistor for de silício, a corrente ‘I’ é determinada:

I = (Vz – 0,6)/R2

onde Vz é a tensão de avalanche do diodo zener.


Note que a fonte de corrente se manterá constante enquanto o transistor Q1 estiver ope-
rando em sua região ativa, ou seja enquanto a tensão de saída (Vout) não atingir o valor
Vout = Vcc - Vz. Assim podemos dizer que a fonte de corrente constante opera da se-

OSTENSIVO 3-8 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

guinte maneira: Q1 é um seguidor de emissor aplicando sobre R2 a tensão Vz - 0,6V,


produzindo a corrente Ic2 de valor especificado pela expressão abaixo:

Ie = ( Vz – 0,6)/R2

Nos transistores podemos dizer que Ic = Ie, então afirmamos que a corrente de coletor é:
Ic  (Vz – 0,6)/R2
Esta relação determina a corrente de carga do capacitor, logo podemos dizer que:

(Vz – 0,6)/R2 = ( I/C2) t


3.2.1.3 - Geradores dente de serra lineares que utilizam amplificadores
Existem circuitos nos quais se obtem boa linearidade da amplitude do sinal de saída com
o tempo usando-se amplificadores lineares e, desse modo, eliminando-se a necessidade de
tensões de alimentação + Vcc muito elevadas. De um modo geral, podemos dividir esses
circuitos em duas categorias, dependendo da forma como o amplificador é conectado.
Como exemplo do primeiro caso, vamos admitir que dispomos de um amplificador com
ganho A muito elevado, impedância de entrada infinita e impedância de saída igual a 0.
Vamos admitir que esse amplificador seja conectado ao circuito, como mostra o esquema
da fig. 3.12. Sendo o ganho do amplificador muito elevado e o valor máximo da tensão
Vs de saída prefixado, o valor máximo Ve é muito pequeno, quando comparado com a
tensão Vcc, de modo que a corrente I através do resistor R é praticamente constante igual
a:

I = Vcc/R (I1)

Por outro lado, tendo em vista que a impedância de entrada do amplificador é muito
elevada, temos que a corrente I fluirá para o capacitor C. Desse modo I ≈ -ic. Sendo
constante a corrente que flui para o capacitor C, a tensão entre seus terminais cresce
linearmente com o tempo. A tensão entre os terminais do capacitor C pode ser dada por:

Vc = Vs – Ve = -AVe – Ve = - Ve(A + 1) (I2)

Por outro lado a corrente Ic pode ser dada por:

OSTENSIVO 3-9 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Ic = C( dVc/dt) = - C(A +1) (dVe/dt) (I3)

Figura 3.12 – Diagrama em bloco do GDS Linear de Miller

Mas, por outro lado, tendo em vista que I = -ic, a partir da relação Ic = C( dVc/dt) = -
C(A +1) (dVe/dt), podemos escrever que:

I = C(A + 1) (dVe/dt) (I4)

Por outro lado, tendo em vista a relação I = Vcc/R, podemos concluir que:

Ve = (Vcc.t)/RC(A +1) (I5)

Então a tensão de saída é dada por:

Vs = - A/(A + 1) . (Vcc/RC).t (I6)

Nessas condições, podemos observar que tudo se passa como se dispuséssemos de uma
tensão Vcc multiplicada pelo ganho do amplificador e um resistor (A + 1) vezes maior
que o resistor R.

Como segundo caso, vamos adimitir que dispomos de um quadripolo cujo ganho A é tão
proximo de 1 quanto possível e que tenhamos, também nesse caso, impedância de entrada
praticamente infinita e impedância de saída praticamente igual a 0. Reportando-nos ao
diagrama em blocos delineado na fig. 3.13, temos esquematizado um gerador linear de
varredura denominado de Bootstrap usando um amplificador desse tipo.

OSTENSIVO 3-10 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 3.13 – diagrama em blocos de um GDS linear Bootstrap

A operação desse segundo tipo de gerador de varredura pode-se resumir no seguinte:


enquanto a chave está fechada, a tensão de entrada Ve e a tensão de saída Vs são iguais a
0. A tensão do ponto B em relação à terra pode ser calculada pelo teorema equivalente
Thévénin, e é dada por:

VB = (R1/(R1 + RD)).Vcc (I7)

A tensão VB, durante o período que a chave de entrada está fechada, é igual à tensão
presente nos terminais do capacitor C2. Esse capacitor tem normalmente um valor muito
elevado, de modo a manter com grande precisão a tensão entre seus terminais durante o
período de duração da tensão de varredura. Vamos supor que abrimos agora a chave de
entrada. O capacitor C1 de entrada começa então a receber cargas através do resistor R1
e, desse modo, a tensão entre seus terminais Ve começa a aumentar de valor. Como o
ganho de tensão é praticamente igual a 1, a tensão de saída Ve tende a acompanhar
exatamente o valor da amplitude da tensão de entrada. Por outro lado, como o capacitor
C2 tem valor elevado, o aumento da tensão Vs se transfere através desse capacitor para o
ponto B. O resultado de tudo isso é que a tensão do ponto B aumenta de valor, da mesma
forma que aumenta de valor a tensão do ponto A. Temos assim uma queda de tensão
constante através do resistor R1 e, assim, uma corrente I constante circulando pelo
mesmo. Essa corrente pode ser dada por:

I = Vcc/(R1 + RD) (I8)

OSTENSIVO 3-11 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Ora, o capacitor C1 recebendo cargas através de uma corrente I constante tem a tensão Ve
entre seus terminais, dada por:

υe = 1/C ∫ I dt (I9)

Então:

Vs = Ve = (Vcc.t)/( R1 + RD).C (I10)

Podemos observar que, tanto no primeiro caso de uso de amplificador como no caso atual,
consideramos especificações e condições ideais que são muito difícies de ser preenchidas,
na prática. Vamos, nas duas subseções seguintes, usando os princípios expostos nesta
introdução, implementar, em termos de circuitos, os geradores de varredura linear tipo
Miller e tipo Bootstrap.

3.2.1.3.1 – Circuito do gerador dente de serra linear de Miller

Este tipo de circuito necessita de um amplificador de ganho elevado, impedância de en-


trada tendendo a infinito e impedância de saída praticamente zero. Este circuito será
analisado usando como modelo o circuito representado na figura 3.14.

Figura 3.14 - Gerador dente de serra linear de Miller

OSTENSIVO 3-12 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Q2 atua como uma chave de entrada. A polarização é feita de forma que estabelecidas as
condições iniciais, este transistor estará saturado. Será levado ao corte, se aplicarmos à
sua entrada um pulso negativo de tensão, logicamente satisfazendo a condição de que
R1C1 >> , sendo “” a largura máxima do pulso de entrada. Saturado Q2, a tensão entre
o ponto A e terra é de  0,3V, então a tensão de carga do capacitor C2, inicialmente
será de Vcc - 0,3V sendo 0,3V = Vce de saturação de Q2. Aplicado o pulso de en-
trada, Q2 irá ao corte e a tensão do ponto A para terra passa de 0,3V para 0,6V, ponto
em que Q1 passa a conduzir.

Figura 3.15 - Circuito Equivalente quando Q2 no corte

Estudando o circuito equivalente da fig. 3.15, chamamos de Icb01 a corrente de fuga co-
letor-base, emissor aberto. A corrente de base do transistor Q1 pode ser dada por:

-ib – iC2 – Icb01 + IR2 = 0 (M1)


Ou ib = iR2 – iC2 – Icb02

Tendo em vista o nó no ponto B:

iCQ1 = iC2 + IRC (M2)


Lembrando da relação que existe entre a corrente de base e coletor:

OSTENSIVO 3-13 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

iCQ1 = ᵦFIb + (ᵦF + 1)Icb01 (Ebers-Moll) (M3)

Sendo VBE constante:


iR2 = (Vcc – 0,6)/R2 (M4)

No ponto B podemos aproximadamente dado:


VB = 0,6 + VC2 (M5)

Assim:
iRC = Vcc – (0,6 + VC)/RC (M6)

A tensão através dos terminais do capacitor C2, tendo em vista (M2) e (M3):

Ib = (1/ ᵦF)[ iC2 – ((0,6 + VC2)/RC) – (ᵦF + 1)Icb01 + Vcc/RC] (M7)

De posse de (M7) e (M3), vamos substituir em (M1):

- (iC2/ᵦF) – IC2 – (Vcc/ᵦFRC) + [(0,6 + VC2)/ᵦFRC] + [(ᵦF + 1)/ᵦF](Icb01 – Icb02) + (Vcc – 0,6)/R2 = 0 (M8)

Por outro lado:


iC2 = - C2 dVC/dt (M9)
substituindo em (M8):

Vc + (ᵦF + 1)C2RC (dVC2/dt)  (Vcc – 0,6) – [ᵦF RC(Vcc – 0,6)/R2] + (Icb01 – Icb02) (M10)

Da relação anterior podemos tirar as seguintes conclusões:

A tensão do C2 deve cair linearmente de modo que a o termo negativo do segundo


membro da (M10) deve ser muito maior que os demais. Isso indica que é interessante
fazer o valor do R2 da mesma ordem de grandeza do RC. Podemos concluir, também,
tendo em vista que as componentes devidas às correntes de fuga Icb0 são relativamente
elevadas, que a constante de proporcionalidade tensão-tempo pode ser afetada de modo
considerável pela temperatura.

