Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LEAL, Adriana Pinheiro [1], BICALHO, Rachel Ferreira Sette [2], SANCHES, Vander
Lúcio [3], MELO, Alan da Silva [4], MATOS, Salete [5], ANDRADE, Raquel Pessoa [6],
RIBEIRO, Kátia Glê Sanches [7]
Contents [hide]
Resumo
INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 perspectivas teóricas acerca das competências empreendedoras
2.2 O perfil do empreendedor
2.3 As necessidades do empreendedor
2.4 A importância das competências empreendedoras para as organizações
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Resumo
O presente artigo discorre acerca das competências empreendedoras e suas vertentes
aplicadas ao empreendedorismo. Tendo como cenário a contemporaneidade, bem como
suas especificidades, não poderíamos deixar de tratar o estudo como um debate atual,
procurando inserir o tema abordado no momento em que nos situamos economicamente.
Identifica-se a preocupação crescente por parte das organizações em desenvolver as
competências das pessoas que nelas atuam. Como o empreendedor muitas vezes está
inserido na lógica das organizações, cabe estudar o perfil do empreendedor, suas
necessidades e contribuições para a organização bem como para o empreendedorismo.
As pessoas que fazem parte do mundo empreendedor terão que ser preparadas para
enfrentar o mundo globalizado e informacional, ato que requer tanto o saber fazer, como
o saber ser. Tais elementos são determinantes de sobrevivência na atualidade,
contextualizada no aprender a aprender, é a possibilidade de gerar crescimento
organizacional por meio de recursos que contribuem para a formação de competências
(DEMO, 1994).
Instituir perfil é uma prática valorizada nos estudos que dizem respeito ao
empreendedorismo, na qual geralmente os perfis são positivamente associados ao êxito
dos empreendedores. Percebe-se uma concordância por parte dos cientistas sobre as
características dos empreendedores de sucesso: traço de personalidade, atitudes e
comportamentos que contribuem para alcançar o êxito nos negócios. Para Pereira e
Santos (1995, p. 45), “toda pessoa é fruto de uma relação constante entre talentos e
características que herdou e os vários meios que freqüentou durante a vida.” Sob esta
ótica, cabe inferir que os empreendedores trazem consigo marcas da vivência dos mais
variados ambientes pelo quais circulou, tais como escola, família, círculo de amizade e
sua leitura da sociedade.
Para Filion (1991) outro aspecto a ser abordado no contexto familiar propício ao
surgimento de empreendedores, são as chamadas diretrizes psicológicas, ou seja,
comportamentos, atitudes absorvidas pelas crianças através dos pais e demais pessoas
com as quais convive.
Mais pelo comportamento do que pelas palavras, os pais ensinam os filhos, ainda muito
pequenos, como encarar a vida em geral, o trabalho, as relações pessoais (…). No caso
de empreendedores é bem provável que muitos tenham recebido na infância, mensagens
apontando para a crença de que teriam de lutar por tudo que quisessem conquistar na
vida (OLIVEIRA, 1995, p. 146).
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 perspectivas teóricas acerca das competências
empreendedoras
De acordo com Luz (2000), o conceito de competências
Para Fleury e Fleury (2001, p. 21) a competência é conceitualizada como “um saber agir
responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,
recursos, habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao
indivíduo”. Tendo este conceito como norte, pode-se inferir que é necessário integrar
habilidades, conhecimentos e atitudes para gerar melhor desempenho à organização
gerando, assim, as competências.
Dimensões da
Definições
competência
Ação de reconhecimento de uma oportunidade de negócios, seja
Competência de este uma nova atividade a ser desenvolvida pela empresa, uma
Oportunidade nova maneira de inserção de produtos/serviços já existentes, ou
mesmo uma nova empresa.
O relacionamento em rede é reconhecido como uma ação
fundamental para o desenvolvimento profissional. Ela demanda
Competência de
do empreender a capacidade de criação e fortalecimento de uma
Relacionamento
imagem de confiança, uma boa reputação, compromisso e
conduta junto a redes de relacionamentos.
Indica que os empreendedores são hábeis observadores tanto
das oportunidades do ambiente externo quanto dos aspectos
Competências internos da organização. Eles desenvolvem ações velozes e
conceituais intuitivas. Paralelamente, são capazes de perceber situações por
ângulos diferentes e de forma positiva, encontrando alternativas
inovadoras.
