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RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
This research report aims the study of the relation among consumer protection,
regulation and antitrust in three infrastructure sectors of the Brazilian economy:
telecommunication, electricity and watering services. Section I of this report
presents a synthetic description of the three sectors under analysis. Section II
discusses theoretical aspects of the relation among consumer protection, regulation
and antitrust. Section III presents the Brazilian experience of telecommunication,
electricity and watering services regulation. Section IV analyses recent evidences of
KEY WORDS
SUMÁRIO
I. Introdução ........................................................................................................ 10
1.1. Telecomunicações................................................................................ 11
2.1. Telecomunicações................................................................................ 38
2.4. Classificação dos setores pelo grau de autonomia dos consumidores . 121
LISTA DE QUADROS
Quadro 5 - Energia elétrica: consumo de energia elétrica (kWh per capita) ........ 17
Quadro 30 - Procon-SP: total de atendimento geral por área – 1994 a 1999. ...... 104
Gesner de Oliveira
I. INTRODUÇÃO
A Seção I deste relatório apresenta uma descrição sumária dos três segmentos
selecionados. A Seção II discute aspectos teóricos da relação entre proteção ao
consumidor, de um lado, e regulação e defesa da concorrência, de outro, a partir da
experiência brasileira e internacional. A Seção III apresenta a experiência brasileira
de regulação dos três setores.
*
O NPP agradece aos alunos que participaram da pesquisa que originou o presente relatório como auxiliar de
pesquisas, Sérgio Goldbaum, e como monitor de pesquisas, Rafael Cunha de Rezende.
1.1. Telecomunicações
1
Citadas em Fiúza e Néri (1998, p. 4).
Quadro 1
Quadro 2
Quadro 3
Observa-se que, embora ainda muito elevado se comparado com o déficit de outros
serviços públicos, o déficit de telefonia é o que apresenta maior redução entre 1995
e 1997. Com a consecução do processo de privatização e os estímulos à
universalização, a tendência de redução do déficit de telefonia foi acelerada.
Quadro 4
Quadro 5
Quadro 6
Respondem pela energia de 300 localidades eletricamente isoladas umas das outras,
incluindo Manaus e as demais capitais de estados nortistas, à exceção de Belém.
Quadro 7
Apesar dos investimentos realizados ao longo dos anos 1970 e 1980 em saneamento
básico, no âmbito do PLANASA (Plano Nacional de Saneamento Básico), persiste
no Brasil o que Cotelo (2000) denominou de “desbalanceamento na provisão de
serviços de saneamento básico”, isto é, o descompasso entre a abrangência do
serviço de abastecimento de água, que atende 91% da população urbana, e o de
esgotamento sanitário, que atinge apenas 50% dos domicílios urbanos, sendo que
apenas 20% do volume coletado são submetidos a algum tipo de tratamento2. Com
relação à coleta de lixo, o índice de cobertura no meio urbano é de 79%, mas menos
de 30% deste volume têm um destino final adequado (Pena e Abicalil, 1999).
2
O intenso e rápido processo de urbanização observado no Brasil ao longo da segunda metade do século XX é uma
das causas do déficit de serviços. Cotelo (2000) analisa as possíveis causas desse desbalanceamento, enfatizando
uma perspectiva de economia política.
Quadro 8
Quadro 9
100 100
96 95
100 92 93
88
85
81
78 77
80
(%) da população
62 60
60
48
40
20
0
América Europa Oceania Am. Lat. Ásia África Brasil
do Norte e Caribe
Fonte: OMS, in Torres, S.: “Falta água potável para 18% da população”.
FSP, 23/11/00, p. C12.
Quadro 10
Quadro 11
Quadro 12
Pela Constituição Federal (CF), (i) a definição de diretrizes gerais para a prestação e
regulação dos serviços de saneamento é competência da União, (ii) os programas
para a melhoria das condições habitacionais são de responsabilidade conjunta entre
União, estados e municípios, mas (iii) a titularidade dos serviços de interesse local
está claramente expressa na CF, sendo uma atribuição dos municípios3 e, onde
predomina o interesse comum na prestação dos serviços (como nas regiões
metropolitanas), nas quais os sistemas são totalmente ou parcialmente integrados,
não há clara definição constitucional.
3
Vide o inciso V do artigo 30. Enquadram-se nesta situação a maior parte dos municípios brasileiros.
Os autores ainda destacam que as CESBs prestam serviços nos municípios mais
pobres do país, atendendo a 92% dos 1.368 municípios prioritários do Programa
Comunidade Solidária. Nos 114 municípios restantes, em 65 (sendo a maioria
localizada no Sul-Sudeste) os serviços são prestados por organizações municipais e
nos outros 49 (a maioria no Norte-Nordeste), as organizações municipais são
vinculadas à Fundação Nacional de Saúde (FNS).
4
Porto Alegre é a única capital cujos serviços são prestados por serviço municipal. Na Grande São Paulo, diversos
municípios são responsáveis pelos serviços de distribuição e coleta de esgotos, ficando, nesses casos, o tratamento e
adução de água e o tratamento de esgotos a cargo da SABESP.
Quadro 13
Entre 1996 e 2000, o número de cidades com operação privada passou de 16 para
28, alcançando aproximadamente 4 milhões de brasileiros. O Quadro 14 elenca
cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes cuja operação do serviço de
saneamento básico é privada.
5
No total, a FNS presta assistência técnica a cerca de 240 municípios, em geral pequenos e localizados nas regiões
Norte-Nordeste.
Quadro 14
Município Mil hab. Consórcio Operadora Modalidade Data do Início de Invest. (R$
Local Contrato Operações milhões)
Limeira/SP 217 CBPO, Águas de Plena 1995 1995 110
Lyonnaise Limeira
Riberião 450 CH2M Hill, Rek Ambient Esgoto 1995 45
Preto/SP
Judiai/SP 288 A. Veloso, Cia Trat Esgoto 1996 1998 30
Coveg, Saneamento
Tejofran Jundiaí
Itu/SP 112 Cavo Cavo Itu Esgoto 1996 1998 25
Araçatuba/SP 157 Amafi, Sanear Esgoto 1996 2000 13
Multisrevice
Campos/RJ 350 Developer, Q. Águas do Plena 1996 92
Galvão Paraíba
Paranaguá/PR 110 Carioca, Águas do Plena Sub 1997 1997 60
Developer, Paranaguá concessão
Castilho
Petrópolis/RJ 240 Developer, EIT, Águas do Plena 1997 1998 100
Cowan Imperador
Niterói/RJ 450 Carioca, EIT, Águas de Plena 1997 175
Developer Niterói
Marília/SP 180 Hidrogesp, Águas de Trat Esgoto, 1997 1998 3
Telar, Infra Marília Adutora,
Reservatório
Araruama, 200 Erco, Cowan, Águas de Plena 1997 1998 73
Saquarema e EIT Juturnaíba
S. Jardim/RJ
A. do Cabo, 220; 700 EPAL, Monteiro PróLagos Plena 1998 1998 230
Búzios, C. (verão) Aranha
Frio, Iguaba,
S. P. da
Aldeia/RJ
Cachoeiro do 153 Águia Branca, Águas de Plena 1998 50
Itapemirim/ES Cepemar, Cachoeiro
Hidroport
Nova 175 Multiservice Cia de Plena 1999 12
Friburgo/RJ Águas de N.
