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1. 1) Introdução
2. 2) Prazo para o INSS se manifestar na via administrativa
1. 2.1) Prazo de 45 dias para o INSS
3. 3) Jurisprudência – Demora do INSS e Mandado de Segurança
4. 4) 5 Dúvidas sobre Mandado de Segurança contra INSS
1. 4.1) Qual o prazo para ajuizar Mandado de Segurança contra INSS?
2. 4.2) Qual a autoridade coatora em MS contra o INSS?
3. 4.3) Qual a competência em MS contra o INSS?
4. 4.4) Onde protocolar mandado de segurança contra INSS?
5. 4.5) É possível Mandado de Segurança contra Junta de Recursos do INSS em
Recurso Administrativo?
5. 5) Inicial – Mandado de Segurança – Demora na Análise de Pedido Administrativo
1. 5.1) Modelo de mandado de segurança com pedido de liminar contra INSS
6. 6) Mandado de Segurança para Agendar Perícia Médica
7. 7) Conclusão
8. 8) Transcrição do vídeo
9. 9) Fontes
1) Introdução
Há uma máxima popular que diz que nós brasileiros adoramos uma fila. Contudo,
o INSS deu nova dimensão à essa máxima, não é mesmo?
Toda essa demora, especialmente na perícia médica dos benefícios por incapacidade, tem
causado muitos prejuízos aos segurados.
Tecnicamente, o INSS tem o prazo de até 30 dias para emitir sua decisão na via
administrativa, de acordo com a Lei n. 9784/1999 (que disciplina o processo administrativo
no âmbito da Administração Pública Federal).
Vejamos:
Lei n. 9784/1999
Caso não consiga decidir em 30 dias, o INSS pode prorrogar este prazo por mais 30 dias.
Porém, de acordo com a parte final do art. 49, precisa haver motivação expressa sobre a
necessidade de prorrogação de prazo pelo INSS.
Ademais, o art. 50, § 1º, da referida lei, também determina que a motivação deve
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso,
serão parte integrante do ato.
Sei que talvez você possa estar se questionando: “Mas não eram 45 dias de prazo?”.
Não, 45 dias é o prazo que o INSS possui para implantar o benefício após o deferimento,
nos termos do art. 41-A, § 5º, da Lei 8.213/1991.
Olha só:
Art. 41-A, § 5º, da Lei 8.213/1991: O primeiro pagamento do benefício será efetuado até
quarenta e cinco dias após a data da apresentação, pelo segurado, da documentação
necessária a sua concessão.
Ou seja, o INSS (e qualquer outro ente administrativo, na verdade) tem, no máximo, 60 dias
para decidir em processo administrativo.
Parece brincadeira, né? Curioso notar como o que deveria ser a regra em nosso país, acaba
se tornando a mais absoluta exceção…
Confira:
“A Turma, por votação unânime, deu parcial provimento ao recurso ordinário em mandado
de segurança, concedendo a ordem para que a autoridade impetrada decida motivadamente
o pleito do Recorrente (…) no prazo máximo de trinta dias a contar da comunicação dessa
decisão, nos termos do voto da Relatora (…).”
(STF, Recurso Ordinário em Mandado de Segurança n. 28.172 / DF, Rel. Min. Carmen
Lúcia, Julgamento: 24/11/2015)
Lembrando que o pedido do MS deve ser apenas no sentido de determinar que o impetrado
apresente a decisão no prazo correto, e não para determinar que ele profira decisão em
conformidade com o que você deseja.
Por exemplo: peça para que o INSS imediatamente decida se o segurado tem direito
à aposentadoria programada, mas não peça a implantação da aposentadoria.
Como acredito que a melhor forma de fixar o conteúdo seja justamente trazendo os
principais questionamentos sobre o tema, selecionei as 5 dúvidas que os colegas mais me
enviam sobre a possibilidade de impetrar MS contra o INSS.
Caso você tenha qualquer outra dúvida, é só me falar nos comentários, ok? 😉
A justificativa para um prazo mais extenso (se comparado aos demais recursos) seria de que
o MS, no plano constitucional (art. 5º, inciso LXIX, da CF), ampara a proteção de direitos e
garantias fundamentais, na medida em que protege o cidadão contra atos de ilegalidade e
abuso de poder.
