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EXCELENTÍSSIMO(A) SR.

(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA DE FORTALEZA/CE

PEDIDO DE URGÊNCIA: DANO À SAÚDE

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO LIMINAR COMBINADO COM PEDIDO


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

JEREMIAS, brasileiro, desempregado, RG xxxxxxxx , CPF xxx.xxx.xx-xx,


residente e domiciliada, Fortaleza, CE, CEP xxxxxxx-xxx, vem, por meio de seu Advogado, à presença de
V. Exa., propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO LIMINAR COMBINADO COM PEDIDO


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
em desfavor do MUNICíPIO DE FORTALEZA, CNPJ 07.954.605/0001-
60, pessoa jurídica de direito público interno, com sede à Rua São José, 01, Centro, Fortaleza/CE, CEP:
60060-170, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer a autora os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, tendo em vista ser


pobre na forma da lei, conforme declara no instrumento anexo, não podendo, portanto, arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
sobrevivendo de apenas de sua aposentadoria com proventos de um salário mínimo, com esteio nos
artigos 98 e seguintes do CPC, consoante o artigo 5°, inc. LXXIV, da Constituição Federal.

DOS FATOS

A parte Autora deu entrada em um hospital de municipal de Fortaleza que


não possui Centro de tratamento Intensivo (CTI) após sentir dores fortes de cabeça, ocorre que após
esperar 12 horas pra ser atendido o quadro clinico de Jeremias aumento e depois de tanto esperar de pé e
ser debochado pela situação que se encontrava aquele momento, em seguida entrou no em estado de
incapacidade absoluta, sem poder locomover-se, em fim um médico foi lhe atender . Antenor, também
desempregado, pai de Jeremias ao receber o laudo do médico responsável, onde o mesmo deixa claro que
seu filho precisa urgentemente ser encaminhado pra uma unidade de CTI. Ocorre que ambos são
economicamente hipossuficientes , de modo que não possui condições alguma pra recurso particular, só
sabe que precisa urgente que seu filho seja removido do hospital atual, para um com centro de tratamento
intensivo.

ASPECTOS LEGAIS

A Constituição Federal de 1988, no capítulo inerente aos Direitos Sociais,


estabelece o seguinte:

“Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição.” (destaques inovados)

Reza o artigos 196, da mesma Carta Magna:

“Art. 196, A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.”

Diante dos princípios insculpidos na Constituição Federal sobre a saúde,


Excelência, resta ao Judiciário atuar no caso em epígrafe para dar eficácia aos mandamentos da Carta
Magna. Desse modo, em casos análogos, o Supremo Tribunal Federal decidiu de maneira a resguardar tal
direito fundamental. Veja-se:

"EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA DESTITUÍDA DE RECURSOS


FINANCEIROS - DIREITO À VIDA E À SAÚDE - FORNECIMENTO GRATUITO
DE MEDICAMENTOS - DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF,
ARTS. 5º, CAPUT, E 196) - PRECEDENTES (STF) - RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO. O DIREITO À SAÚDE REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA
CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA. - O direito público
subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à
generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz
bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira
responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas
sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles
portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e
médico hospitalar. - O direito à saúde - além de qualificar-se como direito
fundamental que assiste a todas as pessoas - representa conseqüência constitucional
indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera
institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode
mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda
que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. A
INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE TRANSFORMÁ-
LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE. - O caráter
programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por destinatários
todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa
do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele
depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu
impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao
que determina a própria Lei Fundamental do Estado. RE nº 271286 – DJE 24/11/2000,
rel. Min. CELSO DE MELLO

Portanto, Ex.ª, vida e saúde são direitos subjetivos inalienáveis. Ao Estado


compete a proteção da saúde aos cidadãos, incluindo-se na obrigação disponibilizar vaga na UTI para o
tratamento dos menos favorecidos.

