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Qualificação Profissional Em
Elétrica

Módulo 01:

1. Eletricidade Básica Industrial;


2. Eletrônica Geral;

Desenvolvido por:
Eng. Fabrício Malvar

Camaçari-BA
Outubro-2014
3

SUMÁRIO

CAPITULO 1: A ELETRICIDADE A SERVIÇO DA HUMANIDADE ................................................................. 9


1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 9
1.2 GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 9
1.3 TIPOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA .......................................................................................... 10
1.3.1 HIDROELÉTRICA ............................................................................................................................. 10
1.3.2 T ÉRMICA ......................................................................................................................................... 11
1.3.3 NUCLEAR ........................................................................................................................................ 11
1.3.4 EÓLICA ............................................................................................................................................ 11
1.3.5 SOLAR ............................................................................................................................................. 13
1.4 GRUPOS GERADORES ................................................................................................................ 14
1.5 LINHAS DE TRANSMISSÃO ........................................................................................................ 16
1.6 DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................................................ 16
1.6.1 VALORES DE TENSÃO ENTRE FASE E NEUTRO ( MONOFÁSICO A 2 FIOS) ................................ 20
1.6.2 VALORES DE TENSÃO ENTRE DUAS FASES – 2F + N (MONOFÁSICO A 3 FIOS , CHAMADO DE
BIFÁSICO ) ........................................................................................................................................................ 20

1.6.3 VALORES DE TENSÃO NUM SISTEMA TRIFÁSICO (3F) ............................................................... 20


1.7 EXERCICIOS ......................................................................................................................................... 21
CAPITULO 2: CORRENTE E T ENSÃO ........................................................................................................ 22
2.1 CORRENTE ........................................................................................................................................... 22
2.2 TENSÃO ................................................................................................................................................. 23
2.3 FONTES DE CORRENTE CONTÍNUA (CC) .................................................................................. 23
2.3.1 Baterias ................................................................................................................................................ 24
2.3.2 Número de Ampères-Horas .............................................................................................................. 25
2.3.3 Geradores ............................................................................................................................................ 26
2.3.4 Fontes de Alimentação ...................................................................................................................... 27
2.3.5 Fontes de Corrente Contínua com Corrente Constante ............................................................... 27
2.3.6 Condutores, Semicondutores e Isolantes ....................................................................................... 28
2.4 EXERCICIOS .......................................................................................................................................... 29
CAPITULO 3: RESISTORES ........................................................................................................................ 30
3.1 RESISTÊNCIA ....................................................................................................................................... 30
3.2 EFEITOS DA TEMPERATURA ........................................................................................................... 30
3.2.1 Condutores .......................................................................................................................................... 30
3.2.2 Semicondutores .................................................................................................................................. 31
3.2.3 Isolantes ............................................................................................................................................... 31
4

3.3 TIPOS DE RESISTORES ..................................................................................................................... 31


3.3.1 Resistores Fixos.................................................................................................................................. 31
3.3.2 Resistores Variáveis ........................................................................................................................... 32
3.4 CÓDIGOS DE CORES E VALORES DOS RESITORES ................................................................ 34
3.5 TERMISTORES...................................................................................................................................... 35
3.6 CÉLULA FOTOCONDUTORA ............................................................................................................. 35
3.7 VARISTORES ......................................................................................................................................... 36
3.8 EXERCICIOS ......................................................................................................................................... 37
CAPITULO 4: LEI DE OHM, POTÊNCIA E ENERGIA ................................................................................. 38
4.1 LEI DE OHM ........................................................................................................................................... 38
4.2 POTÊNCIA .............................................................................................................................................. 39
4.3 ENERGIA ................................................................................................................................................ 42
4.4 DISJUNTORES E FUSÍVEIS ............................................................................................................... 43
4.5 EXERCICIO ............................................................................................................................................ 45
CAPITULO 5: CIRCUITO E M SÉRIE ............................................................................................................ 46
5.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 46
5.2 CIRCUITOS EM SÉRIE ....................................................................................................................... 47
5.3 FONTES DE TENSÃO EM SÉRIE .................................................................................................... 50
5.4 LEI DE KIRCHHOFF PARA TENSÕES ........................................................................................... 50
5.5 REGRA DOS DIVISORES DE TENSÃO ......................................................................................... 52
5.6 EXERCICIO ........................................................................................................................................... 53
CAPITULO 6: CIRCUITO E M PARALELO .................................................................................................... 55
6.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 55
6.2 RESISTÊNCIA EQUIVALENTE PARALELA .................................................................................. 56
6.3 CIRCUITOS EM PARALELO.............................................................................................................. 58
6.4 LEI DE KIRCHHOFF PARA A CORRENTE .................................................................................... 60
6.5 REGRA DO DIVISOR DE CORRENTE ............................................................................................ 61
6.6 CIRCUITOS ABERTOS E CURTOS-CIRCUITOS ........................................................................ 63
6.7 EXERCICIOS ......................................................................................................................................... 64
CAPITULO 7: CIRCUITO EM SÉRIE-PARALELO ............................................................................... 65
7.1 CIRCUITO EM SÉRIE-PARALELO .................................................................................................. 65
7.2 ATERRAMENTO ................................................................................................................................... 66
7.3 EXERCICIO ........................................................................................................................................... 71
CAPÍTULO 8: CIRCUITOS MAGNÉTICOS ................................................................................................... 72
8.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 72
5

8.2 CAMPOS MAGNÉTICOS .................................................................................................................... 72


8.3 TRANSFORMADORES ....................................................................................................................... 76
8.3.1 ESTRUTURAS DO T RANSFORMADOR ................................................................................................ 76
8.3.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TRANSFORMADOR ................................................................................... 77
8.3.3 TIPOS DE TRANSFORMADORES ......................................................................................................... 78
Transformadores de potência ............................................................................................................. 79
Autotransformadores ............................................................................................................................ 80
8.3.4 SIMBOLOGIA DOS T RANSFORMADORES ........................................................................................... 80
8.3.5 TRANSFORMADOR I DEAL .................................................................................................................... 81
ANEXO 1: PROTOBOARD E MULTIMETRO ................................................................................................. 82
A.1 PROTOBOARD .................................................................................................................................... 82
A.2 MULTÍMETRO ...................................................................................................................................... 83
A.2.1 MULTÍMETRO DIGITAL ........................................................................................................................ 83
A.2.2 MULTÍMETRO ANALÓGICO .................................................................................................................. 84
A.3 APLICAÇÕES DO MULTÍMETRO .................................................................................................... 84
A.4 APLICAÇÕES DO MULTÍMETRO .................................................................................................... 86
A.5 AMPERÍMETRO E VOLTIMETRO.................................................................................................... 86
A.6 MEDIDORES DE RESISTÊNCIA OHMÍMETRO (Ω) .................................................................... 88
CAPÍTULO 1: DIODOS SEMICONDUTORES ............................................................................................... 91
1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 91
1.2 DIODO IDEAL ................................................................................................................................... 91
1.3 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS ........................................................................................ 92
1.4 MODELO ATÔMICO DOS SEMICONDUTORES ..................................................................... 93
1.5 MATERIAIS INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS ....................................................................... 94
1.5.1 MATERIAL TIPO N .......................................................................................................................... 94
1.5.2 MATERIAL TIPO P .......................................................................................................................... 95
1.6 PORTADORES MAJORITÁRIOS E MINORITÁRIOS ............................................................. 96
1.7 EXERCICIO ...................................................................................................................................... 96
1.8 DIODO SEMICONDUTOR ............................................................................................................. 97
1.8.1 SEM POLARIZAÇÃO (VD = 0V) ..................................................................................................... 97
1.8.2 POLARIZAÇÃO REVERSA (VD < 0 V) ........................................................................................... 97
1.8.3 POLARIZAÇÃO DIRETA (VD > 0V) ................................................................................................ 98
1.9 REGIÃO ZENER .............................................................................................................................. 99
1.10 SILÍCIO VERSUS GERMÂNIO ............................................................................................... 101
1.10.1 DIODOS DE SILÍCIO ......................................................................................................................... 101
6

1.10.2 DIODOS DE GERMÂNIO ................................................................................................................... 101


1.11 FOLHAS DE DADOS DO DIODO ............................................................................................ 102
1.12 TESTE DO DIODO ..................................................................................................................... 105
1.12.1 Função De Teste De Diodo........................................................................................................... 105
1.12.2 Teste Com O Ohmímetro .............................................................................................................. 106
1.13 OUTROS TIPOS DE DIODO .................................................................................................... 106
1.13.1 Diodo Zener ................................................................................................................................. 106
1.13.2 Diodo Emissor De Luz - LED .................................................................................................... 107
1.13.3 Fotodiodo ..................................................................................................................................... 108
1.11 EXERCICIO ....................................................................................................................................... 109
CAPITULO 2 – CIRCUITOS COM DIODOS ............................................................................................... 110
2.1 CONFIGURAÇÕES SÉRIE DE DIODOS COM ENTRADAS DC ........................................ 110
2.2 EXERCICIO ......................................................................................................................................... 114
2.3 CONFIGURAÇÕES PARALELA E SÉRIE-PARALELA ...................................................... 115
2.4 EXERCICIO ......................................................................................................................................... 118
2.5 O TRANSFORMADOR DE ENTRADA .......................................................................................... 119
2.5.1 TRANSFORMADOR ELEVADOR ......................................................................................................... 120
2.5.2 TRANSFORMADOR ABAIXADOR ........................................................................................................ 121
2.5.3 EFEITO SOBRE CORRENTE .............................................................................................................. 121
2.6 ENTRADAS SENOIDAIS: RETIFICAÇÃO DE MEIA-ONDA ..................................................... 122
2.6.1 PERÍODO ............................................................................................................................................. 123
2.6.2 TENSÃO DE PICO I NVERSO (TPI) OU TENSÃO DE PICO REVERSO (TPR) ............................... 126
2.7 RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA ......................................................................................... 127
2.7.1 CIRCUITO PONTE ............................................................................................................................... 127
2.7.2 TPI ...................................................................................................................................................... 129
2.7.3 TRANSFORMADOR COM DERIVAÇÃO CENTRAL (CENTER TAP) ............................................. 129
2.7.4 TPI ...................................................................................................................................................... 130
2.8 EXERCICIO ......................................................................................................................................... 131
2.9 FILTRO COM CAPACITOR .............................................................................................................. 132
2.9.1 FILTRANDO O SINAL DE MEIA ONDA .............................................................................................. 133
2.9.2 FILTRANDO O SINAL DE ONDA COMPLETA .................................................................................... 134
2.9.3 FORMULA ............................................................................................................................................ 134
2.9.4 A TENSÃO CC .................................................................................................................................... 134
2.10 DIODO ZENER ................................................................................................................................. 136
2.11 EXERCICIO ................................................................................................................................ 140
7

CAPITULO 3: TRANSISTORES BIPOLARES DE JUNÇÃO ........................................................................ 141


3.1 CONSTRUÇÃO DO TRANSISTOR ........................................................................................... 141
3.2 OPERAÇÃO DO TRANSISTOR ................................................................................................. 141
3.3 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM .................................................................................... 143
3.4 LIMITES DE OPERAÇÃO ............................................................................................................ 145
3.5 FOLHA DE DADOS DO TRANSISTOR .................................................................................... 147
CAPITULO 4: POLARIZAÇÃO DC – TBJ .................................................................................................. 151
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 151
4.2 PONTO DE OPERAÇÃO ............................................................................................................. 151
4.3 CIRCUITO COM POLARIZAÇÃO FIXA ......................................................................................... 153
4.3.1 Polarização Direta da Junção Base-Emissor ............................................................................... 154
4.3.2 Malha Coletor-Emissor .................................................................................................................... 155
4.4 SATURAÇÃO DO TRANSISTOR ............................................................................................... 157
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 160
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Qualificação Profissional Em
Elétrica

1.Eletricidade Básica Industrial

Desenvolvido por:
Eng. Fabrício Malvar

Camaçari-BA
Outubro-2014
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CAPITULO 1: A ELETRICIDADE A SERVIÇO DA HUMANIDADE

1.1 INTRODUÇÃO

A eletricidade tem uma importância inquestionável na vida das pessoas. Estamos


tão acostumados e dependentes da eletricidade no dia-a-dia que percebemos o seu valor
apenas quando ela falta.
É difícil imaginar uma cidade com as casas, os edifícios, os locais de trabalho e de
passeio, os shoppings, as praças, as ruas e as avenidas sem iluminação, bem como a
vida sem os inúmeros equipamentos elétricos que auxiliam, de maneira extraordinária,
nosso cotidiano. Porém, nem imaginamos a grandiosidade e a complexidade do processo
de geração, transmissão e distribuição da energia elétrica até a sua utilização final.
O uso eficiente da eletricidade é possível por meio de instalações elétricas,
executadas conforme um projeto elétrico.

Figura 1.1 Aplicações da energia elétrica.

1.2 GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Energia elétrica é o resultado do movimento das cargas elétricas no interior de um


condutor.
10

Existem várias razões para a sua utilização em larga escala:


a) Pode ser transportável: é produzida em locais distantes, considerados os mais
adequados, e levadas por linhas de transmissão aos grandes centros
consumidores;
b) É transformável: pode ser transformada em outras formas de energia. Ex.: Luz,
calor, movimento;
c) É elemento fundamental para a ocorrência de muitos fenômenos físicos e
químicos, que formam a base de operação de máquinas e equipamentos de
tecnologia atual. Exemplos: eletromagnetismo, efeito termiônico, efeito
semicondutor, fotovoltaico, técnicas de galvanoplastia – cromagem, zincagem,
prateação, galvanização, etc.;
d) Quando utilizada durante um período de tempo, propicia uma determinada
quantidade de trabalho realizado, equivalente à potência elétrica consumida.

Figura 1.2 Tipos de fontes de geração e transmissão de energia elétrica.

1.3 TIPOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA

A energia elétrica pode ser hidroelétrica, térmica, nuclear e eólica.

1.3.1 HIDROELÉTRICA

Este tipo de energia elétrica consiste basicamente no represamento da água.


A energia elétrica é gerada em função da queda d‟água (hidráulica), usada para
girar as turbinas que estão acopladas aos geradores elétricos. Dependendo da
11

quantidade de água represada e da altura da barragem, são calculadas as dimensões dos


geradores com suas respectivas potências.
A geração trifásica em usinas hidroelétricas pode ser feita em 6,9 kV, 13,8 kV e 18
kV; sua potência pode ser em quilowatt (kW) ou megawatt (MW).

1.3.2 TÉRMICA

A energia mecânica necessária para girar o eixo do gerador de energia elétrica é


obtida com a queima de combustíveis, tais como: gás natural, derivados de petróleo,
carvão mineral e vegetal, xisto betuminoso, resíduos de madeira e da produção agrícola,
bagaço de cana-de-açúcar, lixo doméstico, urânio e outros.
As instalações físicas são denominadas usinas termoelétricas. Esta modalidade de
geração de energia é, provavelmente, a mais utilizadas em nível mundial.

1.3.3 NUCLEAR

Esse tipo de energia é classificada como usina termelétrica que utiliza uma
caldeira, tendo como fonte de calor um reator nuclear. O seu funcionamento se baseia na
quebra, na divisão do átomo, tendo por matéria-prima minerais altamente radioativos,
como o urânio (descoberto em 1938). A energia nuclear provém da fissão núcleos
atômicos, quando os mesmos são levados por processos artificiais a condições instáveis.

1.3.4 EÓLICA

A energia eólica é convertida diretamente da energia cinética dos ventos em


energia elétrica. Para isso, são utilizados aerogeradores (nome moderno dos antigos
moinhos de vento).
12

Figura 1.3 Detalhes das partes principais de uma usina hidroelétrica.

Figura 1.4 Energia térmica Termobahia.

Figura 1.5: Princípio de funcionamento de uma usina nuclear.


13

Figura 1.6: Princípio de funcionamento da geração de energia elétrica por geradores eólicos.

1.3.5 SOLAR

Energia solar é um termo que se refere à energia proveniente da luz e do calor


do Sol. É utilizada por meio de diferentes tecnologias em constante evolução, como
o aquecimento solar, a energia solar fotovoltaica , a energia heliotérmica, a arquitetura
solar e a fotossíntese artificial.
Tecnologias solares são amplamente caracterizadas como ativas ou passivas,
dependendo da forma como captura, converte e distribui a energia solar. Entre as
técnicas solares ativas estão o uso de painéis fotovoltaicos e coletores solares térmicos
para aproveitar a energia.
Entre as técnicas solares passivas estão a orientação de um edifício para o Sol, a
seleção de materiais com massa térmica favorável ou propriedades translúcidas e projetar
espaços que façam o ar circular naturalmente.
No seu movimento de translação ao redor do Sol, a Terra recebe 1 410 W/m² de
energia, medição feita numa superfície normal (em ângulo reto) com o Sol. Disso,
aproximadamente 19% é absorvido pela atmosfera e 35% é reflectido pelas nuvens. Ao
passar pela atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar está na forma de luz
visível e luz ultravioleta.
As plantas utilizam diretamente essa energia no processo de fotossíntese. Nós
usamos essa energia quando queimamos lenha ou combustíveis minerais. Existem
técnicas experimentais para criar combustível a partir da absorção da luz solar em uma
reação química de modo similar à fotossíntese vegetal - mas sem a presença destes
organismos.
A radiação solar, juntamente com outros recursos secundários de alimentação, tal
como a energia eólica e das ondas, hidroeletricidade e biomassa, são responsáveis por
14

grande parte da energia renovável disponível na terra. Apenas uma minúscula fracção da
energia solar disponível é utilizada.
Em 2011, a Agência Internacional de Energia disse que "o desenvolvimento de
tecnologias de fontes energia solar acessíveis, inesgotáveis e limpas terá enormes
benefícios a longo prazo.
Ele vai aumentar a segurança energética dos países através da dependência de
um recurso endógeno, inesgotável e, principalmente, independente de importação, o que
aumentará a sustentabilidade, reduzirá a poluição, reduzirá os custos de mitigação
das mudanças climáticas e manterá os preços dos combustíveis fósseis mais baixos.
Estas vantagens são globais. Sendo assim, entre os custos adicionais dos
incentivos para a implantação precoce dessa tecnologia devem ser considerados
investimentos em aprendizagem; que deve ser gasto com sabedoria e precisam ser
amplamente compartilhados.

Figura 1.7: A usina solar Gema solar de 19.9 MW, na Espanha, armazena energia por até 15 horas e pode
fornecer eletricidade 24 horas por dia.

1.4 GRUPOS GERADORES

Os grupos geradores são utilizados para gerar energia elétrica nos horários de
ponta entre 18h e 21h, especialmente em shoppings e indústrias de médio e grande
portes, reduzindo a fatura de energia.
15

Figura 1.8: Grupos de geradores.


Os geradores que utilizam a queima de combustível a gás, a diesel, etc., são
utilizados especificamente por empresas que produzem energia em 380V, 220V e 127V e
têm como potências 5kW a 500kW.
Existem também geradores de pequenas dimensões, que utilizam especificamente
gasolina como combustível podendo ser usados em acampamentos, festividades e
pescarias. Geram energia nas tensões de 380V, 220V e 127V e potências 0,7kVA a
7kVA, monofásicos, bifásicos e trifásicos.

Figura 1.9: Grupos de geradores.