4.2) Qual a autoridade coatora em MS contra o INSS?
Porém, quando se trata de MS contra o INSS, muitas vezes não é tão simples definir quem
é a autoridade coatora.
Nesse caso, a dica que dou é que o advogado primeiro identifique qual servidor ou agente
público detém poderes efetivos para a prática ou abstenção do ato impugnado, de
acordo com o conceito de “autoridade” trazido pelo art. 1º, §2º, inciso III, da Lei n.
9.784/1999 (que disciplina o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal).
Em outras palavras, identifique quem “manda” e não aquele que apenas está cumprindo
ordens de um superior hierárquico. Já adianto que, geralmente, a autoridade coatora é
o Gerente Executivo responsável pela Agência do INSS em que foi protocolado o
requerimento administrativo (porém, sugiro que analise as especificidades do seu caso
concreto).
Sempre que fico em dúvida, também gosto de pesquisar na jurisprudência, para entender
como os Tribunais vem se posicionando sobre a questão. Os mandados de segurança contra
o INSS são muito semelhantes, por isso é possível que você encontre a resposta que procura
lendo outros julgados.
Ao final, mesmo que você ainda se sinta inseguro para definir a autoridade, saiba que
o STJ já decidiu que, em caso de indicação errônea da autoridade coatora, ao invés de
simplesmente extinguir o processo sem resolução do mérito, o Juiz pode determinar
a emenda da inicial ou ordenar a notificação da autoridade adequada para prestar
informações (desde que seja possível identificá-la pela simples leitura da petição inicial e
dos documentos anexos).
Alguns colegas acabam se confundindo e acreditando que o protocolo deveria ser feito no
INSS. Já alerto vocês de que esta crença é equivocada e errônea!
Portanto, se o INSS está demorando muito para decidir sobre seu recurso administrativo,
saiba que existe essa possibilidade de impetração de MS!
Está diante de um caso de demora na análise de pedido administrativo pelo INSS e não sabe
como proceder?
Como visto, trata-se de direito líquido e certo que as decisões administrativas sejam
proferidas no prazo legal e, portanto, a demora enseja mandado de segurança.
Caso tenha interesse, basta informar o seu melhor email no formulário acima, no início do
artigo, para receber sua cópia gratuitamente.
Quando a perícia médica estiver demorando muito para ser realizada, você também pode
(e deve) impetrar Mandado de Segurança para “acelerar” o processo, com fundamento nos
mesmos artigos que mencionei anteriormente (art. 48, art. 49 e art. 50, §1º, da Lei n.
9.784/1999).
[Obs.: Caso você prefira ler, disponibilizarei a transcrição deste vídeo ao final do artigo!]
7) Conclusão
A questão da morosidade, não só do INSS, mas dos órgãos públicos em geral, acaba
por prejudicar extremamente nossos clientes e, consequentemente, nós advogados (na
medida em que, principalmente na área previdenciária, é comum o recebimento dos
honorários após a implementação do benefício).
Portanto, se o colega estiver diante de um direito líquido e certo de seu cliente, que foi
violado por um ato abusivo ou de ilegalidade do INSS, saiba que impetrar um Mandado
de Segurança contra a autarquia previdenciária é uma opção!
Espero que o artigo de hoje tenha ajudado vocês, pelo menos em partes, a entender melhor
como funciona o Mandado de Segurança e em quais hipóteses ele pode ser utilizado.
8) Transcrição do vídeo
Sei que nem todos os nossos leitores conseguem assistir os vídeos, por isso estou
disponibilizando para vocês a transcrição de tudo o que falei no vídeo que trouxe no tópico
6.
Confira:
Essa semana me aconteceu uma coisa muito triste. Não foi comigo, foi com uma colega
minha advogada que eu conversando com ela, ela falou para mim que ela tava a ponto de
rasgar o diploma dela e de parar de advogar porque ela não aguenta mais ver tanta injustiça.
