Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos do

Homem (1948)
Prof. Helder Arlindo Soldatti

Aula 3
 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
1948
2

Durante a sessão de 16 de fevereiro de 1946 do Conselho Econômico e

Social das Nações Unidas, ficou assentado que a Comissão de Direitos
Humanos, a ser criada, deveria desenvolver seus trabalhos em três etapas.

¨ Na primeira, ¨ Em seguida, ¨ Finalmente, seria

incumbir-lhe-ia “uma maquinaria
produzir, “um
elaborar uma adequada para
declaração de documento assegurar o
direitos humanos, de juridicamente respeito aos
acordo com o mais vinculante direitos humanos e
disposto no artigo 55 tratar os casos de
do que uma mera
da Carta das Nações violação”
Unidas. declaração”
 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
1948 (Etapas)
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A primeira etapa foi A Segunda etapa somente A terceira etapa, consistente

concluída pela Comissão de
Direitos Humanos em 18 de
junho de 1948, com um
projeto de Declaração
Universal de Direitos
Humanos, aprovado pela
Assembleia Geral das
Nações Unidas em 10 de
dezembro do mesmo ano
(1948).
se completou em 1966, com na criação de mecanismos
a aprovação de dois capazes de assegurar a
pactos, um sobre direitos universal observância desses
civis e políticos, e outro direitos, ainda não foi
sobre direitos econômico, completada.
sociais e culturais. Culminou num processo de
Várias outras convenções reclamações junto à
sobre direitos humanos Comissão de Direitos
foram editadas Humanos das Nações Unidas
 A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
1948
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¨ CENÁRIO. A Declaração
Universal dos Direitos Humanos,
sob o impacto das atrocidades
cometidas durante a 2ª Guerra
Mundial, com revelações parciais
e tendenciosas
¨ com omissão de tudo o que se
referia à União Soviética e de
vários abusos cometidos pelas
potências ocidentais – após o
encerramento das hostilidades.

Preâmbulo - DUDH
¨ Considerando que o reconhecimento da
dignidade inerente a todos os membros
da família humana e de seus direitos
iguais e inalienáveis é o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz no mundo,
¨ Considerando que o desprezo e o
desrespeito pelos direitos humanos
resultaram em atos bárbaros que
ultrajaram a consciência da Humanidade
e que o advento de um mundo em que os
homens gozem de liberdade de palavra,
de crença e da liberdade de viverem a
salvo do temor e da necessidade foi
proclamado como a mais alta aspiração
do homem comum,
¨ Considerando essencial que os direitos
humanos sejam protegidos pelo Estado de
Direito, para que o homem não seja
compelido, como último recurso, à rebelião
contra tirania e a opressão,
5 ¨
¨ Considerando essencial promover o
desenvolvimento de relações amistosas entre
as nações,
¨ Considerando que os povos das Nações Unidas
reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
humanos fundamentais, na dignidade e no valor
da pessoa humana e na igualdade de direitos
dos homens e das mulheres, e que decidiram
promover o progresso social e melhores
condições de vida em uma liberdade mais
ampla,
¨ Considerando que os Estados-Membros se
comprometeram a desenvolver, em cooperação
com as Nações Unidas, o respeito universal aos
direitos humanos e liberdades fundamentais e
a observância desses direitos e liberdades,
¨ Considerando que uma compreensão comum
desses direitos e liberdades é da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse
compromisso,
A Assembléia Geral proclama
A presente Declaração Universal dos Diretos
Humanos
6

