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A Ação Civil Pública é o instrumento processual para a defesa dos interesses

metaindividuais. Os interesses tutelados por essa são os previstos no artigo 1º, incisos
de I a VIII, da Lei nº 7.347/1985.

A Ação Civil Pública, assim como a Ação Popular e o Mandado de Segurança são
instrumentos especiais, de procedimento ágil e legitimidade extraordinária visando
corrigir problemas sociais, até então, desamparados devido aos empecilhos das técnicas
clássicas do processo civil.

OBJETO

Tutela dos Interesses Difusos, Coletivos, Individuais Homogêneos. Como o objeto da


Ação Civil Pública é bastante amplo (Art. 1º DA Lei nº 7.347/85), a dificuldade na
estipulação dos conceitos de interesse difusos, coletivos ou individuais homogêneos
existe, podendo suscitar dúvidas quanto ao cabimento da Ação Civil Pública,
dependendo do caso concreto.

A Lei da Ação Civil Pública não prevê a proteção dos direitos individuais homogêneos,
mas por analogia e extensão, entende-se que eles possam ser defendidos por meio deste
instrumento, considerando a aplicação subsidiária do artigo 81, parágrafo único, da Lei
nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

REQUISITOS PARA ELABORAÇÃO DA PEÇA PROCESSUAL

A legitimidade ativa pode ser encontrada no artigo 5º da LACP, e em que pese haver
divergência na doutrina sobre o tema, tem sido majoritário o entendimento de que se
trata de legitimidade extraordinária, estando o legitimado ativo na condição de
substituto processual. No caso das associações, o requisito da pré-constituição poderá
ser dispensado pelo juiz, quando for manifesto o interesse social, evidenciado pela
dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

A Ação Civil Pública deve ter no polo passivo o responsável pela lesão ao interesse
difuso, coletivo ou individual homogêneo.

O Ministério Público quando não for parte na Ação Civil Pública, funcionará,
obrigatoriamente, como custos legis, na forma do artigo 5º, §1º, Lei nº 7.347/85.

O procedimento é o comum do Código de Processo Civil, mas admite medida liminar


suspensiva da atividade do réu, no entanto, a multa cominada liminarmente só será
exigível após trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas devida desde o dia
em que se houver configurado o descumprimento (artigo 12, § 2°, da LACP).

XXI Exame da OAB – Direito Constitucional

A Associação Alfa, constituída há 3 (três) anos, cujo objetivo é a defesa do patrimônio


social e, particularmente, do direito à saúde de todos, mostrou-se inconformada com a
negativa do Posto de Saúde Gama, gerido pelo Município Beta, de oferecer atendimento
laboratorial adequado aos idosos que procuram esse serviço. O argumento das
autoridades era o de que não havia profissionais capacitados e medicamentos
disponíveis em quantitativo suficiente. Em razão desse estado de coisas e do elevado
número de idosos correndo risco de morte, a Associação resolveu peticionar ao
Secretário municipal de Saúde, requerendo providências imediatas para a regularização
do serviço público de Saúde. O Secretário respondeu que a situação da Saúde é
realmente precária e que a comunidade precisa ter paciência e esperar a disponibilização
de repasse dos recursos públicos federais, já que a receita prevista no orçamento
municipal não fora integralmente realizada. Reiterou, ao final e pelas razões já
aventadas, a negativa de atendimento laboratorial aos idosos. Apesar disso, as obras
públicas da área de lazer do bairro em que estava situado o Posto de Saúde Gama, nos
quais eram utilizados exclusivamente recursos públicos municipais, continuaram a ser
realizadas. Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a)
pela Associação Alfa, elabore a medida judicial cabível para o enfrentamento do
problema, inclusive com providências imediatas, de modo que seja oferecido
atendimento adequado a todos os idosos que venham a utilizar os serviços do Posto de
Saúde. A demanda exigirá dilação probatória.