Friburgo
Fonte: Adaptado de Turolla (1999).
Esta seção está dividida em duas partes. Na primeira, são apresentados aspectos
teóricos relacionados à proteção ao consumidor, reunidos a partir da experiência
internacional. Na segunda parte, são apresentados aspectos da experiência
internacional da articulação entre proteção ao consumidor, regulação e defesa da
concorrência nos três setores estudados.
6
“Consumerism” pode ser traduzido por “consumismo”, mas também pelo ato de proteger consumidores de preços
injustos, propaganda enganosa, etc... para diferenciar, opta-se pelo neologismo “consumerismo”.
7
Veja exemplos em Engel (2000).
Por outro lado, leis de proteção ao consumidor parecem às vezes atuar tanto no
sentido de tornar efetiva a escolha do consumidor entre as opções existentes quanto
de aumentar o leque de opções disponíveis aos consumidores. É o caso, por
exemplo, das normas que obrigam produtores a disporem publicamente informações
técnicas das mercadorias. Lande entende que a publicação dessas informações
expulsa do mercado produtos de qualidade inferior, abrindo espaço para a entrada
de novos concorrentes que incrementarão o leque de opções disponíveis aos
consumidores.
Em segundo lugar, “uma relação funcional próxima entre ações para preservar
opções e ações para preservar a habilidade de escolha entre opções existentes
mostraria porque a Federal Trade Comission (FTC, a agência norte-americana de
“the functions of antitrust and consumer protection can and should work
together to safeguard the exercise of consumer sovereignty” (Lande, 1996,
p. 56, ênfase do autor)
Sua justificativa está baseada na própria abordagem teórica que propôs, segundo a
qual os problemas de defesa da concorrência e de proteção ao consumidor são da
mesma natureza, e que haveria convergência de interesses na prática de ambas as
funções.
8
Deve-se ressaltar, no entanto, que, ao contrário do FTC, a Divisão Antitruste do Departamento de Justiça do EUA
não acumula funções de proteção ao consumidor, especializando-se apenas em defesa da concorrência.
9
A rigor, o artigo de Lande aponta quatro implicações práticas, mas a quarta implicação é muito similar à primeira.
“It is very tempting to think of these functions as being very different and
only related on the most general and abstract level insofar as both bureaus
ultimately attempt to improve consumer welfare” (Lande, 1996, p. 56, nota
de rodapé 122).
“Mostra apenas que o grande debate está ainda em como defender o capital
do próprio capital, um comitê de interesses apenas dos grandes negócios.
Pouco se disse do consumidor, o lado de fora do capital” (Lopes, 2001).
Adicionalmente, Lopes não entende que papel cabe a uma agência federal de defesa
do consumidor se o direito do consumidor constitui-se dentro da arena judicial, a
qual, no arranjo federativo brasileiro, é estadual.
Com relação à regulação, não fica claro, para o autor, a relação entre a ANC e as
agências regulatórias:
“Em todas as agências até agora criadas o campo de atuação era limitado a
um setor econômico. A nova agência não diz respeito a setor algum em
particular. Qual o papel que lhe cabe, visto que lhe sobraria o grande
consumo de setores não regulados? É bom lembrar que as agências
existentes não são órgãos de defesa do consumidor, embora devam levá-las
em conta”.
2.1. Telecomunicações 10
lado, estão livres dos controles tarifários existentes, os quais foram substituídos por
uma regulação por incentivos. Cabe ressaltar que a capacidade de pressão das ILECs
é muito mais forte que das operadoras de longa distância (IXCs – Interexchange
Carriers), resultando numa forte dependência, no nível estadual, das PUCs.
No que refere a política tarifária, o novo modelo institucional dos EUA, emprega o
mecanismo de price-cap, o que permite uma maior flexibilidade em uma ambiente
de maior competição. Quanto às tarifas de interconexão, os mecanismos
tradicionais, que incorporavam subsídios cruzados na alocação de custos fixos
comuns de rede, foram substituídos por mecanismos que refletem os custos do uso
efetivo do serviço, evitando que as empresas entrantes sejam penalizadas com a
inclusão de custos históricos pelas empresas estabelecidas.
Embora esforços têm sido feitos para a criação de uma autoridade regulatória pan-
européia, a oposição de alguns países membros tem impedido que essa intenção se
concretize.
Quadro 15
11
Esta subseção contou com a colaboração de Luis Fernando Rigatto Vasconcellos.
O setor de energia elétrica nos EUA é regulado por uma estrutura tripartite. No
âmbito federal, tem-se a Federal Energy Regulatory Commission (Ferc) e no nível
estadual, as PUCs. A ação é complementada pelo Departamento de Justiça (DOJ) e
pela Procuradoria Geral (AG), respectivamente na esfera federal e estadual. Cabe
ainda destacar, a importância da participação de grupos de interesse nas fases de
consulta pública, onde predomina a tradição jurídica norte-americana de check and
balances, que procura maximizar a área de consenso na tomada de decisões.
12
Esta subseção contou com a preciosa colaboração de Frederico Turolla.
Quadro 16
O preço do serviço prestado pelas operadoras privadas é geralmente superior aos das
áreas operadas diretamente pelos setor público (a diferença chega a 44%). Parte
dessa diferença se deve aos impostos sobre o concessionário privado. Além disso,
muitas comunas só concedem o serviço diante da necessidade de significativos
investimentos. Atualmente, cinco empresas abastecem 75% da água e 40% do
esgoto produzido no país. As operadoras desenvolveram estreita ligação com o s
governos locais, central e entre si. Casos de corrupção e de conluio são
freqüentemente divulgados pela imprensa francesa. Apesar disso, o modelo gerou
um sistema descentralizado, eficiente e moderno, além de criar a maioria das
empresas privadas de tamanho e vocação internacional do setor.
