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Faculdade UNOPAR

Direito
Ingrid Michelly Malheiros Carvalho

RESUMO

Guanambi-BA
2022
Ingrid Michelly Malheiros Carvalho

RESUMO

Guanambi-BA
2022
1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como finalidade fazer um breve relato à respeito da Estrutura da
Constituição, Princípios Fundamentais, Evolução das Gerações de Direitos e os Remédios
Constitucionais; sendo orientado pela Docente Ana Luiza Bezerra Chagas, com intuito de
obtenção de nota da disciplina Teoria Geral de Direito Constitucional, do 1º semestre do
Curso de Direito, da Faculdade UNOPAR de Guanambi-BA.
2. DESENVOLVIMENTO

2.1. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO


A Estrutura da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, é dividida
em três parte, sendo elas:
 Preâmbulo (abre a constituição);
 Texto (parte dogmática art. 1º a 250º);
 ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ou seja trata
apenas de normas de transição).

2.1.1. O Preâmbulo

O Preâmbulo é um texto introdutório, nele se estrutura o prefácio do texto


constitucional, objetivando a explicação dos valores que guiam o texto
constitucional, servindo de orientação interpretativa para a aplicação das
disposições contidas na Carta Maior e no ordenamento jurídico brasileiro.

A Constituição Federal brasileira de 1988, é o instrumento normativo norteador do


ordenamento jurídico brasileiro, traz em sua estrutura o corpo fundacional da
sociedade, tendo em vista que é a partir de seus ditames que é emanada e
legitimada a estrutura do Estado Democrático de Direito brasileiro.

Existem três vertentes de grande relevância doutrinária que guiam a Natureza


Jurídica do Preâmbulo Constitucional, sendo elas a da Plena Eficácia, a da
Relevância Jurídica Indireta e a da Irrelevância Jurídica.

 Teoria da Plena Eficácia

Como já aduz sua nomeação, a Teoria da Plena Eficácia, admite que o texto
vestibular da Constituição Federal possui eficácia jurídica equivalente ao restante do
texto constitucional; esta teoria é muito pouco adotada por doutrinadores, e alguns
deles nem a reconhecem, levando em consideração que o procedimento constituinte
não dita que o preâmbulo constitucional deva ser obrigatório na redação do texto
constitucional.

 Teoria da Relevância Jurídica Indireta

A Teoria da Relevância Jurídica Indireta, por sua vez, elenca que o preâmbulo
constitucional desempenha função de orientar a identificação das características que
regem o texto constitucional, sem possuir, por si próprio, caráter normativo. Neste
caso, o preâmbulo desempenha um papel orientador na identificação das
características da Constituição, mas não se confunde com suas normas, não
equivale a elas.
 Teoria da Irrelevância Jurídica

A tese da Irrelevância Jurídica do preâmbulo constitucional é a mais aceita entre os


doutrinadores do direito brasileiro, ela afirma que o preâmbulo não está situado no
campo jurídico, sendo ele exclusiva manifestação das posições políticas adotadas
pelo constituinte, é a tese acatada pelo Supremo Tribunal Federal nos autos de uma
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, acerca da qual trataremos na
sequência.

ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) ACERCA DA NATUREZA


JURÍDICA CONSTITUCIONAL

A corte constitucional brasileira conclui que o preâmbulo constitucional não se situa no


âmbito jurídico, mas única e exclusivamente no âmbito político, tendo como finalidade
evidenciar a ideologia constituinte. No julgamento da ADI 2076, a excelsa corte entendeu
que a supressão da expressão “sob a proteção de Deus” na Constituição estadual acreana
não materializa inconstitucionalidade, justificando que o preâmbulo constitucional não possui
força normativa, conforme o voto do ministro relator:

“O preâmbulo (...) não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política, refletindo
posição ideológica do constituinte. É claro que uma Constituição que consagra princípios
democráticos, liberais, não poderia conter preâmbulo que proclamasse princípios
diversos. Não contém o preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não constitui
norma central da Constituição, de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-
membro. O que acontece é que o preâmbulo contém, de regra, proclamação ou exortação
no sentido dos princípios inscritos na Carta: princípio do Estado Democrático de Direito,
princípio republicano, princípio dos direitos e garantias, etc. Esses princípios, sim, inscritos
na Constituição, constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou que não pode a
Constituição do Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos, ou não,
na Constituição estadual, incidirão na ordem local.”
(ADI 2.076, voto do Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 15-8-2002, Plenário, DJ de
8-8-2003.)

Desta forma, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o


preâmbulo da Constituição Federal não tem eficácia normativa no texto
constitucional e no ordenamento jurídico, assim, afirma ainda que não há
obrigatoriedade na “evocação” da proteção de Deus nos textos Constituições
Estaduais, o preâmbulo se encontra na esfera política e não na jurídica.

2.1.2. ADCT
ADCT, Os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, são normas
constitucionais que asseguram uma transição pacífica entre um ordenamento
constitucional antigo para o novo texto constitucional, presente na maioria das
constituições, o conhecimento do ADCT é indispensável para se ter o conhecimento
mais básico do ordenamento constitucional.

