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DIREITO CONSTITUCIONAL

1. O DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito constitucional é o ramo de direito público fundamental para a
organização e o funcionamento do Estado, através da criação de bases e
diretrizes para a sua estrutura política.

2. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO

Como diria Boaventura de Sousa Santos, conhecer significa dividir e classificar. É


importante saber que a constituição de 1988 possui nove títulos + ADCT (já foi
tema da prova oral de Delegado/SP). A CF possui os seguintes títulos:

I. Dos princípios fundamentais

II. Dos direitos e garantias fundamentais

III. Da organização do Estado

IV. Da organização dos Poderes

V. Da defesa do Estado e das Instituições Democráticas

VI. Da tributação e do orçamento

VII. Da ordem econômica e financeira

VIII. Da ordem social

IX. Das disposições constitucionais gerais

ADCT. Atos das disposições constitucionais transitórias.

Em relação a estrutura, um dos pontos mais cobrados diz respeito a diferença


entre o título I e o título II.

Inicialmente a CF apresenta três grandes partes, são eles:

PREÂMBULO PRINCÍPIOS DIREITOS E GARANTIAS


FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS
NÃO É TEXTO TÍTULO I TÍTULO II
CONSTITUCIONAL ART. 1° AO 4° ART. 5° AO 17

PREÂMBULO: A doutrina e o STF não o consideram texto constitucional. Há 03


correntes que procuram explicar sua natureza jurídica:

TESE DA EFICÁCIA IDÊNTICA: Defende que o preâmbulo possui a mesma força


normativa dos demais dispositivos constitucionais.

TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA: Sustenta que o preambulo não possui qualquer


força normativa, estando inclusive fora do campo do direito, mas sim no campo
político, histórico e sociológico.

TESE DA RELEVÂNCIA INDIRETA: Traduz o meio termo entre as duas primeiras, vez
que muito embora não possua força normativa, serve para revelar o pensamento
do constituinte originário.

O STF adotou a tese da irrelevância jurídica, porém algumas doutrinas sustentam


a aplicação da relevância indireta.

A doutrina aponta as seguintes características em relação ao preambulo da CF.

* Mera carta de intenções: Serve como vetor interpretativo

* São pontes no tempo: Permite conhecer os sentimentos e esperanças do Poder


Constituinte Originário

*Não integram o bloco de constitucionalidade

* Não são normas de reprodução obrigatória pelos Estados

Por fim, segundo o STF a expressão ‘sob a proteção de Deus’ não viola a laicidade
do Estado, pois não representa adesão a algum credo religioso específico.

ADCT: Diferente do preambulo, o ADCT integra o texto constitucional e possui a


mesma força normativa das demais normas constitucionais.

Desse modo, por integrar o bloco de constitucionalidade, pode ser usado como
parâmetro para o controle de constitucionalidade. Entretanto, na hipótese de ter
sua aplicabilidade exaurida, ele não pode servir como paradigma de controle.
3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os princípios fundamentais estão entre o art. 1° e 4° da CF e representam as


diretrizes da Ordem Constitucional, ou seja, o modo e a forma de ser do Estado
Brasileiro. Revelam os valores essenciais da Constituição, sua ideologia, e são
utilizados para solucionar os hard cases, isto é, a colisão entre princípios
constitucionais.

Os princípios fundamentais além de inaugurar o texto constitucional,


representam o gênero, que abrange as seguintes espécies.

*Fundamentos (art. 1°, incisos)

* Princípios estruturantes (art. 1° caput e paragrafo único)

* Separação dos poderes (art. 2°)

* Objetivos fundamentais (art. 3ª)

* Princípios regentes da ordem internacional (art. 4°)

FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL| SO – CI – DI – VA - PLU

SOBERANIA: Representa a qualidade máxima de Poder, isto é, um PODER JURÍDICO


SUPREMO E INDEPENDENTE. Pode ser classificado sob dois prismas.

INTERNO: Impede que dentro do território nacional pessoas físicas ou jurídicas


tenham autoridade superior à do Estado Brasileiro.