Quadro 17
Quadro 18
No início dos anos 90 o setor já havia iniciado a recuperação dos investimentos aos
níveis observados nos primeiros anos de 1970. Entretanto, a recuperação do
investimento a partir de 1992, como aponta Almeida e Crossetti, já fazia parte dos
preparativos da desestatização do setor. Ao contrário dos demais países latino-
americanos, a privatização do setor no Brasil foi precedida pelo aumento do
investimento.
Quadro 19
De acordo com o Título III do Livro II, a Anatel seria constituída de dois
organismos superiores, o Conselho Diretor e o Conselho Consultivo, e, de acordo
com o Título V do Livro II (art. 47o a 53o), suas receitas seriam obtidas a partir do
Fundo de Fiscalização de Telecomunicações (Fistel, Lei 5.070/66, cuja
administração passa a ser exercida pela Anatel), do Fundo de Universalização de
Telecomunicações (Fust, criado pela Lei 9.998/00) e a partir do Orçamento Geral da
União.
O Título III trata das diretrizes de prestação dos serviços no regime privado. Dentre
essas condições, destacam-se (i) a da preferência a ser observada em favor dos
prestados sob regime público, a do respeito aos usuários e a do desenvolvimento
tecnológico e industrial do setor (art. 127) e (ii) a liberdade de preços dos serviços
privados, reprimindo-se apenas a prática prejudicial à competição e o abuso do
poder econômico (art. 129).
Em abril de 1998, o Decreto no. 2.534 do Poder Executivo aprovou o Plano Geral de
Outorgas (PGO), que fixou os parâmetros gerais para o estabelecimento da
concorrência no serviço telefônico fixo comutado, definindo as áreas regionais de
atuação das empresas prestadoras de serviços (art. 4o, veja Quadro 20). As regiões
definidas pelo PGO serviram de base para a reestruturação do Sistema Telebrás,
com o desmembramento da estatal em três grandes holdings de concessionárias de
serviços locais de telefonia fixa (a Telesp, a Tele Centro-Sul e a Tele Norte-Leste,
sendo mantida a Embratel, nacional), e para a licitação dos termos de autorização
para a operação de empresas “espelho” nas mesmas áreas de atuação das
concessionárias de telefonia fixa oriundas do Sistema Telebrás.
Quadro 20
Quadro 21
Quadro 22
As primeiras medidas neste sentido começaram a ser tomadas a partir do início dos
anos 1990, mas a configuração mais consistente de um novo modelo só apareceu a
partir de 1998, com a Lei 9.648/98. As principais medidas regulatórias que
antecederam a configuração do novo modelo regulatório são as seguintes:
• Lei 8.631/93, que extinguiu o regime de remuneração garantida (vide artigo 7o),
promoveu o encontro de contas entre empresas estatais e governos (parágrafo 3o
do referido artigo) e autorizou as empresas concessionárias de distribuição a
celebrarem contratos de suprimento com as fornecedoras com base em tarifas
• Leis 8.987/95 (Lei das Concessões) e 9.074/95, as quais (i) viabilizaram o início
da privatização no setor (com a venda da Escelsa em 1995 e da Light em 1996),
(ii) dispuseram sobre o regime concorrencial na licitação das concessões para
projetos de geração e transmissão de energia elétrica, estabelecendo o prazo de
30 anos para as concessões de distribuição e transmissão e 35 anos para as de
geração (vide artigo 4o da lei 9.074), (iii) criaram a figura do produtor
independente de energia elétrica (vide artigo 11o da referida Lei), estabelecendo
a possibilidade de os consumidores livres13 terem direito à contratação de energia
de produtores independentes e, após cinco anos, de qualquer concessionária de
energia (artigos 15o e 16o).
13
Isto é, todo aquele consumidor que tenha carga igual ou superior a 10MW e que sejam atendidos em tensão igual
ou superior a 69 KV que optarem por contratar seu fornecimento, no todo ou em parte, com produtor independente
de energia elétrica.
A Lei 9.427/97, que criou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Lei
9.648/98 inauguraram uma nova fase na regulação do setor.
Quadro 23
14
Segundo previsões do governo, o total de energia a ser comercializada no mercado spot não deve ultrapassar de
10% a 15% do total de energia transacionada no MAE, em virtude da oscilação do preço da energia.
Por outro lado, para diminuir os efeitos de um possível choque nos preços da
eletricidade decorrente da implantação do MAE, o governo estabeleceu um período
de transição, no qual vigorariam contratos iniciais entre geradores e compradores,
como duração de nove anos. Durante este período, nos primeiros 5 anos (até 2003),
a competição no segmento de geração ficará restrita a toda a energia nova que for
acrescida ao sistema pelos novos investimentos. Após essa data, a concorrência nos
demais segmentos será gradualmente estimulada.
15
Segundo o art. 7o do Estatuto do ONS, ele será constituído por membros associados (agentes de geração com
usinas despachadas centralizadamente, agentes de transmissão, agente importador, agente exportador, agentes de
distribuição e os consumidores livres) e membros participantes (o Ministério das Minas e Energia e os conselhos
dos consumidores).
Cabe ao ONS o controle operacional da rede básica, a qual foi definida pela
resolução 66/99 da Aneel como todas as linhas de empresas do setor elétrico em
tensões de 230 kV ou superiores. Por meio de um contrato de Prestação de Serviços
de Transmissão (CPST), os proprietários das redes básicas de transporte fazem uma
cessão de direitos de controle operacional dos seus ativos para o ONS, mediante o
pagamento de receitas que lhe remuneram os custos e os investimentos realizados.
Com relação à rede básica, a metodologia aplicada à cobrança de tarifas de uso das
instalações de transmissão, componentes da rede básica e dos sistemas de
distribuição pretende evitar o risco de ocorrência do fenômeno de pancaking16
através da definição de valores de tarifas de acesso de acordo com critérios “por
zona” e fazer com que as tarifas emitam sinais econômicos para a localização ótima
de investimentos e de grandes consumidores.
16
O fenômeno de Pancaking é definido como aquele no qual o preço final das “tarifas de pedágio” torna-se maior
do que o valor da transação efetuada, inviabilizando-a economicamente.
17
A partir de meados de 2000, todos os consumidores com carga mínima de 3MW e atendidos em tensão igual ou
superior a 69 KV puderam iniciar a comercialização de energia no âmbito do MAE. Já a partir de 2003, a Aneel
poderá estabelecer reduções desses limites para aumentar, assim, a abrangência de consumidores com essa opção.
