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PROMOTORIA DE SILVÂNIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA COMARCA DE SILVÂNIA – GOIÁS

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE


GOIÁS, pelo Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas
prerrogativas legais e constitucionais, legitimado pelo texto plasmado no
art. 127 e art. 129, II (última parte), em substituição processual a MARIA
PAISANO DUTRA, brasileira, viúva, natural de Silvânia/GO, nascida
aos 12/02/1950, residente e domiciliada na rua 03, nº 214, bairro Nossa
Senhora de Fátima, Silvânia/GO, vem perante Vossa Excelência impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO IN LIMINE, coimando
de autoridade coatora a Senhora SECRETÁRIA DE SAÚDE DO
MUNICÍPIO DE SILVÂNIA Srª Rosemeire Correia Leite, gestora do
Sistema Único de Saúde (SUS), domiciliada na Rua Senador Canedo, nº
136, centro, Silvânia/GO, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
expostos.

DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Constituição Federal dispõe que:

“Art. 127. O Ministério Público é instituição


permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério
Público: ... II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia”.
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Por seu turno, a Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica


Nacional do Ministério Público dos Estados) disciplina que:
“Art. 32. Além de outras funções cometidas nas
Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e demais leis, compete
aos Promotores de Justiça, dentro de suas esferas de atribuições: I -
impetrar habeas corpus e mandado de segurança e requerer correição
parcial, inclusive perante os Tribunais locais competentes”.

A Constituição Federal de 1988 ampliou


sobremaneira as atribuições do Ministério Público, moldando o Parquet
como órgão defensor da sociedade, incumbindo-lhe a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
homogêneos.

Emerson Garcia1 giza que incumbe ao Ministério


Público a defesa dos interesses individuais indisponíveis, possuindo
legitimidade para ajuizar medida judicial visando à tutela e o efetivo
respeito aos interesses inerentes a dignidade humana.

Guido Ivan de Carvalho2 profliga a Lex Legum


reconhece a saúde como um interesse vital merecedor de proteção do
Estado, explicitando que o Ministério Público vem atuando nesta seara em
favor do cidadão indefeso. Nesse diapasão:

(TJGO-028041) MANDADO DE SEGURANÇA.


DIREITO À SAÚDE. LEGITIMIDADE DO
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA IMPETRAR MANDADO
DE SEGURANÇA EM FAVOR DE IDOSO.
INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO COM
O ESTADO DE GOIÁS. CONDIÇÃO FINANCEIRA DO
INTERESSADO. FORNECIMENTO GRATUITO DE
MEDICAMENTO.
1. Omitindo-se o Poder Público em
dispensar medicamento a idoso, conclui-se
que o Ministério Público tem legitimidade
para impetrar mandado de segurança visando
a sua dispensação, conforme art. 58, XV,
da LC nº 25/1998 e arts. 15, § 22 e 74,
VII, da Lei nº 10.741/2003...
1
GARCIA, Emerson. Ministério Público. Organização, atribuições e regime jurídico. Editora Lumen
Juris. RJ.
2
CARVALHO, Guido Ivan & SANTOS, Lenir. Sistema Único de Saúde. Comentários à Lei Orgânica
da Saúde. Editora Unicamp. SP.
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(Mandado de Segurança nº 13385-1/101


(200501807246), 4ª Câmara Cível do TJGO,
Goiânia, Rel. Des. Carlos Escher. j.
06.10.2005, unânime, DJ 11.11.2005).