Admitindo ᵦF muito elevado, as Icbo desprezíveis e fazendo RC = R2:

OSTENSIVO 3-14 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

VC = Vcc – 0,3 – [ᵦF(Vcc – 0,6) + 0,3]{1 – exp[-t/(ᵦF + 1)RC.C2]} (M11)

Evidentemente, quando a tensão VC atinge – 0,3V, o transistor Q1 entra em saturação,


deixando de serem válidas as relações deduzidas acima. O tempo que VC leva para atin-
gir - 0,3 V é:
 = (ᵦF + 1)RC.C2 ln {[ ᵦF(Vcc – 0,6) + 0,3]/[ ᵦF(Vcc – 0,6) – (Vcc – 0,3)]} (M12)

Desenvolvendo (M12) em séries de potências:


 = [ (ᵦF + 1)RC.C2(Vcc – 0,3)]/[ ᵦF(Vcc – 0,6) – (Vcc – 0,3)] (M13)

Tendo em vista que o intervalo de tempo  é muito menor do que a


constante (ᵦF + 1)RC.C2, podemos desenvolver (M11) em séries de potências:

Vc = Vcc – 0,3 – [(ᵦF(Vcc – 0,6) + 0,3][ t/(ᵦF + 1)RC.C2] (M14)


Ou:
VC  Vcc – 0,3 – [ᵦF/(ᵦF + 1)][(Vcc – 0,6)/RC.C2] t (M15)

Fazendo uma comparação entre (M15) e (I6), podemos notar que, apesar de termos, no
circuito transistorizado adotado, impedância de saída relativamente baixa e impedância
de entrada relativamente alta, a não ser os inconvenientes introduzidos pela estabilidade
térmica, não temos diferenças formais entre as duas relações. Isso se deve ao fato de que
o circuito transistorizado adotado, cujo esquema está na fig. 3.15, é virtualmente o dual
do amplificador adotado na seção introdutório de GDS com amplificadores.

Fig. 3.16 – Diagrama em blocos que representa o comportamento do Miller

OSTENSIVO 3-15 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Estudando o diagrama em bloco da fig. 3.16, podemos obter outras relações:

Ib = (Vcc/R2) – iC2 (M16)


e
iCQ1 = iC2 + [(Vcc – VC2)/RC] (M17)

A tensão e a corrente devido ao sentido adotado, obedecem a relação (M09)

Nessas condições, substituindo os valores de ib, iCQ1 e iC2 nas relações anteriores:

VC2 + (ᵦF + 1)RC.C2(dVC2/dt) = Vcc – (VccRC/R2) ᵦF (M18)

Comparando (M10) com (M18), nota-se que as duas são idênticas, exceto quanto a deta-
lhes de circuito, o que confirma a dualidade do circuito transistorizado.
Retornando ao circuito da fig. 3.15, vamos analisar as particularidades da forma de onda
do sinal de saída do mesmo. Vamos considerar como condição inicial o instante em que
o Q2 é levado da saturação ao corte, devido à aplicação de um pulso negativo à entrada
do circuito. No instante da transição, a tensão no capacitor C2 é de Vcc – 0,3V e a ten-
são do ponto A em relação a terra passa de + 0,3 a + 0,6V, ponto em que o transistor Q1
passa a conduzir. Se o ponto A passar de + 0,3 a + 0,6V, a tensão do ponto B em rela-
ção a terra passa de Vcc a Vcc + 0,3. Essas variações podem ser analisadas no gráfico da
fig. 3.17b. A partir do instante t1, a tensão de saída começa a cair linearmente com o
tempo, obedecendo aproximadamente com a relação:

VB = Vcc + 0,6 – [ᵦF/( ᵦF + 1)][(Vcc – 0,6)/RC.C] t (M19)

Essa relação foi obtida através de (M15), tendo em vista VB = VC2 + 0,6V. A queda de
tensão cessa quando Q1 entra em saturação. Q1 permanece nessa condição até que Q2
seja novamente levado à saturação pelo término do pulso negativo aplicado à sua entra-
da.

OSTENSIVO 3-16 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 3.17 – Gráfico das variações Vin x Vout

Cessado o pulso negativo na entrada, Q2 satura, a tensão do ponto A passa de -0,6 a


0,3V , essa variação se transmite ao ponto B fazendo com que essa tensão caia a 0V. A
partir deste ponto, C2 começa a se carregar novamente através de R2 o que faz a tensão
de saída variar exponencialmente até +Vcc. Desta forma o circuito está apto a receber
um novo pulso de tensão. Muitas vezes esta constante de tempo de carga pode ser uma
limitação para a operação do circuito Miller em altas freqüências. Para contornar este
problema podemos modificar o circuito aproveitando o mesmo conceito de geração li-
near de tensão.

3.2.1.3.2 – Gerador de Varredura de Miller mais sofisticado.


Para contornar o problema do integrador Miller é feita uma alteração em sua configura-
ção de saída para diminuir o tempo de carga do capacitor gerador (figura 3.18).

Figura 3.18 – GDS linear de Miller mais sofisticado

OSTENSIVO 3-17 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Quando Q1 é cortador no instante t1 a tensão no ponto A passa de 0,3 a 1,2V, tendo um


acréscimo de 0,9V o qual é acoplado à saída através de C2. Inicia-se então a operação
linear de Q2, Q3 e Q4, com C2 se descarregando linearmente no tempo até t2, tempo es-
te em que Q2 satura. A partir daí, Vout permanece em 0,3V até que a chave (Q1) feche
novamente, através do término do pulso de disparo (t3). Agora, a tensão no ponto A,
que estava em 1,2V cai a 0,3V. Esta queda é acoplada à saída do circuito, fazendo com
que a tensão de saída caia a -0,6V. C2, a partir deste instante, começa a ser carregado
pela corrente de emissor de Q4. Pelo conhecimento que temos de amplificadores pode-
mos dizer que Ie é +1 vezes maior que Ib, assim a corrente de carga de C2 é +1 vezes
maior, logo, o tempo de carga de C2 é +1 vezes menor. Analise a forma de onda da fi-
gura. 3.19:

Figura 3.19 – Gráfico do GDS Miller sofisticado

3.2.1.3.3 – Gerador dente de serra linear tipo Bootstrap

Vimos nessa seção introdutória que para implementar um gerador de varredura linear,
operando pelo o princípio de Bootstrap, é necessário dispor de um amplificador com
ganho tão próximo de 1 quanto possível, tenha elevada impedância de entrada e baixa
impedância de saída. Com esse fim, vamos considerar o circuito Bootstrap esquemati-
zado na fig. 3.20. Nesse esquema, o transistor Q1, em conjunto com o resistor R1 e o
capacitor C1, serve para substituir a chave de entrada. O transistor Q2, por sua vez, em
conjunto com o R3 substitui o amplificador com ganho A próximo a 1. O capacitor C3 é
OSTENSIVO 3-18 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

um capacitor com valor muito elevado, tal que R2C3 >> τ sendo τ o máximo intervalo
de duração de varredura. O capacitor C3 deve manter a tensão constante entre seus ter-
minais, de modo a transferir as variações da tensão de saída para o ponto B. Finalmente,
o resistor RD do diagrama em blocos esboçado na fig. 3.13 foi substituído pelo diodo D
no esquema da Fig. 3.20. Essa substituição é vantajosa por dois motivos, que discrimi-
namos a seguir:
1 – Em cada período de varredura linear, a tensão do ponto B com relação à terra atinge
valores maiores do que a tensão de alimentação +Vcc, devido à tensão presente nos ter-
minais do capacitor C2. Se, entre o ponto B e a tensão +Vcc, tivéssemos o resistor RD,
este tenderia a descarregar o capacitor C2 mais rapidamente. Entretanto o diodo D, sen-
do polarizado reversamente quando a tensão do ponto B for maior do que +Vcc, não
drenará a corrente do referido capacitor.

2 – Durante o período de varredura linear, como dissemos, a tensão do ponto B é maior


do que +Vcc e o capacitor C3 supre uma corrente constante que circula pelo resistor R2,
carregando o capacitor C2 Dessa forma, enquanto durar a varredura linear, o capacitor
C3 perderá cargas, cargas essas que deverão ser repostas posteriormente. Ora, por menor
que fosse RD, devido ao valor elevado de C3, a reposição dessas cargas poderia ser mui-
to lenta. Com a presença do diodo D1, esse problema é resolvido, pois, uma vez termi-
nada a varredura linear, a tensão entre o ponto A e a terra volta a ser +0,3V e a tensão
do ponto B, devido à pequena descarga de C3 menor do que Vcc-0,6V, o que faz o dio-
do D1, conduzir imediatamente, mantendo a tensão do ponto B nesse valor.