Previsto desde a primeira Constituição Republicana, com exceção da Constituição


Imperial de 1824, ele está presente em todas as Constituições brasileiras, possui
uma numeração própria que o separa do corpo da Constituição Federal de 1988,
mesmo que ele integre a sua estrutura. 
Além disso, sendo possuidor de regulamentação passageira, ele tem como objetivo
evitar rupturas bruscas, porém, essa regulamentação passageira tem a mesma
hierarquia que as normas constitucionais do corpo permanente, com isso, elas são
extintas quando a sua finalidade é cumprida.

A seguir alguns exemplos de ADCTs.

Art. 3° do ADCT: ele traz os limites da revisão constitucional, assim:

Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação
da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral.”

Entretanto, é compreendido que a revisão prevista neste artigo é norma de eficácia


exaurida, ou seja, já surtiu seus plenos efeitos, e por isso não possui mais eficácia. 

Art. 19° do ADCT: esse é outro artigo interessante de analisar, então veja:

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na
data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não
tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados
estáveis no serviço público.”
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Aqui deve-se destacar que não foi criada uma nova categoria de servidor público
com a instauração desse ADCT, mas sim, foi realizada uma estabilização da carreira
dos servidores públicos da época em que a Carta Magna foi promulgada, com isso,
unificou o regime deles com a nova ordem constitucional. 

Art. 15° do ADCT: agora, contrariando a ideia de que o ADCT traz normas apenas
de caráter de pouca duração, temos o Art. 15° como exemplo. 

Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área
reincorporada ao Estado de Pernambuco.”

Este artigo em questão, encerra a discussão sobre a propriedade de Fernando de


Noronha, desse modo, passando o ex-território para o domínio do Estado de
Pernambuco. 

As normas do ADCT ainda, possuem natureza constitucional, não havendo


hierarquia entre elas e as normas do corpo permanente, portanto, suas alterações
ou acréscimos dependem de manifestação do poder constituinte derivado
reformador, ou seja, o ADCT pode sofrer modificações através das Emendas
Constitucionais, que devem respeitar os limites do poder de reforma. 

Além disso, o STF reconheceu a possibilidade de reforma das normas do ADCT no


caso de Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 829, nessa ADI, a Corte declarou a
EC 2/92 constitucional, antecipando a data do plebiscito constante no art. 2º do
ADC.
2.2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

(Artigos 1º, 2º, 3º, 4º da Constituição Federal de 1988)

Os princípios fundamentais são os valores nucleares do sistema constitucional,


possuem as funções de estruturar o ordenamento jurídico, conferir coerência e
lógica ao sistema, nortear a interpretação normativa e subsidiar as lacunas jurídicas.

O Título I da Constituição, intitulado “Dos princípios fundamentais” é dividido em


quatro tópicos, onde o art. 1º cuida dos fundamentos da República Federativa do
Brasil, também conhecidos como princípios fundamentais propriamente ditos; o art.
2º trata da divisão horizontal de Poderes, separando as funções do Estado em
legislativa, executiva e judiciária; por sua vez, o art. 3º elenca os objetivos da
República, estabelecendo os fins do Estado; finalmente, o art. 4º se preocupa em
enunciar os princípios das relações internacionais envolvendo o Brasil e os demais
países soberanos.

O Título I da Constituição carregue uma série de outros elementos fundamentais,


esta coluna vai tratar dos princípios fundamentais dispostos do art. 1º, da
Constituição Federal.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I- A soberania;

II- À cidadania;

III- A dignidade da pessoa humana;

IV- Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V- O pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”

Engana-se quem enxerga os princípios fundamentais apenas nos incisos pontuados,


na verdade, é no caput e no parágrafo único que encontramos os mais preciosos
princípios da Constituição, no caput do art. 1º do texto constitucional, tem-se a
declaração de dois valores importantíssimos. 

Primeiro, a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático, isso significa


que o poder político é legitimado pelas escolhas tomadas pelo povo e não há
autoridade que esteja acima dele. 

Dizer que um Estado é democrático compreende a elevação da igualdade entre os


cidadãos e o repúdio aos status sociais, em uma democracia, todos os cidadãos têm
igual valor para influenciar seus governantes, mas não é só, a República Federativa
do Brasil também é um Estado de Direito, no Brasil há a primazia da lei, ninguém
está acima da ordem jurídica, tampouco abaixo dela, perante a lei, todos são iguais. 
O chamado rule of law (império da Lei) se opõe ao antigo rule of men (império dos
homens), no qual a posição social ocupada pelo sujeito (nobre ou plebeu)
determinava quais eram seus privilégios, nesse sentido, o Estado de Direito surge
justamente para frear os arbítrios, juntamente com a sociedade.
Inscrito no parágrafo primeiro do art. 1º da CF, o princípio da soberania popular,
trata-se da explicitação de como o Estado Democrático deve ser efetivado, assim, o
exercício do poder do povo se dá através dos representantes eleitos (em voto
universal, secreto e periódico) mas também diretamente. Nesse desenho, diz-se que
no Brasil há uma democracia semidireta, algumas funções são exercidas pelos
representantes eleitos, mas a própria constituição trouxe uma série de instituições
participativas por meio das quais o cidadão toma as decisões políticas por si próprio.

