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1 – INTRODUÇÃO

Essa apostila tem por objetivo mostrar os conceitos básicos utilizados em


sistemas de comunicações móveis.

Os tipos de transmissão envolvidos serão o Rádio Digital e a Comunicação


Móvel Celular.

Primeiramente serão discutidos os sistemas de modulação dos rádios analó-


gico e digital e posteriormente, será apresentado o sistema de comunicação móvel
celular.

2 – Sistemas de Modulação do Rádio Digital

O processo de modulação / demodulação de um sinal de banda básica vindo


do equipamento multiplex, se faz necessário devido às características do sinal origi-
nal não serem propícias para a transmissão via meios de transmissão utilizados por
nós, por exemplo via radiovisibilidade, fibra óptica, satélite, etc.

No caso de equipamentos de radiovisibilidade (meio atmosférico em visada


direta), ou melhor, equipamentos rádio, existem problemas com relação a frequência
e potência do sinal a ser transmitido. Sabemos que a medida que o sinal é transmiti-
do, esse sinal possua um nível suficiente para que ele possa alcançar o receptor e
que possa ainda recuperar a informação transmitida.

Com relação à freqüência, sabemos que o sinal de banda básica tem suas ca-
racterísticas bem aquém daquelas que seriam economicamente eficientes para a
transmissão pelo meio. Por exemplo, é sabido que o sinal de áudio em telefonia
ocupa a faixa útil de 300Hz a 3.400Hz. Para a transmissão via rádio, um irradiador
eficiente precisaria ter um comprimento equivalente a meia onda de freqüência mais
baixa presente no sinal, isto é,

λ 300.000 Km / s
= = 500 Km
2 2 × 300 Hz

Logo, vemos que potência e freqüência são problemas presentes em uma


transmissão via rádio.
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Neste capítulo será tratado o problema da freqüência e no capítulo, seguinte o


da potência do sinal a ser transmitido.

Uma solução prática para o problema da freqüência foi a de se converter a


freqüência baixa de áudio, em freqüências mais elevadas, diminuindo assim o pro-
blema do comprimento dos irradiadores.

O processo utilizado consiste em se imprimir a informação original sobre uma


portadora senoidal de maior freqüência. Esse processo é chamado de modulação.

3 – Rádios Analógicos

Em rádios analógicos existem basicamente três tipos de modulações:

- Modulação AM (amplitude modulation) ou modulação em amplitude - quan-


do a informação é impressa na característica de amplitude de uma portador a senoi-
dal.

- Modulação FM (frequency modulation) ou modulação em frequência -


quando a informação é impressa na característica de frequência da portadora senoi-
dal.

- Modulação PM (phase modulation) ou modulação em fase - quando a in-


formação é impressa na característica de fase da portadora senoidal.

Em particular, quando a informação é digital, a portadora senoidal assume


apenas alguns valores discretos possíveis e, portanto a variação de estados se faz
bruscamente, isto é, por saltos. Assim costuma-se adotar uma nomenclatura dife-
rente para modulações utilizadas em rádios digitais.
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4 – Rádios Digitais

- Modulação ASK (Amplitude Shift Keying) ou modulação por salto de ampli-


tudes- quando a informação da moduladora digital é impressa na característica de
amplitude da portadora senoidal.

- Modulação FSK (Frequency Shift Keying) ou modulação por salto de fre-


quências - quando a informação da moduladora digital é impressa na característica
de frequência da portadora senoidal.

- Modulação PSK (Phase Shift Keying) ou modulação por salto de fases -


quando a informação da moduladora digital é impressa na característica de fase da
portadora senoidal.

Existem ainda algumas modulações em rádios digitais que são combinações


desses três tipos vistos anteriormente que serão melhores detalhadas nos itens a
seguir.

4.1 – Técnicas de modulação e demodulação para rádio digital

Iniciaremos agora o estudo das técnicas de modulação usualmente utilizadas


em sistemas de transmissão via rádio digital.

A escolha da técnica de modulação para uma específica aplicação depende,


em geral, dos três fatores listados a seguir:

- Desempenho quanto a erro

- Eficiência na utilização da banda

- Complexidade de implementação
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Em função da característica de amplitude do sinal modulante podemos ter


modulação binária ou modulação multi-nível. Esquemas de modulação binária usam
símbolos de dois níveis e são, portanto, de simples implementação provendo bom
desempenho de erro mas são ineficientes quanto a largura de banda ocupada em
relação a quantidade de informação a ser transmitida. Por outro lado, esquemas de
modulação multi-nível (nível M) transmitem mensagens de comprimento m = log2
Mbits em cada símbolo e são, portanto, apropriadas para altas taxas de transmissão
e maior eficiência na utilização da largura de banda.

O processo de modulação por um sinal digital exige adicionalmente aos mo-


duladores propriamente ditos outros dispositivos tais como filtros para limitação de
faixa e codificadores (na modulação multi-nível).

Na recepção o demodulador deve reconhecer os diferentes estados discretos


assumidos pela portadora, cabendo ao regenerador gerar um novo sinal digital à
imagem do original transmitido.

Existem dois métodos comuns de demodulação ou detecção:

- Detecção COERENTE ou SÍNCRONA

Requer que uma forma de onda de referência, sincronizada em freqüência


com a portadora de transmissão e coerente em fase com esta, seja gerada no re-
ceptor.

- Detecção NÃO-COERENTE:

Não requer uma forma de onda de referência e utiliza-se, geralmente de um


detector de envoltória.

