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O INTRAEMPREENDEDORISMO COMO FERRAMENTA DE

INOVAÇÃO
Aline dos Santos Ramos¹; Valmir Adelino de Moura²

¹ Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Guarujá, São Paulo, Brasil. Discente do curso de
Administração. aline-santos-ramos@hotmail.com
² Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Guarujá, São Paulo, Brasil. Docente e orientador do
trabalho de conclusão de curso. vamoura@unaerp.br.

RESUMO

Com a necessidade de crescimento e inovação das organizações, juntamente com a


instabilidade econômica, as empresas precisam constantemente se reinventar,
alterar o planejamento estratégico, surgindo assim um novo mercado a partir da
mudança do perfil de um funcionário para atender as necessidades deste novo tipo
de organização. O principal objetivo desta pesquisa é apresentar o princípio, as
funcionalidades, utilização e eficácia do empreendedorismo corporativo. De acordo
com Alves (2011, apud Brunning et al, 2015 p.46) o termo intraempreendedorismo
surge quando as corporações identificam a necessidade de incentivar esse
comportamento dentro de suas estruturas organizacionais, ou seja, trata-se do
empreendedor que atua dentro da empresa. Para este estudo foi utilizada a
pesquisa bibliográfica associada a entrevistas, com o objetivo de aprofundar o
conhecimento do tema pesquisado. O fundamental é que a pesquisa bibliográfica
permite que o pesquisador tenha uma extensa cadeia de fenômenos bem maior do
que aquela que poderia pesquisar diretamente (GIL, 2002, p.45). Os resultados
obtidos nesta pesquisa realizada com os colaboradores do Serviço Social da
Indústria (SESI) de Lajeado, demonstram que o intraempreendedorismo tem o poder
de transformar uma organização, pois os profissionais que possuem essas
características consequentemente trazem resultados significativos para uma
companhia. Com base nos dados da pesquisa realizada, foi possível demonstrar o
que é possível realizar em uma organização tendo no seu quadro de funcionários
colaboradores intraempreendedores.

Palavras-chave: Inovação. Empreendedorismo corporativo. Intraempreendedorismo

ABSTRACT

With the need for growth and innovation of organizations, along with economic
instability, companies constantly need to reinvent themselves, change strategic
planning, thus creating a new market from the change in the profile of an employee

1
to meet the needs of this new type of organization. The main objective of this
research is to present the principle, features, use and effectiveness of corporate
entrepreneurship. According to Alves (2011, apud Brunning et al, 2015 p.46) the term
intrapreneurship appears when corporations identify the need to encourage this
behavior within their organizational structures, that is, it is the entrepreneur who
works within the company. For this study, bibliographic research associated with
interviews was used, in order to deepen the knowledge of the researched topic. What
is fundamental is that bibliographic research allows the researcher to have an
extensive chain of phenomena much larger than that which he could research
directly (GIL, 2002, p.45). The results obtained in this research carried out with the
employees of Serviço Social da Indústria (SESI) de Lajeado demonstrate that
intrapreneurship has the power to transform an organization, as the professionals
who have these characteristics consequently bring significant results to a company.
Based on the research carried out, on the data presented, it was possible to
demonstrate what is possible to accomplish in an organization with
intra-entrepreneurial collaborators on its staff.

Keywords: Innovation. Corporate entrepreneurship. Intrapreneurship.

1 INTRODUÇÃO

Com a necessidade de crescimento e inovação das organizações, juntamente


com a instabilidade econômica, as empresas precisam constantemente se
reinventar, alterar o planejamento estratégico, surgindo assim um novo mercado a
partir da mudança do perfil de um funcionário para atender as necessidades deste
novo tipo de organização.
Assim, surge o intraempreendedorismo ou empreendedorismo corporativo, que
é quando o colaborador age de uma forma empreendedora dentro de uma
organização, gerando ideias, soluções eficazes e inovadoras, apresentando perfil
criativo e proativo.
Trata-se de um processo de identificação de oportunidades e desenvolvimento
delas para criar valor por meio da inovação, realizando assim a valorização do
colaborador, gerando crescimento para a empresa. Mas como o
intraempreendedorismo pode aumentar a produtividade de uma organização?
Os intraempreendedores possuem alta capacidade em assumir riscos,
identificar oportunidades e alto nível de criatividade, conforme Dornelas (2007, p.
13). O colaborador que intraempreende, além de ganhar mais espaço, mais voz na
organização gera para a empresa mais atualidades, crescimento e melhorias no seu
clima organizacional.

