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em face do:
O texto do artigo 4º, VII, da Lei Complementar 80, que aduz caber à
Defensoria Pública a promoção de ações coletivas quando o resultado da demanda puder
beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes, revela uma “cláusula legal de potencial
benefício dos necessitados”:
por razão da sua idade, gênero, estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, econômicas, étnicas
e/ou culturais, encontram especiais dificuldades em exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os
direitos reconhecidos pelo ordenamento jurídico'.
7STF. Plenário. ADI 6852/DF e ADI 6862/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 18/2/2022 (Info 1045)
8STF. Plenário. ADI 6865/PB, ADI 6867/ES, ADI 6870/DF, ADI 6871/CE, ADI 6872/AP, ADI 6873/AM e ADI
6875/RN, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 18/2/2022 (Info 1045)
9 Lei n. 12.527/2011, Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou
administrativa de direitos fundamentais.
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade do agente público ou militar:
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão
do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;
(...)
§ 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente público responder, também, por
improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2
de junho de 1992.
(Vídeo – Reunião transmitida pelo Facebook em 12 de maio de 2022 – Mídia cortada para a parte
interessada, tendo em vista o tamanho do arquivo, que contém 1h 15m 27s) – Link da reunião
completa: https://www.facebook.com/vidalparaty/videos/975417286675314/
Apenas para registro, sem prejuízo da visita aos canais indicados nos
links mencionados no rodapé, o áudio abaixo reproduzido em QR CODE reflete a escolha
equivocada da Autoridade em negar a função da Defensoria Pública, também mencionando
o Ministério Público, usando dela como coação aos moradores, dizendo que aquelas
11 https://www.facebook.com/vidalparaty/videos/975417286675314/
12 Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/10632885/
Do que pode ser visto naquele dia, restou muito claro, pelo que se
observa nas fotografias, que há iminentes riscos de escorregamento de pedras gigantes
em direção às casas, algumas ainda não interditadas e com presença de pessoas, não
tendo as mesmas sido contempladas com a promessa de locação social.
Várias são as inserções nas mídias e nas redes sociais com assaques
à instituição. Sobre nenhuma delas a Defensoria Pública teceu qualquer comentário ou
ofereceu resposta no mesmo canal. Os embates regidos pela Democracia quando os
protagonistas são entes estatais, jamais podem ocorrer em palco privado. Espaços para
tais discussões estão constituídos formalmente e devem ser prestigiados, sob pena de
maléfica fulanização, banalizando as funções públicas.
14art.5º, LIV da CRFB: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
15art.5º, LV da CRFB: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
16 https://sei.rj.def.br/sip/login.php?sigla_orgao_sistema=DPGERJ&sigla_sistema=SEI
Em 05/04/2022 : Finalidade: Conhecer o cenário ocasionado pelo Em 11/04/2022: Teor: Pedido de Dilação de
desastre e quais medidas emergenciais e de Prazo por 30 (trinta) dias com
Ofício de n.º: 24/2022 Ofício n° 061/2022 Não.
caráter assistencial foram envidadas pelo relação à apresentação de
Município aos munícipes. dados mais detalhados
Em 12/04/2022: pela SMASDH.
Em 07/04/2022: Reunião com representantes da DPERJ e do Município ocorrida na sede da Prefeitura de Paraty.
esclarecimentos. MEM.
DEFESA CIVIL Nº. 72/2022 com
informações prestadas de forma
incompleta.
Em 19/04/2022: Visitação da Ouvidoria da DPERJ e deste Órgão de Atuação, na Comunidade Caiçara Ponta Negra – uma das
regiões municipais mais atingidas pelo fenômeno metereológico, sendo constatada uma série de inconsistências e, em
decorrência, o envio por parte da Defensoria Pública da enviou ao Município a Recomendação n.º: 010/2022.
Em 18/05/2022:
MEM. N°285/2022
Em 20/04/2022 : Reunião realizada entre o Município e a Comunidade Caiçara de Ponta Negra que que, em virtude dos temas discutidos,
foi expedido ofício de n.º: 033/2022, em 26/04/2022.