Fig. 3.20 - Circuito de varredura linear Bootstrap típico

OSTENSIVO 3-19 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Vamos estudar a operação do circuito gerador de varredura linear esboçado na fig. 3.20.
Para isso, admitamos que, no instante t1, o transistor Q1 seja cortado. Nessas condições,
a tensão no ponto A em relação a terra é + 0,3V. Por outro lado, o transistor Q2, sendo
um seguidor de emissor, encontra-se sempre na região ativa, de modo que a tensão de
saída, no instante t1 de corte do transistor Q1, é aproximadamente -0,3V. Nesse mesmo
instante, a tensão no ponto B em relação à terra é Vcc-0,6, de modo que a corrente que
circula pelo resistor R2 pode ser dada por:

IR2 = (Vcc-0,9)/R2 (B01)

Essa corrente se divide em três partes. Uma é usada para carregar o capacitor C2, outra
para fornecer a corrente de base do transistor Q2 e, finalmente, a última parte serve para
fornecer a corrente Icb0 1, que é a corrente de fuga coletor-base, emissor em aberto, do
transistor Q1 que está cortado. A fig. 3.21 mostra o esquema de um circuito equivalente
ao circuito esquematizado na fig. 3.20 quando o transistor Q1 estiver cortado. Observe
que, nesse circuito equivalente, não colocamos o diodo D1, pois esse componente está
reversamente polarizado, tendo-se em conta que a tensão do ponto B é maior que Vcc –
0,6V.

Fig. 3.21 – Circuito equivalente Bootstrap, quando Q1 e o D1 estiverem cortados

A partir do circuito equivalente:

ib = IR2 – iC2 – Icb01 (B02)


OSTENSIVO 3-20 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

ie = -(iR3 + IR2) (B03)

VS = VC2– 0,6V (B04)


iR3 = (VS + Vcc)/R3 (B05)

Considerando o transistor na região ativa:

ie = -(ᵦF + 1)ib – (ᵦF + 1)Icb02 (obs: modelo Ebers-Moll) (B06)


iC2 = C2 dVC2/dt (B07)

substituindo: ib e iC2 dados através de (B03) e (B04) na relação (B02):

[(iR3 + IR2)/( ᵦF + 1)] – IR2 = - iC2 + (Icb02 – Icb01) (B08)

O valor das correntes IR2, iR3 e Ic2, por sua vez são dados diretamente pelas relações
(B01), (B05) e (B07), substituindo na relação (B08), tende em conta (B04):

VS + (ᵦF + 1)C2R3 dVS/dt = ( R3/R2) ᵦF(Vcc – 0,9) – Vcc + (ᵦF + 1)R3(Icb02 – Icb01) (B09)

A relação (B09) apresenta surpreendente semelhança com a relação (M10), o que mostra
que os circuitos das fig. 3.14 e fig. 3.20, são topologicamente quase equivalentes. Nes-
sas condições, a relação (B09) mostra que o circuito esquematizado na fig. 3.20. tem as
mesmas dificuldades de estabilidade térmica que o circuito de Miller. Outro fato surpre-
endente na relação, é que a constante de tempo determinante da tensão VS e, assim, de-
terminante de tensão VC2 depende do resistor R3 e não do R2. Admitindo que os termos
em Icb0 não tenha influência sensível, a tensão VS em função do tempo:

VS = - 0,3 + [(R3/R2)ᵦF(Vcc – 0,9) – Vcc]{1 – exp[- t/((ᵦF + 1)R3C2)]} (B10)

Estudando as formas de ondas da fig. 3.19:

No instante em que o transistor é cortado, a tensão no ponto A começa a crescer linear-


mente com o tempo. A tensão no ponto A cresce até o ponto que o transistor Q2 entre
OSTENSIVO 3-21 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

em saturação e aí permanece até que o transistor Q1 passe novamente do corte à satura-


ção.
Quando o transistor Q1 passar novamente à saturação, o valor da tensão do ponto A cai-
rá a 0,3V e a tensão de saída passará a ter o valor -0,3V, deixando o circuito apto a novo
ciclo de varredura. O leitor pode observar que o valor máximo da tensão no ponto B a-
tinge a soma de 2Vcc – 0,9V. Observe, ainda, que, quando o transistor Q1 retorna à sa-
turação, descarrega automaticamente o capacitor C2. Dessa forma, não temos, no circui-
to Bootstrap, as mesmas dificuldades que tínhamos no circuito de varredura linear de
Miller, na recarga do capacitor C2, recarga essa que limitava sensivelmente a máxima
velocidade de operação do gerador de varredura.

Fig. 3.22 – Formas de ondas do Bootstrap

Estes tipos de varreduras estudados são aplicados em sistemas que usam varredura ele-
trostática, como por exemplo, os circuitos vertical e horizontal dos osciloscópios. A var-
redura é feita através de tensão e por isso é gerado, pelo sinal de saída, um campo ele-
trostático na carga, daí o nome varredura eletrostática. Podemos concluir que a varre-
dura eletrostática é gerada por um sinal de tensão cuja variação é linear.

3.2.2 - Gerador de Varredura Linear de Corrente


Estes circuitos são aplicados em sistemas cujo display usa uma VRC com deflexão eletro-
magnética, como os empregados nos indicadores radar e aparelhos de televisão. A partir de
um gerador de varredura linear de tensão é bem simples construir-se um circuito de varredu-

OSTENSIVO 3-22 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

ra linear de corrente. Para que se chegue a esta conclusão vamos analisar a operação do cir-
cuito da fig. 3.23.

Figura 3.23 - Gerador de varredura linear de corrente

O circuito opera como um gerador de varredura linear de tensão. Note que Q1 é a chave que
dá o início da varredura. Q2 com os seus componentes associados opera no princípio de um
gerador de rampa do tipo Bootstrap, que gera no seu emissor ponto A, uma tensão de varre-
dura linear a partir de 0,3V até um valor máximo de Vcc - 0,3V. Quando VA= -0,3V, a ten-
são em Ref é igual a Vcc - 0,3V, considerando Q3 na região ativa. Nestas condições, a cor-
rente de emissor de Q3 para o to será:

Ie(to) = (Vcc – 0,3)/R4 (C01)

Iniciada a varredura em T = to, a tensão no ponto A começa a crescer linearmente, fazendo


com que a corrente Ib de Q3 caia linearmente, e como Ic = Ie, isto resulta em uma queda
linear na corrente de coletor, o que gera uma varredura linear de corrente.
No caso das VRC que usam deflexão eletromagnética, aplicamos às bobinas de deflexão um
degrau de tensão, utilizando para isto um circuito que tem a operação análoga do circuito da
fig. 3.24.

OSTENSIVO 3-23 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 3.24 - Gerador de varredura linear


Nesse circuito Q1 tem o ponto de operação estática fixado no corte. A tensão através da bo-
bina é zero volt. Aplicado um pulso de disparo, conforme mostrado na fig. 3.24, e este pulso
levando o transistor à saturação, a tensão sobre a bobina valerá: VL = Vcc - 0,9V.
A tensão de 0,9V é a soma da tensão do diodo com o Vce do transistor saturado. Nestas con-
dições a corrente da bobina é dada por:

iL = (1/L)  (Vcc – 0,9) dt = iL = (1/L)(Vcc – 0,9) t (C02)

Esta relação mostra que a corrente na bobina varia linearmente com o tempo.
A função de D1 e D2 é proteger o transistor e sua ação se faz presente quando esse dispositi-
vo é levado novamente ao corte. De fato, sendo o transistor levado ao corte, temos uma e-
nergia acumulada no indutor dada por:

E = ½ ( L.IL2max ) (C03)
Como esta energia não pode ser dissipada instantaneamente, a corrente I Lmax continua cir-
culando pelo indutor, fazendo com que a tensão no ponto A e a tensão no ponto B aumentem
até que a tensão no ponto A atinja um valor igual a Vcc + 1,2V. Neste ponto, D2 conduz fi-
xando a tensão no ponto B em Vcc + 0,6V. É possível em algumas circunstâncias que a ten-
são no ponto A tenda a ficar negativa com relação à tensão no ponto B devido à energia a-
cumulada no indutor. Nesse caso o diodo D1 deixa de conduzir e isola o indutor do resto do
circuito.

OSTENSIVO 3-24 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

O circuito da fig. 3.25 mostra uma forma de gerar varredura de corrente diretamente pelo uso
de um indutor.

Figura 3.25 - Gerador de varredura linear de corrente

Estabelecidas as condições iniciais, Q1 está saturado. Como já vimos anteriormente, Q1 exe-


cuta a função de uma chave controlada por um pulso externo de tensão. Na saturação de Q1
a tensão do ponto A com relação à terra é de 0,3V, estando nessas condições o diodo zener
D1 cortado. O transistor Q2 também está cortado, pois sua tensão base-emissor é de apenas
0,3V. R3 tem um valor elevado para que, quando os terminais 1 e 2 estiverem abertos, seja
drenada a corrente residual.
Aplicando um pulso negativo na base de Q1, este será levado ao corte e a tensão no ponto A
passa a ser a tensão Vz. Se esta tensão levar Q2 à região ativa a tensão nos terminais do in-
dutor será Vz-0,6V, logo a corrente IL é dada por:

iL = [(Vz – 0,6)/L] t (C04)

Esta corrente é praticamente a corrente de coletor de Q2. A função de D2 é manter a tensão


constante no indutor quando Q2 está cortado, evitando assim efeitos transitórios em Q2.