A título de exemplo, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular são ferramentas


positivadas na Constituição Federal para intervenção direta no processo legislativo,
o plebiscito significa a oportunidade de manifestação do povo antes da deliberação
pelo Congresso Nacional, que nesse caso, algumas opções são colocadas diante do
cidadão para que apresente sua preferência (manutenção do status quo, alteração
da lei X pela lei Y ou mesmo a criação de um novo Estado-membro da federação). 

Por sua vez, o referendo é a consulta ex post do Poder Legislativo ao cidadão, para
que aceite ou rejeite a proposta já formulada. 
Princípio fundamental da soberania nacional corresponde ao poder de
autodeterminação dos povos, típico das nações independentes, havendo dois vieses
para a compreensão da soberania. 

Do ponto de vista interno, significa que o Estado Brasileiro é superior a qualquer


outra organização existente ou que venha existir, do ponto de vista externo, é dizer
que o Brasil está em situação de igualdade formal perante os demais Estados
internacionais, com os quais pode estabelecer relações sem vínculo de sujeição. 

O princípio da cidadania cuida-se do reconhecimento do indivíduo como pessoa


integrada à sociedade estatal e, portanto, possuidora de direitos políticos ativos e
passivos (influenciar e ser influenciado nas decisões políticas). 
O cidadão não deve ser confundido com o nacional, a nacionalidade indica o vínculo
ao território estatal, seja por nascimento ou naturalização, a cidadania é o status
ligado ao regime jurídico, o possuidor ou possuidora de direitos políticos. 
O princípio da dignidade da pessoa humana traduz a compreensão do ser humano
como alguém irrepetível e único, razão pela qual não pode ser tomado como meio
para o atingimento dos objetivos do Estado, mas como um fim em si mesmo.
Do ponto de vista jurídico, o conteúdo da dignidade da pessoa se relaciona com
os direitos fundamentais, nesse sentido, somente terá a dignidade preservada
aquele sujeito que seja titular dos direitos relativos à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, sem qualquer discriminação. 
Assim, a dignidade está na base de todos os direitos constitucionais, sejam
individuais ou coletivos, de participação política ou dos trabalhadores, por fim, é
importante notar que a dignidade da pessoa humana se aplica a todos os brasileiros,
mas também aos estrangeiros no País. 
O princípio da valorização do trabalho humano, aparece como princípio
constitucional não apenas no art. 1º, mas também no caput do art. 170 da
Constituição, trata-se de um dos princípios fundamentais da ordem econômica,
contudo, a proteção jurídica se dá em favor do trabalhador, não do trabalho
abstratamente considerado.  

Para dar materialidade a este princípio, a própria Constituição formulou o rol de


direitos assegurados aos trabalhadores, listados no art. 7º, embora não se excluam
outros que visam a melhoria da condição social do trabalhador. 

Não apenas, essa valorização também deve se realizar por meio de políticas
públicas de qualificação profissional e que visam incrementar as condições nas
quais o trabalho é desenvolvido, inclusive por meio de programas educacionais
específicos, nos termos do art. 205 da Constituição.  

Princípio da livre iniciativa, tal qual a valorização do trabalho, a livre


iniciativa acompanha o art. 170 da Constituição, sendo igualmente fundamento da
ordem econômica. É notória a preocupação do constituinte em colocar lado a lado
trabalho e livre iniciativa, onde uma aparece, a outra o segue. 

Nesse escopo, a livre iniciativa é base para muitas das liberdades individuais
inscritas no rol do art. 5º, fundamenta a liberdade de profissão e ofício, a liberdade
de associação, a liberdade de empresa, a propriedade privada, a liberdade de lucro
em um quadro de livre concorrência e a liberdade de contratar.

Para fechar o rol dos princípios fundamentais, encontra-se o pluralismo político, este
é o fundamento para a liberdade de pensamento, crença e liberdade de expressão
artística, científica e intelectual. 

De um ponto de vista negativo, significa que o Estado não pode impor uma única
visão política da sociedade, ainda que o governo eleito tenha um posicionamento
ideológico próprio do mandatário ou de seu partido político, de um ponto de vista
positivo, é dizer que as múltiplas concepções de moral e fins sociais devem poder
conviver harmonicamente.

As mais diversas ideologias, desde que não ofendam o regime democrático, podem
participar do livre mercado de ideias, o único ataque permitido contra as ideologias
políticas é a argumentação.

O princípio fundamental do pluralismo político foi positivado muito em vista do


cenário autoritário do qual decorreu a assembleia constituinte, passados 30 anos da
ditadura militar, que limitou os entrantes nas eleições e proibiu movimentos políticos
que vislumbravam distintas noções de sociedade, a nova ordem constitucional fez
questão de admitir a diversidade de pensamento, a liberdade venceu a ditadura.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 2º, trata da separação de poderes,


dispondo que “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
Chama-nos a atenção o fato de que a Constituição explicita que os três Poderes são
“independentes e harmônicos”. Independência é a ausência de subordinação, de
hierarquia entre os Poderes; cada um deles é livre para se organizar e não pode
intervir indevidamente (fora dos limites constitucionais) na atuação do outro;
harmonia, por sua vez, significa colaboração, cooperação; visa garantir que os
Poderes expressem uniformemente a vontade da União.