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não
confere pontuação.
Competência: Juízo cível da Comarca... ou ou ao Juízo de Fazenda Pública da Comarca
X, (Artigo 2º da Lei nº 7.347/85)

Associação Alfa, qualificação completa (seguir o disposto no artigo 319, insico I do


CPC), vem por seu procurador com escritório à_____ CEP.: ___, local onde receberá
intimações na forma do artigo 77, inciso V do CPC, propor

AÇÃO CIVIL PUBLICA

Com pedido de tutela

Em face de MUNICÍPIO BETA qualificação completa (seguir o disposto no artigo 319,


insico I do CPC), pelos fatos e direitos à seguir elencados:

DA LEGITIMIDADE ATIVA

A parte autora é uma Associação devidamente constituída há mais de 1 (um) ano e tem
por fim à defesa do patrimônio social e do direito à saúde de todos, conforme determina
o disposto no Art. 5º, inciso V, alíneas a e b, da Lei nº 7.347/85

DA LEGITIMIDADE PASSIVA

Município Beta é o responsável pela gestão do Posto de Saúde Gama, posto este que
não tem personalidade jurídica própria.

DOS FATOS

DO DIREITO
Cabimento da ação Civil Pública: É notório o cabimento da presente ação haja vista a
previsão legal do artigo 1º IV E VIII da Lei n. 7.347/85.

Há aqui a defesa de todos os idosos que procuram o atendimento do Posto de Saúde


Gama.

Falta de qualidade do serviço público oferecido à população (interesse difuso).

Direito à vida e à saúde, art. 5º, caput e 6° da CRFB.

Princípio da dignidade da pessoa humana, art. 1º, inciso III da CRFB.

Art. 196, da CRFB/88.

Deve-se ainda lembrar que o caso concreto indica que há realização de obras públicas
na área de lazer, o que é constitucionalmente inadequado em razão da maior
importância dos referidos direitos.

O Município tem o dever de assegurar o direito à saúde, art. 30, inciso VII, CRFB.

Da Tutela de urgência:

Imprescindível, in casu, a tutela de urgência, com fulcro no artigo 12 da Lei nº


7.347/85, a fim de compelir o Município a regularizar o sistema de saúde e prestar o
atendimento laboratorial adequado aos idosos na localidade abrangida pelo Posto de
Saúde.

Requisitos: periculum in mora e fumus boni iuris (art. 300 do CPC).

Sobre o tema escreve Didier: “ A ação civil pública é também um desses procedimentos
que já admitiam a concessão de tutela provisória satisfativa. O art. 12 da Lei de Ação
Civil Pública já permitia a concessão de medida liminar de natureza satisfativa, embora
com redação lacônica. O dispositivo também permite a concessão da tutela cautelar
liminar, no bojo do procedimento da ação civil pública, tendo em vista o regramento do
CPC, que funde a tutela provisória satisfativa de urgência com a tutela cautelar, aqui
aplicado subsidiariamente”.

E continua, “ A menção à tutela cautelar justifica-se historicamente, tendo em vista que,


à época, em razão de ausência de texto normativo que permitisse a concessão da tutela
provisória satisfativa (antecipação da tutela, generalizada em 1994, como visto), o uso
da ação cautelar satisfativa, com finalidade inibitória, era aceito pela jurisprudência”.

Pedido:

a) Que seja concedida tutela antecipada para compelir o réu a regularizar o sistema de
saúde e prestar o atendimento laboratorial adequado aos idosos na localidade abrangida
pelo Posto de Saúde.
b) a citação do réu;

c) a intimação do Ministério Público, na forma do artigo 5º§1º, Lei nº 7.347/85 como


custos legis de forma obrigatória, sob pena de nulidade;

d) a procedência do pedido para transformar em definitiva a liminar requerida.

e) a condenação dos réus no pagamento das custas e honorários de sucumbência;

Provas – Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a


prova documental, testemunhal e depoimento pessoal.

Valor da causa – Dá-se à causa o valor de R$...;

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