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Ação Civil Pública

Profa. Isabelle Maria M.R. de Mancuso


Conceito

A ação civil pública (ACP) é um instrumento processual instituído


pela Lei nº 7.347/85 e é utilizado para responsabilizar os réus por
danos morais e materiais ocasionados a bens e direitos coletivos,
estejam eles previstos na lei ou não.
Legislação

CF/1988 - art. 129, inciso III;

Lei nº 7.347/1985;

Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).


Quando cabe uma ACP?
Segundo o art. 1º, Lei 7.347:
será cabível contra os danos materiais e morais causados:

l – ao meio-ambiente;

ll – ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.

V – por infração da ordem econômica;

VI – à ordem urbanística.

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.

VIII – ao patrimônio público e social.


No parágrafo único do supracitado art. 1º há a exclusão dos seguintes temas:
nos casos de pretensões que envolvam:

● tributos;
● contribuições previdenciárias;
● Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS
● Fundos de natureza institucional cujos beneficiários possam ser individualmente
determinados.
Legitimados
A Lei da Ação Civil Pública delimita algumas regras sobre os legitimados ativos, as quais estão elencadas nos parágrafos seguintes do seu artigo
5º.

Dentre as normas, destaca-se que o Ministério Público, toda vez que não for autor da ACP, deverá obrigatoriamente atuar como fiscal da lei.

Ademais, sempre que um dos legitimados ingressar com uma ação civil pública, o Poder Público e outras associações que cumpram os
requisitos legais poderão se habilitar como litisconsortes de qualquer das partes.

Nesse aspecto, a lei também autoriza o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados, para
defender os interesses e direitos defendidos pela Lei da ACP.

E, vale mencionar, se qualquer autor da ACP desistir do processo durante seu curso ou abandonar a causa, caberá aos demais legitimados
assumir o polo ativo da ação.

Por fim, existe, ainda, a previsão de se deixar de exigir o prazo de constituição de um ano das associações, quando se estiver diante de uma
causa com manifesto interesse social ou por conta de um bem jurídico de relevância a ser protegido.
art. 5º, Lei 7.347/1985
Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

I - o Ministério Público;

II - a Defensoria Pública;

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

V - a associação que, concomitantemente:

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica,
à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Competência
Quanto ao Local

Em relação à definição do órgão julgador, o Plenário decidiu que, em se tratando de ação civil pública com abrangência
nacional ou regional, sua propositura deve ocorrer no foro, ou na circunscrição judiciária, da capital do estado ou no Distrito
Federal, nos termos do artigo 93, inciso II, do CDC. No caso de alcance geograficamente superior a um estado, a opção
pela capital deve contemplar uma que esteja situada na região atingida.

Prevenção

Sobre a competência, de maneira a impedir decisões conflitantes proferidas por juízos diversos em sede de ação civil
pública, o juiz competente que primeiro conhecer da matéria ficará prevento para processar e julgar todas as demandas
que proponham o mesmo objeto.
Princípios
1. Princípio do amplo acesso à justiça
art. 5º, XXXV, da CF e reproduzido no art. 3º, caput, do CPC/2015

2. Princípio da duração razoável do processo


art. 5º, LXXVIII, da CF e art. 4º do CPC/2015

3. Princípio da flexibilidade procedimental


art. 139, inciso VI, CPC/2015

4. Princípio da disponibilidade motivada


Para os legitimados sujeitos à observância da pertinência temática institucional, a ação civil pública é um direito, em harmonia com o princípio
dispositivo que informa o Direito Processual Civil. Nada obstante isso, pelo princípio em comento, uma vez ajuizada a demanda coletiva, eventual
interesse na sua desistência há de embasar-se em adequada motivação, em ordem a permitir um juízo de valor acerca de sua razoabilidade e a
possibilitar a assunção da ação pelo Ministério Público ou por qualquer outro co-legitimado.

5. Princípio da não taxatividade dos direitos tuteláveis


art. 18 do CPC/2015, CF (art. 129, III) e CDC (art. 110)
6. Princípio da atipicidade da tutela jurisdicional coletiva
Decorre do disposto no art. 83 do CDC e é aplicável às ações fundadas na LACP por determinação de seu art. 21.

7. Princípio da boa-fé
art. 5º do CPC/2015
Duas funções:(a) estabelecer comportamentos probos e éticos aos diversos personagens do processo; e (b) restringir ou proibir a prática de
atos considerados abusivos.

8. Princípio da eficiência
caput do art. 37, CF/1988, art. 8º, CPC/2015
A previsão da eficiência, no referido dispositivo(art 8º, CPC/2015), consubstancia-se na melhor forma de gerenciamento do processo.
Alcançar o melhor resultado, no menor espaço de tempo e trazendo a maior satisfação possível para os jurisdicionados é postulado da
eficiência processual.

De tal arte, no âmbito do processo coletivo, por força do disposto no art. 19 da LACP, a norma do art. 8º, in fine, do CPC/2015, que consagra
a eficiência processual, haverá de ser aplicada de forma direta e integrativa, inclusive como potencializadora dos demais princípios a ele
inerentes.
Vamos examinar as Leis em comento?
Exercícios para a próxima aula:
1. Leitura do artigo: Entre Princípios e Regras: Cinco Estudos de Caso de Ação Civil
Pública (Luiz Werneck Vianna, Marcelo Baumann Burgos) que será enviado para
o WhatSapp da turma;
2. Pesquisa e produção de provas da deterioração de um prédio de valor histórico
aqui em Recife (sugestão: Antiga sede do Diário de Pernambuco), valem fotos
(antigas e novas), material escaneado como documentos de todos os tipos, ofícios,
certidões, citações, por exemplo. É preciso averiguar a história, a quem pertence o
imóvel atualmente, se está tombado. Todo o material deve conter referências de
como foi obtido (fontes).

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