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ESCOLA DA MAGISTRATURA DE RONDÔNIA – EMERON

PÓS-GRADUÇÃO EM DIREITO PARA A CARREIRA DA MAGISTRATURA

FLAVIO MIGUEL SANTOS PEREIRA

A PRESERVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE VIA MANDADO DE SEGURANÇA

Cacoal – RO
2022
FLAVIO MIGUEL SANTOS PEREIRA

A PRESERVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE VIA MANDADO DE SEGURANÇA

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do título de especialista em
Direito para a Carreira da Magistratura
pela Escola da Magistratura do Estado de
Rondônia, sob a orientação do Mestre
Rogério Montai de Lima.

___________________________________________________
Assinatura do Orientador

Cacoal – RO
2022
1 INTRODUÇÃO

O direito à vida assim como o direito a saúde é um dos pilares defendidos pela
Constituição Federal, cuida-se de um bem jurídico base sem os quais viola a
proteção da dignidade da pessoa humana que é direito garantido aos cidadãos
brasileiros, e para assegurar é necessário a defesa dos meios necessários para ter
uma vida e saúde condizentes, tendo sido mais levado a apreciação do Poder
Judiciário.
Diversas discussões são tratadas sobre este assunto e há certa divergência na
doutrina quanto a eficácia da judicialização como meio de se obter amparo aos
meios condizentes a saúde.
Outro ponto é a judicialização da saúde que está inserida nessa conjunção, um
fenômeno que demonstra a preocupação do Poder Judiciário em proteger e atender
a cada pedido, é uma atuação voltada ao julgamento das ações como
medicamentos e fornecimentos de equipamentos para preservação do bem-estar e
na melhora da saúde.
No presente artigo, visa-se analisar qual o melhor meio processual capaz de
tutelar o direito á saúde, direito este garantido a todos os cidadãos brasileiros, bem
como aprofundar em questões com intuito a apoiar o fortalecimento da rede pública
de saúde.
2 METODOLOGIA

A investigação foi realizada por meio de pesquisas exploratórias e teve como


escopo a fonte secundária, ou seja, fora realizado por meio de artigos, livros,
conceitos e jurisprudências.

Tendo em vista que, a temática tem por intuito a exploração de vários


conceitos, entendimentos e livros que aprofundarão o conhecimento da realidade
sobre a preservação do Direito a saúde por meio do uso do Mandado de Segurança.

É classificado como pesquisa qualitativa e a tradução dos resultados foram


feitas em conceitos e ideias que embasaram todo o estudo, por meio do qual
permitirá o entendimento acerca da temática debatida.
3 Saúde como um Direito fundamental
A Constituição Federal reconhece a saúde como um bem jurídico a ser preservado
em sua máxima, devendo não só o País, mas os Estados participarem ativamente
com intuito de assegurar esse Direito para com a População.
Nesse diapasão, a Constituição Federal é muito clara em seus artigos 6 e 196 ao
ensinar que a saúde é um Direito social e inerentes a todos e dever do Estado em
assegurá-lo, vejamos:
 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.

Ademais, muitas Constituições Estaduais adequam e aplicam seus preceitos com


base na Constituição Federal, haja vista que cada Estado tem suas peculiaridades
como etnias, culturas e etc.
Noutro lado, após antepor a saúde como um Direito fundamental foi criado o
Sistema único de Saúde - SUS para aplicar os conceitos na população, haja vista o
princípio da universalidade ser base para o acesso aos serviços de saúde, tal
programa foi regulado pela Lei Federal n° 8.080 de 1990 que estabelece orientações
para a realização de serviços médicos elevados de qualidade.
Em que pese a Saúde ser muito defendida pela CF, há de mencionar que os
Estados têm falhado em assegurar e proteger esse Direito, alegando que a falta de
preparo e serviços médicos ineficientes são resultados da falta de recursos
orçamentários. Acerca do tema:
APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA DE OFÍCIO. ADMINISTRATIVO E
CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. DEVER DO ESTADO.
TRATAMENTO. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA
DE OFÍCIO. ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE.
DEVER DO ESTADO. TRATAMENTO. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO
CÍVEL E REMESSA DE OFÍCIO. ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL.
DIREITO À SAÚDE. DEVER DO ESTADO. TRATAMENTO. SENTENÇA
MANTIDA. APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA DE OFÍCIO.
ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL.. DIREITO À SAÚDE. DEVER
DO ESTADO. TRATAMENTO. SENTENÇA MANTIDA. O direito à saúde é
de índole constitucional, consagrado, de modo especial, pelo artigo
196 da Constituição Federal. Assim, é dever do Estado fornecer
tratamento ao cidadão que não tenha condições de arcar com os
custos dos medicamentos prescritos para tratamento de suas
doenças. Restando comprovado que a paciente sofre de “encefalopatia
hipóxico-isquêmica ” e que necessita, de forma célere e urgente, de
tratamento fisioterapêutico, de toxina botulínica A, de atendimento
fonoaudiológico e de recebimento diário de fraldas geriátricas, devido às
suas comorbidades e seqüelas, age com acerto a sentença, ao determinar
o fornecimento dos tratamentos médicos prescritos em favor da autora,
observando, assim, o princípio da isonomia substancial, na medida em que
confere a pessoa em evidente situação de hipossuficiência financeira e
jurídica, tratamento que visa restabelecer sua igualdade em relação aos
demais cidadãos, não obstante a notória precariedade dos serviços
públicos de saúde. Remessa necessária e apelação conhecidas e não
providas. (TJ-DF - APO: XXXXX, Relator: ANA MARIA DUARTE
AMARANTE BRITO, Data de Julgamento: 27/01/2016, 6ª Turma Cível,
Data de Publicação: Publicado no DJE : 02/02/2016 . Pág.: 360). Grifei.

