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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA VARA

DA FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ, ESTADO DO PARANÁ

ASSOCIAÇÃO SAÚDE PARA IDOSOS (ASI), pessoa jurídica de direito


privado, sem fins lucrativos, com sede no endereço situado na Avenida..., vem,
respeitosamente, representada por seu advogado inscrito na OAB sob o n°....
(procuração anexa), com endereço situado à Rua.... onde deverão ser remetidas as
intimações, com fundamento no artigo 5º, V, da Lei 7.347/1985, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR

em face do MUNICÍPIO DE MARINGÁ, pessoa jurídica de direito público interno,


com sede na Avenida..., pelos motivos fáticos e jurídicos que passa a expor:

I) DOS FATOS
A Associação Saúde para Idosos (ASI) é uma entidade legalmente
constituída, com o propósito de zelar pelo patrimônio social e, em especial, pelos
direitos à saúde de todos, com foco nos idosos.
No entanto, o Posto de Saúde 02, sob gestão do Município de Maringá,
tem recusado a prestação de atendimento laboratorial adequado aos idosos que
buscam seus serviços, justificando a carência de profissionais capacitados e
insuficiência de medicamentos.
Diante da recusa do Posto de Saúde 02 em proporcionar um atendimento
condizente, a ASI formalizou uma petição ao Secretário Municipal de Saúde,
solicitando medidas imediatas para regularizar o serviço público de saúde.
Em resposta, o Secretário Municipal de Saúde reconheceu a
precariedade da situação, pedindo paciência à comunidade e mantendo a recusa de
atendimento laboratorial aos idosos.
Cabe ressaltar que, simultaneamente, obras públicas relacionadas à área
de lazer no bairro onde se encontra o Posto de Saúde 02, financiadas
exclusivamente por recursos públicos municipais, prosseguiram mesmo diante da
precarização dos serviços de saúde.

II) DO DIREITO
A presente ação fundamenta-se na lesão ao interesse social e coletivo,
amparada pelo art. 1º da Lei 7.347/85, que dispõe sobre a Ação Civil Pública (ACP).
O direito violado refere-se à negativa do Posto de Saúde 02, gerido pelo Município
de Maringá, em fornecer atendimento laboratorial adequado aos idosos,
prejudicando o direito fundamental à saúde.
De acordo com os ensinamentos de Marcelo Abelha1 “O interesse difuso é
assim entendido porque, objetivamente estrutura-se como interesse pertencente a
todos e a cada um dos componentes da pluralidade indeterminada de que se trate.
Não é um simples interesse individual, reconhecedor de uma esfera pessoal e
própria, exclusiva de domínio. O interesse difuso é o interesse de todos e de cada
um ou, por outras palavras, é o interesse que cada indivíduo possui pelo fato de
pertencer à pluralidade de sujeitos a que se refere à norma em questão”.
Como bem pontua Marcelo Abelha, direito difuso é aquele que pertence a
todos abrangendo uma totalidade abstrata e indeterminada. Neste viés, percebe-se,
que a negativa de atendimento ambulatorial adequado aos idosos e ao considerar o
elevado número de idosos correndo risco de morte, fere o direito fundamental à
saúde dessa população que merece atenção especial.
Nesse sentido, conforme disposto no artigo 1º da Lei 7.347/85, a
propositura da ação civil pública é apropriada para antecipar ou reprimir danos
morais ou materiais provocados ao meio ambiente, bem como a outros interesses
difusos da coletividade. Essa adequação decorre do propósito da demanda judicial,
que é a proteção de todos os idosos que buscam assistência no Posto de Saúde
Gama, conforme as finalidades estatutárias da Associação.
Neste contexto, a ação visa não apenas a defesa do patrimônio social,
mas principalmente do direito à saúde de todos, não se configurando como uma
mera proteção de direito ou interesse individual. Uma vez que se questiona a

1
ABELHA, Marcelo. Ação Civil Pública e Meio Ambiente. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
2004.
qualidade do serviço público oferecido à população e, considerando que esses
idosos não podem ser identificados individualmente, caracteriza-se como um típico
interesse difuso, enquadrando-se nos incisos IV e V, III, do Art. 1º da Lei nº 7.347/85.
Nessa perspectiva, a necessidade de resguardar o direito à vida e à
saúde dos idosos que utilizam os serviços do Posto de Saúde 02, assim como de
preservar sua dignidade, encontra amparo nos dispositivos legais e constitucionais,
tais como o Art. 1º, inciso III, o Art. 5º (caput), o Art. 6º e o Art. 196, todos da
Constituição Federal de 1988.
Estes direitos estão sendo negligenciados em prol da realização de obras
públicas na área de lazer, o que é constitucionalmente inadequado diante da maior
importância desses direitos. Com efeito, sem vida e saúde, a possibilidade de lazer
torna-se inviável. O Município de Maringá possui o dever de assegurar o direito à
saúde dos idosos e de cumprir a competência constitucional conferida para a
prestação do serviço público de saúde, conforme disposto nos artigos 30, inciso VII,
196 e 230, todos da Constituição Federal de 1988.

III) DA MEDIDA LIMINAR


Assim, solicita-se o deferimento de uma liminar, nos termos do artigo 12
da Lei 7.347/85, determinando que o Município de Maringá regularize o sistema de
saúde para prestar o atendimento laboratorial adequado aos idosos na localidade
abrangida pelo Posto de Saúde.
O risco de ineficácia da medida final, caso a liminar não seja deferida, é
considerável, dada a urgência da situação. Os idosos estão sujeitos a complicações
de saúde e risco de morte caso não recebam o tratamento de saúde adequado.

IV) DOS PEDIDOS


Diante de todo exposto, requer:
a) A concessão de tutela para regularizar o sistema de saúde e atender os
idosos no âmbito laboratorial;
b) A citação do réu;
c) A intimação do Ministério Público;
d) A procedência do pedido para transformar em definitiva a liminar
requerida;
e) A condenação do réu nas custas e honorários.
Requer a produção de todos os meios de prova em direitos admitidos, em
especial documental e testemunhal

Valor da causa: ________

Nestes termos.
Pede deferimento.

Advogado...
OAB...

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