OSTENSIVO 3-25 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

CAPÍTULO 4
CIRCUITOS CONTROLADORES DE FREQUÊNCIA

4.1 - OSCILADOR CONTROLADO POR TENSÃO (VCO)


4.1.1 – Circuito básico
O coração de um PLL (Phase Locked Loop) é o Vco. Como o PLL pode ser empregado em
muitas aplicações, a requerida linearidade de característica de transferência (frequência de
saída versus tensão DC de entrada) depende da aplicação. Para a baixa distorção na demodu-
lação de sinais FM, um alto grau de linearidade é necessário ao passo que num filtro de a-
companhamento não é importante esta performance do VCO.
Um VCO é apresentado na fig. 4.1:

Figura 4.1 - VCO

Note que apenas dois amplificadores operacionais são necessários, um é usado para integrar
a tensão DC de entrada de controle, VC, e o outro é conectado como um “Schimitt Trigger”
o qual monitora a saída do integrador. O disparo do circuito é usado para controlar o
“Clamp” do transistor Q1. Quando Q1 está conduzindo a corrente de entrada I2 é desviada
para massa. Durante este meio ciclo a corrente de entrada I1 causa na tensão de saída do in-
tegrador uma rampa de descida, para o menor ponto da forma de onda triangular (saída 1). O
“Schimitt Trigger” troca o estado de saída e o transistor Q1 corta. A corrente I2 é exatamen-

OSTENSIVO 4-1 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

te o dobro do valor de I1 (R2=R1/2), semelhante à corrente de carga (a qual é igual em mag-


nitude à corrente de descarga) é drenada através do capacitor C, para criar a subida da forma
de onda da tensão triangular na saída 1. A frequência da saída para uma dada tensão DC de
entrada de controle depende da diferença entre os dois valores VL e VH da forma de onda de
R1
saída do Schimitt Trigger e dos componentes R1, R2 e C (sendo R2= ). O tempo de des-
2
cida de VH  VL corresponde a meio período (T/2) da frequência de saída e pode ser de-
terminada através da resolução da equação básica para o integrador:
1
Vo=  idt (1)
C
Como I1 é uma constante (para um dado valor de Vc) que é calculada por:
Vc  Vbe
I1= (2)
R1
I1 Vo I1
A expressão (1) é simplificada por Vo   t  
C t C
Agora o tempo t para a varredura de VH até VL se forma:

t1 = (VH –VL)C/I1 ou T = 2(VH – VL) C/I1 e então:

f = 1/T = [ I1/2(VH – VL)] C

Portanto, uma vez que, VH, VL, R1 e C são valores fixos, a frequência de saída, f , é uma
função linear de I1 (como desejado para o VCO).

4.1.2 – Circuito alterado


O circuito analisado precisa que Vc > Vbe para que haja oscilação. O valor de Vc = 0,
provoca fout = 0, que pode ou não ser desejada. Dois resistores de polarização do modo
comum podem ser acrescentados como mostrado na fig. 4.2

OSTENSIVO 4-2 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.2 - VCO ( circuito alterado )


para fazer com que fout = fmín ( = 0) quando Vc=0 . Em geral, se estes resistores tem o fator
10 para o seu correspondente resistor (RB para R1 e RA para R2), uma grande razão de
controle e freqüência pode ser executada. Atualmente se Vc ultrapassar a faixa de
alimentação especificada por +V o circuito não executará a função corretamente.
A frequência de saída pode ser aumentada através da redução da variação pico a pico da
forma de onda triangular (saída 1), se ajustarmos os pontos de excursão da saída do “Schi-
mitt trigger”. O limite é excedido quando a velocidade de varredura da onda triangular de sa-
ída excede à taxa de subida (“SLEW RATE”) limite do Amplificador Operacional. Como e-
xemplo, o CI 741 tem uma SR= 0,5 V /  s.

4.1.3 – VCO monolítico 566


O CI monolítico 566 é um exemplo de um VCO – Oscilador Controlado por Tensão. Possui
este CI unidades capazes de gerar sinais de onda quadrada e triangular. A frequência de saída
é fixada pelo uso de um resistor e um capacitor externo, e é variada então por um sinal de
tensão DC externo (Vc).
A fig. 4.3 mostra que o 566 possui fontes de corrente que possibilitam a carga e a descarga
do capacitor externo C1, numa taxa determinada pelo resistor R1 e pela tensão modulante de
entrada (Vc).
Um circuito “Schimitt trigger” é usado para chavear a fonte de corrente entre a carga e a
descarga do capacitor. A tensão triangular desenvolvida no capacitor e a onda quadrada do
“Schimitt Trigger” são fornecidas como saída através de amplificadores isoladores (“buf-
fer”).
OSTENSIVO 4-3 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

A fig. 4.3a identifica os pinos do CI 566 e apresenta resumidamente as formulas e faixas de


valores válidas para o CI. A fig. 4.3b mostra o diagrama interno típico.

Figura 4.3a - VCO monolítico 566 em bloco

Figura 4.3b – diagrama interno típico

a) Geradores de funções com 566


A fig. 4.4 mostra um exemplo no qual um gerador de funções com 566 é usado para fornecer
as formas de onda triangular e quadrada, numa freqüência fixa determinada por R1, C1e Vc.

OSTENSIVO 4-4 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.4 - Gerador de funções com 566

O divisor resistivo com R2 e R3 põe a tensão DC modulante (Vc) em um nível constante.


R3 10 K
Vc  V   12V  10,4V
R2  R3 1,5K  10 K

A qual cai dentro da faixa especificada pelo fabricante que é de 0,75V + = 9V, para o caso.
Calculando a freqüência:
2  12  10,4 
f0  11    32,5KHz
10  82  10  12 
4

Um outro exemplo é mostrado na fig. 4.5, onde a frequência da onda quadrada pode ser ajus-
tada usando a tensão de entrada, Vc.

Figura 4.5 - gerador de funções com 566

OSTENSIVO 4-5 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

O potenciômetro R3 permite variar Vc de cerca de 9V até próximo de 12V, sobre a faixa


completa de freqüência de 10 para 1. Na situação em que o contato do potenciômetro se
encontra no alto (R máximo) a tensão de controle resultante é de:

Vc 
R3  R4
V [
5  18K ] 12v  11,54v
R2  R3  R4 0,51  5  18K
Resultando uma frequência de saída inferior de:
2  12  11,74 
f0  11    19,7 KHz
10  22  10 
4
12 
Com o contato de R3 em baixo (R mínimo), a tensão de controle é:
R4 18K
Vc  [ ] 12V  9,19V
R2  R3  R4 0,51  5  18K
Resultando numa frequência superior de:
2 12  9,19
f0  11
( )  212,9KHz
10  22 10
4
12

A frequência da onda quadrada poderá ser variada usando R3 dentro de uma faixa de
frequência de pelo menos 10:1.
Se ao invés de variarmos um potenciômetro para mudar o valor de Vc, uma tensão
modulante de entrada, Vin, pode ser aplicada como mostrado na fig. 4.6.

Figura 4.6 - Gerador de funções com 566 e tensão modulante de entrada

O divisor de tensão fixa Vc em cerca de 10,4V. Uma tensão de entrada AC de cerca de 1,4V
de pico pode forçar Vc a variar em torno do POE entre as tensões de 9V e 11,8V, fazendo a
frequência de saída variar dentro de uma faixa de cerca de 10:1. O sinal de entrada Vin,

OSTENSIVO 4-6 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

portanto, modula em frequência a tensão de saída em torno de uma frequência central,


determinada pelo valor de Vc=10,4V f  121,2KHz

4.2 - MALHA AMARRADA POR FASE (PLL)


A sigla PLL, de “Phase Locked Loop”, significa Elo (de realimentação) Fechado por Fase.
Um PLL é composto por diversos blocos, sendo o diagrama mostrado na figura abaixo uma de
suas versões mais utilizadas (Figura 4.7).

Figura 4.7 - PLL Básico

Nem todos os PLLs são constituídos exatamente de acordo com o diagrama em blocos mos-
trado na fig. 4.7, sendo possíveis as seguintes alterações:
a) inclusão de um estágio amplificador entre a saída do filtro de passa baixas e a entrada do
Vco. Este amplificador é necessário quando a tensão produzida pelo comparador de fase não é
suficiente para controlar diretamente a entrada do Vco.
b) a inclusão de um filtro de passa baixas no caminho da tensão de saída, com a finalidade de
atenuar mais fortemente a componente CA produzida pelo comparador de fase. Este procedi-
mento é empregado, principalmente, quando o PLL é usado como demodulador de FM. E-
xemplos de PLLs monolíticos: CI-565 e 4046.
O PLL é um dispositivo muito usado em telecomunicação e outros campos, com as mais di-
versas finalidades, como recuperação de portadora em PSK e QAM, recuperação de relógio
(sincronismo) em transmissões digitais, demodulação de sinais FM ou FSK e muitas outras.
Usado com um divisor de frequência após o VCO e um oscilador a cristal gerando Ve, atua
como sintetizador de frequência para geração de portadoras e sinais de sincronismo.
O PLL é um caso particular de servo mecanismo ou sistema retroalimentado.
De acordo com a aplicação, pode ser implementado de forma analógica ou digital ou por
software em DSP (Digital Signal Processor).

