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TEORIA GERAL DA

ADMINISTRAÇÃO
Augusto Nishimura
Sumário
INTRODUÇÃO������������������������������������������������� 3
QUAL É O PAPEL DOS GERENTES?���������������� 4
ADMINISTRAR É TOMAR DECISÕES!������������ 5
OS GERENTES ASSUMEM DIFERENTES
PAPÉIS!���������������������������������������������������������� 7
QUAIS SERIAM AS HABILIDADES DOS
GERENTES?���������������������������������������������������� 9
O QUE PODEMOS APRENDER COM O
PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CARROS?���� 12
OS JAPONESES SÃO DIFERENTES DOS
OUTROS?������������������������������������������������������ 13
O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO����������� 15
O QUE O POST IT TEM A VER COM A
TOYOTA?������������������������������������������������������ 20
COMO O AMBIENTE EXTERNO MOLDA A
GESTÃO INTERNA DAS ORGANIZAÇÕES?�� 24
ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VÃO AS
IDEIAS EM ADMINISTRAÇÃO?�������������������� 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������������� 33
SÍNTESE������������������������������������������������������� 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &
CONSULTADAS�������������������������������������������� 35

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INTRODUÇÃO
Olá!

Retomemos o que já aprendemos: as primeiras


ideias em administração se voltaram para a propo-
sição de soluções que elevassem a eficiência das
atividades internas das fábricas. Porém, esse pen-
samento ignorava as questões individuais e grupais
do trabalho, que passaram a ser o foco dos estudos
dos pensadores da Escola de Relações Humanas
e dos Comportamentalistas. Por fim, estudamos a
perspectiva da Visão Sistêmica e da Contingência,
que buscaram compreender o ambiente externo da
organização e deram ênfase à eficácia organizacional.

A partir daquilo que exploramos até aqui, você sa-


beria dizer de que maneira todo esse conhecimento
poderia ser adaptado, transformado e extrapolado
para outras realidades, para que possa atender as
necessidades atuais e futuras das organizações? O
conhecimento é vivo e novas abordagens surgem
continuamente para atender as necessidades e os
desafios que são impostos pelo mundo moderno!

Convidamos você para mergulhar ainda mais nesse


estudo, entendendo como as ideias contemporâ-
neas contribuíram para o avanço do pensamento
em administração.

Vamos Juntos!

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QUAL É O PAPEL DOS
GERENTES?
Vamos iniciar a nossa reflexão a partir do ponto
de vista do gestor. Suponha que você acabou de
ser promovido(a) à primeira posição de gerência
de sua carreira. Trata-se, portanto, de um desafio
que você deverá encarar e, para isso, deverá não
somente gerenciar as questões técnicas, mas
também liderar uma nova equipe. O que você faria?

Para poder ajudá-lo(a) nessa resposta, vamos co-


nhecer as diferentes perspectivas sobre a função
e o papel dos gerentes nas organizações.

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ADMINISTRAR É TOMAR
DECISÕES!
De acordo com o pesquisador Herbert Simon
(1916-2001), administrar significa tomar decisões.
Segundo ele, trata-se de um processo composto
por três passos: análise do problema, identificação
de alternativas, e tomada de decisão. Para ele, o
gestor é aquele que toma decisões satisfatórias
e cumpre os requisitos mínimos necessários para
o alcance dos objetivos. Ele classificou esse pro-
fissional como homem administrativo.

Figura 1: Processo de decisão do homem administrativo.

IDENTIFICAÇÃO
ANÁLISE DO ESCOLHA DA
DE
PROBLEMA ALTERNATIVA
ALTERNATIVAS

Fonte: Elaboração propria.

Além disso, há dois tipos de decisão: as progra-


madas, que se repetem e são padronizadas; e as
não programadas, que requerem dos gestores ha-
bilidades de julgamento e criatividade para tomar
decisões (MAXIMIANO, 2018).

5
SAIBA MAIS

Descubra aqui como fazer boas escolhas e tomar deci-


sões em situações complexas.