No entanto, a Corte suprema tem enfatizado que todos os Entes Federativos devem
obedecer às normas Constitucionais principalmente na qualidade da assistência de
saúde da população, ou seja, os Estados não devem apenas “defender”, devem
aplicar de forma concreta os serviços médicos condizentes para que a população
possa ter ainda que mínima, protegida seu Direito fundamental.

4 Aplicação do Direito subjetivo na saúde

O Direito a saúde como já mencionado, tem amparo Constitucional em seu artigo


196 que importa na responsabilidade solidária dos entes federados, ou seja, devem
ter foco máximo na promoção da saúde em todo o território proporcionando de forma
igualitária, digna e efetiva. Em outras palavras, o Estado deve proporcionar serviços
médicos de qualidade e dignos para a população, desta forma estará assegurado o
Direito subjetivo aos cidadãos, pois, o Direito subjetivo diz respeito a forma de
garantir e proteger os direitos de um indivíduo amparados por lei, em outras palavras
é o poder que um determinado individuo tem para satisfazer um direito seu que esta
garantindo por uma lei.
DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DE CONHECIMENTO.
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO PELO ESTADO. DIREITO
SUBJETIVO À SAÚDE LIMITADO. COMPROVAÇÃO DE ADEQUAÇÃO E
RAZOABILIDADE DO PEDIDO. NECESSIDADE NÃO DEMONSTRADA.
ACESSO À SAÚDE GARANTIDO. INEXISTÊNCIA DE RECUSA DE
ASSISTÊNCIA PELO DISTRITO FEDERAL. PACIENTE PORTADOR DE
HIV. TRÂMITE EM SEGREDO DE JUSTIÇA. POSSIBILIDADE. 1. Embora
o artigo 155 do Código de Processo Civil não elenque, expressamente, o
processo que envolve discussão acerca do acometimento de paciente pelo
vírus HIV como hipótese de segredo de justiça, o resguardo da imagem da
parte mostra-se necessária para a preservação de sua dignidade como
pessoa humana, tendo em vista as peculiaridades do caso. 2.O direito
subjetivo à saúde não é um direito ilimitado, pois deve ser interpretado
como um direito à igualdade de condições no acesso aos serviços de
saúde que determinada sociedade pode fornecer com os recursos
disponíveis, sendo necessário que se demonstre nos autos se o acesso à
assistência terapêutica não vem se revelando eficiente para promover a
assistência integral à saúde. 3. Comprovadas a adequação e razoabilidade
do pedido, considerando a gravidade da enfermidade, a hipossuficiência
financeira do paciente e o alto custo do tratamento adequado, questiona-se
apenas a necessidade do medicamento, tendo em vista que, por ser de uso
restrito, se demonstrado que a Administração Pública dispõe de outros
tratamentos que podem produzir o mesmo efeito que o pretendido, estes
devem ser adotados. 4. Não apresentando provas suficientes a indicar as
reações adversas, tampouco demonstrando a recusa de assistência pelo
Distrito Federal, é importante ponderar aquilo que seja favorável tanto ao
paciente quanto ao Estado, no sentido de possibilitar assegurar a saúde até
o máximo de recursos públicos disponíveis, sem que, para isso, haja
comprometimento de assistência a outros necessitandos ou prejuízo para a
equidade de condições ao acesso do serviço salutar. 5. Apelação cível
conhecida e improvida. (TJ-DF XXXXX - Segredo de Justiça XXXXX-
41.2011.8.07.0018, Relator: SIMONE LUCINDO, Data de Julgamento:
27/02/2013, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :
06/03/2013 . Pág.: 195).

Conforme o julgado exposto, é possível vislumbrar que o direito subjetivo a saúde


não é um direito ilimitado, ele tem sim seus limites, contudo, para saber quando um
direito foi ultrapassado, é necessário analisar a lei que está amparando o direito em
questão. Por fim, cabe ao Poder Judiciário corrigir e delimitar sobre possíveis vícios
quanto a atuação do Poder Público sobre os serviços sanitários com o fim de
proteger a saúde dos cidadãos.
REFERÊNCIAS
Bruno, Renato, O mandado de segurança sanitário como espécie do gênero
mandado de segurança. 14 dez. 2019. Disponível em:< file:///D:/Arquivos%20Usu
%C3%A1rios/Downloads/39396-162796-2-PB.pdf>. Acesso em: 09/10/2022.

Tié, o que é o direito subjetivo. Disponível em:<


https://www.significados.com.br/direito-subjetivo/>. Acesso em: 12/10/2022.

Gisele, A proteção do direito à saúde por mandado de segurança. 23 jun. 2022.


Disponível em:< https://prolegis.com.br/a-protecao-do-direito-a-saude-por-mandado-
de-seguranca/#:~:text=Resumo%3A%20A%20judicializa%C3%A7%C3%A3o%20da
%20sa%C3%BAde,da%20preserva%C3%A7%C3%A3o%20da%20dignidade
%20humana.>. Acesso em: 20/10/2022.

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