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Justifica-se a importância desse tema devido ao grande aumento de
profissionais no empreendedorismo interno em seu ambiente de trabalho, que vem
sendo cada vez mais valorizado e que ganhou mais espaço nas organizações.
Num mercado repleto de constantes inovações, não há mais espaço para
aquelas pessoas que acham que fazendo somente o básico, que estarão com seu
emprego garantido, pois este tipo de profissional está cada vez mais suscetível a
perder seu posto de trabalho (SILVA, 2018).
Foram utilizados os resultados da pesquisa bibliográfica para iniciar uma
discussão sobre o tema, gerando uma conclusão clara e objetiva sobre o aumento
da produtividade por intermédio do empreendedorismo corporativo.

2 OBJETIVOS

O artigo apresentado tem como intuito denotar o princípio, as funcionalidades,


utilização e eficácia do empreendedorismo corporativo em seu ambiente de atuação,
além de propiciar uma consciência sobre o papel do intraempreendedorismo nas
empresas, demonstrando o formato de atuação do profissional intraempreendedor
desde seu início até os dias atuais. Mostrando a tamanha importância que um
colaborador como este possui em uma companhia.

3 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO

Barreto (1998) define o empreendedorismo como a habilidade de se conceber


e estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada.
O empreendedorismo surge antes mesmo de se ter um negócio próprio ou
aplicado em uma determinada empresa, ele vem do interior do indivíduo, que
conforme o passar dos anos ou com experiências vividas acaba por desenvolver tal
atitude.
O conceito de intraempreendedorismo também denominado
empreendedorismo corporativo, foi apresentado em 1985 por Geffard Pinchot III, em

3
sua obra homônima cujo subtítulo dizia: “Porque você não precisa deixar a empresa
para tornar-se um empreendedor” (PINCHOT 1985, apud COELHO, 2013).
Atualmente a ideia de que a pessoa necessita ter seu próprio negócio para
empreender já é considerada ultrapassada.

3.1 UTILIZAÇÃO DO INTRAEMPREENDEDORISMO

De acordo com Alves (2011, apud Brunning et al, 2015 p.46) o termo
intraempreendedorismo surge quando as corporações identificam a necessidade de
incentivar esse comportamento dentro de suas estruturas organizacionais, ou seja,
trata-se do empreendedor que atua dentro da empresa. E é o empregado que
apresenta ideias, soluções e projetos e busca colocá-los em ação, independente do
cargo que ocupa.
O colaborador intraempreendedor possui e adquirem as habilidades e
ferramentas capazes de resolver situações problemas e conflitos, ele expõe suas
ideias e executa projetos de maneira eficaz e congruência.

3.2 EFICÁCIA NAS ORGANIZAÇÕES

O intraempreendedorismo é capaz de recriar uma cultura


organizacional empreendedora, que apresenta as seguintes
características: utilização de tecnologias recentes e de fronteira;
incentivo e encorajamento de novas ideias; divisão do trabalho em
equipes multidisciplinares; lideranças e gestores intermediários que
apoiam e defendem a cultura empreendedora; e finalmente, os
imprescindíveis apoiam a alta administração (MONTENEGRO, 2015).

É perceptível que as organizações necessitam se adequar a este novo tipo de


profissional, de maneira que estejam abertos para assumirem riscos, dando
autonomia aos seus colaboradores, além do investimento em capacitação e
adequação de suas equipes.
A eficácia desta modalidade empreendedora rende às organizações bons
resultados e melhor ambiente organizacional, pois os colaboradores possuem
liberdade para trabalhar de modo adequado.

