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EMPREENDEDORISMO E EMPREGABILIDADE

MATERIAL DIDÁTICO DA AULA 02

PROFESSOR GILMAR SARMENTO

MITOS E VERDADES SOBRE O EMPREENDEDORISMO

DIFERENÇA ENTRE ADMINISTRADOR/EMPRESÁRIO E EMPREENDEDOR

Hampton (1991) propôs um modelo geral que resume as principais abordagens existentes para
se entender o trabalho do administrador. A abordagem clássica ou processual, com foco na
impessoalidade, na organização e na hierarquia, sendo um trabalho concentrado nos atos de planejar,
organizar, dirigir e controlar. Outra abordagem compara as semelhanças entre administradores e
empreendedores, já que compartilham de três características principais: demandas, restrições e
alternativas. As demandam especificam o que tem de ser feito. Restrições são os fatores internos e
externos da organização que limitam o que o responsável pelo trabalho administrativo pode fazer. As
alternativas identificam as opções que o responsável tem na determinação do que e de como fazer.
Hampton (1991) afirma que os administradores diferem em dois aspectos: o nível que eles
ocupam na hierarquia, que define como os processos administrativos são alcançados; e o conhecimento
que detém, segundo o qual são funcionais ou gerenciais. Já abordagem da agenda, onde os
administradores modificam metas e planos para sua organização e desenvolvem redes de
relacionamentos cooperativos para implementá-los.
Mintzberg (1986) propôs uma abordagem sobre os papéis dos gerentes: interpessoais,
informacionais e decisórios. Esses papéis dos gerentes podem variar dependendo de seu nível na
organização, sendo mais ou menos evidente um ou outro papel.

Quadro – Comparação das quatro abordagens do papel do administrador


ABORDAGENS
Restrições, demandas e Papéis Agenda
Processo
escolhas (STEWART) (MINTZBERG) (KOTLER)
Pessoalidade Fraco Forte Forte Forte
Uso do relacionamento
Fraco - Forte Forte
interpessoal
Foco nas organizações
Forte Fraco Médio Médio
e ações conjuntas
Utilização de hierarquia Forte Forte Médio Médio
Fonte: Dornelas (2008)

Outro fator que diferencia o empreendedor do administrador é o constante planejamento a partir


de uma visão de futuro. Esse talvez seja o grande paradoxo a ser analisado já que o ato de planejar é
considerado uma das funções básicas do administrador desde os tempos de Fayol. Então o
empreendedor é um administrador completo que incorpora as várias abordagens existentes sem se
restringir a apenas uma delas e interage com seu ambiente para tomar as melhores decisões.

➢ Mitos sobre empreendedores


O primeiro mito é que os empreendedores são natos, nascem para o sucesso. A realidade é que
enquanto a maioria dos empreendedores nasce com um certo nível de inteligência, empreendedores de
sucesso acumulam habilidades relevantes, experiências e contatos com o passar dos anos. A
capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o tempo.
O segundo mito é que os empreendedores são “jogadores” que assumem riscos altíssimos. Mas
a realidade é que os empreendedores tomam riscos calculados, evitam riscos desnecessários,
compartilham o risco com outros e dividem o risco em “partes menores”.
Por fim, o terceiro mito fala que os empreendedores são “lobos solitários” e não conseguem
trabalhar em equipe. A realidade é justamente o contrário, empreendedores são ótimos líderes,
costumam criar times/equipes e desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas,
parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros.

TIPOS DE EMPREENDEDORES

Segundo Julien (2010), pode-se observar vários tipos de empreendedores, a saber:

• Empreendedor de reprodução: muda pouco e cria pouco valor. Esse tipo de empreendedor concentra-
se em reproduzir o que já viu em outro lugar ou em experiência já vivenciada em outra empresa,
assumindo novas responsabilidades, com gestão tradicional.
• Empreendedor de imitação: cria pouco valor, mas é influenciado por outros empreendedores para
criação com a criação de redes, novas estratégias e adaptação do negócio.
• Empreendedor de valorização: desenvolve rotinas de gestão e garante a fidelidade de seus clientes,
procede importantes mudanças e adota estratégias ativas.
• Empreendedor de aventura: cria empresas inovadoras, mas de risco. O valor criado pode ser
vanguarda para formação de um novo setor.