A detecção não coerente é usada quando a referência de fase não pode ser
mantida ou o controle de fase não é econômico. Para modulações ASK e FSK, os
sinais são distinguidos por uma variação de amplitude ou característica de freqüên-
cia, a detecção não coerente é baseada na presença ou ausência do sinal de en-
voltória. Pelo fato dos sinais PSK terem uma envoltória constante, a detecção de en-
voltória não pode ser usada e alguma forma de detecção síncrona é portanto reque-
rida.
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Considerando o interesse prático, analisaremos aqui apenas a modulação em


fase (PSK) e a modulação que combina a variação conjunta de amplitude e fase da
portadora que é a QAM (modulação em amplitude e quadratura de fase).

5 – Modulação PSK

A modulação PSK consiste na alteração discreta da fase de uma portadora


senoidal, de acordo com o sinal modulante digital. Como em outros tipos de modula-
ção digital, podemos classificar a modulação PSK em relação ao número de níveis
do sinal digital modulante, dando origem ao BPSK e ao NPSK, conforme tenhamos
um sinal modulante binário ou com M níveis, respectivamente.

No caso particular do BPSK, em que um dos estados da portadora modulado-


ra se diferencia do outro por oposição de fase (defasagem de 180º), o sinal é referi-
do também como PRK (modulação por inversão de fase). A inversão 180º possibilita
uma maior imunidade ao ruído devido ao maior distanciamento das fases.

Então para uma modulação PSK, temos que a portadora terá mesma fre-
quência e amplitude, variando apenas em fase.

No caso mais simples (BPSK ou 2PSK) teremos para os 2 (dois) bits possí-
veis, 2 (duas) fases diferentes para a portadora. Quando no sinal tivermos o bit “1”, a
portadora tem fases θ = 0º e quando no sinal tivermos o bit “0”, a portadora passa a
ter fase θ = 180º. Note que a mudança de fase se dá no instante da mudança do
estado de “1” para o estado “0”.

O diagrama de estados, também conhecido como constelação, pode também


ser visto na mesma figura.

REFERÊNCIA
Q
BPSK
DIAGRAMA DE
CONSTELAÇÃO

ESTADO 1 ESTADO 0
ESTADO 0 ESTADO 1
I

θ =0 θ = 180°
t
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Diagrama de Tempo e Estados para a Modulação

No caso da modulação QPSK ou 4 PSK, a portadora também tem amplitude e


frequência constante, porém temos 4 fases para representar cada um dos 4 estados
(símbolos) possíveis (um estado aqui é formado por 2 bits): 00,01, 10 e 11.

Constelação para a Modulação QPSK

4 ESTADOS POSSÍVEIS

Q
10 Vq 11

I
Vi

00 01

Alternativas para a Modulação QPSK

- A mudança de fase é tomada em relação a uma referência fixa (portadora


coerente) nos sistemas coerentes e em relação à referência prévia (estado
anterior) nos sistema diferenciais.
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Diagrama em Blocos do Modulador em FI para QPSK

o o
180 0

PRK 1
MODULADOR
BALANCEADO

bits a QPSK = PRK 1 + PRK2

δ
a b a b a b c

f CONVERSOR PARA O CONVERSOR


SÉRIE/
PARALELO ~ + DE TRANSMISSÃO
PORTADORA
DE FI BANDA FI +- F

0= π
2

o
90
bits b

MODULADOR
BALANCEADO PRK 2
o
270

10 (b = 1 e a = 0 ) PRK 2 (b = 1) 11 ( b = 1 e a = 1 )

o o o
135 90 45

o o (a=1) PRK
(a=0) 180 0 1

o o o
225 270 315
00 (b = 0 e a = 0) (b = 0) 01 (b = 0 e a = 1)

Diagrama Fasorial para o 4PSK


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DETETOR
SÍNCRONO
A

PORTADORA
fo COERENTE

SINAL
QPSK
MALHA DE
VCO
~
AMARRAÇÃO DECISOR
fo DE FASE E
SINAL
CONVERSOR
TENSÃO DC BINÁRIO
DE SAÍDA
DE CORREÇÃO BIPOLAR
ORIGINAL
0/ = π
2

DETETOR
SÍNCRONO
B

Demodulação Coerente para QPSK


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6 – Modulação PSK de 8 Estados (8PSK)

A modulação PSK de 8 estados implica na codificação do sinal digital em tri-


bits. A figura apresenta o diagrama em blocos típico de um modulador 8PSK, com
portadora em FI. O conversor série-paralelo distribui a sequência de bits de entrada
para três saídas associadas aos bits a, b, e c.

-A1 -A0 A0 A1
ASK 1 (4 ESTADOS)
4 ESTADOS

CODIFICADOR MODULADOR
EM DIBITS BALANCEADO PSK 8 ESTADOS
a b c a b c a bits a
c
f
CONVERSOR PORTADORA
SÉRIE/
PARALELO
BITS "c"
~ DE FI
SOMADOR +
INVERSOR
0/ = π
bits b LÓGICO 2

c
CODIFICADOR MODULADOR
EM DIBITS BALANCEADO

4 ESTADOS
A1 ASK 2 (4 ESTADOS)

a) DIAGRAMA EM BLOCOS DO MODULADOR


A0

-A0

-A1

ASK 2(bc)
abc
010 A1
110

011
A0 111

-A0 A0
-A1 A1 ASK 1 (ac)

001 -A0
101

000 100
-A1

b) Diagrama Fasorial

Diagrama em Blocos do Modulador 8 PSK

A tabela apresenta em sua coluna 1 as formações possíveis do dibit bc para


cada bit ac, na coluna 3 fornece os estados 4 estados de amplitude da portadora de
FI na saída do modulador balanceado superior (sinal ASK1) gerados pelos dibit ac
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enquanto a coluna 4 fornece os estados de amplitude da portadora de FI defasada


de π/2, gerados pelos dibits bc (sinal ASK2).