Cumpre reiterar que a presente demanda visa proteger a própria dignidade


humana do autor representado que não pode ficar sem cuidados especiais necessários à sua própria saude
por falta de condições financeiras. Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, fiquemos com as
preciosas considerações de Daniel Sarmento:

“Na verdade, o princípio da dignidade da pessoa humana exprime, em termos


jurídicos, a máxima kantiana, segundo a qual o Homem deve sempre ser tratado como
um fim em si mesmo e nunca como um meio. O ser humano precede o Direito e o
Estado, que apenas se justificam em razão dele. Nesse sentido, a pessoa humana deve
ser concebida e tratada como valor-fonte do ordenamento jurídico, como assevera
Miguel Reale, sendo a defesa e promoção da sua dignidade, em todas as suas
dimensões, a tarefa primordial do Estado Democrático de Direito”. (SARMENTO,
Daniel. A ponderação de Interesses na Constituição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,
2000, p.59).

O requerente tem direito inalienável e indispensável à saúde e, em


consequência, à vida, essa ameaçada em razão da moléstia que a afeta e, garantindo o ordenamento
jurídico do país a prestação e a oferta regulares dos serviços de saúde, de previdência e assistência social
a todos quantos deles necessitem, nada mais justo do que a prestação dos serviços.

Conforme a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS) - Lei n.º


8.080/90 - as políticas públicas de saúde são sistematizadas por meio de descentralizações de ações
envolvendo as três esferas governamentais (União, Estados e Municípios) que possuem atribuições
exclusivas, concorrentes e complementares.

Os aludidos entes federativos participam do Sistema Único de Saúde, esse


estruturado pela Lei n. 8.080, de 19 de setembro 1990 (Lei Orgânica da Saúde) e, tanto em decorrência
dessa Lei como por força dos dispositivos insertos nas Constituições da República e Estadual, são
irremediavelmente obrigados a amparar a população no que tange a garantia de sua saúde.

Com efeito, a própria LEI FEDERAL N.º 8.080, de 19 de setembro de 1990


(Lei Orgânica da Saúde), que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, estruturando o Serviço Único de
Saúde, dispõe em seu artigo 2.o, § 1.o, que:

Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado


prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de


políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de
outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal
e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

Em seu artigo 7º, a Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 (LEI
ORGÂNICA DA SAÚDE), estabelece como diretriz:

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou


conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo


das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para
cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

.............................................................................................

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer


espécie.

Aliás, se não é dever do Poder Público prover a saúde, educação e segurança


dos indivíduos, pouca coisa lhe resta a fazer.

Frise-se que, além da ofensa à saúde e à vida, há também o desperdício do


dinheiro público, posto que os pacientes são obrigados a mobilizar outros serviços públicos, notadamente
os prestados pelo Poder Judiciário, implicando em desnecessários e pesados gastos para o Poder Público,
o que configura conduta incompatível com a moralidade e a probidade administrativas, para terem seus
direitos resguardados.

O direito fundamental à saúde insere-se no contexto do princípio da


dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há que se falar em existência digna sem que a
pessoa tenha direito à saúde, inclusive através de políticas públicas de atendimento àqueles que não
dispõem de renda para custear uma UTI em hospital particular.

Na visão sistemática, cabe-nos ratificar a aplicabilidade imediata do direito à


saúde, art. 196 e ss. da Constituição Federal. A recusa do Requerido em disponibilizar vaga em UTI ao
substituído caracteriza a liquidez do direito em comento. Nessa esteira, cabem os escólios de Paulo
Bonavides:

Mas passaram [os direitos sociais] primeiro por um ciclo de baixa normatividade ou
tiveram eficácia duvidosa, em virtude de sua própria natureza de direitos que exigem
do Estado determinadas prestações materiais nem sempre resgatáveis por exiguidade,
carência ou limitação essencial de meios e recursos.

De juridicidade questionada nesta fase, foram eles remetidos à chamada esfera


programática (…). Atravessaram, a seguir, uma crise de observância e execução, cujo
fim parece estar perto, desde que recentes Constituições, inclusive a do Brasil,
formularam o preceito da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais.

De tal sorte que os direitos fundamentais da segunda geração tendem a tornar-se tão
justificáveis quanto os de primeira; pelo menos esta é a regra que já não poderá ser
descumprida ou ter sua eficácia recusada com aquela facilidade de argumentação
arrimada no caráter programático da norma.

DANOS MORAIS

O dano moral pretendido encontra amparo no artigo 5º, X, da Constituição Federal e nos artigos 186 e
927 do Código Civil.