16

1.5 LINHAS DE TRANSMISSÃO

A linha de transmissão tem por finalidade transportar grandes quantidades de


energia da usina de energia elétrica até os centros consumidores. Na maioria das vezes,
a geração de energia elétrica é realizada a distâncias consideráveis dos centros
consumidores, devido às condições naturais que propiciam os fatores ideais de geração
para a construção das barragens da usina.
A linha de transmissão tem origem na subestação elevadora, construída junto ou
próxima da usina geradora de energia elétrica, onde os transformadores elevam as
tensões geradas 6,9kV, 13,8kV e 18kV para 69kV a 750kV, ou até mesmo a 1GV, em
tensão alternada e 600kV, em tensão contínua. Chegando aos centros consumidores,
existem as subestações abaixadoras ou redutoras, cuja finalidade é reduzir as tensões
para valores de distribuição ou de consumo.

1.6 DISTRIBUIÇÃO

A rede de distribuição proporciona as condições necessárias para que a energia


elétrica chegue até o consumidor.
Quando se eleva a tensão, é possível reduzir a seção dos condutores para
transmitir a mesma quantidade de energia (mesma potência).
Neste caso, podemos constatar que a rede de distribuição opera com dois valores
de tensão: mais altos e mais baixos.
Os grandes consumidores necessitam valores de tensão altos (ex.: indústrias,
grandes edifícios), enquanto que os consumidores pequenos necessitam de valores de
tensão baixos (ex.: residências, pequenos edifícios, condomínios).
Os consumidores de grande porte são atendidos diretamente em tensão primária
porque dispõem de suas próprias subestações (transformadores) que abaixam a tensão
para alimentar seus equipamentos.
17

Figura 1.10: Transmissão de energia: da geração ao consumidor.

Figura 1.11: Transmissão de energia: da geração ao consumidor.


A rede de distribuição primária também alimenta os transformadores que estão
afixados nos postes cuja finalidade é reduzir a tensão a valores menores, por exemplo:
220/127V ou 380/220V para atender aos pequenos consumidores, que são a maioria nas
cidades. É chamada distribuição secundária.
A rede de distribuição secundária é formada por quatro fios, sendo que o primeiro
de cima para baixo é o neutro e, em seguida, vêm as fases. Os condutores são separados
sem isolação ou com isolação no caso de ruas arborizadas.
18

Para a identificação das fases e neutro são normalmente atribuídas letras ou números:
Fase – R – A – 1 – L1
Fase – S – B – 2 – L2
Fase – T – C – 3 – L3
Neutro – N – 0 – 0 – N

Figura 1.12: Rede de média e baixa tensão com transformador.


19

Figura 1.13: Detalhes das ligações de entrada do consumidor.

A rede de distribuição secundária pode apresentar varrições de valores de tensão


em alguns estados e até mesmo em algumas cidades para a tensão entre fase e neutro
em um sistema trifásico a quatro fios (N + 3F).
20

1.6.1 VALORES DE TENSÃO ENTRE FASE E NEUTRO (MONOFÁSICO A 2 FIOS)

1.6.2 VALORES DE TENSÃO ENTRE DUAS FASES – 2F + N (MONOFÁSICO A 3 FIOS , CHAMADO

DE BIFÁSICO )

1.6.3 VALORES DE TENSÃO NUM SISTEMA TRIFÁSICO (3F)

Figura 1.14: Rede de média e baixa tensão com transformador.


21

1.7 EXERCICIOS

1) Qual o nome da concessionária da sua região?


2) Defina rede de distribuição. Em seguida explique as diferenças entre rede de
distribuição primária e secundária.
3) Quais são as fontes geradoras de eletricidades?
4) Quais são os valores de tensão de transmissão encontradas no Brasil?
5) Em que localidades do Brasil a distribuição secundária é feita em 380/220V?
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CAPITULO 2: CORRENTE E TENSÃO

2.1 CORRENTE

A corrente elétrica é a quantidade de carga que atravessa uma seção de um fio por
um determinado tempo. Ou seja,

(2.1)

I = Corrente Elétrica; Ampères (A);


Q = Carga Elétrica; Coulombs (C);
t = Tempo; Segundos (s);
Utilizando manipulações algébricas elementares, podemos determinar as outras
duas grandezas:
(Coulombs, C) (2.2)

(Segundos, s) (2.3)

A carga de elétron é:

EXEMPLO 2.1: A cada 64 ms, 0,16 C atravessam a seção reta ilustrada na figura 2.1.
Determine a corrente em ampères.

Figura 2.1
23

EXEMPLO 2.2: Determine o tempo necessário para que elétrons atravessem a


seção reta da figura 2.1, se a corrente for 5 mA.

2.2 TENSÃO

A tensão elétrica é quantidade de energia gasta para transportar uma carga.

(Volts) (2.4)

Operações algébricas elementares nos permitem escrever então


(Joules) (2.5)

(Coulombs) (2.6)

EXEMPLO 2.3: Encontre a diferença de potencial entre dois pontos de um sistema


elétrico, se é necessário despender 60 J de energia para deslocar uma carga de 20 C
entre estes dois pontos.

EXEMPLO 2.4: Determine a energia necessária para deslocar uma carga de


através de uma diferença de potencial de 6 V.

2.3 FONTES DE CORRENTE CONTÍNUA (CC)

As fontes de tensão de CC podem ser divididas em três categorias:

1) Baterias (Utilizam reações químicas);


2) Geradores (Transformam energia mecânica em elétrica);
3) Fontes de Alimentação (Obtêm corrente contínua retificando corrente alternada).
24

2.3.1 Baterias

Uma bateria consiste em uma combinação de duas ou mais células; uma célula é
uma unidade fundamental de produção de energia elétrica através da conversão de
energia química ou solar.

Todas as células podem ser classificadas como primárias ou secundárias.

A célula secundária é recarregável, enquanto a primária não pode ser recarregada.


Em outras palavras, a reação química que ocorre no interior da célula secundária é
reversível, o que torna possível restaurar a sua carga.

Existem dois tipos mais comuns de baterias recarregáveis:

 Chumbo-Ácido (usadas principalmente em veículos);


 Níquel-Cádmio (usadas em calculadoras, ferramentas portáteis, flashes de
máquinas fotográficas, barbeadores elétricos portáteis, etc.)

Figura 2.2: Bateria chumbo-ácido que não necessita de manutenção de 12 V (na realidade 12,6 V).

Figura 2.3: Bateria Níquel-Cádmio.


25

Figura 2.4: a) Corte de uma célula alcalina cilíndrica; b) Células primárias.

É importante observar que, quando a bateria Ni-Cad é a mais apropriada para um


aparelho, não devemos utilizar pilhas não recarregáveis. Muitos destes aparelhos
possuem um circuito interno de recarga cujo funcionamento fica prejudicado se
alimentarmos o aparelho com células primárias.
Além disso, todas as baterias de Ni-Cad são de 1,2 V enquanto a grande maioria
das células não recarregáveis é de 1,5 V.

2.3.2 Número de Ampères-Horas

A capacidade das baterias de manter uma corrente fixa durante um certo intervalo
de tempo é usualmente medida em ampères-hora (Ah) ou miliampères-hora (mAh).
Uma bateria cujo número de amperes-horas é 100 será capaz, ao menos
teoricamente, de sustentar uma corrente de 1 A durante 100 h, 2 A durante 50 h, 10 A
durante 10 h e assim por diante, como podemos calcular utilizando a expressão a seguir:
( )
( ) (2.7)
( )

Existem, no entanto, dois fatores que afetam o número de ampères-horas: a


temperatura e a rapidez com que a bateria é descarregada, ou seja, a corrente solicitada
pelo aparelho alimentado pela bateria.
 A capacidade de manter um nível de corrente constante diminui, para uma bateria
de corrente contínua, quando a corrente solicitada aumenta;
 Esta mesma capacidade diminui em temperaturas mais altas ou mais baixas que a
ambiente.
26

A tensão entre os terminais de uma bateria de corrente continua diminui com o


tempo de utilização, e a solicitação de corrente é mantida constante.

EXEMPLO 2.5:
a. Determine a capacidade (número de mAh) e a vida útil em minutos para a bateria
BH 500, de 0,9V da figura 2.5 a), sabendo que a corrente de descarga é 600 mA.

Figura 2.5: Características da célula Eveready BH500; a) Capacidade em função da corrente de descarga;
b) Capacidade em função da temperatura.

Soluções
a)

2.3.3 Geradores

O gerador de corrente contínua é bastante diferente, tanto na construção quanto no


modo de operação da bateria. Quando um torque externo faz o eixo do gerador girar com
a velocidade angular especificada pelo fabricante, aparece entre os terminais externo do
gerador uma ddp cujo valor também deve ser o especificado pelo fabricante.
27

Um gerador de corrente contínua é capaz, em geral, de apresentar uma tensão


entre os terminais maior do que grande parte das baterias, e é também capz de gerar
potências maiores.
Além disso, o seu tempo de vida útil é determinado somente pela qualidade de
seus componentes. Os geradores mais comuns disponíveis no comercio são os de 120 V
e os 240 V.

Figura 2.6: Gerador de corrente contínua.

2.3.4 Fontes de Alimentação

A fonte de corrente contínua mais comum nos laboratórios utiliza a retificação e a


filtragem, procurando obter uma tensão continua o mais estabilizada possível.
Esta fonte converte uma tensão variável no tempo em uma tensão de valor fixo.

Figura 2.7: Fonte de alimentação utilizada em laboratório.

2.3.5 Fontes de Corrente Contínua com Corrente Constante

A maioria das pessoas sabe, por exemplo, que a bateria de um automóvel fornece
uma tensão de saída de aproximadamente 12 V, muito embora a solicitação de corrente
seja variável, dependendo das condições de operação.
Uma fonte de tensão ideal mantém sempre uma tensão fixa entre seus terminais,
mesmo que a solicitação de corrente pelo sistema elétrico alimentado pela fonte varie.
28

Uma fonte de corrente ideal fornece uma corrente fixa a qualquer sistema elétrico
ou eletrônico, mesmo que aconteçam variações na ddp entre os terminais causadas pelo
sistema.

Figura 2.8: Características de saída de: a) uma fonte de tensão ideal; b) uma fonte de corrente ideal.

2.3.6 Condutores, Semicondutores e Isolantes

 Condutores: são materiais que permitem a passagem de uma corrente


razoavelmente intensa com a aplicação de uma tensão relativamente pequena.
Exemplo: Cobre e alumínio.
 Semicondutores: são um grupo de materiais cujas características elétricas são
intermediárias entre as dos condutores e as dos isolantes.
 Isolantes: são materiais que possuem poucos elétrons livres, sendo necessária a
aplicação de uma tensão muito elevada para que eles sejam percorridos por uma
corrente mensurável. Exemplo: Borracha, vidro, porcelana, plástico.
29

2.4 EXERCICIOS

1) Se uma quantidade de carga igual a 650 C atravessa um fio em 50 s, calcule a


corrente, em ampères.
2) Uma corrente de 40 A é mantida em um fio por 1 min. Qual quantidade de carga,
em coulomb, que atravesso o fio?
3) Calcule a corrente em ampères para um fio que é percorrido por
elétrons em 7 s.
4) Se a diferença de potencial entre dois pontos é 42 V, qual o trabalho necessário
para transportar 6 C de um ponto para o outro?
5) Qual a quantidade de carga que atravessa uma bateria de 22,5 V, se o processo
consumiu 90 J?
6) A ddp entre dois pontos de um circuito elétrico é 24 V. Se em 5 ms foi dissipado 0,4
J, qual a corrente entre estes dois pontos?
7) Qual o valor da corrente que uma bateria cujo número de Ah é 200 pode,
teoricamente, manter durante 40 horas?
8) Qual o número de Ah de uma bateria capaz de fornecer 0,8 A durante 76 horas?
9) Durante quantas horas uma bateria cujo número de Ah é 32 pode, teoricamente,
fornecer uma corrente igual a 1,28 A?
30

CAPITULO 3: RESISTORES

3.1 RESISTÊNCIA

O escoamento de carga através de qualquer material encontra a oposição de uma


força semelhante, em muitos aspectos, ao atrito mecânico. Esta oposição, resultante das
colisões entre elétrons e entre elétrons e átomos do material, que converte energia
elétrica em calor, é chamada de resistência do material.
A unidade de medida da resistência é o ohm(Ω), a letra grega maiúscula ômega.
O símbolo usado para representar a resistência nos diagramas esquemáticos dos
circuitos aparece na Fig. 3.1, juntamente com a abreviatura para esta mesma grandeza
(R).

Figura 3.1: Símbolo de resistência e sua abreviação.

3.2 EFEITOS DA TEMPERATURA

A temperatura tem um efeito significativo sobre a resistência de condutores,


semicondutores e isolantes.

3.2.1 Condutores

Para os condutores, um aumento da temperatura resulta em um aumento no valor


de resistência. Consequentemente, os condutores têm um coeficiente de temperatura
positivo.
O gráfico da figura 3.2 a) representa um material com um coeficiente de
temperatura positivo.

Figura 3.2: a) Condutores – Coeficiente de temperatura positivo; b) Semicondutores – Coeficiente de


temperatura negativa.
31

3.2.2 Semicondutores

Para os semicondutores, um aumento da temperatura resulta em uma diminuição


no valor de resistência. Consequentemente, os semicondutores têm coeficientes de
temperatura negativos. Figura 3.2 b).

3.2.3 Isolantes

Como nos semicondutores, um aumento na temperatura resulta em uma


diminuição na resistência dos isolantes. O resultado é um coeficiente de temperatura
negativo. Figura 3.2 b).

3.3 TIPOS DE RESISTORES

3.3.1 Resistores Fixos

Existem muitos tipos de resistores, mas eles podem ser divididos em dois grupos:
fixos e variáveis.
O mais comum dos resistores fixos de baixa potência é o resistor de carbono
moldado. As dimensões relativas de todos os resistores fixos e variáveis variam de acordo
com a potência, com maiores dimensões associadas às maiores potências, de modo a
permitir valores mais elevados de corrente e maiores perdas por dissipação de calor.

Figura 3.3: Resistor fixo de carbono.

Figura 3.4: Resistor fixo de carbono de diferentes potências.


32

Figura 3.5: Resistor fixo de fio esmaltado.

a) b)
Figura 3.6: a) Resistor fixo de carbono; b) Resistor fixo de fio esmaltado.

3.3.2 Resistores Variáveis

Os resistores variáveis, como o próprio nome sugere, têm uma resistência que
pode ser variada fazendo-se girar um botão, parafuso ou o que for apropriado para a
aplicação específica.
Eles podem ter dois ou três terminais, mas a maioria possui três. Quando um
dispositivo de dois ou três terminais é usado como um resistor variável, em geral nos
referimos a ele como um reostato.
Se o dispositivo de três terminais é usado para controlar a potência, costumamos
chamá-lo de potenciômetro. Embora um dispositivo de três terminais possa ser usado
como reostato ou potenciômetro (dependendo de como ele é conectado), ele é
geralmente chamado de potenciômetro quando aparece em revistas especializadas ou
em listas de componentes para aplicações particulares.
O símbolo de um potenciômetro de três terminais aparece na figura 3.7 a). Quando
usado como um resistor variável (ou reostato) ele pode ser conectado de duas formas,
como vemos nas figura 3.7 b) e c). Na figura 3.7 b), os pontos a e b estão conectados ao
circuito e o terminal restante é deixado desligado.

Figura 3.7: Potenciômetro: a) Símbolo; b) e c) conexões tipo reostato; d) símbolo de reostato.


33

A maioria dos potenciômetros possui os três terminais nas posições. O botão,


chave ou parafuso no centro controla a posição de um contato que pode se mover ao
longo do elemento resistivo conectado entre os outros terminais. O contato é conectado
ao terminal central, estabelecendo uma resistência entre o contato móvel e cada um dos
outros terminais.
A resistência entre os terminais externos a e c da figura 3.8 a) é sempre fixa no
valor máximo do potenciômetro, qualquer que seja a posição do cursor ligado a b.
A resistência entre o terminal do curso e um dos terminais externos pode ser
variada de um mínimo de até um valor máximo igual ao valor nominal do
potenciômetro.

Figura 3.8: Resistência entre os terminais de um potenciômetro: a) entre os terminais externos; b) entre
todos os terminais.

Figura 3.9: Controle dos valores de tensão utilizando um potenciômetro.


A soma das resistências entre o cursor e os dois terminais externos é igual à
resistência total do potenciômetro.
(3.1)

Figura 3.10: Potenciômetro com resistor de carbono.


34

Figura 3.11: Potenciômetro com resistor de carbono.

3.4 CÓDIGOS DE CORES E VALORES DOS RESITORES

Figura 3.12: Código de cores do resistor de carbono.


EXEMPLO 3.1: Encontre o intervalo no qual deve estar o valor de um resistor que tem as
faixas coloridas abaixo para satisfazer à tolerância especificada pelo fabricante.

a)

b)
Solução:

a)
b)
35

3.5 TERMISTORES

Um termistor é um dispositivo semicondutor de dois terminais cuja resistência é


sensível a variações de temperatura.
A curva característica típica de um termistor aparece na figura 3.13, juntamente
com seu símbolo gráfico. Note a não-linearidade da curva e a queda na resistência de
cerca de para quando a temperatura aumenta de 20°C para 100°C.
A diminuição da resistência com o aumento da temperatura indica um coeficiente
de temperatura negativo.

Figura 3.13: Termistor: a) Característica; b) Símbolo.

Figura 3.14: Termistor.

3.6 CÉLULA FOTOCONDUTORA

A célula fotocondutora é um dispositivo semicondutor de dois terminais cuja


resistência é determinada pela intensidade da luz incidente em sua superfície.
Quando a iluminação aumenta de intensidade, cresce o número de elétrons e
átomos da superfície em níveis mais altos de energia, o que acarreta um aumento do
número de “portadores livres” e uma correspondente queda na resistência.
36

A curva característica típica de uma célula fotocondutora e sua representação


gráfica aparecem na figura 3.15. Note que o coeficiente de iluminação negativo (quanto
maior a intensidade luminosa, menor a resistência). Algumas células fotocondutoras de
sulfito de cádmio na figura 3.16.

Figura 3.15: Célula fotocondutora: a) Característica; b) Símbolo.

Figura 3.16: Célula fotocondutora.

3.7 VARISTORES

Os varistores são resistores não-lineares cuja resistência depende da tensão


aplicada. São usados para suprimir transientes de alta tensão; em outras palavras, suas
características fazem com que limitem a tensão que pode aparecer entre os terminais de
um dispositivo ou sistema sensível.
A curva característica de um varistor típico aparece na figura 3.17 a), juntamente
com a curva característica de um resistor linear para fins de comparação. Note que para
uma certa “tensão de disparo” a corrente cresce rapidamente mas a tensão é limitada a
um valor um pouco abaixo desta tensão de disparo. Em outras palavras, a tensão entre os
terminais deste dispositivo não pode exceder o valor definido por suas características.
Através de técnicas adequadas de projeto o dispositivo pode, dessa maneira,
limitar a tensão aplicada a partes delicadas de um circuito. A corrente é simplesmente
limitada pelo circuito à qual esta conectada. Alguns varistores comerciais aparecem na
figura 3.17 b).
37

Figura 3.17: Varistores: a) Curva características; b) Dispositivo.