OSTENSIVO 4-7 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

4.2.1 - Componentes de um PLL


Basicamente, o PLL é um elo fechado com três componentes:
a) o detetor de fase, que fornece uma tensão de saída Vd, cuja componente contínua Vc é
proporcional à diferença de fase (dphi) entre os sinais Ve (sinal de entrada) e Vv (sinal do
VCO). O detetor tem um ganho definido por: Gd=dVd/dphi (Volts/radianos). Pode ser im-
plementado de diversas formas conforme a aplicação: um simples circuito lógico ou-
exclusivo, um multiplicador de quatro quadrantes ou um circuito sequencial sensível a borda
ou outros mais. Vd costuma também ser chamada de tensão de erro.
b) o filtro passa baixas cuja função básica é eliminar a componente de alta frequência (fv
ou 2.fv) na saída do detector de fase e extrair somente a componente continua, que serve de
tensão de controle Vc do VCO, age como um integrador. O projeto do filtro é a parte mais
crítica do PLL, pois define o seu comportamento transiente ou dinâmico, ou seja, tempo de
resposta, estabilidade, faixa de captura, fator de amortecimento, frequência natural, ruído de
fase e outros. Tem ganho definido por:
Gf=Vc/Vd.

c) o VCO, Oscilador Controlado por Tensão, gera um sinal cuja frequência fv depende da
tensão de controle Vc. Tem ganho definido por:

Gv = 2 df/dVc (radianos/volts.segundos)

Como o circuito forma um elo fechado, para ser estável tem de ser realimentado negativa-
mente, o que se consegue projetando-se corretamente o sinal de Gd, Gf e Gv. O produto dos
três é o ganho do elo aberto: Gea=Gd.Gf.Gv (unidade:1/s). O ganho em elo fechado do PLL
é:

Gef = Gea/1+Gea.

4.2.2 - Operação estática do PLL


A operação estática do PLL é mostrada através da análise da fig. 4.8.

OSTENSIVO 4-8 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.8 - Operação estática do PLL

Na ausência de sinal de entrada Ve, a tensão Vc é zero e o VCO oscila na frequência central
fo.
Com sinal de entrada Ve, e frequência fe, dentro da faixa de captura ou aquisição Fa, aparece
uma tensão Vd na saída do detetor de fase, tal que a frequência do VCO seja alterada até ser
igual à frequência do sinal de entrada, porém mantendo um erro ou diferença de fase cons-
tante e tal que gere um Vc que sustente esta nova frequência do VCO. Por exemplo, se o de-
tector de fase for um ou-exclusivo, o erro de fase será 90 graus quando fe = fo (fig. 4.9).
Nesta condição estável, o PLL está sincronizado ou travado, às custas de uma diferença de
fase (dphi) entre Ve e Vv, daí o nome de Elo Travado por Fase, mantendo a frequência fv
do VCO exatamente igual a frequência fe do sinal de entrada. Se fe variar dentro da faixa de
sincronismo Fs, a frequência do VCO acompanha fe.
Observação: para cada valor de fe dentro da faixa de sincronismo Fs ,existe um único valor
para dphi e Vc, constantes. Como a frequência é proporcional à derivada da fase e, a deriva-
da de uma constante é zero, a diferença entre fe e fv é zero e, portanto, as duas frequências
são exatamente iguais, não importando o valor do erro de fase, desde de que fique constante.

OSTENSIVO 4-9 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.9 - Elo travado em fase

Um exemplo típico de uso do PLL é para demodular sinais em FM. O sinal FM é aplicado na
entrada do PLL, com desvio de pico a pico dentro da faixa Fs. Se houver uma relação linear
entre fv e Vc do VCO, então Vc terá uma componente alternada igual ao sinal modulante,
pois Vc e fv do VCO irão acompanhar as variações de frequência de entrada, desde que o fil-
tro passa baixas esteja corretamente projetado.
Obs: faixa de captura ou aquisição Fa e a faixa de sincronismo ou travamento/amarração Fs.

Na fig. 4.8 podemos observar o comportamento do PLL em função da frequência fe do sinal


de entrada. Injetando por exemplo uma frequência fx menor que f 4, o PLL não consegue se
travar, ou seja, o VCO não acompanha a frequência de entrada, ficando em fo, a frequência
central.
Aumentando fe lentamente, o PLL continua não travado até fe atingir f 1 onde o PLL se tra-
va, ou seja, fv do VCO é igual a fe. Aumentando mais fe (reta inclinada ), o PLL continua
travado, fv acompanhando fe e Vd aumentando junto com fe, até chagar a fe = f 2, onde o
PLL perde o sincronismo ou não está mais travado. Mesmo voltando com fe para traz, o
PLL continua sem sincronismo (ou ainda subindo mais até f y). Baixando mais ainda a fre-
quência fe até atingir fe = f 3, o PLL volta a se travar. Se agora fe subir de novo, o PLL
continua travado até f e = f 2, e se fe continuar diminuindo, o PLL se mantém travado até fe
= f 4, abaixo da qual perde o sincronismo. (obs: na figura do comportamento do PLL acima,
na verdade, as retas inclinadas estão uma em cima da outra, sendo destacadas lado a lado a-
penas para melhor visualização)

OSTENSIVO 4-10 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Conclusão: para o PLL poder sincronizar-se (travar) a partir da condição não travada, é pre-
ciso que fe esteja acima de f 1 ou abaixo de f 3, ou seja, dentro da faixa de aquisição Fa = f 3
– f 1. Uma vez sincronizado, o PLL se mantém sincronizado desde que fe não passe acima
de f 2 e nem abaixo de f 4, ou seja, fe não saia da faixa de sincronismo Fs = f 2 - f 4. Obs.:
Fa é menor ou no máximo igual a Fs, dependendo do projeto do PLL.
4.2.3 - Operação dinâmica do PLL
Até agora vimos o comportamento do PLL em regime estático ou para variações lentas da
frequência do sinal de entrada. Veremos agora os princípios básicos do comportamento di-
nâmico ou transiente do PLL, ou seja, como Vc acompanha variações rápidas ou bruscas da
frequência do sinal de entrada, como, por exemplo, uma mudança de frequência de entrada
em forma de degrau (fig. 4.10)

Figura 4.10 – Comportamento dinâmico.


Se o PLL fosse perfeito, a frequência fv do VCO ou a tensão de controle Vc também teriam
a mesma forma do degrau de entrada. Acontece que o filtro passa baixas, principalmente, e o
VCO também, introduzem atrasos e defasamentos variáveis, fazendo com que a resposta do
PLL não seja instantânea. As curvas mostram como se comporta um PLL com resposta de
segunda ordem. Podemos observar que além do atraso no tempo, podem ocorrer oscilações
amortecidas até que seja atingido o valor final. Estas oscilações provocam a ultrapassagem
momentânea do valor final, para mais ou menos. O comportamento do PLL depende do fator
de amortecimento , que depende essencialmente do filtro e do ganho do elo.

OSTENSIVO 4-11 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Na fig. 4.10, valores do fator de amortecimento inferiores a 1 (sub-amortecido) têm resposta


mais rápida porém às custas de oscilações. Valores maiores que 1 (super amortecido) não
têm oscilações, mas um tempo de resposta mais lento. O valor adequado do fator de amorte-
cimento depende muito da aplicação na qual o PLL é empregado: por exemplo, para extrair
uma portadora no meio do ruído usa-se fator de amortecimento alto, mas para extrair o sinal
modulante em FM ou PSK, o fator de amortecimento deve ser mais baixo, para que o PLL
consiga acompanhar as variações rápidas de frequência.

4.2.4 - Vantagem
Considerando apenas o funcionamento estático, não tem muita vantagem o uso do PLL, pois
ele apenas gera uma réplica do sinal de entrada, desde que a sua frequência esteja dentro das
faixas Fa e Fs, a não ser que permita demodular um sinal FM, o que pode ser feito com ou-
tros circuitos mais simples como os discriminadores.
Considerando o seu comportamento dinâmico ou transiente, o grande mérito do PLL é que
ele consegue gerar uma réplica limpa e quase sem ruído de um sinal misturado com ruído,
interferências, com tremor de fase e até mesmo com cortes de curta duração. Portanto o PLL
permite reconstituir ou recondicionar sinais deteriorados pelo ruído, ou ainda, separar um de-
terminado sinal no meio de muitos outros.