Na coluna 5 estão ainda representadas as fases adotadas. Neste caso as


amplitudes A 0 e A 1 são escolhidas para se ter um PSK com espaçamento regular de
45º entre os diversos estados. Desta forma entre dois estados adjacentes quais quer
só haverá variação de 1 bit no tribit abc.

Codificação no Sistema da Figura Acima

A figura abaixo apresenta o diagrama em blocos de um demodulador coe-


rente para o sinal 8PSK.

DETETOR BIT "a"


SÍNCRONO A

o
0

DETETOR
SÍNCRONO C1 SINAL
BINÁRIO
PSK - 8 ESTADOS
o BIT "c" DECISOR E DE SAIDA
+45 COMPARADOR CONVERSOR
DE SAÍDA
DETETOR
SÍNCRONO C2

o
-45

DETETOR BIT "b"


SÍNCRONO B

o
+90

Demodulador Coerente para PSK de 8 Estados


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A portadora local coerente é gerada através de um PLL e com o uso de defa-


sadores é aplicada a quatro detetores síncronos.

A tabela a seguir apresenta a lógica de funcionamento do demodulador, em


relação as polaridades de saída dos diversos detetores.

Lógica de Deteção do Demodulador 8 PSK

A polaridade positiva ou negativa na saída de cada detetor é função de cos


(∅m - ∅L), onde ∅m é a fase do estado do PSK e ∅L a fase de referência da porta-
dora no detetor em questão.
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7 – MODULAÇÃO QAM

Um dos problemas críticos do rádio digital é necessidade de se utilizar uma


faixa de transmissão bem mais larga do que a correspondente a um sistema analó-
gico de mesma capacidade. Uma solução para este problema consiste em aumentar
o número de estados possíveis do sinal modulado. Entretanto, para manter uma
determinada qualidade de transmissão, expressa em termos da probabilidade de
erro de bit, é necessário aumentar a potência de entrada do receptor.

A modulação em amplitude e fase é uma alternativa que permite chegar a um


compromisso mais razoável entre a qualidade e o nível do sinal de recepção. Em
termos de número de estados possíveis destacam-se o 16 QAM, o 64 QAM, o 128
QAM e o 256 QAM. Com relação a uma melhor utilização do espectro, quanto maior
a quantidade de estados maior a eficiência espectral. Entretanto, o emprego de sis-
temas com número de estados elevado é limitado por problemas ligados ao efeito da
dispersão do sinal na faixa de transmissão devido ao desvanecimento multipercurso,
à maior sensibilidade a interferência e as dificuldades de fabricação dos modulado-
res e demoduladores. A figura ilustra o diagrama fasorial (constelação) da modula-
ção 16 QAM.

16 QAM

Constelação para a Modulação 16 QAM


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O sistema de modulação QAM apresenta a mesma banda e a mesma eficiên-


cia de banda do sistema PSK, para o mesmo número de estados do sinal modulado.
Entretanto, supera o PSK no desempenho de erro. A comparação das constelações
para 16QAM e 16PSK, como mostrado na figura a seguir revela que a razão para
esta diferença no desempenho de erro está na distância entre pontos do sinal na
constelação, pois para o PSK a distância é menor do que a distância entre pontos na
constelação QAM.

Q Q

I I

(a) 16-QAM (a) 16-PSK

Comparação entre as Constelações dos Sinais 16 QAM e 16 PSK com o


mesmo Pico de Potência
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8 – Modulação 16 QAM

A modulação 16 QAM é um método combinado de modulação em amplitude e


fase que proporciona 4 bits de informação para cada símbolo transmitido e possui 16
estados possíveis. A figura próxima apresenta o diagrama em blocos do modula-
dor/demodulador 16 QAM.

Nesta figura, quatro (dois pares) sinais binários a1, a2, b1 e b2, são aplicados
aos conversores 2 → 4 e são então convertidos em dois sinais de quatro níveis
cada (conversão digital-analógico).

Estes sinais de quatro níveis são limitados em banda por um filtro de Nyquist
(coseno levantado) fazendo com que a interferência intersimbólica no instante de
amostragem seja zero (ideal). As portadoras em fase (I) e em quadratura (Q) são
então moduladas em amplitudes pelos sinais a 4 e b 4.

FILTRO ROLL-OFF

a1 2/4 a3 a4
DETETOR
a2 CONVERSOR DE FASE
SINAL a'4 DECISOR DE a'1
AM A 4 NIVEIS a'2

I
SINAL
16QAM C

~ MODULADOR
AM + A + B = C
OSCILADOR
π /2
Q
b'4 DECISOR DE b'1
SINAL
AM B 4 NIVEIS b'2

b1 2/4
b2 CONVERSOR b3 b4
π /2

FILTRO ROLL-OFF

RECUPERAÇÃO
a) MODULADOR ~ DE PORTADORA

b) DEMODULADOR

Diagrama em Blocos do Modulador / Demodulador para 16 QAM


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Combinado estes dois sinais modulados em amplitude, A e B, o sinal 16 QAM


C é então obtido. A obtenção do sinal modulado em 16 QAM a partir de dois sinais
em quadratura modulados em amplitude é apresentada na figura abaixo. Além disso,
esta figura nos mostra que o sinal 16 QAM possui três níveis discretos de amplitude.