Aconteceu com uma cliente dela o seguinte: ela fez o agendamento para um auxílio-doença,
tá? E ela fez uma cirurgia, então ela ia, em um período acho que de 3 meses já estar
recuperada. Porém, durante esses 3 meses ela não conseguiu trabalhar, porque ela era
autônoma. Então logo que ela agendou a cirurgia, a minha colega fez o agendamento da
perícia. Só que o INSS tava de greve. Demorou mais de 6 meses pra fazer a perícia. E óbvio,
a hora que ela foi fazer a perícia ela já tava apta. Por quê? Ela passou 3 meses ruim, mas a
cirurgia justamente era pra isso, pra ela ficar melhor. Então ela já estava bem. Mas isso não
significa que ela não passou 3 meses sem poder trabalhar, sem poder ganhar dinheiro, né?
Enfim, aí ela agendou essa perícia, o que que aconteceu? O benefício foi negado, né? Aí ela
fez o recurso administrativo, foi negado.
E aí ela fica assim, tava revoltada. Então vou te dar uma dica pra você evitar que isso
aconteça com você.
Quando a perícia tiver demorando muito, principalmente nesses casos em que você sabe que
a pessoa vai ficar boa, você vai entrar com mandado de segurança.
E com qual fundamento? Eu vou ler aqui para vocês, porque eu não decorei o artigo, porque
ninguém é obrigado. Mas enfim… Lei 9784/99 que regula o processo administrativo no
âmbito da administração federal. Artigo 48: “A Administração tem o dever de
explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou
reclamações, em matéria de sua competência”. Artigo 49: “Concluída a instrução de
processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
prorrogação por igual período expressamente motivada.” Agora o artigo 50, parágrafo 1º
fala da motivação: “A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir
em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.”
Ou seja, o INSS tem 30 dias para decidir, salvo prorrogação por mais 30 dias expressamente
motivada nesses termos aqui que eu acabei de ler. Não é 45 dias, 45 dias é aquele prazo que
ele tem para implantar o benefício. Então ele tem 30 dias, tá? E o STF concorda com esse
posicionamento da lei. A gente teve uma decisão no Mandado de Segurança, em recurso
ordinário de mandado de segurança RMS 28172 que o STF disse que as decisões devem ser
proferidas no prazo de 30 dias porque o princípio da razoável duração do processo se aplica
sim no âmbito administrativo.
Então, infelizmente você vai ter que ter esse trabalho a mais de fazer um mandado de
segurança. E aí a gente já entra num outro, numa outra dificuldade, porque nesse caso, por
exemplo da cliente que tinha 3 meses de direito de benefício. O valor de honorários, nesse
caso normalmente a gente cobra no êxito, 30%, não cobre nem os gastos que você tem de
escritório pra você poder fazer esse mandado de segurança e depois, provavelmente, um
processo, né? A gente tem aí um dilema terrível porque assim… As pessoas às vezes elas
vão querer cobrar pouco porque fica com um sentimento de querer ajudar aquele cliente e
vai acabar acontecendo de ela levar prejuízo. E aí o que que acontece? Muitos advogados
acabam pegando um monte de cliente, um monte de caso e não dá conta. Aí faz as coisas
mal feitas, não responde cliente, fica aquela coisa terrível.
Então eu acho assim… A gente tem um dilema ético aí muito grande mas nos casos em que
isso acontecer, que você for ver que você vai ganhar um honorário muito pequeno, é melhor
que você faça pro bono, eu acho. Porque você evita de cobrar um honorário muito baixo e
aviltar nossos honorários, aviltar a classe, ficar aquela coisa eticamente ruim. Então, quando
você puder fazer uma caridade e fazer uma advocacia pro bono, escolha esses casos, esses
casos que você vai ter um honorário pequeno. Então, é melhor já não ganhar nada e você faz
um bem para esse seu cliente que depois você pode ganhar de outras formas, esse cliente
volta em um outro momento, uma aposentadoria, alguma coisa assim, tá? Então, espero que
eu tenha ajudado vocês com essa dica. Tchau, tchau!”
9) Fontes