3.8 EXERCICIOS
1) Determine os valores máximo e mínimo de resistência que os resistores com as faixas
coloridas abaixo podem apresentar sem exceder a tolerância especificada pelo fabricante.

2) O que é coeficiente de temperatura negativo?


3) O que é coeficiente de temperatura positivo?
4) Qual é a função de um termistor?
5) Defina célula fotocondutora e varistor?
38

CAPITULO 4: LEI DE OHM, POTÊNCIA E ENERGIA

4.1 LEI DE OHM

Considere a seguinte relação:

(4.1)

Qualquer processo de conversão de energia pode ser relacionado a uma equação


desse tipo.
Em circuitos elétricos, o efeito que desejamos estabelecer é o escoamento de
cargas ou corrente. A diferença de potencial ou tensão entre dois pontos do circuito é a
causa, e a resistência representa a oposição ao escoamento de cargas.
É conhecida como lei de Ohm.

(Corrente, A) (4.2)

Esta expressão nos mostra claramente que, quanto maior a tensão aplicada aos
terminais de um resistor, maior a corrente; por outro lado, para uma tensão fixa, quanto
maior for a resistência, menor será a corrente.

(Ohms, ) (4.3)

(Volts, V) (4.4)
O circuito da figura 4.1 ilustra as três grandezas envolvidas nas equações (4.2) a
(4.4). Quando ligamos os terminais de uma fonte de corrente contínua, cuja força
eletromotriz é E volts, a um componente cuja resistência é R, aparece no circuito uma
corrente I.

Figura 4.1: Circuito Básico.


EXEMPLO 4.1: Determine a corrente resultante quando conectamos uma bateria de 9 V
aos terminais de um circuito cuja resistência é .
39

EXEMPLO 4.2: Calcule a resistência de uma lâmpada de filamento de 60W se, quando
aplicamos uma tensão de 120 V aos seus terminais, ela é percorrida por uma corrente de
500mA.

A figura 4.2 a) ilustra a polaridade da queda de tensão para o caso de um resistor,


com a corrente tendo o sentido indicado na figura.
Uma inversão no sentido da corrente inverterá também a polaridade, como vemos
na figura 4.2 b).
O escoamento de cargas sempre se processa dos pontos de potencial mais alto (+)
para os de potencia mais baixo (-).

Figura 4.2: Definição de polaridade.

EXEMPLO 4.3: Calcule a corrente que atravessa o resistor de da figura da figura 4.3
se a queda de tensão entre seus terminais é 16 V.

Figura 4.3: Definição de polaridade.

4.2 POTÊNCIA

A potência é uma grandeza que mede quanto trabalho pode ser realizado em um
certo período de tempo, ou seja, é a rapidez com que um trabalho é executado.
Como a energia é medida em joules (J) e o tempo em segundos (s), a potência é
medida em joules/segundos (J/s). Esta unidade em eletricidade e eletrônica, recebeu o
nome de watt (W)
( )
( ) (4.5)
( )

A definição de potência média pode ser resumida pela expressão

(watts, W) (4.6)
40

(watts, W) (4.7)

(watts, W) (4.8)

(watts, W) (4.9)

Um sistema pode ceder ou consumir potência. Para distinguir entre as duas


possibilidades, devemos observar a polaridade da tensão aplicada e o sentido da corrente
que atravessa o sistema.
No caso das fontes de tensão de corrente contínua, a potência estará sendo cedida
pela fonte se o sentido da corrente for ilustrado na figura 4.4a).
Se, por outro lado, o sentido da corrente e a polaridade da fonte forem os que
aparecem na figura 5.4b), devido à existência de mais de uma fonte no circuito, a bateria
estará consumindo potência num processo muito semelhante ao que acontece quando
está sendo carregada.

Figura 4.4: Potência: a) Fornecida; b) Dissipada por uma fonte.


No caso de elementos puramente resistivos, toda a potência cedida é dissipada na
forma de calor, qualquer que seja o sentido da corrente. Isto acontece porque neste caso
a polaridade da bateria entre os terminais é determinada pelo sentido da corrente, de tal
modo que a corrente sempre entra pelo terminal de potencial mais alto, o que
corresponde à situação em que a potência é consumida, como vemos na figura 4.4b). Se
na figura 4.5 o sentido da corrente for invertido, a polaridade da tensão entre os terminais
também o será, reproduzindo novamente a situação ilustrada na figura 4.4b).

Figura 4.5: Potência dissipada por um elemento resistivo.


41

O valor da potência cedida ou consumida por uma bateria é dado por:


(Watts, W) (4.10)
Onde E é a tensão entre os terminais da fonte e I é a corrente que a atravessa.

EXEMPLO 4.5: Calcule a potência consumida pelo motor de corrente contínua ilustrado
na figura 4.6.

Figura 4.6

EXEMPLO 4.6: Qual a potência dissipada por um resistor de quando ele é percorrido
por uma corrente de ?

EXEMPLO 4.7: Na figura 4.7 vemos a curva características I-V de uma lâmpada de
filamento. Observe que a curva é não-linear, o que mostra que a resistência da lâmpada
varia consideravelmente com a tensão aplicada. Se a tensão de operação da lâmpada é
120 V, calcule a potência dissipada. Calcule também a resistência da lâmpada para essas
condições de funcionamento.

Figura 4.7: Gráfico I-V não linear de uma lâmpada de filamento de 75 W.


42

4.3 ENERGIA

A potência de um sistema é, em geral, uma característica intrínseca que só


depende de sua constituição interna. É claro que para que esta potência se traduza na
realização de algum trabalho, o sistema deve ser utilizado durante um certo intervalo de
tempo. É também óbvio que quanto maior for este intervalo de tempo, maior será o
trabalho realizado e mais energia será consumida pelo sistema em questão.
Utilizando a definição de potência, podemos calcular a energia consumida ou
cedida por um sistema:
(Joules, J) (4.11)
Vemos então que podemos obter uma unidade de energia multiplicando uma
unidade de potência por uma unidade de tempo. E a unidade é o joule, J.
Esta quantidade de energia é, no entanto, muito pequena, não sendo conveniente
a sua utilização, na maioria das aplicações práticas. As unidades da energia elétrica mais
usadas são o watt-hora, (Wh) e o quilo-watt-hora, (kWh), definidas através das seguintes
expressões:
( ) ( ) ( ) (4.12)
O medidor de quilowatts-hora é um instrumento destinado a medir o consumo de
energia elétrica pelos usuários. Em geral, ele é instalado no painel de distribuição do
edifício.

Figura 4.8: Medidores de quilowatts-hora;


43

EXEMPLO 4.8: Tenho um medidor de energia cujo tenho o resultado de uma leitura
anterior foi 4650 kWh e o consumo atual de energia foi 5360 kWh, calcule a conta a ser
paga pelo consumo de energia entre as duas leituras, se cada kWh custa 9 centavos.

EXEMPLO 4.9: Durante quanto tempo um aparelho de televisão de 205 W deve ficar
ligado para consumir 4 kWh?

EXEMPLO 4.10: Qual é o custo total da utilização dos itens a seguir, supondo uma tarifa
R$0,50 por kWh, quando uso uma torradeira de 1200 W durante 30 minutos, seis
lâmpadas de filamento de 50 W durante 4 horas; Uma máquina de lavar de 400 W
durante 45 minutos; Uma secadora de roupas elétrica de 4800 W durante 20 minutos.

4.4 DISJUNTORES E FUSÍVEIS

A potência de entrada dos grandes complexos industriais, dos equipamentos


pesados, dos circuitos residenciais e dos medidores utilizados em laboratório deve ser
limitada de modo a assegurar que a corrente não ultrapasse os valores recomendados
pelas normas de segurança.
Caso esta limitação não ocorra, a fiação e os aparelhos elétricos e/ou eletrônicos
podem ser seriamente danificados, havendo, além disso o risco de incêndio e de
intoxicação causada por fumaça.
Para limitar a corrente, costuma-se instalar fusíveis ou disjuntores logo após o local
onde a rede de alimentação é conectada ao circuito interno do usuário.
44

Os fusíveis ilustrados na figura 4.9 possuem um condutor metálico interno através


do qual passa a corrente que entra no sistema. Se esta corrente atingir uma intensidade
superior à especificada pelo fabricante do fusível, o condutor do fusível começará a fundir.
É claro que se a fusão deste condutor for completa o caminho da corrente será
interrompido e toda a carga ligada ao circuito estará protegida.

Figura 4.9: Fusíveis.

Figura 4.10: Simbologia.

Nas construções mais recentes, os fusíveis foram substituídos por disjuntores


como os que aparecem na figura 4.11. Quando a corrente excede o valor especificado, o
campo magnético gerado por um eletroímã atinge uma intensidade suficiente para causar
abertura de uma chave, interrompendo assim o circuito. Quando a corrente volta ao
normal à chave do disjuntor pode ser novamente fechada e ele está pronto para ser
reutilizado.

a)

b)
Figura 4.11: Disjuntores: a) Grupo DIN, IEC; b) Grupo NEMA.
45

4.5 EXERCICIO

1. Qual a queda de tensão os terminais de um resistor de se ele é percorrido por


uma corrente de 2,5 A?
2. Uma máquina de lavar opera em 120 V e é percorrida por uma corrente de 4,2 A.
Qual a sua resistência interna?
3. Se um resistor dissipa 420 J em 7 min, qual a potência dissipada?
4. A potência dissipada por um componente é 40 watts. Quanto tempo será
necessário para que sejam dissipados 640 J?
5. A corrente que percorre um resistor de 4 Ω é 64 W, qual a corrente que atravessa o
resistor?
6. Um resistor de 10 Ω está ligado a uma bateria de 15 V.
a. Quanta energia, em joules, ele dissipa em 1 min?
b. Se o intervalo de tempo considerado for 2 min, a energia dissipada
aumentará? E a potência dissipada?
7. Qual o custo da utilização de um rádio de 30 W durante 3 horas, se a tarifa é de
R$0,08 por kWh?
8. Um sistema elétrico converte 500 kWh em calor funcionando durante 10 horas.
Qual a potência do sistema?
46

CAPITULO 5: CIRCUITO EM SÉRIE

5.1 INTRODUÇÃO

Atualmente, dois tipos de corrente elétrica são usados nos equipamentos elétricos
e eletrônicos: a corrente contínua (cc), cuja intensidade e sentido não variam com o
tempo, e a corrente alternada (ca), cuja intensidade e sentido mudam constantemente.
Se considerarmos o fio como um condutor ideal (isto é que não oferece nenhuma
resistência ao movimento dos elétrons), a diferença de potencial V entre os terminais do
resistor será igual à tensão aplicada pela bateria: V (volts) = E (volts).
A corrente é limitada somente pelo resistor R. Quanto maior a resistência, menor a
corrente, e vice-versa.
Em circuitos de corrente contínua com apenas uma fonte e tensão, a corrente
convencional sempre passa de um potencial mais baixo para um potencial mais alto ao
atravessar uma fonte, como mostra a figura 5.1 por outro lado, a corrente convencional
sempre passa de um potencial mais alto para um potencial mais baixo ao atravessar um
resistor, qualquer que seja o número de fontes do circuito.

Figura 5.1: Componentes básicos de um circuito elétrico.

Figura 5.2: Polaridade resultante da passagem de uma corrente convencional I por um elemento resistivo.
47

5.2 CIRCUITOS EM SÉRIE

Um circuito consiste em um número qualquer de elementos unidos por seus


terminais, com pelo menos um caminho fechado através do qual a carga possa fluir.
O circuito da figura 5.3 possui três elementos, conectados em três pontos (a, b c)
de modo a constituir um caminho fechado para a corrente I.

Figura 5.3: Circuito em série.


Os resistores e estão em série porque possuem somente o ponto b em
comum. As outras extremidades dos resistores estão conectadas a outros pontos do
circuito. Pela mesma razão, a bateria E e o resistor estão em série (terminal a em
comum) e o resistor e a bateria E estão em série (terminal c em comum).
Como todos os elementos estão em série, o circuito é chamado de circuito em
série.
Dois elementos estão em série se:
1. Possuem somente um terminal em comum (isto é, um terminal de um está
conectado somente a um terminal do outro).
2. O ponto comum entre os dois elementos não está conectado a outro elemento
percorrido por corrente.
Quando dois ou mais elementos de um circuito estão ligados em série, a corrente é
a mesma em todos eles.
A resistência equivalente em série de um circuito em série é a soma das
resistências do circuito.
(Ohms, Ω) (5.1)
48

Figura 5.4: Substituindo os resistores em série e da figura 5.3 resistência total.

Não importa como os elementos estão conectados para estabelecer . Desde

que o valor desta resistência seja conhecido, a corrente fornecida pela fonte pode ser
determinada:

(Ampères, A) (5.2)

(Volts, V) (5.3)

A potência fornecida a cada resistor pode ser determinada usando qualquer uma
das três expressões a seguir, que são apresentadas para o caso especial de .

(Watts, W) (5.4)

A potência fornecida pela fonte é:


(Watts, W) (5.5)

A potência total fornecida a um circuito resistivo é igual à potência total dissipada


pelos elementos resistivos presentes no circuito.
(Watts, W) (5.6)

Para encontrar a resistência equivalente série de N resistores de mesmo valor,


simplesmente multiplique o valor de um dos resistores pelo número total de resistores em
série, N, isto é:
(Resistência, Ω) (5.7)

EXEMPLO 5.1:
a. Encontre a resistência equivalente em série para o circuito em série da figura 5.5;

Figura 5.5
49

b. Calcule a corrente fornecida pela fonte, .

c. Determine as tensões , .

d. Calcule a potência dissipada por , e .

EXEMPLO 5.2: Determine ,Ie , para o circuito da figura 5.6.

Figura 5.6

EXEMPLO 5.3: Calcule e E para o circuito da figura 5.7.

Figura 5.7
50

5.3 FONTES DE TENSÃO EM SÉRIE

Duas ou mais fontes de tensão podem ser ligadas em série, como na figura 5.8,
para aumentar ou diminuir a tensão total aplicada a um sistema. A tensão resultante é
determinada somando-se as tensões das fontes de mesma polaridade e subtraindo-se as
de polaridade oposta.

Figura 5.8: Reduzindo fontes de tensão contínua em série a uma única fonte.
Na figura 5.8a), por exemplo, as fontes estão todas “forçando” a corrente para a
direita, de modo que a tensão total é dada por:

Na figura 5.8b), entretanto, a maior “força” é para a esquerda, o que resulta em


uma tensão total dada por:

5.4 LEI DE KIRCHHOFF PARA TENSÕES

A lei de Kirchhoff para tensões (LKT) a firma que a soma algébrica das variações
de potencial em uma malha fechada é nula.
Uma malha fechada é qualquer caminho contínuo que deixa um ponto em um
sentido e retorna ao mesmo ponto vindo do sentido oposto, sem deixar o circuito. Na
figura 5.9, seguindo a corrente, podemos traçar um caminho contínuo que deixa o ponto a
através de e retorna através de E sem deixar o circuito.
Assim abcda é uma malha fechada. Para podermos aplicar a lei de Kirchhoff para
tensões, a soma dos aumentos e quedas de potencial precisa ser feita percorrendo a
malha em um certo sentido.
Por convenção, o sentido horário será usado para todas as aplicações da lei de
Kirchhoff para tensões que se seguem.
Um sinal positivo indica um aumento de potencial (de – para +), e um sinal
negativo, uma queda (de + para -). Se seguirmos a corrente na figura 5.9 a partir do ponto
a, primeiro encontraremos uma queda de potencial (de + para -) entre os terminais de
51

e outra queda entre os terminais de . Ao passarmos pelo interior da fonte, temos


um aumento de potencial E (de – para +) antes de retornar ao ponto a.

Figura 5.9: Aplicando a lei de Kirchhoff para tensões a um circuito em série.


Em forma simbólica, usando ∑ para representar somatório, a malha fechada e V
as variações de potencial, temos:
∑ (Lei de Kirchhoff para tensões em forma simbólica) (5.8)
O que, para o circuito da figura 5.9, leva a (usando o sentido horário, seguindo a
corrente I e começando no ponto d):

A tensão aplicada a um circuito em série é igual à soma das quedas de tensão nos
elementos em série.
A aplicação da lei de Kirchhoff para tensões não precisa seguir um caminho que
inclua elementos percorridos por corrente.
Na figura 5.10, por exemplo, há uma diferença de potencia entre os pontos a e b,
embora os dois pontos não estejam ligados por um elemento percorrido por corrente. A
aplicação da lei de Kirchhoff para tensões a malha fechada irá resultar em uma diferença
de potencial de 4 V entre os dois pontos. Usando o sentido horário:

Figura 5.10: Demonstração de que pode existir ddp entre dois pontos não conectados por um condutor
percorrido por corrente.
52

EXEMPLO 5.4: Determine as tensões desconhecidas nos circuitos da figura 5.11.

Figura 5.11

5.5 REGRA DOS DIVISORES DE TENSÃO

Nos circuitos em série, a tensão entre os terminais dos elementos resistivos se


divide na mesma proporção que os valores de resistência.

Figura 5.12

( ) ( )

A regra dos divisores de tensão determina que a tensão entre os terminais de


um resistor em um circuito em série é igual ao valor desse resistor vezes a tensão total
aplicada aos elementos em série do circuito dividida pela resistência total dos elementos
em série.

(Regra dos divisores de tensão) (5.9)


53

EXEMPLO 5.5: Usando a regra dos divisores de tensão, determine as tensões e


para o circuito em série da figura 5.13.

Figura 5.13

5.6 EXERCICIO

1. Calcule a resistência equivalente em série e a corrente I para cada um dos circuitos


abaixo:
a)

b)

2. Calcule a tensão aplicada E necessária para que a corrente em cada um dos


circuitos abaixo:
a)
54

b)

3. Determine a intensidade e o sentido da corrente I nos dois circuitos abaixo. Antes


de calcular a corrente, modifique cada um dos circuitos, para que contenha
somente uma bateria.
a)

b)
55

CAPITULO 6: CIRCUITO EM PARALELO

6.1 INTRODUÇÃO

Dois elementos, ramos ou circuitos estão ligados em paralelo quando possuem


dois pontos em comum.

Figura 6.1: Elementos em paralelos.


Na figura 6.1, por exemplo, como os terminais a e b são comuns aos elementos 1 e
2, estes últimos estão ligados em paralelo.

Figura 6.2: Várias aparências diferentes para uma configuração com três elementos em paralelo.
Os elementos que aparecem na figura 6.2 estão também em paralelo, porque
satisfazem, nos três casos, o critério acima. Estas três configurações têm o objetivo de
ilustrar diferentes traçados para o mesmo circuito em paralelo. O formato retangular das
conexões nos casos a) e b) não deve obscurecer o fato de que todos os elementos estão
ligados ao mesmo terminal na parte superior, acontecendo o mesmo na parte inferior,
como figura 6.2c)
Os elementos 1 e 2 na figura 6.3 estão em paralelo, pois possuem os terminais a e
b em comum. Esta combinação em paralelo está em série com o elemento 3, pois o
terminal b está ligado tanto a 3 quanto à combinação em paralelo de 1 e 2.
56
Figura 6.3: Circuito no qual 1 e 2 estão em paralelo e 3 está em série com a combinação em paralelo de 1
e 2.
Na figura 6.4, os elementos 1 e 2 estão em série devido ao ponto comum a, e esta
combinação em série está em paralelo com o elemento 3, como evidenciam as ligações
comuns aos pontos b e c.