Q Q
SINAL DE MAIOR NÍVEL
Q

I
+ I
= I

SINAL AM A SINAL AM B SINAL 16QAM C

Formação da Constelação para o 16 QAM

A demodulação 16 QAM, é efetuada recuperando-se a portadora de referên-


cia a partir do próprio sinal recebido e injetando-a em quadratura nos detectores I e
Q. Assim sendo, obtém-se os sinais a 14 e b41 que podem possuir quatro níveis dis-
tintos, cada nível corresponde a um valor binário. Os sinais são então limitados em
banda e encaminhados a circuitos decisores que produzem pares de bits em função
do nível dos sinais a 14 e b41 que estão presentes em suas entradas. Os pares de bits
produzidos pelos decisores já são a informação demodulada.

Convém aqui salientar que para o circuito de recuperação da portadora, a


simples multiplicação por 4 do sinal modulado não funciona com segurança para 16
QAM. Isto ocorre porque a composição vetorial de sinais em quadratura só resulta
fases de + 45º ou + 135º quando as amplitudes dos sinais I e Q forem iguais. Pela
figura 2.10 podemos verificar a variedade de fases do sinal modulado em 16 QAM.
Assim sendo, normalmente utilizam-se técnicas mais avançadas para os circuitos de
recuperação da referência de fase para a portadora local. Para os sistemas m-PSK
(m ≥ 4) e QAM costuma-se utilizar como circuito gerador da referência de fase local
o COSTAS LOOP.

Por outro lado, todos estes processos geram ambigüidades de fase na porta-
dora recuperada. Desta forma utiliza-se codificar diferencialmente os dados na
transmissão antes da modulação e decodificá-los diferencialmente após a demodu-
lação.
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Para a modulação 16 QAM existem formas de combinar os bits ao longo da


constelação, gerando dois arranjos.

0111 0110 0010 0011 0111 0101 0010 0011


o o o o o o o o

0101 0100 0000 0001 0110 0100 0000 0001


o o o o o o o o

1101 1100 1000 1001 1101 1100 1000 1010


o o o o o o o o

1111 1110 1010 1011 1111 1110 1001 1011


o o o o o o o o

ARRANJO 16A ARRANJO 16B

Arranjos Padrões para Modulação 16 QAM

Para demonstrar a importância da fase da portadora, da forma do pulso e do


instante de amostragem na deteção, apresentarmos alguns diagramas de “olho” com
as respectivas constelações na figura próxima. Cada um desses diagramas repre-
senta a saída de um dos filtros passa-baixas, onde os traços superpostos represen-
tam as saídas de diferentes valores de dados. Os “olhos” são os espaços brancos
em forma de diamante que ocorreram a cada T segundos. Os extremos verticais de
cada olho representam os níveis ideais (sem distorção) da portadora modulada e os
pontos médios verticais dos olhos indicam os limiares de decisão entre níveis da
portadora modulada. O instante ótimo de amostragem em cada período de dados,
está localizado no ponto médio horizontal dos olhos.
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T
6
1

0
Q

8 - P S K

T
Q

0
4 - P S K

T
Q

0
2 - P S K

T
Q

Constelações e diagramas de olho para modulações PSK e 16-QAM


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9 – Modulação 64QAM

A modulação 64 QAM como a Modulação 16 QAM é uma modulação em am-


plitude por quadratura de 64 níveis com 6 bits de informação para cada símbolo
transmitido.

FPF
P0
P1 D/A
P2 CONV
FPF

FPF
H
Q0
Q1 D/A
Q2 CONV

π/ 2

OSCILADOR

Diagrama em Blocos Modulador 64 QAM

O demodulador 64 QAM realiza detecção coerente, o sinal de FI na entrada


do demodulador tem o seu nível constante devido ao CAG, passa através de um fil-
tro FPF para limitar a faixa. A hibrida divide o sinal em dois, e é feito o batimento
para a recuperação dos dados.
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P0
FPB
A/D
CONV
FPF
P7
FI
H
Q0
CAG FPB
A/D
CONV

Q7
2/π

REC PORT.
VCO

P0

P0

P1
CON
P7 16/6 P2

Q0 Q0

Q1

Q2

Q7

Demodulador 64 QAM

10 – Cálculo da largura de banda

Uma outra característica importante das modulações digitais é a faixa neces-


sária para a transmissão.

Assim sendo a faixa mínima para se transmitir bits de d uração Tb é igual a:

1
B= (critério de Nyquist)
2 Tb
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onde: 1/T corresponde a taxa de bits ou velocidade de transmissão VT. Para


a transmissão via rádio a banda mínima (BR) necessária após a modulação corres-
ponde a :

1
BR = 2 B = = VT
Tb

Para a transmissão multi-nível cada estado do sinal modulado (símbolo) car-


rega a informação de m bits e portanto:

m = log2 M TS = Tb X log2 M

onde M corresponde ao número de estados do sinal modulado

1 1 VT
BR = = =
TS Tb X log 2 M log 2 M

Em casos reais os filtros descritos por Nyquist não tem realização prática e
por isto utilizam-se filtros que acarretam um aumento na banda de transmissão de
um fator ∝ chamado de FATOR DE ROLL-OFF. Assim sendo as relações anterio-
res, para o sinal binário passam a ser:

1+ α 1+ α
B= BR =
2Ts Ts

e para o caso geral:

1+ α Vt.(1 + α)
BR = =
Tb × log 2 M log 2 M

Como podemos observar, a codificação em um número maior de níveis, cor-


respondendo à modulação em um número maior de estados, reduz a faixa necessá-
ria para a transmissão a uma mesma velocidade de sinal (uma mesma taxa em
bits/seg.).

