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SUMÁRIO

1. 1) Introdução
2. 2) Prazo para o INSS se manifestar na via administrativa
1. 2.1) Prazo de 45 dias para o INSS
3. 3) Jurisprudência – Demora do INSS e Mandado de Segurança
4. 4) 5 Dúvidas sobre Mandado de Segurança contra INSS
1. 4.1) Qual o prazo para ajuizar Mandado de Segurança contra INSS?
2. 4.2) Qual a autoridade coatora em MS contra o INSS?
3. 4.3) Qual a competência em MS contra o INSS?
4. 4.4) Onde protocolar mandado de segurança contra INSS?
5. 4.5) É possível Mandado de Segurança contra Junta de Recursos do INSS em
Recurso Administrativo?
5. 5) Inicial – Mandado de Segurança – Demora na Análise de Pedido Administrativo
1. 5.1) Modelo de mandado de segurança com pedido de liminar contra INSS
6. 6) Mandado de Segurança para Agendar Perícia Médica
7. 7) Conclusão
8. 8) Transcrição do vídeo
9. 9) Fontes

1) Introdução

Há uma máxima popular que diz que nós brasileiros adoramos uma fila. Contudo,
o INSS deu nova dimensão à essa máxima, não é mesmo?

Após a Reforma da Previdência em novembro de 2019, os atrasos pioraram com o


sistema que não estava adaptado às novas regras.

Os atrasos se acumularam, e também as críticas, levando o Governo a convocar militares


reservistas e peritos aposentados do INSS para correr contra o tempo e tirar o atraso nas
análises dos pedidos.

Toda essa demora, especialmente na perícia médica dos benefícios por incapacidade, tem
causado muitos prejuízos aos segurados. 

Dentro desse cenário caótico, o Mandado de Segurança surge como uma excelente


alternativa para defender o tão precioso benefício previdenciário para seu cliente e
também antecipar o recebimento de seus honorários. 🙏

Por isso resolvi trazer um guia completo sobre Mandado de Segurança contra o INSS que


com certeza vai te ajudar a entender toda a dinâmica por trás do instituto e te incentivar a
implementá-lo imediatamente em sua prática advocatícia previdenciária, caso ainda não
tenha feito isso!

Antes de irmos ao conteúdo, estou disponibilizando esse Modelo de Mandado de


Segurança com Pedido Liminar para acelerar decisão do INSS. Caso tenha interesse,
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cópia gratuitamente.

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2) Prazo para o INSS se manifestar na via administrativa

Tecnicamente, o INSS tem o prazo de até 30 dias para emitir sua decisão na via
administrativa, de acordo com a Lei n. 9784/1999 (que disciplina o processo administrativo
no âmbito da Administração Pública Federal).
Vejamos:

Lei n. 9784/1999

Art. 48. A Administração tem o  dever de explicitamente emitir decisão nos processos


administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo


de  até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

Caso não consiga decidir em 30 dias, o INSS pode prorrogar este prazo por mais 30 dias.
Porém, de acordo com a parte final do art. 49, precisa haver motivação expressa sobre a
necessidade de prorrogação de prazo pelo INSS.

Ademais, o art. 50, § 1º, da referida lei, também determina que a motivação deve
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso,
serão parte integrante do ato. 

2.1) Prazo de 45 dias para o INSS

Sei que talvez você possa estar se questionando: “Mas não eram 45 dias de prazo?”. 

Não, 45 dias é o prazo que o INSS possui para implantar o benefício após o deferimento,
nos termos do art. 41-A, § 5º, da Lei 8.213/1991.

Olha só: 

Art. 41-A, § 5º, da Lei 8.213/1991: O primeiro pagamento do benefício será efetuado até
quarenta e cinco dias após a data da apresentação, pelo segurado, da documentação
necessária a sua concessão.

Ou seja, o INSS (e qualquer outro ente administrativo, na verdade) tem, no máximo, 60 dias
para decidir em processo administrativo. 

Parece brincadeira, né? Curioso notar como o que deveria ser a regra em nosso país, acaba
se tornando a mais absoluta exceção…

3) Jurisprudência – Demora do INSS e Mandado de


Segurança
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que as decisões administrativas devem ser
proferidas no prazo legal. 

Isso porque o princípio da razoável duração do processo se aplica sim no âmbito


administrativo. Trata-se de um direito líquido e certo e, portanto, enseja Mandado de
Segurança. 