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OS GERENTES ASSUMEM
DIFERENTES PAPÉIS!
Outro ponto de vista sobre a atuação do gerente
tem como foco os papéis que ele assume em
seu trabalho. Henry Mintzberg, professor da Uni-
versidade McGill, Canadá, é um grande defensor
dessa perspectiva, considerado um dos mais
proeminentes pensadores da atualidade. Segundo
suas proposições, os gerentes podem assumir
diferentes papéis, que são classificados em três
grandes grupos: interpessoais, de informação, e
de decisão (MAXIMIANO, 2018).

Tabela 1: Os papéis gerenciais de Mintzberg.


INTERPESSOAIS DE INFORMAÇÃO DE DECISÃO

Empreendedor
Controlador de
Símbolo Monitor
distúrbios
Líder Disseminador
Administrador de
Ligação Porta-voz
recursos
Negociador

Fonte: Maximiano (2018).

Os papéis interpessoais são aqueles que enfatizam


os papéis dos gerentes para o estabelecimento das
relações internas e externas à organização. Podem
atuar como símbolo, ou seja, como representante
da organização; como líder, sendo reconhecido

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tanto pela equipe quanto pelo público externo;
e como ligação, atuando na interface entre as
equipes, facilitando o relacionamento e trocando
informações.

Os papéis de informação são os papéis assumi-


dos pelo gestor para captação e divulgação das
informações. Como monitor, o profissional busca
acompanhar os acontecimentos do departamento
ou da organização; como disseminador, transmite
as informações externas para o público interno e,
como porta-voz, divulga as informações geradas
internamente para o ambiente externo.

Os papéis de decisão são os papéis relacionados à


tomada de decisão estratégica e para resolução de
problemas. Como empreendedor, busca estabelecer
aprimoramentos e atuar na proposição de novas
oportunidades de negócios; como controlador de
distúrbios, atua para tomar decisão em situações
imprevistas, em condições de incerteza e risco;
como administrador de recursos, toma decisões
para alocação de recursos, tais como o tempo e o
trabalho da equipe; como negociador, tanto interna
quanto externamente.

Em sua opinião, quais desses papéis você já assumiu


em seu trabalho? Será que essas ideias podem ser
aplicadas em diferentes situações e contextos?

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QUAIS SERIAM AS
HABILIDADES DOS
GERENTES?
Como estudamos até aqui, os gerentes são toma-
dores de decisões e assumem diferentes papéis
no dia a dia do trabalho. Isso significa que esses
gestores adotam certos padrões de comportamen-
to que são esperados pela organização. Vamos
agora aprofundar nossas discussões e analisar a
atuação desses profissionais, sob o ponto de vista
das habilidades requeridas no trabalho.

SAIBA MAIS

Descubra aqui o que são habilidades.

Chester Barnard (1886-1961), um dos grandes


pensadores da Escola de Relações Humanas, via
o indivíduo como um ser social. Segundo ele, os
gestores teriam três tipos de habilidades:
y Técnica, por meio do uso da tecnologia de infor-
mação e aplicação de ferramentas administrativas;
y Social, que está ligada à gestão da equipe e a
conciliação das necessidades da organização e
das pessoas;

9
y Cooperativa, que busca integrar a equipe e pro-
mover uma cultura de cooperação entre as pessoas.

O Professor Robert Katz concorda que a habilidade


técnica faz parte do conjunto de habilidades dos
gestores. Também classificou essas habilidades
em três grupos:
y Técnica, que é específica da atividade do gerente
e está relacionado à aplicação do conhecimento
técnico de sua área de atuação;
y Humana, que está relacionada à habilidade de
lidar com os aspectos das necessidades individu-
ais e grupais;
y Conceitual, que está associada à capacidade
de lidar com situações sistêmicas, complexas e
abstratas, utilizando habilidades intelectuais para
formulação das estratégias.

Figura 2: As competências gerenciais de Katz.

Fonte: Maximiano (2018).

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A partir das ideias de Barnard e Katz sobre habili-
dades dos gestores, você consegue compreender
que pode haver diferentes perspectivas sobre o
mesmo assunto e que elas podem se complemen-
tar? Um ponto que merece destaque é a relação
que Katz faz entre as habilidades dos gestores com
os respectivos níveis hierárquicos. A partir dessa
ideia, um gestor que atua em um nível hierárquico
superior deve se preocupar com as suas habilidades
conceituais ou as habilidades técnicas?

REFLITA

Como desenvolver as habilidades gerenciais?