3.3 AMBIENTE INTRAEMPREENDEDOR


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Uma organização só consegue alcançar a inovação e o
intraempreendedorismo, se for capaz de realizar as seguintes ações:
- “Incentivar e encorajar os colaboradores a desenvolverem e
exporem suas ideias;
- Permitir e incentivar que as ideias sejam levadas adiante,
acompanhando e controlando níveis de risco e custo;
- Garantir o acesso a recursos necessários para a implementação da
ação empreendedora;
- Garantir a liberdade necessária para avaliação, prototipagem e
testagem do empreendedorismo e inovação;
- Aceitar a falha e o erro, compreendendo que são naturais no
processo de implementação da mudança, que envolve subsequentes
tentativas e ajustes;
- “Incentivar e investir na qualificação dos colaboradores
intraempreendedores, de forma a desenvolverem as capacidades
deles e gerar maior comprometimento com os objetivos
organizacionais.”
(PRYOR E SHAY 1993 apud BRUNNING et al, 2015 p.47)

Estes fatores citados são fundamentais para uma atmosfera propícia para
desenvolver e aumentar a capacidade de produtividade do colaborador
intraempreendedor.

4 O INTRAEMPREENDEDORISMO CORPORATIVO NA PRÁTICA

Quem empreende internamente em uma companhia, além de todo o suporte


que a empresa lhe propõe, como a identificação e criação de novas ideias e
oportunidades, o profissional precisa planejar e organizar suas estratégias para
poder colocá-las em prática, pois sem isso a ação não resultará em nenhum
resultado positivo para a organização, pois uma vez que o planejamento se torna
eficaz, logo as chances de se conseguir sucesso em um projeto são grandes.
De modo geral, cada organização tem sua maneira de trabalhar e desenvolver
o intraempreendedorismo, além disso, acabam desenvolvendo um clima
organizacional excelente.
De maneira análoga, cada empresa desenvolve e utiliza formulários
de sugestão de ideias e propostas de melhoria da maneira que
melhor lhe convém. São encontrados desde formulários simplificados,
que solicitam ao colaborador que apenas descreva em linhas gerais a
ideia e a oportunidade identificada, até outros mais detalhados, que
demandam estudo de viabilidade e plano de ação para a
implementação da ideia proposta. (BRUNNING, 2015 p. 58)

Figura 1 – Exemplo de formulário para sugestões de melhorias.

5
Fonte: Círculo Camiliano de Qualidade, 2015.

Pode-se citar alguns exemplos de casos verídicos:

● O Programa Boa Ideia da Embraer, é um programa que foi usado por


30 anos. De acordo com Pereira (2013 apud Brunning et al, 2015 p.59),
o Programa Boa Ideia tem como ponto forte o incentivo às ideias e
sugestões que tragam melhorias ao ambiente de trabalho. Eram feitas
premiações e brindes, além de receberem alguma forma de
reconhecimento para aqueles que tinham as melhores ideias para
melhoria da organização que era realizado em uma plataforma na
internet;
● Programas Caçadores de Oportunidades da Kimberly Clark teve como
6
intuito a redução de custos e despesas bem como a melhoria de
processos produtivos e aprimoramento de produtos onde eram
coletadas as ideias e sugestões dos colaboradores por meio de
formulários. Eram realizados apenas com os colaboradores de baixo
nível gerencial onde eles ganham premiações em dinheiro. Segundo
Manso (2011 apud Brunning et al, 2015 p.59), um dos resultados desse
programa foi uma revisão do planejamento tributário que levou uma
redução de 8% da tributação paga pela a empresa e também a
eliminação de etapas no processo de produção, garantindo maior
eficiência.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste estudo foi utilizada a pesquisa bibliográfica associada a entrevistas