Confira:

“A Turma, por votação unânime, deu parcial provimento ao recurso ordinário em mandado
de segurança, concedendo a ordem para que a autoridade impetrada decida motivadamente
o pleito do Recorrente (…) no prazo máximo de trinta dias a contar da comunicação dessa
decisão, nos termos do voto da Relatora (…).”

(STF, Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n. 28.172 / DF, Rel. Min. Carmen
Lúcia, Julgamento: 24/11/2015)

Lembrando que o pedido do MS deve ser apenas no sentido de determinar que o impetrado
apresente a decisão no prazo correto, e não para determinar que ele profira decisão em
conformidade com o que você deseja. 

Por exemplo: peça para que o INSS imediatamente decida se o segurado tem direito
à aposentadoria programada, mas não peça a implantação da aposentadoria.

4) 5 Dúvidas sobre Mandado de Segurança contra INSS

Como acredito que a melhor forma de fixar o conteúdo seja justamente trazendo os
principais questionamentos sobre o tema, selecionei as 5 dúvidas que os colegas mais me
enviam sobre a possibilidade de impetrar MS contra o INSS.

Caso você tenha qualquer outra dúvida, é só me falar nos comentários, ok? 😉

4.1) Qual o prazo para ajuizar Mandado de Segurança contra INSS?

A Lei n. 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança), em seu art. 23, prevê o prazo


decadencial de 120 dias para a impetração do MS, contado da ciência pelo interessado do
ato a ser impugnado.

A justificativa para um prazo mais extenso (se comparado aos demais recursos) seria de que
o MS, no plano constitucional (art. 5º, inciso LXIX, da CF), ampara a proteção de direitos e
garantias fundamentais, na medida em que protege o cidadão contra atos de ilegalidade e
abuso de poder.
4.2) Qual a autoridade coatora em MS contra o INSS?

O art. 6º, §3º da Lei n. 12.016/2009 dispõe que considera-se autoridade coatora aquela


que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

Porém, quando se trata de MS contra o INSS, muitas vezes não é tão simples definir quem
é a autoridade coatora. 

Nesse caso, a dica que dou é que o advogado primeiro identifique qual servidor ou agente
público detém poderes efetivos para a prática ou abstenção do ato impugnado, de
acordo com o conceito de “autoridade” trazido pelo art. 1º, §2º, inciso III, da Lei n.
9.784/1999 (que disciplina o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal).

Em outras palavras, identifique quem “manda” e não aquele que apenas está cumprindo
ordens de um superior hierárquico. Já adianto que, geralmente, a autoridade coatora é
o Gerente Executivo responsável pela Agência do INSS em que foi protocolado o
requerimento administrativo (porém, sugiro que analise as especificidades do seu caso
concreto).

Sempre que fico em dúvida, também gosto de pesquisar na jurisprudência, para entender
como os Tribunais vem se posicionando sobre a questão. Os mandados de segurança contra
o INSS são muito semelhantes, por isso é possível que você encontre a resposta que procura
lendo outros julgados.

Ao final, mesmo que você ainda se sinta inseguro para definir a autoridade, saiba que
o STJ já decidiu que, em caso de indicação errônea da autoridade coatora, ao invés de
simplesmente extinguir o processo sem resolução do mérito, o Juiz pode determinar
a emenda da inicial ou ordenar a notificação da autoridade adequada para prestar
informações (desde que seja possível identificá-la pela simples leitura da petição inicial e
dos documentos anexos).

Caso tenha interesse, recomendo a leitura do Informativo n. 551, do STJ (RMS 45.495-SP,


Rel. Min. Raul Araújo, Julgamento: 26/08/2014).

4.3) Qual a competência em MS contra o INSS?

Devido à função da pessoa contra a qual se impetra o MS (a autoridade coatora é


um servidor público de autarquia federal), a competência para o julgamento da
mencionada demanda será exclusivamente da Vara Comum da Justiça Federal (e não do
Juizado Especial Federal).

Trata-se de competência absoluta em razão da pessoa (ratione personae), nos termos do


art. 109, inciso VIII, da Constituição Federal.
Ademais, mesmo que o ato impugnado seja referente a um pedido de benefício acidentário,
saiba que a competência da Justiça Federal não se altera, visto que é definida justamente
em razão do “status” de servidor público federal da autoridade coatora. 

Quanto à competência territorial, embora a posição tradicionalmente firmada indique


como critério o domicílio funcional da autoridade impetrada, a jurisprudência das
Cortes Superiores, em se tratando de autoridade federal, tem admitido a propositura do MS
na Subseção Judiciária do domicílio do impetrante, com base no disposto no art. 109, §2º,
da CF (amplo acesso à justiça). 

