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FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO

Alunos: Anelise Nazareth Dantas Pessoa RGA: 2021.2406.004-7


Olivia Centurião Chaves RGA: 2021.2406.020-9
Victoria de Almeida Magalhães RGA: 2021.2406.016-0
Vinicius Souza Franco RGA: 2021.2406.023-3

ESTUDO DE CASO: MST SOCIEDADE ANÔNIMA


A empresa têxtil Matrics, localizada em Apucarana, no Paraná, produz cinco
mil bonés e duas mil camisetas para um cliente especial: o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Estima-se que a receita mensal com a
encomenda seja de R$25 mil, representando um faturamento de R$ 300 mil por ano.
Eles sempre pagam em dia. Há oito anos, a Matrics fornece roupas, chapéus e
bandeiras para os militantes do movimento. Nenhum cliente da empresa cresceu tanto
em tão pouco tempo. E aquilo que, no inicio, despertava uma certa desconfiança nos
donos da Matrics hojeé o carro-chefe da produção.

Há dias em que todos os 45 funcionários dedicam-se exclusivamente ao MST. O gasto


dos sem- terra com as camisetas e bonés revela um lado pouco conhecido de uma
organização que vem chacoalhando o país. É a versão S.A. do MST. Hoje, os sem-
terra atuam como se formassem uma grande corporação empresarial, com todas as
divisões internas: produção, vendas, logística, finanças, treinamento e marketing. E,
como têm capacidade para promover ações relâmpago em diversos pontos do
território nacional, muitas delas simultâneas, os sem-terra reúnem qualidades que
faltam a muitas empresas: liderança, disciplina e determinação.
Na retórica, o MST ainda é bastante duro e agressivo. Os líderes pregam a ocupação à
força dos latifúndios, a ampla reforma agrária e até mesmo uma revolução socialista.
No entanto, na prática, muitas das iniciativas do movimento são 100% capitalistas. O
MST administra um caixa milionário, explora o valor da sua marca como poucas
empresas, recolhe vastas contribuições internacionais, vende e exporta seus produtos,
faz intermediação financeira nos empréstimos agrícolas governamentais e treina
intensamente seus quadros profissionais. Um exemplo é a construção de um
centro de formação em Guararema, São Paulo, ao custo de R$ 7,4 milhões. Assim
como muitas multinacionais, o MST também terá sua “universidade corporativa”,
batizada como escola Nacional Florestan Fernandes. Uma outra escola já funciona em
caçador, Santa Catarina.

No organograma do poder, a corporação também tem seu CEO. Ainda que não exista
formalmente o cargo de presidente, o líder incontestável, desde a fundação do
movimento, em 1984, é o gaúcho João Pedro Stédile. Abaixo de Stédile, há um
número restrito de executivos, como Gilmar Mauro, de São Paulo, Roberto Baggio,
do Paraná, e Mário Lill, do Rio Grande do Sul. Estes três fazem parte da direção
central e Lill cuida das finanças. Descendo na hierarquia, chega-se aos 90
coordenadores regionais em 23 dos 26 estados brasileiros e aos militantes – quase
todos assalariados. Mas de onde vem o dinheiro para manter tanta gente em
acampamentos, tantosquadros internos e promover ocupações em regiões tão remotas?
Na prática, ainda que haja um certo grau de delegação de poderes, a descentralização
não é absurda. O MST tem quatro grandes fontes de recursos. Uma das principais é o
próprio setor público, especialmente o governo federal. Por meio de convênios com
ministérios como Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Educação, o movimento tem
acesso a verbas próximas a R$ 8 milhões por ano. São recursos, na maioria dos casos,
para treinamento e assistência técnica nos assentamentos. Em segundo lugar, vêm as
doações nacionais, da Igreja Católica progressista, e internacionais. O MST S.A.
conta com enorme simpatia das ONGs européias e algumas delas, como a alemã
Caritas e a francesa Frères des Hommes, estão ajudando a levantar a Escola
Nacional Florestan Fernandes.Cerc de 65% dos r$7,4 milhões orçados vêm de fontes
européias. Uma terceira fonte de renda é a cobrança de 1% do que é produzido nos
assentamentos. Já existem, organizadas, 150 cooperativas e agroindústrias ligadas ao
MST em todo o país. Cada uma fatura, em média, R$30 mil mensais e algumas
fornecem a multinacionais como a Parmalat e a Ceval. As cooperativas têm uma
receita anual próxima a R$ 54 milhões por ano e o 1% representa R$540 mil. Por
último, há ainda um pedágio de 3% cobrado na liberação de empréstimos para a
agricultura familiar ou para projetos habitacionais. Somando tudo, chega-se a uma
receita de R$ 20 milhões por ano.

Ao mesmo tempo em que invade fazendas, o MST fortalece sua marca por meio de um
amplo aparato de marketing. O movimento tem um jornal mensal, com tiragem de 20
mil exemplares, uma revista trimestral com 10 mil unidades e ainda criou diversas
rádios nos assentamentos. Nas lojas do movimento, são vendidos bonés, camisetas e
bolas de futebol com a marca MST , além de doces, queijos, biscoitos e dos produtos
ligados a militantes famosos, como o fotógrafo Sebastião Salgado e o compositor
Chico Buarque. A loja de São Paulo gera uma margem de lucro considerável, gastando
R$3 mil na compra dos produtos e vendendo R$16 mil a cada mÊs. Muitos dos itens à
venda nas lojas são também encontrados no site MST, com versão para seis países
europeus: Alemanha, França, Espanha, Itália, Suécia e Inglaterra.