A independência entre os Poderes não é absoluta, ela é limitada pelo sistema de


freios e contrapesos, de origem norte-americana, esse sistema prevê a interferência
legítima de um Poder sobre o outro, nos limites estabelecidos constitucionalmente, é
o que acontece, por exemplo, quando o Congresso Nacional (Poder Legislativo)
fiscaliza os atos do Poder Executivo (art. 49, X, CF/88); ou, então, quando o Poder
Judiciário controla a constitucionalidade de leis elaboradas pelo Poder Legislativo.

Estão previstos no art. 3º da Carta Magna, os objetivos fundamentais que traduzem


fins a serem perseguidos pelo Estado brasileiro.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

Os princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações


internacionais estão relacionados no art. 4º, da Constituição Federal:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:

I – independência nacional;

II – prevalência dos direitos humanos;

III – autodeterminação dos povos;

IV – não-intervenção;

V – igualdade entre os Estados;

VI – defesa da paz;

VII – solução pacífica dos conflitos;

VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;


X – concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,


política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.

Esse artigo foi inspirado na Carta da ONU, de 1945, no momento em que o


documento foi criado, o maior desejo da Humanidade era garantir a paz, tendo isso
em mente, fica fácil memorizar princípios como a igualdade entre os Estados, a
defesa da paz, a solução pacífica dos conflitos, o repúdio ao terrorismo e ao racismo
e a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.

2.3. EVOLUÇÃO DAS GERAÇÕES DE DIREITO: 1º A 5º DIMENSÃO

A divisão dos direitos humanos em gerações foi proposta inicialmente em 1979 pelo


jurista checo Karel Vasak, inspirado nos ideais da Revolução Francesa (Liberdade,
igualdade, fraternidade), no Instituto Internacional de Direitos Humanos,
em Estrasburgo, essa divisão está refletida em algumas das rubricas da Carta dos
Direitos Fundamentais da União Europeia, e a Declaração Universal dos Direitos
Humanos vai incluir direitos que são considerados tanto de segunda geração quanto
de primeira geração, mas que não fazem distinções entre si.
As Gerações de Direito se dividiram da seguinte forma:
 Primeira Geração: Direitos Civis e Políticos
Os direitos humanos de primeira geração dizem respeito essencialmente
à liberdade e à participação na vida política, são fundamentalmente de
natureza civil e política e servem negativamente para proteger o indivíduo dos
excessos do Estado, os direitos de primeira geração incluem, entre outras coisas,
o direito à vida, igualdade perante a lei, liberdade de expressão, liberdade de
religião, liberdade de circulação, direitos de propriedade, o direito a um julgamento
justo e direito de voto. Alguns desses direitos datam da Magna Carta de 1215 e dos
Direitos dos Ingleses, expressos na Declaração de Direitos de 1689; um conjunto
mais completo de direitos humanos de primeira geração foi criado na França
pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789, e pela Declaração
dos Direitos dos Estados Unidos em 1791.
Estes foram consagrados a nível global e receberam status de direito
internacional pelos artigos 3.º a 21.º da Declaração Universal de 1948 dos Direitos
Humanos e mais tarde no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1966,
na Europa, foram consagrados na Convenção Europeia dos Direitos
Humanos em 1953, já em Portugal, estes direitos estão consagrados nos artigos
24.º a 52.º Constituição da República Portuguesa.

 Segunda Geração: Direitos Econômicos, sociais e culturais


Os direitos humanos de segunda geração estão relacionados com a igualdade e
começaram a ser reconhecidos pelos governos após a Segunda Guerra Mundial,
são fundamentalmente económicos, sociais e culturais por natureza e servem
como direitos positivos, ou seja, o dever do governo respeitá-los, promovê-los e
cumpri-los, mas isso depende da disponibilidade de recursos; o dever é imposto
ao Estado porque ele controla os seus próprios recursos. Garantem aos diferentes
membros da população condições e tratamento iguais, os direitos de segunda
geração incluem, entre outras coisas, o direito de ser empregado em condições
justas e favoráveis, direitos à alimentação, moradia, educação e assistência médica,
bem como seguridade social e proteção no desemprego. Como os direitos de
primeira geração, estes também foram cobertos pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos, e posteriormente incorporados nos Artigos 22.º a 28.º da
Declaração Universal e no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais.
Nos Estados Unidos da América, o presidente Franklin D. Roosevelt propôs
uma Segunda Declaração de Direitos, cobrindo praticamente os mesmos motivos,
durante o seu discurso do Estado da União a 11 de janeiro de 1944. Hoje, muitas
nações, estados ou grupos de nações têm desenvolvido declarações juridicamente
vinculativas que garantem conjuntos abrangentes de direitos humanos, por exemplo,
a Carta Social Europeia, e em Portugal, estes direitos estão consagrados nos artigos
53.º a 79.º Constituição da República Portuguesa.