Figura 6.4: Circuito onde 1 e 2 estão em série e 3 está em paralelo com a combinação em série de 1 e 2.

6.2 RESISTÊNCIA EQUIVALENTE PARALELA

A resistência total do circuito pode ser determinada pela equação 6.1

(6.1)

Figura 6.5: Determinação da resistência equivalente paralela.

Observe que a equação 6.1 nos dá o inverso da resistência equivalente. Uma vez
que tenhamos efetuado a soma de frações do lado direito, devemos inverter o resultado
para obter a resistência equivalente.

EXEMPLO 6.1: Determine a condutância e a resistência equivalente para o circuito em


paralelo da figura 6.6

Figura 6.6
57

EXEMPLO 6.2: Determine a resistência equivalente para o circuito em paralelo da figura


6.8.

Figura 6.8

( )

( ) ( ) ( ) ( )

A resistência equivalente em paralelo de um conjunto de resistores em paralelo é


sempre menor que a do resistor de menor resistência do conjunto.
Quando as resistências de um circuito em paralelo são todas iguais, o cálculo da
resistência total torna-se mais simples. Para N resistores idênticos em paralelo a equação
6.2 fornece:

(6.2)

Em outras palavras, a resistência equivalente de N resistores, iguais em paralelo é


igual ao valor de uma das resistências divididas pelo número total N de resistores da
associação.
EXEMPLO 6.3: Calcule a resistência equivalente para o circuito da figura 6.9 e 6.10.

Figura 6.9

Figura 6.10
58

A resistência equivalente a dois resistores em paralelo é o produto das duas


resistências dividido pela sua soma.

(6.3)

O caso de três resistores em paralelo também é bastante simples, e o resultado é:

(6.4)
( )

Podemos intercambiar as posições de dois elementos em paralelo quaisquer sem


que isto altere a resistência total ou a corrente de entrada.

EXEMPLO 6.4: Calcule a resistência equivalente para o circuito da figura 6.11

Figura 6.11

( )( )

( )( )

6.3 CIRCUITOS EM PARALELO

Todos os elementos de um circuito que estão em paralelo estão submetidos à


mesma diferença de potencial.
59

Figura 6.12

Para circuitos em paralelo com apenas uma fonte, a corrente que atravessa esta
fonte é igual à soma das correntes em cada um dos ramos do circuito.

A potência dissipada pelos resistores e a potência fornecida pela bateria podem ser
obtidas de:

EXEMPLO 6.5: Para o circuito com resistores em paralelo da figura 6.13

Figura 6.13
a) Calcule ;
( )( )

b) Determine ;
60

c) Calcule e , verificando que ;

d) Calcule a potência dissipada por cada uma das cargas resistivas.

e) Calcule a potência fornecida pela fonte.

6.4 LEI DE KIRCHHOFF PARA A CORRENTE

A lei de Kirchhoff para a corrente (LKC) afirma que a soma algébrica das corrente
que entram e saem de uma região, sistema ou nó é igual a zero.
∑ ∑ (6.5)

Figura 6.14

EXEMPLO 6.6: Determine as correntes e no circuito da figura 6.15, utilizando a lei de


Kirchhoff para corrente.

Figura 6.15
61

Nó a:

Nó b:

6.5 REGRA DO DIVISOR DE CORRENTE

No caso de dois elementos em paralelo com resistências iguais, a corrente se


distribui entre os dois elementos em partes iguais.
Se os elementos em paralelo tiverem resistências diferentes, o elemento da menor
resistência será percorrido pela maior fração da corrente.
A razão entre os valores das correntes nos dois ramos será inversamente
proporcional à razão entre as suas resistências.
No caso de circuitos para os quais conhecemos somente o valor dos resistores e a
corrente de entrada, iremos utilizar a regra do divisor de corrente para calcular as
correntes nos vários ramos. Vamos deduzir uma expressão algébrica para esta regra
utilizando o circuito da figura 6.16

Figura 6.16

(6.6)

No caso particular de dois resistores em paralelo, como ilustra a figura 6.17


62

Figura 6.17

(6.7)

EXEMPLO 6.7: Determine a corrente no circuito da figura 6.18 utilizando a regra do


divisor de corrente.

Figura 6.18

( )( )

EXEMPLO 6.8: Determine a corrente , e para o circuito da figura 6.19.

Figura 6.19
63

A corrente procura o caminho de menor resistência.


1. Para dois resistores em paralelo, a maior corrente passará através do resistor de
menor resistência.
2. Uma corrente que entra em uma configuração de vários resistores em paralelo
ficará dividida entre estes resistores na razão inversa do valor de suas resistências.

6.6 CIRCUITOS ABERTOS E CURTOS-CIRCUITOS

Em um circuito aberto podemos ter uma ddp qualquer entre seus terminais, mas o
valor da corrente é sempre zero.

Figura 6.20: Circuito aberto V= E, I=0A.


Em um curto-circuito a corrente que percorre tem seu valor determinado pelo
sistema a que o curto está conectado, mas a diferença de potencial entre seus terminais é
sempre nula.

Figura 6.21: Curto-circuito V= 0, I do sistema.


EXEMPLO 6.9: Determine, para cada um dos circuitos da figura 6.21 e 6.22, as tensões e
as correntes desconhecidas.

Figura 6.21

Figura 6.22
64

6.7 EXERCICIOS

1. No circuito abaixo:
a) Calcule a condutância e a resistência totais.
b) Determine e a corrente em cada um dos ramos em paralelo.
c) Verifique que a soma das correntes nos ramos é igual à corrente entregue pela
fonte.
d) Calcule a potência dissipada em cada resistor e verifique se a potência entre pela
fonte é igual à potência dissipada total.
e) Se você dispõe de resistores de 0,5 W, 1 W, 2 W e 50 W, que valor mínimo
escolheria para cada resistor?

2. Determine as correntes e nos circuitos da figura abaixo:

a) b)
3. Calcule todas as correntes desconhecidas nos circuitos abaixo:

a) b)
65

CAPITULO 7: CIRCUITO EM SÉRIE-PARALELO

7.1 CIRCUITO EM SÉRIE-PARALELO

Circuitos em série-paralelo são aqueles que contêm componentes ligados em série


e em paralelo.
EXEMPLO 7.1: Encontre o resistor equivalente e as correntes , e , do circuito da
figura 7.1.

Figura 7.1
( )( )

( )

( )
66

EXEMPLO 7.2: Encontre o resistor equivalente e as correntes , e , do circuito da


figura 7.2

Figura 7.2

( )( )
( )( )

7.2 ATERRAMENTO

Em qualquer ponto no esquema de um circuito onde haja um símbolo de ligação à


terra, o potencial deve ser considera igual a 0V.
67

Como estes pontos estão todos ao mesmo potencial, podem ser conectados entre
si; no caso de esquemas complexos, no entanto, pode ser preferível deixar muitos desses
pontos isolados, para tornar o esquema mais claro.
Os valores de tensão indicados em um esquema são sempre tomados em relação
à terra.
Existem vários tipos de ligação à terra, dependendo da aplicação particular. O
aterramento por ligação ao solo consiste em ligar um circuito diretamente ao solo através
de um condutor de baixa impedância. Por convenção, dizemos que o valor do potencial
na superfície da Terra é 0 V.
Este valor é o mesmo em qualquer ponto porque existem substâncias condutoras
dissolvidas no solo, como por exemplo eletrólitos, em quantidade suficiente para permitir
que qualquer diferença de potencial entre dois pontos seja rapidamente anulada por uma
corrente elétrica temporária entre estes pontos.
Toda residência tem (ou deveria ter) uma ligação à terra, que consiste, na maioria
dos casos, em uma barra de metal enterrada no solo e ligada por uma das extremidades
ao quadro de distribuição de energia elétrica.
A legislação sobre instalações elétricas diz também que todos os encanamentos
metálicos de uma casa devem, por razões de segurança, estar diretamente ligados à
terra. No caso de um fio desencapado entrar acidentalmente em contato com um cano
metálico, a baixa impedância da ligação à terra assegura que a corrente resultante seja
suficientemente alta para acionar os sistemas protetores (fusíveis, disjuntores etc.)
Se o encanamento não estivesse ligado à terra, uma pessoa poderia receber uma
descarga perigosa quando fosse, por exemplo abrir uma torneira. Como a água de uso
domiciliar não é pura, contendo em geral em solução substâncias que a tornam
condutora, as áreas onde existe mais contato com a água como o banheiro e a cozinha,
devem receber especial atenção. Por razões de segurança, todas as linhas de
alimentação em laboratórios, industriais e residências são ligadas à terra.
Um segundo tipo de aterramento é denominada terra do chassi, que pode ser
flutuante ou ligada diretamente ao solo. O nome terra do chassi significa simplesmente
que os potenciais de todos os pontos do circuito são medidos em relação ao potencial do
chassi.
Se este último não estiver ligado ao solo (0V), dizemos que é flutuante e podemos
associar a ele qualquer valor de tensão para ser usado como referência. Se postularmos,
por exemplo, que o potencial do chassi é 120 V, todas as medidas de tensão no circuito
68

serão referidas a este valor. Deste modo, uma leitura de 32 V entre um ponto do circuito e
o chassi significa na realidade uma ddp de 152 V entre este ponto do circuito e a terra.
No entanto, na maioria dos sistemas que trabalham com tensões elevadas não é
usado um aterramento flutuante, pois isto implica perda de segurança. No caso de
alguém, por exemplo, tocar acidentalmente o chassi e qualquer outra parte do corpo estar
em contato com a terra, a pessoa receberá uma descarga elétrica.
O aterramento pode ser particularmente importante nos laboratórios onde são
usados vários instrumento de medida. A fonte e o osciloscópio da figura 7.3a), por
exemplo, estão conectados à terra através dos seus terminais negativos. Se para medir a
voltagem , efetuarmos as ligações do osciloscópio como ilustra a figura 7.3a),
estaremos criando uma situação de risco. Os terminais negativos dos dois equipamentos
estão ligados entre si através da terra, o que faz com que haja um curto-circuito em
paralelo com o resistor . Como é o resistor que limita a corrente no circuito, esta
poderá atingir valores muito elevados, capazes de danificar o osciloscópio ou de produzir
efeitos perigosos. Devemos, neste caso, recorrer ao aterramento flutuante ou intercambiar
os resistores, como na figura 7.3b). Na configuração da figura 7.3b), as terras estão
ligadas juntas e o circuito não é afetado pela introdução do osciloscópio.

Figura 7.3
A legislação norte-americana exige que o isolamento do fio que leva a corrente da
usina geradora até uma carga seja preto (este fio é algumas vezes denominado “fase” ou
“vivo”), enquanto o isolamento do fio que leva a corrente de volta à fonte (geralmente
denominado “neutro”) deve ser branco.
Em cabos com três fios, o isolamento do terceiro, o fio terra, deve ser verde;
algumas vezes este fio está desencapado, já que não é projetado para ser percorrido por
correntes elevadas.
69

Os componentes de um cabo de alimentação de três fios e da tomada de parede


correspondente aparecem na figura 7.4. Observe nas duas ilustrações que a conexão ao
fio terra é semicircular.

Figura 7.4
O diagrama esquemático completo para instalação de uma tomada domiciliar
aparece na figura 7.5. Observe que a corrente no fio terra é zero e que tanto este fio
quanto o neutro estão ligados à terra. Somente o fio “vivo” e o neutro são percorridos por
corrente.

Figura 7.5
Podemos demonstrar a importância do fio terra utilizando como exemplo a
torradeira da figura 7.6, cujas especificações são 1200 W e 120 V. Utilizando a expressão
P = EI para a potência, a corrente consumida pela torradeira em condições normais de
operação é I = P/E = 1200 W/120 V= 10 A.
70

No caso de uma linha de alimentação sem fio terra, como ilustra a figura 7.6a), o
fusível de 20 A (ou disjuntor) pode suportar confortavelmente estes 10 A e o sistema
funciona normalmente.
Entretanto, se por qualquer razão o isolamento da fase ou do neutro for danificado
e um destes fios tocar a carcaça da torradeira, teremos a situação ilustrada na figura
7.6b). Todas as partes metálicas da torradeira ficarão “vivas” (ou seja, a um potencial de
120 V em relação à terra); no entanto, os circuitos de proteção (fusível ou disjuntor) não
serão afetados, pois teremos ainda uma corrente de 10 A. Esta é, no entanto, uma
situação de perigo, pois qualquer pessoa em contato com a terra que toque a carcaça
metálica da torradeira terá seu corpo percorrido por uma corrente devido a esta ddp entre
o metal da torradeira e a terra.
Se como ilustra a figura 7.6c), tivéssemos um fio terra conectado ao chassi da
torradeira, teríamos uma ligação de baixa resistência com a terra, que causaria um
aumento acentuado no valor da corrente. Neste caso o fusível “queimaria” (ou o disjuntor
desarmaria), alertando o usuário para a existência de um problema. Embora a discussão
acima não seja completa, ela deve ser suficiente para que o leitor reconheça a
importância do aterramento dos circuitos.

Figura 7.6
71

7.3 EXERCICIO
1) Determine: , e

2) Determine: .

3) Determine:
72

CAPÍTULO 8: CIRCUITOS MAGNÉTICOS

8.1 INTRODUÇÃO

O magnetismo desempenha um papel importante em quase toda a aparelhagem


elétrica utilizada hoje em dia, seja ela industrial, domiciliar ou de pesquisa. Os geradores,
motores elétricos, transformadores, disjuntores aparelhos de televisão, computadores,
gravadores e telefones empregam efeitos magnéticos para realizar uma grande variedade
de tarefas.

8.2 CAMPOS MAGNÉTICOS

Na região do espaço em torno de um ímã permanente existe um campo magnético,


como na figura 8.1, as linhas de campo magnético não começam e terminam em cargas,
como as linhas elétricas, mas formam curvas fechadas.

Figura 8.1: Linhas de campo magnético para um ímã permanente.

Em uma barra magnetizada, as linhas de campo se dirigem do polo norte para o


polo sul no exterior da barra e do polo sul para o polo norte no interior da barra. Na figura
8.1 que as linhas de campo estão igualmente espaçadas no interior da barra.
Essas são propriedades adicionais exibidas pelas linhas magnéticas de campo em
materiais homogêneos (isto é, materiais cuja composição é uniforme):
>> As linhas de campo magnético procuram ocupar a menor área possível, fazendo com
que as linhas de campo entre polos de tios diferentes se aproximarem de linhas retas
como a figura 8.2.
73

Figura 8.2: Linhas de campo magnético para um sistema de dois ímãs com polos opostos adjacentes.
>> A intensidade do campo magnético em uma dada região é diretamente proporcional à
densidade de linhas de campo. Na figura 8.1, a intensidade do campo magnético em a é o
dobro da intensidade em b, pois o número de linhas de campo que atravessam uma área
perpendicular a estas linhas em a é o dobro do número de linhas que atravessam uma
área semelhante em b.
>> Os imãs permanentes são sempre mais fortes perto dos polos.
>> Se aproximarmos polos opostos de dois ímãs permanentes eles se atrairão e a
distribuição de linhas de campo será como na figura 8.2.
>> Se aproximarmos polos do mesmo tipo, eles se repelirão, e a distribuição de linhas de
campo será como na figura 8.3.

Figura 8.3: Linhas de campo magnético para um sistema de dois ímãs com polos iguais.
>> Se colocarmos um material não-magnético (vidro ou cobre) nas proximidades de um
ímã permanente, a distribuição de linhas de campo sofrerá uma alteração quase
imperceptível, figura 8.4.
>> Caso um material magnético como ferro doce, seja colocado nas proximidades do imã,
as linhas de campo tenderão a passar pelo ferro e não pelo ar. Uma das aplicações
práticas deste fenômenos é a construção de blindagens magnéticas para proteger
componentes e instrumentos elétricos sensíveis da ação de campos magnéticos espúrios,
figura 8.5.
74

Figura 8.4: Efeito de uma amostra de material ferromagnético sobre as linhas de campo de um imã
permanente.

Figura 8.5: Efeito de uma blindagem magnética sobre as linhas de campo.

Figura 8.6: Linhas de campo nas proximidades de um condutor percorrido por corrente.

Em torno de qualquer fio percorrido por corrente existe um campo magnético. Para
determinar a direção e sentido das linhas de campo, basta colocar o polegar da mão
direita ao longo do sentindo convencional da corrente e observar a posição dos outros
dedos. (Este método é chamado de regra da mão direita). Se o condutor for dobrado para
formar uma espira figura 8.7, as linhas de campo terão a mesma direção e sentido no
centro da espira e o campo magnético nessa região ficará mais intenso.
75

Figura 8.7: Linhas de campo em uma espira percorrida por corrente.


Um enrolamento com várias espiras produzirá um campo magnético como o que
aparece na figura 8.8. Observe que as linhas de campo são bastante semelhantes às de
um ímã permanente da figura 8.1. A extremidade esquerda do enrolamento (de onde
saem as linhas de campo) e a extremidade direita (onde entram as linhas de campo) são
análogas ao polo norte e ao polo sul do ímã.
O campo gerado pelo enrolamento da figura 8.8 é mais fraco do que o gerado pelo
ímã permanente da figura 8.1. Podemos aumentar a intensidade do campo magnético
inserindo um núcleo de material ferromagnético (ferro, aço ou cobalto) no interior do
enrolamento para concentrar a intensidade do campo magnético, criamos um eletroímã
figura 8.9, que além de apresentar todas as propriedades de um ímã permanente, produz
um campo magnético cuja intensidade pode ser modificada alterando-se um dos seus
parâmetros (corrente, número de espiras, material ferromagnéticos).
Naturalmente, um eletroímã necessita de uma fonte de energia para produzir o
campo magnético, enquanto essa necessidade não existe no caso dos ímãs
permanentes.

Figura 8.8: Linhas de campo em uma bobina percorrida por corrente.


76

Figura 8.9: Eletroímã.

Figura 8.10: Aplicações dos efeitos do magnetismo.

8.3 TRANSFORMADORES

Um transformador ou trafo é um dispositivo destinado a transmitir energia


elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro, transformando tensões, correntes e ou
de modificar os valores das impedâncias elétricas de um circuito elétrico.

8.3.1 ESTRUTURAS DO TRANSFORMADOR

Um transformador é formado basicamente de:

>> ENROLAMENTO - O enrolamento de um transformador é formado de varias bobinas


que em geral são feitas de cobre eletrolítico e recebem uma camada de verniz sintético
como isolante.
>> NÚCLEO - esse em geral é feito de um material ferromagnético e o responsável por
transferir a corrente induzida no enrolamento primário para o enrolamento secundário.
77

Esses dois componentes do transformador são conhecidos como parte ativa, os


demais componentes do transformador fazem parte dos acessórios complementares.
No caso dos transformadores de dois enrolamentos, é comum se denominá-los
como enrolamento primário e secundário existem transformadores de três enrolamentos
sendo que o terceiro é chamado de terciário. Há também os transformadores que
possuem apenas um enrolamento, ou seja, o enrolamento primário possui um conexão
com o enrolamento secundário, de modo que não há isolação entre eles, esses
transformadores são chamados de autotransformadores.
Um transformador trifásico consta internamente de 3 transformadores que podem
ser ligados de diferentes modos. Ligando os enrolamentos primários em triangulo e os
enrolamentos secundários em estrela, ficamos com um conjunto em que o primário
recebe corrente trifásica e no secundário temos três fases e neutro (sendo o neutro o
centro da estrela). Temos assim desta forma tensões simples e tensões compostas.
No caso da distribuição de energia elétrica temos 400 volt entre fases, temos 3
situações dessas (entre as fases R e S ; S e T ; R e T) e temos 230 volt entre qualquer
uma das fases e o neutro.