realizadas em artigo científico, entrevistas estas que foram realizadas com 67
clientes do SESI de Lajeado com o objetivo de aprofundar o conhecimento do tema
pesquisado. A pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador um embasamento
teórico ou referencial teórico de pesquisa já existentes, de forma a apoiar a
pesquisa, aprofundando o conhecimento teórico que vem sendo discutido sobre o
assunto pesquisado.
Segundo Cervo e Bervian (1986) pesquisas bibliográficas são aquelas que
visam esclarecer um problema através de referências que estão publicadas em
documentos, buscando-se analisar e concluir os objetivos traçados. O material para
pesquisa envolveu livros, revistas, artigos científicos, jornais, teses e web sites,
buscando verificar quais as conquistas, dificuldades e caminhos que a mulher tem
buscado para conciliar a carreira com a vida materna.
O fundamental é que a pesquisa bibliográfica permite que o pesquisador tenha
uma extensa cadeia de fenômenos bem maior do que aquela que poderia pesquisar
diretamente (GIL, 2002, p.45).
Quanto à abordagem optou-se pela qualitativa, pois os estudos qualitativos
podem descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas
variáveis, compreender e classificar os processos dinâmicos vividos por grupos
sociais, contribuir no processo de mudança de dado grupo e possibilitar, em maior

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nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos
indivíduos (DIEHL e TATIM, 2004, p.52). 
A abordagem qualitativa objetivou compreender as características dos
profissionais de uma determinada região e empresa, para saber dos impactos dos
mesmos na sua área de atuação, visto que a abordagem qualitativa possibilita maior
nível de profundidade no entendimento do comportamento dos indivíduos bem como
descrever a complexidade de um determinado problema.

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante dos dados bibliográficos levantados e apresentados, é possível


observar que quando o profissional é explorado, ouvido, valorizado e possui muitas
ou até poucas ferramentas, seu processo de aumento de capacidade
empreendedora é alcançado e se torna eficaz.

Gráfico 1: Características empreendedoras

Fonte: Casagrande, Regina, 2016.

Segundo Haschimoto (2006, apud Casagrande 2016 p.29), o profissional


intraempreendedor está sempre em busca de melhorias, sempre inconformado com
a situação atual, tem paixão pelo que faz e está sempre atento a novas ideias.

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Os resultados obtidos nesta pesquisa realizada com os colaboradores do
SESI de Lajeado demonstram que o intraempreendedorismo tem o poder de
transformar uma organização, pois os profissionais que possuem essas
características consequentemente trazem resultados significativos para uma
companhia, como no exemplo de um dos resultados obtidos pela Kimberly Clark, no
qual ficou comprovado que através de ações intraempreendedoras é possível
aumentar a capacidade produtiva de uma organização.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados apresentados, foi possível demonstrar oque é possível
realizar em uma organização tendo no seu quadro de funcionários colaboradores
intraempreendedores.
Observou se que empresas que possuem este tipo de colaborador, o bônus
acaba de tornando maior que o ônus em sua maioria, pois a empresa que escuta
seu colaborador absorve a ideia dele e ajuda – a colocar em prática, faz com que o
profissional se sinta valorizado, fazendo com que o funcionário sinta- se cada vez
mais engajado e encorajado a colaborar com a empresa, resultando em crescimento
da mesma e até a melhora de seu clima organizacional.
Cabe além das organizações, que a sociedade valorize este tipo de
profissional tão importante.

7 REFERÊNCIAS

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intraempreendedorismo.
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/31420/pdf/54. Acesso em
01/11/2020.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron,


1986. Acesso em 11/11/2020.

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CORDEIRO, Luana. Intraempreendedorismo, uma nova estratégia para a
inovação das organizações.
https://administradores.com.br/artigos/intraempreendedorismo-uma-nova-estrategia-
para-a-inovacao-das-organizacoes. Acesso em: 05/03/2020.
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DIEHL, Astor Antônio; TATIM, Denise Carvalho. Pesquisa em Ciências Sociais
Aplicadas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2004.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. Acesso
em 11/11/2020.

LANA, Bruno. Intraempreendedorismo: uma análise das percepções do gestor


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http://www.fumec.br/anexos/cursos/mestrado/dissertacoes/completa/bruno_maia_her
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REGAZZI, Renato. Intraempreendedorismo e inovação.


https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/88bf7
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CASAGRANDE, Regina. Estudo de caso: como o intraempreendedorismo e a


comunicação podem influenciar na prestação de serviços na unidade do Sesi
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