18
isto é, aquele que “satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade de tarifas” (art. 6o).
Por sua vez, a Lei 9.427 de 1996, que cria a Aneel, determina no artigo 17o que “a
suspensão, por falta de pagamento, do fornecimento de energia elétrica a
consumidor que preste serviço público ou essencial à população e cuja atividade
sofra prejuízo será comunicada com antecedência de quinze dias ao Poder Público
local ou ao Poder Executivo Estadual”, o qual deve tomar medidas para preservar a
população dos efeitos da suspensão do fornecimento de energia, sem prejuízo das
ações de responsabilização pela falta de pagamento que motivou a medida.
ligados à regulação” (art. 17o). O parágrafo único do mesmo artigo afirma que o
Diretor Ouvidor “será o responsável final pela cobrança da correta aplicação de
medidas estabelecidas para cada agente, no atendimento às reclamações de
consumidores e demais envolvidos”.
Na Lei 9.648 de 1998, que cria o MAE e o ONS, a proteção do consumidor aparece
no art. 12o, no qual se atribui à Aneel a definição das regras de participação no
MAE, bem como os mecanismos de proteção ao consumidor. O MAE é
regulamentado e as regras do ONS são definidas no Decreto 2.655 de 1998. Neste,
determina-se que um dos membros participantes do ONS será “os representantes
indicados pelo Conselho de Consumidores, constituídos na forma da Lei no. 8.631
de 1993”, isto é, de acordo com o art. 13o visto no início desta subseção.
Finalmente, o Estatuto do ONS, em seu art. 7o, divide os seus constituintes em
membros associados (que incluem os agentes de geração, de transmissão, de
importação, de exportação, de distribuição e os consumidores livres) e membros
participantes (que incluem o Ministério das Minas e Energia e os Conselhos de
Consumidores). Ao contrário dos representantes dos consumidores livres, os
Conselhos de Consumidores, de caráter consultivo, não terão direito a voto na
Assembléia Geral do órgão, a qual delibera as decisões que lhe são encaminhadas
pelo Conselho de Administração.
As tarifas cobradas pelas CESBs deveriam cobrir todos os custos, incluindo uma
remuneração (taxa de retorno) compatível com a sustentação financeira do setor e
uma taxa administrativa. O PLANASA instituiu um sistema de subsídios cruzados
entre categorias de consumidores (por exemplo, indústrias e comércio subsidiavam
usuários residenciais) e entre faixas de consumo (fazendo com que usuários de
maior consumo subsidiassem usuários de menor consumo). Da mesma forma, o
subsídio cruzado foi estendido aos municípios de menor rentabilidade através da
Esse sistema criava algumas distorções de ordem alocativa. Por exemplo, através
dele, uma família numerosa subsidiava um casal sem filhos, cujo consumo de água
era menor, mas cuja renda familiar era maior. Entretanto, esse sistema possibilitou a
ampliação e a realização de investimentos durante toda a década de 1970, atingindo
o ápice nos primeiros anos da década de 1980, conforme mostra o Quadro 24.
19
No início, essa tarifa era fixada de acordo com critérios estabelecidos pelo BNH; a partir de 1978, o CIP
(Conselho Interministerial de Preços) e o Ministério do Interior também passaram a influenciar a tarifa, sendo que a
decisão final cabia a este último.
Quadro 24
Quadro 25
20
Calmon, Amparo, Morais e Fernandes (1999) analisam as características dos principais programas
governamentais de incentivo ao saneamento básico.
Quadro 26
Programa
Valor do Empréstimo Valor da Valor do
ou Repasse Contrapartida Investimento
PRÓ-SANEAMENTO 2.657,2 945,9 3.603,1
PASS 758,3 174,1 932,4
PROSEGE 225,2 70,3 295,5
PMSS 206,0 220,0 426,0
PQA 4,3 0,8 5,1
PNDCA 0,9 0,2 1,1
PROGEST 0,4 0,5 0,9
TOTAL 3.852,3 1.411,8 5.264,1
Fonte: Calmon, Amparo, Morais e Fernandes (1999)/SEPURB-MPO.
21
O PASS atende especialmente municípios ligados ao Programa Comunidade Solidária.
Por outro lado, como mostra Araújo (1999), não existe um modelo consensual de
gestão dos serviços sanitários: enquanto nos EUA, de tradição liberal, a prestação de
serviços de saneamento básico é majoritariamente pública, na França, onde a
intervenção estatal se faz mais presente, a prestação daqueles serviços é, desde o
século passado, de responsabilidade de empresas privadas. As experiências de
privatização, como na Inglaterra e na grande Buenos Aires, por exemplo, ainda são
recentes.
Assim, o serviço de saneamento básico, quando for de interesse local (situação que
abrange a maioria dos municípios brasileiros), é de inequívoca competência dos
municípios. Ainda que, em alguns casos, decisões de municípios possam afetar
negativamente o consumo de água de outros municípios, essas situações podem ser
cobertas pela legislação ambiental e pela lei de recursos hídricos (Lei 9.433/97),
mantendo-se assim a jurisdição municipal sobre a prestação de serviços de
saneamento básico.
22
No caso da energia elétrica, como se viu, existia e existem empresas estaduais, mas que são concessionárias do
governo federal.
Em Niterói, tal arranjo não é possível, pois a segmentação das redes de distribuição
de água por município exigiria investimentos vultosos; nas demais situações, o
arranjo da SABESP não foi necessário, pois as concessionárias estaduais obtiveram
também as concessões municipais24.
23
Cuja titularidade foi definida como estadual por exclusão.
24
Duas exceções são Betim, na Grande Belo Horizonte, e porto Alegre, cujos serviços de água e esgotos sempre
estiveram sob administração municipal.
Por outro lado, se for adotado uma divisão na qual o estado se responsabiliza pelas
áreas de interesse comum e os municípios pelas áreas de interesse local, os riscos de
ocorrência de problemas causados pela propriedade comum aumentam: “nada
indicaria que o esforço de um governo municipal para controlar o consumo de água
na área de sua jurisdição não possa ser anulado pela ausência de uma ação
semelhante por parte de outro município vizinho” (Araújo, 1999, p. 54).
população urbana deve exceder 50 mil habitantes, e para que atinja o ponto de
equilíbrio, 100 mil habitantes. Segundo dados do Censo do IBGE de 1991, apenas
186 dos 4.491 municípios brasileiros tinha população superior a 100 mil habitantes,
sendo que quase a metade se localizava na região Sudeste. Os casos que se situarem
abaixo do ponto de equilíbrio necessitarão de aporte fiscal, mas uma solução
definitiva para o problema ainda parece distante.