Entretanto o efeito do ruído se torna mais crítico quando aumentamos o nú-


mero de estados mantendo constante a amplitude da portadora, ou seja, a potência
transmitida.
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11 – Detecção De Sinais Binários

Como foi anteriormente visto, o processo de modulação tem por objetivo


deslocar o sinal modulante para uma faixa de freqüências adequadas à transmissão
pelo meio escolhido. No receptor, deveremos inverter este processo ou demodular o
sinal para recuperar a informação original (trem de pulsos) transmitida. Este proces-
so de demodulação também é freqüentemente denominado de detecção.

Existem essencialmente dois métodos usuais de demodulação. Um, denomi-


nado de detecção coerente ou síncrona, consiste simplesmente na multiplicação do
sinal de entrada pela freqüência da portadora, gerada localmente no receptor, e na
filtragem em passa baixa do sinal resultante da multiplicação. O outro método é a
chamada detecção de envoltória na qual o sinal modulado é aplicado a um dispositi-
vo não linear seguido por um filtro passa-baixa com a finalidade de recuperar a en-
voltória do sinal, na qual a informação impressa na amplitude e na fase. Assim sen-
do os sistemas PSK e QAM necessitam de deteção coerente ou síncrona.

Para demonstrar o método síncrono, admitamos que um sinal binário (PSK)


de alta frequência tem a forma

fc ( t ) = f ( t ) cos ωc t

f c (t)=f(t) cosωc t
FILTRO SAÍDA BINÁRIA: Kf( t )
PASSA - BAIXA
2

K cos ω
wc t

Esquema Geral de Deteção Síncrona

onde f(t) = + 1. Se multiplicarmos este sinal por Kcosωct (K é uma constante


arbitrária do multiplicador), obteremos:

Kf(t) . cos2 ωc t = (k/2) . (1 + cos2ωc t) . f(t)


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Mas o tempo f(t)cos2ωct representa f(t) deslocada para a frequência 2fc, o


segundo harmônico da frequência da portadora fc. Esta componente é rejeitada pelo
filtro passa baixa e a saída resultante é (K/2) f(t), que é exatamente a sequência de
pulsos de banda básica que se desejava obter. O fator constante (K/2) não tem ne-
nhum significado, pois o sinal sempre pode ser amplificado ou atenuado de qualquer
valor especificado. Assim o detetor síncrono executa a tarefa de reproduzir o sinal
f(t).

Observe que na discussão acima, admitimos que a portadora gerada local-


mente, cos ω c t tinha exatamente a mesma frequência e a mesma fase que a porta-
dora do sinal de entrada. Por outro lado, se a onda senoidal gerada localmente ti-
vesse uma frequência cos ( ωc +∆ω ), a multiplicação produziria:

Kf(t) . cos ( ωc + ∆ω )t . cos ωc t

= (k/2) . [ cos ( 2 ωc +∆ω )t + cos ∆ωt ] f(t)

A saída do filtro passa baixa seria, então:

[ Kf(t)/2 ] cos ∆ωt

se ∆ω estivesse dentro da banda do filtro, o que não representa o sinal dese-


jado. Alternativamente, se o sinal local tivesse a frequência correta ωc , mas estives-
se θ radianos fora de fase, ou seja, cos(ωc t + θ), a saída do filtro passa-baixa seria:

[ Kf(t)/2 ] cos θ

Esta é a saída desejada em banda básica, mas atenuada. À medida que θ


aumenta, cos θ diminui. Para θ próximo de π/2, a saída será muito próxima de zero.

Se θ ultrapassar π/2, haverá uma inversão de sinal na saída. Se o sinal em


banda básica for uma seqüência bipolar, todo o sinal inverterá sua polaridade, os
pulsos 1 se transformarão em 0 e vice-versa. Pelo exposto conclui-se que a portado-
ra gerada localmente deve ser sincronizada em freqüência e em fase. Esta é a razão
da denominação detecção coerente.
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Freqüentemente, na literatura técnica se depara com confusão nos termos


síncrono e coerente, referindo-se a demodulação síncrona e demodulação coerente
como sinônimos. Porém a distinção é que na demodulação síncrona a portadora lo-
cal tem a mesma freqüência que a portadora da modulação, enquanto que na de-
modulação coerente, além disso, a fase também precisa ser igual. Assim, a demo-
dulação coerente é obrigatoriamente também uma demodulação síncrona, mas a
demodulação síncrona não precisa ser coerente.

Acabamos de ressaltar a importância de se garantir a coerência entre a por-


tadora gerada localmente e a portadora gerada na transmissão. Por isso, a melhor
solução é aquela em que a portadora local seja perfeitamente sincronizada em fre-
qüência e coerente com referência de fase do sinal modulado recebido.