Acesse o Podcast 1 em Módulos

11
O QUE PODEMOS APRENDER
COM O PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE CARROS?
Vamos agora mudar a nossa perspectiva de aná-
lise. Se, por um lado, há a preocupação quanto à
formação de gestores com habilidades para exe-
cutar suas atribuições, tomar decisões e assumir
diferentes papéis, por outro lado, a administração
também se ocupa em compreender as soluções
idealizadas pelos gestores que resultaram em
importantes ganhos às organizações.

Você se lembra de quando estudamos sobre as


contribuições de Henry Ford para o mundo da admi-
nistração? As inovações aplicadas em sua fábrica
revolucionaram o processo produtivo na época e,
até hoje, é possível identificar como as suas ideias
estão sendo aplicadas nas organizações.

Agora a novidade é que outra montadora de au-


tomóveis, ao inovar em seu processo produtivo
e na forma de como lidar com as empresas que
fazem parte de sua cadeia produtiva, revolucionou
novamente a área e trouxe um novo olhar sobre
o processo produtivo. Vamos aprender sobre as
ideias aplicadas pela empresa Toyota.

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OS JAPONESES SÃO
DIFERENTES DOS OUTROS?
Toyota emplaca 7 entre os 10 modelos mais confiáveis
dos EUA em 2017.
Pesquisa realizada pela Consumer Reports teve como
base a experiência de 400 mil proprietários.
Realizado anualmente pela prestigiada publicação Con-
sumer Reports, o ranking que reúne os modelos e marcas
mais confiáveis dos Estados Unidos foi especialmente
positivo para a Toyota nesta edição de 2017. Conforme
divulgado pela revista, a gigante japonesa emplacou nada
menos que 7 entre os 10 modelos mais bem avaliados
pelos consumidores do país - ao todo foram 4 veículos
próprios e 3 da divisão de luxo Lexus. Dois detalhes, em
especial, chamam a atenção: alguns deles estão à venda
no Brasil (como o SUV RAV4 e o sedã médio-grande ES)
e nada menos que 9 são de origem asiática.
(Fonte: https://motor1.uol.com.br/news/184166/
toyota-ranking-confiabilidade-eua-2017/.)

Quando você pensa em um carro, um eletrônico


ou qualquer produto fabricado por empresas japo-
nesas, o que vem à sua mente? Há muito tempo,
a qualidade de seus produtos, a durabilidade, a
confiabilidade, dentre outros atributos, sempre
foram destaque entre os consumidores do mundo.

Porém, você sabia que nem sempre foi assim no


Japão? A montadora Toyota, que hoje é uma das

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gigantes do ramo automobilístico, teve de superar
desafios devido às restrições encontradas, como
falta de espaço físico e de mão de obra. A partir
das novas ideias aplicadas para superar esses
obstáculos, os gestores conseguiram emplacar
um modelo produtivo que é até hoje imitado pelos
seus concorrentes. Vamos conhecê-lo?

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O SISTEMA TOYOTA DE
PRODUÇÃO
Você saberia dizer por que a Toyota revolucionou
o modo de gerenciar as organizações? O que essa
montadora fez de tão diferente daquilo que era
aplicado até então?

O Modelo Japonês de Gestão (MJG) tem sido


apresentado como o contraponto moderno das
técnicas tayloristas de administração de empresas.
Por oposição ao trabalho parcelar, simples e seg-
mentado, desenvolvido nas empresas tayloristas, o
trabalho nas empresas japonesas é caracterizado
como polivalente e politécnico. Em contraposição
à contínua desqualificação da força de trabalho
ocidental, o trabalhador japonês aparece em es-
tado de permanente qualificação. Em confronto
com a hierarquia de ferro das firmas tayloristas,
as empresas japonesas são apontadas como mo-
delos de gerência participativa. E mais. Intocados
pelo desemprego provocado pela desqualificação
taylorista do trabalho, os trabalhadores japoneses
fazem carreira, têm seus salários reais reajustados
periodicamente e seus empregos são assegurados
por toda a vida
(MALAGUTI, 1996, p.1).

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Indo direto ao ponto, o sistema Toyota de produção
revolucionou a forma de produção de automóveis.
Pode-se dizer também que essa empresa influen-
ciou e inspirou empresas de outros setores pela
eficiência e eficácia de seu modelo de gestão.
Mas como?