(TJGO-027654) MANDADO DE SEGURANÇA. PROVA


PRÉ-CONSTITUÍDA DA HIPOSSUFICIÊNCIA,
DIREITO LÍQUIDO E CERTO. LEGITIMIDADE
ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO, COMO
SUBSTITUTO PROCESSUAL DE PACIENTE, PARA
PLEITEAR MEDICAMENTOS. INTERESSE
PROCESSUAL. OMISSÃO DA AUTORIDADE DE SAÚDE
EM FORNECER MEDICAÇÃO. CORREÇÃO POR MEIO
DE MANDADO DE SEGURANÇA...
3. O art. 32, incs. I e II da Lei nº 8625,
de 12 de fevereiro de 1993, confere
legitimidade ao Ministério Público para
impetrar, como substituto processual,
mandado de segurança em favor de paciente.
4. A omissão da autoridade pública de
saúde em fornecer medicação destinada ao
tratamento de paciente portadora de
'diabetes mellitus tipo I', constitui
violação ao direito líquido e certo do
cidadão à saúde, garantido pelo art. 196
da CF, cuja correção é assegurada por
mandado de segurança.
5. Segurança concedida.
(Mandado de Segurança nº 13303-4/101
(200501573601), 1ª Câmara Cível do TJGO,
Goiânia, Rel. Des. Vítor Barboza Lenza. j.
22.11.2005, unânime, DJ 27.12.2005).

(TJSC-091864) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. OFERTA GRATUITA DE PROCEDIMENTOS
DE ESTERILIZAÇÃO VOLUNTÁRIA. LEGITIMIDADE
ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO RECONHECIDA.
ILEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO
AFASTADA. DIREITO À CIRURGIA, DESDE QUE
PREENCHIDOS OS REQUISITOS LEGAIS.
INTERFERÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO NO
EXECUTIVO. ALEGAÇÃO RECHAÇADA.
DESPROVIMENTO DO APELO E DO REEXAME
NECESSÁRIO POR MAIORIA.
"O Ministério Público tem legitimidade
ativa para impetrar mandado de segurança
com a finalidade de resguardar o direito à
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vida e à saúde de pessoas carentes de


recursos econômicos. Pleito dessa
magnitude tem inegável reflexo social e
deve se sobrepor às questões meramente
processuais" (AI nº 2004.009252-0, da
Capital)... (Apelação Cível nº
2005.019474-2, 2ª Câmara de Direito
Público do TJSC, Curitibanos, Rel. Des.
Francisco Oliveira Filho. maioria, DJ
22.11.2005).

A saúde constitui direito subjetivo individual


indisponível, devendo o Estado prover as condições indispensáveis a seu
pleno exercício, incumbindo ao Ministério Público a defesa deste direito
fundamental para preservação da boa qualidade de vida de qualquer
cidadão.

DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO DA


SUBSTITUÍDA

A cidadã …......................................... é portadora de


doença de chagas com comprometimento cardíaco (miocardiopatia
dilatada), estando, assim, acometida de doença grave e de repercussão
indeterminada, necessitando de medicação diária para controle de sua
doença e sintomas, conforme laudo subscrito pelo médico Dr.
…............................... (anexado).

A Carta Magna consubstancia que:


“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil:...IV - promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I -
descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II -
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atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem


prejuízo dos serviços assistenciais...”.

A Constituição do Estado de Goiás enfatiza que:


“Art. 153 - Ao sistema unificado e descentralizado de
saúde compete, além de outras atribuições: IX - prestar assistência integral
nas áreas médica, odontológica, fonoaudiológica, farmacêutica, de
enfermagem e psicológica aos usuários do sistema, garantindo que sejam
realizadas por profissionais habilitados”.

A Lei nº 8080/90 prescreve que:


“Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste
na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à
redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde
(SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e
os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde”.

A Carta Constitucional de 1988, ao consagrar


expressamente o direito à saúde, representou considerável avanço na
efetividade das garantias de direitos sociais inalienáveis (direitos de
segunda geração). O direito à saúde é corolário do princípio da dignidade
humana e do direito à vida, constituindo dever estatal colocar a
disposição de qualquer indivíduo serviços que tenham por fim promover,
proteger e restabelecer a saúde das pessoas.

A saúde é o estado de completo bem-estar físico,


mental e espiritual; o direito à saúde, como direito social, reclama
prestações positivas do Estado para sua efetivação.