¨ Além disso, nem todos os membros

das Nações Unidas, à época,
partilhavam por inteiro as A cristalização desses
convicções expressas no documento: ideais em direitos
¨ países comunistas (União Soviética, efetivos far-se-á
Ucrânia e Rússia Branca,
Tchecoslováquia, Polônia e Iugoslávia), progressivamente, no
a Arábia Saudita e África do Sul
abstiveram-se de votar.
plano nacional, como
¨ Com muito custo, a Declaração,
fruto de um esforço
retomando os ideais da Revolução sistemático de
Francesa, representou a
manifestação histórica de educação em direitos
reconhecimento
supremos da
dos
igualdade,
valores
da
humanos.
liberdade e da fraternidade entre os
homens, como ficou consignado em seu
artigo I.
 A força jurídica do documento
7
¨ Tecnicamente, a Declaração
Universal dos Direitos do Homem
é uma recomendação, que a
Assembléia Geral das Nações
Unidas faz aos seus membros
(Carta das Nações Unidas,
artigo 10).
¨ Este documento não tem força
vinculante.
¨ Esse entendimento, porém, peca
por excesso de formalismo.
¨ Reconhece-se hoje, em toda
parte, que a vigência do direito
humano independe de sua
declaração em constituições,
leis e tratados internacional,
exatamente porque se está
diante de exigências de respeito
à dignidade humana, exercidas
contra todos os poderes
estabelecidos, oficiais ou não.
 A força jurídica do documento
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¨ A doutrina jurídica
contemporânea e o NEO
CONSTITUCIONALISMOS, fazem
uma distinção com os direitos
humanos fundamentais, na
medida em que estes são
justamente os direitos humanos
consagrados pelo Estado como
regras constitucionais escritas.
¨ Deve constar e ser admitida no
âmbito do direito internacional.
¨ Reconhece-se que a par dos tratados
ou convenções, o direito internacional
é também constituído pelos
costumes e os princípios gerais de
direito, como declara o Estatuto da
Corte internacional de Justiça (art.
38).
¨ Os direitos definidos na Declaração
de 1948 correspondem,
integralmente, ao que o costume e
os princípios jurídicos
internacionais reconhecem, hoje,
como exigências básicas de respeito
à dignidade humana.
 A força jurídica do documento – Caso real
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¨ Ao julgar, em 24 de maio de 1980,
o caso de retenção, como reféns, dos
funcionários que trabalhavam na
embaixada norte-americana em
Teerã, a Corte declarou que:
¨ “privar indevidamente seres
humanos de sua liberdade, e sujeitá-
los a sofrer constrangimentos físicos
é, em si mesmo, incompatível com os
princípios da Carta das Nações
Unidas e com os princípios
fundamentais enunciados na
Declaração Universal dos Direitos
Humanos”.
¨ Reconhece-se o princípio da
dignidade de ser pessoa humana,
isto é, como fonte de todos os
valores, independentemente das
diferenças de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião, origem
nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra
condição, como se diz em seu artigo
II.
 IMPORTANTE RESSALTAR!!
10

E esse reconhecimento universal da igualdade humana

só foi possível quando, ao término da mais
desumanizadora guerra de toda a História,
percebeu-se que a ideia de superioridade de uma
raça, de uma classe social, de uma cultura ou de
uma religião, sobre todas as demais, põe em risco a
própria sobrevivência da humanidade.
Pode-se afirmar que a II Guerra Mundial foi boa?
 O teor do documento (evolução)
11

A Declaração abre-se com a Fruto e lema da Revolução Francesa.

proclamação dos três princípios Mas a sua consagração oficial em textos
fundamentais em matéria de direitos jurídicos só se fez tardiamente.
humanos:
Bill of Rights de Virgínia de 1776 (EUA),
só se referem à liberdade e à
igualdade. A Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão de 1789 fala
a liberdade em + fraternidade
A fraternidade veio a ser mencionada,
a igualdade pela primeira vez – e, ainda assim, não
como princípio jurídico, mas como
a fraternidade virtude cívica -, na constituição francesa
de 1791.
 O teor do documento
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¨ O princípio da igualdade essencial do
ser humano, não obstante as múltiplas
diferenças de ordem biológica e cultural
que os distinguem entre si, é afirmado no
artigo II. O pecado capital contra a
dignidade humana
¨ Tratar o outro – um indivíduo, uma classe
social, um povo – como um ser NÃO
inferior sob pretexto da diferença de
etnia, gênero, costumes ou fortuna
patrimonial.
¨ Ser FRATERNO = irmão.
¨ Na Declaração Universal dos Direitos
do Homem, o princípio da liberdade
compreende tanto a dimensão política,
quanto a individual.
¨ A liberdade política, sem as
liberdades individuais, não passa de
mera demagogia.
¨ Reconhecimento das liberdades
individuais, sem efetiva participação
política do povo no governo não é
liberdade e esconde a dominação
oligárquica dos mais ricos.
 O teor do documento
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O princípio da solidariedade está na base dos direitos econômicos e sociais, Trata-

se de exigências elementares de proteção às classes ou grupos sociais mais
fracos ou necessitados, a saber:

