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Modelagem de Linhas de
Transmissão
1. OBJETIVO
Este capítulo tem por objetivo apresentar a modelagem das linhas de
transmissão a ser empregada em estudos de regime permanente (fluxo de car-
ga) e de curto circuito em sistemas elétricos.
O principal aspecto a ser considerado na modelagem de uma linha de
transmissão é a dificuldade de se representa-la por um circuito equivalente a
parâmetros concentrados. Uma linha de transmissão é constituída por um
conjunto de parâmetros distribuídos, indutância, resistência, capacitância e
condutância de dispersão. Pela teoria de circuitos, para as linhas de
transmissão serem representadas por circuitos equivalentes com parâmetros
concentrados, elas devem ter as dimensões muito menores que ¼ do
comprimento de onda das tensões e correntes que circulam por ela em regime
permanente. No caso particular dos sistemas elétricos de potência em regime
permanente senoidal na freqüência de 60 Hz, o valor correspondente a ¼ do
comprimento de onda é 1250 km, portanto linhas de transmissão de algumas
dezenas de quilômetros ou mais merecem uma atenção especial.
2. INTRODUÇÃO
As linhas de transmissão são as “artérias” dos sistemas elétricos, elas
transportam toda a energia elétrica produzida nas centrais de geração até os
grandes pontos de consumo. A transmissão de energia em grandes blocos po-
dem ser feitas através de linhas aéreas, cabos subterrâneos e linhas isoladas
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
P
Vnom ≅ 5,5. 0,62.L + [1]
100
onde:
L - comprimento da linha em km
P – potência a ser transportada em kW
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
onde:
RT1 – resistência elétrica do condutor na temperatura T1
RT2 – resistência elétrica do condutor na temperatura T2
αt – coeficiente do aumento da resistência com a temperatura
T2 – temperatura do condutor onde se deseja obter a resistência
T1 – temperatura do condutor onde se conhece o valor da resis-
tência.
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
a temperatura de 20o C como referência ele vale 0,00385 (1/0C), para os cabos
de alumínio pode-se adotar o valor de 0,00403 (1/0C).
A variação da resistência com a freqüência está relacionada ao efeito
skin ou pelicular. Este efeito faz com que um condutor cilíndrico ao ser percor-
rido longitudinalmente por uma corrente alternada, a densidade de corrente no
seu interior seja menor junto ao seu eixo longitudinal e máxima junto à sua su-
perfície.
O efeito skin ou pelicular pode ser facilmente entendido imaginando-se
o condutor composto de um número infinito de fibras longitudinais, paralelas
entre si e ao eixo longitudinal, cada qual representando um condutor infinite-
simal. Admitindo duas seções transversais, a uma certa distância entre si, a
queda de tensão em qualquer das fibras deve ser a mesma. Em corrente alter-
nada, em cada fio a não somente uma queda de tensão ôhmica, como também
uma tensão ou fem induzida pelo fluxo magnético alternado. A fem junto à su-
perfície do condutor será menor do que aquela induzida em uma fibra junto a
uma fibra mais próxima ao eixo do condutor, pois a fibra externa é enlaçada
por um fluxo magnético menor do que aquele que enlaça as fibras mais inter-
nas. Então para que as quedas de tensão sejam iguais nas fibras de menor
reatância indutiva que naquelas de maior reatância indutiva, é necessário que
as correntes nas primeiras sejam maiores do que nas segundas, logo a densi-
dade de corrente será maior na periferia dos condutores.
A resistência série de uma linha de transmissão pode ser decomposta
em três parcelas:
r = rcc + ra + rad [4]
onde:
rcc (ohm/km) - resistência que o condutor apresenta à circulação
da corrente contínua;
ra (ohms/km) - resistência aparente que é provocada pela exis-
tência de fluxos magnéticos no interior dos con-
dutores;
rad (ohms/km) - resistência aparente adicional.