Com efeito, a Constituição Federal é elucidativa e suficiente, no referido inciso, ao resguardar àqueles
que possuam direito subjetivo violado de recorrerem à justa indenização:

Art. 5º, X, CF - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Já o Código Civil é mais específico ao elucidar o conceito de ato ilícito e as consequências do mesmo:

Art. 186/CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927/CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará- lo.

Desta forma, é notória a ilicitude da demora na implantação do benefício concedido judicialmente à parte
Autora, praticada pela Autarquia Previdenciária e, neste sentido, carece o caso epigrafado da
correspondente indenização.

Wânia Alice Ferreira Lima Campos leciona em sua obra específica sobre o dano moral no Direito
Previdenciário:

“A responsabilidade do réu é objetiva, a teor do que dispõe o art. 37, § 6º, da Constituição de
1988, bastando ao autor a prova dos atos lesivos, do dano e do nexo de causalidade, independentemente
de culpa ou dolo por parte do INSS ou de seus servidores”.

Ainda, mais especificamente quanto à seara do direito previdenciário, destaca a Autora:

“Na seara previdenciária é inequívoca a possibilidade de ocorrer dano moral, consistente naquele
prejuízo imaterial, que reflete na intimidade e na privacidade, experimentado pelo segurado ou
dependente em decorrência dos vícios no processo, no ato administrativo de concessão de seu
benefício ou nos requisitos destes, seja por má interpretação, seja por diagnóstico equivocado de
uma situação fática de contingência da pessoa. (...)”

É notório o fato de que há nexo de causalidade entre o dano ocasionado à parte Demandante e o ato lesivo
praticado pela Autarquia. A saber, no instante em que não cumpriu a decisão da implantação do benefício,
que foi deferido judicialmente, abalou a estrutura moral da parte Autora. Isto, sem mencionar o dano
moral advindo da insegurança econômica proveniente do ato ilícito da Autarquia.

Neste sentido, muito embora pouco ventilado o tema em nossas tribunas, é plenamente configurável o
dano moral em casos como o ora analisado. Havendo relação direta entre o ato ilícito praticado e a lesão
de caráter moral, carece ser aplicada a devida reparação.

Em brilhante e expoente decisão, o Des. Federal Dr. Wilson Zauhy do Tribunal Regional Federal da 3°
Região/TRF3 julgou a matéria, dando provimento ao pedido de dano moral em caso muito similar ao
bailado. Perceba-se:

DIREITO ADMINISTRATIVO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. INSS. DEMORA NA


IMPLANTAÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. REITERADO DESCUMPRIMENTO
DE DECISÕES JUDICIAIS. DANO MORAL DEMONSTRADO. INDENIZAÇÃO.
ARBITRAMENTO. CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E NÃO ENRIQUECIMENTO
INDEVIDO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. APELAÇÃO DO
AUTOR NÃO PROVIDA. APELAÇÃO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDA. 1. O INSS
demorou, sem qualquer justificativa, mais de dois anos para dar cumprimento à determinação
judicial de imediata implantação de benefício previdenciário em favor do autor, situação que
ultrapassa os limites de um mero dissabor, ensejando o dano moral passível de compensação
pecuniária. Precedente desta Corte. 2. No que se refere ao arbitramento do valor a título de
indenização por danos morais, é firme a orientação jurisprudencial no sentido de que, nesses
casos, deve ser determinada segundo o critério da razoabilidade e do não enriquecimento
despropositado. Precedente do C. Superior Tribunal de Justiça. Considerando as circunstâncias
específicas do caso concreto, em especial o alto grau de culpa da autarquia requerida, que
deixou de dar cumprimento a determinação judicial de implementação de benefício
previdenciário em favor do autor, levando longos dois anos para fazê-lo, bem como a razoável
extensão do dano extrapatrimonial, decorrente da privação do requerente de tais valores nesse
período, sem demonstração de outros desdobramentos gravosos ao demandante advindos
diretamente desta privação, tem-se que o valor arbitrado em sentença, de R$ 8.000,00 (oito mil
reais), se revela adequado e suficiente à compensação do dano moral no caso concreto, sem
importar no enriquecimento indevido do autor, devendo ser mantido. 4. Alterado, de ofício, o
termo inicial de incidência dos juros de mora e da correção monetária para a data da sentença. 5.
Deixa-se de aplicar o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009,
ao caso presente para fins de atualização monetária, ante a sua inconstitucionalidade para esse
fim (STF, ADIn 4425). Acolhido parcialmente o recurso do INSS para que os juros de mora
incidam na forma do artigo 1°-F da Lei n° 9.494/1997, eis que sua constitucionalidade foi
reconhecida pelo E. Supremo Tribunal Federal para relações jurídicas não tributárias (STF, RE
870.947/SE). 7. Apelação do autor não provida. 8. Apelação do INSS parcialmente provida.
(TRF 3ª Região, 1ª Turma, ApCiv - APELAÇÃO CÍVEL - 0004147-50.2014.4.03.6114, Rel.
Desembargador Federal WILSON ZAUHY FILHO, julgado em 12/03/2021, Intimação via
sistema DATA: 19/03/2021)

