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DIREITO CONSTITUCIONAL

Importância e estrutura da
constituição

Versão Condensada
Sumário
Importância e estrutura da constituição����������������������������������������������������������������������� 3

1.  Função da constituição������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 3

2. Hierarquia���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 4

3.  Origem das constituições��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 4

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A L F A C O N
Importância e estrutura da constituição

1. Função da constituição

A Constituição é a pedra angular de qualquer nação que busca estabelecer um sistema de governo fundamentado na
democracia, no Estado de Direito e na proteção dos direitos individuais e coletivos de seus cidadãos. Ela tem papel
fundamental na organização e funcionamento de um país, delineando os princípios políticos, sociais e econômicos que
guiam a sociedade e o governo.

Sua importância reside na sua capacidade de estabelecer um conjunto de regras e princípios que balizam as relações
entre os poderes do Estado, bem como as relações entre o Estado e os cidadãos. Ela define as instituições, os direitos
e deveres dos cidadãos, os limites do poder do Estado e os mecanismos de proteção contra abusos. Além disso, a
Constituição serve como um documento de unidade nacional, encapsulando os valores e aspirações que uma sociedade
compartilha.

A estrutura da Constituição Federal inclui preâmbulo, partes fundamentais e disposições transitórias. O preâmbulo
estabelece os objetivos e valores que a Constituição busca alcançar, refletindo as aspirações da nação. Segundo já
decidiu o Supremo Tribunal Federal, esse preâmbulo não possui força normativa.

As partes fundamentais geralmente abrangem os seguintes aspectos:

Princípios Fundamentais: estabelece os princípios norteadores do Estado, como a soberania, a cidadania, a dignidade
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, a igualdade, a não-discriminação, entre outros.

Direitos e Garantias Fundamentais: contém os direitos individuais e coletivos dos cidadãos, como a liberdade de
expressão, a igualdade perante a lei, o direito à vida, à saúde, à educação, entre outros. Além disso, também são esta-
belecidos os mecanismos de proteção desses direitos, como o habeas corpus e o mandado de segurança.

Organização do Estado: nesse ponto são definidos os poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), suas
funções, relações e limites. Também são abordados temas como a divisão territorial, as entidades federativas e o sis-
tema de governo adotado.

Ordem Econômica e Social: essa seção trata das diretrizes econômicas e sociais do país, abordando questões como
a propriedade privada, a função social da propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor e a promoção do
desenvolvimento econômico e social.

Defesa do Estado e da Ordem: nesse ponto, são estabelecidas as regras para a defesa do Estado, a segurança pública
e as Forças Armadas. Isso inclui a regulamentação das polícias, a definição das Forças Armadas e a possibilidade de
estado de defesa e estado de sítio.

Reforma Constitucional: inclui-se na Constituição o mecanismo de reforma da própria Constituição, estabelecendo os


procedimentos e requisitos para fazer alterações no texto constitucional.

Além disso, nossa Constituição contém disposições transitórias que tratam de questões de transição entre a antiga
ordem e a nova ordem constitucional, especialmente quando uma nova Constituição é promulgada. É o chamado Ato
das Disposições Constitucionais Transitória (ADCT).

A Constituição Federal é o documento legal supremo de um país, fundamental para estabelecer as bases do governo,
a proteção dos direitos individuais e coletivos, e a organização da sociedade como um todo. Sua estrutura reflete a
complexidade e a importância das questões que abrange, sendo uma expressão tangível dos valores e princípios de
uma nação.

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2. Hierarquia

A hierarquia das constituições em relação às demais normas é um princípio fundamental nos sistemas jurídicos basea-
dos no Estado de Direito. Esse conceito estabelece uma ordem de importância das leis e regulamentos dentro de um
país, com a Constituição ocupando o topo da hierarquia. Essa estrutura reflete a ideia de que a Constituição é a lei
fundamental que estabelece os princípios, valores e estrutura básica do Estado, e todas as outras normas devem estar
em conformidade com ela.