Compreendida como a eficácia em buscar e alocar talentos,
Competências recursos físicos, financeiros e tecnológicos eficientemente. Este
administrativas processo se desdobra nos mecanismos de planejamento,
organização, liderança, motivação, delegação e controle.
Relaciona-se às ações de escolha e implementação de
estratégias organizacionais e constituem uma área importante
Competências
do comportamento empreendedor. Refere-se tanto a
estratégicas
visualização de panoramas de longo prazo como ao
planejamento de objetivos e posicionamentos de médio prazo.
Estão relacionadas à manutenção da dedicação ao negócio,
sobretudo em situações adversas. Isto pode ser ilustrado pela
Competências de devoção ao trabalho árduo e pelo desejo de alcançar objetivos
comprometimento de longo prazo em detrimento dos ganhos de curto prazo.
Podem estar vinculadas a outras motivações como senso de
responsabilidade e manutenção de crenças e valores pessoais.
As ações de manutenção do equilíbrio entre vida pessoal e
Competências de
profissional repercutem significativamente na organização e na
equilíbrio
vida dos dirigentes na medida em que se adota uma postura
trabalho/vida
“ganha-ganha” onde uma não está em detrimento da outra.
Segundo Robbins (2001), o empreendedorismo se caracteriza por ser uma ação por
meio da qual os sujeitos procuram chances, organizando as soluções imprescindíveis
para abrir seus próprios negócios e assumindo os riscos e recompensas desta ação, de
modo a atender às suas aspirações. Assim,
são indivíduos que fazem diferença, pois são capazes de transformar uma idéia em
realidade, sabem explorar o máximo as oportunidades, são determinados e dinâmicos
pelo fato de estarem sempre ultrapassando os obstáculos, são otimistas e apaixonados
pelo que fazem, são dedicados, são independentes e constroem seu próprio destino, são
líderes e formadores de equipes, são bem relacionados porque sabem construir uma rede
de contatos que os auxiliam nos ambientes internos e externos da empresa, são
organizados, planejam cada passo de suas atividades no negócio em que estão
envolvidos, possuem conhecimento, pois sabem que quanto maior o domínio sobre um
ramo de negócio, maior a chance de êxito, assumem riscos calculados, avaliando as
reais chances de sucesso e criam valor para a sociedade, gerando emprego e
dinamizando a economia (DORNELAS, 2003, pp 63-64).
Dolabela (1999, p. 38) define que “é empreendedor, em qualquer área, alguém que
sonha e busca transformar seu sonho em realidade”. Portanto, podemos encontrar
empreendedores em quaisquer áreas de atuação, desde que sonhos e desejos dêem lugar
à concretização, gerando oportunidade e, por conseguintes projetos passíveis de
concretização.
Segundo Dornelas (2003), existe uma necessidade de fortalecimento dos laços entre os
atores e a organização, de forma a facilitar o acesso a novos recursos e mercados para
que se possa garantir a sustentabilidade do empreendimento. Isso exige, em
contrapartida, o desenvolvimento de um perfil empreendedor.
De acordo com Dutra (2001), fatores como o agravamento do quadro recessivo, junto ao
mercado emergente da globalização da economia, favorecem a abertura de mercado à
competição internacional, e vêm forçando as empresas a repensarem suas estruturas
organizacionais e suas estratégias de negócio. A reestruturação organizacional traz
elementos de racionalização, os quais têm introduzido novas técnicas administrativas –
Qualidade Total, Reengenharia, etc. Hoje, o novo cenário privilegia a tecnologia, a
flexibilidade, a agilidade, a participação, o enriquecimento das tarefas (também
chamado de empowerment) e o trabalho em grupo. Surgem novas tendências em relação
ao trabalho – abstrato, intelectualizado, autônomo, coletivo e complexo. Passa-se a
requerer qualificação profissional, com trabalhadores atualizados, mais experientes,
com ampla formação e conhecimentos diversos.
Para ser bem-sucedido na carreira é preciso algo mais. O novo profissional deve ter em
mente que o aprendizado deve ser contínuo. O empreendedor deve estar em constante
aprendizado e inovação, pois as características empreendedoras podem ser
desenvolvidas, não necessariamente são natas, conforme afirma Souza (2001): “a
formação empreendedora baseia-se no desenvolvimento do autoconhecimento com
ênfase na perseverança, na imaginação, na criatividade associadas à inovação”.
A capacidade de adaptação é fundamental. A avaliação de desempenho para os cargos
leva em conta o grau de resiliência do profissional, ou seja, sua capacidade de adaptar-
se a mudanças com o mínimo impacto e a mínima perda de qualidade e produtividade
(DUTRA, 2001).