4.2.5 - Exemplo do PLL discreto (Fig. 4.11)


As curvas características apresentadas são reais. Elas correspondem a um circuito PLL cuja
descrição vem a seguir.
A figura 4.11a representa a curva de saída de um comparador de fase do tipo OU-Exclusivo
(EX-OR), construído a partir de uma das portas lógicas do circuito integrado CD4030, ali-
mentado por uma tensão de 5V.
A figura 4.11b mostra a característica de tensão x frequência para um par de transistores
BC548, ligados como multivibrador Astável, cuja alimentação também é de 5V. E, finalmen-
te, a figura 4.11c mostra o diagrama de Bode de um filtro RC passa baixas, constituído por
um R=3K e C=1,2F.

OSTENSIVO 4-12 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.11 - Curvas características

4.2.6 - Exemplo de PLL integrado


Uma unidade PLL popular é o CI 565, mostrado na fig. 4.12

Figura 4.12 - CI 565


Este CI contém um detector de fase, um amplificador e um Vco, que estão parcialmente co-
nectados entre si, internamente. Um resistor e um capacitor (R1, C1), ligados externamente,
são usados para fixar a frequência central do Vco. Outro capacitor externo (C2), ligado entre
os pinos 10 e 7 , é usado para , em conjunto com o Rint (3,6K), fixar a banda passante do
filtro de passa baixas. A saída do Vco (pino 4) deve ser conectada à entrada do de-
tector de fase ( fig. 4.13).

OSTENSIVO 4-13 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.13 - CI 565


4.2.7 - Exemplos de aplicação do PLL
a) Demodulação do sinal de FM
Se a frequência central de um PLL é selecionada na frequência da portadora de FM, a tensão
filtrada ou de saída (figura 4.14) é a tensão demodulada desejada, variando em valor pro-
porcional à variação da frequência do sinal. O circuito PLL, portanto, opera como um filtro
de frequência intermediária (Fi), limitador ou demodulador, como os usados em receptores
de FM.

Figura 4.14a

OSTENSIVO 4-14 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.14b
Figura 4.14 - Demodulador de FM

O 565 usa duas fontes de tensão V+ e V- . A fig. 4.14a mostra o PLL conectado para operar
como demodulador de FM. O resistor R1 e o capacitor C1 determinam a frequência livre do
Vco (f0 ).
0,3
f0 
R1C1
f 0 = 136,36 KHz para os valores especificados no diagrama.

Como o Vco do 565 tem uma limitação para R1 entre 2k e 20K a faixa de amarração
(sincronismo Fs) é:
8 f0
Fs   , + 181,8KHz para os valores especificados.
V
A faixa de captura (aquisição), para os valores de  6V na fonte será:

1 2Fl
Fa   = +156,1 KHz para os valores aqui especificados.
2 R 2C 2

O sinal no pino 4 é uma onda quadrada de 136,36KHz. Um sinal de entrada dentro da faixa
de amarração de 181,8 KHz produz um sinal de saída no pino 7 variando em torno do seu
nível de tensão DC, de acordo com a frequência f in.
A fig. 4.14 mostra a saída do pino 7 em função da fin. A tensão DC do pino 7 está relaciona-
da linearmente com a frequência do sinal de entrada (f in), dentro da faixa de frequência

OSTENSIVO 4-15 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Fs = 181,8KHz, em torno da frequência central 136,36KHz. A tensão de saída é o sinal


demodulado cujo valor varia com a frequência dentro da faixa de operação especificada.
b) Decodificador FSK
Um decodificador de sinal FSK ("Frequency Shift Keyed"), pode ser construído como mos-
trado na fig. 4.15.

Figura 4.15 - Decodificador FSK

O decodificador recebe um sinal em uma das duas freqüências de portadora, 1270Hz ou


1070Hz, representando os níveis lógicos RS232c (padrão internacional de telecomunicações)
de marcas (-5v ) ou de espaços (+14 v), respectivamente. Quando o sinal é aplicado à
entrada, a malha se “amarra” à freqüência de entrada, rastreando-a entre os dois possíveis
valores. Na saída obtém-se um deslocamento correspondente do nível DC. O filtro em
escada DC com 3 seções ( 0,02F e 10K ) é usado para remover a componente da soma de
freqüências. A freqüência livre é ajustada com R1 de forma que o nível de tensão DC da
saída (pino 7) seja o mesmo que no pino 6. Então, uma entrada com freqüência de 1070Hz
forçará a tensão de saída do decodificador para um nível de tensão mais positivo, levando a
saída digital para um nível alto (espaço = +14v). Uma entrada em 1270Hz forçará a saída
DC do 565 a ser menos positiva, produzindo uma saída digital (saída do comparador) em
nível baixo (marca = -5v).

OSTENSIVO 4-16 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

4.3 - SINTETIZADORES DE FREQUÊNCIA


4.3.1 - Conceitos básicos
Um grave problema dos osciladores e geradores de sinais foi resolvido com o uso de cristais
em sua confecção. O cristal é um componente de grande estabilidade, o que permite manter
invariável a frequência de oscilação do circuito que estiver controlando.
Há, porém, um problema. Não podemos variar a frequência de ressonância do cristal. Como
poderemos construir circuitos osciladores que tenham a estabilidade de um oscilador a cristal
e que cubram uma extensa faixa de frequências?
Como resposta a essa questão é que surgiram os sintetizadores de frequências. Um único
cristal é usado para operar sinais numa ampla gama de frequências discretas.
É comum nos sintetizadores de frequências atuais encontrarmos teclados que selecionam a
frequência de operação do sintetizador.
Um sintetizador de frequência é um conjunto de divisores de frequência, geradores espec-
trais, filtros e somadores que permitem obter um número discreto de frequências de saída pa-
ra um único oscilador. Observe a fig. 4.16.

Figura 4.16 - Sintetizador de freqüência

O oscilador de referência gera um sinal de 100 KHz que é sucessivamente dividido até que a
saída do último divisor seja de 10 Hz. A grande estabilidade do oscilador de referência ga-
rante a estabilidade dos sinais divididos e, por decorrência, todos os harmônicos e sub-
harmônicos gerados.

A fig. 4.17 mostra um diagrama completo de um sintetizador.

OSTENSIVO 4-17 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.17 - Sintetizador (diagrama completo).

Neste circuito, o processo de divisão é o mesmo. Observe que o sinal do oscilador de


referência é aplicado também à entrada de um gerador espectral, cuja função é produzir
harmônicos de ordem superior à freqüência de entrada. Uma maneira de fácil compreensão
de produzir tais harmônicos é descrita no diagrama da fig. 4.18.

Figura 4.18 - Produção de harmônicos


O sinal do gerador é distorcido para formar uma onda quadrada, através de qualquer
processo dos estudados, como por exemplo a aplicação de um "Schimitt trigger". O sinal
senoidal não possui harmônicos de ordem superior, enquanto o quadrado pode ser
decomposto em vários harmônicos, como visto anteriormente e é mostrado na fig.4.19.

OSTENSIVO 4-18 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.19 - Decomposição dos harmônicos.

Por exemplo, um sinal quadrático de 100 KHz, tem harmônicos de 300, 500, 700, 900....
KHz, sempre acrescentando os múltiplos ímpares da frequência fundamental.
Por outro lado, o batimento de um sinal de 100 KHz com o sinal de 300 KHz produz harmô-
nicos tanto em 200 quanto em 400 KHz.
O processo de batimento é rigorosamente idêntico ao aplicado nos receptores AM, onde se
produz um batimento do sinal de entrada com o sinal do oscilador local, o que gera a fre-
quência intermediária (FI).
Um sistema de filtros é usado para recolher os sinais desejados. Observe que nesse processo
foram gerados sinais de 100 e 900 KHz, em degraus de 100 KHz.
O gerador espectral tem, portanto, um grande número de saídas (nove no caso visto). Apenas
uma delas deve ser usada. Para seleção da saída é colocado um seletor de harmônicos. Tais
seletores nada mais são que chaves eletrônicas que apenas conectam uma das saídas aos blo-
cos seguintes do sintetizador.
O sinal do oscilador de referência é dividido por 10. A frequência de entrada do gerador es-
pectral 2 é de 10 KHz. O mesmo processo é repetido neste gerador. Como resultado as saídas
deste gerador apresentarão sinais de 10 a 90 KHz, em degraus de 10 KHz.
O processo é repetido de tal forma a produzir sinais de 1Hz a 900 KHz nas saídas dos gera-
dores espectrais.
4.3.2 - Processo de seleção de frequência
Digamos que o usuário do sintetizador deseja obter um sinal de 875 KHz. Os seletores har-
mônicos são acionados para fornecer os sinais de 800 KHz (seletor 1), 70 KHz (seletor 2) e 5
KHz (seletor 3). Os blocos seguintes fazem um novo batimento e misturam os sinais selecio-
nados até que na saída se obtenha a frequência desejada.