No mesmo sentido, destaca-se:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DEMORA NA IMPLANTAÇÃO


ADMINISTRATIVA DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ARBITRAMENTO DO VALOR. CONSECTÁRIOS
LEGAIS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

I - É evidente que o INSS deve ser responsabilizado pelos prejuízos gerados à segurada, pela
demora injustificada na implantação do benefício administrativamente deferido, devendo-se ter
em conta que, atuando a autarquia com prerrogativas e obrigações da própria Administração
Pública, sua responsabilidade é objetiva.

II - No tocante ao pedido de condenação do réu em indenização por danos morais, é preciso


levar em consideração o fato de que a autora foi privada da percepção do benefício indispensável
ao seu sustento, e certamente sofreu aflições passíveis de atingir a órbita de sua moral, incidindo
na espécie o princípio damnum in re ipsa, segundo o qual a demonstração do sofrimento pela
parte se torna desnecessária, pois é de se presumir que a privação de verba alimentar, resulte em
angústia e sofrimento da segurada.III - Para efeito da fixação do valor relativo à indenização
pelo dano moral perpetrado, é preciso sopesar o grau do dano causado à vítima, o nível de
responsabilidade do infrator, as medidas que foram tomadas para eliminar os seus efeitos, o
propósito de reparar o dano, bem como a intenção de aplicar medida pedagógica que iniba outras
ações temerárias sujeitas a causarem novos danos.IV - O valor fixado a título de indenização
pela sentença, equivalente a R$ 5.000,00, revela-se adequado, posto que não se destina ao
enriquecimento sem causa da segurada e não impõe, por outro lado, ônus excessivo à autarquia
previdenciária, servindo apenas para gerar adequada compensação e o efeito pedagógico
desejado de inibir a realização de ações potencialmente lesivas. V - A correção monetária e os
juros de mora deverão ser calculados de acordo com a lei de regência, observando-se as teses
firmadas pelo E.STF no julgamento do RE 870.947, realizado em 20.09.2017. Quanto aos juros
de mora será observado o índice de remuneração da caderneta de poupança a partir de
30.06.2009.VI - Os honorários advocatícios devem ser fixados em 15% (quinze por cento) sobre
o valor das prestações que seriam devidas até a data da sentença, nos termos do entendimento
desta Décima Turma.

VII - Apelação do INSS e remessa oficial improvidas. Recurso adesivo da autora parcialmente
provido.

(TRF 3ª Região, 10ª Turma, ApReeNec - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO - 5000222-


80.2018.4.03.6126, Rel. Desembargador Federal SERGIO DO NASCIMENTO, julgado em
10/04/2019, Intimação via sistema DATA: 10/04/2019)

Desta forma, é evidente que a Parte Autora faz jus à indenização por danos morais, decorrentes do ato
ilícito praticado pela Autarquia Ré.

DO MÍNIMO EXISTENCIAL E DA RESERVA DO POSSÍVEL

Entende-se por mínimo existencial o conjunto de bens e utilidades


indispensáveis a uma existência humana digna. Segundo preleciona Luiz Roberto Barroso, o mínimo
existencial previsto no ordenamento jurídico pátrio abrange os direitos à Saúde, à Educação Fundamental
e à Moradia – este último acrescentado pela Emenda Constitucional nº 26/2000.

