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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MM. VARA CÍVEL DO FORO 
CENTRAL DE SÃO PAULO – CAPITAL 

 
 
 
 
 
 
A SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, denominada 
ASSOCIAÇÃO  DOS  DOCENTES  DA  UNIVERSIDADE  DE  SÃO  PAULO  –  ADUSP  ­  Seção 
Sindical do ANDES ­ Sindicato Nacional, inscrita no CNPJ sob número 51.688.943/0001­
90, com endereço na Rua Professor Almeida Prado, 1366, São Paulo, SP., CEP 05508­
070, conforme autorizado pelo art. 4 º, item 5 do Estatuto da entidade (Doc. 01 e 02), 
no âmbito dos docentes da Universidade de São Paulo, representada por seu Diretor 
Presidente,  Rodrigo  Ricupero,  brasileiro,  casado,  portador  do  RG  n.  25.077.857­9  e 
inscrito  no  CPF/MF  sob  o  n.  136.134.378­80,  em  conformidade  com  as  disposições 
estatutárias  em  anexo  (Docs.  03  e  04),  na  qualidade  de  substituto  processual,  vem 
respeitosamente,  perante  Vossa  Excelência,  por  meio  de  suas  procuradoras  abaixo 
assinadas (Doc. 05), com fundamento nos art. 5º e 12 da Lei da Ação Civil Pública e art. 
81 e 82 do Código de Defesa do Consumidor, propor a presente 
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
em face de BRADESCO SEGURO SAÚDE, com sede na  Rua Barão de Itapagipe nº 225, 
Bairro  Rio  Comprido,  CEP  20.261­000,  Rio  de  Janeiro,  RJ,  inscrita  no    CNPJ  sob  nº 
92.693.118/0001­60; e em face de QUALICORP, com sede na Rua Doutor Plínio Barreto, 
365, 1º andar ­ Bela Vista, São Paulo/SP, CEP: 01313­020, CNPJ sob n.º 07.755.207/0001­
15, na pessoa de seus respectivos representantes legais, pelos fatos e fundamentos a 
seguir articulados. 
R. Turiassú, 127, cj. 42 – Perdizes – São Paulo/S.P – CEP 05005­001 –  
tel (11)3868­2729 – fax (11) 3564­6653 – email: contato@laralorena.adv.br 1 
      
 

I. DO OBJETO 
 
A  presente  ação  tem  por  objeto,  em  síntese,  a  adequação  do 
contrato  entabulado  entre  os  docentes  da  Universidade  de  São  Paulo  –USP,  ora 
substituídos,  e  as  empresas  Bradesco  Saúde  e  Qualicorp  (Doc.  06),  aos  preceitos  do 
Código  de  Defesa  do  Consumidor  e  Resoluções  da  ANS.  Especificamente,  trata  este 
processo  da  1)  nulidade  de  cláusula  contratual  que  prevê  a  rescisão  unilateral  do 
contrato  pela  demissão  ou  aposentadoria  do  beneficiário;  2)  ausência  de  cláusula 
assegurando a continuidade do plano aos dependentes, em caso de morte do titular, 
denominado benefício da remissão, nos moldes da contratação anterior (Doc. 07). 
 
II. PRELIMINARMENTE 
II.1. DA LEGITIMIDADE ATIVA 
 
A  parte  Autora  é  entidade  sindical  atuando  em  substituição 
processual  dos  servidores  integrantes  de  sua  base,  como  lhe  faculta  o  art.  3º  da  Lei 
8.073/901,  bem  como  o  que  dispõe  o  artigo  8°,  inciso  III,  da  Constituição  Federal  de 
1988, que prediz que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais  da  categoria,  inclusive  em  questões  judiciais  ou  administrativas”.  Ophir 
Cavalcante Junior, leciona, comentando o art. 8º, inciso III, da Constituição Federal: 
 
Não  se  trata  de  mero  princípio  programático  ou  que  encerre 
simples representação processual ­ onde haveria necessidade de 
outorga  de  poderes  ­  é  sim,  ao  revés,  o  coroamento  em  nível 
constitucional  do  instituto  da  substituição  processual, 
porquanto,  se  confere  às  entidades  sindicais  poderes  para 

                                                           
1
 Art. 3º ­ As entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais dos integrantes da 
categoria. 

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promover,  em  seu  próprio  nome,  a  defesa  dos  interesses  dos 


empregados em demandas administrativas e judiciais. 2 
  
A  legitimidade  do  Sindicato­Autor,  ainda,  é  ancorada  nas 
disposições contidas nos artigos 1º, inciso IV, 5º, 18 e 21, da Lei nº 7.347/85, combinados 
com os artigos 81, parágrafo único, inciso III, e 82, inciso IV, da Lei nº 8.078/90 (Código 
de Defesa do  Consumidor),  na  medida  em  que atua  na  defesa  de direitos  individuais 
homogêneos de que os substituídos são titulares. 
 
Com efeito, há muito a jurisprudência tem se firmado no sentido 
de  assegurar  aos  sindicatos  o  direito  de  atuação  em  juízo  para  preservar  interesses 
individuais ou coletivos da categoria representada, senão, vejamos: 
 
PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL.  AÇÃO  CIVIL  PÚBLICA. 
DEFESA  DE  DIREITOS  INDIVIDUAIS  HOMOGÊNEOS  DE 
SERVIDORES  PÚBLICOS.  CABIMENTO.  LEGITIMIDADE  DO 
SINDICATO.  CONCESSÃO  DE  BENEFÍCIO  DE  ASSISTÊNCIA 
JUDICIÁRIA  GRATUITA.  IMPOSSIBILIDADE  PORQUE  NÃO 
COMPROVADA  TEMPESTIVAMENTE  A  MISERABILIDADE  DO 
SINDICATO. ISENÇÃO DE CUSTAS. APLICAÇÃO DO ART. 18 DA LEI 
N. 7.347/85. 
1. Trata­se, na origem, de agravo de instrumento contra decisão 
que indeferiu o processamento da presente demanda sob o rito 
da Lei de Ação Civil Pública e o pedido de assistência judiciária 
gratuita. O acórdão manteve este entendimento. 
2.  Nas  razões  recursais, sustenta  a  parte  recorrente ter  havido 
violação aos arts. 5º e 21 da Lei n. 7.347/85 e 81 e 87 da Lei n. 
                                                           
2
 Rev. LTr. Vol 53, nº 10, outubro de 1989. 

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8.078/90 ­ postulando o cabimento de ação civil pública ajuizada 
por sindicato em defesa de direitos individuais homogêneos da 
categoria que representa ­ e 4º da Lei n. 1.060/58 ­ requerendo 
a  concessão  de  benefício  de  assistência  judiciária  gratuita. 
Aponta, ainda, divergência jurisprudencial a ser sanada. 
3.  Em  primeiro  lugar,  pacífico  o  entendimento  desta  Corte 
Superior  no  sentido  de  que  o  art.  21  da  Lei  n.  7.347/85,  com 
redação  dada pela Lei n. 8.078/90, ampliou o alcance da ação 
civil  pública  também  para  a  defesa  de  interesses  e  direitos 
individuais  homogêneos  não  relacionados  a  consumidores. 
Precedentes. 
4.  É  cabível  o  ajuizamento  de  ação  civil  pública  em  defesa  de 
direitos  individuais  homogêneos  não  relacionados  a 
consumidores,  devendo  ser  reconhecida  a  legitimidade  do 
Sindicato recorrente para propor a presente ação em defesa de 
interesses individuais homogêneos da categoria que representa. 
Precedente em caso idêntico. 
5. O Superior Tribunal de Justiça entende que mesmo as pessoas 
jurídicas  sem  fins  lucrativos  devem  comprovar  situação  de 
miserabilidade para fins de concessão do benefício de assistência 
judiciária gratuita. Precedente da Corte Especial. 
6. Com o processamento da presente demanda na forma de ação 
civil pública, plenamente incidente o art. 18 da lei n. 7.347/85, 
com a isenção de custas, ainda  que não a título de assistência 
judiciária gratuita. 
7. Recurso especial parcialmente provido. 
(STJ,  2ª  Turma,  REsp  nº  1257196/RS,  Rel.  Ministro  Mauro 
Campbell  Marques,  julgado  em  16/10/2012,  DJe  24/10/2012) 
grifamos. 
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Nesse  sentido,  verifica­se  que  a  Carta  Magna  reservou  às 
entidades sindicais legitimidade extraordinária, que abrange tanto os direitos coletivos, 
quanto  os  individuais  homogêneos  e  heterogêneos  da  categoria  substituída  pela 
entidade sindical.  
 