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
∫ H.dl = i T
[7]
onde :
H – vetor campo magnético
IT – corrente total envolvida pelo percurso fechado
B = µR.µ0.H [9]
onde:
H - vetor intensidade de campo;
B – vetor densidade de fluxo magnético
µ0 - permeabilidade magnética do vácuo ( 4π x 10-7 );
µR - permeabilidade magnética relativa do meio
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
y=D y=D
µ0.i µ0.i D
φ= ∫ B.ds = ∫
y=R y=R
2.π.y
.dy =
2.π
.Ln
R
[11]
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µR.µ0.x.i
B = µR.µ0.H = [13]
2.π.R 2
µR.µ0 x = R x.i
2
µR.µ0 2
wmf = .∫ .2π.x.dx = .i [14]
2 x =0 2.π.R
2
8.π
1
wmf = .LI.i 2 [15]
2
µR.µ0
LI = [16]
8.π
µR.µ0 µR.µ0 D µR.µ0 4 D µR.µ0 D
1
LT = + . ln = .ln e + ln = . ln [17]
4.π π R π R π −
1
R.e 4
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−1
r' = r.e 4
= 0,7788.r [18]
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q q
D= = [19]
s 2πx
onde:
2πx - área por metro linear do condutor.
q - número de linhas que atravessam essa superfície.
D q
E= = [20]
ξ 2πxξ
ξ = ξ 0 ξr [21]
onde:
ξ - é a permessividade elétrica do ar.
D2
q D2
v 12 = ∫ Edx = 2πξ ln D
D1 1
[22]
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D
q 1 q D
v ab = .∫ .dx = . ln [23]
2πξ R x 2πξ R
q πξ
C ab = = [ 24]
U ab D
ln
R
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
Como foi descrito no início deste capítulo, devido a extensão das li-
nhas de transmissão, modelar uma linha utilizando seus parâmetros concen-
trados pode conduzir a erros significativos nas análises envolvendo o com-
portamento dela em regime permanente. Da teoria dos circuitos elétricos é co-
nhecido que, para que possamos modelar um componente por um circuito à
parâmetros concentrados é necessário que suas dimensões sejam muito me-
nores que 1/4 de seu comprimento de onda, isto é:
λ c 300.000
= = = 1250 Km
4 4. f 4.60
onde:
c - velocidade de propagação da luz;
f - freqüência em Hz
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
i(x+∆x,t)
i(x,t)
r.∆x l.∆x
v(x+∆x,t)
v(x,t) g.∆x
c.∆x
∂v
i(x, t) = i( x + ∆x, t ) + v(x + ∆x, t ).g.∆x + c.∆x. [25]
∂t
∂i
v(x, t ) = v(x + ∆x, t ) + i(x, t).r.∆x + l.∆x. [26]
∂t
v( x + ∆x, t ) − v(x, t ) ∂i
= − r.i − l. [27]
∆x ∂t
tomando o limite quando ∆x tende para zero nas equações [27] e [28],
∂v ∂i
= − r.i − l. [29]
∂x ∂t
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
∂i ∂v
= − g .v − c. [30]
∂x ∂t
∂ 2v ∂i ∂ 2i
= − r . − l . [31]
∂2x ∂x ∂x.∂t
∂ 2i ∂v ∂ 2v
= − g . − c. [32]
∂2x ∂x ∂x.∂t
∂ 2v ∂i ∂ 2i
= − r. − l . 2 [33]
∂t.∂x ∂t .∂ t
∂ 2i ∂v ∂ 2v
= − g . − c. 2 [34]
∂x.∂t ∂t ∂ t
∂ 2v ∂v ∂v ∂ 2v
= − r . − gv − c − l . − g . − c [35]
∂2x ∂t ∂t ∂ 2t
∂ 2i ∂i ∂i ∂ 2i
= − g . − ri − l − c. − r . − l [36]
∂2x ∂t ∂t ∂ 2t
∂ 2v ∂v ∂ 2v
= r.g .v + (cr + lg ) + lc 2 [37]
∂2x ∂t ∂ t
∂ 2i ∂i ∂ 2i
= r . g .i + (cr + lg ) + lc [38]
∂2x ∂t ∂ 2t
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
∂2I
= z. y.I [40]
∂2x
A γx B −γx
I =− e + e [42]
Zc Zc
Z
Zc = [44]
y
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
A=
(V2 − Z c I 2 ) e −γ 1
[46]
2
V − Zc I2 γ1
B= 2 e [47]
2
e y2 + e − y2 e y1 − e − y1
V1 = V2 + Z c I 2
[48]
2 2