25
Arretche (1999) apresenta uma análise das estratégias adotadas pelas principais companhias estaduais de
saneamento básico, dividindo essas estratégias em três tendências: o fortalecimento da companhia estadual (caso da
SABESP, da SANEPAR/PR e da CAGECE/CE), a desestatização (caso do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), e a
municipalização (caso da SANEMAT/MT).
A solução possível, para Araújo (1999), seria uma atuação complementar entre o
poder concedente municipal e um organismo regulador estadual a ser criado, cujas
funções poderiam abranger não apenas a regulação da prestação de serviços de
saneamento nas regiões metropolitanas e nos aglomerados urbanos, mas também
exercício – através do estabelecimento de convênios com municípios26 – do
acompanhamento dos contratos de concessão, e de funções suplementares, tais como
a assistência técnica e a criação de condições para uma efetiva competição por
parâmetros de desempenho entre os vários concessionários municipais, com base no
trabalho de coleta, análise e publicação das informações relacionadas à qualidade,
quantidade e aos níveis tarifários cobrados pelos serviços pertinentes ao setor.
Várias formas diferentes de associação são vislumbradas pelo projeto, com especial
estímulo às três últimas: (i) a delegação legal (na qual a titularidade ou a prestação
de serviços é outorgada a entidade pública ou governamental da administração
indireta), (ii) a concessão ou permissão (quando esta outorga é dirigida a entidades
do direito privado), (iii) a gestão local (na qual os serviços de saneamento básico
são integralmente regulados, gerenciados e prestados pelo município), (iv) a gestão
associada (em que os entes da federação se associam mediante convênios de
cooperação ou consórcios públicos) e (v) a gestão regional integrada (quando os
serviços de saneamento básico são prestados no âmbito de regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas ou microrregiões).
Assim, logo no artigo 3o, “a observância dos direitos dos usuários” e “participação
da população, através de entidades e representantes comunitários no planejamento,
no processo de decisão e no acompanhamento da prestação dos serviços nos termos
da legislação pertinente” são listadas como princípios fundamentais nos quais a
prestação dos serviços de saneamento básico será baseada.
Mais adiante, no parágrafo único do artigo 11o, estabelece-se que os usuários dos
serviços farão parte do Conselho Nacional de Saneamento. No item XI do artigo
16o, “a proteção e participação dos usuários dos serviços de saneamento” constitui
uma das diretrizes gerais obrigatórias para todos os agentes e órgãos públicos e
entidades privadas envolvidas em atividades de prestação de serviços públicos de
saneamento básico; enquanto “a participação do usuário no processo regulador” e “a
proteção do consumidor contra a prática de preços abusivos, de serviços de
qualidade precária e acesso restrito” constituem objetivos específicos para o
desenvolvimento do setor no Brasil. Finalmente, “a existência de mecanismos e de
instâncias de participação e ouvidoria dos usuários” como princípio a partir do qual
deve atuar a entidade ou órgão regulador e fiscalização de prestação do serviço é
enfatizada no artigo 35o.
Acrescenta-se que, de acordo com o parágrafo único do artigo 18o, veda-se à União,
aos estados e às entidades das respectivas administrações indiretas “transferir ou
repassar recursos financeiros, no que couber, a estados, distrito federal e
municípios, bem como a entidades de suas respectivas administrações indiretas que
não cumpram as diretrizes da Política Nacional de Saneamento, seus princípios,
objetivos e normas gerais” (grifo adicionado).
Logo no artigo 52o, são listados os direitos dos usuários dos serviços de saneamento
básico, que incluem o recebimento de “serviços adequados, em especial quanto aos
padrões de qualidade dos serviços e a níveis eficientes de custo”, o exercício do
“direito de queixa, ou denúncia aos poderes públicos competentes”, o atendimento
“com cortesia e eficiência, inclusive recebendo as informações solicitadas sobre o
serviço e as providências requeridas para resguardar seus direitos à prestação
adequada do mesmo”, o recebimento de “manual de prestação de serviços e de
atendimento ao usuário, elaborado pelo prestador dos serviços e aprovado pela
entidade ou órgão regulador” e de “informações esclarecedoras acerca da
modificação dos valores tarifários e suas causas”.
Por outro lado, a suspensão fornecimento dos serviços por inadimplência do usuário
somente poderá ser aplicada a usuários que “acumulem duas ou mais contas
vencidas, mediante prévio aviso, não inferior a quinze dias da data prevista para a
suspensão”.
Da mesma forma que a regulação do setor está sendo antecipada pelos contratos,
uma estrutura institucional de defesa do consumidor de saneamento básico também
parece antecipar-se à lei: como exemplo de possível parceria entre uma agência
regulatória para o setor e os órgão de defesa do consumidor, há que se registrar a
parceria firmada entre o Procon-SP e a Sabesp, em fevereiro de 2001, no âmbito da
Câmara Técnica Permanente Procon-Sabesp, formada por técnicos do Procon,
Diretoria, Ouvidoria e funcionários da Sabesp. Como resultado da parceria, alguns
procedimentos foram alterados: a multa por atraso foi escalonada, o fornecimento
prévio de orçamento para todo tipo de serviços passou a ser obrigatório e a
interrupção no fornecimento após 45 dias de inadimplência passou a depender de
emissão de extrato de cobrança no valor do débito no 35 º dia de atraso.
Destacam-se quatro momentos importantes nesta evolução: a aprovação das leis dos
juizados de pequenas causas (1984), da ação civil pública (1985), a aprovação do
Código de Defesa do Consumidor, de 1990 (Lei 8.078/90), e o Decreto 2.181/97,
que cria o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC).
Quadro 27
Organograma do Procon-SP
Secretaria da Justiça e
Defesa da Cidadania
Conselho
Curador
Diretoria
Executiva
Assessoria
Técnica Assessoria de
Comunicação Social
Apoio
Administrativo Centro de
Informática
Ouvidoria
Dir. Adjunta Dir. Adjunta Dir. Adjunta Fiscal. Dir. Adjunta Dir. Adjunta Dir. Adjunta
Administrativa Atend. ao da Defesa do Estudos e Programas Relações
e Financeira Consumidor Consumidor Pesquisas Especiais Institucionais.