Inclusive,  nessa  medida,  o  Egrégio  Supremo  Tribunal  Federal 
manifestou­se, confirmando a mens legis do constituinte de 1988, por intermédio da r. 
decisão exarada no Mandado de Injunção nº 357­5, na sessão plenária de 7/5/93, tendo 
como  Relator  o  E.  Ministro  NÉRI  DA  SILVEIRA 3.  À  oportunidade,  o  Plenário  da  Corte 
Constitucional entendeu, à unanimidade, que o inc. III do art. 8º da Constituição Federal 
trata do instituto da substituição processual, estabelecendo, ainda, ser tal dispositivo 
autoaplicável,  reconhecendo  expressamente  a  legitimidade  de  entidade  sindical  para 
figurar em juízo. Outro não é o posicionamento adotado pelo Egrégio Superior Tribunal 
de Justiça: 
  
Processual  civil  e  Tributário.  Ação  Civil  Pública.  Abstenção  da 
cobrança  de  contribuição  social  previdenciária.  Legitimidade 
ativa  de  Sindicato.  Direitos  individuais  homogêneos. 
Desnecessidade  de  autorização  expressa  dos  sindicalizados. 
Precedentes do Colendo STF e desta Corte Superior. 
1.  Nos  termos  da  vasta  e  pacífica  jurisprudência  do  Superior 
Tribunal de Justiça Portanto, tem legitimidade ativa o sindicato 
para propor ação civil pública na qual se almeja a abstenção de 
cobrança de contribuição social previdenciária, relativo a todos 
os  servidores  a  ele  associados,  independentemente  de 
autorização  dos  sindicalizados,  por  se  tratar  de  direitos 
                                                           
3
  Acórdão publicado no DJ de 8/4/199. 

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individuais  homogêneos.  ­  “Nos moldes de farto entendimento 


jurisprudencial  desta  Corte,  os  sindicatos  não  dependem  de 
expressa autorização de seus filiados para agir judicialmente em 
favor deles, no interesse da categoria por ele representada.”
(REsp nº 410374/RS, 5ª Turma, DJ de 25/08/2003, Rel. Min. JOSÉ 
ARNALDO  DA  FONSECA)  ­  “A Lei nº 8.073/90 (art. 3º), em
consonância com as normas constitucionais (art. 5º, incisos XXI e 
LXX,  CF/88),  autorizam  os  sindicatos  a  representarem  seus 
filiados em juízo, quer nas ações ordinárias, quer nas seguranças 
coletivas,  ocorrendo  a  chamada  substituição  processual. 
Desnecessária,  desta  forma,  autorização  expressa  (cf.  STF,  Ag. 
Reg.  RE  225.965/DF,  Rel.  Ministro  CARLOS  VELLOSO,  DJU  de 
05.03.1999)”. (REsp's nºs 444867/MG, DJ de 23/06/2003,
379837/MG, DJ de 11/11/2002, e 415629/RR, DJ de 11/11/2002, 
5ª  Turma,  Rel.  Min.  JORGE  SCARTEZZINI)  ­  “Os precedentes
jurisprudenciais desta eg. Corte vêm decidindo pela legitimidade 
ativa  'ad  causam'  dos  sindicatos  para  impetrar  mandado  de 
segurança  coletivo,  em  nome  de  seus  filiados,  sendo 
desnecessária  autorização  expressa  ou  a  relação  nominal  dos 
substituídos.” (Resp nº 253607/AL, 2ª Turma, DJ de 09/09/2002,
Rel.  Min.  FRANCISCO  PEÇANHA  MARTINS)  ­  “Tem o sindicato
legitimidade  para  defender  os  direitos  e  interesses  de  seus 
filiados,  prescindindo de autorização destes.” (REsp nº
352737/AL,  1ª  Turma,  DJ  de  18/03/2002,  Rel.  Min.  GARCIA 
VIEIRA)  ­  “Conforme já sedimentado, os Sindicatos possuem
legitimação  ativa,  como  substitutos  processuais  de  seus 
associados, para impetrar mandado de segurança em defesa de 
direitos  vinculados  ao  interesse  da  respectiva  categoria 
funcional, independentemente de autorização expressa de seus 
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filiados. Interpretação conjugada dos artigos 8º, III e  5º, XVIII, 
da  Constituição  Federal.  Precedentes:  MS  nº  4256  ­  DF,  Corte 
Especial ­ STJ; MS nº 22.132 ­ RJ, Tribunal Pleno ­ STF.” (MS nº
7867/DF, 3ª Seção, DJ de 04/03/2002, Rel. Min. GILSON DIPP) ­ 
“Não depende o sindicato de autorização expressa de seus
filiados, pela assembleia geral, para a propositura de mandado 
de  segurança  coletivo,  destinado  à  defesa  dos  direitos  e 
interesses  da  categoria  que  representa,  como  entendem  a 
melhor doutrina nacional e precedentes desta Corte e do STF.”
(MS  nº  4256/DF,  Corte  Especial,  DJ  de  01/12/1997,  Rel.  Min. 
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA). 
2. Precedentes das 1ª, 2ª, 5ª e 6ª Turmas, das 1ª e 3ª Seções e 
da Corte Especial do STJ. 3. Recurso não provido 4. 
 
Especificamente no que concerne ao tema debatido na presente 
ação,  cláusulas  contratuais  do  Plano  de  Saúde  dos  substituídos,  ou  seja,  embate  de 
direitos teoricamente individuais dos consumidores, cabe enfatizar que a análise deve 
ser feita sob a perspectiva da permissão da tutela simultânea. Há uma origem comum 
no pleito dos substituídos, disputável de forma coletiva, que, ao final, é perfeitamente 
divisível entre os lesados.  
 
Nessa esteira, colaciona­se ementa de decisão também advinda 
do Superior Tribunal de Justiça: 
 
RECURSO  ESPECIAL.  PROCESSUAL  CIVIL  E  CONSUMIDOR.  AÇÃO 
COLETIVA  DE  CONSUMO.  INTERESSES  INDIVIDUAIS 

                                                           
4
  Recurso Especial nº 530201/RS (2003/0071218­7), DJ de 20/10/2003, p. 229, Relator Min. JOSÉ 
DELGADO, J. 9/9/2003, 1ª Turma (íntegra do Acórdão em anexo). 

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HOMOGÊNEOS.  CARACTERIZAÇÃO.  ORIGEM  COMUM. 