 Terceira Geração: Direitos de Solidariedade


Os Direitos humanos de terceira geração, surgiu no século XX, está relacionado com
a solidariedade e é aquele que vai além do mero civil e social, conforme expresso
em muitos documentos progressistas do direito internacional, incluindo a Declaração
de Estocolmo de 1972 da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, a Declaração do Rio de 1992 sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e
outras peças da "soft law" geralmente operacional.
São unificados pela sua incidência na vida de todos, numa escala universal, por isso
requerem uma série de esforços e cooperação a nível planetário para a sua
realização. Normalmente inclui direitos heterogéneos como o direito à paz,
à qualidade de vida ou garantias contra a manipulação genética, embora diferentes
juristas associam esses direitos a outras gerações: por exemplo, enquanto a
proteção contra a manipulação genética seria um direito de quarta geração, pois,
para Cristian Camilo García, é uma manifestação, face às novas ameaças, de
direitos de primeira geração como o direito à vida, à liberdade e à integridade física e
cultural.

 Quarta Geração
Vários analistas afirmam que está surgindo uma quarta geração de direitos
humanos, que incluiria direitos que não podem ser incluídos na terceira geração,
reivindicações futuras de direitos de primeira e segunda geração e novos direitos,
especialmente em relação ao desenvolvimento tecnológico e de informação e
comunicação tecnologias e ciberespaço.
No entanto, o conteúdo não é claro, e esses analistas não apresentam uma proposta
única, normalmente retiram alguns direitos da terceira geração e os incluem na
quarta, como o direito a um ambiente saudável ou aspectos relacionados à bioética,
alguns desses analistas acreditam que a quarta geração é dada pelos direitos
humanos em relação às novas tecnologias, enquanto outros preferem falar em
direitos digitais, onde uma nova gama de direitos seria encontrada, como:

 O direito de existir digitalmente


 O direito à reputação digital
 O direito à identidade digital
Outros apontam que o elemento diferenciador seria que, enquanto as três primeiras
gerações se referem ao ser humano como membro da sociedade, os direitos da
quarta se referem a o ser humano como espécie.

 Quinta Geração
A Quinta Geração destaca a paz como um direito fundamental que legitima o
estabelecimento da ordem, da liberdade e do bem comum na convivência dos
povos, assim, a nova dimensão de direitos fundamentais reserva ao direito à paz o
papel central de supremo direito da humanidade.

2.4. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS: HABEAS CORPUS, MANDADO DE


SEGURANÇA, MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, MANDADO DE
INJUNÇÃO, HABEAS DATA, AÇÃO POPULAR

Os chamados remédios constitucionais são instrumentos ou ferramentas jurídicas,


previstos na Constituição Federal com a finalidade de impedir ou evitar ilegalidades
ou abuso de poder, decorrem dos direitos e garantias fundamentais, descritos no
artigo 5º da Constituição, que são essenciais para proteger e assegurar, a todos os
brasileiros e estrangeiros, o direito à vida, à liberdade, à igualdade, segurança e à
propriedade privada.

São os remédios constitucionais:


Habeas Corpus - artigo 5º, LXVIII da Constituição Federal; artigo 647 do Código de
Processo Penal.
Mandado de Segurança - artigo 5º, LXIX e LXX da Constituição Federal e Lei
12.016/09.
Mandado de Injunção - artigo 5º, LXXI da Constituição Federal.
Habeas Data - artigo 5º, X da Constituição Federal e Lei 9.507/97.
Ação Popular - artigo 5º, LXXIII da Constituição Federal; Lei 4.717/65
Ação Civil Pública - artigo 129, III, da Constituição Federal e Lei nº 7.347/85.
 Habeas corpus
O habeas corpus é uma ação constitucional utilizada sempre que uma pessoa ver o
seu direito à liberdade ameaçado ou cessado por uma ilegalidade ou abuso de
poder, esse remédio constitucional está previsto no art. 5º, inciso LXVIII da
Constituição Federal, que diz:

Art. 5º, inciso LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Ele pode ser liberatório, quando alguém já foi privado da liberdade, ou preventivo,
quando existe uma ameaça ao direito de ir e vir de um cidadão.

Quanto ao seu cabimento, as hipóteses foram delimitadas no art. 648 do Código de


Processo Penal, sendo elas:

Art. 648.  A coação considerar-se-á ilegal:

I – quando não houver justa causa;

II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

VI – quando o processo for manifestamente nulo;

VII – quando extinta a punibilidade.

O habeas corpus, além de ser gratuito, é o único remédio constitucional que não
necessita de advogado para ser impetrado, podendo a sua legitimidade para
impetrar o Habeas Corpus ativa ou passiva. 

1. Legitimidade ativa: A lei não define um rol de legitimados ativos, nem exara a
necessidade de capacidade civil para sua impetração, de modo que esse
remédio poderá ser impetrado por qualquer pessoa física, em benefício próprio
ou de outrem, ou pessoa jurídica, que não poderá fazê-lo em benefício próprio,
evidentemente, prescinde também de capacidade postulatória e pode ser
concedido de ofício pelo juiz. 
2. Legitimidade passiva: Apesar de o Código de Processo Penal mencionar
“autoridade” coatora, o entendimento jurisprudencial é no sentido que podem
figurar como legitimados passivos tanto a pessoa jurídica quanto o particular. 