8.3.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TRANSFORMADOR

O transformador é baseado em dois princípios: o primeiro, descrito via lei de Biot-


Savart, afirma que corrente elétrica produz campo magnético (eletro magnetismo); o
segundo, descrito via lei da indução de Faraday, implica que um campo magnético
variável no interior de uma bobina ou enrolamento de fio induz uma tensão elétrica nas
extremidades desse enrolamento (indução eletromagnética). A tensão induzida
é diretamente proporcional à taxa temporal de variação do fluxo magnético no circuito.
A alteração na corrente presente na bobina do circuito primário altera o fluxo
magnético nesse circuito e também na bobina do circuito secundário, esta última montada
de forma a encontrar-se sob influência direta do campo magnético gerado no circuito
primário. A mudança no fluxo magnético na bobina secundária induz uma tensão elétrica
na bobina secundária.
Um transformador ideal é apresentado na figura 8.11.
78

Figura 8.11: Transformador ideal.


A corrente passando através da bobina do circuito primário cria um campo
magnético. A bobina primária e secundária são ambas enroladas sobre um núcleo de
material magnético de elevada de permeabilidade magnética, a exemplo um núcleo de
ferro, de modo que a maior parte do fluxo magnético passa através de ambas as bobinas.
Se um dispositivo elétrico é conectado ao enrolamento secundário, uma vez
provido que a corrente e a tensão aplicadas ao circuito primário tenham os sentidos
indicados, a corrente e a tensão elétricas no dispositivo (usualmente denominado por
"carga" do circuito) terão também sentidos definidos, como os indicados na figura. Na
prática os transformadores operam com tensões e correntes alternadas, de forma que as
marcações na figura representam a rigor, as relações de fase entre os sinais no circuito
primário e secundário visto que as tensões e correntes estão constantemente alternando
seus sentidos a fim de prover um fluxo magnético variável.

8.3.3 TIPOS DE TRANSFORMADORES

Os transformadores são classificados de acordo com vários critérios. As


classificações de acordo com a finalidade, o tipo, o material do núcleo e o número de
fases são algumas das mais importantes.
Quanto à finalidade:
 Transformadores de corrente;
 Transformadores de potência;
 Transformadores de distribuição;
 Transformadores de força.
Quanto ao tipo:
 Dois ou mais enrolamentos;
 Autotransformador.
79

Quanto ao material do núcleo:


 Ferromagnético;
 Núcleo de ar.
Quanto ao número de fases:
 Monofásico;
 Trifásico;
 Polifásico.
Para se reduzir as perdas o núcleo de muitos transformadores são laminados para
reduzir a indução de correntes parasitas ou de Foucault, no próprio núcleo. Em geral se
utiliza aço-silício com o intuito de se aumentar a resistividade e diminuir ainda mais essas
correntes parasitas. Esses transformadores são chamados transformadores de núcleo
ferromagnético. Há ainda os transformadores de núcleo de ar, que possui seus
enrolamentos em contato com a atmosfera.
Transformadores também podem ser utilizados para o casamento de impedâncias.
Esse tipo de ligação consiste em modificar o valor da impedância vista pelo lado primário
do transformador, são em geral de baixa potência.

Transformadores de potência

Os transformadores trifásicos ou de potência são destinados a rebaixar ou elevar a


tensão e consequentemente elevar ou reduzir a corrente de um circuito, de modo que não
se altere a potência do circuito. Esses transformadores podem ser divididos em dois
grupos:
 Transformador de força - esses transformadores são utilizados para gerar, transmitir e
distribuir energia em subestações e concessionárias. Possuem potência de 5 até 300
MVA. Quando operam em alta tensão têm até 550 kV.

Figura 8.12: Transformador de distribuição.


80

 Transformador de distribuição - esses transformadores são utilizados para rebaixar a


tensão para ser entregue aos clientes finais das empresas de distribuição de energia.
São normalmente instalados em postes ou em câmaras subterrâneas. Possuem
potência de 15 a 300 kVA; o enrolamento de alta tensão têm tensão de 15, 24,2 ou
36,2 kV, já o enrolamento de baixa tensão tem 380/220 ou 220/127 V.

Autotransformadores

Nos autotransformadores os enrolamentos primário e secundário estão em contato


entre si. O enrolamento tem pelo menos três saídas, onde as conexões elétricas são
realizadas.
Um autotransformador pode ser menor, mais leve e mais barato do que um
transformador de enrolamento duplo padrão. Entretanto, o autotransformador não
fornece isolamento elétrico.
Autotransformadores são muitas vezes utilizados como elevadores ou rebaixadores
entre as tensões na faixa 110-117-120 volts e tensões na faixa 220-230-240 volts. Por
exemplo, a saída de 110 ou 120V de uma entrada de 230V, permitindo que equipamentos
a partir de 100 ou 120V possam ser usados em uma região de 230V.
Um autotransformador variável é feito expondo-se partes das bobinas do
enrolamento e fazendo a conexão secundária através do deslizamento de um contato,
resultando em variação na relação das espiras. Tal dispositivo é normalmente chamado
pelo nome de marca Variac.

8.3.4 SIMBOLOGIA DOS TRANSFORMADORES


81

8.3.5 TRANSFORMADOR IDEAL

Um transformador ideal é aquele em que o acoplamento entre suas bobinas é


perfeito, ou seja, todas concatenam, ou “abraçam”, o mesmo fluxo, o que vale dizer que
não há dispersão de fluxo.
Isso implica assumir a hipótese de que a permeabilidade magnética do núcleo
ferromagnético é alta ou, no caso ideal, infinita, e o circuito magnético é fechado. Além
disso, admite-se que o transformador não possui perdas de qualquer natureza, seja nos
enrolamentos, seja no núcleo.

Sendo a denominada relação de espiras ou relação de transformação. Esta é a


primeira propriedade do transformador que é a de transferir ou refletir as tensões de um
lado para outro segundo uma constante a.
82

ANEXO 1: PROTOBOARD E MULTIMETRO

A.1 PROTOBOARD

A protoboard é uma placa de ensaio ou matriz de contato que contém uma placa
com furos e conexões condutoras para montagem de circuitos elétricos experimentais.
A grande vantagem da placa de ensaio na montagem de circuitos eletrônicos é a
facilidade de inserção de componentes, uma vez que não necessita soldagem.
As placas variam de 800 furos até 6000 furos, tendo conexões verticais e
horizontais.
Na superfície de uma matriz de contato há uma base de plástico em que existem
centenas de orifícios onde são encaixados.
Em sua parte inferior são instalados contatos metálicos que interligam
eletricamente os componentes inseridos na placa.
Geralmente suportam correntes entre 1 A e 3 A.
A figura A.1a) ilustra uma protoboard de 830 furos, bastante comum no meio
eletrônico:

a)

b)
83

c)

Figura A.1: Protoboard: a) Matriz de contatos com 830 furos; b) Conexões internas; c) Conexões
externos.

A.2 MULTÍMETRO

Um multímetro ou multiteste é um aparelho destinado a medir e avaliar


grandezas elétricas.
Existem modelos com mostrador analógico (de ponteiro) e modelos com mostrador
digital.

A.2.1 MULTÍMETRO DIGITAL

O modelo com mostrador digital funciona convertendo a corrente elétrica em sinais


digitais através de circuitos denominados conversores análogo - digital.
84

Esses circuitos comparam a corrente a medir com uma corrente interna gerada em
incrementos fixos que vão sendo contados digitalmente até que se igualem, quando o
resultado então é mostrado em números ou transferidos para um computador pessoal.
Várias escalas divisoras de tensão, corrente, resistência e outras são possíveis. Figura
A.2.

Figura A.2: Multímetro Digital. Figura A.3: Multímetro Analógico.

A.2.2 MULTÍMETRO ANALÓGICO

O mostrador analógico funciona com base no galvanômetro, instrumento composto


basicamente por uma bobina elétrica montada em um anel em volta de um imã. Figura
A.3.
O anel munido de eixo e ponteiro pode rotacionar sobre o imã. Uma pequena mola
espiral - como as dos relógios - mantém o ponteiro no zero da escala.
Uma corrente elétrica passando pela bobina, cria um campo magnético oposto ao
do imã promovendo o giro do conjunto. O ponteiro desloca-se sobre uma escala calibrada
em tensão, corrente, resistência etc.
Uma pequena faixa espelhada ao longo da escala curva do mostrador, ajuda a
evitar o erro de paralaxe.
Nos dois modelos, um sistema de chave mecânica ou eletrônica divide o sinal de
entrada de maneira a adequar a escala e o tipo de medição.

A.3 APLICAÇÕES DO MULTÍMETRO


85

Utilizado na bancada de trabalho (laboratório) ou em serviços de campo, incorpora


diversos instrumentos de medidas elétricas num único aparelho como
voltímetro, amperímetro e ohmímetro por padrão.
E opcionais como capacímetro, frequencímetro, termômetro entre outros, conforme
o fabricante do instrumento disponibilizar.
Tem ampla utilização entre os técnicos em eletrônica e eletrotécnica, pois são os
instrumentos mais usados na pesquisa de defeitos em aparelhos eletro-eletrônicos devido
a sua simplicidade de uso e, normalmente, portabilidade.
Diferentes fabricantes oferecem inúmeras variações de modelos. Oferecem uma
grande variedade de precisões (geralmente destaca-se a melhor precisão para medidas
em tensão CC), nível de segurança do instrumento, grandezas possíveis de serem
medidas, resoluções (menor valor capaz de ser mostrado/exibido), conexão ou não com
um PC, etc.
Há modelos destinados a uso doméstico (onde o risco de um acidente é menor) e
modelos destinados a uso em ambiente industrial (que devido as maiores correntes de
curto-circuito apresentam maior risco).
A precisão de leitura (exatidão) não é o que diferencia estas duas opções e sim sua
construção interna (trilhas do CI mais espaçadas, maior espaçamento entre a placa de CI
e a carcaça e maior robustez a transientes nos modelos industriais).
86

A.4 APLICAÇÕES DO MULTÍMETRO

Figura A.4: Utilização do multímetro.


A.5 AMPERÍMETRO E VOLTIMETRO

A medida das correntes e das tensões em qualquer sistema elétrico é


extremamente importante, pois nos permite avaliar o desempenho do sistema, localizar
pontos defeituosos e descobrir efeitos impossíveis de serem previstos em uma analise
teórica.
Como seus nomes indicam, os amperímetros são utilizados para medir intensidade
de corrente, e os voltímetros para medir a diferença de potencial entre dois pontos.
Quando desejamos medir intensidade de correntes na ordem de miliampères,
costumamos designar o instrumento pela palavra miliamperímetro, e, no caso de
microampères, microamperímetro.
Fazemos o mesmo no caso dos medidores de tensão.
As medidas de tensão são mais comuns na indústria do que as de corrente, pois
não é necessário alterar as conexões do sistema para medir uma ddp entre dois pontos
quaisquer, sendo isto quase sempre necessário no caso de medida de corrente.
87

A.5.1 AMPERÍMETRO

A ligação correta de um amperímetro é ilustrada na figura abaixo. Como estes


aparelhos medem a taxa de escoamento de cargas,

Figura A.5: Ligação de um amperímetro para se obter uma leitura positiva (+).

Ou seja, a corrente, esta última deve atravessar o aparelho e, portanto o


amperímetro deve ser ligado em série com o circuito.
Para isto é sempre necessário abrir o circuito para a colocação do amperímetro. No
caso da figura acima, devemos desconectar a ponta positiva da fonte de tensão inserindo
o amperímetro da maneira indicada.
Para obter leituras positivas a corrente (no sentido convencional) deve entrar no
terminal positivo do amperímetro.

A.5.2 VOLTÍMETRO

A diferença de potencial entre dois pontos de um circuito é medida ligando-se o


voltímetro aos dois pontos em paralelo, como na figura abaixo.

Figura A.6: Ligação de um voltímetro para se obter uma leitura positiva (+).
88

Para obtermos uma leitura positiva, devemos ligar a ponta de prova positiva do
voltímetro ao ponto de potencial mais alto do circuito e a ponta de prova negativa ao
ponto de potencial mais baixo.
Se a ligação estiver invertida, o ponteiro (no caso de um voltímetro analógico)
sofrerá uma deflexão em sentido contrário, o que pode danificar o aparelho. No caso de
um voltímetro digital, a leitura será, neste caso, negativa.

A.6 MEDIDORES DE RESISTÊNCIA OHMÍMETRO (Ω)

O medidor de resistência é um instrumento que tem, dentre outras, as seguintes funções:


1. Medir a resistência de um elemento individual ou de elementos combinados;
2. Detectar situações de “circuito aberto” (resistência alta) e de “curto-circuito”
(resistência baixa);
3. Verificar a continuidade das conexões de um circuito e identificar fios em um cabo
múltiplo;
4. Testar alguns dispositivos semicondutores (eletrônicos).
Em geral, entretanto, a resistência de um resistor pode ser medida simplesmente
conectando-se as duas extremidades do medidor às do resistor, como na figura abaixo.

Figura A.7: Medindo a resistência de um elemento isolado.


Não é preciso se preocupar com qual fio se conecta a qual extremidade; o
resultado será o mesmo em ambos os casos, pois os resistores oferecem a mesma
resistência ao escoamento de carga (corrente) em qualquer sentido.
Ao medir a resistência de um único resistor, em geral é aconselhável remover a
resistência do circuito antes de fazer a medida. Se isto é difícil ou impossível, pelo menos
uma extremidade do resistor deve ser desconectada do circuito para que a leitura não
seja influenciada pelos outros componentes.
Uma conexão pode ser testada como vemos na figura abaixo, simplesmente
ligando o ohmímetro aos dois lados da conexão.
89

Figura A.8: Verificando a continuidade de uma conexão.


Se a resistência for zero, a conexão é segura. Se for diferente de zero, pode ser
uma conexão fraca; se a resistência for infinita temos um circuito aberto.
Se ambas as extremidades de um dos fios de um cabo forem conhecidas, as
extremidades de um segundo podem ser identificadas como vemos na figura abaixo.

Figura A.9: Identificando os fios de um cabo.


Simplesmente conecte uma das extremidades do fio conhecido a uma das
extremidades do fio conhecido a uma extremidade de qualquer outro fio.
Utilizando o ohmímetro do modo como indicado na figura acima, quando o medidor
indicar zero ohms (ou uma resistência muito baixa), a segunda extremidade do outro fio
terá sido identificada.
Esse procedimento pode ser usado também para identificar as extremidades do
primeiro fio simplesmente encostando uma das pontas do medidor em uma extremidade
de um fio qualquer e tocando todos os fios do outro extremo do cabo com a outra ponta
de prova até que uma leitura de zero ohms seja obtida.
 Jamais conecte um medidor de resistência a um circuito energizado.
 Jamais guarde um multímetro com a chave posicionada para medidas de
resistência.
90

Qualificação Profissional Em
Elétrica

2.Eletrônica Geral

Desenvolvido por:
Eng. Fabrício Malvar

Camaçari-BA
Outubro-2014
91

CAPÍTULO 1: DIODOS SEMICONDUTORES

1.1 INTRODUÇÃO

“A eletrônica é o ramo da ciência que estuda o uso de circuitos formados por


componentes elétricos e eletrônicos, com o objetivo principal de representar, armazenar,
transmitir ou processar informações além do controle de processos e servomecanismos.
Sob esta ótica, também se pode afirmar que os circuitos internos dos computadores (que
armazenam e processam informações), os sistemas de telecomunicações (que
transmitem informações), os diversos tipos de sensores e transdutores (que representam
grandezas físicas - informações - sob forma de sinais elétricos) estão, todos, dentro da
área de interesse da eletrônica”. (WIKIPEDIA, 2014).
Exemplos de dispositivos elétricos e eletrônicos: Diodos, LEDs, Circuitos
Integrados, Transistores (TBJ e MOSFET), Tiristor, TRIAC, DIAC, transformadores,
indutores, capacitores, memórias e entre outros,

1.2 DIODO IDEAL

O diodo ideal é um dispositivo de dois terminais, tendo o símbolo e a curva


característica mostrados na figura 1.1 a e b, respectivamente.

Figura 1.1: Diodo Ideal: (a) símbolo; (b) curva característica. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005,
pg.: 02).
Idealmente, um diodo irá conduzir corrente no sentido definido pela seta no
símbolo, e age como um circuito aberto para qualquer tentativa de estabelecer corrente
no sentido oposto.

 O diodo ideal é um curto-circuito na região de condução.


92

Concluiremos que o valor da resistência direta, Rf, conforme definida pela lei de
Ohm, é

Onde Vf é a tensão direta através do diodo e If é a corrente direta através do diodo.


 O diodo ideal é um circuito-aberto na região não condução.
Vr é a tensão reversa através do diodo, e Ir é a corrente reversa do diodo.

Figura 1.2: Estados de (a) condução e (b) não-condução do diodo ideal determinados pela polarização
aplicada. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 02).

1.3 DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS

 Condutor: é aplicado a qualquer material que sustenta um fluxo de uso de carga,


quando uma fonte de tensão amplitude limitada é aplicada através de seus
terminais. Exemplo: Cobre e Alumínio.
 Isolante: é o material que oferece um nível muito baixo de condutividade sob
pressão de uma fonte de tensão aplicada. Exemplo: Borracha, Plástico, Cerâmica,
Vidro.
 Semicondutor: é o material que possui um nível de condutividade entre os
extremos de um isolante e um condutor. Exemplo: Silício e Germânio.
93

 Um aumento na temperatura de um semicondutor pode resultar em um aumento


substancial no número de elétrons livres no material;
 Materiais semicondutores, como o Ge e o Si, que apresentam uma redução da
resistência com aumento da temperatura, são considerados possuidores de
Coeficiente de Temperatura Negativo “NTC”.

1.4 MODELO ATÔMICO DOS SEMICONDUTORES

Os modelos de Bohr dos dois semicondutores mais comumente usados, germânio


e silício. O átomo de germânio tem 32 elétrons orbitando, enquanto o silício tem 14.
Em cada caso, existem quatro elétrons na camada mais externa (valência).

Figura 1.3: Estrutura atômica (a) do germânio; (b) do silício. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005,
pg.: 04).
Uma ligação de átomos, baseado no compartilhamento de elétrons, é chamada
ligação covalente.
Em um cristal puro de germânio ou silício, estes quatros elétrons de valência estão
ligados a quatro átomos de ligação.
94

Figura 1.4: Ligação covalente do átomo de silício. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 04).

1.5 MATERIAIS INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS

 Materiais Intrínsecos: são aqueles semicondutores que foram cuidadosamente


refinados para reduzirem as impurezas a um nível muito baixo – essencialmente
tão puro quanto possível através da tecnologia através da tecnologia moderna;
As características dos materiais semicondutores podem ser alteradas
significativamente pela adição de certos átomos de impurezas no material semicondutor
relativamente puro.
Estas impurezas, embora adicionadas na razão de apenas uma parte em 10
milhões, podem alterar suficientemente a estrutura de banda e modificar totalmente as
propriedades elétricas do material.
 Materiais Extrínsecos: é o material que sofreu o processo de dopagem, que é
adição de impurezas no material semicondutor. Divididos em material tipo n e tipo
p.

