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RESUMO
Este estudo buscou, essencialmente, fazer uma revisão dos conceitos e formas de
empreender dentro das empresas, ou seja, do empreendedorismo corporativo. O resultado
apontou definições diferentes com usos diversos, porém dentro de contextos iguais: a
empresa. Em um segundo momento buscou-se resgatar uma comparação com os
empreendedores que atuam de forma independente em seus próprios negócios, para
melhor fixação das diferenças e semelhanças das duas principais vertentes do
empreendedorismo.
ABSTRACT
This study sought primarily to review the concepts and ways to undertake within companies,
or of corporate entrepreneurship. The result showed different definitions in different uses, but
within the same contexts: the company. In a second step we attempted to rescue a
comparison with the entrepreneurs who operate independently in their own businesses, to
improve fixation of the differences and similarities of the two main strands of
entrepreneurship.
Kuratko, Ireland e Hornsby (2001) enfatizam que ocorreu uma revolução ao longo
das décadas de 80 e 90 sobre o valor das ações empreendedoras como contribuinte para o
desempenho das empresas. Foi um período no qual as empresas estavam redefinindo seus
negócios enquanto pensavam em como usar melhor seus recursos humanos e aprendiam a
competir na economia global. Salientam ainda que algumas das companhias mais
conhecidas do mundo tiveram que suportar transformações para ficarem mais
empreendedoras, através de anos de reorganização e reestruturação promovendo
mudanças na identidade ou cultura destas empresas, enquanto fundiam em seu cotidiano o
novo espírito empreendedor ao longo de suas operações.
Diante do quadro exposto, este estudo tem por objetivo fazer uma contemplação
das principais contribuições teóricas a cerca do empreendedorismo corporativo
(intraempreendedorismo), elencando suas principais definições e formas assim como suas
principais diferenças e semelhanças com o empreendedorismo, ou seja, aqueles que abrem
seu próprio negócio.
2. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO
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quando inseridas em ambientes competitivos que desafiam o gerenciamento tradicional
frente as descontinuidades criadas pela economia global, alta volatilidade, hipercompetição,
mudanças demográficas, competição baseada no conhecimento e desaparecimento de
setores acompanhado pelo enorme crescimento de outros (DESS; LUMPKIN; COVIN,
1997).
Durante a década de 80 ao longo dos anos 90 houve uma revolução sobre o valor
das ações empreendedoras como contribuinte para o desempenho das empresas. Foi um
período no qual as empresas estavam redefinindo seus negócios enquanto pensavam em
como usar melhor seus recursos humanos e aprendiam a competir na economia global
(KURATKO; MONTAGNO; HORNSBY, 1990). Grandes empresas como IBM e Siemens
passaram a enfrentar grandes dificuldades para competir com novas empresas mais rápidas
e oportunistas, desafiando-as com preços menores, novos designs e desenvolvimento de
produtos de forma rápida. Apesar deste declínio ter sido mais acentuado na indústria, o
setor financeiro também se viu atingido por competidores ágeis, no qual diversos bancos
tiveram que comprar seus novos rivais mais eficazes para sobreviver (THORNBERRY,
2003). Desta forma, algumas das companhias mais conhecidas do mundo tiveram que
suportar transformações para superar tais problemas e ficarem mais empreendedoras,
através de anos de reorganização e reestruturação promovendo mudanças na identidade ou
cultura destas empresas, enquanto fundiam em seu cotidiano o novo espírito empreendedor
ao longo de suas operações.
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básico de transformar estas ações em lucros para a organização, no qual recebe um
especial destaque o papel do líder, responsável por orientar e estimular todo esse processo
em seus funcionários (DORNELAS, 2003). Se a organização não tiver uma liderança bem
estabelecida em todos os seus níveis, que permita uma integração vertical e horizontal,
idéias inovadoras, que porventura surjam, poderão encontrar resistência nos demais setores
da empresa e não serem implantadas e, consequentemente, não obter ganhos para a
empresa (MINTZBERG, 1995).
3. METODOLOGIA
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Dentre as várias definições ou termos usados nas pesquisas, os utilizados com
maior freqüência e que recebem maior destaque são: empreendedorismo corporativo
(ZAHRA; COVIN, 1995; SHARMA; CHRISMAN, 1999; DORNELAS, 2003) e
intraempreendedorismo (ANTONCIC; HIRISCH, 2003; CARRIER, 1996; McGINNIS;
VERNEY, 1987; LUCHSINGER; BAGBY, 1987; PINCHOT III, 1989). Sharma e Chrisman
(1999) e Ferreira (2001) ainda identificam outros termos utilizados na literatura, como:
empreendedorismo corporativo interno, empreendedorismo interno, empreendimento
corporativo, renovação estratégica, negócios corporativos, administração de negócios,
novos negócios, corporate venturing ou apenas venturing. A definição utilizada com maior
freqüência é empreendedorismo corporativo. No entanto, citações e exemplificações de
outros autores que utilizam outras denominações, como as citadas acima serão ainda
discorridas.
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organizações com altos lucros podem buscar processos intraempreendedores, mas também
as pequenas empresas. Estas são um dos principais embriões de empreendedorismo
corporativo, mas que ficam um pouco de lado, visto que as pesquisas priorizam o estudo
deste fenômeno em organizações de maior porte.
Empreendedorismo
Corporativo
Dentro da Fora da
Organização Organização
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sob a forma de spin-offs, joint-ventures com outras empresas ou mesmo via investimentos
de capital de risco. Desta forma, o novo projeto ou negócio possui, em última instância,
regras próprias e é mais autônomo, não seguindo as regras preexistentes na corporação em
que foi gerado (DORNELAS, 2003).