A figura abaixo apresenta uma forma de evitar o aparecimento da defasagem


(θ) apresentada a pouco, utilizando a técnica de amarração em fase. Tal técnica exi-
ge que se disponha localmente de um sinal de referência de fase de portadora, que
pode ser obtido ou pela transmissão da informação da portadora por uma via inde-
pendente ou por um processamento do próprio sinal entrante. A partir da referência
local, um sistema de servo-correção, conhecido como PLL, proporciona o sincronis-
mo e coerência desejados. O PLL detecta permanentemente a diferença de fase
entre a referência da portadora e o oscilador local, cuja freqüência e fase dependem
de uma tensão de controle, sendo por isso designado como VCO. A diferença de
fase é transformada na tensão de controle que ajusta o VCO e com isto garante a
coerência de fase dentro do intervalo desejado de precisão. Geralmente esta técnica
exige sofisticação de circuito para estabelecer a referência de fase.

Em (t) DETETOR
DECISOR
DE PRODUTO

VCO ~
CORRETOR
DE FASE

REFERÊNCIA DE
FASE DA PORTADORA DETETOR
DE FASE

Detecção Síncrona com Amarração de Fase


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Uma outra técnica mais econômica é conhecida como detecção diferencial.

Este sistema é, na verdade, uma demodulação coerente diferencial, onde não


temos uma portadora na recepção. Neste caso seria necessário apenas incluir no
demodulador uma estrutura de retardo, com um tempo igual à duração de um bit.
Logicamente no lado de transmissão deveria ocorrer a codificação diferencial antes
da modulação.

DETETOR
SÍNCRONO A

SINAL QPSK COM 0 = +45o DECISOR E


RETARDO SINAL BINÁRIO
CODIFICAÇÃO CONVERSOR
DE 1 BIT o DE SAÍDA
DIFERENCIAL 0 = -45 DE SAÍDA

DETETOR
SÍNCRONO B

+90 o(01)
o
+45 PORTADORA DETETOR A

o o
+ 180 (11) 0 (00) FASE PRÉVIA

-45o PORTADORA DETETOR B


o
270 (10)

Diagrama em blocos para o sistema QPSK

Esta técnica, apresenta configuração de circuito mais simples entretanto


apresenta um desempenho quanto a erro mais pobre em comparação com a detec-
ção coerente. Além disso, a medida que o número de estados da modulação au-
menta, piora o desempenho quanto a erro para o sistema de detecção diferencial.

12 – Técnicas de recuperação da portadora

Embora muitos métodos de modulação e demodulação tenham sido conside-


rados, o método da detecção coerente (para PSK em quadratura e QAM) é o mais
utilizado devido ao seu desempenho superior e razoável economia.

Várias configurações de demoduladores coerentes para PSK (principalmente)


têm sido propostos e seus resultados têm sido relatados. Estes resultados revelam
que o desempenho do circuito demodulador depende primordialmente da qualidade
do circuito de recuperação de referência.
FACCAMP 25

Devido à importância destes circuitos para a qualidade do sinal demodulado,


o projeto e implementação dos mesmos são segredos industriais utilizados como
pontos chaves dos equipamentos nas concorrências comerciais.

Descrevemos aqui o método para obter a coerência de fase entre o sinal de


múltiplas fases e a fase de um VCO utilizando PLL. Estudaremos os circuitos de re-
cuperação da portadora para o caso 4PSK, que é o tipo de modulação utilizada nos
equipamentos rádio de baixa e média capacidade.

SINAL DE
ENTRADA
COMPARADOR DE FASE
FILTRO DE
PERÍODO: 2π /N
PSK - N FASES MALHA

REFERÊNCIA

VCO

PLL para a Recuperação da Portadora

A tensão de saída do comparador de fase deve ser definida somente pela di-
ferença estática de fase entre a onda portadora de entrada e o sinal do VCO e que o
efeito das componentes resultantes da modulação seja tão pequeno quanto possí-
vel. Assim, pela teoria de PLL, sabemos que:

• A tensão de saída do comparador de fase deve ser uma função ape-


nas de θ (diferença estática de fase) e periódica a intervalos 2 π/N (onde N é o nú-
mero de fases).

• A tensão de saída do comparador de fase deve apresentar N pontos


zeros no intervalo 2π e nos cruzamentos deve ser suavemente crescente ou decres-
cente. O “lock” do PLL é alcançado em cada um destes pontos de tensão zero.

• A característica da saída do comparador deve apresentar simetria ím-


par com relação aos pontos de cruzamento.

É importante observar que o “lock” do PLL é alcançado para qualquer uma


das N posições de fase. Este fato caracteriza a chamada ambigüidade de fase do
circuito de recuperação de portadora.
FACCAMP 26

Pelo exposto conclui-se que o circuito de comparação de fase, o qual gera a


tensão de referência, é a chave de todo o processo de recuperação da portadora.

13 – Codificação / Decodificação Diferencial

O circuito recuperador de portadora não consegue garantir que a fase da


portadora recuperada seja exatamente a fase da portadora utilizada na transmissão.
Porém, sabemos que este garante que a fase recuperada seja uma das N-fases
possíveis que iriam gerar as mesmas fases de saída do modulador.

Por exemplo, no caso do 4PSK, os conjuntos de portadoras que geram a


constelação mostrado abaixo, pode ser visto na segunda figura.

Q (BRAÇO EM QUADRATURA)

135º

45º

P (BRAÇO EM FASE)

225º

315º

Constelação para o Sistema 4PSK

Q P

P Q P Q

Q P

Conjunto de Portadoras que geram a Constelação Para o 4PSK

Nesse caso, como não sabemos ao certo na recepção qual foi a fase utilizada
na transmissão, usamos o processo de codificação / decodificação diferencial que
consiste em realizar a soma dos dados na transmissão e enviá-los ao modulador di-
gital e na recepção realizarmos após a demodulação uma subtração nos dados ob-
tendo os dados originais.
FACCAMP 27

Esse processo garante que os erros adicionais no sinal devido à escolha de


outro conjunto de portadoras serão eliminados quando for realizada a subtração de
dos dados, restando apenas os dados originais.