A hierarquia das normas legais geralmente segue um padrão em cascata, onde cada nível de norma está sujeito ao
nível superior e deve ser compatível com as disposições contidas nesse nível. A melhor representação dessa ideia é a
chamada pirâmide de Kelsen, que na verdade é inspirada nas ideias do autor, tendo sido feita por um de seus alunos,
chamado Adolf Merckl.

No caso, o bloco de constitucionalidade é composto pela Constituição Federal, propriamente dita, e pela Emendas
Constitucionais, pelo ADCT e pelos tratados internacionais de direitos humanos aprovados seguindo o rito das emendas
à constituição (na forma do art. 5º, parágrafo 3º, da CF).

A hierarquia das constituições é um princípio vital para a manutenção do Estado de Direito e da estabilidade jurídica.
Garante que todas as normas legais sejam consistentes com os princípios fundamentais estabelecidos na Constituição,
evitando abusos de poder e garantindo que os direitos dos cidadãos sejam respeitados. Essa estrutura proporciona uma
base sólida para a governança, a proteção dos direitos e a preservação da ordem legal em uma sociedade democrática.

O ponto central da hierarquia reside no fato de que há um procedimento mais complexo para a modificação do texto
constitucional do que para modificar-se as demais leis e atos normativos primário e secundário. Tanto em relação a
proposta de uma emenda à constituição, quando ao seu procedimento em dois turnos e a maioria exigida pela aprova-
ção, todo o procedimento é pensado de forma a determinar maior estabilidade às normas constitucionais, exigindo um
consenso qualificado para eventual modificação.

3. Origem das constituições

A origem das constituições remonta a diferentes períodos históricos e contextos culturais. A ideia de um conjunto de
leis ou regras fundamentais para governar uma sociedade não é nova e tem evoluído ao longo do tempo. Em relação
à origem remota podemos apontar:

Antiguidade: A Grécia antiga é frequentemente citada como uma das primeiras civilizações a desenvolver formas rudi-
mentares de constituições. Cidades-Estado como Atenas e Esparta tinham leis e regras básicas que governavam suas
sociedades. A “Política” de Aristóteles discutia diferentes formas de governo e suas características.

Roma Antiga: O conceito de leis fundamentais também pode ser rastreado até a República Romana. A Lei das Doze
Tábuas, que data do século V a.C., era uma compilação das leis romanas escritas e estabelecia direitos e procedimentos
legais básicos.

Cartas Magnas e Pactos: Ao longo da Idade Média, surgiram documentos como a Magna Carta (1215) na Inglaterra e o
Pacto de Golden Bull (1356) no Sacro Império Romano-Germânico. Esses documentos, embora não sejam exatamente
constituições como entendemos hoje, estabeleciam limites ao poder dos governantes e garantias para os cidadãos.

A origem moderna pode ser estabelecida a partir do Iluminismo que, no século XVIII, estabeleceu os conceitos modernos
de governo, liberdades individuais e direitos humanos. Como decorrência desse movimento, estabeleceu-se o chamado
constitucionalismo.

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A Revolução Americana (1776) resultou na Constituição dos Estados Unidos (1787), considerada uma das primeiras
constituições escritas modernas, que estabeleceu a separação dos poderes e direitos fundamentais. Também a Revo-
lução Francesa (1789) teve um papel importante na evolução das constituições modernas. A Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão de 1789 foi um marco na garantia de liberdades individuais e igualdade.

O século XIX viu o surgimento de várias constituições em todo o mundo, à medida que os Estados-nação se desenvolviam.
A Constituição de Cádiz na Espanha (1812), a Constituição de Weimar na Alemanha (1919) e a Constituição Mexicana
de 1917 são exemplos significativos.

Após a Segunda Guerra Mundial, muitos países adotaram novas constituições para estabelecer democracias e garantir
direitos humanos. A Carta das Nações Unidas (1945) também pode ser considerada um tipo de constituição internacional.

As origens das constituições variam de acordo com a cultura, a história e as necessidades de cada sociedade. Embora
os contextos possam ser diferentes, a ideia subjacente de estabelecer um conjunto de regras e princípios fundamentais
para guiar o governo e proteger os direitos dos cidadãos é um elemento comum em todas as constituições.

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