SITUAÇÃO  FÁTICA  OU  DE  DIREITO  GENÉRICA.  CONEXÃO  DE 
INTERESSES  PELA  CAUSA  DE  PEDIR  REMOTA  OU  PRÓXIMA. 
SUFICIÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA. SINDICATO. EXISTÊNCIA. 
1.  Cuida­se  de  ação  coletiva  de  consumo,  ajuizada  pelo 
recorrente, por meio da qual questiona a validade de cláusulas 
inscritas  em  Cédulas  de  Crédito  Rural  Pignoratícias  e 
Hipotecárias  e  seus  Aditivos,  assinadas  por  seus  sindicalizados 
em  virtude  de  programa  de  financiamento  destinado  à 
modernização  da  frota  de  máquinas  colheitadeiras  e  tratores 
agrícolas. 
2.  O  propósito  do  presente  recurso  especial  é  determinar  se  a 
discussão  a  respeito  de  cláusulas  contratuais  inseridas  em 
cédulas  de  crédito  rural  configura  interesse  individual 
homogêneo, apto a ser tutelado por meio de ação coletiva, e se, 
consequentemente,  o  sindicato  recorrente  possui  legitimidade 
para a presente ação de consumo. 
3.  A  origem  comum,  que  caracteriza  o  interesse  individual 
homogêneo, refere­se a um específico fato ou peculiar direito 
que  é  universal  às  inúmeras  relações  jurídicas  individuais,  a 
partir dos quais haverá conexão processual entre os interesses, 
caracterizada  pela  identidade  de  causa  de  pedir  próxima  ou 
remota. 
4. A divisibilidade e a presença de notas singulares são também 
características  fundamentais  dos  interesses  individuais 
homogêneos,  as  quais  não  os  desqualificam  como  interesses 
coletivos  em  sentido  amplo  ou  impedem  sua  tutela  em  ação 
civil coletiva de consumo. 

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5.  Na  hipótese  em  exame,  a  petição  inicial  delimitou  a 


controvérsia  aos  elementos  genéricos  das  relações  jurídicas 
singulares de cada um dos associados da recorrente, constantes 
em  contratos  assinados  no  contexto  de  programa  de 
financiamento destinado à modernização da frota de máquinas 
colheitadeiras  e  tratores  agrícolas  e  implementos  denominado 
FINAME  agrícola,  estando  caracterizada  a  origem  comum  dos 
direitos vindicados. 
6. Recurso especial conhecido e provido. 
(REsp  1537856/MT,  Rel.  Ministra  NANCY  ANDRIGHI,  TERCEIRA 
TURMA, julgado em 28/08/2018, DJe 31/08/2018) grifamos. 
 
Nos  termos  do  voto  proferido  pela  Eminente  Ministra  Nancy 
Andrighi, Relatora do Acórdão acima colacionado: 
 
Especificamente  no  que  se  refere  aos  direitos  individuais 
homogêneos, a possibilidade dessa tutela simultânea se deve às 
propriedades  genéricas  e  gerais  desses  interesses,  proveniente 
de sua origem comum.  
Com  efeito,  a  união  pela  origem  comum  traz  como 
consequência  a  existência  de  elementos  que  podem  ser 
enfrentados de forma abstrata e abrangente, o que ocorre na 
primeira  fase  da  ação  civil  pública,  para  a  qual  exigem­se 
“questões de fato ou de direito comuns ao grupo, ou seja, as
pessoas representadas devem ter o mesmo interesse”, bastando,
nesse caso, “que haja uma única questão comum, desde que
significante” (DINAMARCO. Pedro da Silva. Ação Civil Pública.
São Paulo: Saraiva, 2001, p. 132).  

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Referida origem comum refere­se, portanto, a um específico fato 
ou peculiar direito que é universal às inúmeras relações jurídicas 
individuais, a partir dos quais haverá conexão processual entre 
os  interesses,  caracterizada  pela  identidade  de  causa  de  pedir 
próxima ou remota. 
É, realmente, a divisibilidade e a presença de notas singulares 
é  característica  fundamental  dos  interesses  individuais 
homogêneos,  o  que  não  retira  sua  homogeneidade  nem  os 
desqualifica  como  interesses  coletivos  em  sentido  amplo. 
(grifamos) 
 
Deste  modo,  na  espécie,  encontrando­se  delimitada  a  origem 
comum do interesse individual homogêneo, qual seja,  adesão a contrato de plano de 
saúde  celebrado  pelos  docentes,  com  cláusulas  e  disposições  idênticas  em  todos  os 
instrumentos  contratuais,  consubstanciada  está  a  legitimidade  ativa  do  sindicato  ora 
postulante.  Há  comunhão  de  circunstâncias  fáticas  e  jurídicas,  caracterizada  pela 
identidade de causa de pedir idêntica. 
 
Cumpre  destacar,  por  fim,  que  consoante  as  decisões  dos 
Tribunais  Superiores,  em  se  tratando  de  substituição  processual,  a  autorização 
específica  dos  interessados  é  dispensável,  pois  não  é  da  essência  da  substituição  a 
exigência de tal formalidade. Do contrário, estar­se­ia diante de uma representação via 
mandato,  o  que  não  é  o  caso  dos  autos.  Como  substituto,  então,  pode  o  sindicato 
defender  os  interesses  vinculados  ao  presente  pleito,  eis  que  abrangentes  da 
coletividade nesse sintetizada. 
 
 
 
 
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II.2 DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM 
 
A  origem  deste  processo  encontra­se  no  questionamento  de 
cláusulas do contrato firmado pelos substituídos com a Bradesco Saúde e a Qualicorp. 
Cabe  destacar,  nesse  sentido,  a  solidariedade  entre  os  participantes  da  cadeia  de 
fornecimento  –  Qualicorp  e  Bradesco  Saúde  ­,  que  decorre  do  Código  de  Defesa  do 
Consumidor, consoante se afere da redação contida no art. 7º, do CDC. Na esteira desse 
entendimento: 
 
APELAÇÃO  CÍVEL.  DIREITO  CIVIL  E  PROCESSUAL  CIVIL. 
CONSUMIDOR.  SEGURADORA  DE  SAÚDE.  PRELIMINAR  DE 
ILEGITIMIDADE. INVIABILIDADE. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. 
NEGATIVA DE COBERTURA. 
Não  há  que  se  falar,  in  casu,  de  ilegitimidade  passiva  da 
operadora  de  saúde,  tendo  em  vista  que  por  se  tratar  de 
relação  de  consumo,  e  que  todos  aqueles  que  integram  a 
respectiva  cadeia  devem  responder  solidariamente  por 
eventuais prejuízos causados ao consumidor, este pode acionar 
judicialmente qualquer integrante. 
É abusiva a conduta de operadora de saúde que nega cobertura 
de  atendimento  a  conveniado  sob  o  argumento  de  que  a 
eventual  inadimplência  do  segurado  gerou  a  automática  e 
unilateral  extinção  contratual,  sem,  contudo,  dar  atendimento 
aos ditames da legislação de regência, notadamente a exigência 
constante no inciso II do parágrafo único do artigo 13 da Lei nº 
9.656/98. 
O fato de o consumidor ter que recorrer ao Poder Judiciário para 
garantir  o  direito  a  tratamento  de  sua  saúde  gera  desgaste 
adicional  a  quem  já  se  encontrava  em  situação  de  debilidade 
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física  e  psíquica,  e  demonstra  elevado  grau  de  descaso  da 


operadora de saúde para com a norma protetiva da vida e para 
com a qualidade da vida alheia, pelo que esse fato transcende o 
mero descumprimento contratual, indenizável, desse modo, por 
meio de danos morais. 
Ambos  os  apelos  foram  conhecidos.  O  recurso  do  apelante­
requerido  restou  desprovido;  deu­se  provimento  ao  apelo  do 
autor­apelante, para majorar o valor da condenação em danos 
morais.” 
(Acórdão  n.913615,  20140110727687APC,  Relator:  GILBERTO 
PEREIRA DE OLIVEIRA, Revisor: MARIA DE LOURDES ABREU, 3ª 
TURMA  CÍVEL,  Data  de  Julgamento:  16/12/2015,  Publicado  no 
DJE: 27/01/2016. Pág.: Sem Página Cadastrada.) grifamos. 
 