E para sabermos qual será o órgão competente para o julgamento do habeas corpus
é preciso ter em mente quem é o coator, pois sendo particular ou delegado e outras
autoridades que não tenham foro por prerrogativa de função, esse deverá ser
proposto na primeira instância estadual ou federal, de acordo com a esfera do posto
ocupado pelo coator, se a autoridade coatora for juiz, será competente a segunda
instância à qual ele se encontra vinculado.

Por fim, se a autoridade coatora for qualquer das pessoas elencadas no art. 102,
inciso I, alínea “d” da CRFB/88, o Habeas Corpus deverá ser impetrado diretamente
no STF. 

São as pessoas dispostas no art. 102, inciso I, alínea “d”, CF/88: 


 Presidente da República; 
 Vice-Presidente da República; 
 Membros do Congresso Nacional; 
 Ministros do STF; 
 Membros dos Tribunais Superiores; 
 Tribunal de Contas da União; 
 Procurador-Geral da República; 
 Ministro de Estado; 
 Comandante da Marinha; 
 Exército ou Aeronáutica; 
 Chefes de missão diplomática de caráter permanente.  

 Mandado de Segurança

Esse remédio constitucional tem como objetivo proteger um direito líquido e certo
que está sob ameaça ou foi violado por uma autoridade ou órgão público, seu
cabimento é subsidiário, ou seja, somente será utilizado nos casos em que não for
cabível habeas corpus ou habeas data.

Ou seja, é utilizado sempre que um cidadão desejar combater um ato ilegal ou


abusivo, que fira algum de seus direitos constitucionais, desde que não seja o direito
de ir e vir (liberdade) e o acesso à informação, além disso, ele pode ser dividido em
individual e coletivo, sendo o primeiro referente a direitos individuais, e o segundo
referente a direitos de determinadas entidades.

O mandado de segurança está previsto no art. 5º, incisos LXIX e LXX da


Constituição Federal:

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados.

Diferente do habeas corpus e habeas data, o mandado de segurança não é gratuito,


e para ser impetrado, é necessário contar com um advogado, o seu rol de
legitimados irá mudar de acordo com a espécie de mandado de segurança, se
individual ou coletivo. 

1. Legitimidade ativa nos mandados de segurança individuais: qualquer pessoa física ou


jurídica e universalidades de direito que estejam sob ameaça ou que tenham sofrido
violações a direito líquido e certo do qual são titulares.
2. Legitimidade ativa nos mandados de segurança coletivos: estão elencados no art. 5º,
LXX da CRFB e no art. 21 da lei 12.016 de 07 de agosto de 2009, e são: 
-partido político com representação no Congresso Nacional; 

-organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados; 

3. Legitimidade passiva: os mesmos, tanto no mandado de segurança individual quanto no


coletivo, podendo ser qualquer autoridade coatora ou pessoa jurídica no exercício de
atribuições públicas. 

E o órgão competente para apreciar o pedido dependerá de saber-se quem é a


autoridade ou pessoa jurídica coatora, e será: 

- STF, quando for contra atos do Presidente da República, Mesa da Câmara ou do


Senado, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do
próprio STF. E, em recurso ordinário, o mandado de segurança julgado em única
instância nos Tribunais Superiores, se a decisão for denegatória. 

- STJ, quando for contra ato do Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
Exército, da Aeronáutica ou do próprio Tribunal. E em recurso ordinário decididos em
única instância pelos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados,
Distrito Federal e territórios, quando a decisão for denegatória. 

- TRF, contra atos do próprio Tribunal ou de Juiz Federal. 

- Juízes Federais, contra atos de autoridades federais, salvo as de competência dos


tribunais federais. 

 Mandado de Segurança Coletivo

O Mandado de Segurança Coletivo é instrumento constitucional que visa assegurar


a proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, contra atos ou omissões por parte de autoridades cuja atuação se reveste de
ilegalidade ou abuso de poder, tendo como principal objetivo, a maior facilidade no
acesso à justiça e consequentemente, uma considerável celeridade, devido ao fato
de permitir que pessoas jurídicas protejam os direitos de seus membros, impedindo
um eventual ajuizamento de inúmeras ações similares junto ao Poder Judiciário.

O mandado de Segurança Coletivo busca a preservação ou a reparação de


interesses transidividuais, se configurando assim, como preventivo ou repressivo, e
homogêneos (individuais ou coletivos).

- Interesses individuais homogêneos: aqueles decorrentes de uma situação comum


de vários associados ou membros, de modo que tal relação de congruência é
meramente casual, daí alguns autores afirmarem que em se tratando desses
direitos, não há de se falar em tutela de direitos coletivos, mas em tutela coletiva
de direitos individuais.