No atual contexto do processo eletrônico, o fluxo de comunicação entre o Juízo e a


autoridade coatora identifica-se como célere e objetivo, dispensando o favor da
proximidade do órgão do Poder Judiciário processante da ação mandamental em relação à
autoridade impetrada.

Confira alguns julgados nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TEMA 374 DA


REPERCUSSÃO GERAL. COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 109, §
2°, DA CONSTITUIÇÃO. SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DOMICÍLIO DO AUTOR. AGRAVO
A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Tema 374
da Repercussão Geral (RE 627.709/DF, de minha relatoria), privilegiou o acesso à
justiça na interpretação do art. 109, § 2°, da Constituição, ao aplicar a faculdade nele
prevista também às autarquias federais. II – A faculdade prevista no art. 109, § 2°, da
Constituição deve ser aplicada inclusive em casos de impetração de mandado de segurança,
possibilitando-se o ajuizamento na Seção Judiciária do domicílio do autor, a fim de tornar
amplo o acesso à justiça. III – Agravo regimental a que se nega provimento.
(STF, AgR no RE n. 736971 / RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2ª Turma, Julgamento:
04/05/2020, Publicação: 13/05/2020)

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE


SEGURANÇA CONTRA ATO DE AUTORIDADE FEDERAL. ART. 109, § 2º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. OPÇÕES DO TEXTO CONSTITUCIONAL. DOMICÍLIO
DO IMPETRANTE. AINDA QUE A SEDE FUNCIONAL DA AUTORIDADE COATORA
SEJA NO DISTRITO FEDERAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL DA 2ª VARA
DE URUGUAIANA – SJ/RS.
I – O Município de Itaqui impetrou mandado de segurança, com pedido de liminar, contra
ato da Diretora de Gestão, Articulação e Projetos Educacionais do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE, no Juízo da 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de
Uruguaiana – RS, que declinou da competência para a Seção Judiciária de Brasília, sob o
fundamento de que, por ser mandado de segurança, o foro competente seria o da sede da
autoridade apontada como coatora.
II – A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal está pacificada no sentido de que as
causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda,
ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal (STF, RE 627.709/DF, Rel.
Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe de 30/10/2014).
III – Optando o autor por impetrar o mandamus no seu domicílio e não naqueles outros
previstos no § 2° do art. 109 da Constituição Federal, não compete ao magistrado limitar a
aplicação do próprio texto constitucional, por ser legítima a opção da parte autora, ainda
que a sede funcional da autoridade coatora seja no Distrito Federal, impondo-se reconhecer
a competência do juízo suscitado. Nesse sentido: STJ, CC 50.794/DF, Rel. Ministro José
Delgado, Primeira Seção, DJU de 17/10/2005; No mesmo sentido, monocraticamente: STJ,
CC 150.807/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 12/5/2017; CC 149.413/DF, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, DJe de 4/5/2017; CC 151.882/DF, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, DJe de 2/5/2017; CC 147.267/DF, Rel. Ministra Assusete Magalhães,
DJe 3/5/2017; CC 150.602/DF, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de
25/4/2017; CC 150.875/DF, Rel. Ministro Francisco Falcão, DJe de 6/4/2017; CC
148.885/DF, Rel. Ministra Regina Helena Costa, DJe de 31/3/2017; CC 151.504/DF, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, DJe de 29/3/2017; CC 150.128/DF, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, DJe de 23/3/2017; CC 150.693/DF, Rel. Ministra Assusete Magalhães, DJe de
14/3/2017).
IV – Agravo interno improvido.
(STJ, AgInt no CC 148.082/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, 1ª Seção, Julgamento:
13/12/2017, Publicação: 19/12/2017)

4.4) Onde protocolar mandado de segurança contra INSS?

Alguns colegas acabam se confundindo e acreditando que o protocolo deveria ser feito no
INSS. Já alerto vocês de que esta crença é equivocada e errônea! 

Em razão da competência da Justiça Federal, o MS deverá ser protocolado na Vara


Comum da Justiça Federal.

Além disso, como expliquei no tópico anterior, via de regra, o Mandado de Segurança


deverá ser impetrado no domicílio funcional da autoridade impetrada. Porém, os
Tribunais Superiores já prolataram decisões no sentido de ser possível a propositura também
no domicílio do impetrante. 

4.5) É possível Mandado de Segurança contra Junta de Recursos do INSS em


Recurso Administrativo?

Sim, é possível a impetração de Mandado de Segurança contra ato da Junta de Recursos do


CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social).