Assim,  na  medida  em  que  a  presente  lide  se  move  contra  os 
efeitos  danosos  que  o  dito  contrato  poderá  trazer  aos  substituídos,  é  inequívoca  a 
legitimidade das rés para figurar no polo passivo da lide. 
 
III. DOS FATOS 
 
A  FUSP  ­  Fundação  de  Apoio  à  Universidade  de  São  Paulo, 
entidade de direito privado criada com o principal objetivo de dar execução a atividades 
da  Universidade  de  São  Paulo,  apoiando  e  dando  suporte  às  Unidades,  Núcleos  de 
Apoio,  Institutos,  firmou,  há  mais  de  20  anos,  por  meio  de  empresa  de  corretagem 
(Bolsa de Seguros), contratos individuais de planos de Saúde junto à Bradesco Saúde, 
tendo administrado esse plano de seguros desde então. 
 
Ocorre que no dia 16 de maio do corrente ano, os segurados do 
contrato  vigente  com  FUSP  e  Bradesco  Saúde,  constituídos  de  uma  boa  parcela  da 
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categoria dos docentes da USP, ativos e aposentados, foram surpreendidos com uma 
correspondência informando que seria necessária a realização de migração do benefício 
do plano de saúde existente, para a modalidade coletiva por adesão, a fim de adequação 
à Resolução Normativa nº 195 da ANS. 
 
Este novo plano, também operado pela Bradesco Saúde, possui 
como  administradora  a  empresa  Qualicorp,  registrada  na  ANS  sob  o  nº  417173,  e  o 
contrato  foi  estabelecido  por  meio  do  vínculo  Associativo  com  a  SASPB­  Sociedade 
Assistencialista dos Servidores Públicos do Brasil, entidade conveniada à Qualicorp. A 
modalidade contratual foi modificada, portanto, de contrato coletivo empresarial para 
contrato coletivo por adesão. 
 
Todavia, há  irregularidades  presentes no  contrato  entabulado, 
as  quais  devem  ser  sanadas.  Primeiramente,  referente  aos  servidores  demitidos  e 
aposentados, prevê, na Cláusula 22, a descontinuidade do Plano: 
 
22.  Não  haverá  nenhuma  continuidade  deste  benefício  nas 
hipóteses previstas nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/98, que 
cuidam  da  continuidade  assistencial  em  casos  de  demissão  e 
aposentadoria  em  contratos  coletivos  empresariais,  hipóteses 
essas totalmente diversas das que se aplicam a este benefício. 
 
Ademais, o contrato entabulado não possui cláusula tratando da 
hipótese  do  falecimento  dos  usuários,  de  modo  que  não  há  previsão  acerca  da 
continuidade do Plano aos dependentes dos servidores neste caso específico.  
 
Diferentemente,  no  contrato  anterior,  constava  a  previsão  de 
que,  em  caso  de  falecimento  do  Segurado  titular  na  vigência  do  contrato  de  seguro, 
havia  a  garantia  contratual  de  que  os  dependentes  principais  incluídos  na  apólice 
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permaneceriam  sob  a  cobertura  durante,  ao  menos,  1  (um)  ano  desobrigados  do 
prêmio. 
 
Nesta senda, cabe enfatizar que, conforme previsto no artigo 20 
da  Resolução  Normativa  254/2011  da  ANS,  nenhuma  adaptação  ou  migração  de 
contrato  pode  ocorrer  por  decisão  unilateral  da  operadora,  ficando  assegurado  aos 
responsáveis pelos contratos ou beneficiários, que por elas não optarem, a manutenção 
do  contrato  de  origem.  No  entanto,  no  caso  em  avaliação  não  foi  oportunizada  essa 
escolha,  sendo  determinada  a  migração  sem  a  opção  de  manutenção  do  contrato 
originário. 
 
Deste modo, cabível a adequação deste contrato aderido pelos 
substituídos aos ditamos legais, a fim de evitar maiores prejuízos e posterior ingresso 
com diversas demandas judiciais, conforme a seguir exposto. 
 
IV. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO 
IV.1. Da Cláusula 22 ­ Patente nulidade na vedação expressa na continuidade do plano 
em relação a servidores demitidos e aposentados. 
 
A cláusula 22 do Contrato de Adesão em análise dispõe: 
 
Não  haverá  nenhuma  continuidade  deste  benefício  nas 
hipóteses  previstas  nos  artigos  30  e  31  da  Lei  9.656/98,  que 
cuidam  da  continuidade  assistencial  em  casos  de  demissão  e 
aposentadoria  em  contratos  coletivos  empresariais,  hipóteses 
essas totalmente diversas das que se aplicam a este benefício. 
 

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Tentam  a  administradora  e  a  operadora,  de  forma  abusiva,  diferenciar  o 


contrato  coletivo  por  adesão  do contrato  coletivo  empresarial  no  que  tange  à 
continuidade do plano nas situações mencionadas. 
 
Sobre o tema, o art. 30 da Lei 9.656/1998, Lei dos Planos de Saúde, dispõe 
que o consumidor que contribuir para plano ou seguro privado coletivo de assistência à 
saúde, em caso de rescisão do vínculo empregatício ou demissão sem justa causa, pode 
continuar usufruindo do plano, desde que passe a pagar integralmente as mensalidades: 
 
Art. 30.  Ao  consumidor  que  contribuir  para  produtos  de  que 
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de 
vínculo  empregatício,  no  caso  de  rescisão  ou  exoneração  do 
contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de 
manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de 
cobertura  assistencial  de  que  gozava  quando  da  vigência  do 
contrato  de  trabalho,  desde  que  assuma  o  seu  pagamento 
integral.                     
§ 1o  ­ O período de manutenção da condição de beneficiário a 
que se refere o caput será de um terço do tempo de permanência 
nos  produtos  de  que  tratam  o  inciso  I  e  o  § 1o  do  art.  1o,  ou 
sucessores,  com  um  mínimo  assegurado  de  seis  meses  e  um 
máximo de vinte e quatro meses. 
§  2o  A  manutenção  de  que  trata  este  artigo  é  extensiva, 
obrigatoriamente,  a  todo  o  grupo  familiar  inscrito  quando  da 
vigência do contrato de trabalho. 
§  3o  Em  caso  de  morte  do  titular,  o  direito  de  permanência  é 
assegurado  aos  dependentes  cobertos  pelo  plano  ou  seguro 
privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto 
neste artigo. 
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§  4o  O  direito  assegurado  neste  artigo  não  exclui  vantagens 


obtidas pelos empregados decorrentes de negociações coletivas 
de trabalho. 
§ 5o  A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir 
quando da admissão do consumidor titular em novo emprego 
 § 6o  Nos  planos  coletivos  custeados  integralmente  pela 
empresa,  não  é  considerada  contribuição  a  co­participação  do 
consumidor,  única  e  exclusivamente,  em  procedimentos,  como 
fator  de  moderação,  na  utilização  dos  serviços  de  assistência 
médica ou hospitalar. 
 