Note-se que o método de agregação variou ao longo dos anos. Por exemplo, até
1995 as “consultas” incluíram “Pronto Atendimento e Cartas Emitidas”, enquanto
de 1996 a 2000, aquelas categorias, às vezes denominadas “Cartas M1A”, foram
incluídas em “reclamações”.
27
Um fluxograma detalhado do processo de atendimento ao cidadão no Procon-SP encontra-se no apêndice.
Quadro 28
Quadro 29
400.000
300.000
200.000
100.000
0
77
79
81
83
85
87
89
91
93
95
97
99
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
CONSULTAS RECLAMAÇÕES
Fonte: Procon-SP, elaboração própria.
28
Reclamações Fundamentadas são todas as consultas que não foram atendidas no “pronto atendimento” nem
através da emissão de cartas aos fornecedores, sendo portanto encaminhadas às áreas técnicas do Procon-SP. O
fluxograma do processo de atendimento no Procon-SP encontra-se no anexo.
Quadro 30
Quadro 31
100%
80%
60%
%
40%
20%
0%
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANOS
ALIMENTOS SAÚDE HABITAÇÃO
PRODUTOS SERVIÇOS ASS. FINANCEIROS
29
As reclamações fundamentadas divididas pelas empresas e pelos tipos de reclamações estão no apêndice.
Quadro 32
TOTAL DE RECL. FUND. POR SETOR TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL
ANO EN ELET TELECOM SANEAM A + B + C SERVIÇOS SERVIÇOS (F - D) RECL. GERAL RECL. GERAL
(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G) (H) (I)
1992 76 198 320 594
1993 261 461 1.299 2.021
1994 114 412 525 1.051 3.319 12.195 11.144 12.825 40.473
1995 10 62 122 194 3.276 14.834 14.640 11.182 47.850
1996 77 292 347 716 6.286 17.794 17.078 21.768 55.447
1997 48 396 421 865 6.883 18.886 18.021 20.924 53.940
1998 104 1.987 845 2.936 12.620 33.513 30.577 30.813 80.564
1999 268 10.577 1.414 12.259 32.647 20.388 54.411
2000 619 999 388 2.006 18.739 16.733 53.539
TOTAL 1.577 15.384 5.681 20.636 32.384 129.869 111.848 97.512 332.685
MÉDIA 175 1.709 631 2.580 6.477 21.645 18.641 19.502 55.448
DESV PAD 189 3.376 455 4.009 3.813 9.165 6.642 7.888 13.536
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
SERVIÇOS (E) e RECL GERAL (H) excluem cartas emitidas
SERVIÇOS (F) e RECL GERAL (I) incluem cartas emitidas
SERVIÇOS (F) e RECL GERAL (I) para o ano de 1995 foram obtidos a partir de interpolação.
30
No ano seguinte, as reclamações fundamentadas em telecomunicações somaram 999. Pode-se atribuir a redução
no número de reclamações à entrada em funcionamento da Central de Atendimentos da Anatel.
Quadro 33
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Quadro 34
EV OLUÇÃO DE RECLAM AÇÕES FUNDAM ENTADAS NOS S ERV IÇOS ES TUDADOS , DEM AIS S ERV IÇOS E
GERAIS
90000
0,0525x
80000 y = 39494e
2
70000 R = 0,2984
60000
50000
40000 0,088x
y = 10382e
2
30000 R = 0,3782
20000
0,2304x
10000 y = 412,2e
2
0
R = 0,2928
1 2 3 4 5 6 7 8 9
ANOS
31
Veja regressões no apêndice.
Quadro 35
Energia Elétrica
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Saneamento Básico
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Telecomunicações (Telefonia)
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Quadro 36
TELE C OMU N IC AÇ ÕE S
100%
% DAS RECL FUND
247 631
131 105 122 375
80%
43
60% 182 411
1740 9946
40% 949
281 187 274
20% 19
16 50
0%
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANOS
A TE ND NÃ O A TE ND
E N E R GIA ELÉ TR IC A
100% 0
% DAS RECL FUND
8 6
29
80%
142 157
60% 70 245 111 9
40% 69 42
75
20% 126 134
0% 6 16 3
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANOS
A TE ND NÃ O A TE ND
SANEAMENTO BÁSICO
% DAS RECL FUND
100% 12 10 38
22 184 52
80%
60% 358
1.049
319 335 411 807
40% 100 1.230 336
20% 167
250
0% 1
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
ANOS
Quadro 37
Regulação
Defesa da Técnica Proteção do
Concorrência Consumidor
Autoridade Órgãos de
Autoridade
de Defesa da Defesa do
Regulatória
Concorrência Consumidor
Os objetivos gerais das três atividades são convergentes (promoção do bem estar do
consumidor) e cada esfera de atividade especializa-se na consecução de suas
respectivas funções específicas. Há, entretanto, funções comuns às atividades de
regulação e defesa da concorrência (a regulação econômica) e funções comuns às
atividades de regulação e proteção ao consumidor (fiscalização e ação preventiva).
Por sua vez, tanto a articulação entre Regulação e Defesa da Concorrência, quanto
entre Regulação e Proteção ao Consumidor combinam baixas economias de escopo
com altos custos de transação. Em ambos os casos, a configuração institucional mais
eficiente é indefinida.
32
Da mesma forma, as atividades de defesa da concorrência e de manutenção da estabilidade macroeconômica ou
de atração de investimentos estrangeiros diretos se estimulam mutuamente, o que não significa que mecanismos de
ação coordenadas devem ser instituídos entre o CADE e o Banco Central e o Ministério da Fazenda.
Quadro 38
33
Ver Oliveira (2001).
- assimetria de informação;
A hipótese deste trabalho é a de que nas economias modernas estes fatores tendem
a ganhar importância e que, portanto, o consumidor necessita proteção do Estado.
Assim, o grau de sua autonomia deveria variar conforme o setor de acordo com os
critérios mencionados. As próximas quatro subseções discutem a autonomia dos
consumidores de telecomunicações, saneamento básico e energia elétrica conforme
cada um destes critérios.
34
Evrard, Y e Rodrigues, A: “Uma classificação de serviços baseada na teoria microeconômica da informação”.
(http://read.adm.ufrgs.br/read01/artigo/evrard.htm#evrard).
Quadro 39
Quadro 40
35
O serviço de encanamento foi utilizado para representar o serviço de saneamento, devido à natureza próxima de
ambos.