Negra. .
17 CF/88, Art. 5º (...) § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
18 FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Ed. Juspodivm, 2019,
p. 819-820.
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Nessa linha, no passado, o controle jurisdicional dos atos
administrativos se restringia aos aspectos de legalidade, sendo vedado ao Poder
Judiciário exercer um controle de mérito administrativo (liberdade conferida pelo
legislador ao agente público para exercer juízo de ponderação dos motivos e escolher
os objetos dos atos administrativos). Contudo, a clássica dicotomia entre
discricionariedade (atos discricionários) e vinculação (atos vinculados) foi ressignificada
a partir do fenômeno da constitucionalização do Direito Administrativo 19.
19 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2019,
p. 326.
20 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2019,
p. 39.
21 JÚNIOR, Dirley da Cunha. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Editora Juspodivm, 2019, p. 693.
22 STJ. 2ª Turma. REsp 1.488.639/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 16/12/2014.
23 STF. 1ª Turma. ARE 947.823 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/6/2016.
24 MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Salvador: Editora Juspodivm, 2020, p. 417.
25 NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Editora Juspodivm, 2019, p. 523.
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o controle da legalidade e da legitimidade pelos órgãos de controle externo e pelos
administrados, reais titulares dos bens, serviços e interesses geridos pelo Administrador
Público. Negar e/ou restringir o acesso a tais informações, de interesse geral ou coletivo,
importa em conduta ilícita, que pode, inclusive, configurar, em tese, ato de improbidade
administrativa. Não é por outra razão que os arts. 5º, XXXIII, e 37, caput, § 3º, II, da
CRFB/88 elevam o princípio da publicidade e da transparência da Administração Pública
a status constitucional.
Ora, reiterando tudo o que até aqui foi exposto, destaca-se fator
limitador para a atuação dessa instituição, sem informações precisas sobre a
concessão de quaisquer benefícios, o que torna a atuação extremamente restrita - ao
contrário do que garante o ordenamento legal e costitucional.
26 Apenas de modo exemplificativo, confira-se as decisões do STF nos seguintes casos: AgRg na SL
47PE, Pleno, rel. Min. Gilmar Mendes. Dje 29.04.2010; AgRg no RE 628.159/MA, 1.a T., rel. Min. Rosa
Weber, Dje 14.08.2013; AgRg no AgIn 810.410/GO, 1.a T., rel. Min. Dias Toffoli, Dje 07.08.2013; EDcl no
RE 700.227/AC, 2.a T., rel. Min. Carmen Lúcia, Dje 29.05.2013; AgRg no RE 563.144/DF, 2.a T., rel.
Min. Gilmar Mendes, Dje 15.04.2013. Em doutrina, sobre a legitimação dessa atividade judicial, v., o
amplo debate travado no direito norte-americano (FULLER, Lon L.; WINSTON, Kenneth I. The forms and
limits of adjudication. Harvard law review, vol. 92, n. 2, Harvard, dez. 1978, passim; FISS, Owen. The
forms of justice cit., passim; FLETCHER, William A. Ob. cit., passim; EISENBERG, Theodore; YEAZELL,
Stephen C. Ob. cit., p. 494 e ss.).
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aspecto de informações disponíveis e permite lidar com efeitos colaterais, bem como
levar em conta as necessidades de outras políticas públicas. Assim, não se trata de
intervenção porque não se busca intervir na discricionariedade, mas tão somente
informações precisas e concretas, especialmente com os cronogramas
pertinentes e informações das medidas adotadas, como projetos e planejamentos.
Além de fixar em linhas gerais as diretrizes para a proteção do
direito a ser tutelado, criando o núcleo da posição jurisdicional sobre a apresentação de
plano de contingenciamento para a solução de problemas e questões pontuais surgidas
durante sua implementação, busca-se muito mais do que eliminar uma determinada
conduta ilícita, impondo um fazer ou uma abstenção. Ao contrário, almeja-se a
reestruturação da relação burocrática das políticas públicas municipais, de modo a
alterar substancialmente a forma como as interações sociais se travam.