1.5.1 MATERIAL TIPO N

O tipo n é criado introduzindo-se os elementos de impureza que têm cinco elétrons


de valência (pentavalente), como o antimônio, o arsênico e o fósforo.
95

Figura 1.5: Impureza de antimônio no material tipo n. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 06).
Este elétron adicional, fracamente ligado a seu átomo de origem (antimônio), está
relativamente livre para mover-se dentro do material tipo n recentemente formado.
 Impurezas dispersas com cinco elétrons de valência são chamadas de átomos
doadores.

1.5.2 MATERIAL TIPO P

O tipo p é formado dopando-se um cristal de germânio ou silício puro com átomos


de impureza apresentando três elétrons de valência. Os elementos mais frequentemente
usados para este propósito são o boro, o gálio e o índio.

Figura 1.6: Impureza de boro no material tipo p. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 07).

Observe que existe agora um número insuficiente de elétrons para completar as


ligações covalentes da rede recentemente formada. A lacuna resultante é chamada de
buraco, é representada por um pequeno círculo ou sinal positivo devido à ausência de
96

uma carga negativa. Uma vez que a lacuna resultante irá aceitar rapidamente um elétron
livre.
 As impurezas dispersas com três elétrons de valência são chamadas átomos
aceitadores.

1.6 PORTADORES MAJORITÁRIOS E MINORITÁRIOS

 Em um material tipo n, o elétron é chamado de portador majoritário e o buraco de


portador minoritário;
 Em um material tipo p, o buraco é o portador majoritário e o elétron é o portador
minoritário.

Figura 1.7: (a) Material tipo n; (b) Material tipo p. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 07).

1.7 EXERCICIO

1) Descreva com suas próprias palavras o significado da palavra ideal aplicada a um


dispositivo ou sistema.
2) Descreva com suas próprias palavras as características do diodo ideal e como elas
determinam os estados: ligado e desligado do dispositivo. Isto é, descreva por que
o curto-circuito e circuito-aberto equivalente são adequados.
3) Defina, com suas palavras, um material intrínseco, um coeficiente de temperatura
negativa e ligação covalente.
4) Descreva a diferença entre os materiais semicondutores tipo n e tipo p.
5) Descreva a diferença entre portadores majoritário e minoritário.
97

1.8 DIODO SEMICONDUTOR

1.8.1 SEM POLARIZAÇÃO (VD = 0V)

Na ausência de uma tensão de polarização, o fluxo resultante de carga em


qualquer direção para um diodo semicondutor é zero.

Figura 1.8: Junção p-n sem polarização externa. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 08).
Região de depleção é a região onde se encontra os íons positivos e negativos não
combinados.

Figura 1.9: Condições de não-polarização para um diodo semicondutor. FONTE: BOYLESTAD;


NASHELSKY (2005, pg.: 08).

1.8.2 POLARIZAÇÃO REVERSA (VD < 0 V)

A corrente que surge sob condições de polarização reversa é chamada de corrente


de saturação reversa e é representada por Is.
98

Figura 1.10: Junção p-n com polarização reversamente. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.:
09).

Figura 1.11: Condições de polarização reversa para um diodo semicondutor. FONTE: BOYLESTAD;
NASHELSKY (2005, pg.: 09).

1.8.3 POLARIZAÇÃO DIRETA (VD > 0V)

Um diodo semicondutor é polarizado diretamente quando a associação tipo p é


positivo e tipo n é negativo for estabelecida.

Figura 1.12: Junção p-n polarizada diretamente. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 09).
99

Figura 1.13: Condições de polarização direta para um diodo semicondutor. FONTE: BOYLESTAD;
NASHELSKY (2005, pg.: 09).

Com o auxílio da física do estado sólido, pode-se mostrar que as características


gerais de um diodo semicondutor são definidas pela seguinte equação para as regiões de
polarização direta e reversa:
(1.1)

Observe na figura 1.14 que os dispositivos disponíveis comercialmente apresentam


uma curva características deslocada em poucas dezenas de volts para a direita.

1.9 REGIÃO ZENER

O potencial de polarização reverso que resulta desta brusca mudança na curva


característica é chamado potencial Zener é dado pelo símbolo Vz.
Estes portadores adicionais podem, ajudar no processo de ionização, até que uma
alta corrente de avalanche seja estabelecida e a região de ruptura em avalanche
determinada.
O potencial máximo de polarização reversa permitido, para que o diodo não entre
na região Zener, é chamado de tensão de pico inversa (TPI) ou tensão de pico reversa
(TPR).
100

Figura 1.14: Curva característica do diodo semicondutor de silício. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY
(2005, pg.: 10).

Figura 1.15: Região Zener. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 11).
101

1.10 SILÍCIO VERSUS GERMÂNIO

1.10.1 DIODOS DE SILÍCIO

 TPI nominais para o silício podem situar-se na faixa de 1000 V;


 A temperatura de trabalho pode chega até 200ºC;
 Possui queda de tensão 0,7 V.

1.10.2 DIODOS DE GERMÂNIO

 TPI nominais para o germânio podem situar-se na faixa de 400 V;


 A temperatura de trabalho pode chega até 100ºC;
 Possui queda de tensão 0,3 V.

Figura 1.16: Comparação dos diodos semicondutores de Si e Ge. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY
(2005, pg.: 12).
102

1.11 FOLHAS DE DADOS DO DIODO

Os dados sobre dispositivos semicondutores específicos normalmente são


fornecidos pelo fabricante de forma simplificada ou mais detalhada.
Os dados são:
1. A tensão direta, (em corrente e temperatura específicas);
2. A corrente direta máxima, (a uma temperatura específica);
3. A corrente de saturação reversa, (a uma tensão e temperatura específicas);
4. A tensão reversa nominal (PIV ou PRV ou V(BR), em que BR vem do termo
breakdown, „ruptura‟ – a uma temperatura específica);
5. O valor máximo de dissipação de potência a uma temperatura específica;
6. Valores de capacitância;
7. Tempo de recuperação reversa, trr;
8. Faixa de temperatura de operação.

Dependendo do tipo de diodo utilizado, pode-se fornecer dados adicionais, tais


como faixa de frequência, nível de ruído, tempo de chaveamento, níveis de resistência
térmica e valores de pico repetitivos.
Se a potência máxima ou dissipação nominal também for fornecida, será
considerada igual ao seguinte produto:
(1.2)
Onde e são a corrente e a tensão no diodo em um ponto específico de operação.
Se utilizarmos o modelo simplificado para uma aplicação específica (o que ocorre
com frequência), poderemos substituir para um diodo de silício na
equação e determinar a dissipação de potência resultante para uma comparação com a
potência máxima nominal. Ou seja:
( ) (1.3)

Algumas áreas da folha de dados foram realçadas e têm uma letra de identificação
correspondente à seguinte descrição:
103

Figura 1.17: Datasheet do diodo BAY73. FONTE: FAIRCHILD (2005, pg.: 1).
104

A: As tensões de polarização reversa (PIVs) mínimas para um diodo operando com uma
corrente de saturação reversa específica;
B: Características de temperatura conforme indicado, observe o uso da escala Celsius e a
grande faixa de utilização (lembrando que 32ºF = 0ºC= congelamento ( ) e 212ºF =
100ºC = ebulição ( ));
C: Nível máximo de dissipação de potência , a potência máxima
nominal diminui a uma taxa de 3,33 mW por grau de aumento na temperatura, acima da
temperatura ambiente (25ºC), conforme indica claramente a curva de redução de
potência;
D: Corrente direta contínua máxima ;
E: Faixa de valores de para . Note que excede em ambos os
dispositivos;
F: Faixa de valores de para . Note como nesse caso, os limites superiores
estão em torno de 0,7 V;
G: Para e a uma temperatura de operação típica, ,
enquanto para uma tensão reversa maior cai para ;
H: O nível de capacitância entre os terminais é de cerca de para o diodo com
(nenhuma polarização) e uma frequência aplicada de 1 MHz.
I: O tempo de recuperação reversa é para a lista de condições de operação.
A corrente retificada média, a corrente direta de pico repetitiva e a corrente direta
de surto de pico apresentadas na folha de dados são definidas do seguinte modo:
1. Corrente retificada média. Um sinal retificado de meia onda tem um valor definido
por . A corrente média nominal é menor do que as correntes
contínuas ou diretas de pico repetitivas, pois uma corrente de meia onda terá
valores instantâneos muito mais altos do que o valor médio.
2. Corrente Direta De Pico Repetitiva. Este é o maior valor instantâneo da corrente
direta repetitiva. Observe que, como permanece nesse nível por um breve período
de tempo, seu valor pode ser maior do que o nível contínuo.
3. Corrente Direta De Surto De Pico. Durante o chaveamento, a ocorrência de mau
funcionamento ou outros fatores, haverá correntes muito altas através do
dispositivo em intervalos muito curtos de tempo (que não são repetitivos). Esse
parâmetro define o valor máximo de corrente e o tempo de duração desses surtos.
105

1.12 TESTE DO DIODO

A condição de um diodo semicondutor pode ser rapidamente determinada


utilizando-se:
1. Um multímetro digital com uma função de teste de diodo;
2. A função de ohmímetro de um multímetro.

1.12.1 Função De Teste De Diodo

Um multímetro digital com a opção de teste de diodo é mostrado na figura 1.18.


Observe o pequeno símbolo de diodo como opção abaixo do seletor de funções/escala.
Quando colocada nessa posição e conectado da forma mostrada na figura 1.19 a), o
diodo deve estar no estado “ligado” (on) e o display fornecerá uma indicação de tensão de
polarização direta, como por exemplo, 0,67 (para o Si).

Figura 1.18: Multímetro Digital. FONTE: MINIPA (2014).


O medidor tem uma fonte de corrente constante interna (em torno de 2 mA) que
proporciona um valor de tensão, conforme mostra a figura 1.19 b). Uma indicação OL
obtida realizando-se as conexões mostradas na figura 1.19 a) revela um diodo aberto
(defeituoso).
Se as pontas de prova do medidor forem invertidas deverá ocorrer uma indicação
OL devido à equivalência de circuito aberto para o diodo. Portanto, em geral, uma
indicação OL em ambas as direções indica um diodo aberto ou defeituoso.
106

Figura 1.19: Verificando um diodo no estado de polarização direta. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY
(2005, pg.: 25).

1.12.2 Teste Com O Ohmímetro

A resistência de polarização direta de um diodo semicondutor é bem baixa se


comparada ao valor encontrado para a polarização reversa. Portanto, se medirmos a
resistência de um diodo utilizando as conexões indicadas na figura 1.20 a), poderemos
esperar um valor relativamente baixo.
A indicação resultante do ohmímetro será uma função da corrente estabelecida
através do diodo pela bateria interna (geralmente 1,5 V) do medidor.
Quanto maior a corrente, menor o valor da resistência. Para a situação de
polarização reversa, o valor lido deve ser bem alto, exigindo uma escala para medida de
alta resistência no medidor, conforme a figura 1.20 b). Uma leitura de resistência elevada,
obtida com ambas as polaridades, obviamente indica um comportamento de circuito
aberto (dispositivo defeituoso), enquanto uma leitura de resistência muito baixa, obtida
com ambas as polaridades indica que o dispositivo está provavelmente em curto-circuito.

Figura 1.20: Testando um diodo com um ohmímetro. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 26).
1.13 OUTROS TIPOS DE DIODO

1.13.1 Diodo Zener


107

Diodo Zener (também conhecido como diodo regulador de tensão, diodo de tensão
constante, diodo de ruptura ou diodo de condução reversa) é um dispositivo semelhante a
um diodo semicondutor, especialmente projetado para trabalhar sob o regime de
condução inversa,
Cada diodo Zener possui uma tensão Zener específica como, por exemplo, 5,1
Volts, 6,3 Volts, 9,1 Volts, 12 Volts e 24 Volts.
Quanto ao valor da corrente máxima admissível unilateralmente,existem vários
tipos de diodos. Um dado importante na especificação do componente a ser utilizado é a
potência do dispositivo. Por exemplo, existem diodos Zener de 400 mW e 1 W. O valor da
corrente máxima admissível depende dessa potência e da tensão de Zener. É por isso
que o diodo Zener se encontra normalmente associado com uma resistência ligada em
série, destinada precisamente a limitar a corrente a um valor admissível.

Figura 1.21: Diodo Zener. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 27).

Figura 1.22: Curva características do diodo zener. FONTE: WIKIPÉDIA (2014).

1.13.2 Diodo Emissor De Luz - LED

O diodo emissor de luz também é conhecido pela sigla em inglês LED (Light
Emitting Diode). Sua funcionalidade básica é a emissão de luz em locais e instrumentos
onde se torna mais conveniente a sua utilização no lugar de uma lâmpada. Especialmente
utilizado em produtos de microeletrônica como sinalizador de avisos, também pode ser
108

encontrado em tamanho maior, como em alguns modelos de semáforos. Também é muito


utilizado em painéis de led, cortinas de led e pistas de led.

Figura 1.23: Diversos LEDs, e simbologia. FONTE: WIKIPÉDIA (2014).

1.13.3 Fotodiodo

Um fotodiodo é um componente eletrônico e um tipo de fotodetector. É uma junção


PN designada para responder a uma entrada óptica.
Fotodiodos possuem uma "janela" ou uma conexão de fibra ótica, responsável por
deixar a luz passar e incidir na parte sensível do dispositivo. Também pode ser usado
sem a "janela" para detectar raios ultravioleta ou raios X.
Fotodiodos podem ser usados tanto na polarização reversa quanto na polarização
direta. Na polarização reversa, a luz que incide sobre o fotodíodo faz a corrente
transcorrer através do dispositivo, levando-a a ir para o sentido frontal. Isso é conhecido
como o efeito fotoelétrico, e é a base das células de captação de energia solar - aliás,
uma célula de captação de energia solar é apenas um monte de grandes, e baratos,
fotodiodos.
Diodos geralmente possuem uma altíssima resistência quando a polaridade é
revertida. Essa resistência é reduzida quando a luz, em uma apropriada freqüência, brilha
na junção. De fato, um diodo de polaridade reversa pode ser usado como um detector,
monitorando a corrente que passa por ele. Circuitos baseados nesse efeito são mais
sensíveis à luz que outros baseados no efeito fotovoltáico.

Figura 1.24: Fotodiodo. FONTE: WIKIPÉDIA (2014).


109

1.11 EXERCICIO

1. Descreva com suas palavras as condições estabelecidas pelas situações de


polarização direta e reversa em um diodo de junção p-n, e como afetam a corrente
resultante.
2. Usando a Eq. (1.1) determine a corrente do diodo a 20ºC para um diodo de silício
com Is = 50 nA e uma polarização direta aplicada de 0,6 V.
3. Compare as características de um diodo de silício e de germânio.
4. Quais são os tipos de diodos?
5. Onde é aplicado os LEDs?
6. Qual é a função do diodo Zener?
110

CAPITULO 2 – CIRCUITOS COM DIODOS

2.1 CONFIGURAÇÕES SÉRIE DE DIODOS COM ENTRADAS DC

O procedimento descrito pode. Na verdade, ser aplicado a circuitos com uma


quantidade qualquer de diodos e em várias configurações.
Para cada configuração, o estado de cada diodo deve ser inicialmente
determinado.
Em geral, um diodo no estado “ligado” se a corrente estabelecida pelas fontes é tal
que sua direção está no mesmo sentido eu a seta do símbolo do diodo e VD ≥ 0,7V para o
silício e VD ≥ 0,3V para o germânio.

Figura 2.1: Configuração série do diodo.


O circuito é, portanto, redesenhado conforme figura 2.2, com o modelo equivalente
apropriado para o diodo de silício diretamente polarizado. Note que a polaridade de VD
corresponderia à mesma polaridade se o diodo fosse um elemento resistivo

Figura 2.2: Substituindo pelo modelo equivalente o diodo “ligado” da figura 2.1.

(2.1)

(2.2)

(2.3)
111

Na figura 2.3 o diodo da figura 2.1 foi invertido. O diodo está no estado “desligado”,
resultando no circuito equivalente da figura 2.4. Como o circuito está aberto, a corrente do
diodo é 0A, e a tensão através do resistor R é a seguinte:
( ) (2.4)

Figura 2.3: Invertendo o diodo da figura 2.1.

Figura 2.4: Substituindo pelo modelo equivalente o diodo “desligado” da fig. 2.3.

EXEMPLO 2.1: Para a configuração série com diodo da figura 2.5, determine V D, VR e ID.

Figura 2.5
SOLUÇÃO:

EXEMPLO 2.2: Repita o exemplo 2.1 com o diodo invertido.


112

SOLUÇÃO:

Figura 2.6

Em particular, note no exemplo 2.2 que, apesar de alta tensão aplicada ao diodo,
ele está no estado “desligado”. A corrente é nula, mas a tensão é significativa.
Tenha em mente, nas análises a seguir, o seguinte:
1. Um circuito aberto pode ter qualquer valor de tensão através de seus terminais,
entretanto a corrente é sempre zero.
2. Um curto-circuito possui 0V em seus terminais, e a corrente é limitada somente
pelo circuito restante.
A notação da figura 2.7 será empregada para a tensão aplicada. Esta notação é
comumente utilizada e o leitor deve tornar-se bastante familiarizado com ela.

Figura 2.7: Notação de fonte.


EXEMPLO 2.3: Para a configuração série com diodo da figura 2.8, determine VD, VR e ID.

Figura 2.8
SOLUÇÃO:
Embora a pressão estabeleça uma corrente com o mesmo sentido da seta do
símbolo do diodo, o valor de tensão aplicada é insuficiente para “ligar” o diodo de silício. O
113

ponto de operação é mostrado na figura 2.9, determinando o circuito-aberto como a


aproximação adequada.

( )

Figura 2.9
EXEMPLO 2.4: Determine V0 e ID para o circuito em série da figura 2.10

Figura 2.10
SOLUÇÃO:

Figura 2.11
EXEMPLO 2.5: Determine ID, VD2 e V0 para o circuito em série da figura 2.12.
114

Figura 2.12

Aplicação da lei das tensões de kirchhoff

2.2 EXERCICIO

1) Determine os valores das incógnitas abaixo:

a)
115

b)

c)

d)

e)

f)

2.3 CONFIGURAÇÕES PARALELA E SÉRIE-PARALELA

EXEMPLO 2.6: Determine V0, I1, ID1 e ID2 para a configuração da figura 2.13.

Figura 2.13
116

SOLUÇÃO:

EXEMPLO 2.7: Determine I para o circuito da figura 2.14.

Figura 2.14
SOLUÇÃO:

EXEMPLO 2.8: Determine V0 para o circuito da figura 2.15.

Figura 2.15
117

SOLUÇÃO:

EXEMPLO 2.8: Determine V0 para o circuito da figura 2.16.