A Reserva do possível são as limitações orçamentárias que o Estado possui e


que muitas vezes impedem o atendimento de uma determinada demanda por direitos sociais. A definição
de políticas públicas, em princípio, cabe ao legislador e ao administrador, democraticamente eleitos para
essa finalidade.

Ao Poder Judiciário só é cabível intervir diante do propósito deliberado da


autoridade em descumprir a Constituição Federal. Mister transcrever decisão do Min. Celso de Mello na
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 45, publicada no DJ de 04/05/2004:

"(...) conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente sede processual
foi inteiramente alcançado com a edição da lei nº 10.777, de 24/11/2003, promulgada
com a finalidade específica de conferir efetividade à EC 29/2000, concebida para
garantir, em bases adequadas - e sempre em benefício da população do país - recursos
financeiros mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e serviços públicos
de saúde. (...) sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, julgo
prejudicada a presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, em
virtude da perda superveniente de seu objeto."(grifo nosso)
O mesmo insigne Ministro Celso de Mello, julgando o recurso extraordinário
436.996-6/São Paulo, publicado no DJ 07/11/2005 PP-00037, RDDP n. 34, 2006, p. 188-193, asseverou
que:

“Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da ‘reserva do possível’ -


ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível - não pode ser
invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se, dolosamente, do
cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa
conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo,
aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de
essencial fundamentalidade”.(destaque nosso)

Assim é que a reserva do possível só pode ser invocada pelo Estado se


houver um motivo justificável objetivamente aferível, confrontando-se a razoabilidade da pretensão com
a disponibilidade orçamentária. Destarte, dentro dos direitos sociais há o mínimo existencial, direito este
que constitui meta prioritária do Estado e necessita de maior efetividade, sobre o qual jamais se poderá
invocar a reserva do possível.

DA POSSIBILIDADE DO SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS

O STJ vem entendo cabível o bloqueio de valores em contas públicas em


algumas situações, como a necessidade imediata de preservação da saúde humana, mediante o
fornecimento de medicamentos em caráter de urgência.

Tem-se o bloqueio de valores em contas públicas é mais uma forma de


realizar a tutela específica, haja vista que o art. 461, § 5º, não é taxativo, pois permite interpretação
analógica, uma vez que contém a expressão geral “tais como”.

Submeter à presente antecipação de tutela ao regime dos precatórios seria o


mesmo que negar a antecipação da tutela contra o poder público em casos não incluídos na vedação
inserida no art.1º da Lei 9.494/97.

O Superior Tribunal de Justiça assim decidiu, verbis:

ADMINISTRATIVO. CUSTEIO DE TRATAMENTO MÉDICO. BLOQUEIO DE


VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. I - O atual
entendimento desta Colenda Primeira Turma é no sentido da possibilidade do
bloqueio de valores em contas públicas para garantir o custeio de tratamento médico
ou fornecimento de medicamentos indispensáveis à manutenção da saúde e da vida.
Precedentes: EREsp nº 770.969/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, Primeira Seção, DJ
de 21.08.2006; EREsp nº 787.101/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Seção, DJ de
14.08.2006; REsp nº 832.935/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de
30.06.2006. II - Inviável a apreciação dos fundamentos adotados pelo STF na
apreciação da Suspensão de Tutela Antecipada - STA 91, seja porque tal argumentação
fora trazida apenas nesta sede regimental como verdadeira emenda à petição de
recurso especial, afrontando os Princípios da Preclusão, da Eventualidade e da
Complementaridade, seja porque tais fundamentos são de ordem eminentemente
constitucional, cujo exame é reservado ao Supremo Tribunal Federal, não podendo
esta Corte nesta sede especial sobre eles se manifestar sequer a título de
prequestionamento. III - Agravo regimental improvido.(STJ; AgRg no REsp 920468 /
RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/0017261-9;
Ministro FRANCISCO FALCÃO; T1 - PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento:
17/05/2007; Data da Publicação/Fonte: DJ 31.05.2007 p. 408).

ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO


ESPECIAL. PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E FORNECIMENTO DE REMÉDIOS.
BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461, § 5º, DO CPC.
INEXISTÊNCIA DO APONTADO DISSENSO PRETORIANO. PRECEDENTES.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO-PROVIDOS. 1. Em exame embargos de
divergência manejados pelo Estado do Rio Grande do Sul, em impugnação a acórdão
que entendeu cabível o bloqueio de verbas públicas em situações excepcionais, tais
como a necessidade imediata da preservação da saúde da pessoa humana, mediante o
fornecimento de medicação em caráter de urgência, sob risco de óbito do suplicante.
O aresto embargado, proferido pela 2ª Turma, tem a ementa seguinte (fl. 111):
"ADMINISTRATIVO PROCESSUAL CIVIL. CUSTEIO DE TRATAMENTO
MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. BLOQUEIO DE VALORES EM CONTAS
PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461, CAPUT E § 5º DO CPC. 1. Além de
prever a possibilidade de concessão da tutela específica e da tutela pelo equivalente, o
CPC armou o julgador com uma série de medidas coercitivas, chamadas na lei de
"medidas necessárias", que têm como escopo o de viabilizar o quanto possível o
cumprimento daquelas tutelas. 2. As medidas previstas no § 5º do art. 461 do CPC
foram antecedidas da expressão "tais como", o que denota o caráter não-exauriente da
enumeração. Assim, o legislador deixou ao prudente arbítrio do magistrado a escolha
das medidas que melhor se harmonizem às peculiaridades de cada caso concreto. 3.
Submeter os provimentos deferidos em antecipação dos efeitos da tutela ao regime de
precatórios seria o mesmo que negar a possibilidade de tutela antecipada contra a
Fazenda Pública, quando o próprio Pretório Excelso já decidiu que não se proíbe a
antecipação de modo geral, mas apenas para resguardar as exceções do art. 1º da Lei
9.494/97. 4. O disposto no caput do artigo 100 da CF/88 não se aplica aos pagamentos
de obrigações definidas em lei como de pequeno valor, de modo que, ainda que se
tratasse de sentença de mérito transitada em julgado, não haveria submissão do
pagamento ao regime de precatórios.5. Em casos como o dos autos, em que a
efetivação da tutela concedida está relacionada à preservação da saúde do indivíduo, a
ponderação das normas constitucionais deve privilegiar a proteção do bem maior que
é a vida.

6. Recurso especial improvido." (REsp 770.969/RS, DJ 03/10/2005, 2ª Turma, Rel.


Min. Castro Meira) A título de paradigma, o Estado requerente indicou o Resp
766.480/RS, o qual, segundo alega, dispõe não ser possível o seqüestro de dinheiro ou
de outros bens públicos. Confira-se: "PROCESSUAL CIVIL. TUTELA
ANTECIPADA. MEIOS DE COERÇÃO AO DEVEDOR (CPC, ARTS. 273, §3º E
461, §5º). FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO. BLOQUEIO
DE VERBAS PÚBLICAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. É cabível, inclusive contra a
Fazenda Pública, a aplicação de multa diária (astreintes) como meio coercitivo para
impor o cumprimento de medida antecipatória ou de sentença definitiva de obrigação
de fazer ou entregar coisa, nos termos dos artigos 461 e 461A do CPC. Nesse sentido
é a jurisprudência do STJ, como se pode verificar, por exemplo, nos seguintes
precedentes: AgRg no Ag 646240/RS, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de 13.06.2005;
RESP 592132/RS, 5ª T., Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ de 16.05.2005; AgRg no
RESP 554776/SP, 6ª T., Min. Paulo Medina, DJ de 06.10.2003; AgRg no REsp
718011/TO, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJ de 30.05.2005.