Já o artigo 31 assegura esse direito aos aposentados: 
 
Art.  31.    Ao  aposentado  que  contribuir  para  produtos  de  que 
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de 
vínculo  empregatício,  pelo  prazo  mínimo  de  dez  anos,  é 
assegurado  o  direito  de  manutenção  como  beneficiário,  nas 
mesmas  condições  de  cobertura  assistencial  de  que  gozava 
quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma 
o seu pagamento integral.                  (Redação dada pela Medida 
Provisória nº 2.177­44, de 2001) 
§  1o  Ao  aposentado  que  contribuir  para  planos  coletivos  de 
assistência à saúde por período inferior ao estabelecido no caput 
é assegurado o direito de manutenção como beneficiário, à razão 
de um ano para cada ano de contribuição, desde que assuma o 
pagamento integral do mesmo.                   (Vide  Medida 
Provisória nº 1.908­20, de 1999)                     (Redação dada pela 
Medida Provisória nº 2.177­44, de 2001) 

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§ 2o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar­se­
ão as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2 o, 3o, 4o, 5o e 6o 
do art. 30.                  
§ 3o Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar­se­
ão as mesmas condições estabelecidas nos §§ 2o e 4o do art. 30.            
(Vide Medida Provisória nº 1.665, de 1998) 
 
Além do citado regramento para manutenção do plano ao
funcionário demitido ou aposentado, o direito ao uso do plano é extensivo
obrigatoriamente ao grupo familiar que estava inscrito quando da vigência do contrato
de trabalho, se assim desejar o ex-empregado.  
 
Conforme  anteriormente  exposto,  a  contratação  do  plano  de 
saúde em  questão  foi  realizada  na  modalidade  coletivo por  adesão,  estabelecida por 
meio  do  vínculo  Associativo  com  a  SASPB  ­  Sociedade  Assistencialista  dos  Servidores 
Públicos do Brasil, entidade conveniada à Qualicorp. 
 
Nesse ínterim, cabível ater­se no objetivo dos artigos 30 e 31 da 
Lei  nº  9.656/1998,  porquanto  o  foco  de  proteção  legal  é  o  estado  de  desemprego 
involuntário do trabalhador, seja por demissão, seja por aposentadoria.  
 
E, em relação ao caso em concreto, apesar de o vínculo com o 
plano se dar de forma associativa, as situações de desvinculação contratual podem ser 
equiparadas a uma dispensa de um trabalhador submetido ao regime celetista (art. 30 
da Lei nº 9.656/1998). 
 
Isto porque a importância da manutenção da assistência à saúde 
aos consumidores de planos coletivos foi uma preocupação do legislador, ao estabelecer 
o marco regulatório da prestação dos serviços de saúde suplementar. A Lei n. 9.656/98, 
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ao  albergar  o  contribuinte  de  plano  coletivo  que  sofreu  com  a  perda  do  vínculo 
trabalhista, disciplinada no art. 30, e o empregado aposentado, disciplinado no art. 31, 
demonstra  clara  preocupação  na  garantia  ao  contribuinte  do  direito  de  manter  a 
condição de beneficiário, nas mesmas condições anteriores à dispensa ou aposentadoria 
(desde que preenchidas determinadas condições). 
 
Essa preocupação em não deixar desamparado o consumidor de 
plano  de  saúde na  modalidade de  contratação coletiva, de  forma  a  não  frustrar  suas 
expectativas  de  segurança  quanto  à  eliminação  de  riscos  à  sua  saúde  e  de  seus 
dependentes, que tinha ao ingressar no contrato coletivo, se mostra clara pela leitura 
da regra, com a realização da necessária interpretação legislativa. 
 
Acerca deste debate, cumpre ressaltar que, considerando que os 
servidores  da  Universidade  de  São  Paulo  ­  USP  são,  majoritariamente,  servidores 
públicos estatutários – em grande maioria com estabilidade no cargo ­ o ponto de maior 
atenção se dá em relação à vedação expressa na cláusula referente à continuidade do 
plano no caso de aposentadoria.  
 
Nesse seguimento, ainda que a lei não faça referência expressa 
ao  contrato  coletivo  por  adesão,  cabível  a  aplicação  do  mesmo  princípio  protetivo 
presente no 31 da Lei 9.656/98 a este tipo de contrato, utilizando­se de interpretação 
analógica,  diante  da  necessidade  de  se  proteger  o  consumidor  de  plano  coletivo 
aposentado. 
 
Importante  também  ressaltar  que  a  ANS  assegura  ao 
aposentado o direito de manter um ou todos os familiares já vinculados ao plano de 
saúde  antes  do  fim  do  contrato  laboral,  desde  que  este  assuma  o  pagamento 
correspondente. 
 
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Em  suma,  nos  planos  coletivos  em  que  há  participação  do 
beneficiário  no  custeio  do  plano,  devem  constar  os  direitos  dos  demitidos  sem  justa 
causa e dos aposentados da manutenção da condição de beneficiário e, ainda, garantia 
de ingresso em plano individual ou familiar no caso de cancelamento deste benefício 
coletivo pelo empregador. 
 
Nesse sentido, ementa de decisão advinda do Superior Tribunal 
de Justiça: 
 
CONSUMIDOR.  PLANO  DE  SAÚDE.  CLÁUSULA  ABUSIVA. 
NULIDADE.  RESCISÃO  UNILATERAL  DO  CONTRATO  PELA 
SEGURADORA. LEI 9.656/98. É nula, por expressa previsão legal, 
e em razão de sua abusividade, a cláusula inserida em contrato 
de plano de saúde que permite a sua rescisão unilateral pela 
seguradora,  sob  simples  alegação  de  inviabilidade  de 
manutenção da avenca. Recurso provido” (STJ, REsp 602397­RS, 
rel. Min. Castro Filho, 3a. Turma, DJ 1.8.2005, p. 443). grifamos. 
 
Ainda,  o  Conselho  de  Saúde  Suplementar  ­  CONSU,  órgão 
instituído  pela  Lei  nº  9.656/98,  para  desempenhar  as  atribuições  normativas  da 
prestação  dos  serviços  de  saúde  suplementar  –  antes  da  criação  da  ANS  ­,  levou  em 
consideração a importância da manutenção da assistência à saúde aos consumidores de 
planos coletivos e redigiu resolução estabelecendo como obrigação das operadoras a 
absorção  do  universo  de  consumidores  oriundos  de  planos  coletivos  liquidados  ou 
encerrados. A Resolução n. 19 do CONSU estabelece no seu art. 1o. que: 
 
As operadoras de planos ou seguros de assistência à saúde, que 
administram  ou  operam  planos  coletivos  empresariais  ou  por 
adesão  para  empresas  que  concedem  esse  benefício  a  seus 
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empregados, ou ex­empregados, deverão disponibilizar plano ou 
seguro  de  assistência  à  saúde  na  modalidade  individual  ou 
familiar ao universo de beneficiários, no caso de cancelamento 
desse  benefício,  sem  necessidade  de  cumprimento  de  novos 
prazos de carência. 
 
O parágrafo segundo desse mesmo artigo estende a obrigação 
da operadora, quanto à continuidade da prestação dos serviços de assistência à saúde, 
a todo o grupo familiar vinculado ao beneficiário titular, senão, vejamos: 
 
Art.  2º  Os  beneficiários  dos  planos  ou  seguros  coletivos 
cancelados  deverão  fazer  opção  pelo  produto  individual  ou 
familiar  da  operadora  no  prazo  máximo  de  trinta  dias  após  o 
cancelamento. 
Parágrafo único – O empregador deve informar ao empregado 
sobre  o  cancelamento  do  benefício,  em  tempo  hábil  ao 
cumprimento do prazo de opção de que trata o caput. 
 
Deste  modo,  a  vedação  expressa  no  apontado  artigo  22  do 
contrato de adesão analisado padece de nulidade, pois abusiva, por afrontar o sistema 
protetivo estabelecido no Código de Defesa do Consumidor, na Lei n° 9.656/98 e nas 
demais regulamentações apresentadas.  
 