14 – Princípio da codificação / decodificação diferencial

Como se pode ver, o princípio da codificação / decodificação diferencial é ba-


seado neste exemplo.

MEIO
1 2 3 GIRO 2 3 5 8 ERRO
DADOS TX 0 1 3 6 RX DA
ORIGINAIS DADOS
0 1 3 6 PORT. 1 2 3
RECUPERADOS

Princípio da Codificação / Decodificação Diferencial

Os dados originais (1 2 3) são somados com os resultados anteriores origi-


nando os dados a serem transmitidos (0 1 3 6). Cabe ressaltar que o resultado é to-
talmente diferente do original.

Esse sinal (0 1 3 6) é transmitido e devido à escolha de outro conjunto de


portadoras é adicionado um erro de (2) em todos os dados, originando o sinal (2 3 5
8) na saída do demodulador.

Quando for realizada a subtração entre os dados da saída do demodulador,


teremos o cancelamento dos erros restando apenas os dados originais recuperados
(1 2 3).

14.1 – Codificação / Decodificação Diferencial

O processo de codificação / decodificação diferencial é simples. O detalhe a


ser visto é que no modulador 4PSK temos 2 (dois) trens de dados onde cada dibit (1
bit do dados 1 e outro do dados 2) formam o símbolo que será somado com o re-
sultado da última soma.

Um outro detalhe existente é que os moduladores 4PSK vistos por nós, tra-
balham com uma codificação para a constelação diferente da codificação natural
mais comumente utilizada. A codificação utilizada na constelação 4PSK é a chama-
da gray e tem melhor característica quanto a desempenho de erro do que a natural.
Na figura 4.4 temos a representação dos dois tipos de constelação.
FACCAMP 28
Q Q

00 11 10 11

P P

01 10 00 01

NATURAL GRAY

Codificações Utilizadas no Modulador 4PSK

Note que na codificação (a) os dibits variam em código natural e na codifica-


ção (b) os dibits variam em código gray.

Codificações NATURAL / GRAY

Para o código GRAY se tivermos a variação de 1 dibit para o outro, apenas 1


bit muda, o que não acontece para a codificação natural, fazendo com que essa seja
pior para o desempenho de erro.

Visto isso, devemos então considerar que os dados que estão chegando no
modulador estão codificados em GRAY. Como os circuitos digitais que realizam a
CODIFICAÇÃO / DECODIFICAÇÃO DIFERENCIAL trabalham em natural, uma das
etapas desse processo é realizarmos codificações de NAT → GRAY e GRAY →
NAT.
FACCAMP 29

14.2 – Conversão GRAY / NATURAL

A conversão GRAY / NATURAL é realizada através do circuito visto na figura


abaixo.

D1
D1

GRAY NAT

D2 D2

Conversor GRAY / NATURAL

Quando temos na entrada desse circuito 00 para D2 D1 respectivamente, sai


D2 D1 = 00.

Para D2 D1 = 01 na entrada, temos D2 D1 = 01 na saída.

Para D2 D1 = 11 na entrada, teremos D2 D1 = 10 na saída e

Para D2 D1 = 10 na entrada, teremos D2 D1 = 11 na saída.

14.3 – Conversão NATURAL / GRAY

A conversão NATURAL / GRAY tem o mesmo circuito que a conversão GRAY


/ NATURAL e respeita também a mesma relação da tabela 4.1, basta olhar no senti-
do oposto ao que olhamos no item anterior.
FACCAMP 30

15 – Desempenho quanto à erro (TEB)

Da forma como foi explicada a teoria sobre modulação/demodulação usadas


em Rádio Digital, fica fácil perceber que em condições ideais (sem introdução de
ruído), o sinal que for transmitido será, na saída do demodulador, recuperado sem
que haja o mínimo de mudança em sua característica. A mesma afirmação é válida,
quando se adicionar ruído até o ponto que não haja erro de bits na transmissão. Se
isso acontecer, na saída do demodulador teremos o mesmo sinal (idêntico) que foi
transmitido, fato esse, que não ocorre em uma transmissão analógica.

É devido a essa característica que a transmissão digital possui uma grande


vantagem sobre a transmissão analógica.

Já no caso do ruído adicionado, provocar erros de bits, a eliminação da influ-


ência do ruído não poderá ser efetuada por completo, tendo-se a qualidade de
transmissão degradada apesar de ainda ser melhor do que a transmissão analógica.

Por tanto a qualidade da transmissão de um sinal digital é usualmente avalia-


da através da taxa de erro de bit (TEB) que nada mais é do que o número de bits er-
rados na transmissão dentro de um determinado número de bits enviados. Por
exemplo, uma TEB de 5X10-6 significa que temos 5 bits errados dentro de 106 bits
transmitidos.

A TEB depende das várias atenuações impostas pela linha de transmissão e


costuma-se representar o ruído introduzido no sinal por um círculo ao redor do ponto
do sinal no diagrama de constelação.

Na verdade o sinal modulado pode ser representado por um vetor num dia-
grama de fasores e por outro lado, o ruído aplicado ao sinal pode ser representado
por um vetor que se soma ao vetor do sinal no diagrama de fasores originando o cír-
culo.