Figura 2.16
SOLUÇÃO:
118

2.4 EXERCICIO

1) Determine as incognitas de cada circuito abaixo:

a)

b)

c)

d)
119

e)

2.5 O TRANSFORMADOR DE ENTRADA

As companhias de energia elétrica no Brasil fornecem uma tensão senoidal


monofásica de 127V rms, ou, dependendo da região, de 220V rms com uma frequência
de 60 Hz.
Na realidade, a tensão nas tomadas de alimentação varia de 139,7V rms a 114,3V
rms, para o caso de 127 V rms, e de 242 V rms a 198 V rms, para o caso de 220 V rms
(dependendo da hora, da localidade e de outros fatores).
A relação entre o valor rms e o valor máximo da senóide é dada por
(2.5)

(2.6)

A tensão de linha é muito alta para a maioria dos dispositivos usados nos
equipamentos eletrônicos. É por isso que um transformador é encontrado
geralmente em quase todos os equipamentos eletrônicos.
Esse transformador abaixa a tensão ca a níveis mais compatíveis com os
dispositivos em uso, como os diodos e os transistores.
A figura 2.17 mostra um exemplo de um transformador. A bobina da
esquerda é chamada enrolamento primário e a da direita, enrolamento secundário.
O número de espiras no enrolamento primário é e o número de espiras no
enrolamento secundário é .
120

Figura 2.17: Transformador monofásico com núcleo ferromagnético.


Com esse tipo de transformador, o coeficiente de acoplamento k é próximo de um,
o que significa que existe um bom acoplamento. Em outras palavras, todo o fluxo
magnético produzido pelo enrolamento primário penetra através do enrolamento
secundário. A tensão induzida no enrolamento secundário é dado por:

(2.7)

Figura 2.18: Transformador monofásico com carga. FONTE:MALVINO (Vol.1, pg.: 99).

2.5.1 TRANSFORMADOR ELEVADOR

Quando o enrolamento secundário tiver mais espiras que o enrolamento


primário, a tensão induzida no secundário é maior que no primário. Em outras
palavras, quando for maior que um, o transformador é chamado
transformador elevador.

EXEMPLO 2.6: Se espiras e espiras, o mesmo fluxo penetra


através de um número de espiras três vezes maior no enrolamento secundário. É
por isso que a tensão no secundário é três vezes maior que a tensão no primário.
121

2.5.2 TRANSFORMADOR ABAIXADOR

Quando o enrolamento secundário tiver menos espiras que o enrolamento


primário, a tensão induzida no secundário é menos que no primário. Nesse caso, a
relação das espiras, é menor que um e o transformador é chamado
transformador abaixador.

EXEMPLO 2.7: Se espiras e espiras, o mesmo fluxo penetra


através de um número de espiras que é a metade no enrolamento secundário. É
por isso que a tensão no secundário é a metade da tensão no primário.

2.5.3 EFEITO SOBRE CORRENTE

A figura 2.19 mostra um resistor de carga conectado ao enrolamento secundário.


Por causa da tensão induzida no enrolamento secundário, existe uma corrente na carga.
Se o transformador for ideal (k = 1 e não há perda de potência no enrolamento nem no
núcleo), a potência de saída é igual à potência de entrada:

(2.8)

(2.9)
122

2.6 ENTRADAS SENOIDAIS: RETIFICAÇÃO DE MEIA-ONDA

O circuito mais simples capaz de converter uma corrente alternada em corrente


contínua é o retificador de meia onda, figura 2.19. A tensão de linha numa tomada de
alimentação é aplicada no enrolamento primário do transformador.
Em alguns casos, a tomada possui um terceiro pino de formato achatado e de
maior comprimento para aterrar o equipamento. Por causa da relação de espiras, a
tensão de pico no enrolamento secundário é

Existe uma convenção de pontos usada para os transformadores. Os pontos nos


terminais de transformador indicam que eles têm as mesmas polaridades num instante
qualquer.
Quando o terminal superior do enrolamento primário for positivo, o terminal
superior do enrolamento secundário também será positivo.
Quando o terminal superior do enrolamento primário for negativo, o terminal
superior do enrolamento secundário também será negativo.
No semiciclo positivo da tensão no primário, o enrolamento secundário tem um
semiciclo da senóide nos seus terminais. Isso significa que o diodo está diretamente
polarizado. Porém, no semiciclo negativo da tensão no primário, o enrolamento
secundário tem um semiciclo negativo da senóide. Logo, o diodo fica reversamente
polarizado.
Se você usar a aproximação do diodo ideal para uma análise inicial, perceberá que
o semiciclo positivo aparecerá no resistor de carga, mas não no semiciclo negativo.

Figura 2.19: Retificador de meia onda. FONTE: MALVINO (Vol.1, pg.: 102).
123

2.6.1 PERÍODO

A frequência do sinal de meia onda é igual à frequência da linha, que é de 60 Hz.


Lembre-se de que o período T é igual ao inverso da frequência. Portanto, sinal de meia
onda tem um período de

Durante o intervalo t = 0  T/2 na figura 2.20, a polaridade da tensão aplicada Vi é


tal que estabelece uma “pressão” no sentido indicado e liga o diodo com a polaridade
indicada. Substituindo pelo curto-circuito equivalente para o diodo ideal, resulta no circuito
equivalente da figura 2.21, onde é bem óbvio que o sinal de saída é uma réplica exata do
sinal da entrada. Os dois terminais definindo a tensão de saída são conectados
diretamente ao sinal de entrada, via o curto-circuito produzido pelo diodo.

Figura 2.20: Retificador de meia onda. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 53).

Figura 2.21: Região de condução (0  T/2). FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 53).
Para o período T/2  T, a polaridade da entrada Vi é mostrada na figura 2.6, e a
polaridade resultante através do diodo ideal produz um estado “desligado” com um
circuito-aberto como modelo equivalente.
O resultado é a ausência de um caminho para que as cargas fluam e V0 = iR =
(0)R = 0V para o período T/2  T. A entrada Vi e a saída V0 foram traçadas juntas na
figura 2.22 para que possa haver uma comparação. O sinal de saída V0 tem agora uma
área resultante média determinada por:
(2.10)
124

Figura 2.22: Região de não condução (T/2  T). FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 54).

Figura 2.23: Sinal retificado de meia-onda. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.: 54).
O efeito de se utilizar um diodo de silício com VT = 0,7V está demonstrado na
figuras 2.24 para a região em que o diodo é diretamente polarizado. O sinal aplicado
deve, agora, ser de no mínimo 0,7 V para que o diodo possa “ligar-se”. Para valores de Vi
menores do que 0,7, o diodo é ainda um circuito-aberto e V0 = 0V, como mostra a mesma
figura.
Quando em condução, a diferença entre V0 e Vi é um valor fixo de Vt = 0,7 V e V0
= Vi – Vt, como mostrado na figura. O efeito na prática é a redução da área acima do eixo,
que naturalmente reduz o nível de tensão de resultante. Para situações onde Vm >> Vt, a
equação (2.7) pode ser aplicada para determinar o valor médio com um relativo alto grau
de precisão.
( ) (2.11)
125

Figura 2.24: Efeito de Vt no sinal retificado de meia-onda. FONTE: BOYLESTAD; NASHELSKY (2005, pg.:
54).
EXEMPLO 2.8: a) Esboce a saída V0 e determine o nível dc de saída para o circuito da
figura 2.9. b) Repita o item a) para o caso em que o diodo ideal é substituído por um diodo
de silício. c) Repita os itens a) e b) para Vm = 200V, e compare as soluções, utilizando as
Eq. (2.12) e (2.11)

Figura 2.25.
SOLUÇÃO:

A)

B)
126

C)
2.6.2 TENSÃO DE PICO INVERSO (TPI) OU TENSÃO DE PICO REVERSO (TPR)

A TPI máxima é de suma importância no projeto de sistemas de retificação.


Lembre-se de que a tensão máxima nominal do diodo não deve ser ultrapassada na
região de polaridade reversa, ou o diodo entrará na região de polaridade reversa, ou o
diodo entrará na região de avalanche Zener. A TPI máxima permitida para o retificador de
meia-onda pode ser determinada da figura 2.26, que mostra o diodo reversamente
polarizado com uma tensão aplicada máxima.
Aplicando a lei das tensões de Kirchhoff, torna-se óbvio que a TPI máxima do diodo
deve igualar-se ou ser maior do que o valor de pico da tensão aplicada
(2.12)

Figura 2.26.
127

2.7 RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA

2.7.1 CIRCUITO P ONTE

O nível dc obtido a partir de uma entrada senoidal pode ser melhorado 100%,
utilizando-se um processo chamado retificação de onda completa.

Figura 2.27: Retificador em ponte de onda completa.


Durante o período de t=0 até T/2, a polaridade do sinal de entrada está mostrada
na figura 2.28, as polaridades resultantes através dos diodos ideais são apresentadas
também na figura 2.28, revelando que D2 e D3 estão conduzindo enquanto eu D1 e D4
estão no estado desligado. O resultado é a configuração na figura 2.29, com sua corrente
e polaridade através de R indicadas na figura

Figura 2.28: Circuito da figura 2.27 para o período 0 -> T/2 do sinal de entrada Vi.

Figura 2.29: Caminho de condução para a região positiva de Vi.


Para a região negativa do sinal de entrada, os diodos D1 e D4 estão conduzindo,
resultando na configuração da figura 2.30. O resultado importante é que a polaridade
através do resistor de carga R é a mesma da figura 2.30, estabelecendo um segundo
128

pulso positivo, conforme a figura 2.30. Ao longo de um ciclo completo, as tensões de


entrada e saída serão da forma mostrada na figura 2.31.

Figura 2.30: Caminho de condução para a região negativa de Vi.

Figura 2.31: Formas de ondas dos sinais de entrada e saída para um retificador de onda completa.
Como a área acima do eixo para um ciclo completo é agora o dobro do área obtida
por um retificador de meia-onda, o nível dc foi também dobrado
(2.13)
Se diodos de silício fossem empregados como mostra a figura 2.32, a aplicação da
lei das tensões de kirchhoff ao longo do caminho de condução resultaria em

O valor de pico da tensão de saída V0 é, portanto,

Figura 2.32: Determinando Vomáx para diodos de silício na configuração em ponte.


129

2.7.2 TPI

A TPI exige para cada diodo (ideal) pode ser determinada da figura 2.33, obtida no
pico positivo do sinal de entrada. Para o loop indicado, a tensão máxima através de R é
Vm e a TPI máxima é definida por:
(2.14)

Figura 2.33: Determinando a TPI permitida para a configuração em ponte.

2.7.3 TRANSFORMADOR COM DERIVAÇÃO CENTRAL (CENTER TAP)

Um retificador de onda completa também popular aparece na figura 2.34 com dois
diodos somente; entretanto, neste caso, há a necessidade de um transformador com
derivação central (Center tap) para que o sinal de entrada apareça em cada seção do
secundário do transformador.

Figura 2.34: Retificador de onda completa, utilizando transformador Center Tap


Durante a porção positiva de Vi aplicado ao primário do transformador, o circuito se
comportará como mostrado na figura 2.35 D1 assume o curto-circuito equivalente, e D2
circuito-aberto equivalente, determinados pelas tensões no secundário e pelos sentidos
das correntes resultante. A tensão de saída aparece como mostra a figura 2.35.
130

Figura 2.35: Condições do circuito para a região positiva de Vi.


Durante a porção negativa do sinal de entrada, o circuito comporta-se como mostra
a figura 2.36, invertendo as funções dos diodos, mas mantendo a mesma polaridade da
tensão através do resistor de carga R.

Figura 2.36: Condições do circuito para a região negativa de Vi.

2.7.4 TPI

O circuito da figura 2.37 nos auxiliará a determinar a TPI para cada neste retificador
de onda completa. Aplicando a tensão máxima no secundário, e Vm sendo determinada
pelo loop adjacente, resulta em

(2.15)

Figura 2.37: Determinando o valor da TPI para os diodos retificador de onda completa com transformador
CT.
131

EXEMPLO 2.9: Determine a forma de onda de saída do circuito da figura 2.38, e calcule o
nível dc na saída e a TPI exigida para cada diodo.

Figura 2.38:
SOLUÇÃO

2.8 EXERCICIO

1) Um retificador em ponte de onda completa com uma entrada senoidal de 120 V rms
possui um resistor de carga de 1kΩ.
a) Se diodos de silício são empregados, qual é a tensão dc disponível na carga?
b) Determine a TPI nominal de cada diodo.
c) Ache a corrente máxima através de cada diodo durante a condução.
d) Qual é a potência nominal exigida para cada diodo?
2) Determine V0 e a TPI nominal exigida para cada diodo na configuração da figura
abaixo:
132

3) Esboce V0 para o circuito da figura abaixo e determine a tensão dc disponível.

2.9 FILTRO COM CAPACITOR

A tensão de saída de um retificador aplicada numa carga é pulsante em vez de ser


estável.
Por exemplo, observe a figura 2.39. Durante um ciclo completo na saída, a tensão
na carga aumenta a partir de zero até um valor de pico e depois diminui de volta a zero.
Esse não é o tipo de tensão cc de que a maioria dos circuitos eletrônicos precisa.
É necessária uma tensão estável ou constante similar à produzida por uma bateria.
Para obter esse tipo de tensão retificada na carga, precisamos de filtro.

Figura 2.39: Filtro com capacitor.


133

2.9.1 FILTRANDO O SINAL DE MEIA ONDA

O tipo mais comum é o filtro com capacitor mostrado na figura 2.39. Para simplificar
a explicação inicial sobre os filtros, estamos representando um diodo ideal como uma
chave.
Como você pode ver, um capacitor foi ligado em paralelo ao resistor de carga.
Antes de ligarmos a alimentação, o capacitor está descarregado, logo, a tensão de carga
é zero.
Durante o primeiro quarto de ciclo da tensão no secundário, o diodo está
diretamente polarizado. Idealmente, ele funciona como uma chave fechada. Como o diodo
conecta o enrolamento secundário diretamente ao capacitor, ele carrega até o valor da
tensão de pico Vp.
Logo após o pico positivo, o diodo para de conduzir, o que significa uma chave
aberta. Por quê? Porque o capacitor tem uma tensão Vp. Como a tensão no secundário é
ligeiramente menor que Vp, o diodo fica com polarização reversa. Com o diodo agora
aberto, o capacitor descarrega por meio da resistência de carga. Mas aqui está a idéia
principal sobre o filtro com capacitor: por um projeto deliberado, a constante de tempo de
descarga (que é o produto de RL e C) é muito maior que o período T do sinal de entrada.
Por isso, o capacitor perderá apenas uma parte de sua carga durante o tempo que o
diodo estiver em corte, conforme mostrado na Figura 2.40.

Figura 2.40: a) Filtrando o sinal de meia onda; b) Filtrando o sinal de onda completa.
Quando a tensão da fonte atingir novamente seu valor de pico, o diodo conduzirá
brevemente e recarregará o capacitor até o valor da tensão de pico. Em outras palavras,
após o capacitor ter sido inicialmente carregado durante o primeiro quarto de ciclo, sua
tensão será aproximadamente igual à tensão de pico do secundário.
A tensão na carga é agora uma tensão cc mais estável ou quase constante. A
única diferença para uma tensão cc pura é a pequena ondulação (ripple) causada pela
carga e descarga do capacitor. Quanto menor a ondulação, melhor.
Uma forma de reduzir essa ondulação é pelo aumento da constante de tempo de
descarga que é igual á RLxC.
134

2.9.2 FILTRANDO O SINAL DE ONDA COMPLETA

Um outro modo de reduzir a ondulação é pelo uso de um retificador de onda


completa com tomada central ou em ponte; portanto, a frequência de ondulação é de 120
Hz em vez de 60 Hz.
Nesse caso, o capacitor é carregado duas vezes e descarrega-se apenas metade
do tempo. Como resultado, a ondulação é menor e a tensão cc na saída é mais próxima
da tensão de pico.

2.9.3 FORMULA

A formula para a tensão de ondulação expressa em termos de valores do circuito


medidos facilmente:

(2.16)

Onde:
= Tensão de ondulação pico a pico;
I = Corrente cc na carga;
f= frequência de ondulação;
C= Capacitância.

2.9.4 A TENSÃO CC

A eletrônica não é uma ciência exata como a matemática pura. Para a maioria dos
trabalhos em eletrônica, respostas aproximadas são adequadas e até mesmo desejáveis.
Com isso em mente, aqui está como as aproximações do diodo afetam a tensão na
carga. Para um diodo ideal e sem ondulação, a tensão cc na carga na saída de um
retificador em ponte com filtro é igual à tensão de pico do secundário:
(2.17)

É disso que você deve se lembrar de quando estiver dando manutenção ou


fazendo uma análise preliminar de um retificador em ponte com filtro.
Com a segunda aproximação deum diodo, devemos admitir os 0,7Vem cada diodo.
Como existem dois diodos conduzindo em série com o resistor de carga, a tensão cc na
carga sem a ondulação na saída de um retificador em ponte é
(2.18)
135

Existe uma melhoria que podemos usar. Podemos incluir o efeito da tensão de
ondulação como segue:

( ) ( ) (2.19)

EXEMPLO 2.10: Suponha que um retificador em ponte tenha uma corrente de carga de
10 mA e uma capacitância de filtro de . Qual é a tensão de ondulação de pico a
pico de um filtro com capacitor?

( )( )

EXEMPLO 2.11: Suponha que temos um retificador em ponte com filtro capacitivo com
uma tensão da rede de 120 V rms, uma relação de espiras de 9,5, uma capacitância de
filtro de e uma resistência de carga de . Qual é a tensão média na carga?

tensão eficaz no secundário;

tensão de pico no secundário;


Supondo um diodo ideal e ignorando a ondulação, a tensão média na carga é igual
à tensão de pico do secundário:

A segunda aproximação melhora a resposta pela inclusão do efeito da queda de


dois diodos:

Para calcular a tensão de ondulação, precisamos do valor da corrente média na


carga:

( )( )

( ) ( )
136

2.10 DIODO ZENER

A análise de circuitos empregando diodos Zener é muito semelhante àquela


aplicada para diodos semicondutores nas seções anteriores.
Inicialmente o estado do diodo deve ser determinado, e em seguida deve haver
uma substituição do modelo apropriado e uma determinação das outras variáveis do
circuito.
Exceto especificado o contrário, o modelo de Zener a ser empregado para o estado
“ligado” será como mostra a figura 2.41a). Para o estado “desligado”, definido por uma
voltagem menor do que Vz, mas maior do que 0V com a polaridade indicada na figura
2.42b) o equivalente Zener é o circuito aberto que aparece na mesma figura.

Figura 2.41 Equivalentes do diodo Zener para os estados a) ligado (on) e b) desligado (off).

Vi e R fixos

O circuito mais simples que utiliza diodo Zener aparece na figura 2.42. A tensão dc
aplicada é fixa, como o resistor de carga. A análise pode fundamentalmente ser dividida
em duas etapas.

Figura 2.42: Regulador Zener básico.


137

1. Determine o estado do diodo Zener, removendo este do circuito e calculando a


tensão através do circuito-aberto resultante.
Aplicando a etapa 1 ao circuito da figura 2.42, resulta no circuito da figura 2.43,
onde uma aplicação da regra do divisor de tensão resultará em

(2.20)

Figura 2.43: Determinando o estado do diodo Zener.

Se , o diodo Zener está “ligado”, e o modelo equivalente da figura 2.41a)

pode ser substituído. Se , o diodo está “desligado”, e o circuito-aberto equivalente


da figura 2.41b) é substituído.
2. Substitua o circuito equivalente apropriado, e resolva as variáveis desejadas.
Para o circuito da figura 2.42, o estado “ligado” resulta no circuito equivalente da
figura 6.4. Já que as tensões através de elementos em paralelo devem ser iguais,
concluímos que
(2.21)

Figura 2.44: Substituindo o equivalente Zener pela situação “ligado”.