Portanto, se o INSS está demorando muito para decidir sobre seu recurso administrativo,
saiba que existe essa possibilidade de impetração de MS!

5) Inicial – Mandado de Segurança – Demora na Análise


de Pedido Administrativo

Está diante de um caso de demora na análise de pedido administrativo pelo INSS e não sabe
como proceder?
Como visto, trata-se de direito líquido e certo que as decisões administrativas sejam
proferidas no prazo legal e, portanto, a demora enseja mandado de segurança.

Portanto, impetre um MS contra o INSS para obter a decisão no prazo e impressione seus


clientes! 😉

5.1) Modelo de mandado de segurança com pedido de liminar contra INSS

Para facilitar a vida de nossos leitores, formulei um Modelo de Mandado de Segurança


com Pedido Liminar para vocês utilizarem para combater a morosidade excessiva e ilegal
do INSS!

Caso tenha interesse, basta informar o seu melhor email no formulário acima, no início do
artigo, para receber sua cópia gratuitamente.

6) Mandado de Segurança para Agendar Perícia Médica

Quando a perícia médica estiver demorando muito para ser realizada, você também pode
(e deve) impetrar Mandado de Segurança para “acelerar” o processo, com fundamento nos
mesmos artigos que mencionei anteriormente (art. 48, art. 49 e art. 50, §1º, da Lei n.
9.784/1999).

É uma alternativa muito eficaz e que eu explico resumidamente nesse vídeo:

[Obs.: Caso você prefira ler, disponibilizarei a transcrição deste vídeo ao final do artigo!]

7) Conclusão

A questão da morosidade, não só do INSS, mas dos órgãos públicos em geral, acaba
por prejudicar extremamente nossos clientes e, consequentemente, nós advogados (na
medida em que, principalmente na área previdenciária, é comum o recebimento dos
honorários após a implementação do benefício).

Portanto, se o colega estiver diante de um direito líquido e certo de seu cliente, que foi
violado por um ato abusivo ou de ilegalidade do INSS, saiba que impetrar um Mandado
de Segurança contra a autarquia previdenciária é uma opção!

Espero que o artigo de hoje tenha ajudado vocês, pelo menos em partes, a entender melhor
como funciona o Mandado de Segurança e em quais hipóteses ele pode ser utilizado.

Aliás, me conta nos comentários se vocês já costumam se utilizar desse “remédio


constitucional” e como têm sido a experiência sobre isso na prática. 
Gosto muito de conhecer os desafios da rotina advocatícia de nossos leitores e direcionar
meus artigos a ajudar cada vez mais vocês! 😉

8) Transcrição do vídeo

Sei que nem todos os nossos leitores conseguem assistir os vídeos, por isso estou
disponibilizando para vocês a transcrição de tudo o que falei no vídeo que trouxe no tópico
6.

Confira:

“Olá, heróis previdenciaristas! 

Eu sou Alessandra Strazzi e bem vindos a mais um vídeo de dica previdenciária. 

Essa semana me aconteceu uma coisa muito triste. Não foi comigo, foi com uma colega
minha advogada que eu conversando com ela, ela falou para mim que ela tava a ponto de
rasgar o diploma dela e de parar de advogar porque ela não aguenta mais ver tanta injustiça. 

Aconteceu com uma cliente dela o seguinte: ela fez o agendamento para um auxílio-doença,
tá? E ela fez uma cirurgia, então ela ia, em um período acho que de 3 meses já estar
recuperada. Porém, durante esses 3 meses ela não conseguiu trabalhar, porque ela era
autônoma. Então logo que ela agendou a cirurgia, a minha colega fez o agendamento da
perícia. Só que o INSS tava de greve. Demorou mais de 6 meses pra fazer a perícia. E óbvio,
a hora que ela foi fazer a perícia ela já tava apta. Por quê? Ela passou 3 meses ruim, mas a
cirurgia justamente era pra isso, pra ela ficar melhor. Então ela já estava bem. Mas isso não
significa que ela não passou 3 meses sem poder trabalhar, sem poder ganhar dinheiro, né?
Enfim, aí ela agendou essa perícia, o que que aconteceu? O benefício foi negado, né? Aí ela
fez o recurso administrativo, foi negado. 

E aí ela fica assim, tava revoltada. Então vou te dar uma dica pra você evitar que isso
aconteça com você. 

Quando a perícia tiver demorando muito, principalmente nesses casos em que você sabe que
a pessoa vai ficar boa, você vai entrar com mandado de segurança. 