Seu método de gestão trouxe inúmeros ganhos em


eficiência e eficácia. Enfatizou muito a questão da
qualidade e também da eliminação de desperdícios.
Para reduzir os desperdícios, a Toyota implantou o
método de produção flexível e o sistema just in time.

Na produção flexível, o trabalhador necessita enten-


der todo o processo de produção. Note que essa
é uma perspectiva inversa daquela proposta por
Taylor e Ford, em que o operário se especializava
em uma função específica.

REFLITA

O que o filme “Tempos Modernos”, estrelado pelo ator


Charles Chaplin, trouxe de críticas ao sistema produtivo
vigente em sua época? Confira aqui a análise crítica do
filme. Neste outro link você pode assistir a um trecho
do filme.

Um dos grandes desperdícios encontrados no


sistema de produção era o acúmulo de estoque.
Mas, você saberia dizer por que o estoque era con-

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siderado um desperdício, se o estoque de matéria
prima, por exemplo, é necessário para alimentar o
processo produtivo?

Basicamente, a ideia era de que, se havia esto-


que em demasia, significava que havia “dinheiro”
parado e, por isso, representava um desperdício
de recursos, que poderiam ser usados em outras
questões mais importantes na empresa. Além dis-
so, se havia estoque, era necessário haver espaço
físico, ou seja, mais um custo que onerava todo o
processo de produção.

Pois bem, nesse aspecto, a Toyota inovou, quebrou


paradigmas, revolucionou ao compreender que
era necessário eliminar os estoques. Mas como
eliminar os estoques, sem prejudicar a produção?

A Toyota implantou o sistema just in time, em que a


matéria prima deveria chegar ao local de produção
no momento exato de sua produção. Basicamen-
te, houve uma inversão da lógica da decisão em
produzir ou não produzir. Se antes a produção era
realizada para que houvesse estoque, para depois
a empresa buscar compradores para os produtos
já fabricados, agora esperava-se a realização do
pedido formal de clientes para, só então, iniciar
a produção. Ou seja, é a chamada produção por
demanda.

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Em outras palavras, no sistema tradicional, a
produção é “empurrada” para frente, forçando a
produção; no sistema de fluxo contínuo do tipo just
in time, a produção é “puxada” a partir da demanda
por aquele produto.

Figura 3:

Fonte: www.revistaespacios.com

A figura 3 ilustra esse processo. Na produção em-


purrada, os setores atuam de maneira isolada e não
interligada, cada um atuando conforme as metas
específicas de sua área. Note que há acúmulo de
matéria prima e de estoques intermediários nos
processos. Já na produção puxada, os setores
trabalham em um único fluxo, eliminando estoques
intermediários e possibilitando maior agilidade à
produção.

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Para que esse processo desse certo, a Toyota se
aproximou muito de seus fornecedores, selecio-
nando poucos, porém com alto grau de sinergia e
compromisso, para que as informações sobre as
necessidades produtivas pudessem percorrer por
toda a cadeia e possibilitar que os insumos fossem
entregues somente no momento da produção de
maneira coordenada e pontual.

SAIBA MAIS

Aqui você pode conhecer o sistema Toyota de produção.

Acesse o Podcast 2 em Módulos

REFLITA

Eliminar estoque é sempre benéfico? Confira aqui.

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O QUE O POST IT TEM A
VER COM A TOYOTA?
Você, em algum momento, ouviu falar, ou até
mesmo já usou post it para organizar, comunicar
ou lembrar-se de uma tarefa?

Figura 4: Post it.

Fonte: Racool_studio/Freepik

Atualmente o uso desses adesivos é muito popular,


especialmente para a organização das tarefas e
compreensão do status das atividades a serem

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realizadas. Além disso, convém salientar que o seu
apelo visual facilita, e muito, a comunicação, de
maneira simples, objetiva e muitas vezes divertida.

SAIBA MAIS

Neste link você vai saber como surgiu o post it, e aqui
você descobrirá a inovação por trás do post it.