A corrente no diodo Zener deve ser determinada pela aplicação da lei das
correntes de Kirchhoff. Ou seja,
138

A potência dissipada pelo diodo Zener é determinada por


(2.22)
Que deve ser menor do que a Pzm especificada para o dispositivo.
Antes de continuar, é muito importante perceber que a primeira etapa foi
empregada para somente determinar o estado do diodo Zener. Se o diodo Zener está no
estado “ligado”, a tensão através do diodo não é V volts. Quando o sistema é ligado, o
diodo Zener “ligará” assim que a tensão através do diodo Zener atingir Vz volts. Ele irá,
portanto, “travar” neste nível, e nunca alcançará o nível mais elevado de V volts.
Diodos Zener são mais frequentemente utilizados em circuitos reguladores ou
como uma referência de tensão.
A figura 2.42 é um regulador simples projetado para manter uma tensão fixa
através da carga RL. Para valores de tensão aplicada maiores que a exigida para “ligar” o
diodo Zener, a tensão através da carga será mantida em Vz volts.
Se o diodo Zener é empregado como uma tensão de referência, ele fornecerá um
nível para a comparação com outras tensões.

EXEMPLO 2.12: a) Para o circuito com diodo Zener da figura 2.45, determine VL, VR, Iz e
Pz. b) Repita a parte com RL=3KΩ.

Figura 2.45: Regulador com diodo Zener.


SOLUÇÃO:

A)
139

Uma vez que V=8,73V é menor do que Vz=10V, o diodo está no estado “desligado”
como mostrado na curva característica abaixo. A substituição do circuito-aberto
equivalente resultará no mesmo circuito acima onde concluímos que

b)
140

2.11 EXERCICIO

1. A) Determine , e para o circuito se .


B) Determine , e para o circuito se .
C) Determine o valor de que estabelece as condições de máxima potência para
o diodo Zener.
D) Determine o valor mínimo de que assegure que o diodo Zener está no estado
ligado.

Figura 2.46
2. Projete o circuito 2.47 para manter em 12 V para uma variação na carga de a
até 200 mA. Determine e .

Figura 2.47
141

CAPITULO 3: TRANSISTORES BIPOLARES DE J UNÇÃO

3.1 CONSTRUÇÃO DO TRANSISTOR

O transistor é um dispositivo semicondutor que consiste em duas camadas de


material do tipo n e uma camada do tipo p ou em duas camadas do tipo p e uma camada
do tipo n. O primeiro é denominado transistor npn e outro, transistor pnp.
Para a polarização mostrada na figura 3.1, os terminais são indicados pela letra
maiúscula E para emissor, C para coletor e B para base.

a) b)
Figura 3.1: a) Transistor PNP; b) Transistor NPN.

3.2 OPERAÇÃO DO TRANSISTOR

A operação básica do transistor agora será descrita utilizando-se o transistor pnp. A


operação do transistor npn é exatamente a mesma se as funções das lacunas e elétrons
são trocadas. O transistor pnp foi redesenhado sem a polarização base-coletor.

Figura 3.2: Junção polarizada diretamente para pnp.


A região de depleção teve a largura reduzida devido à tensão aplicada, resultando
em um fluxo denso de portadores majoritários do material do tipo p para o material do tipo
n.
Removeremos agora a polarização base-emissor do transistor pnp da figura 3.2,
como mostrado na figura 3.3. Note as semelhanças entre essa situação e aquela do diodo
142

polarizado reversamente. Lembre-se de que o fluxo de portadores majoritários é zero, o


que resulta em apenas um fluxo de portadores minoritários.

Figura 3.3: Junção reversamente polarizada de um transistor pnp.


Uma junção pn de um transistor é polarizada reversamente, enquanto a outra é
polarizada diretamente.
Na figura 3.4, os dois potenciais de polarização foram aplicados a um transistor
pnp, com o fluxo de portadores majoritários e minoritários resultante indicado.

Figura 3.4: Fluxo de portadores majoritários e minoritários de um transistor pnp.

Observe na figura 3.4 a largura das regiões de depleção indicando claramente qual
junção está polarizada diretamente e qual está polarizada reversamente.
O valor da corrente de base é da ordem de microampères, enquanto a corrente de
coletor e emissor é de miliampères.
Aplicando-se a lei de Kirchhoff para correntes ao transistor da figura 3.4 como se
fosse um nó simples, obtém-se
(3.1)
E descobre-se que a corrente de emissor é a soma das correntes de coletor e de
base. No entanto, corrente de coletor, possui dois componentes: os portadores
majoritários e os minoritários, indicados na figura 3.4.
143

O componente de corrente de portadores minoritárias é chamada de corrente de


fuga, cujo símbolo é Ico (corrente Ic com terminal emissor aberto). A corrente de coletor é,
portanto, totalmente determinada
(3.2)

Para os transistores de uso geral Ic é medido em miliampères enquanto Ico é


medido em microampères ou nanoampères. Ico, bem como Is, para um diodo polarizado
reversamente, é sensível à temperatura.

3.3 CONFIGURAÇÃO EMISSOR-COMUM

A configuração mais utilizada para o transistor é mostrada na figura 3.5 para


transistores pnp e npn. É chamada de configuração emissor-comum, pois o emissor é
comum em relação aos terminais de entrada e saída.

a)

b)
Figura 3.5: Notação e símbolo utilizados na configuração emissor-comum: a) transistor npn; b) transistor
pnp.
Dois conjuntos de características da configuração emissor-comum: um para o
circuito de entrada, ou base-emissor, e um para o circuito de saída, ou coletor-emissor.
144

Figura 3.6: Curvas características de um transistor de silício na configuração emissor-comum; a) curva


característica do coletor; b) curva característica da base.
Na região ativa de um amplificador emissor-comum, a junção base-coletor é
polarizada reversamente, enquanto a junção base-emissor é polarizada diretamente.
A região de corte da configuração emissor-comum não é tão bem definida quanto a
configuração base-comum. Observe nas características de coletor da figura 3.6 que Ic
não é igual a zero quando Ib é zero.

Figura 3.7: Condições do circuito relacionadas a ICEO.


145

Para uma amplificação linear (distorção mínima), a região de corte para a


configuração emissor-comum é definida por IC=ICEO.
Como o valor de ICEO geralmente é baixo para dispositivos de silício, haverá corte
em termos de chaveamento quando IB=0µA ou IC=ICEO apenas para transistores de silício.
Para o transistor na região ativa ou no estado ligado, a tensão base-emissor é de
0,7V. Neste caso, a tensão é fixa para qualquer valor de corrente de base.

Beta (β)

No modo cc, os valores de IC e IB são relacionados por uma quantidade chamada


de beta (ganho) é definida pela seguinte equação,

(3.3)

Onde IC e IB são determinados em um ponto especifico de operação da curva


característica. Para os dispositivos práticos, o valor de β varia geralmente de 50 a mais de
400, estando a maioria no meio dessa faixa.
Nas folhas de especificações, βcc é geralmente lido como hFE.

3.4 LIMITES DE OPERAÇÃO

Para cada transistor existe uma região de operação nas curvas características que
garante que os limites para o transistor não serão excedidos e que o sinal de saída terá
um mínimo de distorção.
Alguns dos limites de operação são auto-explicativos, como a corrente máxima de
coletor, (ICmax) a tensão máxima coletor-emissor, (V(BR)CEO). Para o transistor da figura
3.8, ICmax foi especificado como sendo de 50 mA, e VCEO como sendo 20 V.
A linha vertical no gráfico das curvas características definida como V CEsat
especifica o valor mínimo de VCE que pode ser aplicado sem que o transistor caia na
região não-linear chamada de região de saturação. O valor da VCESat é normalmente de
cerva de 0,3 V, especifico para esse transistor.
O valor máximo de dissipação de potência é determinado pela equação:
(3.4)
146

Figura 3.8: Definição da região linear (sem distorção) de operação do transistor.


Para o dispositivo da figura 3.8, a dissipação de potência de coletor é de 300 mW.
A questão que surge é como traçar a curva de dissipação de potência de coletor
especificada pelo fato de que:

Em qualquer ponto das curvas características, o produto de por deve ser


igual a 300 mW. Se escolhermos o valor máximo de IC, 50 mA, e substituirmos na
equação anterior, obteremos:

( )

Como resultado, descobrimos que, se A, então na curva


de dissipação de potência, como indicado na figura 3.8. Se agora escolhermos o valor
máximo de , o valor de IC será:

Se escolhermos agora um valor intermediário de como 25 mA, por exemplo e


calcularmos o valor resultante de VCE, obteremos:

A região de corte é definida como a região abaixo de . Essa região deve


ser evitada para que o sinal de saída tenha o mínimo de distorção.
147

Em algumas folhas de dados somente é fornecida. Deve-se utilizar então a

equação para se ter uma ideia do nível de corte se as curvas


características não estiverem disponíveis.
Se as características não estiverem disponíveis ou não constarem da folha de
dados, deve-se simplesmente se assegurar que , , e o seu produto
se situem nos intervalos mostrados na equação 3.5

(3.5)

3.5 FOLHA DE DADOS DO TRANSISTOR

Como a folha de dados é o elo de comunicação entre o fabricante e o usuário, é


muito importante que as informações fornecidas sejam reconhecidas e corretamente
compreendida.
A maior parte das folhas de dados é dividida em valores máximos, características
térmicas e características elétricas. As características elétricas são divididas
posteriormente em ligado, desligado e de pequenos sinais.
As características no estado ligado e desligado referem-se a limites CC, e as
características de pequeno sinais incluem os parâmetros importantes para a operação
CA.
Observe na lista de valores máximos permitidos que

com . A dissipação máxima do coletor .


O fator de redução de capacidade especifica que o valor máximo de potência
dissipada deve ser reduzido 5 mW a cada 1ºC de aumento na temperatura acima de
25ºC.
Nas características no estado ligado, .

O valor de varia de 50 a 150 para e , e tem um valor

mínimo de 25 para um valor de corrente acima de 50 mA, para a mesma tensão.


Os limites de operação estão definidos para o dispositivo e são repetidos a seguir
no formato da equação 3.5 utilizando (limite superior) e
148

. Para muitas aplicações, o valor 7,5 µA = 0,0075 mA pode ser


considerado como de 0 mA aproximadamente.
Limites de operação
=
=
=
149
150
151

CAPITULO 4: POLARIZAÇÃO DC – TBJ

4.1 INTRODUÇÃO

O nível DC de operação de um transistor é controlado por vários fatores, incluindo


os diversos pontos de operação das curvas características do dispositivo.
Uma vez definida a corrente DC e os níveis de tensão desejados, o circuito deve
ser projetado de maneira a estabelecer o ponto de operação escolhido.
(4.1)

( ) (4.2)

(4.3)

4.2 PONTO DE OPERAÇÃO

O termo polarização que aparece no título deste significa a aplicação de tensão DC


em um circuito para estabelecer valores fixos de corrente e tensão.
Para amplificadores com transistor, a corrente e a tensão DC resultantes
estabelecem um ponto de operação nas curvas que define a região empregada para a
amplificação do sinal aplicado. Já que o ponto de operação é um ponto fixo na curva, este
é também chamado ponto quiescente (ponto Q).
O circuito de polarização pode ser projetado para estabelecer a operação do
dispositivo em qualquer um desses pontos, ou outros, dentro da região ativa.
Os valores máximos permitidos para os parâmetros estão indicados na figura 4.1
por uma linha horizontal para a corrente máxima de coletor, I CMax, e uma linha vertical
para a tensão máxima entre coletor e emissor, VCEMax.
A potência máxima é definida pela curva PCMax, na mesma figura.
No extremo inferior do gráfico localiza-se a região de corte, definida por IR ≤ 0µA, e
a região de saturação, definida por VCE ≤ VCESat.
O dispositivo TBJ deve ser polarizado para operar fora desses limites máximos. Se
isto não ocorrer, a vida útil do dispositivo será reduzida ou o dispositivo poderá se
danificado. Confinando a operação à região ativa, pode-se selecionar muitas áreas ou
pontos de operação.
Se não fosse aplicada a polarização, o dispositivo estaria inicialmente desligado,
resultando um pt Q em A – isto é, corrente nula através do dispositivo. Como é necessário
152

polarizar um dispositivo para que ele possa responder à excursão completa de um sinal
de entrada, o ponto A não seria adequado.
Para o ponto B, se um sinal é aplicado ao circuito, a tensão e a corrente do
dispositivo irão variar em torno do ponto de operação, permitindo que o dispositivo
responda (e possivelmente amplifique) à excursão positiva e negativa do sinal de entrada.
Se o sinal de entrada é escolhido adequadamente, a tensão e a corrente do
dispositivo irão variar, mas não de maneira suficiente para levar o dispositivo ao corte ou
à saturação.
O ponto C permitiria alguma variação positiva e negativa do sinal de saída, mas o
valor pico a pico seria limitado pela proximidade com . Além disso, operar

no ponto C pode acarretar transformações não lineares no sinal, devido ao fato de o


espaço entre as curvas de IB nesta região modificar-se rapidamente. Em geral, é
preferível operar onde o ganho do dispositivo mostra-se razoavelmente constante ou
linear, para assegurar que a amplificação em toda a excursão do sinal de entrada seja a
mesma.
O ponto B está em uma região de espaçamento mais linear e, portanto, acarreta
uma operação mais linear.
O ponto D ajusta o ponto de operação do dispositivo próximo à máxima tensão e
nível de potência. A excursão da tensão de saída, no sentido positivo, é portanto limitada
à tensão máxima permitida.
Para a polarização do TBJ em sua região de operação linear (ativa), as seguintes
condições devem ser atendidas:
1. A junção base-emissor deve estar diretamente polarizada, com uma tensão
resultante de polarização de mais ou menos 0,6 a 0,7 V;
2. A junção base-coletor deve estar reversamente polarizada, com a tensão reversa
de polarização situando-se dentro dos limites máximos do dispositivo.
153

Figura 4.1: Curva características de saída para um dispositivo com vários pontos de operação dentro dos
limites de operação de um transistor.

A operação no corte, saturação e regiões das curvas do TBJ são especificadas a


seguir:
1. Operação na Região Linear: Junção base-emissor diretamente polarizada; Junção
base-coletor reversamente polarizada.
2. Operação na Região de Corte: Junção base-emissor reversamente polarizada;
3. Operação na Região de Saturação: Junção base-emissor diretamente polarizada;
Junção base-coletor diretamente polarizada.

4.3 CIRCUITO COM POLARIZAÇÃO FIXA

O circuito com polarização fixa figura 4.2 serve como uma introdução relativamente
simples e direta para a análise de uma polarização DC do transistor. Embora o circuito
empregue um transistor npn, as equações e cálculos aplicam-se igualmente bem para
uma configuração com transistor pnp, bastando para isso que se invertam os sentidos das
correntes e polaridades das tensões.
154

Figura 4.2: Circuito com polarização fixa.

4.3.1 Polarização Direta da Junção Base-Emissor

Considere inicialmente a malha mostrada na figura 4.3, que inclui a tensão base-
emissor. Escrevendo a equação das tensões de Kirchhoff no sentido horário da malha,
obtemos
(4.4)

Figura 4.3: Malha incluindo a junção base-emissor.


Observe a polaridade da queda de tensão através de R B, estabelecida pela direção
indicada de IB. Solucionando a equação para a corrente IB, resulta no seguinte:

(4.5)
155

4.3.2 Malha Coletor-Emissor

A tensão coletor-emissor do circuito da figura 4.4, com o sentido da corrente I C


indicado, e a polaridade resultante através de RC. O valor da corrente do coletor está
diretamente relacionado à IB através de
(4.5)

Figura 4.4: Malha coletor-emissor.


É interessante observar que o valor de IC não é função da resistência RC, já que a
corrente de base é controlada por RB e IC, esta relacionada a IB por uma constante β.
Modificando o valor de RC determinará o valor de VCE, que é um importante parâmetro.

(4.6)
Que expõe em palavras que a tensão entre coletor e emissor de um transistor, na
configuração com polarização fixa, é a fonte de tensão menos a queda através de R C.
Exemplo 4.1: Determine as seguintes quantidades para a configuração fixa das figuras
abaixo:
a) IB;
b) IC;
c) VBE;
d) VCE;
156
157

4.4 SATURAÇÃO DO TRANSISTOR

O termo saturação é aplicado a qualquer sistema onde os níveis alcançam seus


valores máximos.
Para um transistor operando na região de saturação, a corrente apresenta um valor
máximo para um projeto em particular. Modificando o projeto, o correspondente nível de
saturação pode aumentar ou diminuir. É óbvio que o nível mais alto de saturação é
definido pela máxima corrente de coletor, fornecida pela folha de especificações.
As condições para saturação são normalmente evitadas porque a junção base-
coletor não está reversamente polarizada, e o sinal amplificado na saída estará distorcido.
Um ponto de operação na região de saturação é mostrado na figura 4.5. Observe
que o ponto está em uma região onde as curvas características se agrupam, e a tensão
coletor-emissor apresenta um valor menor ou igual a . Além disso, a corrente de
coletor é relativamente alta nesta região.
Se considerarmos as curvas da figura 13.1b como curvas aproximadas para as da
figura 13.1a, um método direto e rápido para a determinação do nível de saturação torna-
se evidente. Na figura 13.1b, a corrente é relativamente alta, e assume-se que a tensão
é zero volt. Aplicando a lei de Ohm, a resistência entre os terminais de coletor e
emissor pode ser determinada como se segue:

Aplicando os resultados ao esquema do circuito, resulta na configuração da figura


4.6.
Para o futuro, portanto, se houver necessidade imediata de se conhecer a corrente
de coletor máxima aproximada (nível de saturação) para um projeto em particular, insira
um curto-circuito equivalente entre o coletor e o emissor do transistor e calcule a corrente
de coletor resultante.
158

Figura 4.5: Região de Saturação a) Real b) Aproximada.

Figura 4.6: Determinando .

Figura 4.7: Determinando para uma configuração com polarização fixa.


Em resumo, faça para a configuração com polarização fixa da figura 4.7,
o curto-circuito foi aplicado, acarretando em uma tensão através de igual à tensão
aplicada . A corrente de saturação reversa para a configuração com polarização fixa:

(4.7)

Uma vez conhecida , temos ideia da corrente máxima possível de coletor para
o projeto escolhido, e do nível que deve ser respeitado, se desejarmos uma amplificação
linear do sinal de entrada.
159

EXEMPLO 4.2 Determine o nível de saturação para o circuito da figura 4.8.

Figura 4.8: Determinando para uma configuração com polarização fixa.


160

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

1. BOYLESTAD, Robert; NASHELSKY, Louis. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de


Circuitos. 6ª Edição. Editora: LTC. 1998, Rio de Janeiro.
2. BOYLESTAD, Robert L. Introdução a Análise de Circuitos. Prentice-Hall, 8ª
Edição. Rio de Janeiro, 1998.
3. CERVELIN, Severino; CAVALIN, Geraldo. Instalações Elétricas Prediais: Teoria
& Prática
4. CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. Editora LTC, 15º Edição, Rio de Janeiro,
2007.

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