2. Todavia, não se pode confundir multa diária (astreintes), com bloqueio ou seqüestro
de verbas públicas. A multa é meio executivo de coação, não aplicável a obrigações de
pagar quantia, que atua sobre a vontade do demandado a fim de compeli-lo a
satisfazer, ele próprio, a obrigação decorrente da decisão judicial. Já o seqüestro (ou
bloqueio) de dinheiro é meio executivo de sub-rogação, adequado a obrigação de
pagar quantia, por meio do qual o Judiciário obtém diretamente a satisfação da
obrigação, independentemente de participação e, portanto, da vontade do obrigado. 3.
Em se tratando da Fazenda Pública, qualquer obrigação de pagar quantia, ainda que
decorrente da conversão de obrigação de fazer ou de entregar coisa, está sujeita a rito
próprio (CPC, art. 730 do CPC e CF, art. 100 da CF), que não prevê, salvo
excepcionalmente (v.g., desrespeito à ordem de pagamento dos precatórios
judiciários), a possibilidade de execução direta por expropriação mediante seqüestro
de dinheiro ou de qualquer outro bem público, que são impenhoráveis. 4. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido." (REsp 766.480/RS, DJ
03/10/2005, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Zavascki) 2. Em situações reconhecidamente
excepcionais, tais como a que se refere ao urgente fornecimento de medicação, sob
risco de perecimento da própria vida, a jurisprudência deste Superior Tribunal de
Justiça é reiterada no sentido do cabimento do bloqueio de valores diretamente na
conta corrente do Ente Público. 3. Com efeito, o art. 461, § 5º, do CPC ao referir que
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte, para a efetivação da tutela
específica ou para obtenção do resultado prático equivalente, “determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas ou cousas, desfazimento de obras e impedimento de atividade
nociva, se necessário com requisição de força policial”, apenas previu algumas
medidas cabíveis na espécie, não sendo, contudo, taxativa a sua enumeração. De tal
maneira, é permitido ao julgador, à vista das circunstâncias do caso apreciado, buscar
o modo mais adequado para tornar efetiva a tutela almejada, tendo em vista o fim da
norma e a impossibilidade de previsão legal de todas as hipóteses fáticas. É possível,
pois, em casos como o presente, o bloqueio de contas públicas. 4. Tal como se
evidencia, não há divergência jurisprudencial a ser dirimida, ao contrário, como restou
demonstrado, o acórdão embargado está em absoluta sintonia com o entendimento
aplicado à questão por este Superior Tribunal de Justiça, que admite, em situações
excepcionais, o bloqueio direto de verbas públicas. 5. No caso, a autorização
excepcional para o bloqueio de valores públicos objetivou o fornecimento de
medicação, em caráter de urgência, à parte suplicante, sob pena de comprometimento
da própria vida.6. Embargos de divergência não-providos.(STJ; EREsp 770969 / RS ;
EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL2005/0190161-9;
Ministro JOSÉ DELGADO; Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA SEÇÃO; Data do
Julgamento: 28/06/2006; Data da Publicação/Fonte: DJ 21.08.2006 p. 224). (grifo
nosso).

Incumbe ainda examinar que não há que se confundir multa diária com o
sequestro de contas públicas, pois enquanto no primeiro caso é meio de coerção indireta onde se busca a
tutela específica; no segundo há meio executivo por sub-rogação. Neste último caso, o Judiciário obtém
diretamente a satisfação total ou parcial da obrigação, independentemente da vontade do obrigado.

Destarte, in casu, surge a necessidade do sequestro de contas públicas, como


medida de emergência, com o escopo de garantir imediatamente a verba necessária para manter a saúde e
a vida da parte autora, bem como a imprescindibilidade das astreintes, como forma de impulsionar o ente
público a prestar continuadamente o tratamento necessário à vida da Parte Autora.

DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Diante da situação ora exposta, no caso da ausência imediata de um


provimento antecipado, ante o evidente percurso temporal suficiente até o deslinde do processo, corre o
risco de ser inócua a prestação jurisdicional ao final deferida. O requerente não pode suportar os custos
com o tratamento adequado e muito menos com a falta dele, qual seja, conforme descrito supra,
razão pela qual se faz necessária a imediata antecipação de tutela em caráter de urgência.

De outro lado, inegável a existência do periculum in mora, respaldada nos


documentos acostados nesta peça exordial. Encontra-se comprovado que o requerente, é acometido de
vários problemas de saúde, necessitando de tratamento com medicamentos e alimentação especial com os
quais não pode arcar financeiramente, com possibilidade de danos irreparáveis ao seu estado de saúde,
conforme se depreende do relatório e documentos médicos em anexo.