Destaca­se que, nos termos da Súmula 608 editada pelo Superior 
Tribunal de Justiça, aplica­se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano 
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão. 
 
Destarte, da ótica do diploma consumerista, denota­se que são 
perfeitamente identificáveis os sujeitos ativos e passivo, obrigatoriamente constantes 
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dessa  relação:  consumidores  (substituídos)  e  fornecedor  (ré).  Os  conceitos  de 


consumidor  e  fornecedor  encontram­se  redigidos  nos  artigos  2°  e  3°  do  Código 
Consumerista, os quais se traz à colação: 
 
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou  utiliza  produtos  ou  serviço  como  destinatário  final. 
(destacou­se) 
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou 
privada  nacional  ou  estrangeira,  bem  como  os  entes 
despersonalizados,  que  desenvolvem  atividades  de  produção, 
montagem,  criação,  construção,  transformação,  importação, 
exportação,  distribuição  ou  comercialização  de  produtos  ou 
prestação de serviços. 
[...] 
§  2°  Serviço  é  qualquer  atividade  fornecida  no  mercado  de 
consumo,  mediante  remuneração,  inclusive  as  de  natureza 
bancária,  financeira,  de  crédito  e  securitária,  salvo  as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 
Assim  sendo,  já  no  art.  4º,  inciso  I,  do  Código  Consumerista 
encontram­se óbices às práticas desmedidas da parte ré, senão vejamos: 
 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o 
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus 
interesses  econômicos,  a  melhoria  da  sua  qualidade  de  vida, 
bem  como  a  transparência  e  harmonia  das  relações  de 
consumo, atendidos os seguintes princípios: 

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I  ­  reconhecimento  da  vulnerabilidade  do  consumidor  no 


mercado de consumo; (destacamos) 
 
Acerca  das  vedações  aos  fornecedores  de  produtos,  dispõe  o 
artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor:  
 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre 
outras  práticas  abusivas:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  8.884,  de 
11.6.1994) 
I  ­  condicionar  o  fornecimento  de  produto  ou  de  serviço  ao 
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa 
causa, a limites quantitativos; 
II  ­  recusar  atendimento  às  demandas  dos  consumidores,  na 
exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de 
conformidade com os usos e costumes; 
III  ­  enviar  ou  entregar  ao  consumidor,  sem  solicitação  prévia, 
qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; 
IV  ­  prevalecer­se  da  fraqueza  ou  ignorância  do  consumidor, 
tendo  em  vista  sua  idade,  saúde,  conhecimento  ou  condição 
social, para impingir­lhe seus produtos ou serviços; 
V ­ exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 
VI ­ executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e 
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes 
de práticas anteriores entre as partes; 
VII ­ repassar informação depreciativa, referente a ato praticado 
pelo consumidor no exercício de seus direitos; 
VIII  ­  colocar,  no  mercado  de  consumo,  qualquer  produto  ou 
serviço  em  desacordo  com  as  normas  expedidas  pelos  órgãos 
oficiais  competentes  ou,  se  normas  específicas  não  existirem, 
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pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade 
credenciada  pelo  Conselho  Nacional  de  Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); 
IX  ­  recusar  a  venda  de  bens  ou  a  prestação  de  serviços, 
diretamente a quem se disponha a adquiri­los mediante pronto 
pagamento,  ressalvados  os  casos  de  intermediação  regulados 
em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
X  ­  elevar  sem  justa  causa  o  preço  de  produtos  ou  serviços.                
(Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
XI ­  Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890­67, de 22.10.1999, 
transformado  em  inciso  XIII,  quando  da  conversão  na  Lei  nº 
9.870, de 23.11.1999 
XII  ­  deixar  de  estipular  prazo  para  o  cumprimento  de  sua 
obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo 
critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) 
XIII  ­  aplicar  fórmula  ou  índice  de  reajuste  diverso  do  legal  ou 
contratualmente  estabelecido.    (Incluído  pela  Lei  nº  9.870,  de 
23.11.1999) 
XIV ­ permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de 
serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela 
autoridade  administrativa  como  máximo.   (Incluído  pela  Lei  nº 
13.425, de 2017) 
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos 
ou entregues ao consumidor, na  hipótese prevista no inciso III, 
equiparam­se  às  amostras  grátis,  inexistindo  obrigação  de 
pagamento. 
 

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Além  disso,  também  diante  do  disposto  no  artigo  51  do  CDC, 
mostra­se abusiva a cláusula imposta, pois visivelmente o consumidor encontra­se em 
desvantagem perante a Bradesco Seguros e à Qualicorp: 
 
Art.  51.  São  nulas  de  pleno  direito,  entre  outras,  as  cláusulas 
contratuais  relativas  ao  fornecimento  de  produtos  e  serviços 
que: 
I ­ impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do 
fornecedor  por  vícios  de  qualquer  natureza  dos  produtos  e 
serviços  ou  impliquem  renúncia  ou  disposição  de  direitos.  Nas 
relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa 
jurídica,  a  indenização  poderá  ser  limitada,  em  situações 
justificáveis; 
II ­ subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia 
já paga, nos casos previstos neste código; 
III ­ transfiram responsabilidades a terceiros; 
IV ­ estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa­fé ou a eqüidade; 
V ­ (Vetado); 
VI  ­  estabeleçam  inversão  do  ônus  da  prova  em  prejuízo  do 
consumidor; 
VII ­ determinem a utilização compulsória de arbitragem; 
VIII  ­  imponham  representante  para  concluir  ou  realizar  outro 
negócio jurídico pelo consumidor; 
IX ­ deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, 
embora obrigando o consumidor; 
X ­ permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação 
do preço de maneira unilateral; 
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XI  ­  autorizem  o  fornecedor  a  cancelar  o  contrato 


unilateralmente,  sem  que  igual  direito  seja  conferido  ao 
consumidor; 
XII ­ obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de 
sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o 
fornecedor; 
XIII  ­  autorizem  o  fornecedor  a  modificar  unilateralmente  o 
conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; 
XIV ­ infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; 
XV  ­  estejam  em  desacordo  com  o  sistema  de  proteção  ao 
consumidor; 
XVI  ­  possibilitem  a  renúncia  do  direito  de  indenização  por 
benfeitorias necessárias. 
§ 1º Presume­se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: 
I ­ ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que 
pertence; 
II  ­  restringe  direitos  ou  obrigações  fundamentais  inerentes  à 
natureza  do  contrato,  de  tal  modo  a  ameaçar  seu  objeto  ou 
equilíbrio contratual; 
III  ­  se  mostra  excessivamente  onerosa  para  o  consumidor, 
considerando­se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse 
das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. 
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida 
o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços 
de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. 
§ 3° (Vetado). 
§  4°  É  facultado  a  qualquer  consumidor  ou  entidade  que  o 
represente  requerer  ao  Ministério  Público  que  ajuíze  a 
competente  ação  para  ser  declarada  a  nulidade  de  cláusula 
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contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer 
forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações 
das partes. 
 
Diante do exposto, requer seja declarada a nulidade da cláusula 
que  possibilita  a  rescisão  unilateral  imotivada  do  contrato  em  caso  de  demissão  e 
aposentadoria,  qual  seja,  cláusula  22  do  contrato  firmado  entre  os  docentes  ora 
substituídos e as empresas rés. 
 
IV.2.  Da  ausência  de  cláusula  referente  ao  benefício  da  remissão  –  Proibição  em 
relação à rescisão unilateral. 
 