- Interesses coletivos: são aqueles cuja natureza é indivisível possuindo como


titular um grupo de pessoas ligadas por uma situação jurídica básica e não
simplesmente por um nexo causal.
Na verdade, o Mandado de Segurança Coletivo possui basicamente as mesmas
características do individual, tendo como diferenças o objeto (interesses
transindividuais) e a legitimação ativa (art. 5º, LXX CF), e de acordo com a
Constituição Federal Brasileira, os legitimados ativos são: partidos políticos com
representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe ou
associação, desde que legalmente constituídas e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

Tal instituto, além de possuir respaldo na Constituição, encontra-se regulamentado


pela Lei 12.016/2009 (que é a lei do Mandado de Segurança) a qual em alguns de
seus artigos, esclarece vários pontos acerca do mandado de segurança coletivo
como: a necessidade de pertinência em relação à finalidade das organizações
sindicais, entidades de classe, associações e partidos políticos.

A legitimidade passiva do mandado de segurança coletivo é inerente à autoridade


pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público
que esteja realizando ilegalidade ou abuso de poder.

É importante notar que a lei 12.016/2009 delimita expressamente que os direitos


protegidos pelo mandado de segurança coletivo são os coletivos e individuais, não
explicitando a possibilidade de impetração em relação a direitos difusos, daí a
grande controvérsia doutrinária a respeito da legitimidade do Ministério Público e
consequentemente acerca da taxatividade ou não do rol de legitimados.

Concernente ao referido remédio constitucional, há substituição processual já que


as entidades impetram-no em substituição de interesses equivalentes aos
membros do grupo ou categoria, ademais, para tal impetração, segundo
entendimento do STF, não é necessário autorização dos membros ou associados,
desde que aja expressa previsão no estatuto social, e além disso, cabe ressaltar
que a exigência de um ano de funcionamento é restrita apenas às associações,
não se estendendo às organizações sindicais e entidades de classe.

O objeto do mandado de segurança coletivo é primordialmente o mesmo do


individual: direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.
Porém, acaba por se diferenciar deste pelo fato de tais direitos estarem
relacionados a interesses que ultrapassam a esfera de legitimação exclusiva de um
indivíduo, dispersando-se semelhantemente a várias pessoas, nisso, o objeto dos
citados instrumentos terminam se distinguindo.

Dessa maneira, pode-se concluir que o surgimento do mandado de segurança


coletivo acabou por consagrar a importância direcionada à proteção já
impulsionada dos direitos coletivos durante o século XIX pela segunda dimensão
de direitos fundamentais. Assim, a existência de instrumentos assecuratórios em
relação a tais direitos, traz à tona a ideia de necessidade de confirmação,
fortalecimento e surgimento de remédios jurídicos destinados à prevenção e
reparação de lesões a interesses transindividuais em virtude de novas demandas
surgidas no desenrolar da história que demonstraram a incoerência de proteção
exclusiva apenas a interesses individuais sustentados pela primeira geração de
direitos fundamentais.
Há na verdade, uma grande tendência à revigoração de direitos coletivos por
intermédio de instrumentos assecuratórios como o mandado de segurança coletivo.
Afinal, a rígida proteção unicamente a direitos individuais, consagrada pelo
liberalismo burguês se demonstrou insuficiente ao pregar uma igualdade
meramente formal, se constituindo diversamente utópica, tratando igualmente os
desiguais. Gerou-se, ironicamente, maior desigualdade, a qual sempre foi e
continua sendo amparada pelo exalto ao capitalismo em seu clamor pelo
individualismo cujas facetas negativas, atualmente certificam os ordenamentos
jurídicos da importância crucial de meios instigadores a uma convivência social
harmônica, pautada na visão de união entre pessoas e grupos em prol de objetivos
comuns, afastando a ideia puramente individualista de uma luta egoísta e
desequilibrada.

 Mandado de Injunção

O Mandado de Injunção tem como objetivo fazer valer uma norma constitucional,
quando não existir uma lei regulamentando o exercício de um determinado direito
fundamental, em outras palavras, é um instrumento para legitimar a aplicação da
Constituição Federal, como forma de tornar todos os direitos fundamentais
exercíveis e acessíveis.

O mandado de injunção está previsto no art. 5º, inciso LXXI, da CF:

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora


torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Apesar de a Constituição falar em falta de norma regulamentadora, como se


referindo a ausência de tal norma, a Lei 13.300/16, garante em seu art. 2º, a
aplicabilidade desse remédio para sanar tanto a ausência total quanto a ausência
parcial de norma regulamentadora, desde que essa ausência torne inviável o
exercício de direitos fundamentais. 

Tal qual o mandado de segurança, ele necessita de advogado e não é gratuito, e no


que concerne ao Mandado de Injunção coletivo, a Lei 13.300/16 dispõe em seu art.
13º, que a sentença somente fará coisa julgada aos integrantes da coletividade
demandante. 

A natureza da decisão de procedência por parte do órgão judicante também foi


objeto de questionamentos doutrinários, tendo em vista que, tento em decorrência
do princípio da separação dos poderes quanto pelo fato de não ser atribuição típica
do judiciário legislar, esse não ter poderes de suprir a falta de norma
regulamentadora através de atividade legiferante, questionando-se então se a sua
postura deveria ser não concretista ou se de fato deveria tomar providências práticas
à efetivação do direito objeto da demanda. 