Robbins (2001) coloca que há seis traços de personalidade que ajudam a desenvolver
este perfil: (1) necessidade de realização; (2) capacidade de controlar o próprio destino;
(3) disponibilidade para correr riscos calculados; (4) energia para dar conta dos
obstáculos e das grandes jornadas de trabalho; (5) urgência em resolver as coisas de
modo rápido; (6) boa convivência com incertezas e situações de pouca estrutura.
Dutra (2001) coloca que um sujeito empreendedor é aquele dotado de uma capacidade
de transmutar um conceito em realidade, em quaisquer esferas, desde a vida privada até
dentro da organização. Coadunando com Dutra (2001), Zuany et al (2010) dizem:
Segundo Dutra (2001), pesquisas realizadas por Hornaday (1982), Timmons (1994),
McClelland (1961), e Schumpeter (1978) foram respeitáveis por causa de seus subsídios
no que tange a traçar o perfil do indivíduo empreendedor, conforme apresentado no
quadro 3.
HORNADAY e
SCHUMPETER MCCLELLAND
TIMMONS
• Tem iniciativa; • Tem iniciativa; • Tem iniciativa,
autonomia, autoconfiança,
• Tem independência de • Tem independência e otimismo, necessidade de
pensamento e ação; autoconfiança, tendo seu realização;
próprio conjunto de valores e
• Possui autoridade; lidera normas. Não desanima ante as • É líder; traduz
mais pela vontade do que dificuldades e acredita em sua pensamentos em ações;
pelo intelecto, capaz de capacidade de vencer os
conduzir os meios de • Sabe buscar, utilizar e
produção para novos canais; obstáculos; controlar recursos;
• Assume riscos
moderados;
• Corre riscos calculados
‘educar’ os consumidores ou
procurando ter controle sobre
de ‘ensiná-los’ a desejar • Cria situações para obter
fatores de sucesso
novas coisas. informações e
empresarial;
aprimoramento;
Sampaio (2009) diz que a motivação tratada por Maslow está associada a um objetivo e
que este mesmo objetivo gera um incômodo até que seja atingido. Desta forma para
atingir os aspectos ligados à motivação, compreende-se, ao contrário do que se encontra
na maioria das publicações acerca do comportamento organizacional, as sete categorias
que englobam o que é denominado por Maslow como necessidades básicas,
classificadas a partir de sua finalidade, a saber:
Necessidades Definições
Necessidades Impulsos acrescidos da dinâmica da homeostase e da idéia de
Fisiológicas apetite.
Necessidades de
Entende-se a ausência de ameaças percebidas no ambiente.
Segurança
Compartilhamento de afeto com pessoas em um círculo de
amizade e intimidade. Embora a sexualidade possa fazer parte
Necessidades de
do contexto de intimidade, o conceito de amor não se reduz ao
Pertença e de Amor
de sexo. Este último pode fazer parte das necessidades
fisiológicas.
Compreendem a imagem que a pessoa tem de si e o desejo de
obter a estima dos outros. São divididas em dois conjuntos: o
Necessidades de
desejo de realização, adequação, maestria e competência e a
Estima
busca de reputação ou prestígio, status, reconhecimento,
atenção, importância ou apreciação.
Necessidades de Compreendem a idéia de que as pessoas têm um potencial
Autorrealização interno que necessita tornar-se ato.
Necessidade de Desejo de entender, sistematizar, organizar, analisar, procurar
Conhecer (desejos de por relações e significados, de construir um sistema de
saber e de entender) valores, segundo Maslow (1954, p.97).
Impulsos à beleza, à simetria e, possivelmente à simplicidade,
Necessidades Estéticas
à intereza e à ordem.
Sampaio (2009) ressalta que as duas últimas necessidades descritas por Maslow são
negligenciadas por muitos autores tomando como verdade a pirâmide abaixo (figura 1),
que muitas vezes, equivocadamente, segue como referência na descrição das
necessidades elencadas por Maslow, na qual encontramos em sua base as necessidades
fisiológicas, que são as necessidades básicas para a manutenção da vida – alimento,
roupa, abrigo. Até que esta necessidade seja satisfeita, o indivíduo não almejará as
seguintes: necessidade de segurança, necessidade de social, necessidade de estima,
necessidade de auto-realização. À medida que as necessidades básicas são atendidas
outras tornarão importantes a ponto de motivar o comportamento do indivíduo.
