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DA JUSTIÇA GRATUITA
DOS FATOS
ASPECTOS LEGAIS
“Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição.” (destaques inovados)
“Art. 196, A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.”
Em seu artigo 7º, a Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 (LEI
ORGÂNICA DA SAÚDE), estabelece como diretriz:
.............................................................................................
Mas passaram [os direitos sociais] primeiro por um ciclo de baixa normatividade ou
tiveram eficácia duvidosa, em virtude de sua própria natureza de direitos que exigem
do Estado determinadas prestações materiais nem sempre resgatáveis por exiguidade,
carência ou limitação essencial de meios e recursos.
De tal sorte que os direitos fundamentais da segunda geração tendem a tornar-se tão
justificáveis quanto os de primeira; pelo menos esta é a regra que já não poderá ser
descumprida ou ter sua eficácia recusada com aquela facilidade de argumentação
arrimada no caráter programático da norma.
DANOS MORAIS
O dano moral pretendido encontra amparo no artigo 5º, X, da Constituição Federal e nos artigos 186 e
927 do Código Civil.
Com efeito, a Constituição Federal é elucidativa e suficiente, no referido inciso, ao resguardar àqueles
que possuam direito subjetivo violado de recorrerem à justa indenização:
Art. 5º, X, CF - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Já o Código Civil é mais específico ao elucidar o conceito de ato ilícito e as consequências do mesmo:
Art. 186/CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927/CC. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará- lo.
Desta forma, é notória a ilicitude da demora na implantação do benefício concedido judicialmente à parte
Autora, praticada pela Autarquia Previdenciária e, neste sentido, carece o caso epigrafado da
correspondente indenização.
Wânia Alice Ferreira Lima Campos leciona em sua obra específica sobre o dano moral no Direito
Previdenciário:
“A responsabilidade do réu é objetiva, a teor do que dispõe o art. 37, § 6º, da Constituição de
1988, bastando ao autor a prova dos atos lesivos, do dano e do nexo de causalidade, independentemente
de culpa ou dolo por parte do INSS ou de seus servidores”.
“Na seara previdenciária é inequívoca a possibilidade de ocorrer dano moral, consistente naquele
prejuízo imaterial, que reflete na intimidade e na privacidade, experimentado pelo segurado ou
dependente em decorrência dos vícios no processo, no ato administrativo de concessão de seu
benefício ou nos requisitos destes, seja por má interpretação, seja por diagnóstico equivocado de
uma situação fática de contingência da pessoa. (...)”
É notório o fato de que há nexo de causalidade entre o dano ocasionado à parte Demandante e o ato lesivo
praticado pela Autarquia. A saber, no instante em que não cumpriu a decisão da implantação do benefício,
que foi deferido judicialmente, abalou a estrutura moral da parte Autora. Isto, sem mencionar o dano
moral advindo da insegurança econômica proveniente do ato ilícito da Autarquia.
Neste sentido, muito embora pouco ventilado o tema em nossas tribunas, é plenamente configurável o
dano moral em casos como o ora analisado. Havendo relação direta entre o ato ilícito praticado e a lesão
de caráter moral, carece ser aplicada a devida reparação.
Em brilhante e expoente decisão, o Des. Federal Dr. Wilson Zauhy do Tribunal Regional Federal da 3°
Região/TRF3 julgou a matéria, dando provimento ao pedido de dano moral em caso muito similar ao
bailado. Perceba-se:
I - É evidente que o INSS deve ser responsabilizado pelos prejuízos gerados à segurada, pela
demora injustificada na implantação do benefício administrativamente deferido, devendo-se ter
em conta que, atuando a autarquia com prerrogativas e obrigações da própria Administração
Pública, sua responsabilidade é objetiva.
VII - Apelação do INSS e remessa oficial improvidas. Recurso adesivo da autora parcialmente
provido.
Desta forma, é evidente que a Parte Autora faz jus à indenização por danos morais, decorrentes do ato
ilícito praticado pela Autarquia Ré.
"(...) conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente sede processual
foi inteiramente alcançado com a edição da lei nº 10.777, de 24/11/2003, promulgada
com a finalidade específica de conferir efetividade à EC 29/2000, concebida para
garantir, em bases adequadas - e sempre em benefício da população do país - recursos
financeiros mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e serviços públicos
de saúde. (...) sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, julgo
prejudicada a presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, em
virtude da perda superveniente de seu objeto."(grifo nosso)
O mesmo insigne Ministro Celso de Mello, julgando o recurso extraordinário
436.996-6/São Paulo, publicado no DJ 07/11/2005 PP-00037, RDDP n. 34, 2006, p. 188-193, asseverou
que:
2. Todavia, não se pode confundir multa diária (astreintes), com bloqueio ou seqüestro
de verbas públicas. A multa é meio executivo de coação, não aplicável a obrigações de
pagar quantia, que atua sobre a vontade do demandado a fim de compeli-lo a
satisfazer, ele próprio, a obrigação decorrente da decisão judicial. Já o seqüestro (ou
bloqueio) de dinheiro é meio executivo de sub-rogação, adequado a obrigação de
pagar quantia, por meio do qual o Judiciário obtém diretamente a satisfação da
obrigação, independentemente de participação e, portanto, da vontade do obrigado. 3.