A legitimidade para o Mandado de Injunção são:


1. Legitimidade ativa: são legitimados para propor essa ação todas as pessoas, físicas e
jurídicas, titulares de direitos, liberdades ou prerrogativas fundamentais cujo exercício
esteja obstado pela ausência de norma regulamentadora. 
2. Quanto ao Mandado de Injunção coletivo, o art. 12 da lei em comento traz o seguinte rol
de legitimados para a sua propositura: 

- Ministério Público, se tutela for especialmente relevante para a defesa da ordem


jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais
indisponíveis; 

- Partido político com representação no Congresso Nacional, desde que para


resguardar direitos e prerrogativas de seus integrantes ou que a demanda guarde
relação com a finalidade partidária; 

- Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e


em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus
membros ou associados, desde que pertinentes à sua finalidade. 

- Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a


promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados. 

3.  Legitimidade passiva: será legitimado passivo o órgão competente para a edição da


norma. 

Conforme o art. 102, inciso I, da CRFB/88, a competência será do STF quando a


elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de
uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos
Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal. 

 E do STJ, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,


entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os
casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar,
da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.

 Habeas Data

O habeas data é um instrumento constitucional utilizado para garantir o acesso a


informações relativas à pessoa do impetrante e que estejam inseridas no banco de
dados ou registros de órgãos governamentais ou de caráter público, além disso,
esse remédio constitucional também pode ser impetrado caso o cidadão deseje
retificar algum dos seus dados perante às mencionadas entidades.

Essa ação ganha grande destaque com o advento da Lei Geral de Proteção de
Dados, uma vez que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com suas
informações sensíveis e sigilosas perante bancos de dados.

A previsão do habeas data está no artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal:
LXXII – conceder-se-á “habeas-data”:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo.

Vale destacar que o habeas data possui regulamentação própria na Lei 9.507/1997,
e para ser impetrado, deve haver prova da tentativa de acesso ou correção de dados
de forma administrativa perante o órgão público, essa ação é gratuita e necessita de
advogado para ser ajuizada, e para sua impetração, enfim, é necessário haver
direito líquido e certo, e todas as provas devem acompanhar a peça inicial, que
prescinde de forma específica. 

Novamente, a legitimidade do Habeas Data poderá ser ativa ou passiva 

1. Legitimidade ativa: tem legitimidade ativa qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou
estrangeira, desde que em nome próprio, não obstante o caráter personalíssimo
dessa ação, a jurisprudência admite que seja proposta pelos herdeiros do de cujos em
nome do falecido. 
2. Legitimidade passiva: toda a Administração Pública direta ou indireta, bem como
pessoas jurídicas de direito privado que mantenham banco de dados aberto ao público. 

O art. 20 da Lei 9.507/1997 dispõe que o habeas data será julgado


originariamente pelo(s): 

- Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da


Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 

- Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; 

- Tribunais Regionais Federais, contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal; 

- Juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência


dos tribunais federais; 

- Tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado; 

-  Juiz estadual, nos demais casos. 

 Ação Popular

A ação popular é o remédio constitucional utilizado para proteger diferentes bens da


sociedade, quando estes são objeto de algum ato lesivo da Administração Pública,
os bens e direitos amparados por essa lei são a moralidade administrativa, o meio
ambiente e o patrimônio histórico e cultural.
A ação popular está prevista no art. 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal, que
diz:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

Esse remédio constitucional tem regulamentação própria na Lei 4.717/65, é gratuito


e necessita de advogado para ser ajuizado, além disso, a lei prevê que quais atos
são considerados nulos, a competência para julgamento da referida ação, os
sujeitos passivos do processo e todas as etapas do procedimento judicial.

A legitimidade para a Ação Popular são:

1. Legitimidade ativa: qualquer cidadão em gozo dos direitos políticos. 


2. Legitimidade passiva contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do
mesmo. 

-Pessoas públicas ou privadas e  

-Entidades 

-Autárquicas;

- De sociedades de economia mista; 

- De sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes; 

- De empresas públicas; 

- De serviços sociais autônomos 

- De instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido
ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua; 

- De empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos


Municípios; e 

- De quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. 

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3. 3. CONCLUSÃO
4.
Ao longo do resumo, foi possível notar a respeito da Constituição Federal, que o
Preâmbulo e a ADCT fazem parte da estruturação mesma, e dessa maneira, a
ADCT diferencia-se do preâmbulo, que só se sustenta no terreno das aspirações
políticas. Para a Suprema Corte, o ADCT é dotado de normas constitucionais que
ostentam o mesmo status jurídico atribuído às demais constantes do corpo, foi
relatado a respeito dos princípios fundamentais que são considerados conjunto de
normas ou padrões de conduta a serem seguidos por uma pessoa ou instituição. 
Observou-se também a evolução das gerações de direitos que foi proposta
inicialmente em 1979 pelo jurista checo Karel Vasak, inspirado nos ideais da
Revolução Francesa, no Instituto Internacional de Direitos Humanos, em
Estrasburgo, e comentado sobre os remédios constitucionais, que são instrumentos
à disposição dos cidadãos para provocar a intervenção de autoridades a fim de
impedir ilegalidades ou abuso de poder que prejudiquem direitos e interesses
individuais.

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