Fonte:
Wikipedia.org.pt
Isto posto, conforme Sampaio (2009), Maslow desenvolveu uma teoria dinâmica, uma
teoria da preponderância hierárquica das necessidades e não uma teoria mecanicista da
hierarquia das necessidades. Necessidades básicas estão hierarquizadas, mas a
hierarquia não é universal nem rígida (SAMPAIO, 2009).
“Nós falamos muito de como esta hierarquia possui uma ordem fixa, mas finalmente
isto não é tão rígido como nós sugerimos. É verdade que a maioria das pessoas com que
temos trabalhado parecem ter as necessidades na ordem que foi indicada. Contudo há
várias exceções” (MASLOW, 1954, p.98).
Para Sampaio (2009) a motivação depende dos talentos e das características de cada
pessoa. Salienta ainda que pessoas autorrealizadas valorizam a criatividade e autonomia
no trabalho e o trabalho autorrealizador possibilita à pessoa sentir-se importante e
identificada com causas e trabalhos importantes. Desta forma pode-se inferir o anseio
do empreendedor de se autorrealizar e de suprir sua necessidade de estima, o que
determinaria comportamentos que o moveria para o êxito em seus empreendimentos.
Nos últimos anos, o tema competência tornou-se uma constante na pauta das discussões
acadêmicas e organizacionais. No âmbito das organizações, esta discussão justifica-se
pela crescente modificação contextual que vem ocorrendo diante dos processos de
globalização e competição acirrada. Muitos autores debatem o tema. Para os experts, a
lógica da competência vem acompanhar as transformações em curso na organização do
trabalho, particularmente no que se refere ao crescente uso dos trabalhos em grupo, das
redes e das novas tecnologias de informação e comunicação (FLEURY & FLEURY,
2001).
Segundo Braga (2003), as organizações estão cada vez mais direcionando seus
investimentos em desenvolvimento humano para ações que agreguem valor para a
empresa e também para as pessoas. Assim, há um movimento de busca de sistemas de
gestão que possam assegurar estes resultados. Os novos sistemas, em fase avançada de
desenvolvimento, adotam a lógica da competência, diferente do modelo anterior
baseado na noção de qualificações, que reflete principalmente a formação adquirida
pelos trabalhadores no sistema formal de educação. Já o novo modelo busca expressar e
valorizar o conjunto de saberes e competências consolidados na trajetória de vida
profissional do indivíduo.
Finalmente, a habilidade conceitual, que pode também ser entendida como visão
sistêmica e que envolve a habilidade de visualizar a organização como um conjunto
integrado, implica na capacidade de se posicionar no ponto de vista da organização,
perceber como as várias funções são interdependentes e como uma alteração em uma
delas afeta todas as demais. Implica ainda na capacidade de visualizar a organização
dentro do seu ambiente externo, e compreender as forças políticas, econômicas,
tecnológicas e sociais que atuam sobre ela. Implica, não só em reconhecer essas
relações, mas em saber destacar os elementos significativos em cada situação, e em
identificar a alternativa mais adequada para ação ou decisão, considerando todos os
aspectos acima (GUEDES, 2004, p. 79).
Onde quer que a cooperação das pessoas no intuito de alcançar um ou mais objetivos
comuns se torne organizada e formal, o componente essencial e fundamental dessa
associação é o empreendedorismo – a função de conseguir fazer as coisas por meio das
pessoas com os melhores resultados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que as culturas organizacionais desenvolvem configurações de sistemas
operacionais e processos a partir das próprias habilidades, admite-se que esse complexo
se constitui, ou não, em vantagens competitivas para a organização, dependendo, para
tanto, do posicionamento da administração em relação à estratégia de ação e gestão
administrativa que compreender mais eficiente e eficaz para aquela organização.
No entanto, para que esse processo ocorra é necessário que as organizações se dêem
conta de suas habilidades e conhecimentos. Para estas descobertas, a organização
precisa desnudar-se do que pensa que sabe a respeito de si própria, e adotar franca
postura de mensuração de sua cultura organizacional através do uso de ferramentas mais
adequadas a ela.
REFERÊNCIAS
ARGYRIS, C. Skilled Incompetence. Harward Business Review, sep-oct, 1986. pp. 74-
79.
_________, Motivation and personality. New York: Harper & Brothers, 1954.
PEREIRA, H. J.; SANTOS, S. A. Criando seu próprio negócio. São Paulo: USP, 1995.
SHEEDY, E. Guia do empreendedor para fazer a empresa crescer. São Paulo: Nobel,
1996.