Uma proxy possível para estimar o custo de organização dos serviços seria
considerar a dispersão geográfica dos consumidores envolvidos. Assim, por
exemplo, seria possível imaginar que os consumidores de saneamento básico e de
energia elétrica que enfrentam um problema de qualidade do serviço prestado estão,
em geral, geograficamente concentrados, ao contrário dos consumidores de
telecomunicações, especialmente no caso da telefonia celular.
Por outro lado, a viabilização de ações coletivas por parte dos órgãos de proteção ao
consumidor públicos e privados diminui os custos de organização e ameniza a
ocorrência do problema de free rider nas questões de proteção ao consumidor.
O Quadro 41 mostra uma possível classificação dos três setores estudados de acordo
com os critérios acima delineados: Quanto mais pontos uma atividade totalizar,
menor será a autonomia local dos consumidores no exercício de sua proteção e
maior será a necessidade de regulação centralizada no nível federal.
Quadro 41
36
Para efeitos de comparação, não foram considerados os consumidores livres de energia elétrica, cujos custos de
organização, poder de barganha e dificuldade de avaliação do serviço prestado os tornam muito mais autônomos
para o exercício de sua proteção do que os consumidores cativos de energia elétrica.
37
As evidências de atendimento de reclamações apresentadas no Quadro 35 parecem refutar essa conclusão. O
atendimento de reclamações foi percentualmente maior no setor de telecomunicações e menor no de energia
elétrica.
Quadro 42
Autonomia
dos
Consumidores
A*
Quadro 43
PROTEÇÃO AO
REGULAÇÃO CONSUMIDOR
Quadro 44
a) Proteção Regulada
Regulação Ação Preventiva Fiscalização Proteção ao
Consumidor
Autoridade Regulatória X X X (X)
Órgãos de proteção ao X
consumidor
b) Perito do Consumidor
Regulação Ação Preventiva Fiscalização Proteção ao
Consumidor
Autoridade Regulatória X X X (X)
Órgãos de proteção ao X X
consumidor
c) Proteção Compartilhada
Regulação Ação Preventiva Fiscalização Proteção ao
Consumidor
Autoridade Regulatória X X X (X)
Órgãos de proteção ao X X X
consumidor
d) Suporte Técnico
Regulação Ação Preventiva Fiscalização Proteção ao
Consumidor
Autoridade Regulatória X X
Órgãos de proteção ao X X X
consumidor
e) Desregulação
Regulação Ação Preventiva Fiscalização Proteção ao
Consumidor
Autoridade Regulatória –
Órgãos de proteção ao X X X
consumidor
Fonte: Elaboração própria.
haverá algum nível de regulação, este modelo seria apenas uma possibilidade
teórica.
Por sua vez, nos setores de saneamento básico e de energia elétrica, tal relação tende
a configurações do tipo “proteção compartilhada” e “suporte técnico”,
respectivamente, dada a natureza local da prestação dos serviços, de um lado, e a
maior dificuldade de avaliação da qualidade do serviço de saneamento básico, o que
exigiria maior fiscalização centralizada, de outro.
VI. BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Lei n. 8.631, de 04 de março de 1993. Dispõe sobre a fixação dos níveis
de tarifas para o serviço público de energia elétrica, extingue o regime de
remuneração garantida e dá outras providências.
BRASIL. Lei n. 9.648, de 27 de maio de 1998. Altera dispositivos das Leis n. 3.890-
A, de 21 de junho de 1993, n. 8987, de 13 de fevereiro de 1995, n.9.074, de 7 de
julho de 1995, n. 9427, de 26 de dezembro de 1996, autoriza o Poder Executivo
a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras – ELETROBRÁS e
de suas subsidiárias e dá outras providências.
Engel, E.: “Beyond the basics of consumer protection”. In: Frischtak, C.:
Regulatory policies and reform: a comparative perspective. Washington D. C. :
The World Bank, [s. d.].
Lopes, J. R. L.: “Quem defenderá o consumidor? Debate sobre nova agência limita-
se a como defender o capital do próprio capital”. O Estado de São Paulo,
31/01/01.
VII. ANEXOS
1. FLUXOGRAMA DO PROCON-SP 38
Procon Cidadão
Denúncia Consulta
Reclamação
de Ofício Carta ao
fornecedor
Resposta
Arquivamento
Áreas especializadas
(não aparece no
Fiscalização cadastro)
AÇÃO PREVENTIVA
38
A elaboração deste fluxograma contou com a colaboração da técnica de defesa do consumidor do Procon/SP
Maria Isabel Vergueiro Pupo.
2.2. Telecomunicações
A. TELESP
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Má prestação de serviços 89 12 7 67 62 227 464
Montagem/colocação 12 4 4 13 33
Não entrega do produto/serviço 149 14 3 73 110 1.062 1.411
Serviço executado sem autorização/aprovação 7 1 1 9
Dano pessoal/material decorrente do serviço 1 1 2 9 1 14
Não fornecimento documentos (N.F./orçamento, etc) 2 2 4
Contrato/proposta (cumprimento/entrega/rescisão, etc) 99 300 8 27 49 383 866
Produtos/serviços entregues com danos/defeitos 3 3 2 9 17
Falta de documentação/registro 1 2 1 1 5
Propaganda enganosa/oferta/venda 1 1
Abandono do serviço/obra 2 2
Garantia (dsecumprimento, prazo, etc) 1 1
Serviço em desacordo com norma/lei 15 15
Outros 3 1 3 7
Garantia - descumprimento prazo 7 7
Contrato - cláusula abusiva/ em desacorda com a legislação 35 1 36
Não entrega do contrato 189 189
Recusa injustificada em prestar serviço 48 4 52
Serviço não concluído/fornecimento parcial 77 77
Vício de qualidade (mal executado, inadequado, impróprio) 2.810 49 2.859
Serviço não fornecido (entrega/instalação/não cumprimento da oferta/contrato) 5.920 150 6.070
Contrato (não cumprimento, alteração, transf., irregularidade, recisão, etc) 181 181
Contrato recisão/alteração unilateral 30 30
Contrato/pedido/orçamento (recisão, descumprimento, erro, etc.) 1 1
Documentos: não fornecimento (escolares, recibo, nota fiscal, etc.) 2 2
Consulta sobre serviços (pesquisa, cartilha, endereços, outros) 2 2
Cobrança indevida 65 80 29 96 151 178 272 871
Pagamento (atraso, recusa, alteração) 26 6 15 16 9 17 89
Aumento (prestação, mensalidade, etc) 1 5 6
Devolução de valores (reserva/sinal/prestação, etc) 3 3 4 10
Procedimento de cobrança violenta/difamatória 1 1
Orçamento não cumprido/forn./impreciso/etc. 2 2
Reajuste abusivo (preço, taxa, mensalidade, etc.) 30 30
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 92 255 347
Cobrança indevida/abusiva 323 228 551
Cobrança abusiva mediante constrangimento, ameaça. 0
TOTAL 198 461 412 62 292 396 1.906 10.045 688 14.262
* a Empresa Telesp passou ao controle da Telefônica da Espanha a partir de 1998.