A  cláusula  de  remissão,  pactuada  em  alguns  planos  de  saúde, 
consiste  em  uma  garantia  de  continuidade  da  prestação  dos  serviços  de  saúde 
suplementar aos dependentes inscritos após a morte do titular, por lapso que varia de 
1 (um) a 5 (cinco) anos, sem a cobrança de mensalidades. Objetiva, portanto, a proteção 
do  núcleo  familiar  do  titular  falecido,  que  dele  dependia  economicamente,  ao  ser 
assegurada, por certo período, a assistência médica e hospitalar, a evitar o desamparo 
abrupto.  (REsp  1457254/SP,  Rel.  Ministro  RICARDO  VILLAS  BÔAS  CUEVA,  TERCEIRA 
TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 18/04/2016) 
 
Anteriormente à referida migração, a Apólice 8270 previa que, 
em  caso  de  falecimento  do  Segurado  titular,  na  vigência  do  contrato  de  seguro,  os 
dependentes principais incluídos na apólice permaneceriam sob a cobertura durante 1 
(um) ano desobrigados do prêmio (artigo 22 – cláusula adicional de remissão por morte 
de segurado titular). Já o atual contrato não possui disposição em relação a esse tipo 
de situação. 
 

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No que concerne a legislação, prevê o parágrafo 3º do artigo 30 
da  Lei  nº  9.658/98  que,  em  caso  de  morte  do  titular,  resguarda­se  o  direito  de 
permanência dos dependentes: 
 
Art.  30.    Ao  consumidor  que  contribuir  para  produtos  de  que 
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em decorrência de 
vínculo  empregatício,  no  caso  de  rescisão  ou  exoneração  do 
contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de 
manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de 
cobertura  assistencial  de  que  gozava  quando  da  vigência  do 
contrato  de  trabalho,  desde  que  assuma  o  seu  pagamento 
integral. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.177­44, de 
2001) 
(...) 
§ 3o Em caso de morte do titular, o direito de permanência é 
assegurado  aos  dependentes  cobertos  pelo  plano  ou  seguro 
privado coletivo de assistência à saúde, nos termos do disposto 
neste artigo. 
(...)  
 
Ou  seja,  deve­se  considerar  também  para  o  caso  de  morte  do 
titular as regras impostas às situações de rescisão e exoneração, ou seja, proibição na 
rescisão unilateral do plano, bem como o dever da operadora em ofertar o ingresso em 
plano individual, com a assunção do pagamento integral pelo dependente (caput). 
 
Em outras palavras, da leitura dos parágrafos 1º e 3º do art. 30 
da Lei 9.656/98, depreende­se que, caso o titular venha a óbito, seus dependentes têm 
assegurado  o  direito  de  manutenção  da  condição  de  beneficiários.  O  direito  à 
permanência  dos  dependentes  em  caso  de  morte  do  segurado  está  garantido  pela 
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legislação infraconstitucional, de modo que deve ser garantido contratualmente pelas 
operadoras dos planos de saúde. 
 
Apesar  dessa  previsão,  é  comum  a  recusa  por  parte  das 
operadoras e administradoras na continuidade do plano nessa hipótese, justificando a 
negativa no fato de que os dependentes não preenchem o requisito de elegibilidade, 
consistente  na  condição  de  serem  vinculados  a  entidades  de  caráter  profissional, 
classista ou setorial, segundo o disposto nas Resoluções Normativas nº s 195 e 196 da 
ANS,  isto nos  casos  de planos  coletivos  por  adesão.  Nessa  hipótese,  o  entendimento 
errôneo das operadoras tem sido reformado pelo judiciário: 
 
PLANO  DE  SAÚDE.  Morte  do  titular  do  plano.  Rescisão 
unilateral.  Descabimento.  Em  caso  de  morte  do  titular  há 
direito de permanência dos dependentes. Artigo 30, § 3º, da Lei 
9.656/98.  Situação  que  não  se  enquadra  nas  hipóteses  de 
resilição  unilateral  do  artigo  13,  da  Lei  nº  9.656/98.  Cabível  o 
reembolso dos valores pagos a maior, relativos ao beneficiário 
falecido.  Honorários  majorados.  Recurso  não  provido.    (TJSP;  
Apelação  Cível  1012215­31.2018.8.26.0011;  Relator  (a): 
Fernanda  Gomes  Camacho;  Órgão  Julgador:  5ª  Câmara  de 
Direito Privado; Foro Regional XI ­ Pinheiros ­ 1ª Vara Cível; Data 
do  Julgamento:  08/08/2019;  Data  de  Registro:  08/08/2019) 
grifamos 
 
Apelação  cível.  Plano  de  saúde  coletivo.  Ação  de  obrigação  de 
fazer.  Falecimento  do  titular  do  plano.  Cancelamento 
compulsório  do  contrato  da  autora,  dependente  do  plano  de 
saúde. Sentença de procedência determinando a manutenção do 
contrato.  Inconformismo  das  corrés.  Ilegitimidade  passiva 
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suscitada  pela  administradora  do  plano  de  saúde. 


Desacolhimento. Administradora e operadora do plano de saúde 
que  perante  o  consumidor  integram  a  mesma  cadeia  de 
fornecimento. Responsabilidade solidária. Aplicação do  art. 7º, 
par.  único  do  CDC.  Preliminar  rejeitada.  Código  de  Defesa  do 
Consumidor. Aplicabilidade. Artigos 2º e 3º da Lei nº 8.078/1990. 
Súmulas  nº  100  deste  Egrégio  Tribunal  de  Justiça  e  nº  608  do 
Colendo  Superior  Tribunal  de  Justiça.  Fornecedor  que  deve 
assumir o risco do negócio que está fornecendo. Caveat venditor. 
Extinção  do  contrato  com  o  falecimento  do  titular. 
Impossibilidade. Aplicação, por analogia, do § 3º, art. 30 da Lei 
9.656/98  e  Súmula  13  da  ANS.  Continuidade  da  cobertura 
garantida,  excluindo­se  da  prestação  mensal  a  cota  do  titular 
falecido.  Sentença  mantida.  Recursos  desprovidos.  (TJSP;  
Apelação Cível 1002797­35.2019.8.26.0011; Relator (a): Rodolfo 
Pellizari;  Órgão  Julgador:  6ª  Câmara  de  Direito  Privado;  Foro 
Regional  XI  ­  Pinheiros  ­  3ª  Vara  Cível;  Data  do  Julgamento: 
06/08/2019; Data de Registro: 06/08/2019) grifamos. 
 
Conforme  citado,  no  contrato  anterior  de  plano  de  saúde 
assinado pelos substituídos junto à Bradesco Seguros, por intermédio da FUSP, não só 
estava garantida a permanecia dos dependentes, como estava garantido o benefício 
de  remissão,  que  assegura  a  permanência  por  tempo  determinado  destes  sem 
pagamento das mensalidades. 
 