OSTENSIVO 4-19 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

As repetidas filtragens que o sinal sofre fazem com que na entrada do amplificador de saída
tenhamos um sinal atenuado de 70 a 80 dBs em relação à amplitude do sinal do oscilador de
referência.
4.3.3 - Tipos de sintetizadores de frequência
Basicamente há duas categorias de sintetizadores: aqueles usados como subsistemas de um
determinado equipamento (transceptores, receptores, transmissores) e aqueles usados em e-
quipamentos de teste. O primeiro requer comandos externos que selecionem determinada
frequência, necessária para a operação do equipamento ao qual estiver ligado. Modernos re-
ceptores de FM têm seletores de emissoras digitalizados. Neste caso ao selecionarmos uma
determinada tecla já estaremos selecionando a frequência de saída do sintetizador. O segun-
do tipo, apresenta um teclado onde a frequência de saída é escolhida de acordo com a neces-
sidade.
A síntese de frequência é um processo simples de gerar qualquer frequência desejada, dentro
de uma banda que pode cobrir muitas décadas. Se ainda considerarmos a grande estabilidade
em frequência, podemos ver a sua grande utilidade nos equipamentos atuais de telecomuni-
cações. Sofisticados transmissores, receptores e transceptores atuais já se servem dos sinte-
tizadores para conseguir uma seleção rápida e exata de uma frequência de operação. Além
disso, o fato de os sintetizadores usarem circuitos digitais permite a sua aplicação em siste-
mas computadorizados sem a necessidade de circuito de conversão D/A ou A/D.
a) Batimento de sinais
Observamos que os sintetizadores usam circuitos misturadores e circuitos de batimento. O
circuito misturador nada mais é do que um somador. A fig. 4.20 mostra um somador resisti-
vo, o mais simples de todos os somadores.

Figura 4.20 - Somador resistivo


Digamos que um dos sinais de entrada seja uma senoide cuja frequência seja f 1 logo
podemos escrever este sinal como:

OSTENSIVO 4-20 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

E1 = E1 Cos (2 f 1 t).


O outro sinal E2, também é senoidal de frequência f2; logo:
E2 = E2 Cos (2 f 2 t).
Na saída do somador teremos uma determinada fração de E1 somada à uma determinada
fração de E2. Lembre-se que circuitos resistivos apresentam ganho menor que a unidade.
Portanto a menor tensão de saída Es é dada por:
Es = A1 E1 cos2 f 1t + A2 E2 Cos2 f 2t.
Se fizermos com que o sinal Es seja aplicado a um analisador espectral obteríamos o
diagrama espectral mostrado na fig. 4.20, ou seja, teríamos duas raias centradas em f 1 e f 2.
Portanto se tivermos um somador de quatro entradas, onde aplicamos sinais de 10 e
100KHz, 1 e 10MHz o diagrama espectral da saída terá também 4 raias. Um filtro colocado
na saída do misturador poderia recuperar qualquer umas das raias.
O circuito de batimento é um pouco mais complexo que o misturador. O diagrama mostrado
na fig. 4.21 ilustra a sua operação.
Es = A1 E1 + A2 E2 + A3 E1 E2.

Figura 4.21 - Circuito de batimento.


Observe que este circuito além de produzir frações dos sinais de entrada, produz um terceiro
termo que é proporcional ao produto dos sinais de entrada. Então, supondo que os sinais de
entrada sejam E1 e E2, teremos:
Es = A1 E1 + A2 E2 + A3 E1 E2.
Vamos nos ater ao terceiro termo. Uma pequena ajuda das leis trigonométricas elementares
nos permitirão chegar à conclusões interessantes: Acompanhe:

A3 E1 E2= A3 E1 Cos 2 f 1t . E2 Cos 2 f 2t 


A3 E1 E2= A3 E1 E2 Cos 2 f 1t . Cos 2 f 2t

OSTENSIVO 4-21 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Como o termo A3 E1 E2 é constante, podemos separá-lo do desenvolvimento. Obeserve que


obtivemos um produto entre cossenos de ângulos diferentes pois 2 f 1t é o ângulo a e 2 f
2t é o ângulo b. Para desenvolver este produto usamos as seguintes leis da trigonometria:

Cos (a+b)= Cos a Cos b – Sen a Sen b (1)


Cos (a-b) = Cos a Cos b + Sen a Sen b (2)

Cos (a+b) + Cos (a-b)= 2 Cos a Cos b + 0

Somando-se (1)+(2) e dividindo por 2 obteremos:


Cos(a  b)  Cos(a  b)
Cos a . Cos b =
2
Subtituindo na identidade os ângulos em questão teremos:
Cos[2( f 1  f 2)t ]  Cos[2( f 1  f 2)t ]
Cos 2 f 1t . Cos 2 f 2t =
2
A expressão final do sinal de saída será:
Es=A1E1Cos(2 f 1t)+A2E2Cos(2 f 2t)+ A3Eo1Eo2Cos[2( f 1  f 2)t ]  Cos[2( f 1  f 2)t ]
2

Observe que além de termos as raias centradas em f 1 e f 2, obtivemos raias centradas em


f 1 + f 2 e em f 1 – f 2. Um filtro passa-faixa centrado nessas freqüências recuperariam
senóides cujas freqüências seriam a soma e a diferença das freqüências dos sinais de entrada.
O batimento produz novas raias e, em última análise, amplia a largura de faixa na saída. A
fig. 4.21 mostra o diagrama espectral da saída do circuito de batimento. Normalmente as
raias referentes à freqüência soma e à freqüência diferença, têm amplitudes menores que as
dos sinais de entrada.
Não é difícil imaginar que, usando convenientemente os circuitos de batimento, podemos
obter um espectro tal que seja capaz de fazer com que o sintetizador tenha um degrau
bastante pequeno. Daí ser possível atingir uma precisão de 1 ppm.
4.3.4 - Sintetizador de Frequência Básico
Dando seguimento ao estudo dos circuitos sintetizadores, agora apresentaremos uma aborda-
gem sobre os sintetizadores atuais, os quais usam como circuitos geradores de frequência,
um sistema composto por um oscilador de referência controlado por um PLL.
A estrutura básica de um sintetizador de frequência é mostrada na fig. 4.22.

OSTENSIVO 4-22 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.22 - Sintetizador de frequência básico.

O circuito é composto por um PLL que contém um divisor de frequência programável entre
a saída do Vco e a entrada do comparador de fase. Também no circuito está incluído um
oscilador de referência controlado a cristal e o divisor de frequência (  R ).
O sintetizador mostrado está programado para gerar uma frequência de 14220 KHz. Para is-
so, o divisor programável (  N) recebe em seu barramento de dados o código correspondente
ao fator de divisão utilizado, neste caso 711. Assim, na entrada fn do comparador de fase te-
remos a frequência do 20 KHz (14220 KHz  711). Como a entrada fs do comparador rece-
be o sinal de 20 KHz vindo do divisor de referência, a tensão de saída VD, do compara-
dor de fase irá variar até que o Vco oscile exatamente na frequência N fs, que é 711  20 KHz
= 14220 KHz. Se desejarmos uma frequência maior deveremos aumentar N, sendo que o es-
paçamento mínimo entre as frequências será igual à 20 KHz, ou seja, o valor da frequência
de referência de entrada do comparador de fase.

a) Filtro de elo
O filtro passa baixas, utilizado no elo de realimentação do PLL, deve ser capaz de eliminar
completamente a componente AC presente na saída do comparador de fase. Qualquer
resíduo de CA na tensão de controle do Vco iria modular a frequência do sinal gerado,
causando o aparecimento de sinais expúreos que comprometeriam a qualidade do sinal
fornecido. Os expúreos presentes na saída do sintetizador provocam interferências no
funcionamento dos equipamentos dos quais fazem parte. Esses expúreos se manifestam, por
exemplo, no caso dos receptores, como apitos sobrepostos ao sinal. Por esse motivo, a parte
mais crítica de um sintetizador é o seu filtro de elo.

OSTENSIVO 4-23 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

b) Espaçamento entre os canais


Analisando a estrutura do sintetizador apresentado, podemos concluir que o espaçamento
entre os canais será dado por: f  fr  R
Onde:
 f = Espaçamento entre canais em Hz;
fr = Freqüência do oscilador de referência;
R = Fator de divisão do divisor de referência.
Nfr
A frequência da saída do divisor é dada por: fo = N.  f =
R
Onde:
fo = Frequência de saída do Vco;
N = Fator de divisão do divisor programável;
 f = Espaçamento entre os canais.