O MST, que já assentou 350 mil famílias em todo o país, também diversificou suas
atividades e descobriu novos nichos de mercado. Um exemplo é a destilaria Paladar,
que produz cachaça na Bahia. Outro é a agencia de turismo rural Turismo Solidário,
também conhecida como MSTur, conduzida por Miguel Stédile, filho do líder da
organização, o que j;a aponta um certo ar de empresa familiar na corporação. O
foco da MSTur consiste em organizar visita a assentamentos, onde são oferecidos
churrascos e chimarrão aos visitantes. Lá, eles conhecem produtos sem agrotóxicos,
que são até exportados para vários países sob as marcas Sabor do Campo e Terra &
Frutos, entre outras. E, como toda a empresa, o MST sempre prospecta novos
mercados potenciais. Foi isso que aconteceu, há vários anos, quando o sem-terra José
Rainha, recentemente condenado à prisão, foi deslocado do Espírito Santo para atuar
no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, uma das regiões mais conflagradas do
país.

Apesar das controvérsias, o MST tem tudo para alcançar aquilo que é sonho de muitas
corporações empresariais: a perpetuidade. À medida que a reforma agrária avança,
novas cooperativas surgem, assim como novas fontes de recursos. O financiamento
proveniente da Europa é um dos pontos mais polêmicos e que assustam os grandes
produtores rurais. Mesmo que o movimento continue avançando, é pouco provável que
o MST S.A. consiga promover a revolução camponesa e socialistano Brasil. Pesquisas
da área de inteligência do governo federal constataram que, assim que se tornam
donos de terras, mais de 70% dos sem-terra passam a defender
incondicionalmente a propriedade privada e – quem diria – a próprio capitalismo.
Pouco a pouco, o ímpeto revolucionário é dissolvido e dá lugar a discussões sobre
números contábeis, capital de giro , geração de caixa e atémesmo lucro.

Questões

1 - Quais são os objetivos do MST?


R: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra tem como objetivo principal a
luta pela reforma agrária no Brasil, buscando a ocupação e a distribuição de terras
improdutivas ou mal utilizadas para trabalhadores rurais sem terra e para a produção de
alimentos saudáveis. Além disso, o movimento também defende outras questões sociais,
como a luta contra a desigualdade social e a defesa dos direitos dos trabalhadores do
campo.

2 - Sua estrutura organizacional é apropriada para seus objetivos?


R: A estrutura organizacional do MST é baseada na participação ativa dos seus
membros e na defesa dos interesses coletivos, o que parece adequado para alcançar
esses objetivos. A organização é descentralizada e segue uma hierarquia horizontal,
onde as decisões são tomadas coletivamente e há uma rotatividade de lideranças. No
entanto, como qualquer organização, o MST também enfrenta desafios e críticas em
relação à sua eficácia e transparência interna. É importante destacar que a avaliação da
adequação da estrutura organizacional do MST para seus objetivos deve levar em conta
a complexidade e as particularidades do contexto em que a organização atua.

3 - Quais características de sua estrutura são especificas do MST e quais poderiam


ser aproveitadas por qualquer organização?
R: A estrutura do MST é caracterizada pela descentralização e horizontalidade na
tomada de decisões, com a participação ativa dos membros e lideranças em
assembleias e plenárias. Além disso, a organização possui uma forte cultura de
solidariedade e cooperação entre os membros. Essas características são específicas do
MST e derivam da sua luta histórica pela reforma agrária e pelos direitos dos
trabalhadores rurais.No entanto, a descentralização e a participação ativa dos membros
na tomada de decisões também são características que poderiam ser aproveitadas por
qualquer organização, independentemente do setor em que atua. O envolvimento dos
membros e lideranças nas decisões pode aumentar a responsabilidade e o
comprometimento com os objetivos da organização, enquanto a cultura de
solidariedade e cooperação pode fomentar um ambiente mais saudável e colaborativo
de trabalho. Portanto, essas características da estrutura do MST podem ser inspiradoras
para outras organizações.

4 - Em sua opinião, qual deveria ser a estrutura organizacional do MST?


R: Como um modelo de organização baseado na luta pela reforma agrária e justiça
social, a estrutura do MST deve ser flexível e adaptável às necessidades em constante
mudança dos membros e comunidades. No entanto, algumas características importantes
podem incluir liderança coletiva, tomada de decisão democrática, participação ampla
dos membros e compromisso com a educação popular e a formação política. É
importante também que a organização tenha transparência financeira e responsabilidade
na gestão dos recursos. No geral, a estrutura organizacional do MST deve ser voltada
para a construção de um movimento forte e unido, capaz de defender os direitos dos
trabalhadores rurais e lutar por um mundo mais justo e igualitário.

5 - Na hipótese de um reforma agrária que resolvesse os problemas da posse da


terra e dadistribuição de renda, o que aconteceria com o MST?
R: Se houvesse uma reforma agrária efetiva e que resolvesse os problemas de posse da
terra e distribuição de renda no Brasil, o MST teria cumprido sua missão principal e
poderia eventualmente se dissolver ou se transformar em uma organização com outros
objetivos relacionados à defesa dos direitos dos trabalhadores rurais. No entanto, é
importante lembrar que a reforma agrária é apenas um dos objetivos do MST, que
também luta por uma série de outras causas, como a reforma política, a soberania
alimentar e a justiça social de maneira geral. Portanto, mesmo em um cenário de
reforma agrária bem sucedida, ainda pode haver um papel importante para o MST na
defesa dessas outras questões.

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