E com qual fundamento? Eu vou ler aqui para vocês, porque eu não decorei o artigo, porque
ninguém é obrigado. Mas enfim… Lei 9784/99 que regula o processo administrativo no
âmbito da administração federal. Artigo 48: “A Administração tem o dever de
explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou
reclamações, em matéria de sua competência”. Artigo 49: “Concluída a instrução de
processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
prorrogação por igual período expressamente motivada.” Agora o artigo 50, parágrafo 1º
fala da motivação: “A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir
em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.”

Ou seja, o INSS tem 30 dias para decidir, salvo prorrogação por mais 30 dias expressamente
motivada nesses termos aqui que eu acabei de ler. Não é 45 dias, 45 dias é aquele prazo que
ele tem para implantar o benefício. Então ele tem 30 dias, tá? E o STF concorda com esse
posicionamento da lei. A gente teve uma decisão no Mandado de Segurança, em recurso
ordinário de mandado de segurança RMS 28172 que o STF disse que as decisões devem ser
proferidas no prazo de 30 dias porque o princípio da razoável duração do processo se aplica
sim no âmbito administrativo. 

Então, infelizmente você vai ter que ter esse trabalho a mais de fazer um mandado de
segurança. E aí a gente já entra num outro, numa outra dificuldade, porque nesse caso, por
exemplo da cliente que tinha 3 meses de direito de benefício. O valor de honorários, nesse
caso normalmente a gente cobra no êxito, 30%, não cobre nem os gastos que você tem de
escritório pra você poder fazer esse mandado de segurança e depois, provavelmente, um
processo, né? A gente tem aí um dilema terrível porque assim… As pessoas às vezes elas
vão querer cobrar pouco porque fica com um sentimento de querer ajudar aquele cliente e
vai acabar acontecendo de ela levar prejuízo. E aí o que que acontece? Muitos advogados
acabam pegando um monte de cliente, um monte de caso e não dá conta. Aí faz as coisas
mal feitas, não responde cliente, fica aquela coisa terrível. 

Então eu acho assim… A gente tem um dilema ético aí muito grande mas nos casos em que
isso acontecer, que você for ver que você vai ganhar um honorário muito pequeno, é melhor
que você faça pro bono, eu acho. Porque você evita de cobrar um honorário muito baixo e
aviltar nossos honorários, aviltar a classe, ficar aquela coisa eticamente ruim. Então, quando
você puder fazer uma caridade e fazer uma advocacia pro bono, escolha esses casos, esses
casos que você vai ter um honorário pequeno. Então, é melhor já não ganhar nada e você faz
um bem para esse seu cliente que depois você pode ganhar de outras formas, esse cliente
volta em um outro momento, uma aposentadoria, alguma coisa assim, tá? Então, espero que
eu tenha ajudado vocês com essa dica. Tchau, tchau!”

9) Fontes

BACHUR, Tiago Faggioni. Aposentadoria por Mandado de Segurança. Jusbrasil, 2010.


Disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2233967/aposentadoria-por-mandado-
de-seguranca-tiago-faggioni-bachur>. Acesso em: 02/09/2020.

BRASIL. [Constituição (1998)]. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de


outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 de outubro de 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 02/09/2020.

____________. Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 1º de fevereiro de 1999. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm>. Acesso em: 02/09/2020.
____________. Superior Tribunal de Justiça. Informativo n. 551, de 3 de dezembro de
2014. Disponível em: < https://scon.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?
b=INFJ&tipo=informativo&livre=@COD=%270551%27>. Acesso em: 02/09/2020.

MATIAS, Catiana. Perícia Médica na Quarentena: 5 Dicas da Perita. Desmistificando o


Direito, 2020. Disponível em: <https://www.desmistificando.com.br/pericia-medica-na-
quarentena/>. Acesso em: 02/09/2020.

RODRIGUES, Fernanda. Afinal, quem é a autoridade coatora nos Mandados de


Segurança contra o INSS?. Previdenciarista, 2019. Disponível em:
<https://previdenciarista.com/blog/afinal-quem-e-a-autoridade-coatora-nos-mandados-de-
seguranca-contra-o-inss/>. Acesso em: 02/09/2020.

RODRIGUES, Fernanda. Quais os Recursos cabíveis no Processo Administrativo


Previdenciário?. Previdenciarista, 2019. Disponível em:
<https://previdenciarista.com/blog/quais-os-recursos-cabiveis-no-processo-administrativo-
previdenciario/>. Acesso em: 02/09/2020.

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