É devido a isso que quando fazemos a análise da constelação do sinal mo-


dulado, desejamos que a figura a ser obtida tenha um círculo o menor possível
(melhor caso é um ponto), pois sabemos que quanto maior for a largura desse cír-
culo, significa que mais ruído está sendo introduzido ao sinal.
FACCAMP 31

A figura a seguir mostra uma representação no diagrama fasorial de um sinal


recebido tipo 4PSK. Sinais isentos de ruído térmico são representados por 4 pontos
0, 1, 2 e 3, sendo o ruído adicionado a cada sinal representado pelo círculo.

Quando, por exemplo, o sinal 2 é transmitido, o sinal pode ser recebido nas
posições indicadas por 20, 21 ou 22, ... devido ao distúrbio causado pelo ruído. Da
mesma forma, quando o sinal 3 é transmitido, este é recebido nos pontos 30, 31 ou
32, ... consequentemente, se o sinal recebido é o 2 ou 3, é determinado por uma li-
nha paralela ao eixo I e que interconecta aqueles pontos de sinal. Isto é, a deteção
do erro desses sinais se dá quando, devido ao ruído, o sinal recebido salta para
dentro do quadrante (raio do círculo > metade da distância entre os pontos 2 e 3).

COMPONENTE EM QUADRATURA
COMPONENTE DE RUÍDO
ADICIONADO

PONTO DE SINAL

COMPONENTE EM FASE

21

20 30
2 3
B

22 31 32
23

Diagrama Fasorial Representando o Sinal Recebido com Ruído Térmi-


co Adicional para 4 PSK
FACCAMP 32

16 – Erro na codificação Gray

O erro na transmissão digital se dá quando por adição de ruído, um desses


pontos é deslocado para outra posição da constelação. Esse deslocamento nada
mais é do que uma alteração na fase ou na amplitude dos fatores pertencentes às
modulações do tipo PSK ou QAM.

A conseqüência do erro de um símbolo, ou melhor, deslocamento de um fa-


sor, correspondente ao erro dos bits representados por esse símbolo.

A figura mostra a constelação para vários tipos de modulação.

0111 0101 0010 0011


010 110

01 11
110
0110 0100 0000 0001

011

1101 1100 1000 1010

001 101

00 10
1111 1110 1001 1011
000 100

4PSK 8PSK
4PSK 16QAM
(a) (b) (c)

Constelação para Várias Modulações

Note que estão representadas os círculos de indecisão que delimitam o cam-


po de variação para o ruído introduzido na transmissão. Haverá erro de símbolo se
houver ultrapassagem das áreas delimitadas.

O erro de símbolo, no entanto, corresponde à erro de bits e pela lógica como


a maior probabilidade de haver erros é a de que hajam erros entre símbolos adja-
centes , é mais interessante que os moduladores/demoduladores seja projetados de
tal forma que os símbolos adjacentes tenham diferença de apenas 1 bit entre eles.
Essa variação de apenas 1 bit de uma palavra binária (aqui representada pelo sím-
bolo) é conhecida como já vimos por codificação GRAY e é mais usada em qualquer
tipo de modulador/demodulador digital. Estão expressa aqui um resumo dos cálculos
para se obter a C/N.
FACCAMP 33

1 Eb
Ps = × erfc( ) para 2PSK
2 2 No

Eb
Ps = erfc( ) para 4PSK
4 No

3 Eb
Ps = × erfc( ) para 16 QAM
2 20 No

7 Eb
Ps = × erfc( ) para 64 QAM
4 84No

1
Pb = × Ps
log 2 M

C Eb
= × log 2 M
N No

Onde:

Ps = Probabilidade de erro de símbolo

erfc = “error function” ( função de erro)

Pb = Probabilidade de erro de bit

Eb/No = Energia de bit / ruído no bit

C/N = Portadora / Ruído


FACCAMP 34

17 – Dados para comparação entre sistemas de modulação

A escolha da técnica de modulação digital é influenciada pelo desempenho


quanto a erro, características espectrais, complexidade de implementação e outros
fatores peculiares à aplicação específica, tal como rádios digitais.

Pela análise aqui desenvolvida pudemos observar que os esquemas de mo-


dulação binários proporcionam bom desempenho quanto a erro e são de simples
implementação, mas falta a eles a eficiência de banda requerida para a maioria das
aplicações práticas. Desta forma, em nosso estudo procuramos nos aprofundar em
técnicas que apresentassem uma boa eficiência de banda.

17.1 – Dados para comparação

A figura a seguir, apresenta o gráfico da taxa de erro de bit em função da re-


lação C/N.

Conclui-se então que quanto maior for o nível de modulação mais crítico se
torna a demodulação com relação ao ruído, porém como já vimos se tem uma maior
eficiência de banda com o aumento do nível de modulação.

Quando se compara o 32 QAM com o 16 PSK se nota que a consideração


acima não é válida quanto a erro. Isso se deve ao fato dos pontos da modulação 32
QAM não serem melhor posicionados (não estão mais longe uns dos outros) do que
os pontos da modulação 16 PSK.

Na prática para se obter essas curvas, usa-se medir a TEB por potência rece-
bida que nos levará ao mesmo formato e conclusão. As curvas da figura são utiliza-
das apenas para efeito de comparação dos vários sistemas e/ou também para o cál-
culo de sistemas destes.
FACCAMP 35

-3
10

-4
10

64
8
2 PSK

QAM
16

16
32
4

PSK

QAM
PSK

PSK
QAM
-5
10

-6
10

-7
10

-8
10

-9
10

-10
10

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Desempenho de TEB em função da relação C/N para esquemas típicos de


modulação.

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