e y2 + e − y2 V2 e y1 − e − y1
I 1 = I 2 + [49]
2 Zc 2
e y1 + e − y1 e y1 − e − y1
como cosh γ 1 = e senh γ 1 = finalmente obtemos uma
2 2
equação geral que permite obter a tensão e a corrente no início de uma linha
de transmissão em regime permnanete quando a tensão e a corrente no final
da linha de transmissão são conhecidos, então:
V2
I1 = I 2 cosh(γ .l0) + senh(γ .l0) [51]
Zc
8. LINHAS CURTAS:
São aquelas linhas de transmissão que podemos desprezar inteira-
mente os efeitos da capacitância e da condutância de dispersão. São linhas
cujo desempenho em regime permanente pode ser determinado substituindo
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
V1 = V2 + Z c I 2 γ .l0 [52]
I1 ≅ I 2 [53]
z
pedância característica e constante de propagação, Zc.γ . = . zy = z , de
y
modo que:
V1 = V2 + z.l0.I 2 = V2 + ZLT.I 2 [54]
R X
LT LT
V V
1 2
Do ponto de vista prático, linhas curtas são que se enquadram nas se-
guintes condições:
• São linhas até 150kV, com comprimentos máximos de 80km
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
9. LINHAS MÉDIAS
São linhas de transmissão cujo desempenho em regime permanente
pode ser determinado substituindo nas equações [50] e [51], os termos hiper-
bólicos (coseno hiperbólico e seno hiperbólico) pelos dois primeiros termos da
série de potência, sem incorrer em erros maiores que 1%.
São linhas que podem ser caracterizadas por:
a) apresentam comprimento de 200km com tensões nominais mai-
ores que150kv e menores que 400kV.
b) Apresentam comprimento máximo de 100km com tensões nomi-
nais maiores que 400kV.
A capacitância é incluída no cálculo das linhas médias e os termos hi-
perbólicos são substituídos empregando as seguintes equações:
e cosh(γ .l0) ≅ 1 +
(γ .l0) 2
3! 2!
Substituindo estas nas equações gerais de análise do desempenho em
regime permanente da linha de transmissão ( equações [41] e [42] ) encontra-
se:
ZLTYLT ZLTYLT
V1 = V2 .1 + + I 2 .ZLT. 1 + [55]
2 6
ZLT.YLT ZLT.YLT
I1 = I 2 1 + + V2 .YLT 1 + [56]
2 6
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Zπ
Yπ Yπ
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Figura 7 - Circuito Pi
Z Y Z Y
I1 = I 2 1 + ð ð + V2 Yð 1 + ð ð [58]
2 4
ZLT
YLT YLT
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ZLT/2 ZLT/2
YLT
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
finalmente:
senh(γ .l0)
Zπ = Z LT = Z LT .FCI [59]
γ .l0
Yð YLT
= .FCA [60]
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Capítulo 7 - Modelagem de Linhas de Transmissão
11. BIBLIOGRAFIA
[1] Weedy, B.M. – Sistemas Elétricos de Potência;
[2] Stevenson, W. D. – Elementos de Analise de Sistemas de Potência ;
[3] Fuchs, Rubens D. – Transmissão de Energia Elétrica;
[4] Elgerd, Olle – Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica ;
[5] Beeman - Industrial Power Systems Handbook;
[6] Stagg - Computação Aplicada a Sistemas Elétricos de Potência;
[7] Neuenswander - Modern Power System;
[8] Camargo, Celso – Transmissão de Energia Elétrica
[9] Zaborsky, J e Rittenhouse, J. W. – Electric Power Transmission
[10] Projeto EHV, Transmission Line Reference Book
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