Todavia, consoante legislação vigente, não só deve ser garantida 
a permanência dos dependentes no plano após a morte do titular, como a ANS publicou 
a  Súmula  Normativa  nº 13,  que dá  o  entendimento de que  o término do  período  de 
remissão – sequer previsto neste contrato ­ não extingue o contrato de plano: 
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SÚMULA NORMATIVA N° 13, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010. 
A  Diretoria  Colegiada  da  Agência  Nacional  de  Saúde 
Suplementar – ANS, no uso da competência que lhe conferem os 
arts. 3º e 4º, incisos II, XXIV e XXVIII, combinado com o art. 10, 
inciso  II,  da  Lei  9.961,  de  28  de  janeiro  de  2000,  e  em 
conformidade com o inciso III do art. 6º do Regimento Interno, 
aprovado pela Resolução Normativa – RN n° 197, de 16 de julho 
de 2009. 
Considerando os princípios dispostos no texto da Constituição da 
República de 1988, especialmente o da igualdade (art. 5º, caput), 
o  da  dignidade  da  pessoa  humana  (art.  1º,  inciso  III),  o  da 
liberdade (art. 5º, caput), o da proteção da segurança jurídica e 
o da proteção à entidade familiar (art. 226, § 4º); 
Considerando  as  hipóteses  de  manutenção  de  titularidade, 
previstas no art. 6º, § 2º, da RN nº 186, de 14 de janeiro de 2009, 
e no art. 3º, § 1º, da RN n° 195, de 14 de julho de 2009. 
RESOLVE: 
Adotar o seguinte entendimento vinculativo: 
1  –  O  término  da  remissão  não  extingue  o  contrato  de  plano 
familiar, sendo assegurado aos dependentes já inscritos o direito 
à  manutenção  das  mesmas  condições  contratuais,  com  a 
assunção  das  obrigações  decorrentes,  para  os  contratos 
firmados a qualquer tempo. (grifo nosso) 
 
Significa dizer que os dependentes, após o período de remissão, 
assumem o pagamento das mensalidades e têm garantido o direito de manutenção do 
plano nas mesmas condições contratuais, arcando nesta oportunidade com os valores 

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desse contrato de plano de saúde. A extinção desses contratos é considerada infração 
legal, passível de multa. 
 
Nesse contexto, também considerando que os substituídos não 
tiveram  a  oportunidade  de  optar  pela  migração  de  seu  contrato,  devem  os  direitos 
anteriores  assegurados  permanecerem  garantidos.  O  não  reconhecimento  desse 
direito padece de abusividade por não permitir, ou, ao menos, não garantir ao usuário 
dependente  a  continuidade  de  contratação  do  plano  que  é  vinculado,  com  o 
pagamento das mensalidades devidas. 
 
No caso do contrato em análise, com o intuito de evitar futuro 
ingresso  com  múltiplas  ações  judiciais,  diante  da  ausência  de  cláusula  que  trate  do 
benefício  de  remissão,  apesar  da  proteção  legislativa,  pleiteia­se,  ao  menos,  o 
reconhecimento deste direito, com a inclusão de cláusula que trate da continuidade 
do plano aos dependentes no caso de falecimento do titular, nos moldes do contrato 
anterior. 
 
A medida visa resguardar o consumidor que eventualmente se 
encontrar nessa situação, servidor da USP, como espécie de tutela inibitória do agir das 
empresas rés, intuindo a preservação dos direitos dos substituídos. 
 
A natureza deste requerimento se alia ao regramento acerca da 
manutenção do plano quando ocorrida a demissão do segurado, é consequência lógica 
do  chamado  princípio  da  conservação  dos  contratos.  Por  este  princípio,  há 
indeterminação  de  prazo  do  contrato  de  plano  de  saúde.  O  fenômeno  da  catividade 
intrínseca a esses contratos faz com que a operadora de plano de saúde não possa se 
desligar  unilateralmente  do  vínculo  contratual,  resultando  na  impossibilidade  da 
cessação da prestação de serviços ao segurado. 
 
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Destaca­se  que  o  entendimento  ao  que  ora  se  filia  é  de  que 
mesmo após os prazos de benefício previstos nos artigos 30 e 31, da Lei nº 9.656/98 o 
consumidor não poderá ser excluído do plano. Nos termos do já referido, é proibida a 
rescisão unilateral do contrato, sendo obrigatória sua manutenção, se assim desejar o 
consumidor, ainda que não mais no plano coletivo, mas sim em um plano individual, 
com o devido pagamento da mensalidade. 
 
Por fim, cabível citar que, ao impor ao consumidor a migração 
de  Plano,  formatando  o  contrato  como  que  melhor  lhe  coube,  aproveita­se  a 
administradora da ignorância do beneficiário em proveito próprio. Tal ato oportuniza à 
seguradora a imposição ou retirada de quaisquer cláusulas contratuais, ainda que o ato 
seja extremamente desfavorável ao contratante, o que é vedado pelo Código de Defesa 
do Consumidor, conforme artigo 39, citado anteriormente. 
 
Salienta­se  que,  além  das  regras  dispostas  no  diploma 
consumerista,  é  da  teoria  geral  dos  contratos  o  dever  mútuo  de  observância  dos 
princípios de probidade e boa­fé na conclusão e na execução do vínculo contratual, nos 
termos  do  disposto  no  art.  422,  do  Código  Civil.  Nas  palavras  de  Arnaldo  Rizzardo 
(Contratos, Rio de Janeiro: Forense, 2010. pp. 32­33):  
 
as  partes  são  obrigadas  a  dirigir  a  manifestação  da  vontade 
dentro  dos  interesses  que  as  levaram  a  se  aproximarem,  de 
forma clara e autêntica, sem o uso de subterfúgios ou intenções 
outras  que  as  não  expressas  no  instrumento  formalizado.  A 
segurança das relações jurídicas depende, em grande parte, da 
probidade  e  da  boa­fé,  isto  é,  da  lealdade,  da  confiança 
recíproca,  da  justiça,  da  equivalência  das  prestações  e 
contraprestações,  da  coerência  e  clarividência  dos  direitos  e 
deveres. 
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Deste modo, cabível o acolhimento do pleito para condenar as 
rés  na  obrigação  de  fazer  no  sentido  de  garantir  o  direito  à  permanência  dos 
dependentes  do  plano  em  caso  de  morte  do  titular,  com  a  inclusão  da  previsão 
contratual acerca do benefício da remissão, nos moldes do contrato anterior. 
 
V. DOS PEDIDOS 
 
Por  todo  o  exposto,  requer­se  seja  julgada  totalmente 
procedente a presente ação, para: 
 
a. Declarar a abusividade da Cláusula 22, com sua consequente 
anulação, a qual veda a continuidade do plano em caso de demissão ou aposentadoria 
do servidor e; 
b. Condenar as rés na obrigação de fazer no sentido de garantir 
o direito à permanência dos dependentes do plano em caso de morte do titular, com a 
inclusão da previsão contratual acerca do benefício da remissão, nos moldes do contrato 
anterior. 
 
Isto  posto,  requer­se  a  procedência  integral  dos  pedidos  ora 
deduzidos e sejam as Rés citadas para, querendo, apresentarem contestação no prazo 
legal, sob pena de reputarem­se verdadeiros os fatos alegados na inicial; 
 
Protesta­se  pela  produção  de  todas  as  provas  admitidas  em 
direito, bem como a inversão do respectivo ônus, a teor do art. 6º, VIII, do Código de 
Defesa  do  Consumidor,  em  razão  da  verossimilhança  das  alegações  e  da  inequívoca 
hipossuficiência dos consumidores frente ao caso concreto. 
 

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Requer­se  a  condenação  das  Rés  ao  pagamento  das  despesas 


processuais e verbas da sucumbência. 
 
Por  fim,  requer­se  que  todas  as  intimações  sejam  feitas  em 
nome de Lara Lorena Ferreira, com escritório à R. Turiassú, 127, cj. 42/43 – Perdizes ­ 
São Paulo/S.P, contato@laralorena.adv.br, tel. (11) 3868­2729. 
 
Atribui­se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) 
para efeitos de alçada, haja vista inexistência de valor pecuniário a ser recebido. 
 
Termos em que pede deferimento. 
 
São Paulo, 09 de outubro de 2019. 
 
Lara Lorena Ferreira 
OAB/SP 138.099 
 
Luísa Stopassola 
OAB/SP 430.517 
 
Paula Nocchi Martins 
OAB/SP 415.137 

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