O exposto já autoriza a concessão antecipada do pedido em favor do


requerente, mediante antecipação de tutela, nos moldes do art. 300 e seguintes do Código de Processo
Civil, que assim reza:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

Conforme relatado alhures, é reconhecido o direito à saúde como direito


fundamental e indisponível da pessoa humana, a ser assegurado com absoluta prioridade pelo poder
público. O direito de acesso às ações e serviços de saúde é consagrado como direito público subjetivo.

Logo, os pressupostos necessários à procedência da tutela antecipada ora


defendida estão preenchidos, nos termos exigidos pelo art. 300 do CPC, quais sejam, a probabilidade do
direito e o periculum in mora.

É possível, na atualidade, fazer valer o direito à saúde, em algumas situações


específicas, através do Poder Judiciário. Tratam-se daquelas situações em que a doença está devidamente
diagnosticada e está atestada a necessidade de determinados medicamentos ou tratamento médico
indispensável para o controle ou tratamento da doença. Em outras palavras, são aquelas situações em que
a proteção do direito à saúde não pode ser desvinculado da proteção do próprio direito à vida ou do direito
a uma existência digna.

A jurisprudência assim vem se firmando:

TUTELA ANTECIPATÓRIA – Faculdade do Juiz – Verossimilhança do pedido tutelar


com o inicial – Deferimento que se deve embasar no fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação – Inteligência do art. 273 do CPC. O art. 273 do
CPC, com redação dada pela Lei 8.952/94, expressamente faculta ao Juiz, a
requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida
no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação, sendo que essa tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a
qualquer tempo, em decisão fundamentada, prosseguindo o processo até final
julgamento, concedida ou não tal antecipação. (RT 736/252)

Em trato de concessão de tutela antecipada de provimento jurisdicional, mister se faz


que o Juiz, dentro da esfera de sua discricionariedade judicial, proceda a prudente e
cuidadosa análise, porquanto pode haver situação emergencial que a reclame, desde
que haja prova inequívoca do alegado e se convença de sua verossimilhança. (RT
736/256) (sem grifo no original)

Só resta, então, o requerente socorrer ao Poder Judiciário para solucionar a


presente lide, sem que tenha que aguardar o tempo de um requerimento administrativo encaminhado ao
requerido, do qual certamente o requerente não teria resposta positiva, continuando.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Ex.ª que se digne de:

1) Conceder à requerente os benefícios da Justiça Gratuita e prioridade na tramitação do feito, haja


vista a pobreza legal e o debilitado estado de saúde da mesma.

2) Conceder, nos termos do art. 300 do CPC, “inaudita altera pars,” a tutela antecipada de urgência
específica da obrigação de fazer, determinando ao Município de Fortaleza ou à Secretaria
Municipal de Saúde para que forneça a parte Autora, imediatamente, mensalmente e por tempo
indeterminado, conforme prescrição médica em anexo, de forma programada, para que não
suspenda o tratamento, sob pena de “astreintes”, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de
descumprimento, intimando o Requerido, inclusive sob pena de desobediência:

a) Fazer com que a requerida de forma legal faça valer os direitos constitucionais do
requerido , encaminhando o mesmo pra um hospital Supla sua necessidade medica.

3) Mandar citar o requerido, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar a presente
ação, ciente de que os fatos alegados e não contestados serão tidos como verdadeiros;

4) Mandar intimar o (a) douto (a) representante do Ministério Público para, caso queira, intervenha na
presente ação;

5) JULGAR PROCEDENTE a presente ação, tornando definitiva a tutela antecipada concedida,


condenando o suplicado na obrigação de fazer consistente no fornecimento dos medicamentos,
suplemento alimentar e fraldas geriátricas XG, conforme descrito supra e prescrição médica em anexo;

6) CONDENAR o Promovido nos ônus SUCUMBENCIAIS, em sua verba máxima, em prol do


Promovente, nos moldes do art. 85 do Código de Processo Civil;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial


pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícia, vistoria, bem como qualquer outra
providência que Vossa Excelência julgar adequada ao julgamento da presente ação, tudo de logo
requerido.

Dando à causa o valor de 15.600,00 (quinze mil e seiscentos reais), para


efeitos.

Nesses termos.

Pede deferimento.

Fortaleza/CE.

FRANCISCO MARCOS CARVALHO


Advogado – OABCE XXXX

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