Por isso, são medidas de prazos distintos. Umas mais imediatas e
de execução mais simplória, outras mais sofisticadas, de custo mais elevado a exigir
mais tempo para adoção. Não se trata de uma simples decisão de Estado, mas o
emprego de medidas estruturais que sejam capazes de conceber provimentos em
cascata, de modo que os problemas devam ser resolvidos à medida de sua
prospecção, a partir dos episódios que a eles antecederam.
27Ensaio sobre o Resultado como Novo Paradigma do Direito Administrativo” em “Direito Administrativo
– Estudos em Homenagem a Francisco Mauro Dias”, Ed. Lumen Iuris, 2009, p. 3 e ss
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Na realidade, essa promissora doutrina se vem consolidando dentro de uma nova
concepção das próprias relações entre os cidadãos e a administração pública,
especificamente voltada à afirmação de seu dever funcional de proporcionar resultados
concretos e materializados em uma boa e justa atribuição de bens e serviços às pessoas,
como um proprium da função administrativa.
Decorrem como corolários, que o processo integral, compreendido,
portanto, em todas as suas etapas, não estará concluído sem a cabal efetivação do
resultado material de sua execução e que o resultado inalcançado ou parcialmente
alcançado tê-lo- á sido, em principio, em razão da má administração. Este resultado,
portanto, ele próprio - e não apenas o complexo de processos intermediados para
alcançá-lo – tanto pode como deve ser submetido aos mesmos critérios que presidiram
aos trâmites juspolíticos levados a efeito desde a formulação, passando pelo
planejamento e pela orçamentação, até a sua execução administrativa, ou seja:
também devem estar conformados aos princípios da legitimidade e da eficiência. Surge
então, uma dimensão finalísitica de resultado - e não de intenções– referida a um
conceito de legitimidade, que compreende a eficiência da ação governamental,
indispensável para a compreensão da incidência desses fundamentos que depassam a
mera juridicidade da orientação teleológica de uma política pública, seja na sua
formulação, seja na sua execução.
Do mesmo modo, pauta-se o magistério de Rafael Veras de
Freitas, com importantes ponderações sobre o assunto28. Veja-se:
“Nesse desiderato, o direito à boa administração pública é norma
implícita de direta e imediata eficácia em nosso sistema constitucional, a
impelir o controlador de fazer as vezes de administrador negativo,
isto é, a terçar armas contra a discricionariedade exercida fora dos
limites ou aquém dos limites – a saber, de maneira extremada ou
deficiente.
Ora, como se pode perceber, o “Direito à Boa Administração”, que deve
estar presente no plano de governo, se decompõe em prestações
estatais, seja por meio de abstenções (direitos de primeira geração), seja
por meio de prestações (direitos de segunda geração), seja por meio da
proteção a direitos difusos (direitos de terceira geração).
28“O Dever de Planejamento como Corolário ao Direito Fundamental à Boa Administração Pública” em
“Direito Administrativo – Estudos em Homenagem a Francisco Mauro Dias”, Ed. Lumen Iuris, 2009, p.
243 e ss, cita Juarez Freitas (Discricionariedade administrativa e o direito à boa administração pública.
São Paulo: Malheiros, 2007, p. 1),
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Dessa forma, observa-se que, pelo alto grau de vinculação entre
todas essas gerações de direitos ao princípio da dignidade da pessoa humana, o Direito
à Boa Administração corresponde a um direito fundamental subjetivo do administrado,
possuindo, portanto, aplicabilidade imediata, nos termos do artigo 5° §1°, da Constituição
da República.
O planejamento deve refletir no exercício da função de administrar,
sujeita ao principio da legalidade (juridicidade). Nesse passo, o Administrador deve
planificar a sua atuação, definindo, dentro dos limites da lei, os objetivos de sua gestão.
bem como a:
Termos em que,
Pede Deferimento.