Em se tratando da Fazenda Pública, qualquer obrigação de pagar quantia, ainda que
decorrente da conversão de obrigação de fazer ou de entregar coisa, está sujeita a rito
próprio (CPC, art. 730 do CPC e CF, art. 100 da CF), que não prevê, salvo
excepcionalmente (v.g., desrespeito à ordem de pagamento dos precatórios
judiciários), a possibilidade de execução direta por expropriação mediante seqüestro
de dinheiro ou de qualquer outro bem público, que são impenhoráveis. 4. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido." (REsp 766.480/RS, DJ
03/10/2005, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Zavascki) 2. Em situações reconhecidamente
excepcionais, tais como a que se refere ao urgente fornecimento de medicação, sob
risco de perecimento da própria vida, a jurisprudência deste Superior Tribunal de
Justiça é reiterada no sentido do cabimento do bloqueio de valores diretamente na
conta corrente do Ente Público. 3. Com efeito, o art. 461, § 5º, do CPC ao referir que
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte, para a efetivação da tutela
específica ou para obtenção do resultado prático equivalente, “determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,
remoção de pessoas ou cousas, desfazimento de obras e impedimento de atividade
nociva, se necessário com requisição de força policial”, apenas previu algumas
medidas cabíveis na espécie, não sendo, contudo, taxativa a sua enumeração. De tal
maneira, é permitido ao julgador, à vista das circunstâncias do caso apreciado, buscar
o modo mais adequado para tornar efetiva a tutela almejada, tendo em vista o fim da
norma e a impossibilidade de previsão legal de todas as hipóteses fáticas. É possível,
pois, em casos como o presente, o bloqueio de contas públicas. 4. Tal como se
evidencia, não há divergência jurisprudencial a ser dirimida, ao contrário, como restou
demonstrado, o acórdão embargado está em absoluta sintonia com o entendimento
aplicado à questão por este Superior Tribunal de Justiça, que admite, em situações
excepcionais, o bloqueio direto de verbas públicas. 5. No caso, a autorização
excepcional para o bloqueio de valores públicos objetivou o fornecimento de
medicação, em caráter de urgência, à parte suplicante, sob pena de comprometimento
da própria vida.6. Embargos de divergência não-providos.(STJ; EREsp 770969 / RS ;
EMBARGOS DE DIVERGENCIA NO RECURSO ESPECIAL2005/0190161-9;
Ministro JOSÉ DELGADO; Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA SEÇÃO; Data do
Julgamento: 28/06/2006; Data da Publicação/Fonte: DJ 21.08.2006 p. 224). (grifo
nosso).
Incumbe ainda examinar que não há que se confundir multa diária com o
sequestro de contas públicas, pois enquanto no primeiro caso é meio de coerção indireta onde se busca a
tutela específica; no segundo há meio executivo por sub-rogação. Neste último caso, o Judiciário obtém
diretamente a satisfação total ou parcial da obrigação, independentemente da vontade do obrigado.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
DOS PEDIDOS
2) Conceder, nos termos do art. 300 do CPC, “inaudita altera pars,” a tutela antecipada de urgência
específica da obrigação de fazer, determinando ao Município de Fortaleza ou à Secretaria
Municipal de Saúde para que forneça a parte Autora, imediatamente, mensalmente e por tempo
indeterminado, conforme prescrição médica em anexo, de forma programada, para que não
suspenda o tratamento, sob pena de “astreintes”, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de
descumprimento, intimando o Requerido, inclusive sob pena de desobediência:
a) Fazer com que a requerida de forma legal faça valer os direitos constitucionais do
requerido , encaminhando o mesmo pra um hospital Supla sua necessidade medica.
3) Mandar citar o requerido, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar a presente
ação, ciente de que os fatos alegados e não contestados serão tidos como verdadeiros;
4) Mandar intimar o (a) douto (a) representante do Ministério Público para, caso queira, intervenha na
presente ação;
Nesses termos.
Pede deferimento.
Fortaleza/CE.