Mas, afinal, qual a relação desse adesivo com a


Toyota? O sistema desenvolvido pela montadora
contemplava a organização das atividades produ-
tivas por meio do uso de cartões, que mostravam
o fluxo de produção, facilitando a comunicação e
organizando as atividades a serem desenvolvidas.
Trata-se de uma comunicação visual, que apoiaria
o processo de produção visando à minimização de
atrasos. Esse método era utilizado para organizar
o fluxo produtivo, coordenando as atividades em
três grandes grupos: a fazer (to do), fazendo (doing)
e feito (done).

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Figura 5:

Fonte: www.mundocarreira.com.br

Além disso, o Kanban é um método para indicar


movimentação e alertar sobre a necessidade de
produção. Deseja conhecer com mais detalhes?
Acesse os vídeos indicados para compreender
seu uso.

SAIBA MAIS

Descubra aqui como funciona o Kanban. Você também


verá o exemplo de aplicação do Kanban. Parte 1 e parte 2.

Como já enunciamos no início, como um conhe-


cimento desenvolvido em uma área pode ser
aplicado em outros contextos? Qual é o papel do
gestor nesse processo? Saiba que uma das habi-
lidades requeridas dos gestores é a capacidade
de extrapolar seus conhecimentos e aplicar em
realidades distintas. Conhecer os conceitos é

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extremamente importante, mas utilizar a criativida-
de, adaptar ferramentas e dar novas funções aos
modelos de gestão já existentes fazem com que
as organizações necessitem, de fato, do trabalho
desses profissionais.

Para ilustrar a aplicação das ideias da Toyota em outro


contexto, veja o Sistema Toyota de Produção aplicado
à um Hospital.

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COMO O AMBIENTE
EXTERNO MOLDA A
GESTÃO INTERNA DAS
ORGANIZAÇÕES?
Como verificamos nas ideias clássicas de Taylor,
Ford e Fayol, a preocupação estava voltada para os
aspectos internos das fábricas, em que se buscava
o aumento da eficiência. Com o passar do tempo,
novas perspectivas foram surgindo, dando espaço
ao pensamento administrativo que considerava a
influência externa, moldando a organização inter-
namente, conforme defendem as teorias contin-
gencial e sistêmica. Pode-se dizer que houve uma
migração do foco interno para o foco externo e,
atualmente, considera-se que a empresa é uma
organização complexa, que sofre influência e é
capaz de influenciar de diversas maneiras.

As organizações foram se desenvolvendo e seus


impactos na sociedade também foram crescendo.
Além dos inúmeros benefícios, isso também tem
trazido consequências para a sociedade. Elas são
chamadas de externalidades. As externalidades
podem ser positivas ou negativas.

24
SAIBA MAIS

Descubra aqui o que são externalidades positivas e


negativas.

Essas consequências têm levado a sociedade


a discutir e questionar as atitudes de algumas
empresas e, diante dessa pressão, essas organi-
zações tiveram de se adaptar aos novos tempos.
A questão da ética empresarial, responsabilidade
social empresarial e responsabilidade ambiental
são assuntos recorrentes e que muitas organiza-
ções têm buscado atender e incorporar em sua
missão e valores.

Muitas disfunções do sistema empresarial levaram


também ao surgimento de novos conceitos na área
empresarial. A Enron, gigante empresa americana
do setor de energia, solicitou, em 2001, a concor-
data de suas operações, em função de uma séria
crise ética que envolveu bancos para manipular
dados financeiros. A partir da quebra da empresa,
que marcou o período, foram descobertas novas
fraudes em outras empresas, impulsionando a
aplicação das ideias de Governança Corporativa
nas organizações.

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SAIBA MAIS

O caso Enron.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança


Corporativa:

Governança corporativa é o sistema pelo qual as


empresas e demais organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacio-
namentos entre sócios, conselho de administração,
diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais
partes interessadas.
As boas práticas de governança corporativa con-
vertem princípios básicos em recomendações
objetivas, alinhando interesses com a finalidade
de preservar e otimizar o valor econômico de lon-
go prazo da organização, facilitando seu acesso a
recursos e contribuindo para a qualidade da gestão
da organização, sua longevidade e o bem comum.