A garantia do direito à saúde, aludida no art. 196 da


Constituição Federal, inscreve-se no rol do conjunto integrado de ações de
iniciativa do Poder Público voltadas para a realização da nova ordem
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social, objetivando o bem-estar e a justiça social.

Vicente Paulo3 sintetiza que os direitos fundamentais


conferem ao seu a possibilidade de titular exigir do Poder Público
prestações positivas, podendo o Estado ser compelido a fornecer
medicamento a portador de determinada moléstia grave.

A Lei Orgânica da Saúde (Lei n 8.080/90) estabelece


que “a gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos
serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas dos contratos
ou convênios estabelecidos com as entidades privadas” (art. 43).

O direito à saúde, assim, é de acesso universal e


igualitário, não podendo haver condicionante para seu exercício diante de
sua fundamental estirpe. Qualquer cidadão, independentemente de sua
condição social, tem direito à saúde.

Guido Ivan de Carvalho4 preconiza que “o art. 43


estabelece a gratuidade das ações e dos serviços de saúde no âmbito do
SUS ... esse dispositivo explicitou uma garantia constitucional, decorrente
do acesso universal e igualitário aos serviços e ações de saúde...”.

A descentralização indica que a execução de ações e


serviços de saúde devem ser atribuídos ao órgão ou autoridade que esteja
em contato direito com o administrado ou usuário. A municipalização das
ações e serviços de saúde representa um avanço do SUS na efetividade do
acesso ao direito à saúde.

É direito fundamental da cidadã Maria Paisano


Dutra receber tratamento adequado ao controle da doença de chagas,
devendo a Secretaria Municipal de Saúde promover e proteger a saúde
desta cidadã, custeando tratamento e medicação pertinente e eficiente.

A doença em testilha está instalada e


comprometendo a saúde da paciente; urge que seja assegurada a ela a
aquisição da seguinte medicação: a) digoxina 0,25mg; b) aldoctone

3
PAULO, Vicente & ALEXANDRINO, Marcelo. Direitos Fundamentais. Impetus. RJ.

4
Ob. Citada.
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100mg; c) carvedilat 6,25 mg; d) stugeron 75mg; f) AAS Prevent; g)


ritmonorm 3009mg (receita médica anexada).

Impende ressaltar que os obstáculos existentes na


Administração Pública, especificamente o SUS (Sistema Único de Saúde),
não podem impedir ou prejudicar ….................................... no seu direito
líquido e certo de fazer tratamento adequado com o escopo de manutenção
de seu regular estado de saúde.

DA AUTORIDADE COATORA

A Lei nº 8080/90 estabelece que “a direção do Sistema


Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da
Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos
seguintes órgãos: ...III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente” (art. 9º).

Como gestora municipal do Sistema Único de Saúde, a


senhora Secretária de Saúde é responsável pela omissão do Poder Público
na dispensação do medicamento adequado, tornando-a, portanto, a
autoridade coatora.

Mister consignar que ….................................... buscou


solução para a aquisição da terapia eficaz perante a Secretaria Municipal
de Saúde, não obtendo sucesso (termo de declarações anexado. Como
último rogo, busca amparo no Ministério Público e no Poder Judiciário,
órgãos responsáveis pela efetividade dos direitos fundamentais.

O Ministério Público do Estado de Goiás expediu


ofício requisitório à Secretaria Municipal de Saúde, tendo a autoridade
coatora se negado a cumprir a requisição argumentando que o Município
de Silvânia/GO não tem o deve de fornecer a medicação
supramencionada.