EXTERNO: Impede que a independência do país fique subjugada a outros países


ou instituições internacionais.

CIDADANIA: Atribui ao individuo a possibilidade de participar e exercer a vida


democrática nacional, por meio dos direitos políticos, permitindo por exemplo o
direito de votar e ser votado.

DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o mais complexo e importante dos fundamentos,


representando o núcleo axiológico da Constituição, ou seja, o valor supremo que
auxilia na interpretação das demais normas constitucionais. Assim, cada autor
conceitua a dignidade da pessoa humana de forma distinta.
A doutrina entente que esse fundamento traz três deveres importantes ao Estado.

DEVER DE RESPEITO: Impede que o ser humano seja tratado como um objeto e não
como um fim em si mesmo.

DEVER DE PROTEÇÃO: Impõe ao Poder Público a pratica de ações positivas para a


proteção dos direitos humanos. Ex: Lei Maria da Penha, ECA, Estatuto do idoso.

DEVER DE PROMOÇÃO: Está ligado a igualdade material, exigindo que o Poder


Público ofereça prestações materiais para que a vida seja digna.

Há ainda 03 outas concepções importantes

CONCEITO FILOSÓFICO: Revela que os direitos humanos é uma qualidade intrínseca


de todo o ser humano. Kant afirma que todo homem é sempre fim, nunca meio.
Após a 2ª Guerra mundial o constitucionalismo contemporâneo elevou os direitos
humanos como um valor supremo.

CONCEITO JURÍDICO: Conceitua os direitos humanos como a garantia de um


mínimo existencial, ou seja, valores básicos e imprescindíveis para a vida humana,
como saúde, moradia, trabalho etc.

LEADING CASES IMPORTANTES:

* Tatuagem x concursos públicos


* Limitação de idade em concurso
* Cotas raciais
* União homoafetiva
* Mudança de prenome
* Banho quente ao preso
* Condução coercitiva para o interrogatório

VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE-INICIATIVA: Importante não confundir os


valores sociais da livre iniciativa (que é um fundamento) com a livre iniciativa (que
não é fundamento).
Esses valores em específico permitem a intervenção do Estado na economia, de
modo a incentivar o consumo de determinados bens ou serviços e desestimular
outros.

PLURALISMO POLÍTICO: Traz a ideia de participação da sociedade no Estado, por


meio de partidos políticos, sindicatos, mídias, igrejas, dentre outros, ao passo que
todos podem interpretar a constituição e não só o STF, pois são todos atores
sociais.
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES

Os princípios estruturantes (art. 1° da CF) revelam as diretrizes estruturais


adotadas pelo Brasil.

PRINCÍPIO DA REPÚBLICA: Revela a forma de governo adotada pelo Brasil. Consagra


a ideia de que existirão representantes eleitos pelo povo e eles deverão decidir
os rumos do Estado. São características da República a responsabilidade do
administrador, a eletividade e a temporalidade dos mandatos.

Por outro lado, temos a Monarquia, em que o poder é exercido pelo monarca,
que o recebe e transmite por linha sucessória. São características da Monarquia
a hereditariedade e a vitaliciedade.

Importante lembrar que a República não é clausula pétrea, pois não está inserida
no art. 60, §4° da CF.

(FOGO NA REPÚBLICA) – forma de governo = República

PRINCÍPIO FEDERATIVO: Se caracteriza pela descentralização política do poder. É o


pacto federativo que garante a indissolubilidade entre União, Estados, DF e
municípios, assim como veda também o direito de secessão, isto é, a tentativa de
algum destes entes em se separar.

A federação, por sua vez, é cláusula pétrea.

(O ESTADO FEDE) - Forma de estado = Federativo

PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: A doutrina o aponta como um


princípio nuclear, pois representa a garantia de uma ordem estatal justa e
mantenedora das liberdades públicas.

PRINCÍPIO REPRESENTATIVO: Inserido dentro do art. 1°, § único da CF. Estabelece o


regime de governo democrático. No Brasil adotamos a democracia direta
através do plesbicito e do referendo e a democracia indireta através da escolha
daqueles que nos representam.

4. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

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