4.3.5 - Desvantagens do Sintetizador Básico


O sintetizador de frequência básico (anteriormente apresentado), não é apropriado para
geração de sinais na faixa de VHF (30 MHz a 300 MHz) ou em frequências superiores. Essa
limitação se deve ao divisor programável, que normalmente emprega a tecnologia bipolar
(TTL) ou C-MOS e não opera em freqüências acima de 30 MHz.
Para extender a faixa de frequência é necessário o uso de um Preescaler, intercalado entre a
saída do Vco e a entrada do divisor programável (  N). O Preescaler é um divisor de
frequência projetado para operar a centenas de MHz ou até mesmo acima de 1 GHz, sendo
construído na tecnologia ECL (Emitter Coupled Logic). Um Preescaler divisor por 10, por
exemplo, é suficiente para aumentar a frequência máxima do sintetizador básico para cerca
de 300 MHz.
Contudo, surge aqui uma dificuldade: o espaçamento entre as frequências geradas pelo
sintetizador irá aumentar pelo mesmo fator de divisão do Preescaler (  P). Para P=10 o
espaçamento entre as frequências aumentará para 200 KHz no sintetizador básico.
O espaçamento entre as freqüências, em um sintetizador com Preescaler, é dado por:

 f = fr /(R/P) ou  f = (fr.P)/R
Onde:
 f – espaçamento entre freqüências
P – fator de divisão do Preescaler
OSTENSIVO 4-24 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

R – fator de divisão da referência


fr – freqüência do oscilador de referência

Uma possível solução para esse problema seria aumentar R na mesma quantidade de P,
porém, isso iria diminuir a freqüência dos sinais presentes nas entradas do comparador de
fase, exigindo um filtro de elo com muito maior capacidade de filtragem. Na prática, ocorre
o aumento da quantidade de ruído presente no sinal gerado pelo sintetizador e, também, o
aumento do tempo de acomodação (ta) do PLL, havendo maior retardo para o sintetizador
obedecer aos comandos de mudança de freqüência.
Este tipo de sintetizador é mais usado nas faixas de VHF, UHF e SHF. Ele possui ótima pu-
reza espectral, ou seja, o sinal gerado possui pouco ruído sobreposto. Exibe também um cur-
to tempo de acomodação, respondendo rapidamente aos comandos para mudança de fre-
quência. Outra característica vantajosa é que o divisor programável opera em uma frequência
relativamente baixa, para a faixa de operação, geralmente inferior a 10 MHz ou 20 MHz,
mesmo nos equipamentos de UHF.

Obs: tempo de acomodação(ta): É o tempo requerido para que a resposta transitória do PLL
permaneça entre 0,95 a 1,05 do valor permanente, após uma mudança súbita da frequência
do sinal de entrada.

4.3.6 - Preescaler de Módulo Duplo


É o componente fundamental para construção do sintetizador de frequência muito elevada.
Consiste em um divisor de frequência que usa a tecnologia ECL, a qual tem como caracterís-
tica principal altíssima velocidade de operação, cujo módulo, P, varia em função do nível ló-
gico aplicado ao pino de controle do Preescaler. Com o controle em nível baixo, o módulo é
diminuído de uma unidade. Acompanhe na fig. 4.23.

OSTENSIVO 4-25 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.23 - Preescaler de módulo duplo


O valor do módulo do Preescaler é calculado em função da freqüência máxima de saída do
sintetizador e da freqüência máxima admissível na entrada do divisor programável. Em um
telefone celular, por exemplo, a freqüência máxima do VCO fica ao redor de 900 MHz e a
freqüência máxima admissível na entrada do divisor programável fica em torno de 7 MHz.
Dessa maneira P será:
P > fo / fmáx
Para o caso de um telefone celular teríamos:
P  900 MHz / 7MHz  128,57 MHz
O módulo P (ou P+1) é quase sempre uma potência de dois, sendo comum valores como: 15
/ 16, 31 / 32, 63 / 64, 128 / 129, entre outros. No exemplo pode-se usar um Preescaler de
módulo 128/ 129.
O Preescaler de módulo duplo opera em conjunto com dois divisores de módulo
programável, o divisor por A e o divisor por N. O divisor por A é utilizado para controle do
módulo Preescaler. Acompanhe a fig. 4.24.
Inicialmente, os A e N são presetados pelos dados aplicados em seus barramentos. O
contador A aplica nível alto no pino de controle do preescaler, fazendo com que ele divida
por P + 1.
Para exemplificar, vamos atribuir valores para P, A e N:
P = 128, A = 97 e N = 218.
Inicialmente, o preescaler divide a frequência do sinal de entrada por 129. Isto significa que,
a cada 129 ciclos do sinal aplicado, o preescaler enviará um pulso para a entrada dos
contadores A e N, fazendo-os decrementar de uma unidade. O processo se repete até que A
chegue a zero, ou seja, durante 97 vezes. Então A coloca sua saída em nível baixo e pára de
OSTENSIVO 4-26 ORIGINAL
OSTENSIVO CIAA 117-075

contar. Com o pino de controle em nível baixo, P passa a dividir por 128, até o contador N
chegar a zero. Quando N zerar, os contadores A e N serão presetados, fazendo com que P
passe a dividir novamente por 129. Desse ponto em diante o ciclo se repete. A saída do
divisor é obtida da saída do contador N.
Para os valores atribuídos no exemplo, teremos:
a) 97 ciclos de divisão por 129, ou 97 x 129 = 12513
b) 121 ciclos de divisão por 128, ou 121 x 128 = 15488
c) A divisão total é a soma de a e b.
12513 + 15488 = 28001

O módulo obtido pelo circuito da figura 4.24 é dado por: D = A + PN

Figura 4.24 - Preescaler de módulo duplo com dois divisores

D – Módulo do divisor da frequência do VCO.


A – Módulo do contador programável A.
P – Módulo base do Preescaler.
N – Módulo do contador programável N.

OSTENSIVO 4-27 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Exercício
Em um sintetizador de módulo duplo, determinar os valores pedidos, conhecendo os
seguintes dados :
- frequência de saída do sintetizador : fo = 840030KHz
- frequência máxima do divisor programável : fmáx = 7MHz
- espaçamento entre canais : f = 30KHz
- frequência do oscilador de referência, fr =15360KHz

Determinar:
a) Módulo do divisor de referência.
Divide-se a frequência do oscilador de referência pelo espaçamento entre os canais .

R= fr /  f | R= (15360K / 30KHz) = 512 | R = 512

b) Módulo base do Preescaler


Divide-se a frequência de saída do sintetizador pela frequência máxima admissível na entra-
da do divisor programável (N).

P  fo / fmáx  840,03/7  P  120  P = 128

c) Calcula-se o valor de D:
D = fo /  f  D = 840030/30
D = 28001

d) Calcula-se o valor de N:
D 28001
N>   217
P  1 128  1
N > 217  N = 218
Obs: N precisa ser um valor inteiro maior que o valor calculado (normalmente uma unida-
de acima).

OSTENSIVO 4-28 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

e) Calcula-se o valor de A:
Como D = A + PN  A = D - PN
A = 28001 - (128.218) = 97
A = 97

Obs: É necessário que o módulo N seja sempre maior que A, pois o contador A deve
chegar a zero antes que o contador N.
Na prática, para cada frequência gerada pelo sintetizador, são programados os módulos de A
e N. A tabela 4.1 mostra, a título de exemplo, os valores de A e N para algumas frequências.

FREQÜÊNCIA DE SAÍDA A N NOTAS


840030 97 218 1
840060 98 218 1
840090 99 218 1
840120 100 218 1
----- ----- ----- -----
843630 217 218 2
843660 90 219 3
843690 91 219 1

Tabela 4.1

Notas:
1. O valor de A é aumentado sempre que desejarmos um aumento na frequência de saída do
sintetizador. (A sempre menor que N)
2. O valor de A atingiu ao máximo.
3. Agora, para um novo aumento na frequência do sintetizador, o valor N é incrementado de
uma unidade e A foi recalculado.

A fig. 4.25 mostra o diagrama do sintetizador de frequência com módulo duplo:

OSTENSIVO 4-29 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

Figura 4.25 - Sintetizador de frequência

Para a construção prática de sintetizadores existem no mercado diversos circuitos integrados


disponíveis nos quais, estão incluídos os divisores A, N, R além do comparador de fase.
Outras partes, como filtro do elo, o VCO, o Preescaler e o oscilador de referência são
conectados externamente.

OSTENSIVO 4-30 ORIGINAL


OSTENSIVO CIAA 117-075

ANEXO A
BIBLIOGRAFIA

a)AZEVEDO JUNIOR, João Batista de. TTL/CMOS- Teoria e Aplicação em


Circuitos Digitais Vol I. São Paulo: Érica, 1984;
b)BOYLESTAD, Robert e NASHELSKY, Louis. Dispositicos Eletrônicos e Teoria dos
Circuitos. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1984;
c)DIAS CARVALHO, José Antônio e FERREIRA SOBRINHO, José Pinto.
Osciladores I. São Paulo: Érica, 1992.
d)HOUPIS, Constantine H. e LUBELFELD, Jerzy. Técnicas de Pulsos.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1972.
e)MALVINO, Albert Paul. ELETRONICA Vol 2. São Paulo: Makron Books,
4ª ed., 1995;
f)MILLMAN, Jacob e HALKIAS, Christos C..ELETRÔNICA – Dispositivos e
circuitos Vol 2. São Paulo: McGraw-Hill, 2ª ed., 1981.
g)MILLMAN, Jacob e TAUB, Herbert. Pulse, Digital, and Switching Waveforms.
McGraw Hill Kogakusha, International student edition., 1965.
h)NASCIMENTO, Juarez do. Telecomunicações . São Paulo: Makron Books,
2a ed., 1992 e 2000;
i)THOMAS, Roland E.; ROSA, Albert J.; TOUSSAINT, Gregory J. Análise e
Projeto de Circuitos Elétricos Lineares. Porto Alegre: Bookman, 6ª ed.,
2011; e
j)ZUFFO, João Antonio. Subsistemas Digitais e Circuitos de Pulso,Vol 2.
São Paulo: Edgar Blucher, 1974.

OSTENSIVO 4-1 ORIGINAL

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