A Governança Corporativa, portanto, possui prin-


cípios amplamente divulgados pelo mundo que
regulamentam como as organizações devem ser
geridas. Cabem a elas considerar todos os atores
que interagem ou sofrem influência da ação da
organização. Esses atores são conhecidos como
stakeholders, que podem ser pessoa física (clien-

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tes, funcionários), pessoa jurídica (fornecedores,
clientes), governos, entidades, etc., ou seja, são as
partes interessadas nesse processo. Os princípios
básicos são quatro: (1) transparência; (2) equida-
de; (3) prestação de contas; (4) responsabilidade
corporativa.

SAIBA MAIS

Aprofunde-se sobre os Princípios da Governança


Corporativa.

Com relação à Responsabilidade Social Corpora-


tiva, o entendimento mais difundido baseia-se na
integração de três variáveis: a econômica, a social
e a ambiental, conhecida como Triple Bottom Line,
o tripé do desenvolvimento sustentável:

Dados apontam que 68% das multinacionais da


Europa Ocidental fazem seus relatórios nesse
esquema, medindo resultados em termos sociais,
econômicos e ambientais, enquanto nos EUA a
porcentagem é de 41%. Por enquanto, nenhuma
empresa é obrigada por lei a apresentar seus re-
sultados dessa maneira, é uma escolha da própria
organização comprometida com o desenvolvimento
sustentável.

27
(Fonte: http://www.administradores.com.br/noti-
cias/negocios/o-que-e-triple-bottom-line/102114.
Acesso em: 27 dez. 2018.

Figura 6: Tripé do desenvolvimento sustentável.

Social

Ambiental Econômica

Fonte: Elaboração própria.

A responsabilidade social corporativa e a respon-


sabilidade ambiental são contempladas nesse
modelo, em que os resultados empresariais são
mensurados a partir dessas três dimensões. Basi-
camente, as organizações podem buscar lucros, de
maneira sustentável e que respeitem as dimensões
sociais e ambientais.

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ONDE ESTAMOS E PARA
ONDE VÃO AS IDEIAS EM
ADMINISTRAÇÃO?
A Estratégia Empresarial é um tema atual e muito
utilizado nas organizações. A ideia partiu das
estratégias de guerra, em que exércitos tomavam
decisões e realizavam ações em função do mo-
vimento do oponente. Apesar de a concorrência
entre empresas não envolver embate armado, como
ocorria nas guerras, a noção de que era preciso
fazer a leitura do todo e tomar decisões também
em função da ação do outro passou a fazer parte
do dia a dia das organizações.

Segundo Maximiano (2018), a prática da estratégia


pode ser estudada com base em quatro perspec-
tivas distintas:

Tabela 2: Quatro perspectivas da prática estratégica.


Esta perspectiva (ou modelo), que se
origina de economistas, enfatiza a
ação das variáveis externas à em-
presa. Baseia-se na premissa de que
PARADIGMA DO o ambiente, ou seja, a organização
MERCADO ou estrutura do ramo de negócios, é
o fator principal na escolha que as
empresas fazem das estratégias para
serem competitivas, muito mais do
que as decisões internas.

29
Esta perspectiva enfatiza a ação das
variáveis internas à empresa. Nesse
modelo, os recursos de todos os tipos
VISÃO BASEADA EM
são valorizados e mobilizados como
RECURSOS
principais determinantes na formu-
lação e implantação de estratégias
organizacionais.
O modelo de negócios é uma das
perspectivas mais recentes sobre a
estratégia das empresas. É mais que
MODELO DE um modelo - é uma ferramenta que
NEGÓCIOS faz a integração sistêmica de muitas
variáveis da empresa para transfor-
má-las em guia de análise e decisão
sobre estratégia e competitividade.
Esta perspectiva também é instru-
mental e oferece um roteiro para o
processo de planejar a estratégia, com
base na análise SWOT. A estratégia
é planejada e executada por meio de
ADMINISTRAÇÃO
liderança, comunicação, planejamen-
ESTRATÉGICA
to operacional e trabalho nas áreas
funcionais. Os resultados da execução
da estratégia são avaliados e o ciclo
planejamento-execução-controle se
repete.

Fonte: Elaboração própria.

O planejamento estratégico empresarial é uma


ferramenta que possibilita realizar análises do
ambiente interno, identificando os pontos fortes
e fracos; e do ambiente externo, mapeando as
oportunidade e ameaças atuais e futuras. Por
meio dessas informações, os gestores descre-
vem possíveis cenários futuros e, assim, adotam
estratégias para cada situação. Após a definição

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das estratégias, elas devem ser desdobradas em
ações nos demais níveis organizacionais.