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
B. TELESP CELULAR
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Má prestação de serviços 6 6
Contrato/proposta (cumprimento/entrega/rescisão, etc) 4 4
Publicidade enganosa 2 1 3
Desistência de compra (cancelamento da compra) 1 1
Contrato - cláusula abusiva/ em desacordo com a legislação 8 8
Não entrega do contrato 16 16
Recusa injustificada em prestar serviço 7 3 10
Serviço não concluído/fornecimento parcial 2 3 5
Vício de qualidade (mal executado, inadequado, impróprio) 44 32 76
Serviço não fornecido (entrega/instalação/não cumprimento da oferta/contrato) 18 5 23
Contrato (não cumprimento, alteração, transf., irregularidade, recisão, etc) 9 9
Contrato recisão/alteração unilateral 4 4
Contrato/pedido/orçamento (recisão, descumprimento, erro, etc.) 0
Documentos: não fornecimento (escolares, recibo, nota fiscal, etc.) 1 1
Publicidade abusiva 1 1
Venda/oferta/publicidade enganosa 2 2
Cobrança indevida 6 19 25
Pagamento (atraso, recusa, alteração) 1 1
Reajuste abusivo (preço, taxa, mensalidade, etc.) 2 2
Roubo/furto 1 1
Venda/oferta/publicidade enganosa 2 2
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 13 23 36
Cobrança indevida/abusiva 23 22 45
TOTAL 19 167 95 281
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
C. BCP
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Má prestação de serviços 26 26
Não entrega do produto / serviço 3 3
Dano pessoal/material decorrente do serviço 1 1
Não fornecimento documentos (N.F./orçamento, etc) 1 1
Devolução de valores (reserva/sinal/prestação, etc) 1 1
Contrato/proposta (cumprimento/entrega/rescisão, etc) 11 11
Publicidade enganosa 1 2 3
Roubo/furto 5 5
Serviço em desacordo com norma/lei 1 1
Contrato - cláusula abusiva/ em desacordo com a legislação 3 3
Não entrega do contrato 18 18
Recusa injustificada em prestar serviço 2 2
Serviço não concluído/fornecimento parcial 4 4
Vício de qualidade (mal executado, inadequado, impróprio) 64 31 95
Serviço não fornecido (entrega/instalação/não cumprimento da oferta/contrato) 22 6 28
Contrato (não cumprimento, alteração, transf., irregularidade, recisão, etc) 33 5 38
Contrato recisão / alteração unilateral 4 4
Venda/oferta/publicidade enganosa 5 5
Discordância na indenização (seguros em geral) 1 3 4
Cobrança indevida 16 14 30
Aumento (prestação, mensalidade, etc) 1 1
Pagamento (atraso, recusa, alteração) 2 2
Não pagamento de indenização (seguros em geral) 64 42 106
Reajuste abusivo (preço, taxa, mensalidade, etc.) 3 3
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 47 55 102
Consumidor negativado inddevidamente nos serviços de proteção ao crédito 2 2
Cobrança indevida/abusiva 72 35 107
TOTAL 62 365 179 606
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
D. EMBRATEL
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Serviço não concluído/fornecimento parcial 1 1
Vício de qualidade (mal executado, inadequado, impróprio) 5 5
Serviço não fornecido (entrega/instalação/não cumprimento da oferta/contrato) 6 6
Cobrança abusiva mediante constrangimento, ameaça 1 1
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 165 165
Cobrança indevida/abusiva 150 150
TOTAL 328 328
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
E. INTELIG
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Vício de qualidade (mal executado, inadequado, impróprio) 1 1
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 12 12
Cobrança indevida/abusiva 9 9
TOTAL 22 22
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
E. VESPER
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Serviço não fornecido (entrega/instalação/não cumprimento da oferta/contrato) 2 2
Contrato - Rescisão/alteração unilateral 1 1
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 5 5
Cobrança indevida/abusiva 3 3
TOTAL 11 11
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
C. CESP
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Cobrança indevida 5 1 6
Reajuste abusivo (preço, taxa, mensalidade, etc.) 2 2
TOTAL 5 3 8
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
D. ELEKTRO
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Dano pessoal/material decorrente do serviço 2 2
Vício de qualidade (mal executado, inadequado, impróprio) 1 1
Orçamento não cumprido/não fornec./impreciso/imcompleto/serviço não solicitado. 1 1
Cobrança indevida/abusiva 3 3
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 4 4
TOTAL 76 0 0 0 0 0 0 0 7 7
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
E. CPFL
DESCRIÇÃO NÚMERO DE RECLAMAÇÕES
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 TOTAL
Dúvida sobre cobrança/valor/reajuste/contrato/orçamento 1 1
TOTAL 76 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Fonte: Procon/SP. Elaboração própria.
ALIMENTOS 2.221 36 392 2.649 1.523 670 2.193 1.056 20 298 1.374
SAÚDE 15.094 2.959 4.035 22.088 10.462 1.205 11.667 15.480 3.813 4.081 23.374
HABITAÇÃO 110.633 4.124 831 115.588 112.788 1.749 114.537 49.268 3.172 1.575 54.015
PRODUTOS 23.650 7.988 2.868 34.506 41.571 3.189 44.760 29.745 11.022 7.086 47.853
SERVIÇOS 34.748 8.876 3.319 46.943 55.365 3.276 58.641 48.365 11.508 6.286 66.159
ASS. FINANCEIROS 18.241 3.665 1.059 22.965 23.064 772 23.836 19.047 4.144 2.099 25.290
FISCALIZAÇÃO 0 0 321 321 0 321 321 0 0 343 343
EXTRA-PROCON 24.396 0 0 24.396 34.646 0 34.646 32.451 0 0 32.451
CAD-PESQ 0 0 0 0 0 0 0 51.969 0 0 51.969
TOTAL 228.983 27.648 12.825 269.456 279.419 11.182 290.601 247.381 33.679 21.768 302.828
184.384 33.016 20.924 238.324 287.870 49.751 30.813 368.434 298.035 285.227
4. RESULTADOS DE REGRESSÕES
y = Aeβx
onde y é o número de reclamações e x são os anos.