Nada obstante, o direito à saúde deve ser


concretizado pelo Poder Público e não pairar no mundo do abstrato.
Trata-se de uma obrigação constitucional solidária. Nesse diapasão:
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(TJGO-023168) DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. MANDADO DE


SEGURANÇA. DISPONIBILIZAÇÃO DE EXAME.
DENSITOMETRIA ÓSSEA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
É dever do Estado garantir a assistência à saúde
dos cidadãos, constituindo-se em prova válida do
direito líquido e certo do impetrante para ensejar
a ação mandamental, a prescrição do exame por
profissional médico de idoneidade não questionada,
eis que suspeitas de acometimento de osteoporose.
Remessa conhecida e desprovida, à unanimidade de
votos.
(Duplo Grau de Jurisdição nº 10623-0/195
(200500115790), 2ª Câmara Cível do TJGO,
Itumbiara, Rel. Des. Alfredo Abinagem. j.
07.06.2005, DJ 04.07.2005).

(TJSP-089307) AGRAVO DE INSTRUMENTO - SAÚDE


PÚBLICA - DEVER DO ESTADO - FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTO PARA TRATAMENTO DE "OSTEOPOROSE
SEVERA".
Hipossuficiência para a aquisição, imposição que
decorre de texto das Constituições da República e
Estadual e da Lei Federal nº 8.080/90. Antecipação
dos efeitos da tutela deferida.
Decisão reformada. Recurso provido.
(Agravo de Instrumento nº 429.879-5/7-00, 6ª
Câmara de Direito Público do TJSP, Rel. Leme de
Campos. j. 13.03.2006, unânime).
(Agravo de Instrumento nº 459.402-5/6-00, 5ª
Câmara de Direito Público do TJSP, Rel. Xavier de
Aquino. j. 09.03.2006, unânime).

(TJRJ-040448) DIREITO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE


REMÉDIO. HIPERTENSÃO ARTERIAL.
Obrigação do ente público de fornecer o remédio.
Responsabilidade solidária. Indiscutível que,
acima de qualquer direito, ou de regras formais do
Ordenamento Jurídico, está o consagrado direito
constitucional e natural à vida. Recurso
voluntário conhecido e desprovido. Mantida a r.
sentença em duplo grau obrigatório.
(Apelação Cível nº 200500110116, 8ª Câmara Cível
do TJRJ, Rel. Des. João Carlos Guimarães. j.
09.08.2005).

(TRF3-062370) AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE


SEGURANÇA - MUNICÍPIO TEM LEGITIMIDADE PARA
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FIGURAR NO PÓLO PASSIVO EM MATÉRIA DE SAÚDE


PÚBLICA - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - ANTE O
ALTO CUSTO AO AUTOR - OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL DAS
PESSOAS POLÍTICAS - AGRAVO DESPROVIDO.
1. O Município é parte legítima nesta contenda, em
face de sua obrigação constitucional de resguardar
e promover a saúde à população, solidariamente com
os Estados-Membros, Distrito Federal e União
Federal. Outrossim, a gestão da saúde foi
distribuída aos três níveis de governo, para se
dar por meio de seus órgãos que são,
respectivamente, Ministério da Saúde, Secretarias
Estaduais de Saúde e Secretarias Municipais de
Saúde, todos constituindo o Sistema Único de Saúde
(SUS).
2. Sob a óptica de princípios constitucionais - da
dignidade humana, do direito à saúde, da
assistência social e da solidariedade - infere-se
que a lesão grave e de difícil reparação se
mostra, na verdade, na expectativa de vida do
paciente.
3. Agravo de instrumento desprovido.
(Agravo de Instrumento nº 207656/SP
(2004.03.00.026346-4), 3ª Turma do TRF da 3ª
Região, Rel. Juiz Nery Júnior. j. 28.09.2005,
unânime, DJU 19.10.2005).

(TJGO-025808) DG. MANDADO DE SEGURANÇA. SAÚDE


PÚBLICA. FORNECIMENTO DE REMÉDIO.
É garantia constitucional, o Poder Público deve
primar pela consecução de políticas governamentais
úteis à manutenção da saúde integral da pessoa
humana, assim, é dever do Município através da
Secretaria Municipal de Saúde, disponibilizar
medicamento prescrito por médico especializado à
pessoa portadora de doença grave. Remessa
conhecida mas improvida. Sentença mantida.
(Duplo Grau de Jurisdição nº 10443-3/195
(200402374660), 4ª Câmara Cível do TJGO, Goiânia,
Rel. Des. Almeida Branco. j. 31.03.2005, unânime,
DJ 20.04.2005).