Outro assunto bastante comum nos dias atuais


é o empreendedorismo. Segundo Maximiano
(2018), empreendedor é aquele que assume riscos
para lançar uma empresa no mercado. Também
é conhecido como um perfil ou comportamento
em que o indivíduo mobiliza recursos para iniciar
uma organização.

SAIBA MAIS

Empreendedor por necessidade e por oportunidade. Há


diferença? Confira aqui.

Além disso, com a emergência da internet, globali-


zação e novas formas de organização do trabalho,
diferentes perspectivas emergiram para dar conta
dessas novas necessidades. A administração no
mundo digital tem como desafio gerenciar as ati-
vidades em um ambiente em que a tecnologia da
informação avança rapidamente e a inteligência
artificial é incorporada no dia a dia das organiza-
ções. Surgem novas formas de trabalho, como
home office e trabalho colaborativo, além das
profissões que tendem a ser substituídas pela
automação. Cabe, portanto, aos profissionais e

31
às organizações estarem atentos às mudanças e
antecipar tendências. Como o futuro é construído
pela própria sociedade, é papel dos gestores par-
ticipar ativamente desse processo de mudança,
assim como fizeram os profissionais, os estudiosos
e as organizações que estudamos aqui.

SAIBA MAIS

Confira o vídeo sobre o futuro da Administração.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos que importantes autores em admi-
nistração preocuparam-se em estudar a adminis-
tração, enfatizando o papel e as habilidades dos
gerentes. Além disso, estudamos como a Toyota
contribuiu para a gestão da produção, com a eli-
minação de estoques, aumento da qualidade e
implementação de metodologias de controle de
fluxo de produção. Entendemos também como as
organizações passaram a ser regidas por normas
e conceitos, visando a estabelecer um padrão de
comportamento dentro dos limites éticos e voltados
à sustentabilidade social, ambiental e econômica.
Por fim, vimos assuntos que são amplamente uti-
lizadas na atualidade, bem como refletimos sobre
as tendências futuras em administração.

Espero que você tenha aproveitado essa nossa


jornada de aprendizado!

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Parabéns, chegamos ao final da última parte do nosso
curso. Aqui, o caminho foi percorrido da seguinte forma:

Administrar é tomar decisões (Herbert


Simon).

Gerentes assumem diversos papéis (Henry


Mintzberg): interpessoais; de informação; de
decisão

Papéis e Habilidades, segundo Chester Bernard:


Técnica, Social e Cooperativa
Habilidade
dos Gerentes
Habilidades, segundo Robert Katz: Técnica,
Humana e Conceitual.

Emliminação de desperdícios;

Produção Flexível;

Sistema just in time;


Sistema Toyota
de Produção
Qualidade Total.

Princípios da governança: transparência;


equidade; prestação de contas;
responsabilidade corporativa.

Governança
Corporativa e Triple Botton Line: responsabilidade social,
Responsabilida ambiental e econômica.
de Social
Corporativa
Referências Bibliográficas
& Consultadas
MALAGUTI, M. L. A ideologia do modelo
japonês de gestão. Ensaios FEE, Porto Alegre,
(17)1:43-73, 1996. Disponível em: https://
revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/
viewFile/1836/2205. Acesso em: 27 dez. 2018.

IBCG – Instituto Brasileiro de Governança


Corporativa. Disponível em: https://www.ibgc.
org.br/governanca/governanca-corporativa.
Acesso em: 27 dez. 2018.

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da


Administração: da revolução urbana à revolução
digital. São Paulo: Atlas, 2018. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788597012460/cfi/6/10!/4/6@0:66.0.
Acesso em: 27 dez. 2018.

PRADO, A. E.; OLIVEIRA, A. M. D.; GOLÇALVES


FILHO, M.; FERREIRA, A.; CAMPOS, F.C. Pesquisa
ação sobre mudança de estratégia em uma
indústria de móveis para refrigeração industrial.
Espacios, v.36, n.14, p.10, 2015. Disponível
em: https://www.revistaespacios.com/
a15v36n14/153614010.html. Acesso em: 27
dez. 2018.

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