Barringer e Bluendorn (1999) contribuem às teorias com uma posição mais peculiar
ao dizerem que o empreendedorismo corporativo é um fenômeno de comportamento no
qual todas as empresas se posicionam dentro de um continuum que se enquadra de
altamente conservador a altamente empreendedor. Empresas empreendedoras são
tomadoras de risco, inovadoras e pró-ativas enquanto que empresas conservadoras são
adversas ao risco, menos inovadoras e adotam o “esperar pra ver”. O posicionamento da
empresa neste continuum é chamado de intensidade empreendedora, que vai atuar como
um termômetro da capacidade competitiva da organização dentro de um ambiente
turbulento.
Ao voltar-se o olhar apenas para a variável da inovação, nota-se que esta é uma
das principais chaves do desenvolvimento da capacidade empreendedora, possibilitando às
organizações explorar e desenvolver processos inovadores. Em função de tamanha
importância, crescentes esforços estão sendo dirigidos para o entendimento de como
efetivamente gerenciar o processo de criação de inovação nas empresas (ARTZ; NORMAN,
2001). Mintzberg (1995) afirma que a estrutura adhocrática é a que mais estimula e propicia
a inovação, dentre as cinco configurações organizacionais que analisa em seus estudos.
Caracteriza essa configuração como sendo uma estrutura orgânica, com pouca formalização
de comportamento, grande especialização horizontal do trabalho baseada no treinamento
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formal, tendência para agrupar os especialistas em equipes funcionais, interligadas entre si
e descentralizadas, as quais são localizadas em diversos pontos da organização e envolvem
várias combinações de gerentes de linha e técnicos de assessoria e operação. O autor
ainda salienta que a chamada estrutura simples também permite a inovação, mas é uma
inovação limitada a ambientes simples.
Para Zahra e Covin (1995, p.47), a busca por inovações como fonte de vantagem
competitiva pelas empresas é uma das razões para se esperar uma relação positiva e
crescente entre atividades de empreendedorismo corporativo e a performance da empresa.
E concluem: “Companhias inovadoras frequentemente se desenvolvem de maneira mais
forte, com uma reputação de mercado positiva que assegura a lealdade do consumidor. Eles
também monitoram mudanças no mercado e respondem mais rapidamente, capitalizando as
oportunidades emergentes, (...) empresas empreendedoras sustentadas na inovação podem
aumentar a distância de seus rivais”.
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tomador de risco. Mas, atualmente, o foco desta discussão tem mudado em direção ao
entendimento de como os empreendedores têm gerenciado o risco inerente em uma
oportunidade empreendedora (BUSENITZ; BARNEY, 1997).
Dornelas (2003), por sua vez, apresenta uma matriz que permite classificar os
indivíduos em empreendedores, inventores e gerentes, conforme figura abaixo:
Alta
Inventor Empreendedor
Criatividade e
inovação
Baixa Alta
Habilidades gerenciais e know-how em negócios
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estas são mais sutis, visto que ambos possuem as características do perfil e comportamento
empreendedor, mas ainda assim algumas diferenças podem ser detectadas. A diferença
essencial é que enquanto um empreende um negócio próprio, o empreendedor corporativo
empreende um negócio dentro de uma organização (CARTON; HOFER; MEEKS, 1998),
seja buscando inovações por meio de novos projetos, novas estruturas, novos negócios, ou
até a busca por uma renovação estratégica (DORNELAS, 2003). Pinchot III (1989) também
sintetiza de maneira clara os dois conceitos ao dizer que o empreendedor se diferencia do
intraempreendedor principalmente pelo fato do primeiro desempenhar suas atividades
empreendedoras desvinculado de uma organização já estabelecida.
Desta forma, o empreendedor busca seu próprio local de trabalho, seja como
proprietário ou locatário, enquanto que o intraempreendedor trabalha dentro uma
organização estabelecida, utilizando toda sua estrutura, fornecida a ele para desenvolver
seu trabalho, sem ser o detentor do mesmo. Com relação a esta diferença de locais de
trabalho, Luchsinger e Bagby (1987, p.12) argumentam que o empreendedor pode ter mais
controle sobre seu ambiente, especialmente o interno, e adicionam ainda outros detalhes
que somado aos anteriores possibilitam visualizar uma melhor distinção de ambos:
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Em consonância a isto, a literatura nacional e internacional também procurou
melhor definir o que vem a ser esse empreendedorismo corporativo em decorrência do uso
indiscriminado da expressão. O resultado apontou definições diferentes com usos diversos,
porém dentro de contextos iguais: a empresa. Este estudo, então, buscou fazer uma revisão
dos conceitos e formas de empreender dentro das empresas, buscando em um segundo
momento resgatar uma comparação com os empreendedores indepententes (aqueles que
abrem seus negócios) para melhor fixação das diferenças e semelhanças das duas
principais vertentes do empreendedorismo.
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os perfis agregam melhorias e possibilitam maior eficácia para concorrer no turbulento
mercado atual.
REFERÊNCIAS
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in large organizations: Biases and heuristics in strategic decision making. Journal of
Business Venturing, v.12(1), p. 9-30, 1997.
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Disponível em: http://www.sbaer.uca.edu/research/icsb/1998/pdf/32.pdf Acesso em:
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KURATKO, Donald F.; IRELAND, R. Duane; HORNSBY, Jeffrey S. Improving firm
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TIMMONS, Jeffrey A. SPINELLI, Stephen. New venture creation: intrapreneurship for the
21th century. Boston: Irwin, 1994.
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