O Ministério Público poderia ainda carrear outras


inúmeras decisões reconhecendo a obrigação do Poder Público no
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fornecimento de remédio, mas como tal obrigação é patente, somente


tornaria enfadonha a leitura desta petição exordial.

É importante que o Poder Público Municipal esteja


preocupado com o equilíbrio do orçamento municipal e disposto a
cumprir os ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal; entretanto tal meta
não pode ser atingida aniquilando direitos constitucionais do cidadão, mas
sobretudo reduzindo gastos desnecessários, como, i. e., o excessivo
número de cargos comissionados.

A medicação ministrada é de baixa complexidade e


não compromete, em nada, o orçamento do Município de Silvânia/GO,
mas é de grande valia para a saúde da cidadã ….................................

DA CONCESSÃO DO WRIT IN LIMINE

A Lei nº 1.533/51 assevera que “ao despachar a inicial,


o juiz ordenará:...II - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido
quando for relevante o fundamento e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida, caso seja deferida” (art. 7º).

Cassio Scarpinella Bueno5 vaticina que “o fundamento


relevante deve ser entendido como a alta plausibilidade de ganho do
mandado de segurança pelo impetrante ... a ineficácia da medida
corresponde à necessidade, constitucionalmente imposta, de o mandado
de segurança assegurar ao impetrante a fruição integral, plena e in natura
do bem por ele reclamado ...”.

Comporta, in casu, o deferimento da medida liminar,


haja vista que os fundamentos expostos no inciso II do art. 7 da Lei do
Mandamus estão presentes no fato em tela.

A exposição supra-articulada demonstra que o direito à


saúde constitui garantia fundamental para a concretização da dignidade
humana; patente é o dever da Secretaria Municipal de Saúde em fornecer
a medicação adequada ao tratamento da patologia.

5
BUENO, Cássio Scarpinella. Mandado de Segurança. Saraiva. SP.
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O laudo médico corrobora que o imediato


fornecimento da terapia indicada na receita é indispensável para a
proteção da saúde de …................................., a qual será prejudicada sem
a viabilização contínua e em tempo hábil do tratamento clínico pertinente.

DOS PEDIDOS

Consoante exposto, o Ministério Público requer:

1 – que seja deferida a medida liminar para que a


autoridade coatora, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, forneça a
terapia prescrita pelo médico Dr. …....................................., adquirindo e
entregando a medicação à senhora …......................................., sob pena
de incidência no crime elencado no art. 330 do Código Penal. Caso
deferida a liminar, que a autoridade coatora junte aos autos comprovante
do fornecimento da medicação.

2 - a notificação da autoridade coatora para prestar


informações no prazo de 10 (dez) dias.

3 – a intimação do Município de Silvânia/GO, na


pessoa do Exmº Prefeito Municipal, para integrar a lide como litisconsorte
passivo.

4 – a intimação pessoal do representante judicial do


Município de Silvânia/GO (Procurador Municipal) da decisão liminar.

5 - Ao final, requer a confirmação da medida liminar


para a dispensa mensal e de forma contínua da terapia indicada.

6 – Por fim, requer, com espeque no art. 461, §§4º e 5º


do CPC, a cominação de multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos
reais) em caso de descumprimento da ordem judicial.

Atribui-se à causa o valor de R$350,00 (trezentos e


cinquenta reais), para efeitos meramente fiscais.

NESTES TERMOS,
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PEDE DEFERIMENTO.

Silvânia/GO, 31 de julho de 2007

_____________________
Carlos Luiz Wolff de Pina
Promotor de Justiça

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