A abordagem contemporânea engloba compreensões multidisciplinares, atribuindo ao


empreendedor o papel de ator na sociedade, capaz de construir e desenvolver novas oportunidades de
negócios, utilizando-se de recursos pessoais e sociais. Eles agem na incerteza, munidos de habilidades
e de motivações, criando diferentes formas de negócios, desde a imitação até a inovação (MACHADO;
NASSIF, 2014).

EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO

Sendo o empreendedorismo e inovação conceitos relacionados a criação de algo novo, de


acordo com Schumpeter (1934), a evolução desses dois conceitos depende das alterações tecnológicas
ao longo dos anos. Segundo Schumpeter, os cinco tipos de inovação são:

• Nova organização.
• Novo produto.
• Novo processo.
• Novo mercado.
• Nova fonte de matérias-primas.

A inovação, segundo Pinchot (1987), é necessária como fator diferencial na oferta, como meio
de localizar e preencher nichos ainda não ocupados no mercado e como forma de manter-se atualizado
em relação à produtividade da concorrência. De acordo com Drucker (1985), uma inovação é a função
específica do empreendedorismo, independentemente de acontecer num negócio já existente ou num
serviço público e abarca mesmo a atitude individual para inovar ao nível pessoal. Trata-se de um meio
através do qual o empreendedor cria valor.

PROCESSO DE EMPREENDER
Segundo Fernandes (2012), a ação de empreender é mais do que uma atitude isolada sem
consequências ou efeitos. Trata-se de um processo complexo que se divide em etapas distintas, nas
quais se dá maior ou menor importância aos fatores envolvidos.
O processo empreendedor envolve todas as funções, atividades e ações associadas a
oportunidades deletadas e à criação de organizações para aproveitar essas mesmas oportunidades
(SARKAR, 2007 apud FERNANDES, 2012).
O processo de empreender considera três fatores fundamentais: reconhecimento de
oportunidade (inovação), recursos humanos (empreendedor/es) e recursos materiais.

Figura – Processo de Empreender. Fonte: adaptado de Timmons (1994) – New Venture Creation.

Segundo Fernandes (2012), a ação de empreender é mais do que uma atitude isolada sem
consequências ou efeitos. Trata-se de um processo complexo que se divide em etapas distintas, nas
quais se dá maior ou menor importância aos fatores envolvidos. O processo empreendedor envolve todas
as funções, atividades e ações associadas às oportunidades detectadas e a criação de organizações
para aproveitar essas mesmas oportunidades.
Hirish e Peters (1998) consideram como importantes as fases da identificação e avaliação de
oportunidades, desenvolvimento do plano de negócios, determinação e captação de recursos e a gestão
desses mesmos recursos, como pode ser visto na figura abaixo.
Figura – Processo empreendedor

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 3. Ed. 2º


reimpressão – Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

FERNANDES, Juliana Carina Camilo. Empreendedorismo e atitude inovadora nas empresas:


estudo de caso aplicados à hotelaria. Dissertação de mestrado. Setúbal, 2012.

JULIEN, P. A. Empreendedorismo regional e economia do conhecimento. São Paulo: Saraiva,


2010.

KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 15º edição. Pearson University, 2014.
MACHADO, H. P. V.; NASSIF; V. M. J. Entrepreneurs: reflections on historical and contemporary
concepts. Rev. Adm. Contemp. Vol. 18 nº6 Curitiba Nov/Dez, 2014.

MINTZBERG, H. et al. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecionados.


(Luciana de Oliveira da Rocha, trad.). Porto Alegre: Artmed, 2007.

SCHUMPETER, J. The Theory of Economic Development. Cambridge, MA: Harvard University


Press, 1934.

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