a) o direito à seguridade social

b) o direito ao trabalho e à proteção contra o desemprego
c) os principais direitos ligados ao contrato de trabalho, como a remuneração igual por
trabalho igual, o salário mínimo, o repouso e o lazer, a limitação horária da
jornada de trabalho, as férias remuneradas;
d) a livre sindicalização dos trabalhadores
e) o direito à educação: ensino elementar obrigatório e gratuito, a generalização da
instrução técnico-profissional, a igualdade de acesso ao ensino superior.
 O teor do documento
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¨ A Organização Internacional do
Trabalho tem desenvolvido por meio
de convenções os vários direitos do
trabalhador declarados no artigo
XXIII.
¨ Após enunciar, nos três primeiros
artigos, os valores fundamentais da
liberdade, da dignidade e da
fraternidade, e proclamar que todos
os seres humanos têm direito à vida,
à liberdade e à segurança pessoal,
a Declaração assenta a proibição
da escravidão e do tráfico de
escravos (art. IV).
¨ Além dos escravos há outros seres
humanos aos quais se denegam
todos os direitos: o mesmo ocorreu
com os apátridas durante a 2ª
Guerra Mundial.
¨ Em aplicação ao dispositivo no
artigo IV da Declaração, uma
conferência de plenos poderes,
convocada pelo Conselho Econômico
e Social das Nações Unidas, aprovou
em 7 de setembro de 1956 uma
Convenção Suplementar sobre a
abolição da escravatura e de
situações similares à escravidão,
bem como do tráfico de escravos.
 O teor do documento
(Apátridas)
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¨ A 2ª Guerra Mundial criou uma ¨ Ao contrário do que se supunha no

multidão de refugiados, em toda a século XVIII, mostrou ela, os direitos
Europa. humanos não são protegidos
independentemente da
¨ Além disso, o Estado nazista aplicou,
nacionalidade ou cidadania.
sistematicamente, a política de
supressão da nacionalidade alemã ¨ O asilado político deixa um quadro
judaica. de proteção nacional para encontrar
outro. Mas aquele que foi despojado
¨ Logo após a guerra, Hannah Arendt
de sua nacionalidade, sem ser
(filósofa alemã e judia - 1933)
opositor político, pode não
chamou a atenção para a novidade
encontrar nenhum Estado disposto
perversa desse abuso, mostrando
a recebê-lo: ele simplesmente
como a privação de nacionalidade
deixa de ser considerado uma
fazia vítimas pessoais excluídas de
pessoa humana.
toda proteção jurídica no mundo.
 O teor do documento – Concluindo:
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¨ Com base nos dispositivos da Declaração que consagram as

liberdades individuais clássicas e reconhecem os direitos
políticos (art. XXI), as Nações Unidas adotaram, três
convenções internacionais.

¨ A primeira em 20 de ¨ A Segunda, em 7 de ¨ A terceira, em 21

dezembro de 1952, novembro de 1962, de dezembro de
destinada a regular sobre o consentimento 1965, sobre a
os direitos políticos para o casamento, a eliminação de todas
das mulheres, idade mínima para o as formas de
segundo o princípio casamento e o registro discriminação racial.
básico da igualdade de casamentos (art. XVI
entre os sexos. da Declaração).
 Os 30 artigos visaram, de maneira geral, garantir a liberdade,
a justiça e a paz mundial. Os mais conhecidos entre eles são:
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¨ Arts. 1 e 2 – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos:

¨ Art. 3 – Direito à vida, à liberdade e à segurança;
¨ Art. 4 – Não à escravidão:
¨ Art. 5 – Não à tortura: ninguém será submetido a tortura, penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes;
¨ Art. 7 ao 11 – Direitos relativos à Lei: citando que, sem distinção, todos os seres humanos
têm direito a igual proteção da lei.
¨ Que toda a pessoa terá o direito a recorrer as jurisdições competentes contra os atos que
violem seus direitos e também, à tribunal independente e imparcial a fim de obter decisões
públicas e justas acerca de seus direitos, obrigações ou em razão de qualquer
acusação penal deduzida contra si.
¨ Art. 13 – Liberdade de movimento:
¨ Art. 14 – Direito a Asilo:
¨ Art. 18 – Liberdade de pensamento, de consciência e de religião:
¨ Art. 19 – Liberdade de opinião e de expressão